segunda-feira, 6 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11535: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (6): Testando armamento (HK 21 e morteiro 60) na berma da estrada, na ausência de carreiro de tiro...


Foto s/ nº > Mansoa > 1973 > Testando a HK 21 (1)



Foto nº 84   > Mansoa > 1973 > Testando a HK 21 (2)





Foto s/nº  > Mansoa > 1973> Testando a HK 21 (3)


Foto s/nº  > Mansoa > 1973 > Testando o Morteiro 60 (ou morteirete)


Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Carlos Fraga (*), recentemente admitido como membro da nossa Tabanca Grande (nº 611). Recorde-se que ele esteve em Mansoa, no 2º semestre de 1973, como alf mil (da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72), indo depois comandar uma companhia em Moçambique, já depois de 25 de abril de 1974.

Publicam-se hoje  fotos de militares da 3ª C/BCAÇ 4612/72  a experimentar  armas no "2º ou 3º dia depois do Choquemone" (**).

Acrescente-se, a talhe de foice, que a maior parte dos setores não tinha... carreira de tiro.  No setor L1, por exemplo, havia, no tempo do Paulo Santiago,  do J.L. Vacas de Carvalho e do Luís Dias, uma carreira de tiro para instrução das novas companhias de milícias. Mas eu não me lembro, no meu tempo, de nenhuma carreira de tiro em Bambadinca. Havia uma em Contuboel, no tempo em que demos instrução de especialidade aos futuros soldados (guineenses) da CCAÇ 12. 

Parece que em Mansoa também não havia carreira de tiro, no 2º semestre de 1973, a avaliar por estas fotos... Por outro lado, no meu termpo, fazer tiro no mato era punido disciplinarmente... Por exemplo, no rio Udunduma, quando se estava lá destacado, fazia-se-se tiro uma vez por outra...Tal como se pescava à granada mas isso podia causar alarme quer em Bambadinca (, sede do batalhão,)  quer nos destacamentos ou tabancas em autodefesa,  à volta (Nhabijões, Amedalai...) ou ainda nos aquartelamentos  mais próximos (por ex., Xime).

No nosso caso (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), confiávamos na fiabilidade das nossas armas (nomeadamente da G3), graças ao impecável trabalho do nosso 1º cabo quarteleiro (ou de manutenção de material) João Rito Marques que reencontrei há tempo num convívio, e é natural de Sabugal.



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Centro de Instrução de Milícias (CMIL) > Setembro de 1973 > A Instrução de tiro na carreira de tiro, que era perto da ponte do Rio Udunduma, na nova estrada Bambadinca-Xime.

Foto: © Luis Dias (2008). Todos os direitos reservados.

7 comentários:

C. Fraga disse...

Caro Luís

Lol. Quase toda a Guiné era uma carreira de tiro.. nós os alvos para o PAIG e vice-versa...
Repara que estamos a esperimentar as armas em zona capinada de forma que não há o risco de se atingir ninguém
C. Fraga

Luís Graça disse...

Claro que sim, Carlos, toda a Guiné, de norte a sul e a leste a oeste era um imenso campo de tiro...

A publicação destas fotos do teu álbum não encerra nenhuma crítica, implícita ou explicita, ao facto da malta, em Mansoa, em Bambadinca e noutros setores, "improvisar" as carreiras de tiro...

No meu tempo, e no teu também, a guerra tinha conta, peso e medida.... Não podias gastar munições à balda, a não ser em "situações reais" (operações com contacto, golpes de mão, assaltos a objetivos IN, emboscadas...). Aí podias justisficar tudo e mais alguma coisa...

C. Fraga disse...

Caro Luís

Não entendi como uma crítica, de foram alguma. Achei foi piada.

Tivemos um inspectot de Bissau por o CG ter entendido que numa situação de contacto ter-se gasto muitas munições de Panhard que eram muito caras....

Talvez quisessem que dissessemos ao PAIGC: Acabou a guerra por hoje que não há mais verba para munições...continuamos amanhã...

lol

Luís Graça disse...

Carlos, tens algum documento ou informação adicional sobre essa inspeção às munições gastas pelas Panhards (na resposta, muito provavelmente, a uma emboscada do PAIGC?)... Não foi um problema só nosso, em todas as guerras, em todos os tempos, se põe o problema da escassez de recursos (logísticos, humanos, financeiros...). Ainda há
dias estive a ver as "Bandeiras dos nossos pais", do Clint Eastwood... que aborda também este problema...

Jorge Canhão disse...

Em Mansoa,também não havia carreira de tiros,os militares que iam para a Guiné (e não só) só na especialidade faziam tiro e ...muito poucos.
Lembro-me que no IAO em Cumeré,quando dava instrução ao meu pelotão(só os GRADUADOS TINHAM BALA REAL) e eu disparava de vez em quando um tiro para o ar ou para o chão,para treino de reagir de imediato aos tiros dos nossos "inimigos" de então.
Quando cheguei ao quartel,fui chamado ao capitão de operações Vicente (ex-coronel já falecido)pois tinha havido queixa da pouca população que vivia lá ao pé , de muito fogacho o que era mentira.
Felizmente como o cap. Vicente era um HOMEM ficou tudo em águas de bacalhau.
Abraços
Jorge Canhão

Luís Graça disse...

Jorge: Obrigado pelo teu testemunho. A malta da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 esteve um 1 mês e 3 semanas em Contuboel a dar instrução de especialidade aos seus futuros soldados (que eram do recrutamento local).

A semana de campo, em pleno leste, no subsetor de Contuboel foi feito em farda nº 3. Andámos a brincar às guerras, com balas de salva... Só os graduados tinham bala real...

Mais tarde, já como unidade de intervenção, e sempre que estávamos debaixo de fogo, a nossa preocupação maior era o controlo do gasto de munições, não para poupar (o dinheiro do contribuinte...) mas para não ficarmos de tanga, ou de calças nas mãos...

C. Fraga disse...

Caro Luís

Não tenho documentação sobre esse inquèrito que não chegou a haver.
Numa deslocação a Mansabá em que iam Panhars a Companhia cruzou-se com uma coluna do PAIGC que estava a atravessar do Aara para o Mórez. Houve contacto e as Panhars gastaram uma data de munições. Afinal só se apanhou um velhote que era carregador.
Uns dias depois estava na sala de oficiais quando vejo chegar 2 oficias (creio que um major e um alferes) que vinham de Bissau. Perguntei-lhes o que os trazia a Mansoa.
O Major disse-me que vinham fazer um inquèrito porque uma companhia tinha gasto muitas munições num contacto em particular as Panhards.
Eu disse-lhe. Essa Companhia é a minha e descrevi-lhe o que se tinha passado e referi acima e acrescentei. Se os Srs querem que se ande no mato a pensar em não gastar munições é muito simples. Em vez de irmos aos objectivos abancamos não muito longe do quartel, ao fim da tarde damos uns tiros para o ar, dizemos que houve contacto via rádio e regressamos como consta que fazem alguns. Se é isso qeu querem que se faça tudo bem.
O Major olhou para mim. Levantou-se, pegou na pasta e disse:«O inquérito está feito. Regressamos a Bissau».
Inteligente o Major, honra lhe seja feita. E que eu saiba foi assim que acabou essa história.
C. Fraga