quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1528: Lembranças da Vila de Catió (2): Albano Costa / Vitor Condeço

Continuação da série Lembranças da Vila de Catió (1).

Fotos: © Albano Costa / Hugo Costa (2007). Direitos reservados. O Albano esteve em Guidaje, durante a sua comissão na Guiné (CCAÇ 4150, 1973/74). Voltou à Guiné, com o filho, em Novembro de 2000. As fotos de Catió são dessa viagem. Vive em Guifões, Matosinhos.

Legendas: Vítor Condeço (ex- Fur Mil Mecânico de Armamento Victor Condeço, CCS do BART 1913, Catió 1967/69). Vive actualmente no Entroncamento.

Guiné- Bissau > Região de Tombali > Catió > Novembro de 2000 >


Foto 9 > "Em 1967/69 não havia nenhuma construção que se assemelhasse às da foto e por isso é difícil identificar o local. Arriscaria no entanto dizer que me faz lembrar dois locais: o largo do Mercado por causa da estrada ao fundo e que daqui levava ao porto interior, e o largo da Rotunda também por causa da estrada mas esta levava à Pista" (VC).




Foto 10 > "Uma perpendicular à rua do quartel, em primeiro plano à esquerda, a casa onde funcionou a partir do início de 1968 uma cantina bar com gerência do sr. Mota, um cabo verdeano que era sócio do Hotel Turismo de Bolama" (VC).



Foto 13 > "Esta é a rua da entrada principal do quartel, os edifícios á esquerda eram: a padaria de que só se vê uma pequena faixa branca e parte da cobertura, o depósito de géneros, e o edifício dos quartos dos oficiais, ambos datam de 1968, nota-se que foram remodelados, acrescentaram-lhe varandas e alpendres, vêm-se ainda os pilares dos portões do quartel. Ao fundo do lado direito em frente dos pilares era o armazém da Casa Gouveia" (VC).



Foto 14 > "Uma vista do outro extremo da rua do quartel, à direita os quartos dos oficiais, os pilares dos portões e o depósito de géneros, no topo deste uma construção mais recente. Sobressai da cobertura enferrujada, parte da larga chaminé da cozinha do refeitório das praças" (VC).



Foto 15 > "Foto tirada de costas para o quartel, à direita o armazém da Casa Gouveia, a casa seguinte era a loja da mesma e habitação do gerente, do lado esquerdo está o edifício do bar Catió, a habitação do seu dono, Sr. José P. Saad, e a seguir as lojas dele; antes do bar existia uma construção tipo alpendre que era do mesmo senhor e que era o local onde se jogava pingue-pongue e matraquilhos. Mais ou menos no sítio que se vê carrinha estacionada, existia uma bomba de Gasolina que ainda funcionou algum tempo em 1967. Esta rua desembocava no largo do Mercado" (VC).



Foto 16 > "Edifícios do antigo quartel onde se notam intervenções ao nível de varandas portas e janelas. As necessárias adaptações a outros fins que não os militares. Estes edifícios ficavam todos do lado direito quando se entrava no quartel pelo lado da vila, e eram: o da direita o dos aposentos dos oficiais, o seguinte a antiga messe e bar de sargentos, à esquerda o edifício do comando, (a parte visível eram as transmissões, casa das baterias e centro cripto), o seguinte uma das camaratas de sargentos, (por sinal a minha), ao fundo a nova messe de oficiais construída em 1968" (VC).



Foto 17 > "Este edifício era a cozinha, o refeitório e o bar das praças, ficava à esquerda da entrada do quartel, onde se vêm os restos das viaturas e as ervas era a parada" (VC).



Foto 18 > "É o mesmo que se vê na foto 16 mas com outra perspectiva. Pormenor curioso é a base de um dos mastros das transmissões ainda lá estar junto da empena do edifício do comando Nesta foto nota-se o desaparecimento do bar de sargentos que ficava contíguo ao lado esquerdo do velho edifício da primitiva messe de sargentos" (VC).

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Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1505: Lembranças da Vila de Catió (1): Albano Costa / Mendes Gomes / Vitor Condeço

Guiné 63/74 - P1527: Lista de ex-militares da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e unidades adidas (Benjamim Durães)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca, 1971: Capa da brochura com a história da CCAÇ 12. Desenho: Furriel miliciano António Levezinho. O pessoal metropolitano da CCAÇ 12 (Maio de 1969/Março de 1971) conheceu (e esteve às ordens de) dois batalhões em Bambadinca: BCAÇ 2852 (1968/70) e BART 2917 (1970/72).

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados


1. Listagem elaborada pelo Benjamim Durães, ex-furriel miliciano do Pelotão de Reconhecimento (PEL REC) da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), actualmente residente em Palmela.

Eis a mensagem que ele nos enviou e que já circulou pela tertúlia:

(...) "Abaixo junto relação do pessoal da CCS do BART 2917, elementos por mim já contactados, e a quem já enderecei o convite para um alomço de convívio, a realizar na priemria quinzena de Junho de 2007 (dis 2, 9 ou 16).

"Agradeço que confirnen os dados, que os rectifiquem ou actualizem,s e for caso disso. Se tiverem conhecimenmtp de mais miliatres da CCS (ou das unidades adidas)que não constem desta lista, queiram pro favor entrar em contacto comigo (telemóvel: 93 93 93 315; morada: Rua Florbela Espanca, Nº 10, 2900 – 296 PALMELA") .

Por telefone, o Durães disse-me que os camaradas contactados deram-lhe autorização para divulgar os seus elementos de identificação e de contacto. Daqui vai um abraço para todo esse pessoal que conviveu , comigo e outros membros da nossa tertúlia, durante cerca de 9 noves, nº segundo semestre de 1970 e 1º trimestre de 1971.

Para o Guerreiro (ex-alf mil, do Pel Rec), que está doente, uma especial saudação e votos de melhoras. Oxalá nos possamos encontrar todos em Junho. A publicação desta lista não implica a entrada automática destes camaradas para a nossa tertúlia. É claro que todos, sem excepção, serão bem vindos. A existência de endereço de e-mail é fundamental para podermos comunicar regulamente uns com os outros. Cada um, respeitando as nossas regras de admissão, fará o seu pedido. Os camaradas que já fazem parte da tertúlia, vêm assinalados com um asterisco (*). (LG).


EX-MILITARES DA CCS DO BART 2917 - BAMBADINCA (1970/72)


1 ___________________________________________

JOSÉ ANTÓNIO ANJOS CARVALHO
Coronel (na altura, major)
Telefone - 21 851 45 02 / Telemóvel - 91 764 41 11
E-Mail j_a_carvalho@netcabo.pt
Morada:
Rua General Silva Freire, nº 12 7º Esqº
1800-210 - LISBOA

2 ___________________________________________

JORGE VIEIRA BARROS E BASTOS
Coronel (na altura, major)
Telefone - 21 390 56 64 / Telemóvel - 91 401 25 98
E-Mail - Não tem
Morada:
Rua Ricardo Espírito Santo, nº 4 - 4º Drtº
1200-791 - LISBOA

3 ___________________________________________

GUALBERTO MAGNO PASSOS MARQUES
Capitão
Telefone 289 86 25 83 / Telemóvel 96 630 33 52
E-Mail gualbertomarques@yahoo.com.br
Morada:
Avenida Olivença, Bloco C, 11º andar Drtº Edifício Olivença
8000 – 565 FARO

4 ___________________________________________

ABILIO FERREIRA MACHADO
Alferes
Telefone / Telemóvel - 91 782 21 71
E-Mail abiliomachado@oniduo.pt
Morada:
Rua Ana da Fonte, Nº 74 Gueifães
4470 – 495 MAIA

5 ___________________________________________

ANTERO MAGALHÃES PACHECO SILVA
Alferes
Telefone / Telemóvel - 91 752 27 77
E-Mail psilva@portugalisolnorte.pt
Morada:
Rua do Salgueiral, 86 -3º drtº
4200-476 PORTO

6 __________________________________________

ANTÓNIO REIS BEATO CARVALHO
Alferes
Telefone 272 331 396 / Telemóvel 96 406 40 04
E-Mail: Não tem
Morada:
Praça Rainha D. Leonor
CASTELO BRANCO

7 __________________________________________

ANTÓNIO RODRIGUES MARQUES VILAR
Alferes Médico
Telefone 234 427 326 / Telemóvel
E-Mail
Rua Bernardino Machado, nº 6
3800 – 155 AVEIRO

8 ____________________________________________

ARSÉNIO CHAVES PUIM
Alferes Capelão
Telefone - 296 582 393 / Telemóvel
E-Mail: arseniopuim@hotmail.com
Morada:
Figueira da Casquete – Qtª de Santa Marta
9680 – VILA FRANCA DO CAMPO
AÇORES

9 ____________________________________________

ARTUR MANUEL FERREIRA VILELA DIONÍSIO
Alferes Médico
Telefone 21 849 86 88 / Telemóvel 96 682 26 39
E-Mail: Não tem
Avenida Afonso Costa Nº 12 – 2º Drtº
LISBOA

10 ____________________________________________

FERNANDO MANUEL CABRITA GUERREIRO
Alferes do Pelotão de Reconhecimento e Informação (PEL REC)
Está muito doente e acamado.

Morada: Rua Professor Vicente França
BARREIRO

11 ____________________________________________

JORGE PEDRO FERREIRA NUNES MATOS
Alferes Médico
Telefone 22 617 28 61 / Telemóvel 91 937 69 76
E-Mail: jorgenunesdematos@lojav.pt
Morada
Rua Alfredo Keill, nº 257-A 5º Drtº
4100 – 049 PORTO

12 _________________________________________

LUÍS RODRIGUES CARDOSO MOREIRA (*)
Alferes
Telefone 21 918 06 76 / Telemóvel 91 904 99 07
E-Mail: luismoreira01@gmail.com
luismoreira27@portugalmail.pt
Morada:
Rua do Miradouro, Nº
CACÉM

13 ________________________________________

FERNANDO BRITO
Major (na altura, 1º Sargento)
Telefone - 239 087 243 / Telemóvel - Não tem
E-Mail: Não tem
Morada:
Rua Mouzinho de Albuquerque, Bloco B12 – 1º Frt.
3030-063 COIMBRA

14 _________________________________________

BENJAMIM SILVA DURÃES
Furriel
Telemóvel - 93 93 93 315
E-Mail: benjamimduraes@hotmail.com
Morada:
Rua Florbela Espanca, Nº 10
2900 – 296 PALMELA

15 _________________________________________

FAUSTO RODRIGUES LOPES NOGUEIRA
Furriel
Telefone - 291 934 474 / 291 223 050 / 291 280 953
Telemóvel - 96 281 28
Email: fnogueira@netmadeira.com
Morada:
Rua São Francisco
FUNCHAL

16 _________________________________________

ISAÍAS ALVES ROCHA
Furriel
Telefone: 253 248 108 / Telemóvel: 96 193 49 89
E-Mail: isaias.rocha@pt.boch.com
Morada:
Rua Afonso Palmeira
BRAGA

17 __________________________________________

JOÃO ANTÓNIO MENDES BORGES
Furriel
Telefone 275 082 548 / Telemóvel 96 271 40 70
E-Mail: jamborges@iol.pt
Morada
Avenida da Anil, nº 1 7º/B
COVILHÃ

18 __________________________________________

JOAQUIM LOURENÇO GIÃO VINAGRE
Furriel Mecânico
Telefone 266 088 083 / Telemóvel 91 927 45 07
E-Mail: jlvinagre@sapo.pt
Morada:

MONTEMOR-O-NOVO

19 __________________________________________

JOSÉ ALBERTO COELHO
Furriel Enfermeiro
Telefone: 284 106 120 / Telemóvel: 96 845 43 44
E-Mail: zecoelho69@sapo.pt
Morada:
Praceta Prof. Montalvão Marques, Nº 3-A / 1º Esqº
BEJA

20 __________________________________________

JOSÉ ARMANDO FERREIRA ALMEIDA
Furriel
Telefone: 234 525 140 / Telemóvel: 96 987 22 11
E-Mail:
Morada:
Largo General Torres
ALBERGARIA-A-VELHA

21 ____________________________________________

JOSÉ CARLOS FERREIRA BERNARDO
Furriel
Telefone: 21 253 81 18 / Telemóvel: 96 703 60 99
E-Mail: joscarbernardo@portugalmail.pt
Morada:
Rua Cidade de Benguela, nº 5 – 3º Esqº
2855 – 064 CORROIOS

22 _________________________________________

JOSÉ DIAS RODRIGUES ANTUNES
Furriel
Telefone: 21 395 04 41 / Telemóvel: 91 755 29 29
E-Mail: josedr.antunes@netcabo.pt
Josedr.antunes@barraqueiro.com
Morada:
Travessa do Possolo, Nº 15 – 1º Drtº
LISBOA

23 ___________________________________________

JOSÉ MANUEL GONÇALVES GANCHO
Furriel
Telefone: 266 499 245 / Telemóvel: 96 404 16 09
E-Mail
Morada:
Rua 5 de Outubro, Nº
ARRAIOLOS

24 __________________________________________

RENATO ROMÃO VIEGAS MENDONÇA
Furriel
Telefone: 289 542 538 /Telemóvel: 96 620 02 17
E-Mail
Morada:
Rua Miraflores, Nº 1 – Porta Nova
8800 – 338 TAVIRA

25 _________________________________________

ROGÉRIO GODINHO PASSINHAS
Furriel
Telefone: 261 743 915 / Telemóvel: 91 905 75 51
E-Mail: novafaceta@oniduo.pt
Morada:
Estrada da Serra de São Julião
SERRA DE SÃO JULIÃO

26 __________________________________________

DAVID J. GUIMARÃES (*)
Furriel da CART 2716 - XITOLE
Telefone / Telemóvel: 93 415 35 65
E-Mail: davidguimaraes@gmail.com
Morada:

PORTO

27 __________________________________________

ANTÓNIO AUGUSTO RODRIGUES
Furriel
Telefone / Telemóvel
E-Mail
Morada:
Rua Bernardo Sequeria, nº 171 2º esqº - São Vitor
4715 – 010 Braga

28 ___________________________________________

ÁLVARO GOMES SANTOS
1º Cabo
Telefone: 232 641 470 / Telemóvel
E-Mail
Morada:
Casal Diz
MAGUALDE

29 ___________________________________________

ANTÓNIO JOSÉ RODRIGUES SOARES BASTOS
1º Cabo (Mecânico de Armamento)
Telefone: 258 824 230 / Telemóvel: 96 502 06 54
E-Mail:
Morada:
Bairro Escola Técnica, 1º bloco – 2º Drtº
4900 – 348 VIANA DO CASTELO

30 ___________________________________________

ANTÓNIO PAIS SILVA
1º Cabo (Escriturário e fotógrafo)
Telefone: 234 884 702 / Telemóvel: 96 863 56 65
E-Mail: (Aguarda-se)
Morada
Rua do Seixo, Nº 51 AVANCA
3860 – 113 ESTARREJA

31 ___________________________________________

ANTÓNIO TAVARES PINHEIRO
1º Cabo (Electricista Auto)
Telefone: 22 763 23 80 / 22 763 35 89 / Telemóvel: 96 580 33 81
E-Mail: (Aguarda-se)
Morada:
Rua Senhor do Horto, Nº 170
4415-851 SANDIM

32 _________________________________________

CARLOS PEREIRA LOPES
1º Cabo (Mecânico Auto)
Telefone 252 373 725 / Telemóvel Não tem
E-Mail Não tem
Morada:
Avenida General Humberto Delgado, Nº 248 Edifício Lameiras
4760 FAMALICÃO

33 __________________________________________

CESAR SANTOS COSTA CAMPOS
1º Cabo (Sapador)
Telefone - 255 213 880 / Telemóvel - Não tem
E-Mail - Não tem
Morada:
Rua Santa Luzia, Nº 70
4560 – 530 PENAFIEL

34 __________________________________________

JOÃO MENDES CABAÇO
1º Cabo (Escriturário)
Telefone 21 920 00 12 / Telemóvel 91 728 44 34
E-Mail: cabelex.geral@mail.telepac.pt
Morada:

MEM MARTINS

35 __________________________________________

JOAQUIM JOSÉ GONÇALVES
1º Cabo (Escriturário)
Telefone / Telemóvel 96 209 15 27
E-Mail
Morada:
Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, Nº
8600 – 581 LAGOS

36 __________________________________________
JOSÉ ANTUNES GONÇALVES SILVA
1º Cabo (Transmissões)
Telefone 239 951 718 / Telemóvel 91 725 33 60
E-Mail iobon@clix.pt
Morada:
São Martinho de Árvore
3020 - COIMBRA

37 __________________________________________

JOSÉ CASTRO FONSECA
1º Cabo (Pel Rec / Barbeiro)
Telefone - 22 537 88 87 / Telemóvel - 91 813 39 04
E-Mail
Morada:
Avenida Fernão de Magalhães, nº 821
4300 PORTO

38 __________________________________________

MÁRIO AUGUSTO ALVES TEIXEIRA
1º Cabo – (Sacristão)
Telefone / Telemóvel: 96 761 50 92
E-Mail: mario.augusto@petrotec.pt
Morada:
Rua do Peixoto, nº 8 - Nascotelos
4800 – GUIMARÃES

39 ___________________________________________

ROGÉRIO RAMIRO SILVA RIBEIRO
1º Cabo – (Enfermeiro)
Telefone 227 121 658 / Telemóvel 96 801 25 87
E-Mail: zeosor@net.novis.pt
Morada:
Rua da Amizade, nº 82 – 1º Drtº
4430 – 130 VILA NOVA DE GAIA

40 __________________________________________

ANTÓNIO LOPES MOURA
Soldado (Mecânico Passarinho)
Telefone 255 963 082 / Telemóvel 91 980 62 35
E-Mail Não tem
Morada:
Rua da Largateira, Nº 117
4595 – 149 PAÇOS DE FERREIRA

41 ___________________________________________

ANTÓNIO SANTOS MESQUITA
Soldado (Pel Rec – Cantina)
Telefone 278 617 469 / 278 616 145 / Telemóvel 91 360 61 89
E-Mail Não tem
Morada:
Rua Luís de Camões, Nº 684
5140 - CARREZEDA DE ANSIÃES

42 _________________________________________

CARLOS DE JESUS
Soldado (Condutor Lerpa)
Telefone 231 416 326 / Telemóvel 91 260 69 40
E-Mail Não tem
Morada:
Bairro de Santo André, Nº 53
3060-239 CODINHÃ (Cantanhede)

43 __________________________________________
FERNANDO ALVES CUNHA
Soldado (Condutor do 2º Cmdt)
Telefone / Telemóvel 96 441 47 98
E-Mail fernando-biker@netvisao.pt
Morada:

POIARES / SANTA MARIA DA FEIRA

44 __________________________________________

FRANCISCO TEIXEIRA MAGALHÃES
Soldado – (Enfermeiro Franco)
Telefone
Telemóvel 96 581 78 88
E-Mail
Morada:
Rua General Torres, Nº 562 – 1º Drtº
4030 – 107 VILA NOVA DE GAIA

45 __________________________________________

JOAQUIM SILVA VALENTE
Soldado (Condutor)
Telefone / Telemóvel 96 319 48 78
E-Mail Não tem
Morada:
Rua das Romãs, Nº 14
4505 - ARGONCIL

46 ___________________________________________

JOSÉ MANUEL SILVA RIBEIRO
Soldado (Pechincha)
Telefone 253 522 087 / Telemóvel 96 549 58 14
E-Mail Não tem
Morada:
Vila Aurora, Nº 194 – POLVOREIRA
4810-295 GUIMARÃES

47 ___________________________________________

JOSÉ DANIEL BRETÃO CHAVES
1º Cabo (Cripto)
Telefone Não tem / Telemóvel 91 959 42 42
E-Mail daniel.chaves@netvisão.pt
Morada:
Rua do Outeiro, Nº 9 1º Esqº
2700 - AMADORA

48 __________________________________________

JOSÉ MARIA SILVA BRÁS
1º Cabo (Condutor do 1º Cmdt.)
Telefone 238 086 248 / Telemóvel 96 636 78 08
E-Mail aguardo
Morada:
Bairro do Fisel, Lote 7 – Casa 72
6271 – 401 SEIA

49 _________________________________________

VIRGILIO MANUEL TEIXEIRA
1º Cabo (Transmissões)
Telefone 22 973 67 47 / Telemóvel 93 297 11 20
E-Mail virgilio.montelectri@sapo.pt
Morada:
Praceta Cidade da Praia, Nº 250
4100 – 162 PORTO

50 __________________________________________

ROGÉRIO JESUS MONTEIRO
Soldado (Condutor)
Telefone 22 971 78 29 / Telemóvel 93 726 54 81
E-Mail Não tem
Morada:
Rua do Apeadeiro, nº 290
4425 - 019 ÁGUAS SANTAS

51 __________________________________________

MANUEL JOAQUIM AMADOR AGOSTINHO
1º Cabo (Corneteiro)
Telefone / Telemóvel 96 315 82 85
E-Mail Não tem
Morada:
Rua Henrique Augusto Pereira, nº 11 3º Drtº
2910 – 532 SETÚBAL

52 _________________________________________

SEBASTIÃO ROCHA SOUSA MAGALHÃES
1º Cabo (Transmissões)
Telefone 255 829 875 / Telemóvel 91 997 26 49
E-Mail Não tem
Morada:
Foz Meinedo
4620 - LOUSADA

53 __________________________________________

JOSÉ TRIGUEIRO PEREIRA LEONES
Furriel da CART 2716 - XITOLE
Telefone 21 812 01 09 / Telemóvel 96 286 88 19
E-Mail
Morada:
Rua Baldaques, nº 5 1º esqº
1900 – 082 LISBOA



FALTAM OS CONTACTOS DE:

- Alferes MÁRIO GONÇALVES FERREIRA;
- Alferes BRAGA GONÇALVES;
- 1º Sargente SAÚL ERNESTO JESUS SILVA, e,
- Furriel CARLOS AUGUSTO REBELO.

MILITARES DE OUTRAS UNIDADES DE BAMBADINCA

A1 ________________________________________

LUÍS MANUEL GRAÇA HENRIQUES (*)
Furriel - CCAÇ 12
Telefone - 21 471 07 36 – Residência / Telefone - 21 751 21 38 - Emprego
Telemóvel - 93 281 08 72 e 93 845 54 75
E-Mail lgraca@clix.pt
luis.graca@ensp.unl.pt
Morada:
LISBOA

A2 __________________________________________

HUMBERTO REIS (*)
Furriel - CCAÇ 12
Telefone / Telemóvel
E-Mail hreis.lda@mail.telepac.pt
Morada:
ALFRAGIDE

A3 ___________________________________________

ANTÓNIO LEVEZINHO (*)
Furriel - CCAÇ 12
Telefone / Telemóvel
E-Mail antoniolevezinho@hotmail.com
Morada:

A4 _________________________________________

JOAQUIM FERNANDES (*)
Furriel - CCAÇ 12
Telefone / Telemóvel
E-Mail:j.fernandes@quimiparque.pt
Morada:
BARREIRO

A5 __________________________________________

MÁRIO BEJA SANTOS (*)
Tenente – PEL CAÇ NAT 54
Telefone / Telemóvel
E-Mail: beja.santos@ic.pt
Morada:
LISBOA

A6 __________________________________________

JOSÉ LUÍS VASCAS CARVALHO (*)
Alferes – PEL DAIMLER 2206
Telefone / Telemóvel
E-Mail: jvacascarvalho@netcabo.pt
Morada:
MONTEMOR-O-NOVO

Última actualização: 10 de Fevereiro de 2007

BENJAMIM DURÃES

Guiné 63/74 - P1526: Em louvor do comandante Vitor Junqueira (Lema Santos)


Guiné > 1971 > Excerto do Relatório da Operação Larga Agora, em que participou o Vitor Junqueira, enquanto comandante de 2 Grupos de Combate da sua açoriana CCAÇ 2753...


Foto: © Manuel Lema Santos (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do Manuel Lema Santos (ex-1º TEN RN 1965-1972. Guiné, NRP Orion, 1966/68)

Assunto - Todos portugueses, mas uns mais do que outros...

Caro Luis Graça,

Relativamente ao post publicado (1), permite-me uma pequena observação sobre a palavra chão.

Comecei a ouvi-la em miúdo nos longos dias de férias grandes que passei durante anos de estudante, na aldeola de naturalidade de meu pai, na serra da Estrêla, nos contrafortes do Côa.

Dizia-se de um bocado de terra, muitas vezes uma pequena horta, vinha, etc., dito até por forma a retirar-lhe qualquer possível significado de grande haver como que quem diz: ainda para lá tem um chão... Depois, como tu e tantos outros milhares recordei-a na Guiné.

Aproveito a oportunidade para cumprimentar o Vitor Junqueira, pessoa a quem, sem rebuço, manifesto o meu apreço pela forma desafrontada e fluente como habitualmente expõe uma linha de pensamento pessoal e, sobre diferentes etnias em Portugal, quem melhor que os alentejanos para se preocuparem? O meu BI não me permite a veleidade de esquecer que sou de Sant' Alêxo da Restauração, encostado a Barrancos, e que a minha avó era espanhola.

Não resisto a um desvio lateral para perguntar ao Vitor Junqueira se, e quem melhor que ele, tem na lembrança uma operação denominada Larga Agora , no Tiligi, que bateu as zonas minhas mais que conhecidas do Tancroal, Leto e Concolim, na Região do rio Cacheu, de 13 a 15 de Junho de 1971.

Para lá de muitos outros meios do Exército e Força Aérea, estiveram presentes os Destacamentos de Fuzileiros Especiais DFE12, DFE4 e DFE13 e mais que uma LFG, das tais.

Tudo isto veio ao meu encontro no meio de muitas pesquisas que tenho efectuado e não tenho resistido a efectuar algumas recolhas curiosas de que junto um pequeno retalho, esperando que o Vitor Junqueira me desculpe a ousadia de expor este retalho.

Deambulações...


Um abraço,
Manuel Lema Santos

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Lema Santos, tão português dos quatro costados como eu e o resto dos tertulianos: Eu não sei se o Dr. Vitor Junqueira vai gostar da partida do Eng. Manuel Lema Santos. Chamar-lhe-ia antes inconfidência, em vez de partida. O Vitor, de facto, pelo que já lhe conhecemos, não é homem para puxar dos galões nem muitos menos se gabar dos feitos valorosos em combate... E muito menos ainda paar contra estórias de fanfarronices.

Mas acho que fizeste bem em trazer, até ao nosso blogue, uam cópia desse pequeno pedaço de papel em que se fala do nosso camarada e se louvam as suas capacidades de comando e liderança... "Calma absoluta, clareza e rapidez de decisão", por parte de um comandante, e liderança de "equipas coesas e conscientes da sua missão" eram atributos que, infelizmente, faltavam muito, a todos nós, a começar pelos oficiais, do quadro ou milicianos, que nos comandavam, do ar, da terra e do mar... E, se não chegaram para , só por si, ganhar a guerra, foram de certo decisivos para podermos trazer de volta, até casa, sãos e salvos, muitos dos camaradas que combateram connosco ou sob as nossas ordens... Pensando bem, acho que ele vai ficar agradavelmente surpreendido - e até grato - pelo teu gesto de bom camarada. (LG).

__________

Nota de L.G.

(1) Vd. post de 14 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1523: Todos portugueses, mas uns mais do que outros ? Expressões micaelenses (Vitor Junqueira)

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1525: Tertúlia: Durães, Vinagre & Cª Lda, do BART 2917 (Humberto Reis)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 2º semestre de 1970 > Velhinhos e periquitos > A rapaziada, à civil, em Santa Helena, nos arredores de Bambadinca, a caminho do bife com batatas fritas da Transmontana e das bajudas de Bafatá. Malta da CCAÇ 12, na sua maioria, e da CCS do BART 2917 (1970/72). Eis a legenda do fotógrafo:

"Passeio dominical à Transmontana, em Bafatá, para ir comer o célebre bife com batatas fritas, pois batatas era um luxo na messe. Reconhecem-se na 2ª fila da esquerda para a direita: o 1º não me lembro, o 2º, de camisola azul, é o Bilocas da Cooperativa de Riba d'Ave, ex-alf mil dos reabastecimentos do BART 2917, [o Abílio Macahdo]; o 3º, fardado, era o alf mil de, julgo, transmissões do BART 2917; e o condutor era o Rocha da CCAÇ 12.

"Na 1ª fila são todos da CCAÇ 12, a começar pelo José Luís Vieira de Sousa, furriel miliciano, o Zé da Ilha, tocador de viola, baladeiro, hoje mediador de seguros no Funchal; a seguir, o 2º é o Pedrosa, que era o fur mil mecânico (periquito que foi substituir o nosso 1º mecânico que era o Joaquim Moreira Gomes, do Porto e que quando cá veio de férias em 69 arranjou uma cunha no Hospital Militar lá no Porto e já não voltou à Guiné); em 3º temos o Arlindo Teixeira Roda, fur mil, natural dos Pousos-Leiria, mas agora a residir em Setúbal onde dá, ou já deu, aulas (chmávamos-lhe o T-Rodas); o 4º é este ilustre vosso servo com 23 ou 24 anos (que saudades!) e vestido de verde, eu que até sou simpatizante, de meia tigela mas sou, do SLB; a seguir em 5º é o António Manuel Martins Branquinho, fur mil., alentejano de Évora (trabalha, ou já estará aposentado, no Centro Regional de Segurança Social de Évora); e por último o alf mil José António Gonçalves Rodrigues, já falecido, e que trabalhava no Centro Regional de Segurança Social, aqui em Lisboa na Av. Afonso Costa no Areeiro".

Foto e legenda: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.


Mensagem do Humberto Reis:

Amigos Durães, Vinagre & Cª. Lda. do BART 2917:

Façam parte da nossa tertúlia, pois as regras são fáceis de cumprir como podem constatar. É só visitarem o nosso blogue - Luís Graça & Camaradas da Guiné - para as conhecerem.

Tenho uma vaga ideia dos vossos nomes, mas não ligo o nome à fisionomia. Já lá vão 36 anos que apagam muita coisa da memória. O Vinagre não era o furriel mecânico? Assim baixinho? E tu, Durães, já dizes que eras do Pel Rec [Pelotão de Reconhecimento], mas sem uma foto daquela época não consigo visualizar e distinguir cada um de vocês.

Lembro-me perfeitamente do vosso 1º sargento, o Brito (até lhe fizemos um fado com a música do Povo Que Lavas no Rio), do alf de Intendência, o Abílio Machado (de Riba d'Ave) pois visitei-o lá em Riba d'Ave, já depois de vocês terem regressado da Guiné, do médico, o Dr. Vilar, já estive com ele num almoço de confraternização de malta de Bambadinca do tempo da CCAÇ 12.

Lembro-me ainda de um furriel que gostava muito de jogar à lerpa (não o pequenino do Pel Daimler, que tinha metido o chico), mas da CCS, e que fazia muito bluff, pelo que eu o alcunhei de Zé Bliuf (não sei se seria o Gancho), tal como me lembro do 2º sargento Saúl que tinha umas faces bastante rosadas...

Recordo-me bem do Cap Passos Marques, que é de Faro, tal como o antecessor dele, o meu querido amigo Cap Figueiras. Há 2 anos foi o actual coronel na reserva, Figueiras, que organizou o almoço da malta de Bambadinca do tempo da CCAÇ 12.

Há um 1º cabo escriturário da CCS do BART 2917 que é de Fão, junto a Esposende, e que já apareceu em 1 ou 2 almoços da malta de Bambadinca. Foi o único contacto com pessoal do BART 2917. Chama-se Adelino Sousa Martins e o nº do telefone era, não sei se ainda é, 253 981 032.

Digam alguma coisa e inscrevam-se na tertúlia.

Um abraço

Humberto Reis
ex-fur mil Op Esp
CCAÇ 12
Bambadinca (Mai 69 / Mar 71)
Av D Luís I, 32 - 4º Frt
2610 - 063 ALFRAGIDE
Telefone > 214 716 339
Telemóvel > 919 039 672

Guiné 63/74 - P1524: Antologia (59): O Povo Português (Livro da Terceira Classe)



Fonte: Portugal. Ministério da Educação Nacional - O Livro da Terceira Classe. [Porto: Domingos Barreira. 4ª Ed., 1958]. pp. 63-64.

Foto: Luís Graça (2007).

Em post anterior e em comentário a um contributo do Vitor Junqueira sobre o falar de São Miguel, Açores (1), escrevi eu:

"Embora Portugal seja, de há muito, um país sem etnicidades, sem problemas étnicos, linguísticos ou religiosos, subsistem alguns regionalismos que, de tempos a tempos, o poder político se lembra de aproveitar, acicatar ou pôr ao seu serviço... Lembro-me muito bem de ler, no nosso livrinho da terceira classe - o mais ideológico dos manuais escolares do tempo de Salazar - que Portugal era um só, mas havia portugueses mais alegres, trabalhadores e hospitaleiros do que outros (por exemplo, os minhotos em relação aos alentejanos), ou mais rijos, destemidos e corajosos (por exemplo, os transmontanos em relação aos algarvios)"...

É altura de recuperar esse texto, que todos nós - os da nossa geração - leram e releram no tempo de escola. Aproveito para lembrar que em 1958 (data desta 4ª edição do Livro da Terceira Classe) - ainda se falava em colónias (p. 92): "As actuais colónias portuguesas são pequena parcela das imensas terras que conquistámos ou descobrimos. Muitas passaram par o o domínio de outros países, e o Brasil transformou-se numa grande nação independente"... (LG)


___________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 14 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1523: Todos portugueses, mas uns mais do que outros ? Expressões micaelenses (Vitor Junqueira)

Guiné 63/74 - P1523: Todos portugueses, mas uns mais do que outros? Expressões micaelenses (Vitor Junqueira)


Capa do famoso Livro da Terceira Classe, Ed. Domingos Barreira, 4ª Ed., 1958. Era o mais ideológico dos manuais escolares do nosso tempo. E, entre muitos esterótipos sociais que veiculava (rural/urbano, pobre/rico, homem/mulher, criança/adulto, etc.), fazia-se eco dos traços de carácter que distinguiam os portugueses (nomeadamente continentais), em função da região do seu berço: o minhoto, o duriense, o transmontano, o beirão, o alentejano, o algarvio... Cada um tinha a sua idiossincrasia, a sua raça, os seus atributos físicos e anímicos... Nunca vi, em contrapartida formar-se uma companhia só com alfacinhas, ou estremenhos, ou até só com tripeiros.... O Exército ainda vivia do preconceito de que o melhor soldado ainda é o que vive no campo, passa mal, está habituado à dureza do trabalho e aceita, com resignação, a sorte que Deus lhe deu... (LG)

Foto: Luís Graça ( 2007). Direitos reservados.


Comentário de L.G.:


Pelo teatro de operações da Guiné, de Angola e de Moçambique passaram unidades - nomeadamente companhias, independentes ou integradas em batalhões – que eram mais homogéneas, do ponto de vista da sua composição sociogeográfica, do que outras. Refiro-me, por exemplo, às companhias açorianas, madeirenses, alentejanas, transmontanas…Para não falar já das companhias africanas. E, no caso da Guiné, as companhias de fulas, manjacos, etc. A minha CCAÇ 12 era etnicamente homogénea, sendo constituída só por fulas da Zona Leste, região de Bafatá, regulados de Badora e Cossé (2)...

Embora Portugal seja, de há muito, um país sem etnicidades, sem problemas étnicos, linguísticos ou religiosos, subsistem alguns regionalismos que, de tempos a tempos, o poder político se lembra de aproveitar, acicatar ou pôr ao seu serviço... Lembro-me muito bem de ler, no nosso livrinho da terceira classe - o mais ideológico dos manuais escolares do tempo de Salazar - que Portugal era um só, mas havia portugueses mais alegres, trabalhadores e hospitaleiros do que outros (por exemplo, os minhotos em relação aos alentejanos), ou mais rijos, destemidos e corajosos (por exemplo, os transmontanos em relação aos algarvios)...

As autoridades miliares, durante a guerra colonial, utilizaram, intencionalmente ou não, o estereótipo regionalista para formar unidades baseadas no mesmo chão (uma expressão que aprendi na Guiné). Homens e bichos pertencem todos ao mesmo terroir, para utilizar uma expressão francesa que se aplica à vitivinicultura... É bom que, quando vão para a guerra, os laços de sangue e de vizinhança venham ao de cima... A verdade é que na época - anos sessenta e princípios de setenta - ainda era fraca a mobilidade dos portugueses. Quantos lisboetas conheciam o Porto, ou o Alto Minho, ou os Açores ? E quantos transmontanos já tinham viajado pelo sul ? Por conveniência, por economia, por ideologia ou outra razão qualquer, a verdade é que todos nós conhecemos unidades - nomeadamente companhais - de base regional ou regionalista... E gabavam-se as qualidades guerreiras dessas companhias (de transmontanos, de alentejanos, de madeirenses, de açorianos...), maioritariamente compostas por mancebos de extracto rural...

Vim isto a (des)propósito deste mimo que o Vitor Junqueira nos mandou, já algumas semanas e que ficou na calha, à espera de melhores dias, ou seja, de oportunidade editorial... Recorde-se que o Vitor foi alferes miliciano de um dessas companhias de bravos açorianos. Ele já aqui fez, de resto, o elogio a essa grande família que era a sua CCAÇ 2753 (1).

Um mimo do Vitor Junqueira: "Meninos toca a praticar", diz ele.


Expressões micaelenses ,
por Vitor Junqueira



Corisco mal amanhado = Safado; traquinas
Gama = Pastilha elástica (do inglês Bubble Gum)
Brassad = Companheiro; amigo
Pelo'ê = Ai de ti!
Atoleimado = Tolo
Blica = Pénis
Naião = Homossexual
Pau-de-filete = Poste de luz
Poderios = Muito
Pega drêt = Desaparece
Requim (Requinho) = bonito; engraçado
Binsuade (Abençoado) = Querido
Vá larê = Vai dar uma curva
Fogue t'abrase = Fogo te abrase (injúria)
Vent'incanade (Vento encanado) = Corrente de ar
Mamã s'abence = Pedido de benção
Fema; Gueixa; Bezuga = Rapariga bonita
Pana = Alguidar
Fonte = Torneira
Papo-seco = Carcaça
Tai'asne = Tal asno
Gadanhos = Dedos
Apoquentação = Inquietação
Abouiar = Atirar
Rebendita = Vingança
'Tás muito mal enganado = Enganas-te redondamente
Foge diante = Sai da frente
'Tás vesgueta = Estás cego
Gueixos - Vacas
Tás co olho!? = Para onde estás a olhar!?
Canica = Relva (vem de Canicão)
Enlameirados = Enlameados; caminhos com lama
Péugos/peúgas = Meias
Meias = Collants
Rabixel = Rabo
Aganta = Aguenta
Dondué = De onde é
Amanda = Manda
Clâme = cuspo
Mêm de veras = A sério
Estás bem amanhado = Estás lixado
Asno = Burro
Vais apanhar nas ventas = Vais levar na cara
Ilhó = olho do cu
Carro de praça = Táxi
Arressaca (deturpação de Ressaca) = Briga
O chouffer da frágonete = Chauffeur da Furgoneta
Fominha negra = Muita fome
Têstos = cacos
Olhos arregalados = Olhos em bico
Penca = Nariz
Macaquinhos = Desenhos animados
Cramalheira = Queixo
Petxeno = Pequeno; Rapazola
Nisca de gente = Rapazinho
Queijada = Pastel
Fogareiro/Fogão = Mulher feia
Grande padeira = Grande rabo
Moreão = Pénis
Chouffér = Motorista; Taxista
Paranhos = teias de aranha
Gadelhas = Cabelos
Que peste = Que pivete
Alvarozes = Jardineiras
Falsa = Sotão

Expressões de influência Americana

Suéra/Suéla - Sweat-shirt
Snicas - Snickers = Sapatilhas
Gama - Bubble Gum = Pastilha elástica
Frejoeira - Refrigerator = Frigorifico
Estôa - Store = Loja
Offas - Office = Escritórios
Microeives - Microwaves = Micro-ondas
Clauseta - Clauset = Roupeiro
Raíuei - High-way = Auto-estrada
Candilhes - Candies = Rebuçados
Chortes - Shorts = Calções
Uínda = Window = Janela
Friza = Freezer = Congelador
Sinó = Snow = Neve
Socas = Socks = Peúgos
Côrtes = Court = Tribunal
Sóda = Soda = Sumo
Base = Bus = Autocarro
Tréla = Trailer = Atrelado
Rár atéck = Heart Attack = Ataque cardíaco
Pana = Pan = Alguidar
Slipas = Sleepers = Chinelos
Viciár = VCR = Video
Colégio = College = Universidade
Graduar = to graduate = formar
Vacam Maclina = Vaccum Cleaner = Aspirador
Oranmelons = Watermellons = Melancias)
Traques = Trucks = Camiões
Gárbixa = Garbage = Lixo
Turquí = Turquey = Perú

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Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 5 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1403: A açoriana CCAÇ 2753: uma família, uma unidade feita à medida (Vitor Junqueira)

(2) 21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1522: Bissau em estado de sítio por causa dos graves incidentes entre paraquedistas e fuzileiros em Janeiro de 1968 (Álvaro Mendonça)

Mensagem do Álvaro Mendonça (1):

Gostaria de saudar o Carmo Vicente, pelo magnífico texto que descreve essa bárbara como estúpida batalha campal entre páras e fuzos (2). Recordo-me, com mágoa, dessa trágica noite de Janeiro de 1968, muito embora não tivesse assistido ao desenrolar dos acontecimentos porque me encontrava de serviço (sargento de dia) no edifício sede da Manutenção Militar, não muito longe do quartel dos fuzileiros.

O que diz Carmo Vicente corresponde fielmente aos relatos que, no dia seguinte, me descreveram aqueles que viveram de perto essa luta fratricida. Falava-se de facto de correntes de bicicletas, de braços premeditadamente engessados, de cinturões, de cabos de aço, de bastões e de tudo o mais que servisse de instrumento de agressão. Só nunca ouvi falar nem do arremesso da manga verde, que serviu afinal de rastilho para o que viria a suceder depois, nem tampouco do célebre Oitenta [, 1º cabo enfermeiro, paraquedista].

Havia quem dissesse que as rivalidades entre militares de diferentes armas, sobretudo as chamadas armas de elite, serviriam alegadamente para emular um espírito de luta com vista às melhores performances no teatro das operações. Se assim era, ninguém o poderá afirmar. O que é certo é que a pacata cidade de Bissau viveu, por momentos, um autêntico e desgraçado estado de sítio, com dois mortos e feridos a lamentar.

A esse propósito, lembro-me também de o comandante militar, cujo nome não me ocorre agora, ter decretado o recolher obrigatório, logo após essa luta sangrenta. Deplorável é que tudo isso tenha acontecido a pretexto de um torneio desportivo e do consequente desencadeamento de paixões que serviram afinal para acicatar perigosas animosidades de trágicas consequências.

Falo disto apenas por ter acontecido dois meses antes do meu regresso.

Um abraço

Álvaro Mendonça
(ex- Furriel Mil,
Manutenção Militar,
Bissau, 1966/68)

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post anterior > 13 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1521: Fotobiografia de Bisssau (1): Álvaro Mendonça

(2) Vd. post de 11 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1515: Antologia (58): A batalha de Bissau em Janeiro de 1968: boinas verdes contra boinas negras... Saldo: 2 mortos (Carmo Vicente)

Guiné 63/74 - P1521: Fotobiografia de Bisssau (1): Álvaro Mendonça







Guiné > Bissau > 1966/68 > De cima para baixo: Render da guarda no Palácio do Governador; Estátua do Honório Barreto; Mercado Municipal; e Fortaleza da Amura.

Fotos: © Álvaro Mendonça (2007). Direitos reservados

Mensagem enviada em 16 de Janeiro de 2007 pelo Álvaro Mendonça, que esteve em Bissau, como furriel miliciano, na Manutenção Militar, em 1966/68. Mora em Ermesinde e é um dos novos membros da nossa tertúlia (1):


Camarada Luís Graça,

Vou procurar enviar-te com a regularidade possível, algumas das fotos, porventura aquelas que considerarei as mais interessantes tiradas em Bissau (de onde nunca saí) entre Março de 1966 e Março de 1968 e que poderão, se assim o entenderes, editar nas páginas da tertúlia. Todas elas são de minha autoria, com a óbvia excepção daquela em que apareço a vaguear.

Para começar, faço seguir em anexo, as quatro primeiras fotografias. Numa delas reconhecerás o Forte da Amura, na frente do qual se pode ver um militar (eu próprio) num momento de lazer.

Numa outra pode observar-se o render da guarda, o chamado ronco, frente ao Palácio do Governador. Recorde-se que, durante a cerimónia, toda a gente que passasse pela Praça do Império (fossem civis ou militares) tinham que se postar na posição de sentido, porque de contrário podia sofrer algum dissabor.

Ainda, uma terceira fotografia, mostra um aspecto do Mercado Municipal, sempre muito concorrido e onde se podia inalar o cheiro pestilento característico do peixe a secar.

Finalmente, o monumento a Honório Pereira Barreto implantado numa praça que já não consigo localizar. Só sei que Honório Barreto (1813-1859) era filho de mãe guineense e de pai cabo-verdiano, tendo-se distinguido no aparelho colonial português do século XIX como governador da Guiné, de onde era natural.

E por hoje fico-me por aqui.

Um grande abraço do
Álvaro Mendonça

Ermesinde
__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 15 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1433: Bissau, cidade de terra quente e argilosa (Álvaro Mendonça de Sousa, Manutenção Militar)

Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Finais de 1971 ou princípios de 1972 > CCS do BART 2917 (1970/72) > Noite de copos e de cantorias.

Ao lado do Paulo Santiago, comandante do Pel Caç Nat 53, de bigode, de camuflado, na ponta da mesa, está o Alf Mil Abílio Machado, à civil, de óculos, a fumar (assinalado com um círculo, a amarelo). Pertencia à CCS do BART 2917. Era minhoto, natural de Riba D'Ave. Antes da tropa, trabalhava numa cooperativa local. Daí a gente chamá-lo Bilocas da Cuprativa. Tinha um excelente relacionamento com a malta da CCAÇ 12. Tocava viola, era um dos nossos baladeiros.

À esquerda do Machado, está um outro alferes, magrinho, que o Paulo Santiago garante que também pertencia à CCS, mas de cujo nome já não se recorda. O tipo da viola também não me é estranho... Privámos com esta malta do BART 2917 ainda cerca de 9 meses, desde meados de 1970 até Março de 1971... O BART 2917 veio substituir o BCAÇ 2852 (1968/70) (LG).

Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados


1. Mensagem do Humberto Reis (ex-furriel miliciano, de operações especiais, pertencente à CCAÇ 12, 1969/71) enviada ao Abílio Machado (ex-alferes miliciano, CCS do BART 2917, 1970/72)

Será possível que és o mesmo que eu, o Tony Levezinho e as nossas companheiras que há 35 anos nos aturam, visitámos em Riba d'Ave, no já longínquo ano de 1973 ? Estivemos em casa dos teus pais e em casa da Lua. Mais tarde procurei-te em Arca d'Água no Porto e perdi-te o rasto.

És o mesmo que animou algumas noites no nosso quarto (também conhecido por quarto das putas, não por elas que não existiam, mas por ser um quarto de rebaldaria só habitado por gente bem: eu, o Tony Levezinho, o Joaquim Fernandes, o Henriques (hoje, Luís Graça, o editor do nosso blogue) e o José Luís Sousa - o madeirense) em Bambadinca, juntamente com o Vacas de Carvalho, do pelotão Daimler, e o Gabriel Gonçalves (o cripto da minha CCAÇ 12)?

Se és, diz qualquer coisa... Se for engano, aqui fica desde já o meu pedido de desculpas por esta linguagem um pouco brejeira (tipo caserna).

Humberto Reis




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1969 > Três amigos do quarto das putas: Tony Levezinho, Humberto Reis e Henriques (aliás, Luís Graça), à mesa, no bar de sargentos... O Abílio Machado será capaz de os reconhecer hoje ?

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados

Comentário de L.G.:

Mas não há quaisquer dúvidas!... O nosso Abílio Ferreira Machado mora hoje na Maia (Rua Ana da Fonte, Gueifães...), segundo a lista que nos mandou o Benjamim Durães e que há-de ser publicada, em tempo oportuno, no nosso blogue (1). Telemóvel  (...).

Que saudades eu tenho do Bilocas da Cuprativa!... Era um gajo porreiríssimo e um dos grandes amigos que a malta da CCAÇ 12 fez em Bambadinca, no tempo do BART 2917... Humberto: espero que a tua mensagem chegue até ele e que ele se junte à nossa tertúlia... 

Lembro-me de tu e o Tony me terem falado da célebre visita que lhe fizeram, em 1973, em Riba d'Ave, era el4 casado com a Lua.... Em contrapartida, já não me lembro de qual era a especialidade dele: em todo o caso, sendo da CCS, não era operacional, como nós.
__________

Nota de L.G.:

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1519: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (7): Extractos da entrevista de Ramalho Eanes ao 'Expresso'

VII parte do dossiê O massacre do chão manjaco > Ideia, pesquisa, compilação e edição de Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) (1).

Extractos da primeira entrevista que António dos Santos Ramalho Eanes concedeu - ao jornalista José Pedro Castanheira, do Expresso - depois de se doutorar, em Novembro passado, pela Universidade de Navarra. Hoje, com 72 anos, o ex-presidente da República, general e agora doutor, fala da Guiné e dos trágicos acontecimentos do dia 20 de Abril de 1970... Tomamos a liberdade de divulgar alguns extractos dessa longa conversa (Ramalho Eanes: "Os políticos desprezam os militares"), para conhecimento dos Amigos & Camaradas da Guiné.

Fonte: Expresso, 27 de Janeiro de 2007 (com a devida vénia...)


(...) Em 1970 vai para a Guiné. É uma quarta experiência.

É realmente uma situação totalmente diferente, porque a colonização na Guiné não foi feita pelos portugueses - foi pelos cabo-verdianos. Era muito estranho que, sendo a colonização feita pelos cabo-verdianos, fossem estes os líderes políticos da guerrilha.

Esteve em combate?

Nunca estive propriamente numa unidade combatente. Estive em situações de combate várias vezes, acompanhando operações. Fui a convite de Spínola e fiquei na 5ª Repartição, no Departamento de Radiodifusão e Imprensa, que tinha a seu cargo, para simplificar, a propaganda e contra-propaganda. O que implicava, por vezes, a reportagem na própria acção militar, mas a minha missão não era combater. Depois, fui para Teixeira Pinto substituir o major Passos Ramos - um dos três majores assassinados pelo PAIGC. Spínola tinha tentado uma aproximação com o PAIGC militar. Os três majores envolvidos acabaram por ser mortos, naquela que seria a reunião decisiva.

Esse episódio podia ter mudado o rumo da guerra?

Acho que não. O que podia ter mudado era o entendimento de Spínola com o PAIGC, que chegou a esboçar-se através de Senghor - mas que Marcelo Caetano não sancionou.

Foi um assassínio a sangue frio?

Sim, sim. Na tradição da Guiné e daquela área dos manjacos. A unidade que assassinou os majores e os condutores das viaturas que os transportavam era comandada por André Pedro Gomes.

Alguma vez se cruzou com ele?

Não. Quando visitei a Guiné pela primeira vez, falaram-me dele, mas eu disse que não o queria ver. Se calhar sem razão, mas ainda hoje sinto uma certa repulsa pela sua atitude.

Foi um golpe à traição.

Uma traição. A guerra, hoje, não tem regras. A prova é a chamada justiça dos vencedores.

Mas sempre houve!

Nem sempre. Houve uma deriva que se manifesta, de maneira indiscutível, depois da II Guerra Mundial. Até aí, havia um certo respeito pelas regras e pela honra dos vencidos. Há aquele célebre quadro de Velázquez, "A Rendição de Breda", extremamente interessante: o vencedor, quando recebe a chave da cidade, faz uma vénia ao vencido.

Mas essa era uma guerra de cavalheiros.

Quando a guerra começa a ser total, deixa de ser de cavalheiros. Na II Guerra Mundial, o nazismo cometeu crimes hediondos, que não podem ter justificação nem atenuante. Mas os aliados também cometeram crimes: os bombardeamentos de Dresden e os bombardeamentos atómicos, por exemplo, não visaram objectivos militares. A guerra total visa a destruição do "inimigo", no qual se englobam o seu aparelho militar e a sua população.

Os portugueses também cometeram os seus vandalismos.

Não digo que não. A guerra é, por força da sua natureza, uma situação de excessos, em que o homem revela aquilo que tem de melhor e de pior. Isso muitas vezes nem depende propriamente de um comando incorrecto, mas de um medo incontrolável. O homem quando tem medo e quer sobreviver é capaz de tudo. Incluindo actos que são perfeitamente inaceitáveis. E nós, tal como o adversário - e não só na Guiné -, também tivemos actos reprováveis e condenáveis. (...)

Guiné 63/74 - P1518: Questões politicamente (in)correctas (24): Um desertor é sempre um desertor em qualquer parte do mundo (Lema Santos)

1. A propósito da questão dos três fuzileirso navais que teriam desertado ou sido feitos prisioneiros pelo PAIGC (1), mandei perguntar aos nossos camaradas e dignos representantes da Marinha, Jorge Santos, Lema Santos e Pedro Lauret, o seguinte:

Amigos & camaradas: Quem é que sabe mais desta história ? Em que ano terá sido ? Houve mesmo deserção ? Não seria só propaganda do PAIGC ? Talvez os nossos marujos Jorge Santos, Lema Santos e Pedro Lauret saibam algo mais sobre este episódio... O Fernando Barata esteva na Guiné entre 1970 e 1972. Foi ele que me mandou cópia do panfleto do PAIGC já aqui reproduzido (2).

2. Resposta, ou melhor, comentário do Manuel Lema Santos (3)

Caro Luis Graça,

Tenho um clássico conceito de desertor. Se desaponto alguém, porreiro! É que nem sequer isso lamento.

A palavra faz parte da língua portuguesa e figura em qualquer dicionário que se preze de explicar condignamente a lusíada expressão.

Atrevo-me a ir mesmo mais longe porque lusíada é um adjectivo excessivamente redutor na aplicação a um conceito que, ao longo da História, configura uma forma universalista de pensamento e em qualquer sociedade, da mais feroz ditadura à mais excelsa democracia.

Aplica-se à pessoa que, à revelia da legalidade, abandona as funções a que se obrigava por lei, se exime ao cumprimento do serviço militar obrigatório ou muda de partido deixando obviamente alguém, alguma instituição ou organização penduradas.

Sempre as houve e, muito provavelmente, vai continuar a haver. O Jornal de Notícias, de 16 de Maio de 2006, aborda o assunto de forma ligeira e a acção tem sempre como objectivo a obtenção de melhoria de condições de vida, à conta do sacrifício de outrém.

Nem sequer desejo dispender muito mais do meu tempo na discussão filosófica de um conceito que para mim é óbvio e cimentadamente aceite e até tenho muita dificuldade em distinguir entre o dito conceito e a obscura variante do objector de consciência.

Em qualquer dos casos o resultado final será sempre a nomeação de alguém que venha colmatar a falta de coragem, de abnegação e de espírito de equipa do artista. Com um sinal pessoal manifestado no meu último post (4), que publicaste e que passo a transcrever:

...
enquanto estiver convencido da necessidade de disponibilizar alguma da minha capacidade na ajuda a esclarecimentos de facto, ainda que aos poucos de cada vez, terei de me cingir a seguir os caminhos óbvios que a minha sensibilidade e conhecimento apontam: pesquisar, documentar e ilustrar se possível sobre determinado acontecimento e, só então, relatar e divulgar.
...


Na minha opinião, não houve este cuidado e talvez a sensibilidade do tema o merecesse. Aconselho vivamente a consulta e leitura de algumas edições recentes que abordam e esclarecem parcialmente os aspectos focados:

Operação Mar Verde, de António Luis Marinho, Temas e Debates, ISBN 972-759-817-X

Fuzileiros: Crónica dos Feitos na Guiné, Comissão Cultural de Marinha, ISBN 972-797-134-2

Quanto a algum esclarecimento complementar aconselho a via hierárquica competente.

Um abraço,
Manuel Lema Santos
ex-1º TEN RN 1965-1972
Guiné, NRP Orion, 1966/68

_________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 11 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1513: Os três fuzileiros navais: desertores ou prisioneiros ? Aonde e quando ? (Jorge Santos)

(2) Vd. post de 4 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1496: PAIGC (2): Propaganda: Notícia da deserção de três fuzileiros navais (Fernando Barata)

(3) Vd. último post da série > 31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1479: Questões politicamente (in)correctas (23): O que podemos (ou não) fazer pelo povo guineense (Beja Santos)

(4) Vd. post de 10 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1511: Uma lição de... marinha (Lema Santos)

Guiné 63/74 - P1517: Tertúlia: Com o António Graça de Abreu em Teixeira Pinto (Mário Bravo)

Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > 1972 > O Alf Mil Médico Mário Bravo (1) - o quarto a contar da esquerda, de óculos - no meio de um grupo de oficiais. O António Graça de Abreu (2) - alferes miliciano (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74) - é o primeiro da esquerda.

Foto: © Mário Bravo (2007). Direitos reservados

Mensagem do Mário Bravo:

Luís Graça:

Mais uma vez a entrar em directo, no teu tão estimado blogue. Sabes que um destes dias, ao visitar o blogue (o que faço diariamente), vi a fotografia do Abreu (2), na China, e logo pensei que era o mesmo que conheci em Teixeira Pinto, quando por lá passei.

Procurei e encontrei uma foto em que ele está. Aí vai a dita fotografia, onde o Abreu é o primeiro da esquerda. Eu também figuro no grupo, bem como outros oficiais dessa época. Pode acontecer que algum desses veja a foto e se anuncie neste nosso espaço de tão saudável convivência.

Tenho estado calado, mas só por razões de excesso de trabalho, mas retomarei o contacto, para retemperar forças.

Cumprimenta

Mário Bravo

________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de

23 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1457: Tertúlia: Apresenta-se o Alf Mil Médico Mário Bravo, CCAÇ 6, Bedanda (1971/72)


28 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1467: Bem vindo a Guileje, Doutor (Mário Bravo)

(...) "Habitualmente estava em Bedanda e ia de modo regular fazer serviço a Guileje, Gadamael Porto e Cacine. Passei esporadicamente por Catió e fui uma só vez a Cufar (...).

"Depois de sair do sul da Guiné, fui para Teixeira Pinto onde permaneci até ao fim da comissão. Também estive algum tempo em Bissau, no Hospital Militar, onde me ensinaram a arrancar dentes. Com esta especialização, lá foi este teu amigo dar cabo dos dentes ao pessoal ( salvo seja). Na zona de Teixeira Pinto, fui algumas vezes a Bachile, Cacheu, Carenque e Batucar. Digo-te estes nomes, pois assim poderás publicar no teu blogue e há-de haver tipos que se lembrem de me escrever"! (...)

(2) Vd. posts de:

5 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1498: Novo membro da nossa tertúlia: António Graça de Abreu... Da China com Amor

6 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1499: A guerra em directo em Cufar: 'Porra, estamos a embrulhar' (António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P1516: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (3): Combatentes, trolhas e formigas bagabaga

Guiné > Região do Cacheu > Pelundo > Có > CCAÇ 2402 (1968/70) > Construção a todo o redor do aquartelamento, de uma paliçada em blocos, bermas de terra e encimada por bidões cheios de terra.

Guiné > Região do Cacheu > Pelundo > Có > CCAÇ 2402 (1968/70) > Um secular poilão...

Guiné > Região do Cacheu > Pelundo > Có > CCAÇ 2402 (1968/70) > Um das famosas construções das formigas bagabaga .


Guiné > Região do Cacheu > Pelundo > Có > CCAÇ 2402 (1968/70)> Nova escola para os nativos, criada durante aquele período alto das construções.

Texto e fotos: © Raul Albino (2006). Direitos reservados.

Terceira parte das memórias de campanha de Raul Albino, ex-alf mil da CCAÇ 2402, pertencente ao BCAÇ 2851 (, Mansabá, Olossato, 1968/70), que embarcou no Uíge, em finais de Julho, juntamente com o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1). Por lapso, este texto só agora chegou ao conhecimento do editor do blogue. As nossas desculpas ao seu autor e aos demais tertulianos. (LG)


Obras no Quartel de Có


Texto adequado à recente promoção, feita pelos nossos tertulianos, do Bagabaga, ao estatuto de monumento nacional na Guiné.

Uma das nossas muitas actividades, quando se estava de serviço ao aquartelamento, consistia em efectuar a construção de novas instalações ou reparação das já existentes. Pode-se dizer que a meio da nossa estadia em Có, o aquartelamento já estava irreconhecível pela quantidade de melhoramentos que era visível. Em termos de segurança, a nova imagem do quartel não tinha nada a ver com as pobres instalações que tínhamos à chegada. É evidente que todo o esforço que aí desenvolvemos saiu do corpo dos bravos rapazes que compunham a nossa companhia.

Consegui seleccionar algumas fotos desse período obreiro, mas a grande maioria das obras não foram fotografadas ou eu não consegui encontrar essas fotografias no caso de existirem.

Temos de reconhecer que o Capitão Vargas Cardoso [, comandante da CCAÇ 2402,], na sua capacidade e afã de construir e reconstruir, se assemelhava em muito às formigas obreiras que abundavam por toda a Guiné. Dado que na Guiné, pelo menos nas zonas por onde a companhia passou, praticamente não existia pedra, as construções eram basicamente feitas de blocos feitos de barro e palha.

O mais alto expoente deste tipo de construção estava precisamente na enorme capacidade construtiva das curiosas formigas que por lá abundavam, conhecidas pelo nome de Bagabaga.

As poucas verdadeiras protecções que os militares tinham no mato para se protegerem do tiroteio, eram as enormes árvores de troncos largos de madeira rija como podem verificar na figura em cima . Nessa fotografia, o tronco da árvore - um poilão - não é completamente visível, mas dá para ver a proporção do tronco em relação ao tamanho do militar, neste caso o Cabo Oliveira que brinca com um macaquinho que retirou da gaiola que está por cima da sua cabeça.

A outra protecção era precisamente os morros de bagabaga construídos habilmente pelas formigas do mesmo nome, que chegavam a atingir mais de três metros de altura. A figura, em cima, é, também neste caso, bastante elucidativa. Creio que este exemplar já ultrapassa os três metros, mas os nativos contavam da existência de morros de altura superior ao da fotografia.

Não se conseguia destruir facilmente aquelas estruturas, nem mesmo com uma granada de lança-roquetes. Por várias vezes se tentou destrui-las com petardos de trotil, mas as mossas eram sempre periféricas, a estrutura principal mantinha-se de pé. Só introduzindo os petardos no seu interior se obtinham resultados aceitáveis, no entanto como não existiam normalmente brocas perfuradoras no local, podem imaginar o problema que não era tentar semelhante façanha.

As formigas possuíam uma cabeça enorme comparada com o resto do corpo. Com a boca amassavam o barro vermelho, que abundava por todo o lado, qual autêntica betoneira de argamassa, começando a levantar os montes que constituíam a habitação para as suas colónias, percorridos por infindáveis túneis até ao seu interior. Como viram no meu texto, chamei-lhes curiosas formigas e não simpáticas formigas por uma razão muito simples.

Cheguei a perder a paciência com elas, porque em dado momento apercebemo-nos de que elas estavam a minar as nossas instalações feitas à base de barro. Começavam por construir os seus célebres túneis e a partir daí a degradação das paredes era rapidíssima. Pensei então, armado em esperto, que tinha descoberto a solução para o seu aniquilamento. Injectava gasolina para o interior dos túneis e lançava-lhe um fósforo.

Qual não foi o meu espanto quando, tentando analisar a resultado da operação, verifiquei que, mais rapidamente que a propagação do fogo no interior dos túneis, elas conseguiam selar as ramificações só sendo afectados pelo fogo pequenos ramais da superfície. É claro que desisti, reconhecendo a superioridade das formigas na sua capacidade de sobrevivência.

___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores >

6 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1343: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (2): O primeiro ataque ao quartel de Có, os primeiros revezes do IN

15 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1282: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (1): duas baixas de vulto, Beja Santos e Medeiros Ferreira

(2) Sobre o bagabaga, vd. os posts:

7 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1347: Concurso O Melhor Bagabaga (1): Bambadinca (Humberto Reis / Luís Graça)

7 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1348: Concurso O Melhor Bagabaga (2): Bissau (David Guimarães)

14 de Dezembro de 2006> Guiné 63/74 - P1367: Concurso O Melhor Bagabaga (3): Fajonquito (1964) (Tino Neves)

14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1368: Concurso O Melhor Bagabaga (4): Có (1969) (João Varanda)

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1515: Antologia (58): A batalha de Bissau em Janeiro de 1968: boinas verdes contra boinas negras... Saldo: 2 mortos (Carmo Vicente)

Capa do livro de Carmo Vicente - Gadamael: memórias da guerra colonial. 2ª ed. Lisboa: Caso. 1985. 110 pp. Prefácio de Manuel Galhardo.

Foto: © Jorge Santos (2007). Direitos reservados


Camarada Luís Graça:

Sobre o Post 1512 PARAQUEDISTAS, FUZILEIROS E... PARAFUSOS, e relativo aos tristes acontecimentos de Janeiro de 1968 em Bissau (1), creio que era de publicar o artigo que te envio em anexo, e que é o testemunho de um dos intervenientes nesse caso.

Trata-se precisamente do 1º Sargento Pára-quedista Carmo Vicente, que participou em três comissões de serviço nas frentes de combate da Guiné e Moçambique.

O testemunho do Sargento Carmo Vicente consta na obra Gadamael de sua autoria, das Edições Caso (2ª edição), de Julho de 1985 (páginas 25 a 30) (2).

Para além da referida obra, Carmo Vicente é também autor de Grades de Novembro, Gritos de Guerra, A Sentença, Era uma vez... 3 guerras em África, entre outras.

Nos acontecimentos de Janeiro de 1968 em Bissau houve dois mortos (vd. fotografias dos soldados pára-quedistas Ismael e Fernando no artigo em anexo), e não um, como se diz no Post 1512 .

Saúdo toda a Tertúlia.
Jorge Santos

Comentário de L.G.:

Este é um dos episódios negros, mas já esquecidos, da nossa presença na Guiné. Quando cheguei a Bissau, em finais de Maio de 1969, foi logo das primeiras histórias que ouvi. A rivalidade (mortal) entre fuzileiros e pára-quedistas tinha que ver, afinal, com este triste episódio de confrontos entre claques rivais de duas equipas de... andebol, que acabou em batalha campal e de que resultaram dois mortos, entre os pára-.quedistas!

Fiquei hoje a saber a versão de um dos protoganistas dos acontecimentos, o Carmo Vicente, cujo livro, de resto, desconhecia de todo. Não é por acaso que isto se passou no final do consulado do Governador Schultz, de triste memória. A guerra tinha chegado a um beco sem saída. Os acontecimentos aqui relatados por Carmo Vicente não seriam fruto do acaso. A violência nunca é gratuita... Obrigado ao Jorge Santos (e, através dele, ao Carmo Vicente) por nos vir lembrar mais este pedaço do inferno que foi o nosso...
Saudemos a memória dos nossos camaradas pára-quedistas Ismael e Fernando Lopes cujos nomes, infelizmente, nem sequer consta da lista dos que tombaram na Guiné.

Conferir lista disponível, em formato pdf, organizada pelo nosso camarada José Martins, no sítio do António Pires > Moçambique - Guerra Colonial > José da Silva Marcelino Martins > Militares que Tombaram em Campanha (1961-1974) > Guiné.

LG

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Extractos de VICENTE, Carmo - Gadamael: memórias da guerra colonial. 2ª ed. Lisboa: Caso. 1985. pp. 25-30. Selecção e digitalização de Jorge Santos. Subtítulos do editor do blogue.
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Conhecidos arruaceiros como o famigerado Oitenta (3)


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A UDIB (boinas negras) contra o ASA Clube (boinas verdes)
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Uma manga verde, lançada ao acaso: o rastilho de uma tragédia
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Uma batalha campal: fuzileiros armados de G-3 a granadas de mão
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Fernando Marques e Ismael: dois boinas verdes, mortos por nada, para nada...


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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 10 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1512: Estórias de Bissau (11): Paras, Fuzos e...Parafuzos (Tino Neves)

(2) Na badana do livro pode ler-se:

"Carmo Vicente é 1º sargento pára-quedista, tem 38 anos, e participou em 3 comissões de serviço nas frentes de combate da Guiné e Moçambique. 'Gadamael' é uma narrativa apaixonada, mas profundamente crítica, dessa experiência, constituindo mais uma achega importante para a construção histórica do itinerário colonial de parte significativa da juventude portuguesa, entre 1961 e 1975.

"Sobre Carmo Vicente escreve em prefácio Manuel Geraldo: Ao contrário de vários autores que até agora se debruçaram sobre o mesmo tema, Carmo Vicente possui a vantagem de ter sido mobilizado pela 1ª vez como soldado, acabando por chegar a 1973 na situação de 1º sargento, no comando de um pelotão, precisamente em Gadamael. Logo, viveu o conflito em toda a sua plenitude, como 'actor' em escalões progressivos e com graus de sensibilidade diversa. Embarcado para a Guiné em 1966, com a mentalidade de 'cruzado', Carmo Vicente acabaria por descobrir a verdadeira face dos interesses em jogo e do papel que lhe tinham reservado no palco das operações."

Guiné 63/74 - P1514: Hoss, o paraquedista: meu amigo e vizinho (Paulo Santiago)

Guiné > Bissau > Brá> 1970 > Em primeiro plano, o Hoss, 1º cabo enfermeiro da Companhia de Caçadores Paraquedistas nº. 122, e amigo do Tino Neves (1).

Foto: © Tino Neves (2006). Direitos reservados.

Mensagem do nosso camarada Paulo Santiago que, nos últimos tempos, tem dedicado toda a sua atenção à difícil situação de saúde mãe. (Desejamos-le todos que a senhora sua mãe recupere o mais rápido possível.

Luís:

Apesar, das minhas preocupações actuais, que tu conheces, venho todos os dias visitar o blogue, inclusive quando andei por Leon e Galiza (se os Albergues tinham Net, lá ía dar uma espreitadela).

Esta tua página tem sido, para mim, revitalizante, melhor que qualquer outra droga, para combater o stress e as vicissitudes que nos vão aparecendo.

Lembras-te da história que há tempos te contei sobre o meu julgamento em Junho passado ?Falava nas minhas testemunhas abonatórias, o Coronel Clemente e o ex 1º Cabo do 53 A. Cosme. Claro, também tinha as testemunhas de defesa, presentes na altura dos incidentes. E quem estava entre essas testemunhas? O Hoss, lembrado hoje pelo Tino Neves (1).

Como o mundo é pequeno, aqui no nosso blogue. Emocionei-me!

O Hoss, Sílvio Fagundes Abrantes, é meu conterrâneo, aqui de Aguada de Cima, já lhe mostrei alguns posts quando,por vezes vem aqui a minha casa. Aliás, mandei há pouco recado pela minha filha, para ele vir cá para lhe mostrar a mensagem do Tino.

Não conhecia aquela do SPM, mas era de facto um tipo muito conhecido.Também almocei com ele algumas vezes em Bissau, no quartel dos Páras, onde tinha fama de grande temeridade. Era 1º Cabo Enfermeiro, mas, além da bolsa de primeiros socorros, levava uma MG42.

Teve grandes problemas de stress pós-traumático, bebia imenso, não dormia e ficou com a saúde abalada. Tem uma mulher que sempre o amparou e tem dois filhos excelentes.

Deixou de beber, uma gota que seja, há uns cinco anos,e hoje anda fino, apesar dos diabetes. Por vezes, ainda tem pensamentos perturbantes, que passam com alguma rapidez.

No meu julgamento, não conseguiu responder às perguntas da juíza, confessando-me no fim que não as tinha ouvido, naquele momento pensava na maneira de apertar o pescoço ao advogado(meu inimigo de estimação) que me tinha montado a armadilha. Somos muito amigos. E, para o mundo continuar a ser pequeno, o substituto do Sílvio (Hoss) foi o Vitor Tavares (2).

Um grande abraço
Paulo Santiago
(ex-Alf Mil do Pel Caç Nat 53,
SPM 3948,
Saltinho , 1970/72):

PS - A minha mãe continua hospitalizada mas com algumas melhoras.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 10 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1512: Estórias de Bissau (11): Paras, Fuzos e...Parafuzos (Tino Neves)

(2) Vd. posts do Vitor Tavares, que também é amigo e vizinho do Paulo Santiago:

25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

26 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1316: A participação dos paraquedistas na Operação Ametista Real: assalto à base de Kumbamory, Senegal (Victor Tavares, CCP 121)

Guiné 63/74 - P1513: Os três fuzileiros navais: desertores ou prisioneiros ? Aonde e quando ? (Jorge Santos)

Texto do Jorge Santos, ex- 1º Grumete Fuzileiro (DFA), Companhia de Fuzileiros nº 4 (Moçambique > Metangula, Cobué, 1968/70), estimado membro da nossa tertúlia desde o princípio de Julho de 2005, e editor do sítio A Guerra Colonial, uma das mais completas e antigas páginas existentes na Net, em português, sobre a guerra do ultramar.


Amigo Luís:

Envio-te um extracto de texto de Amílcar Cabral que encontrei na Net (1):

“Não devemos esquecer que há erros, faltas, atrasos: por exemplo, muitas emboscadas mal preparadas, tendência em chegar atrasado no lugar previsto, ausência de vigilância, importante nos rios, ainda que estejamos bem armados para atirar nos barcos, falta de coragem para atirar nos aviões, embora saibamos que, quanto mais atiremos neles, mais os aviadores têm medo. Não obstante saibamos que em Quitafine, e em outras regiões, como Boé, nossos companheiros foram capazes de combater os aviões portugueses com uma coragem extraordinária, muitos não seguiram este exemplo. Em muitos lugares atrasamos nossos ataques, imobilizamos nossa infantaria durante muito tempo. Muitos carregadores de patchanga[pistola metralhadora PPSH] foram estragados, porque, uma vez carregados, não foram esvaziados nos combates. Não fizemos os necessários reconhecimentos antes de passar aos ataques. O resultado é que, muitas vezes, durante os ataques, fomos surpreendidos pelas minas. Não soubemos traçar os planos necessários, tendo em vista os ataques: um dirigente pode definir um plano geral de ataque, mas, quando se trata de planos mais pormenorizados, os próprios comandantes, no momento do ataque, se sentiram incapazes. Portanto, não pudemos extrair o máximo rendimento desses ataques.

"Devemos reconhecer, por exemplo, que até hoje só fizemos prisioneiros portugueses durante dois ataques: a Cantancunda e a Bissassema. É muito pouco, tendo em vista todos os ataques que fizemos aos seus quartéis. Quando os portugueses fogem de mais de vinte quartéis, avaliamos as oportunidades que perdemos de matar ou aprisionar um grande número de inimigos. A falta de vigilância, de constância e de perseverança é infelizmente um dos defeitos característicos de nossas forças armadas.” (2).

Tenhamos agora em atenção o seguinte:

- Houve três prisioneiros portugueses, militares, feitos pelo PAIGC em Bissassema, aconteceu, salvo erro, em 2 de Fevereiro de 1968;
- Em 15 de Fevereiro de 1968 são entregues à Cruz Vermelha Senegalesa, pelo PAIGC, três militares portugueses feitos prisioneiros, com declarações de Amílcar Cabral sobre a disposição do PAIGC de parar o combate com a condição do reconhecimento do direito à independência da Guiné.

Este é o único caso de que li ou ouvi falar sobre TRÊS MILITARES (e aqui não interessa a que ramo pertenciam ou a especialidade que tinham).

Serão os mesmos da propaganda que é apresentada pelo PAIGC (3)? Se são, há aqui várias divergências:

(i) Na propaganda do PAIGC consta a data de 18 de Fevereiro (de que ano ?), e a entrega à cruz Vermelha Senegalesa dos militares portugueses acontece a 15 de Fevereiro de 1968;

(ii) Segundo o Amílcar Cabral, só houve prisioneiros em Cantacunda e Bissassema; em Cantacunda, segundo o relato do A. Marques Lopes, houve onze prisioneiros e um morto, na noite de 10 para 11 de Abril de 1968 (4);

(iii) Os militares com a especialidade de fuzileiro partiam para as suas comissões praticamente com um ano de serviço militar já feito, ou mais. Acontece que o António Pinto e o José Sentieiro, e segundo o que consta na propaganda do PAIGC, e pelos seus números de matrícula, são da incorporação de Abril de 1967. O Costa Alfaiate, segundo o seu número de matrícula, é da incorporação de Janeiro de 1968.

(iv) Ora, se segundo Amílcar Cabral, só houve prisioneiros em Cantacunda (onze, de uma só vez) e em Bissassema (aqui 3 militares ao mesmo tempo, possivelmente os fuzileiros identificados pela propaganda do PAIGC), pergunta-se: Quantas vezes o PAIGC aprisionou três militares portugueses duma só vez? Se foi só uma vez em Bissassema, pergunta-se se devem ser considerados prisioneiros ou desertores ? Quem desertava e se entregava ao inimigo era considerado prisioneiro ?

(v) Por fim, o PAIGC diz que os fuzileiros eram da base de Ganturé, na região do Cacheu (carta de Bigene). Bissassema, por sua vez, ficava a suodoeste de Tite.

A imagem reproduzida no blogue é de muita má qualidade, sendo difícil perceber a alegada satisfação dos desertores. Diz a legenda: "A satisfação dos fuzileiros navais Pinto, Alfaiate e Sentieiro, fotografados em lugar seguro, após terem abandonado a base fluvial de Ganturé". Além disso, se eles abandonaram a base de Ganturé, devem ter-se entregue ao PAIGC no norte, próximo da fronteira do Senegal e não no sul...

Enfim, face ao exposto atrás, ainda há muitos pontos a esclarecer... sobre este alegado episódio de deserção.


Jorge Santos

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Notas de L.G.:
(1) Vd. RATIO PRO LIBERTAS - discussão de idéias e propostas sobre liberdade, cidadania e sociedade > Nem vem com esta droga de Enem: Ou como não explicar a África, por Anselmo Heidrich

(2) Amílcar Cabral apud CHALIAND, Gérard. A Luta pela África: estratégias das potências. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 52.

(3) Vd. post de 4 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1496: PAIGC (2): Propaganda: Notícia da deserção de três fuzileiros navais (Fernando Barata)

(4) Vd. post de 18 Maio 2005 > Guiné 69/71 - XXI: O ataque e assalto do IN ao destacamento de Cantacunda (1968 (A. Marques Lopes)

"(...) Ataque a Catacunda. 10/11 de Abril de 1968

"(...) O soldado Aguiar (João Alves Aguiar) foi o único que tentou resistir com a G3 à boca do abrigo e morreu, por isso. Onze foram capturados, entre eles o furriel que comandava o destacamento, o Vaz. Foram libertados, depois, aquando da tentativa de invasão na Guiné-Conakri (Operação Mar Verde). Menos o Armindo Correia Paulino e o Luís dos Santos Marques, que morreram lá de cólera. Apesar das péssimas condições e dos fracos efectivos, é evidente (e sei que foi assim, porque me contaram) que houve desleixo e facilitismo em excesso. Se não tivesse havido, não tenho dúvidas que as coisas não teriam sido tão fáceis para os atacantes" (...)