quinta-feira, 3 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13359: Op Trampolim Mágico: 26 de fevereiro de 1972: 18 Gr Comb + 2 GEMIL + CCP 123, com apoio da FAP e da Marinha, fazem desembraque anfíbio na margem direita do Rio Corubal e passam tudo a pente fino, do Fiofioli a Mansambo (Luís Dias, ex-alf mil, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)

1. No nosso último encontro, em Monte Real, no passado dia 14 de junho, em conversa com os camaradas Joaquim Mexia Alves e Juvenal Amado, veio à baila uma operação anfíbia no Rio Corubal em fevereiro de 1972, no setor L1 (Bambadinca).

O Joaquim Mexia Alves, na altura alf mil op esp na CART 3492, sediada no Xitole, participou nessa operação, juntamente com mais malta do BART 3873, cujo comando e CCS estavam sediados em Bambadinca. O Juvenal Amado mandou-me, a seguir, informação mais detalhada sobre essa operação, com nome de código Trampolim Mágico,  que aparece descrita no blogue do nosso camarada Luís Dias, Histórias da Guiné 71/74 -  A CART 3491, Dulombi. (Vd. poste de 10 de junho de 2014 > A nossa cruz de guerra).

[Foto à esquerda: Luís Dias, c. 1972/74]


Escrevi ao Luis Dias a pedir-lhe autorização para reproduzir,  no nosso blogue, o texto e as fotos que ele acabara de publicar, com vista a uma divulgação maior. Aqui vai a mensgem que tem data de 16/6/2014:

Luís: Não tenho a certeza do teu mail estar a funcionar... Há mensagens com data anterior devolvidas... Mas escrevo-te a pedir autorizaçãop para  publicar parte de um poste teu em que descreves a tua participação na Op Trampolim Mágico, juntamente com outras unidades,  incluindo a CART 3492 (Xitole), a CART 3494 (Xime), a CCAÇ 12...
Como vais tu ? Não tens dado sinais de vida... Foi o Juvenal (que faz anos amanhã) que me ajudou a chegar até aqui...

O Fiofiioli era um "mito" no meu tempo e a marinha não se atrevia a entrar no Rio Corubal, depois da Op Lança Afiada (10 dias), em março de 1969... Se tiveres mais fotos e informação, diz-me ou escreve... Vou publicar um poste sobre a Op Trampolim Mágico com o teu nome e com link para o teu blogue... Tudo isto faz parte das nossas memórias... mais ou menos doridas...

Pode ser ? Um abraço. Luis


2. A resposta do Luís Dias acaba de chegar, por intermédio do Juvenal Amado:

2 de Julho de 2014 às 21:36
Assunto: Operação Trampolim Mágico

Caro Juvenal: Fazes o favor de reencaminhar esta msg para o Luís Graça, dado que o seu endereço desapareceu do meu sistema e não sei porquê.Um abraço. Luís Dias

Amigo Luís Graça

Peço desculpa de só agora te estar a responder, mas tenho andado atarefado com aulas de formação, bem como outras actividades e confesso que não tenho tido tempo de vir ver as minhas msgs (estão em perto de 300!!!).

Podes utilizar tudo o que quiseres do blogue da minha companhia, muito em especial, o que está escrito sobre a operação Trampolim Mágico. A foto foi retirada já não sei de onde, talvez da Tabanca Grande (o blogue que tão dignamente diriges), mas não tenho referências da mesma.

Um abraço e manda sempre, Luís Dias




Guiné > Zona Leste > Croquis do Sector L1 (Bambadinca) > 1969/71 (vd. Sinais e legendas)


3. Descrição da Op Trampolim Mágico > Excerto do blogue do Luís Dias > poste de 10 de junho de 2014 > A nossa cruz de guerra.


Entre 24 de Fevereiro e 26 de Fevereiro [de 1972], o 2º GC e 3º GC da companhia [, a CART 3491, sediada em Dulombi] , participaram na Op Trampolim Mágico, na área de intervenção do BART 3873, com sede em Bambadinca, (que tinha chegado à Guiné poucos dias depois de nós - éramos todos uns "periquitos").

As NT foram agrupadas  da seguinte forma:

(i)  Grupo Castanho, formado por 4 GC da CART 3493 [ Mansambo], juntamente com o 2º e 3º GC da CCAÇ 3491 [, Dulombi];

(ii) O Grupo Laranja, formado por 4 GC da CART 3492 [, Xitole,]  reforçados por 1 GC da CCAÇ 3489 [, Cancolim,] e outro da CCAÇ 3490 [, Saltinho];

(iii) O Grupo Amarelo, formado pelos 4 GC da CART 3494 [, Xime], reforçados por 2 GC da CCAÇ 12 [, Bambadinca];

(iv) O Grupo Preto, formado pelos GEMIL 309 e 310;

(v) O Grupo Verde, formado pela CCP 123 [, BCP 12, Bissalanca, BA 12, 1972/74].

Em apoio: 1 parelha de Fiats G91, 1 parelha de T-6, 2 Hélios e 1 Héli-canhão e a artilharia de uma LDG.

Os grupos Castanho e Laranja foram embarcados em LDG e desceram o Rio Geba, onde passaram o dia, desembarcando em Porto Gole, ao fim da tarde e onde pernoitaram.

No dia seguinte, embarcámos de novo e lançados a todo o "vapor" fizemos um desembarque na Ponta Luís Dias (tem o nome de um dos alferes da nossa companhia, mas não tem nada a ver com ele) e em Tabacuta, sob o bombardeamento da aviação e da artilharia da LDG e com a presença no terreno do Comandante-Chefe, General António de Spínola.

Efectuámos acções de ataque a aldeias dominadas pelo IN, atravessando as matas do Fiofioli até Mansambo.

Dada o número das nossas forças os guerrilheiros foram fugindo, deixando para trás as mulheres, as crianças e os velhos, efectuando flagelações à distância, em especial de noite, para tentar nos localizar.

Nesta operação, em que estavam envolvidos batalhões recém-chegados à Guiné, houve momentos, em especial no Grupo Castanho, em virtude de termos ficado parados muito tempo ao sol (a excepção foram os nossos dois GC, que eram os últimos da coluna e que, ao nos apercebemos que iríamos ficar ali muito tempo saímos do sol, procurando abrigo na sombra das árvores) que poderiam ter dado em desgraça, face à falta de água, originando muitas evacuações por cansaço, insolação e desidratação.

A operação que implicou muitos meios não obteve os êxitos esperados, para além da destruição de locais do IN, da apreensão de diverso material e de documentação e da recuperação de população (32 pessoas) e foi mais um meio de mostrar ao IN a nossa presença na zona onde eles estavam implantados.



Porto Gole, onde existia um Padrão dos Descobrimentos portugueses e onde bebemos a cerveja que nos soube melhor, depois de um dia no meio do Rio Geba, dentro da LDG. [Foto de João Martins, reproduzida no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Com a devida vénia.]



Lancha LDG utilizada pelo agrupamento Castanho e Laranja, na Op Trampolim Mágico. Em pé e do lado dto (a olhar para a foto), o Alf Luís Dias. Fopto de Luís Dias (2014).



Zona de mato denso onde estavam diversas palhotas que serviam de refúgio a elementos do PAIGC e população que os apoiava e que foram destruídas pela nossa passagem. Foto de Luís Dias (2014).

Texto e fotos (a preto e barnco):  ©  Luís Dias (2014). Todos os direitos reservados.
 ________________

Nota do editor:

Vd. postes sobre a Op Lança Afiada

8 comentários:

Luís Graça disse...

Conclui o Luís Dias:

(...)"A operação que implicou muitos meios não obteve os êxitos esperados, para além da destruição de locais do IN, da apreensão de diverso material e de documentação e da recuperação de população (32 pessoas) e foi mais um meio de mostrar ao IN a nossa presença na zona onde eles estavam implantados." (...)

Embora de menor duração, a Op Trampolim Mágico implicou até mais meios do que a Op Lança Afiada, mas desta vez o "rolo compressor" começou a atuar a partir da margem direita do Rio Corubal, tradicional santuário do PAIGC, mas já claramente enfrquecido nesta época, no setor L1 (triânguço Bambadinca-Xime-Xitole).

Innteressante era saber como se fez a "recuperação" dos 32 elementos pop, capturados... Muito provavelmente, foram vestidos e calçados e levados à presença de Spínola, em Bissau, depois de visitarem as duas suas famílais do "lado de cá"... E devolvidos de novo ao "mato"; era a melhor forma de propaganda do Spínola...


Reveja-se aqui a reportagem do jornalista Avelino Rodrigues, do "Diário de Lisboa", em agosto de 1972:

8 DE OUTUBRO DE 2013

Guiné 63/74 - P12128: Notas de leitura (524): Reportagem do enviado especial do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues, CTIG, agosto de 1972 (Mário Beja Santos)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/10/guine-6374-p12128-notas-de-leitura-524.html

(...) "Como se os tempos estivessem sincronizados, os helicópteros põem-se em movimento e atravessam o Corubal, vem em direção a Ponta Varela, está-se no rescaldo de uma operação, destruíram-se cerca de uma dezena de celeiros. E anota:

“Despojos não houve nenhuns, além de uma carta de Havana estampilhada com selos de Fidel e contendo retratos de família de um possível instrutor cubano”.

Apareceram entretanto Balantas capturados, Spínola tranquiliza-os, não lhes irá acontecer mal algum, serão levados ao Xime, para verem as obras do Governo e depois serão conduzidos de helicóptero ao mesmo lugar onde tinham sido encontrados. Não será exatamente assim que as coisas irão acontecer, os Balantas capturados serão recebidos dois dias depois no gabinete do Governador antes de serem devolvidos ao mato. Levarão rádios, apresentaram-se de indumentária afiambrada e levaram dinheiro não se sabe bem para que compras. De Ponta Varela partiram para Ingoré, onde Spínola visitou população vinda do Senegal, na região de Tandé, 400 pessoas voltaram para as suas antigas tabancas, eram Balantas Bravos, que meses antes estavam ainda na órbita da guerrilha." (...)

Luís Graça disse...

Mais um excerto do poste P12128:

(...) "Segue-se um curto historial da guerra, o jornalista observa:

“Ao contrário do que aconteceu noutros territórios ultramarinos, o movimento separatista da Guiné surgiu desde logo organizado politicamente e provido de estrutura militar eficaz. A ocupação portuguesa limitava-se a pouco mais de três mil brancos, quase todos funcionários administrativos ou comerciantes. Os chefes militares de Bissau reconhecem hoje que o avanço do PAIGC parecia imbatível nos primeiros anos, atingindo o ponto forte em 1968” (Spínola e o seu círculo sempre insistiram em comunicar com o exterior que o ponto de inversão era 1968, por acaso o ano em que chegou à Guiné”.

Avelino Rodrigues teve acesso aos elementos fornecidos pelo comando-chefe, escreve que 2000 combatentes do PAIGC manobram a partir das zonas de “duplo controlo” e a reportagem mostra o mapa da Guiné polvilhado na fronteira de 31 bases onde estariam sete mil combatentes, dos quais cerca de dois mil se internariam no território para espalhar o terror. Outros dados, a força africana era composta por cerca de cinco sodados regulares, cerca de seis mil milícias, mais de seis mil autodefesas, doze companhias de caçadores são comandadas por graduados nativos e diz-se algo de surpreendente: " (...)

Luís Graça disse...

Eis o dispositivo IN no setor L1 no tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... O BART 2917 foi substituído pelo BART 3873 (1972/74), mas antes dele houve o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)... Foi este último que participou na Op Lança Afiada (10 dias, março de 1969)...

Segundo que o dispositivo IN está "empolado" pelo comando do BART 2917... Ao tempo da Op Trampolim Mágico, as forças do PAIGC na região já deviam estar mais desfalcadas e enfraquecidas do que no meu tempo (CCAÇ 12, 1969/71)...


Excerto da História da Unidade - BART 2917 (Bambadinca, 1970/72):


(...) "DISPOSITIVO DO IN
- Nas zonas que o IN efectivamente controla no SECTOR, implantou uma organização e hierarquias paralelas Administrativa-Militar cuja estrutura em pormenor é ainda mal conhecida.
Na primeira, definida pelo RIO CORUBAL, entre a foz do RIO BURUNTONI e RIO PULON, por uma linha imaginária que une a foz deste último à nascente do RIO BURUNTONI e por este rio até à sua foz, está referenciada a existência do Comissário Político PEDRO LANDIM que com as F.A.R.L. controla toda a população civil, sendo JORGE JOÃO BICO aparentemente o Comandante Militar da mesma Zona, esta está, dentro da organização IN, incluída na FRENTE BAFATÁ-XITOLE, SECTOR 02, e dispõe dos seguintes efectivos:
- Um Grupo, Comandado por MAMADU TURÉ na área de TUBACUTA.
- Um Grupo, Comandado por INCUDE na área de GÃ JÚLIO.
- Um Grupo, Comandado por MÁRIO MENDES na área de SATECUTA.
- Estes quatros Grupos permutam entre sí com frequência as áreas em que actuam.
- Dispõe o IN ainda na zona, em permanência, de um Grupo Especial de Bazookas comandado por VITORINO COLUNA COSTA, normalmente estacionado na área de GÃ JOÃO e de um Grupo de Sapadores comandado por MÁRIO NANCASSA.
Frequentemente o IN balanceia os meios da Frente BAFATÁ-XITOLE com os da Frente do QUINARA pelo que na situação de esforço sobre a Frente BAFATÁ-XITOLE (incluí toda a zona do Sector L-1 a sul do RIO GEBA) os efectivos indicados podem ser substancialmente reforçados.

- Na segunda área que compreende a área do REGULADO DO CUOR a norte dos RIO QUEBÁ JILÃ e RIO PASSA, e a área do REGULADO DO ENXALÉ para Oeste da linha ENXALÉ-MADINA, está referenciado o Comissário Politico LOURENÇO, e o Comandante Militar OSVALDO MÁXIMO VIEIRA que aparentemente, como membro do BUREAU do Partido, exerce o controlo de cúpula, em ambas as hierarquias Militar e Civil.
Esta área está dentro da Frente MORÉS-NHACRA em que se situa toda a Zona do SECTOR L-1 a Norte do RIO GEBA e além dos diversos elementos da FAL dispõe em permanência dos seguintes núcleos das FARP:
- Um Bi-Grupo na área de MADINA-ENXALÉ comandada por IMBADE.
- Um Grupo destinado a atacar barcos e possivelmente localizado no CUOR.
- Dois Morteiros da Bateria de BESSUNHA.
- Um Grupo de Sapadores comandados pelo ARMANDO.

- Ainda nesta Frente, mas fora da Zona de Acção do Batalhão e com possibilidade de nele intervir, dentro do normal balanceamento de efectivos que o IN utiliza, estão referenciados os seguintes Grupos:
- Um Bi-Grupo comandado por FAI TURÉ.
- Um Bi-Grupo comandado por CAMARÁ.
- Um Bi-Grupo comandado por INFANDA NAMENA.
- Uma Bateria não identificada.
- Um Grupo de Foguetões comandado por AGNELO DANTAS.
- Todos estes efectivos pertencem ao C.E. 199 C/70 das FARP." (...)

Luís Graça disse...

Há algumas semelhanças entre as Op Lança Afiada (8-18 de março de 1969) e a Op Lança Afiada (24-26 fevereiro de 1972)...

Aprendeu-se alguma coisa com os erros do passado... Recorde-aqui o testemunho do nosso camarada Fernando Giouveia que trabalhou com o então cor Hélio Felgas, o "cérebro" da Lança Afiada:

(...) "O cor Felgas era 100% militarista mas demasiado individualista. Com ou sem razão só acreditava nele próprio. Talvez tenha sido por isso que o major de operações [, do Cmd Agr 2957,] tenha apanhado uma depressão, pois o coronel nunca o incumbiu de qualquer assunto ligado a operações. O senhor major andou por lá muitos meses só a organizar os arquivos.

Sentado à sua beira, aquando da programação da operação, seria impensável sugerir ao cor Felgas que, sem uma operação em simultâneo na margem sul do Corubal, a Lança Afiada não teria sucesso. Lembro-me, a propósito, que um camarada que esteve na operação me contou que, durante a operação, se ouvia toda a noite o barulho de motores de barcos a cambar o Corubal.

De qualquer maneira o cor Felgas demonstrou sempre muita preocupação com o bem estar dos soldados durante a operação. Recordo de o ter ajudado (sem aspas) a conceber uma rede mosquiteira individual para ser distribuída a cada soldado.

Recordo ainda que andou dias a magicar um substituto para as tradicionais rações de combate e aí também ele me veio perguntar se achava que a inclusão de fruta em calda estaria correcta em vez de outros produtos que faziam parte das rações mas muito mais açucarados.

Para terminar, penso que foi nesta altura que o cor Felgas ficou com uma Kalash novinha, a estrear. Nas paredes da minha casa tenho várias peças desse espólio, mas de menor importância." (...)


24 DE MAIO DE 2013

Guiné 63/74 - P11622: (Ex)citações (221): O comandante do Comando de Agrupamento nº 2957, cor inf Hélio Felgas, o cérebro da Op Lança Afiada (8-19 de março de 1969) (Fernando Gouveia)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/05/guine-6374-p11622-excitacoes-221-o.html

António Duarte disse...

No historial do bart 3873, a operação está razoavelmente detalhada, mas com contornos formais. Participei no tal agrupamento, por pertencer à cart 3493, que teve várias evacuações. Foi provavelmente a operação pior dirigida. O capitão não tinha experiência e esgotou os homens. A chegada dos helicópteros com a água, tranaformou os militares em autênticos animais, com a disputa por um cantil de água. Só por sorte não tivémos baixas. Abraços do António Duarte cart 3493 e ccaç 12

Anónimo disse...

Para esta operação,foi melhorada a pista de Bambadinca.Dois T-6 operaram a partir daquela pista.

Paulo Santiago

Luís Graça disse...

Algumas semelhanças e diferenças com a op Lança Afiada, realizada 3 anos antes (1969):

(i) os efetivos eram sensivelmente os mesmos (c. 700 homens em armas):

(ii) na op Trampolim Mágico (1972)dispensaram-se os carregadores que só foram um estorvo, em 1969, pelos testemunhos qu ouvi e li;

(iii) desta vez, houve boa articulação com a Marinha e a FAP: LDG, artiharia no meio do Rio Corubal, uma parelha de T 6, helicanhão, helis para evacuações... e os páras da CCP 123;

(iv) desta vez, a população e a guerrilha da margem direita do Rio Corubal ficou, teoricamente, encurralada, sendo-lhes mais difícil "cambar"o Rio Corubal para a margem esquerda:

(v) ambas a s operações são feitas na época seca, quando é possível queimar o capim e abrir grandes clareiras nas zonas de savana arbustiva, até se poder chegar às matas densas como a do Fiofioli (que eram, no meu tempo floresta-galeria);

(vi) não tínhamos artilharia (obus 14) que chegasse às bases de Mina / Fiofioli, a partir do Xitole, de Mansambo ou do Xime;

(vii) o número de civis (crianças, mulheres e velhos) recuperado foi o dobro, em 1972, rekativamente a 1969; os homens em armas, esses, escaparam da rede como enguias;

(viii) foi capturado mais material na Op Lança Afiada;

(ix) Na Op Lança Afiada, as NT não tiveram mortos, sofreram 22 feridos, quase todos ligeiros, tiveram ainda cerca de 110 elementos evacuados por insolação, ataque de abelhas e doença

(x) o problemas de insolação, desidratação e ataque de abelhas terá sido, pois, mais grave na Op Lança Afiada;

(xi) dez dias de permanência no mato era quase um suicídio...

(xii) Apesar de tudo, o que valeu à malta foi o "celeiro" do PAIGC... Cite-se parte final do relatório:

"Só muito raramente foi encontrada água bebível. Alguns poços foram atulhados pelo IN ou estavam já secos. Outros continham água negra ou meia salgada que só os carregadores conseguiram beber. Quando, junto de Gã Júlio, por exemplo, os soldados metropolitanos quiseram seguir o exemplo dos carregadores tiveram que ser evacuados uns 16 com febre alta.

"Centenas de galináceos e cabritos ou leitões foram capturados e comidos em tabancas abandonadas, compensando assim um reabastecimento alimentar que se revelou algo deficiente quer em qualidade quer em quantidade." (...)

Luís Graça disse...

Nunca é demais repetir e chamar a atenção para uma das principais recomendações feitas pelo comandante da Op Lanla Afiada,o cor inf Hélio Felgas, no relatório final:

(...) ") A Op Lança Afiada decorreu durante 11 dias. As temperaturas verificadas neste período foram as seguintes: Máxima à sombra – Entre 39 e 43,6 graus centígrados; Máxima ao sol – Entre 70 e 74,5 graus centígrados.

"Estes números são elucidativos. Por um lado justificam que um homem necessite muita água (entre 8 a 10 litros por dia). Por outro lado aconselham as NT a deslocarem-se e a actuarem ou de noite ou ao amanhecer. Entre as 11 e as 16h, o melhor é parar, se possível à sombra." (...)

Fiz uma operação de 3 dias (com 2 noites no mato), na região de Madina / Belel (Op Tigra Vadio, março de 1970)... Sei o que é o inferno da desidatração, da insolação, do ataque de abelhas, da exaustação física...