sábado, 30 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13549: Bom ou mau tempo na bolanha (64): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (4) (Tony Borié)

Sexagésimo terceiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Eram os caminhos dos imigrantes, a “California Trail”, a “Mormon Trail” ou a “Oregon Trail”, iam todas no nosso pensamento, centenas de anos atrás, caravanas de carros, puxados por animais, por aqui viajavam, rumo ao oeste, atravessavam planícies, montanhas rochosas ou rios, suportavam calor, frio, neve ou chuva, muitos eram europeus, desembarcados nos portos de Boston, New York ou Philadelphia. Havia famílias que começavam a viagem, rumo ao oeste, com um filho e chegavam ao destino com três e quatro, foram esses “heróis”, os que iniciaram estas longas estradas no meio de nada.

Quando saímos da cidade de Spearfish, ainda no estado de Dakota do Sul, que fica perto da fronteira com o estado de Wyoming, continuámos na estrada 90, atravessando de seguida a fronteira, o cenário era igual ao que já descrevemos em dias anteriores, embora o terreno tivesse alguma precipitação, continuavam a existir grandes planícies com longas zonas desertas, algumas quintas abandonadas, algumas plantações de trigo, algumas manadas de vacas, também se viam alguns búfalos, poucos, mas de vez em quando apareciam áreas transformadas em zonas de caça, poços de petróleo trabalhando, moinhos de energia movidos a vento.
Assim, passando pelas cidades de Gillette, Buffalo e Sheridan, passámos a parte norte leste do estado de Wyoming, mas hoje não vamos falar mais deste estado, que é um dos que nos oferece os cenários, pelo menos no nosso entender, mais agradáveis e originais, pois falaremos dele na viagem de regresso.




O nosso destino era o norte, com o Jeep e a Caravana a rodar a uma média de sessenta milhas por hora, embora na estrada existissem placas de sinalização a convidar a rodar a setenta e cinco milhas, entrámos no estado de Montana, que é o quarto maior em área, pois apenas Alaska, Texas e Califórnia são maiores, mas apesar disso, Montana é um dos estados menos povoados do país, geograficamente o leste do estado é dominado pelas grandes planícies, enquanto que o oeste é dominado pelas montanhas rochosas. O nome do estado provém da palavra espanhola montaña, que como sabem significa montanha em português, tudo isto por causa da presença das Montanhas Rochosas na região. Ironicamente, as vastas planícies abertas de Montanha renderam-lhe o cognome de The Big Sky Country (Os campos dos grandes céus). Os primeiros exploradores de ascendência europeia a explorarem a região de Montana foram já norte americanos, que exploraram a região no início do século XIX, mas verdadeiramente a região seria somente povoada por eles a partir da década de 1860, com a descoberta de grandes reservas de ouro no actual estado de Montana, que a partir de 1862, atraiu milhares de pessoas à região. Este estado também se destaca por ser o palco das últimas batalhas entre tribos nativas, que lutaram pelo controle de suas terras em confronto com colonos também norte-americanos. Em 1889, tornou-se no 41.º estado.



Do nosso roteiro fazia parte uma visita ao local onde, em 1876, se realizou uma das últimas batalhas entre uma força conjunta “cheyenne” e “sioux”, unidos sobre a influência dos também famosos líderes indígena “Touro Sentado”, (Sitting Bull) e “Cavalo Louco” (Crazy Horse), que massacraram uma famosa força militar norte-americana, que era o Sétimo Regimento de Cavalaria do Exército, comandada pelo não menos famoso General George A. Custer. Todos os membros da força comandada por este general foram mortos nesta batalha, que se chamou a “Batalha de Little Horn” e, teve um profundo impacto entre a população norte-americana de ascendência europeia na região. Visitámos o local, com profundo sentimento e muito respeito, tal como muitos visitantes que lá se encontravam. Dizem que foi a maior derrota do exército dos USA, durante as chamadas “guerras indígenas”.

Como o nosso destino era o norte, encurtando caminho, viajámos por algumas horas na estrada secundária número 3 do estado de Montana, chegando ao pôr-do-sol, com alguns chuviscos, à cidade de Great Falls. Prosseguindo viagem, viemos a dormir já perto da fronteira com o Canadá, na cidade de Conrad.

Neste dia percorremos 628 milhas, com o preço da gasolina variando entre $3.28 e $3.70 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13527: Bom ou mau tempo na bolanha (62): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (3) (Tony Borié)

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