quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14042: Memória dos lugares (278): Antigos quarteis de Farim e Nema (Patrício Ribeiro, sócio-gerente da Impar Lda)



Foto nº 1 > Farim, praça principal (1)


Foto nº 2 > Farim, praça principa (2); Patrício e o filho (à esquerda)


Foto nº 3 > Farim, a rua dos alfaiates


Foto nº 4 > Farim, antigo quartel das NT (1)



Foto nº 5 > Farim, antigo quartel das NT (2)


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)> c. finais de 1970 / princípios de 1971 > O Luís Nascimento, 1º cabo op cripto, junto ao monumento ao BART 733 (Bissau e Farim, de 8/10/1964 e 7/8/1966).

Foto: © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição / Legendagem: L.G.]




Foto nº 6 > Farim, um oráculo mariano [, não parece ser do nosso tempo, LG]


Foto nº 7 > Farim, antigo quartel das NT, monumento aos mortos da CCS/BCAÇ 1887 [Legenda de Carlos Silva]



Foto nº 8 > Farim, Nema, antigo  quartel das NT, por onde passou a  CCAÇ 2549. ["O monumento de Nema é da CCaç 2549 e tem lá o nome inscrito do seu comandante que deu o nome ao estádio que fica por trás: Vasco Correia Lourenço e muito mais. Basta consultar os posts que escrevi sobre o Bat Caç 2879". Legenda de Carlos Silva]



Foto nº 9 > Farim, Nema, antigo quartel das NT. "O emblema verde é do BCAÇ  1887" [Legenda de Carlos Silva]


Fotos: © Patrício Ribeiro  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.: legendas: Carlos Silva]


Brasão de armas da vila de Farim no tempo colonial... (Fonet: Jorge Santos (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Mensagem do nosso amigo e camarada  Patrício Ribeiro [, atural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bssau desde 1984, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

16 dez 2014 | 20:15

Amigos:

Para recordar,

Algumas fotos tiradas hoje em Farim (*). Em visita de trabalho. Tiradas na Cidade [ fotos nºs 1, 2, 3 e 6], e nos dois quarteis, o da Cidade [fotos mº 4,5, 7] e em Nema [, fotos nº 8 e 9]

Junto ao padrão, eu e o meu filho  andamos por lá a trabalhar. [Fotos nºs 1 e 2]

Estamos a instalar luz solar no hospital e uma bomba solar para abastecer toda a cidade com água, vai ser instalada do Quartel de Nema [, Fotos nº 8 e 9] (**).
Abraço

Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , 
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa 

(...) Texto do Virgínio Briote, que foi Alferes Miliciano da CCAV 489 (Cuntima, Janeiro a Maio de 1965), pertencente ao BCAV 490 (sediado em Farim, em 1965):

Caro Anízio,

Que é que lhe posso dizer de Farim?

Passei por lá há muitos anos, há mais de quarenta. Pus lá os pés pela primeira vez em finais de Janeiro de 1965. Estávamos no início da luta pela libertação da Guiné. O meu Batalhão, designado por Batalhão de Cavalaria 490, instalou a sede em Farim e dispersou as companhias militares por Jumbembem e Cuntima. Fui um dos destacados para Cuntima, na fronteira com o Senegal, a cerca de 30 e tal km de Farim e por lá me mantive cerca de 5 meses.

Visitava Farim, quando estava em trânsito, quando ia lá buscar abastecimentos para Cuntima. Era uma pequena povoação, uma cidade para os padrões locais daqueles tempos. Uma cidadezinha agradável, o rio Cacheu tranquilo a banhar-lhe as margens, população afável numa tabanca já com alguma dimensão.

A guerra tinha começado há pouco mais de 2 anos, circunscrevia-se ao Sul e tinha pequenos focos ainda um pouco incipientes no Oio (Morés) e em outras zonas dispersas pelo território. Muito perto de Farim, passavam corredores de infiltração (Sitató, por ex.), por onde entravam guerrilheiros e abastecimentos para o triângulo do Óio (Mansoa, Bissorã e Mansabá). Na altura, pelos arredores de Farim, os trilhos assinalavam quase todos os dias passagens recentes de guerrilheiros e de pequenas secções de reabastecimento.

Em meados de 1965, pode dizer-se que a tropa ocupava as povoações mais importantes e o PAIGC era dono e senhor dos trilhos e das matas. Na altura em que abandonei Cuntima, a tendência acentuava-se, com o PAIGC a firmar-se com denodo nas matas à volta de Farim.

Canjambari, uma povoação a sul de Farim, era um importante ponto de infiltração. Então, foi decidido ocupar Canjambari. Mas não foi nada fácil, a luta durou dias e dias, até que finalmente uma companhia militar do tal Batalhão conseguiu ocupar Canjambari. A posição ocupada nunca teve descanso, os guerrilheiros, da mata visavam diariamente o aquartelamento com morteiros.
E um dia, a guerrilha decidiu dar um passo em frente, atacar dentro da povoação de Farim. Um batuque, muita gente em festa, alguns militares também, um guerrilheiro infiltrado na população meteu lá dentro uma "bomba". Num saco, misturaram granadas de todos os tipos, projécteis de balas, até uma bomba de avião que não tinha rebentado. E foi tudo pelos ares, população incluída que foi a mais atingida, aliás. Um pandemónio que teve as consequências que imagina em termos de repressão (...).

E pronto, dali para a frente a vida nunca mais foi a mesma, com a tendência sempre crescente da implantação do PAIGC e que só parou na independência.

Por aquela gente sinto carinho e respeito. Carinho porque, a minha vida estava no princípio, tinha acabado de fazer 21 anos, fui tratado sempre com humanidade e porque ajudaram ao meu crescimento. Respeito porque ganharam uma luta que era deles, de serem eles próprios, bem ou mal não temos nada com isso, a conduzirem os seus próprios destinos.

E pronto, caro Anízio, aqui lhe deixo o meu testemunho. Se na altura pressentisse que o Anízio, quarenta anos depois, me iria questionar sobre o Farim daqueles tempos, certamente teria sido mais previdente e guardaria informação mais precisa. (...)


(**) Último poste da série > 27 de outubro de  2014 > Guiné 63/734 - P13812: Memória dos lugares (277): Os meninos do Xime do tempo da CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai (Jorge Araújo)

2 comentários:

Carlos Silva disse...

Amigos & Camaradas

Luís

As legendas estão todas erradas
Nem sabem ler o que está escrito
No monumento junto ao edifício do Comando está lá Bat Caç 1887
O emblema verde é do Bat Caç 1887
Não há lá nada do meu Bat Caç 2879
O monumento de Nema é da CCaç 2549 e tem lá o nome inscrito do seu comandante que deu o nome ao estádio que fica por trás: Vasco Correia Lourenço e muito mais
Basta consultar os posts que escrevi sobre o Bat Caç 2879
Escrever e informar erradamente não.
Mais vale não escrever legendas
Enfim...
Um abraço meu caro Luís
Carlos Silva

Luís Graça disse...

Obrigado, Carlos, pelas tuas oportunas legendas. Já corrigi. Um abraço. Boas festas. Luis