quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13784: Agenda cultural (343): Curso livre TODA A CHINA, no Museu do Oriente, Lisboa, todos os sábados, das 10h00 às 13h00, de 26/10 a 20/12/2014, ministrado pelo ilustre sinólogo e nosso camarada António Graça de Abreu


Texto e imagens: © António Graça de Abreu  (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem que recebemos do nosso camarada e amigo António Graça de Abreu, com pedido de divulgação entre os amigos e camaradas da Guiné e demais leitores do nosso blogue:

António Graça de Abreu
abreuchina@netcabo.pt

Estoril, 12 de Outubro de 2014

Meus caros amigos
Iniciar-se-á a 25 de Outubro mais um Curso sob minha orientação no Museu do Oriente. Envio-vos a introdução e o sumário das duas primeiras aulas do Curso. Tinha todo o gosto em ter-vos comigo, ou aos vossos amigos, nesses nove sábados que se aproximam, na fascinante viagem de descoberta e encontro com TODA A CHINA.

No site da Fundação/Museu do Oriente encontrarão todas as necessárias informações [Clicar aqui].

Conto convosco, ou com os vossos amigos.

Toda a amizade do

António Graça de Abreu



2. Lisboa > Museu do Oriente > Curso TODA A CHINA 

25 de Outubro de 2014 a 20 de Dezembro de 2014
Doutor António Graça de Abreu

Introdução

“Os anos vão passando. E, com o passar dos anos, a não ser a China, tudo na terra passa.” [Eça de Queirós (1845-1900), Os Maias, cap. XVIII ]


Quando se fala ou se escreve sobre a China prevalece amiúde a ideia de que nos referimos a uma entidade única, o velho Império do Meio, uniforme, consolidado e consensual. Nem sempre será assim. A China, com 9,6 milhões de quilómetros quadrados é um vasto território – tem o tamanho da Europa –, com incontáveis diferenças de natureza económica e social, diferenças entre Norte e Sul, entre Leste e Oeste, entre as zonas costeiras e o interior, diferenças climáticas e de fixação humana, desde as imensas planícies de terras férteis cortadas por canais e rios, aos desertos e majestosas montanhas.

 A China é um país multi-étnico (55 minorias nacionais) com usos e costumes diversos, com vivências, trajes, comidas, cores e cheiros díspares, eivados de mistérios e fascínios. Prevalecem os han, os chineses propriamente ditos, 95% da população da China, com oito dialectos principais.

Nos nove módulos deste curso, de tudo isto iremos falar, e ver, nas excelentes fotografias de António Graça de Abreu (mais algumas da net, não muitas…), resultado de trinta e sete anos de jornadas que se estenderam rigorosamente a toda a China, viagens completas por todo o mundo chinês que António Graça de Abreu concluiu em Setembro de 2013 e tem continuado a fazer, já com mais duas viagens à China neste ano de 2014.




Numa súmula que se pretende concisa e abrangente, temos agora o seu testemunho que irá ser partilhado, comentado, discutido com os participantes do curso. Semana após semana iremos visitar todas as 22 províncias chinesas, as cinco regiões autónomas (Tibete, Xinjiang, Ningxia, Guangxi e Mongólia Interior), os quatro municípios centrais (Pequim, Tianjin, Xangai e Chongqing), mais Macau, Hong Kong e Taiwan, a Formosa.

A proposta é abrir caminhos para um possível conhecimento da China, viajando com o olhar, as sensibilidades, os entendimentos pela História, a civilização, a cultura, as mentalidades, os quotidianos, passado e presente das gentes do mundo chinês, povo imenso ora habitando as grandes cidades ora espalhado por aldeias perdidas nos confins do Império. 

Em cada semana a viagem estender-se-á por três ou quatro províncias, por regiões autónomas, ao encontro do diferente e do único, ao encontro das gentes do mundo chinês, das realidades duras e difíceis de um povo imenso, da imponência da paisagem. Tudo acompanhado por textos escritos, referentes a cada uma das províncias, regiões ou lugares visitados, da pena de António Graça de Abreu. Para fruir e tentar compreender. Porque, como nos diz o grande sinólogo belga Simon Leys (1925-):

“C’est seulement quand nous considérons la Chine que nous pouvons enfin prendre une plus exacte mesure de notre propre identité et que nous commençons à percevoir quelle part de notre héritage relève de l’humanité universelle, et quelle part ne fait que refléter de simples idiosyncrasies indo-européenes. La Chine est cet Autre fondamental sans le rencontre duquel l’Occident ne saurait devenir vraiment conscient des contours et des limites de son Moi culturel.”[ Simon Leys ( 1925?- )]

E também, porque como recordava há cem anos atrás o francês Vítor Segalen (1878-1919), outro grande mestre no desvendar dos entendimentos do mundo chinês:

“A viagem à China é uma viagem ao fundo do conhecimento de nós próprios”

Programa [duas primeiras sessões]

25 de Outubro de 2014

1. Os quatros municípios centrais. Pequim 北京, Tianjin 天津, Xangai 上 海e Chongqing 重庆

1.1.- Pequim, cidade do poder, da política, capital do Império.

1.2.- Tianjin, um dos motores da indústria e economia chinesas.

1.3.- Xangai, a megacidade, original, única, diferente. História e quotidianos.

1.4.- Chongqing, a maior metrópole (30 milhões de habitantes) da China.


1 de Novembro de 2014

2. A singular Manchúria. Províncias de Heilongjiang 黑龙江, Jilin 吉林, Liaoning 辽宁, mais a província de Hebei 河北

2.1.- As terras “siberianas” do nordeste. Harbin, a fascinante cidade “russa”.

2.2.- Japoneses na Manchúria. O estranho reino de Manchukuo.

2.3.- Matérias-primas, indústria, o celeiro agrícola da China do norte.

2.4.- Relações e fronteiras com a Coreia do Norte.

2.5.- Changchun e Shenyang, as falsas primaveras. Quotidianos, prazeres e desprazeres por terras manchus.

2.6.- Chengde, barroquismos, templos, embaixadas e fantasias.

2.7.- Rio Amarelo e Grande Muralha da China. Importância na História da China.


3. Informação adicional

Local e contactos: 

Museu do Oriente
Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte)
1350-352 Lisboa

Telefone: 213 585 200
E-mail: info@foriente.pt
Data e horas:
de 25 de Outubro de 2014 a 20 de Dezembro de 2014
Sala Beijing do Museu do Oriente, 4º. Piso, 
todos os sábados, 

4 comentários:

Luís Graça disse...

António:

Boa sorte, para o curso, tenho pena de não estar contigo e poder aprender algo do muito que sabes sobre a China, sua história, sua cultura, sua idiossincrasia...

Já agora, a citação que fazes do Eça sobre a China [ “Os anos vão passando. E, com o passar dos anos, a não ser a China, tudo na terra passa.”, Eça de Queirós (1845-1900), Os Maias, cap. XVII], não vem no cap XVII, mas no início do cap XVIII (o último) do romance.

Na edição que eu tenho (Lisboa, Livros do Brasil, s/d, Obras de Eça de Queiroz, vol 5: Os Maias, fixação do texto e notas de Helena Cidade Moura, e que segue a 1ª edição de 1888) corresponde à p. 689:

É uma fala do Ega para o Vilaça, comentando a vida do Carlos da Maia, em Paris, a refazer-se ainda da "semana terrível" (que fora a descoberta do incesto ):

"- Todavia, os anos vãp passando, Vilaça - acrescentou ele. - E com os anos, a não ser a China, tudo na terra passa..."

... Já corrigi o teu texto. Só por uma questão de rigor.

Abraço. Luis

Vasco Pires disse...

Quando o meu avô falava do "perigo amarelo",seria medo, desconhecimento, ou antevsão?
Parabéns, pelo teu fantástico trabalho de uma vida!!!
Forte abraço.
Sucesso!
VP

antonio graça de abreu disse...

Tens toda a razão, meu caro Luís, é na segunda página do cap. XVIII, na fala do Ega.
Em Os Maias a China é citada cinco vezes. O Eça sabia como ninguém do ofício do escritor e estava muito bem informado sobre a China dos finais do século XIX. O Mandarim,com o admirável Teodoro que matava mandarins à distância para lhes herdar a fortuna, é uma obra de grande rigor em tudo o que à China diz respeito.
Muito obrigado pela divulgação do meu curso, espero ter lá uns tantos
camaradas da Guiné. Depois da nossa extremada guerra já não ficamos de olhos em bico mas prometo entreter (se possível de modo inteligente) todos os que irão quase encher a sala Beijing do Museu do Oriente.

Abração,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

António Abreu dando parte do seu melhor, o conhecimento.
Este é o verdadeiro do voluntariado.
Boa sorte.
José Câmara