sexta-feira, 9 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2825: Nós, as Escolas,a história, a guerra colonial, o Hino de Gandembel... (Virgínio Briote)

O nosso blogue tem vindo a ser contactado por escolas e professores, pedindo autorização de materiais nossos, para efeitos didácticos. Citamos hoje dois casos, recentes

1.1. Mensagem de António Anacleto, Professor de História na Escola Básica e Secundária de Santa Maria, Açores:

Ao Sr. Luís Graça,

Eu sou um professor de Matemática com um largo interesse na História da Guerra Colonial, atento seguidor do seu blogue que muito me tem permitido conhecer mais sobre a mesma. Como tal, junto com os professores de História da minha escola (Escola Básica e Secundária de Santa Maria, Açores) decidimos participar no concurso Como se vivia em Portugal no tempo da Guerra Colonial, promovido pela Associação 25 de Abril e a Associação de Professores de História, com a realização de um vídeo com entrevistas a ex-combatentes da guerra.

Vinha por este meio pedir-lhe autorização para utilizar o áudio do Hino de Gandembel (1) nos créditos finais do nosso trabalho, música que pela sua letra valorizará ainda mais este trabalho.

Em jeito de rodapé antes de terminar, o vosso blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné é citado nos créditos finais uma vez que foi uma das várias fontes consultadas.

Tenho a informar também que o antigo Alferes Capelão Arsénio Puim (2) foi contactado por nós no sentido de dar o seu contributo como ex-combatente Mariense, mas recusou o mesmo (com muita pena nossa) evocando que primeiro deve contar os factos ocorridos nos dias seguintes a 1/1/1971 aos seus antigos camaradas, um dever que ele entende ser justo, antes de contar a terceiros. Contudo, ficou agendado um encontro com ele aqui em Santa Maria no próximo mês de Junho, pode ser que mude de ideias até lá.

Para terminar gostaria de um dia poder pôr o meu sogro em contacto com o vosso blogue, porque esteve na CCaç 2619/BCaç 2893 (Nova Lamego, 1969/71) e acho que ele também tem excelentes estórias cabralianas para contar.

Sem mais, um abraço

António Anacleto

2. Resposta do nosso editor, Luís Graça

Caro António:

Fico sensibilizado com o seu pedido. Tem, desde já, o meu acordo formal para utilizar os nossos materiais, citando sempre o autor (texto, fotografia ou vídeo) e o nosso blogue. Parabéns pela vossa iniciativa. Se mo permitir, vou dar conta dela nas páginas do nosso blogue. Já temos, de resto, colaborado, com outros professores de outras escolas.

Por outro lado, peço-lhe que ponha o seu sogro em contacto connosco. Quanto ao Puim, é um camarada nosso que eu conheci pessoalmente em Bambadinca e que muito estimava, como de resto pode depreender do que sobre ele já aqui escrevemos. Aguardo com ansiedade o dia em que ele decidir entrar pela nossa Tabanca Grande adentro…e contar-nos, em primeira mão, as suas alegrias e tristezas desse tempo…

Disponha do nosso espaço para dar a conhecer o bom trabalho que a sua escola está fazer para divulgar, aos nossos filhos e netos, acontecimentos marcantes da nossa história do Séc. XX.

Seria interessante também conhecer melhor o sacrifício que as populações das então ilhas adjacentes (Madeira e Açores) fizeram, com a participação dos seus filhos na guerra colonial. Como sabe, havia companhias "açorianas" e "madeirenses"... Os madeirenses e os açorianos eram considerados bons combatentes, aguerridos, corajosos…Não sei se não terão mais sido mais discriminados do que os outros… Sei que também pagaram um tributo elevado, em vidas, em sangue… Pode procurar no blogue: temos, entre as nossas palavras-chave, Madeira, Açores, açorianos, madeirenses…

2.1. Comentário de VB: Na conta do António Anacleto, no You Tube, podem ser visionados os 13 vídeos do Documentário sobre a Guerra Colonial, variando a duracção entre os 4 a 5 minutos e os 8 a 9 minutos. O trabalho é apresentado nestes termos: "Documentário realizado pela Escola Básica e Secundária de Santa Maria (Açores), para o concurso Como se vivia em Portugal no tempo da Guerra Colonial, organizado pela Associação 25 de Abril e pela Associação de Professores de História".

3. Mensagem de um outro professor, Vasco Vaz:

Exmo Sr:

Sou professor de história de uma escola oficial portuguesa e gostaria de saber se posso usar uma imagem do vosso blogue no meu próximo teste. O teste é para alunos do 6º ano e será reproduzido em 40 exemplares. A ser autorizada eu citaria o vosso blogue como fonte e o unico propósito da foto será o de ilustrar a seguinte questão:

"A partir dos documentos 3 e 4 refere quais foram as consequências da Guerra Colonial."

Antecipadamente Grato

Vasco Vaz

4. Resposta do nosso editor:


Meu caro professor: Sentimo-nos honrados e úteis com o seu pedido.... Esteja à vontade. Já agora, e se possível, diga-me depois qual a imagem que escolheu (já temos o enunciado da pergunta)...

É um bom exemplo, a ser seguido por outras escolas e por outros professores. Os meus parabéns. Se nos autorizar, e não vir inconveniente, apresentaremos este caso com um bom exemplo não só pedagógico como cívico... Nenhum povo pode viver acéfalo, e sem memória. Acredito que não seja fácil falar da dolorosa guerra que travámos em África durante 13 anos... É importante que os nossos filhos e netos tenham orgulho em nós.

Como sabe, no nosso blogue, damos muita importància à pluralidade de vozes, vivências, experiências e versões... Somos contra a versão redutora da história. A guerra colonial ou do ultramar tem múltiplas faces. Hoje, na Guiné-Bissau, a "luta de libertação" não chegou às escolas e, quando chega, é através da versão oficiosa, redutora, ideológica... Começa só agora a fazer-se investigação historiográfica... No entanto, estive lá há dias e o que mais me impressionou é que não há resquícios sequer de ressentimento ou de ódio contra nós... Vale a pena reflectir sobre isto... Boa saúde, bom trabalho.

Luís Graça.

5. Resposta do Vasco Vaz:

Caro Sr. Luís:

Eu é que me sinto bastante honrado por poder usar o testemunho de todos aqueles que estiveram no Ultramar ou que lutaram pela libertação das colónias.

É muito triste que esta parte da nossa história seja tão ignorada, como se tivessemos vergonha ou medo de relembrar o nosso passado.

Por curiosidade, tenho 40 anos e , portanto, não tenho experiência directa da Guerra Colonial.

Eu sou professor do ensino secundário e lecciono este conteúdo programático no 9º ano; presentemente estou com duas turmas do 6º ano onde também se faz referência à Guerra Colonial.

O nível etário dos alunos não permite que o tema seja muito aprofundado , no entanto só o facto de eles terem a noção de que a geração dos avós lutou em África já é muito importante.

Eu pensei em utilizar a vossa foto inicial de abertura:(bissau_halott_katona_1970.jpg) mas estou aberto a outras sugestões.

Relativamente ao uso do meu teste como "exemplo civico", embora seja um exagero por apenas ser um simples teste, não vejo inconveniente que seja citado.

Agradecia, no entanto, que se lhe referisse sem especificar qual a escola em concreto.

Pode citar o meu nome, o nível de ensino e a própria questão que serviu de base ao uso da vossa foto.

A minha preocupação neste campo é apenas a de que, infelizmente, nós, professores, vivemos momentos em que, na minha opinião, temos de ter todo o cuidado com o que dizemos sob pena de sermos julgados pelos meios de comunicação sensacionalista ou mesmo por existir uma certa falta de liberdade de expressão.

Devo dizer lhe que, ao leccionar temas como o da Guerra Colonial , se nota que este ainda continua a ser um tema que pode criar desconforto.

No próximo ano lectivo espero estar a leccionar os 9 anos e então fazer uma actividade em grande, mobilizando a comunidade escolar e convidando antigos combatentes para virem falar com os alunos. Nessa altura se houver interesse da vossa parte e disponibilidade seria muito agradavél contar convosco.

Finalmente, obrigado pela rapidez da vossa resposta.

Antecipadamente grato

Vasco Vaz

6. Nova resposta do editor:

Vasco:

A imagem que escolheu nem sequer é nossa... É de um fotógrafo húngaro, embebed - como se diria hoje - nas forças do PAIGC... Tenho algumas dúvidas sobre o seu comportamemto ético... Não creio que fosse um verdadeiro fotojornalista... Ele próprio deixou-se fotografar, empunhando uma Kalashikov... Não sei em que circunstâncias esteve nas "regiões libertadas" da Guiné, nos anos 1969/70... Hoje tem uma casa comercial de fotografia em Budapeste... Pode consultar o seu sítio e a sua fotogaleria (embora eu não saiba húngaro, parece-me que as fotos são do domínio público... Há tempos mandámos-lhe uma mail, em francês, a dar conhecimento e a pedir autorização, mas não respondeu)... Estas fotos circulam pela Net...

http://www.fotobara.hu/galeria/bissau_halott_katona_1970.jpg

Esta em especial é um bocado crua, para os seus alunos...Tenho dúvidas sobre a sua autenticidade, pela posição da arma (Kalash, russa) e do cadáver... Há belíssimas fotos noutro sítio, sueco, de um grande fotógrafio norueguês, tiradas na mesma época (1970), sítio esse que autoriza a sua utilização pública, exigindo apenas conhecimento ao webmaster... Veja o nosso poste de 15 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2762: PAIGC: Instrução, táctica e logística (11): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (XI Parte): A máquina logística (A. Marques Lopes).

Eu tenho a competente autorização para usar essas imagens, no nosso blogue. No seu caso, e como se trata de uma utilização para efeitos de ensino/aprendizagem, pode utilizar à vontade os nossos materiais, tendo a gentileza de divulgar o nome do autor e o endereço do blogue (mas temos também inúmeras páginas estáticas com cartas militares e fotos/memórias dos lugares... Vd. coluna do lado direito do blogue...). Nas duas versões do blogue (1ª e 2ª) há já milhares de fotografias disponíveis... A dificuldade é escolher.

Obrigado pelo seu interesse e apreço.

Luís Graça

__________

Fixação do texto: VB.

(1) Sobre o Hino de Gandembel, já publicámos diversos postes:

3 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2326: O Hino de Gandembel e a iconografia do soldado atormentado pelo desassossego (Idálio Reis)

1 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2319: Hino de Gandembel: interpretação de António Almeida (CCAÇ 2317, Gandembel/Balana, 1968/69)

22 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2295: Hino de Gandembel, cantado no almoço da mini-tertúlia de Matosinhos (A. Marques Lopes / Carlos Vinhal)

4 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2153: Hino de Gandembel: talvez a mais popular canção entre as NT no ano de 1969 (José Teixeira)

4 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2152: Hino de Gandembel, hoje um hino de alegria (Idálio Reis / Gabriel Gonçalves)

3 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2150: O Hino de Gandembel, cantado pelo GG [Gabriel Gonçalves], o baladeiro da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)

3 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2149: Hino de Gandembel: Quem foi o autor da letra ? (José Teixeira / Idálio Reis)

26 de Setembro de 2006> Guiné 63/74 - P2133: Guileje: Simpósio Internacional (1-7 de Março de 2008)(4): Hino de Gandembel, quem se lembra da música ? (Pepito / Luís Graça)

(2) Sobre o ex-Alf Mil Capelão Arsénio Puim, da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), ver os seguintes artigos:


16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2444: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/BART 2917, hoje enfermeiro reformado e um grande mariense (Luís Candeias)

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2433: Em busca de ... (16): Pessoal da CCAÇ 4946/73, madeirense + Arsénio Puim, ex-capelão, açoriano, BART 2917 (Luís Candeias)

8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2421: Em busca de... (15): Pessoal da companhia madeirense que esteve em Jemberem (1973/74) (Luís Candeia, amigo do Arsénio Puim)

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

Guiné 63/74 - P2824: Poemário do José Manuel (12): Ao Zé Teixeira: De sangue e morte é a picada...

Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > Os alunos da escola de Mampatá onde eu era auxiliar do Furriel Simões (Coimbra) a ensinar todas aquelas crianças. Grande trabalho fez o Simões, professor dedicado e que levava muito a sério a sua missão. Eu gostava mais de jogar à bola com eles.

Foto e poema: © José Manuel (2008). Direitos reservados (1).


1. Poema do dia, sem título, enviado em 24 de Abril:

Ao Zé Teixeira (*)

De sangue e morte é a picada
a escuridão encobre a verde mata
há um silêncio que magoa
um barulho que atordoa
um ruido que embriaga
e adormece os sentimentos
que endurece o coração
é o perder do sorriso
que se volta a encontrar
no sonho, na visão, na ilusão
ás vezes na recordação
da nossa moira encantada
hoje a minha moira é negra
de seios duros e firmes
de palavras e sons estranhos
que aprendo a entender
que sinto que posso amar
pois a vida é para viver
e não apenas para sonhar
renasce o pulsar da vida
em trepidante erupção
sinto regressar a mim
o que perdi na picada.

Mampatá 1974
josema

(*) Nota do JML:

Ontem conheci o José Teixeira e parte do seu grupo de Matosinhos. Relembrámos locais onde vivemos embora em datas diferentes. Havia referências comuns e o mesmo sentir por uma população entre a qual vivemos. Gostei do carinho com que ele falou daquela gente, como o receberam tantos anos depois quando lá voltou, por isso o poema de hoje é dedicado a ele.


2. Comentário, muito sentido e sincero, do nosso Zé Teixeira, com data de 27 de Abril de 2008:

Há momentos na vida em que o escorrer das lágrimas pela face abaixo sem que as possamos conter, reflectem a alegria que vai no coração. Este foi um deles, num fim de tarde de Domingo. Obrigado, Luís, por te lembrares de mim em primeira mão. Obrigado, Zé Manel, pela bela lição de esperança, escrita com raiva e dôr pelo sangue e morte que viste na picada, a picada que eu, antes de ti , trilhei e amargurei, e, só depois de voltar a vê-la, descansei.

Fraternal abraço do
J.Teixeira_______________

Nota de L.G.:

(1) Vd. último poste da série: 2 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2806: Poemário do José Manuel (11): Até um dia, Trindade, até um dia, Fragata

Guiné 63/74 - P2823: Dando a mão à palmatória (11): Operação Gavião, 5 de Abril de 1968, com as CART 2338 e 2339 (Torcato Mendonça / Beja Santos)

1. Mensagem, com data de 7 de Maio, do Torcato Mendonça, algo enigmática, procurando esclarecer (?) alguns pontos (obscuros...) da actuação das NT no decurso da Op Gavião (Sector L1, Bambadinca, Abril de 1968, ao tempo do BART 1904, 1966/68):

Meu estimadíssimo Tigre:

Falamos… em Monte Real… O Cascalheira corresponde. Era amigo do Zé Almodôvar, etc. O Guia não foi no joelho [que foi ferido, foi morto] … Estás a imaginar a cervical... Pensa numa faca balanta (*)… O Saiegh seguia, no regresso, à frente com o grupo dele e eu, com o meu, à esquerda… A tua segunda memória não diz tudo. Não se escreve, fala-se… Falaremos.

O Tura morreu nos meus braços. Foi o primeiro e paro… Por que é o cheiro da morte, com sangue, doce ou adocicado ? Entranha-se e nunca sai.

Obrigado pelo texto sobre o Jacques Attali e outros. Manda sempore… Eu mando-te um abraço forte, extensível a quem nos ler. Quero estar a abraçar-vos breve, brevemente. O nosso caríssimo amigo Luís Graça tem as fotos. São de todos, se assim o entenderem.

Abraços do
Torcato Mendonça


2. Mensagem do Beja Santos, com data de 8 de Maio:


Mendonçal e Torcatal figura, camaradas: 

Uma rectificação em prol da verdade. Entraram-me à noite em casa numa gritaria crioula o Queta e o Cherno, as minhas duas memórias de conselho permanente. Durante a tarde, habituado que estou a conversar com os vivos e os mortos neste romagem a 40 anos atrás, dei comigo a conversar com o Saiegh, ele falava-me entusiasmado com a Operação Gavião, eu sabia que ele lá tinha estado, até porque o Pel Caç Nat 52 se chamava os Gaviões, certamente homenagem do Saiegh a esta operação.

A meio da tarde, ciente de que tinha conversado com o Saiegh, ciente que o furriel Vaz não podia ter ido na operação, tinha sido punido e deslocado para a zona de Geba de onde foi levado por forças do PAIGC, pedi aos meus conselheiros que viessem clarificar tudo. 

Quebá Soncó foi mesmo ferido, a entrada em Madina foi suave, vocês mandaram canhonadas (entenda-se morteiradas) sobre Belel. Lamento a falta de precisão e dou comigo a pensar porque é que não registamos os depoimentos de todos os Chernos e Quetas, a História vai perder a riqueza destes testemunhos. Seria interessante publicar-se o relatório da operação.

Um abraço para todos,

Mário Beja Santos

3. Mensagem do editor, L.G., enviada atraés da tertúlia:


Caríssimos, Mário e Torcato (c/c Henrique Matos e Carlos Marques dos Santos):

Vou rectificar, até por que também meti os pés pelas mãos, ao sugerir que o TM já estava xoné (ou, em alentejano, alzheimariado…) ao trocar a CART 2339 (que era a dele) pela CART 2338 (irmã gémea)… Ora, estas duas unidades participaram na Op Gavião (5 de Abril de 1968) bem como noutras operações, conjuntas, no Sector L1 (Bambadinca), embora a CART 2338 estivesse sediada em Nova Lamego… Mea culpa… Isto dá direito a palmatória… Um Alfa Bravo. Luís


PS – Vou ver se alguém tem o relatório da Op Gavião, que deve constar da história do BART 1904 (que anteceu o BCAÇ 2852, em Bambadinca) bem como da história da CART 2338 e/ou da CART 2339. 

Já em tempos publiquei um poste do Carlos Marques Santos, ex- Fur Mil da CART 2339, onde há um relato pormenorizado da Op Gavião (era sempre dramático andar pelo Cuor, até Belel, quanto mais a Madina…). Vou republicar este texto (memorialístico)… 

O CMS foi um activíssimo e precioso colaborador da 1ª Série do nosso blogue (que já fez três anos, em abril passado…), que por razões de saúde tem andado um pouco mais afastado das lides bloguísticas (mas vamos ter oportunidade de lhe dar um grande Alfa Bravo, em Monte Real). Foi ele que pescou o TM para a nossa tertúlia.

30 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXIII: Diário do CMS (CART 2339)(1): Um homem ficou para trás e não há voluntários para o ir buscar...


PS - Já agora, Mário [Beja Santos] e Henrique [Matos], digam-se se houve mortos vossos, sepultados in loco, em Missirá, no Enxalé, em Porto Gole… Sei que houve, no meu tempo e do Mário, um soldado do Pel Caç Nat 52 que desapareceu no Rio Geba… Os vossos mortos guineenses onde foram sepultados ? Em Bambadinca ? Nas terras natais ? Vd. lista do A. Marques Lopes que foi acabada de publicar e donde não constam… os portugueses guineenses… LG
__________

Nota dos editores:

(*) Vd. poste de 7 de Maio de 2008 >
Guiné 63/74 - P2817: Blogoterapia (51): O Alentejo do Casadinho e do Cascalheira, o Tura Baldé, a Op Gavião... (Torcato Mendonça / Beja Santos)

(...) Resposta do Beja Santos (ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):

(...) Tempos depois a Operação Gavião, em Abril de 1968. Participaram a companhia do Enxalé (capitão Pires, Zagalo Matos e outros), a tua companhia [a CART 2339] e os Pel Caç Nat 52 e 53. Inicialmente, estava destinado a ser uma operação de 5 dias, ficou-se em menos de três.

Vocês saíram do Enxalé, numa lala perto de Madina, Tura Baldé, um milícia de Demba Taco, ao beber água numa fonte encontrou-se com um soldado do PAIGC que lhe deu um tiro, desacasos da fortuna. Na operação Gavião, o guia era Quebá Soncó, o filho primogénito do régulo Malã, que foi atingido por um tiro numa rótula, foi-lhe amputada a perna" (...).

Guiné 63/74 - P2822: Dando a mão à palmatória (10): Não foi salvaguardada a propriedade intelectual e a privacidade do Hugo Moura Ferreira

1. Mensagem do Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil, CCAÇ 1621 (Cufar) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68), residente em Lisboa e membro da nossa tertúlia, desde 22 de Dezembro de 2005:

Caros amigos.

Achei interessante o Post Guiné 63/74 - P2820 (1). Só tenho um reparo a fazer que peço resolvam com rapidez, embora saiba que isso já é um pouco extemporâneo, mas que refere a informação do foro pessoal que foi inserida no referido post.

Não concordo que na reprodução do oficio que me foi remetido pelo AGE, e reproduzido integralmente, não tenha sido apagada a minha morada.

Já repararam que tudo o que é necessário saber sobre mim ali está expresso? Assim agradeço que reparem, urgentemente, esta anomalia que não esperava pudesse acontecer, sem a minha autorização expressa, que obviamente não daria, no Blogue que é visitado por tanta gente a nível mundial. Afinal existem editores que têm que verificar o material que recebem e que se propõem inserir.

Os direitos de autor e de confidencialidade têm que ser salvaguardados em tempo, por quem publica.

Desculpem a forma mais ou menos agastada como me exprimi, mas como falo e procedo com o coração...

Obrigado, cumprimentos e abraços.

Hugo Moura Ferreira

2. Comentário do editor:

Hugo: Tens toda a razão. Não devia ter acontecido. O mal está feito. O lapso, no entanto, já foi corrigido, de imediato (1). A atribuição da propriedade do documento era conjunta. Sabemos que o documento original era teu, já que a resposta te era dirigida, enquanto autor do requerimento. O Benito Neves falcultou-nos uma cópia, com a melhor das intenções. E nós reproduzimo-la com a melhor das intenções. No entanto, houve uma falha no controlo de qualidade. Errar é humano. Aprendemos com os erros. Fizeste bem em indignar-te. Bom fim de semana. Luís Graça.

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Nota de L. G.:

(1) Vd. poste de 9 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2820: Aqueles que nem no caixão regressaram (2): O caso do José Henriques Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves)

Guiné 63/74 - P2821: Aqueles que nem no caixão regressaram (2): O caso do José Henriques Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves / Hugo Moura Ferreira)




Cópia do Ofício do Arquivo Geral do Exército, nº 112/STAG, Proc. 6.2, de 23 de Maio de 2007, em resposta a um requerimento do nosso camarada Hugo Moura Ferreira, de 16 de Abril de 2007, pedindo informações do Soldado José Henriques Mateus. Cópia facultada pelo Benito Neves. Por razões de protecção da privacidade do requerente, eliminámos, da imagem, o seu nome completo e a sua morada.

Em traços largos, o teor do ofício é o seguinte:

(i) O José Henriques Mateus foi dado como morto em combate, "conforme a História da sua unidade (CCav 1484)";

(ii) Segundo o Arquivo Histórico Militar, há uma relação de militares falecidos e desaparecidos, do CTIG/QG/1ª Repartição, datada de 21 de Maio de 1974, donde consta o nome do José Henriques Mateus, "dado como desaparecido em combate na região de Catió, em 10Set66 e que mais tarde foi considerado morto, juntamente com outros militares, nos termos do nº 3 do art 1º do Decrteo 350/71, de 12AGO71";

(iii) Não faz parte dos militares resgastados através da Op Mar Verde [, em que foram libertados 26 prisioneiros portugueses, em Conacri];

(iv) Também não consta da base de dados referente à lei dos ex-combatentes (Lei nº 9/2002).


Foto: © Hugo Moura Ferreira (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do Benito Neves, bancário reformado, de Abrantes, com data de 8 de Maio:


Luís, o meu abraço

Tenho estado atento ao blogue e, relativamente "àqueles que nem no caixão regressaram", constato que o nosso amigo Mateus não consta entre os mortos, embora os documentos oficiais digam que sim.

Pergunto-me quantos Mateus haverá, não contabilizados...

Já enviei ao Marques Lopes a mensagem que se segue e que agora reencaminho para teu conhecimento.

Cumprimentos

B Neves

2.Mensagem do Benito Neves, enviada ao A. Marques Lopes:

Os meus melhores cumprimentos

Tenho acompanhado com muito interesse tudo o que, proveniente dessa fonte inesgotável, tem sido escrito e publicado no blogue, pelo que não posso deixar de expressar as minhas felicitações.

Relativamente ao

Post nº. 2811 - Lista de militares portugueses mortos e enterrados em cemitérios locais (3) 1966-1967, constato que entre os militares mortos em 1966, não consta o soldado nº. 711/65, José Henriques Mateus, da CCav 1484, que terá falecido por afogamento na travessia do rio Tompar, afluente do rio Cumbijã, no decurso da operação Pirilampo, no dia 10/Set/66. O corpo não foi recuperado. Era natural da Areia Branca, concelho da Lourinhã.

A este assunto reporta o Post 1676 do nosso blogue (1), relativamente a reservas que ainda hoje hoje tenho sobre esta morte, na medida em que se levantou a hipótese de ter sido capturado e libertado mais tarde no decurso da operação Mar Verde [ Conacri, 22 de Novembro de 1970]. Porém, oficialmente, conforme documento anexo, foi considerado morto em combate.

Não sei se este meu pequeno contributo terá alguma valia, mas pergunto-me quantos Mateus faltarão nas listas oficiais.

Um abraço e bom trabalho

B Neves
CCav 1484
Nhacra - Catió
1965/67

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Nota dos editores:

(1) Vd. poste de 19 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1676: Vivo ou morto, procura-se o Soldado Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves)

Guiné 63/74 - P2820: Aqueles que nem no caixão regressaram (1): O Sold António Alves Maria da Silva, campa nº 247, Bissau (Virgínio Briote)

1. Comentário do Virgínio Briote, nosso co-editor, ex-Alf Mil Comando, ao poste P2811 (1):


O Soldado António Alves Maria da Silva (campa nº 247, Cemitério Municipal de Bissau, Talhão militar português) morreu atingido por uma bala no peito, durante a Op Hermínia, o 1º helitransporte de assalto na Guiné, realizado na zona de Jabadá, em 6 de Março de 1966, um domingo, se não erro.

Fui eu que, na contingência, lhe prestei os primeiros socorros. Como estava em paragem cardíaca, assistiu-o com o que tinha à mão, naquele momento, a minha boca. Ao inspirar profundamente, entrou-me uma golfada de sangue a "ferver". Esforços inúteis. Os helis, a caminho da BA12, responderam ao pedido de evacuação, e minutos depois estavam em cima de nós. Como havia fogo cruzado, foi-nos pedido que nos aproximásemos de uma zona com maior segurança. Quando um militar nosso lançou uma granada de fumos laranja, o capim alto incendiou-se (quando queríamos que ardesse , raramente era à primeira) e tivemos que andar com o corpo de um lado para o outro até o conseguirmos meter no Allouette 3.

A magnífica equipa de helis (com a qual fizemos várias operações posteriormente) era comandada pelo então major Mendonça e dela fazia parte o Ten Velez Caldas, um piloto que muito estimei.

Procedemos à recolha de fundos e, com algum dinheiro do saco azul, tratamos da trasladação do corpo para a terra dele, Erada, Covilhã.

Nunca vim a saber porque é que os restos mortais do nosso Camarada ainda lá continuam. O António estava no fim da comissão e sinto que tenho a minha quota de culpa por ter transigido aos insistentes pedidos dele em participar naquela que ele disse ser a última operação para se despedir da Guiné.

vb

__________

Nota dos editores:

(1) Vd. poste de 5 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)

(2) O Soldado Comando António Alves Maria da Silva, oriundo da CCaç 674, havia frequentado com sucesso do 2º Curso de Comandos, do CTIG, em 4 de Setembro de 1965. Pertencia ao Grupo Diabólicos, comandado pelo Alf Mil Cmd Virgínio Briote:



1. Alf V. Briote (CCav 489/BCav 490)
2. 2º Sarg Mário J. Machado Valente (CCS/QG)
3. Fur Caetano Azevedo (CCaç 764)
4. Fur Fernando Marques de Matos (Pel Caç 953)
5. 1º Cabo Carlos Filipe Faria (CCaç 462)
6. Sold Bacar Djassi (CCS/QG) (fuzilado após a Independência)
7. 1º Cabo Mamadu Jaló (Agrup 16) (fuzilado ...)
8. Sold Albino F. Silva (CCS/BCaç 697) +
9. Sold José Vicente Caleiro Júnior (CCS/BCaç 697) +
10. 1º Cabo José Henriques Cristóvão(CCS/BCaç 790)
11. Sold António Jesus da Silva (CCS/Bat.Caç 790)
12. Sold António A. M. Silva (CCaç 674) (morto em combate,Jabadá, 06/03/66)
13. Sold Fernado Simões Moura (CCaç 726)
14. Sold António Amador Caeiro (CCaç 726)
15. Sold Bacar Mané (BAC) (fuzilado após a Independência)
16. 1º Cabo António Rita Domingues (CArt 732) +
17. Sold Álvaro dos Santos (CCav 677)
18. Sold Carlos Alberto S. Roberto (CCav 677)
19. Sold Domingos Lopes (CCav 703)
20. 1º Cabo Casimiro Oliveira Anselmo (CCav 789)
21. Sold José Correia Martins (CCav 789)
22. Sold Joaquim Ventura Esperto (CCav 789)
23. Sold José Feitinha de Matos (CCav 789)
24. Sold Diamantino F. M. Carvalho (CCav 789)
25. Sold José Joaquim Pereira Marques (CCav 678)

Obs.: + já falecidos

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes)

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > 1 de Março de 2008 > O Rio Corubal, visto da margem direita, junto ao Saltinho... Neste rio (o único verdadeiro rio da Guiné, segundo dizia o Amílcar Cabral), morreram afogados 46 militares portugueses das CCAÇ 1790, CCAÇ 2405 e outras unidades, além de um civil guineense, no dia 6 de Fevereiro de 1969, na travessia junto ao Cheche, na sequência da evacuação de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios). Nenhum dos corpos foi recuperado (1).

Quadro 7 - Guiné 1963/74: Militares portugueses metropolitanos, mortos por ferimentos em combate, doença, acidente ou outros motivos, e cujos corpos ficaram em cemitérios locais. Parte IV (Final): 1963/73, por trimestre. Mas nesta lista não se incluem os guineenses, ao serviço do Exército Português.

O total apurado (n=254) está longe de corresponder ou até aproximar-se sequer dos números de que habitualmente se fala: três vezes mais, por exemplo. Nem sequer chegamos, nem de loge nem de perto, aos 100 locais de enterramento de que habitualmente se fala (por exemplo, a comunicação social, a Liga dos Combatentes). É possível que esse número possa estar correcto, se tivermos em linha de conta os nossos soldados africanos.



Já que falamos dos nossos mortos (militares portugueses metropolitanos) que ficaram em terras da Guiné (uns insepultos, desintegrados por minas ou afogados nos traiçoeiros rios e braços de mar; outros enterrados, em cemitérios locais ou improvisados: Bissau, Nova Lamego, Bafatá, Bolama, Guidaje, Farim, Bambadinca, etc.) , e estamos a pensar em reabilitar e dignificar esses locais de enterramento, com o apoio do Governo da Guiné-Bissau, também era altura de fazermos um pouco de justiça aos guineenses que combateram e morreram ao nosso lado, dando a conhecer no mínimo os locais onde foram enterrados. Nalguns casos, a sua tabanca de nascimento. Estou-me a lembrar, por exemplo, do 1º morto da CCAÇ 12, o soldado Iero Jau, que foi enterrado com honras militares na sua terra, de cujo nome já ninguém se lembra (2). Muitos outros terão ficado nos sítios (ou perto) onde morreram.

Nesta lista não constam elementos de outros ramos das Forças Armadas, para além do exército. Não consta ninguém da Marinha nem da Força Aérea. Não constam, por exemplo, os três camaradas nossos, pára-quedistas, da CCP 121/BCP 12 (1972/74) que morreram na sequência da emboscada do PAIGC em 23 de Maio de 1973, na tristemente famosa bolanha do Cufeu. Eram eles, o Manuel da Silva Peixoto, de 22 anos, natural de Vila do Conde; o José de Jesus Lourenço, de 19 anos, natural de Cantanhede; e o António das Neves Vitoriano, de 21 anos, natural de Castro Verde. Os três ficaram sepultados em Guidaje.

Enfim, esta lista parece-nos estar incompleta ou ter lacunas grosseiras: por exemplo, dela ta´mbém não constam os três camaradas da CART 3494 / BART 3873, que, saídos do Xime para o Mato Cão, em Sintex, foram apanhados pelo macaréu, tendo desaparecido ou morrido, em 10 de Agosto de 1972: Soldado Abraão Moreira Rosa (desaparecido), Soldado José Maria da Silva e Sousa (natura de Famalicão, morto, sepultado em Bambadinca) e Soldado Manuel Salgado Antunes (desaparecido). Os três eram camaradas do nosso tertuliano nº 2, o Sousa de Castro.

Quadro 8 – Guiné 1963/74: Distribuição, por cemitério, dos corpos dos militares portugueses metropolitanos, mortos por ferimentos em combate, doença, acidente ou outros motivos, e cujos corpos foram enterrados em cemitérios locais. Parte IV (Final): 1963/1973 (n=254).

O cemitério de Bissau (n=106) representava 41,7% do total (n=254), seguido à distância pelo cemitérios de Nova Lamego (n=17), Bafatá (n=15), Bolama (n=11), Guidaje (n=6), Farim (n=4), Bambadinca (n=3), Fulacunda (n=2) e Catió (n=2). Cerca de 31,5% dos corpos (n=80) não tinham sido recuperados.

Outros locais de enterramento (n=8), com um sepultura cada: Aldeia Formosa, Bedanda, Binta, Buba, Cacine, Ilha das Galinhas, Conacri e ainda um local desconhecido.


Imagens e legendas: ©
Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.


Aqueles que nem no caixão regressaram - Parte IV (Final)
(Organização por ordem cronológica da data de morte: A. Marques Lopes, Cor DFA, Ref) (Continuação) (2)


NOME e POSTO / UNIDADE / DATA da MORTE / LOCAL da MORTE / CAUSA da MORTE NATURALIDADE / LOCAL DA SEPULTURA


Manuel Nunes dos Reis Cardoso, Furriel/ Pel Mort 1208 / 03.02.68 / Rio Feniqué / Afogamento / Oliveira do Bairro / Corpo não recuperado.

Eduardo Guilherme Teixeira Monteiro, Alferes / CArt 1612 / 15.05.68 / Itinerário Aldeia Formosa-Guilege / Ferimentos em combate / Caala, Angola / Corpo não recuperado.

Abel Gomes Simões, Furriel / CCaç 2317 / 04.08.68 / Change Iaia/ Ferimentos em combate/ Seixo, Montenor-o-Velho / Cemitério de Bissau, Guiné.

Eduardo da Costa Pacheco, Soldado / CCaç 2317 / 04.08.68 / Change Iaia / Ferimentos em combate / Frazão, Paços de Ferreira / Cemitério de Bissau, Guiné.

Luís dos Santos Marques, Soldado / CArt 1690 / 20.12.68 / Conakry (Guiné-Conakry / Doença / Serra Verde, Aguiar da Beira / Cemitério de Conakry.


Albertini Silva Mendes, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / São Lourenço de Sande, Guimarães / Corpo não recuperado (5)

Alfredo António Rocha Guedes, 1.º Cabo / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Vila Justa, Mesão Frio / Corpo não recuperado.

Américo Alberto Dias Saraiva, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / S. Sebastião da Pedreira, Lisboa / Corpo não recuperado.

Aníbal Jorge da Costa, Soldado CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Rossas, Vieira do Minho Corpo não recuperado.

António Domingues do Nascimento, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Santa Maria, Trancoso / Corpo não recuperado.

António Jesus Silva, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Arazedo, Montemor-o-Velho / Corpo não recuperado.

António Marques Faria, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Tellhado, Vila Nova de Famalicão / Corpo não recuperado.

António dos Santos Lobo, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Favaios do Douro, Alijó / Corpo não recuperado.

António dos Santos Marques, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Corpo não recuperado.

António Martins de Oliveira, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Rio Tinto, Gondomar / Corpo não recuperado.

Augusto Caril Correia, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Santa Cruz, Coimbra / Corpo não recuperado.

Augusto Maria Gamito, 1º Cabo / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / São Francisco da Serra, Santiago do Cacém / Corpo não recuperado.

Avelino Madail de Almeida, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Glória, Aveiro / Corpo não recuperado.

Carlos Augusto da Rocha, Furriel / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Angústias, Horta, Açores / Corpo não recuperado.

José da Silva Góis, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Meãs do Campo, Montemor-o-Novo / Corpo não recuperado.

José da Silva Marques, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Marmeleira, Mortágua / Corpo não recuperado.

José de Almeida Mateus, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Santa Comba Dão / Corpo não recuperado.

Celestino Gonçalves de Sousa, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Poiares, Ponte de Lima / Corpo não recuperado.

David Pacheco de Sousa, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69/ Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Lastosa, Lousada / Corpo não recuperado.

Francisco da Cruz, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Leboção, Valpaços /Corpo não recuperado.

Francisco de Jesus Gonçalves Ferreira, 1.º Cabo / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Tortosendo, Covilhã / Corpo não recuperado.

Gregótio dos Santos Corvelo Rebelo, Furriel / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Angra do Heroísmo, Terveira, Açores / Corpo não recuperado.

Joaquim Nunes de Alcobia, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal/ Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Igreja Nova, Ferreira do Zêzere/ Corpo não recuperado.

Joaquim Rita Coutinho, 1º Cabo / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Samora Correia, Benavente / Corpo não recuperado.

Joel dos Santos Silva, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Guisande, Vila da Feira / Corpo não recuperado.

José Antunes Claudino, 1.º Cabo / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Alcanhões, Santarém / Corpo não recuperado.

José Bento Pacheco Aveiro, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Nordeste, São Miguel, Açores / Corpo não recuperado.

José da Silva Coelho, Soldado / CCaç 1790 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Recarei, Paredes / Corpo não recuperado.

José Fernando Alves Gomes, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Carvalhosa, Paços de Ferreira / Corpo não recuperado.

José Ferreira Martins, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Pousada de Saramagos, Vila Nova de Famalicão / Corpo não recuperado.

José Loureiro, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / São João do Fontouro, Resende / Corpo não recuperado.

José Maria Leal de Barros, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Vilela, Paredes / Corpo não recuperado.

José Pereira Simão, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Salzedas, Tarouca / Corpo não recuperado.

José Simões Correia de Araújo, 1.º Cabo / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Telhado, Vila Nova de Famalicão / Corpo não recuperado.

Laurentino dos Santos Pessoa, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Sonim, Valpaços / Corpo não recuperado.

Luís Francisco da Conceição Jóia, 1.º Cabo / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Alvor, Portimão / Corpo não recuperado /

Manuel Amaral Carreiro, Furriel / CCaç 2444 / 06.02.69 / Estrada Cacheu / Bachile / Morte por ferimentos em combate / Sepultado no Cemitério Municipal de São Joaquim - Ponta Delgada. (Ver comentário)

Manuel António da Cunha Fernandes, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Arão, Valença do Minho / Corpo não recuperado.

Manuel Brás Catanho Ribeiro, 1.º Cabo / CCaç 2446 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Ribeira Seca, Machico, Madeira / Corpo não recuperado.

Manuel da Conceição Silva Ferreira, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Santarém / Corpo não recuperado.

Manuel dos Santos Costa Almeida, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Arrifes, Ponta Delgada, Açores /Corpo não recuperado.

Manuel da Silva Pereira, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Penude, Lamego / Corpo não recuperado.

Octávio Augusto Barreira, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Soçães, Mirandela / Corpo não recuperado.

Ricardo Pereira da Silva, Soldado / CCaç 1790 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Serzedelo, Vila Nova de Gaia / Corpo não recuperado.

Valentim Pinto Faria, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Valedigem, Lamego / Corpo não recuperado.

Vitor Manuel de Oliveira Neto, Soldado / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Buarcos, Figueira da Foz / Corpo não recuperado,

José António Martins Nogueira, 1.º Cabo / Comp de Transmissões / 23.07.69 / Rio Cacine / Afogamento / Vandoma, Paredes / Corpo não recuperado.

Manuel José Machado da Silva, Soldado / CArt 1612 / 23.07.69 / Conakry / Doença / Parada de Monteiros, Vila Pouca de Aguiar / Desconhecido.

António Manuel Soares de Resendes, Soldado / CCaç 2527 / 27.07.69 / Sambuiá / Ferimentos em combate/ São Pedro, Vila do Porto / Corpo não recuperado.

Carlos da Mata Lima, 1.º Cabo / CCaç 2366 / 21.09.69 / HM241, Bissau / Doença 0/ Ilha de Santo Antão, Cabo Verde / Cemitério de Bissau, Guiné.

José Bernardo Andrade da Silva, Soldado / CCaç 2529 / 07.11.69 / Rio Cacheu / Afogamento / Campanário,Ribeira Brava, Madeira / Corpo não recuperado.

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Campa do José Maria da Silva e Sousa, natural de Vila Nova de Famalicão, que morreu afogado no Rio Geba, em 10 de Agosto de 1972, na sequência de uma acção de patrulhamento ao Mato Cão. Era soldado da CART 3494, pertencente ao BART 3873.
Este batalhão, sedeado com a respectiva CCS em Bambadinca (1972/74), tinha três unidades de quadrícula no Sector L1: CART 3493 (Mansambo, 1972/1973); CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974); CART 3492 (Xitole, 1972/74).
Esta campa foi mostrada, completamente abandonada, num vídeo da RTP (Dor Adormecida), do programa Em Reportagem, de 20 de Setembro de 2006. Imagens que na altura nos chocaram a todos. O José Maria da Silva e Sousa é um dos nossos camaradas que não consta da lista que hoje publicamos. E os outros dois militares da CART 3494, cujos corpos não foram recuperados.
Os três eram camaradas do nosso tertuliano nº 2, o Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo , 1972/74).
Foto: © Sousa de Castro (2007). Direitos reservados.

1970, 1972, 1973
Manuel Santos Andrade, 1.º Cabo / CCaç 2701 / 09.08.70 / Saltinho / Afogamento / Paialvo, Tomar / Corpo não recuperado.

Vitor Manuel Teixeira Queiroz, Soldado / CArt 3417 / 13.01.72 / Rio Cacheu / Afogamento / Feitoria, Madalena, Amarante / Corpo não recuperado.

Jaime Frederico Mariz, Major / COP3 / 06.04.73 / Bigene, avião abatido / Ferimentos em combate / Amadora, Oeiras / Corpo não recuperado.

António Júlio Carvalho Redondo, Soldado / 3.ª CCaç / 09.05.73 / Itinerário Guidage-Binta / Ferimentos em combate / Vreia de Jales, Vila Pouca de Aguiar / Corpo não recuperado.

Manuel Maria Rodrigues Geraldes, Soldado / 2.ª Comp. do BCaç 4512/72 / 10.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Vale de Algoso, Vimioso / Quartel de Guidage, Guiné.

Gabriel Ferreira Telo, 1.º Cabo / CCaç 3518 / 25.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Paúl do Mar, Calheita, Madeira / Cemitério de Guidage, Guiné.

José Nunes Ferreira, Soldado / CCaç 3518 / 25.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Câmara de Lobos, Madeira / Cemitério de Guidage, Guiné.

Jorge de Andrade Gonçalves, Soldado / CCaç 3518 / 25.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Campanário, Ribeira Brava, Madeira / Cemitério de Guidage, Guiné.

José Carlos Moreira Machado, Furriel / CCaç 3518 / 25.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Ervões, Valpaços / Cemitério de Guidage, Guiné.

António Luís Fernandes, Soldado / Pel Intendência / 26.05.73 / Ilha das Galinhas / Afogamento / Orvalho, Oleiros / Cemitério da Ilha das Galinhas, Guiné.

António Santos Gerónimo Fernandes, Furriel / CCaç 19 / 26.05.73 / Guidage / Ferimentos em combate / Carção, Vimioso / Cemitério de Guidage, Guiné.


Fonte: Tomo II, Guiné - Livro 2, do 8º Volume, Mortos em Campanha, da autoria de CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África. Editado em 2001 pelo Estado Maior do Exército. Desta lista não constam os naturais da Guiné, ao serviço do exército português, nem eventualmente militares dos outros ramos das FAP: Marinha e Força Aérea. (4)


__________

Notas de L.G.:

(1) Sobre o desastre do Cheche, no Rio Corubal, no âmbito da Operação Mabecos Bravios, e sobre Madina do Boé, vd. os postes publicados no nosso blogue (1ª e 2ª série). Há ainda uma depoimento do Brigadeiro Hélio Felgas, a publicar em breve, e que nos chegou às mãos por intermédio do Paulo Raposo, ex-Alf Mil da CCAÇ 2405.

17 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - CIX: Antologia (7): Os bravos de Madina do Boé (CCAÇ 1790)

2 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXIII: O desastre de Cheche, na retirada de Madina do Boé (5 de Fevereiro de 1969)

8 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXXX: A retirada de Madina do Boé (José Martins)

3 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCV: Madina do Boé: 37º aniversário do desastre de Cheche (José Martins)

12 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXVI: O desastre do Cheche: a verdade a que os mortos e os vivos têm direito (Rui Felício, CCAÇ 2405)

7 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P853: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (10): A retirada de Madina do Boé

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1292: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte I)

15 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1370: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte II)

21 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1388: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (III parte)

(2) Vd. posts de:

30 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2231: Blogoterapia (34) : Os Ieros Jaus que trouxemos na nossa memória pisada (José Morais)

14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLII: A galeria dos meus heróis (2): Iero Jau (Luís Graça)

8 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXLVI: Setembro/69 (Parte I) - Op Pato Rufia ou o primeiro golpe de mão da CCAÇ 12

(3) Vd. postes anteriores desta série:

28 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2799: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (1): De 1963 a 1964 (A. Marques Lopes)

30 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2802: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (2): 1965 (A. Marques Lopes)

5 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)

(4) Sobre este dossiê (ainda doloroso...) dos nossos camaradas que nem no caixão regressaram, para usar uma feliz (porque inspirada) expressão do A. Marques Lopes, já publicámos inúmeros postes. Citam-se alguns:

22 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2785: Ninguém Fica Para Trás: Grande Reportagem SIC/Visão (3): Sabemos ao menos quem foram e onde estão ? (Luís Graça)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2687: Cemitério militar de Bissau: homenageando os nossos 350 soldados, uma parte dos quais desconhecidos (Nuno Rubim)

22 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2672: De Guidaje para Bissau, trinta e cinco anos depois (Diário de Coimbra / Carlos Marques dos Santos)

4 de Agosto de 2007 >Guiné 63/74 - P2026: Antologia (61): Rumo a Fulacunda: uma estória que ficou por contar ou a tragédia das CCAÇ 1420 e 1423 (Rui Ferreira)

19 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1676: Vivo ou morto, procura-se o Soldado Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves)

2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1488: Vídeos (1): Reportagem da RTP sobre os talhões e cemitérios militares no Ultramar (Jorge Santos)

28 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1468: Mortos que o Império teceu e não contabilizou (A. Marques Lopes)

22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1453: Ninguém fica para trás: uma nobre missão do nosso camarada ex-paraquedista Manuel Rebocho

25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

26 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1117: Reabilitação de talhões e cemitérios militares nas antigas colónias (Jorge Santos)

23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1108: Cemitérios militares: chocado com o programa da RTP1 (Paulo Santiago)

23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1106: A ubiquidade dos nossos mortos (Zélia Neno)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1099: O cemitério militar de Guidaje (Manuel Rebocho, paraquedista)

20 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1093: Programa da RTP1, hoje, às 21h, sobre as campas abandonadas dos nossos mortos (José Martins)

28 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

30 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2818: FLING, mito ou realidade ? (1) (Magalhães Ribeiro, Fur Mil Op Esp, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa)

F.L.I.N.G., Mito ou realidade?
1. Mensagem do nosso camarada E. J. Magalhães Ribeiro (1), do Porto:

Estive aqui a teclar o texto, que anexo ao presente mail, onde relato um episódio que faz parte da história da Guiné, sobre o qual, até hoje, nunca ouvi qualquer referência, e que penso seria interessante inserir no blogue. Veremos se aparece mais alguém a dizer algo sobre o mesmo assunto, o que eu gostava muito!

Eduardo José Magalhães RibeiroEx-Furriel Miliciano de Operações Especiais (RANGER)
da C.C.S. do Batalhão 4612/74
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Há alguns factos relativamente recentes da História de Portugal, que devem ser escritos quanto antes, sob pena de os seus protagonistas desaparecerem, mais dia menos dia, do mundo dos vivos e deixar que no futuro os interessados em conhecer alguns detalhes e histórias perdidos, ou menos conhecidos, sejam objecto das mais fantasiosas e distorcidas especulações.

Com a "revolução" de 25 de Abril de 1974, foi decidido, pelos revoltosos e a politicalhada de então, acabar com as guerras que decorriam em África, nas ex-Colónias portuguesas da Guiné, Moçambique e Angola.

No tocante à Guiné, com a pressa de "despachar" o poder governativo ao povo, a qualquer custo, terminando assim drástica, incompetente e irresponsavelmente, com todo o poder soberânico português naquele território, foi decidido fazer esta "entrega" oficial desse mesmo poder, em Setembro de 1974, ao P.A.I.G.C. (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

Quem falava na guerra da Guiné sempre a aliou ao P.A.I.G.C., sem dúvida o movimento de libertação mais activo, quer no campo político, quer na sua bem conhecida componente militar.

No entanto, embora pouco falado, outro movimento de carácter basicamente político (de que desconheço tenha executado qualquer acção armada), com a sigla F.L.I.N.G. (Frente de Libertação para a Independência Nacional da Guiné), vinha ganhando nos anos 70 alguns adeptos (penso que nunca estimados em número), entre os habitantes que pululavam nos meandros da cidade de Bissau.

Porquê então entregar o poder apenas aos guerrilheiros do P.A.I.G.C.? Será que a F.L.I.N.G., pelo menos na prática, nunca existiu?

O último batalhão de tropas que cumpriu comissão na Guiné e que teve como primeiro destino substituir o BCaç 4612 (que perfazia em Agosto de 1974, 22 meses de sacrificada e exaustiva comissão em Mansoa, a cerca de 50 km de Bissau), e como missão final assegurar a evacuação integral do dispositivo militar, foi o 4612, onde eu fui Furriel Miliciano de Operações Especiais.


Quis a sorte, ou o azar, como queiram chamar-lhe, que no dia 9 de Setembro de 1974 fosse eu o sargento eleito pelas minhas hierarquias para ser o responsável pelo acto de arriar a última bandeira nacional naquele território.

Quando me comunicaram que este acto, com cerimónias oficiais dignas e apropriadas dessa honra, ia decorrer ali em Mansoa, coincidindo com a entrega do quartel ao P.A.I.G.C., tão longe de Bissau, logo estranhei porque é que tal não se fazia com mais pompa e circunstância no local que, aparentemente, seria o mais indicado: Bissau - a capital do país.


Cópia da Ordem de Serviço de 6 de Setembro de 1974, onde se sentenciava a entrega do quartel de Mansoa ao PAIGC.



9 de Setembro de 1974. O Furriel Mil Magalhães Ribeiro arreia a bandeira Portuguesa em Mansoa, o último local, que se saiba, onde ainda drapejava.
Foto: © Magalhães Ribeiro (2008). Direitos reservados.


Um Militar do PAIGC hasteia a bandeira da Guiné-Bissau. 9 de Setembro de 1974.
Foto: © Magalhães Ribeiro (2008). Direitos reservados.

Tentei então saber, quer entre as autoridades militares presentes, quer entre alguns dos milhares de populares, o motivo que originou a transferência destas cerimónias para Mansoa.

Pois o facto é que todos os rumores apontavam para uma ameaça, levada muito a sério, através de insistentes “boatos” em Bissau, de boicote às ditas cerimónias por parte da F.L.I.N.G.

Continuo, até aos dias de hoje, surpreendido por este assunto não ser mais esmiuçado e esclarecido, aliás nem sequer abordado.

Das cerimónias existe, pelo menos, um filme inserido num episódio do programa “Século XX Português”, do canal televisivo SIC Notícias-, sobre “A descolonização do ex-Ultramar”.

Também possuo 36 fotografias deste facto histórico, e dele escrevi um pequeno resumo para o nosso blogue (Post
CCCIV de 21 de Novembro de 2005) (2).

Resta dizer que o Batalhão 4612/74, foi também o último a embarcar em Novembro de 1974, da Guiné para o Continente, no navio UÍGE, tendo ficado, tanto quanto eu sei, na Guiné apenas um pequeno destacamento da Marinha de Guerra, segundo creio, para transmitir ao pessoal do P.A.I.G.C. o saber de assegurar o tráfego marítimo e fluvial na Guiné.

Eduardo José Magalhães Ribeiro.
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Fixação de texto de vb. Para melhor enquadramento transcreve-se parte da nota que a 2ª REP do QG/CTIG emitiu em 1967 (2):
Enquanto em Conakry eram concedidas ao PAIGC todas as facilidades, no Senegal, em especial em Dakar, foram surgindo movimentos que, fiéis ao princípio “A Guiné para os Guineenses”, se revelaram, na sua quase totalidade, como acérrimos adversários do PAIGC, a quem atribuíam o objectivo de querer manter na Guiné “a secular preponderância dos cabo-verdianos sobre os guineenses”. Entre os movimentos com sede em território senegalês, contavam-se:
- O Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde (MLGC), dominado por cabo-verdianos que pretendiam a independência conjunta da Guiné e Cabo Verde. Este era um dos poucos movimentos que no Senegal tinham adoptado, na sua generalidade, a linha de acção do PAIGC;
- O Movimento de Libertação da Guiné (MLG), a que aderiram a maior parte dos manjacos guineenses residentes no Senegal, que não aceitavam qualquer associação com os cabo-verdianos. Com sede em Dakar, chegou a ter uma filial em Bissau. Era seu chefe François Mendy, um estudante de Direito de ascendência manjaca nascido no Senegal;
- A União Popular para a Libertação da Guiné (UPLG), que enquadrava alguns fulas residentes no Senegal;
- A União das Populações da Guiné (UPG), à qual estava filiada uma minoria de guineenses residentes em Koldá (Senegal);
- A União dos Naturais da Guiné Portuguesa (UNGP), movimento chefiado por Benjamim Pinto Bull que reclamava a autonomia da Guiné Portuguesa através do diálogo com o Governo Português;
- A Reunião Democrática Africana da Guiné (RDAG), constituída por elementos da RDA e que procurou integrar a colónia mandinga do Senegal. (...)
Em Maio de 1961, François Mendy conseguiu fundir, pelo menos transitoriamente, o RDAG com o seu MLG no seio da Frente da Libertação da Guiné (FLG). (...)
Na noite de 17/18 de Julho um pequeno grupo de elementos do MLG, por decisão de François Mendy que pretendeu passar à luta armada, possivelmente para chamar a si as atenções mundiais, cortou a linha telefónica entre S. Domingos e a tabanca de Beguingue e tentou incendiar a ponte de Campada.
Na noite de 20/21 de Julho um outro grupo mais numeroso atacou o aquartelamento de S. Domingos fazendo uso de terçados, armas de caça, espingardas, garrafas de gasolina e “cavadores” (paus com a ponta afiada em forma de trapézio). Na maioria envergavam camisas e calções pretos.
Em 25 de Julho um outro grupo provocou danos materiais na zona de turismo de Varela e em Suzana, fazendo depredações e pilhando a maioria dos edifícios públicos.
Em 3 de Agosto de 1962, François Mendy conseguiu finalmente a fusão do seu MLG com a UPG, o RDAG e a UPLG no seio da Frente da Luta pela Independência da Guiné (FLING) – “a autêntica emanação do povo da Guiné-Bissau e único instrumento revolucionário para a libertação nacional”. Nesta frente integrou-se a quase totalidade dos guineenses radicados no Senegal, com excepção dos Manjacos do MLG-Dakar, que recusaram a adesão. O PAIGC recusou o convite para fazer parte da FLING.
Em 1965, a República da Guiné-Conakry anunciou que a OUA reunida recentemente em Nairobi decidiu reconhecer o PAIGC como o único movimento de libertação da Guiné Portuguesa e que a FLING estava definitivamente riscada da lista dos movimentos nacionais a ajudar.
A partir dessa data, praticamente deixou de se ouvir falar da FLING.
__________
Notas do co-editor VB:
(1) Magalhães Ribeiro, o "pira de Mansoa", como ele na brincadeira se apresenta aos amigos e camaradas, é o autor do Cancioneiro de Mansoa, de que já publicámos a maior parte dos versos, na 1ª e 2ª série do nosso blogue:
1 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVI: Cancioneiro de Mansoa (1): o esplendor de Portugal
1 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVII: Cancioneiro de Mansoa (2): Guiné, do Cumeré a Brá
7 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLVI: Cancioneiro de Mansoa (3): um mosquiteiro barato para um pira...
10 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLIV: Cancioneiro de Mansoa (4): a arte de ser 'ranger'
1 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDIX: Cancioneiro de Mansoa (5): Para além do paludismo
19 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLIX: Cancioneiro de Mansoa (6): O pesadelo das minas
15 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVIII: Cancioneiro de Mansoa (7): Os periquitos do pós-guerra
31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXI: Cancioneiro de Mansoa (8): a amizade e a camaradagem ou o comando da 38ª
3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P837: Cancioneiro de Mansoa (9): A mais alta de todas as traições
25 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1698: Cancioneiro de Mansoa (10): O 25 de Abril, a Barragem de Castelo de Bode e a descoberta da palavra solidariedade
(2) vd. post de 21 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCIV: Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974)
(3) Artigos relacionados:
7 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2247: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (III): Período de 1964 a 1967
24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2128: Bibliografia de uma guerra (18): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte II)

Guiné 63/74 - P2817: Blogoterapia (51): O Alentejo do Casadinho e do Cascalheira, o Tura Baldé, a Op Gavião... (Torcato Mendonça / Beja Santos)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 > 1968 > Fotos Falantes II > O Casadinho, bazuqueiro, do Grupo de Combate do Alf Mil Torcato Mendonça, morto estupidamente num acidente de viação na estrada Bissau-Bissalanca... Está sepultado no cemitério da sua terra natal, São Matias, concelho de Beja.

Foto: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados.

1. Mensagem do Torcato Mendonça (ex-Alf Mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69):

 Meus Caros Editores: Há cerca de duas semanas segui o voo contrário ao das aves nesta época do ano. Ou seja, rumei ao Sul até onde a terra acaba e o oceano começa... Por lá andei a coscuvilhar, a trabalhar e a sentir terras que amo. Apresentei-me hoje ao serviço, lendo ao correr da rodinha do rato os escritos, os e-mail e entrando em rotinas de vida… Ontem atravessei o Alentejo. A partir da zona de Castro Verde abandonei a Auto Estrada, rumei a Beja, parei no cemitério de S. Matias e visitei o Casadinho (1)... 

Falei, esqueci-me do tempo, com gentes de lá, um oficial do exército no activo, um ex-combatente de Guileje e Gadamael, uma mulher espantada com um regador na mão… Saí e já me vinham chamar, senti um aperto até Évora. Passei o volante à mulher e vim deixando o Alentejo para trás; o Algarve há muito que abalara… D cante alentejano: …Abalei do Alentejo, / olhei para trás chorando, /Alentejo da minha alma, / tão longe me vais ficando… 

Coisas da vida e segue que há muito a fazer aqui na Beira… Li o escrito do Beja Santos (2) e lembrei-me: 

 (i) O Cascalheira não era um Sargento Miliciano de Beja? 

 (ii) Ao Poidom [ou Poindom, como vem na carta do Xime ? A gente dizia Poidão, L.G.] fui várias vezes. Bonita a paisagem e os arredores. Na picada haviam uns cajueiros com minas por baixo… diziam as más-línguas. Certamente para algum, mais esperto, se ir servir ou abastecer, o melhor era passar de lado… 

 (iii) Em Abril de 68, com a CART 2339 [ e não com CART 2338, como certamente por lapso menciona o TM; era uma irmã gémea, que esteve também também na Zona Leste, mas em Nova Lamego] e os Pel Caç Nat 52 e 53, saímos do Enxalé e partimos [em direcção a ] Madina, Belel, Sinchã Camisa... 

O IN teve baixas confirmadas, apanharam-se umas armadilhazinhas, nada de especial. O Saiegh ia lá e um Alferes que tu, Beja Santos, foste substituir (Ou era do outro Pelotão? Mário, põe a tua segunda memória a funcionar. Dou uma pequena achega, morreu o milícia do Xime, Tura Baldé – conversou com o IN pensando serem das NT e levou um tiro)... As abelhas atacaram e a fuga de alguns deu assalto a casa de mato, qual?... 

Não me lembro. Mas foi um assalto giro, tivemos várias flagelações e, na última, vítima de susto faleceu o Guia… Sem tecto arrastámos gente sã, feridos e vítimas de abelhas até S. Belchior. Aí as viaturas do Enxalé transportaram os incapacitados. Operação Gavião. Não vou ver as Cartas e, menos ainda o Historial da CART 2339, fico-me pela minúscula agenda e meninges… mais acertadas? … Parece-me que sim! 

 Nem vou ler o que escrevi. Tudo para dizer – estou vivo (não se recomenda); fazer uma ou duas perguntas ao Beja Santos e a todos dar um forte abraço do, Torcato Mendonça Apartado 43, 6230-909 Fundão 

 2. Resposta do Beja Santos (ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70): 

 Minha Mendonçal e Torcatal figura: Vens do Algarve e do Alentejo e resolves atirar-me uma curta rajada, não és peco a pedir esclarecimentos. 

 (i) O Manuel das Dores Tecedeiro Cascalheira era sargento de infantaria (do quadro permanente ou miliciano, não sei) e dos arredores de Beja. Militar destemido mas de muito mau vinho (pelo menos na altura). Deu-me dores de cabeça com uma zaragata no Gabu, algumas arruaças em Bambadinca, guardo no coração a forma destemida como me ajudou em diferentes operações, colunas e patrulhamentos. 

 (ii) Mudando de assunto, é o que dizes, o Poidom tem uma lindíssima paisagem. Estava cultivada, ali nas barbas do Xime, com bons trilhos para ir foguear, junto a Ponta Varela, embarcações civis ou militares. Ao certo, as minas estavam mesmo na estrada para a Ponta do Inglês ou no acesso a alguns dos acampamentos. 

 (iii) Tempos depois a Operação Gavião, em Abril de 1968. Participaram a companhia do Enxalé (capitão Pires, Zagalo Matos e outros), a tua companhia [, a CART 2339,] e os Pel Caç Nat 52 e 53. Inicialmente, estava destinado a ser uma operação de 5 dias, ficou-se em menos de três. 

Vocês saíram do Enxalé, numa lala perto de Madina, Tura Baldé, um milícia de Demba Taco, ao beber água numa fonte encontrou-se com um soldado do PAIGC que lhe deu um tiro, desacasos da fortuna. Na operação Gavião, o guia era Quebá Soncó, o filho primogénito do régulo Malã, que foi atingido por um tiro numa rótula, foi-lhe amputada a perna. Não ia o Saiegh mas os furriéis Vaz, Altino e Monteiro (o Saiegh chegou em finais de Maio de 1968, o alferes Azevedo já estava em Bissau, eu só cheguei em 4 de Agosto). 

Falas em que "partiram" Madina, Belel e Sinchã Camisa, para Queta Baldé e Cherno Suane, não foi bem assim. Com o tiroteio para tentar liquidar o executor de Tura Baldé, Madina esvaziou-se, o que vocês encontraram foi milho, roupas, esteiras, pilões e coisas parecidas. Para os meus informadores, não havia rasto de gente ferida ou morta. Quanto a Belel, a única vez que se lá entrou pelas picadas e com tropa do Exército foi no Tigre Vadio, em finais de Março de 1970 (3).

 Podes perguntar ao Luís Graça como tivemos sorte e como foi muito doloroso. 

Despeço-me com a esperança de te ver em Monte Real, tenho um projecto para debater contigo, para aproveitarmos as tuas belíssimas fotografias. E vê lá se acabas com essa conversa mórbida em que andas a dizer que não se recomenda que não estejas vivo, precisamos do teu azedume, da tua indignação, da tua heterodoxia. Um abração de estima, Mário.

  __________ 

Notas dos editores: 


 "Faço aqui um parêntese para contar breve história deste militar [, o Casadinho]: "Era o Bazuqueiro do grupo. Alentejano de S. Matias, aldeola quase encostada a Beja. Cerca de dois ou três meses, após a chegada à Guiné, soube do nascimento da filha. Os meses passaram, o desgaste era grande e, como era necessário um militar da Companhia ir para Bissau – serviços de apoio logístico – foi indicado o Casadinho. Pouco tempo lá esteve. No dia 3 de Outubro, a dois meses do embarque, faleceu vítima de um desastre de viação na estrada para Bissalanca. Depois de quase dois anos de mato, muitas horas debaixo de fogo, morre, estupidamente, num acidente. Repousa no cemitério da sua terra natal. Nunca conheceu a filha. "Quando lá passo, no IP2, o carro, todos os carros que, ao longo destes anos tenho tido, abrandam sempre, aceleram e travam um pouco, num engasgar de soluço, de modo a que eu me possa voltar na direcção dele e o cumprimente. Nunca tive coragem de procurar a viúva ou a filha. Um dia..." (...).


Guiné 63/74 - P2816: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (5): Água, fonte de vida para as gentes de Cabedu

Estas fotografias do Zé Teixeira foram tiradas em Cabedu, no dia da inauguração da rede de distribuição de água potável à população. Cabedu fica em pleno Cantanhez, no sector de Bedanda. Tem a sul, a Ilha de Melo. É uma região muito rica em bolanhas, e ainda hoje considerado o celeiro da Guiné-Bissau, para um elemento essencial da alimentação dos guineenses, que é o arroz.

Esta cerimónia decorreu (ou coincidiu) com a visita ao sul dos participantes do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008). O Zé Teixeira (1) integrou um grupo (mais pequeno) de participantes que se deslocou a Cabedu.

Após 35 anos de interrupção, a distribuição de água canalizada foi restabelecida, o que representa para a gente de Cabedu, de maioria nalu, uma melhoria na sua qualidade de vida.

Aos portugueses presentes, os nalus, agora que já têm um poço com água, o que mais pediram foi sementes (!) para agora poderem cultivar as suas terras. Porque não, amigos e camaradas, fazer aqui uma campanha de recolha de sementes para mandar, no próximo verão, através do Pepito, para os nalus de Cabedu? Co-editor CV.


Foto 1 > A felicidade por, ao fim de 35 anos, se passar a dispor de um bem essencial, a água corrente


Foto 2> Houve festa em Cabedu. Chegou o Pepito, o director executivo da AD- Acção para o Desenvolvimento e alguns ex-combatentes brancos... As mulheres nalus puseram os seus melhores trajes


Foto 3> Eu bebi água fresca da torneira... E que bem me soube!


Foto 4> Nota-se a falta de água... e a magia que é um painel solar que alimenta um motor que puxa a água de um poço e que vai abastecer uma aldeia... Vocês não imaginam quanto isto pode representar para estas populações que estão a quase 300 quilómetros de Bissau...


Foto 5> Mulher Nalu em dia de festa


Foto 6> Mais mulheres nalus, uma etnia que, juntamente com os balantas, foi um dos grandes esteios no apoio à luta armada do PAIGC no Cantanhez

Foto 7> O Pepito e a Francisca Quessangue (a ex-enfermeira guerrilheira do PAIGC) em dia de festa para as gentes de Cabedu.


Foto 8> Com água potável, corrente, esta criança do Cabedu tem mais chances de sobreviver e de crescer saudável


Foto 9> Rostos de Cabedu


Foto 10> Restos do Quartel de Cabedu... (2)


Fotos e legendas: © José Teixeira (2008). Direitos reservados.
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Notas do co-editor CV:

(1) Vd. último poste da série>
Guiné 63/74 - P2814: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (4):Carta ao Idálio Reis, ao Hugo Guerra e aos seus camaradas de Gandembel

(2) Referências a Cabedu no nosso blogue:

15 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2763: Bibliografia de uma guerra (27): A geração do fim e a CCAÇ 555, Cabedu, Cantanhez, 1963/65, do Cap António Ritto (Miguel Ritto)

(...) O Capitão António Ritto esteve a comandar a CCaç 555 em Cabedú, Cantanhez, entre 1963 e 1965. Relata essa experiência num dos capítulos do livro Infantaria - A Geração do Fim (...)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2688: Construtores de Gandembel/Balana (1): Op Bola de Bogo, em que participou a CART 1689, a engenharia e outros (Alberto Branquinho)

(...) O nosso camarada Alberto Branquinho foi alferes miliciano na CART 1689 (1967/69), tendo passado por Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá. Ajudou a construir o quartel de Gandembel (...).

12 de Março de 2008 >Guiné 63/74 - P2626: Fórum Guileje (1): E Cameconde ? Cabedu ? E a nossa Marinha ? (Manuel Lema Santos / Jorge Teixeira / Virgínio Briote)

19 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1535: Subsídios para a história da CART 1689, a que pertencia o Belmiro dos Santos João (Vitor Condeço)

(...) "A CART 1689 permaneceu em Catió em actividade de intervenção até ao dia 10 de Junho de 1968, data em que é transferida para Cabedu, onde permanece até 30 de Julho. Nesta data inicia a sua deslocação para Canquelifá, Sector de Nova Lamego, que prossegue em 31 e onde chega às 22h30 do dia 1 de Agosto de 1968" (...).

16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2443: Pami Na Dono, a Guerrilheira, de Mário Vicente (8) - Parte VII: O prisioneiro Malan é usado como guia (Mário Fitas)

(...) Os três homens riram efusivamente. Mas o alferes baralhou tudo, quando solicitou a Quêba para perguntar se conhecia Caboxanque. Pami, sempre atenta, disse que sim. E aqui começou uma autêntica caça nas perguntas e respostas:
- Quantas vezes esteve no Cafal?
- Diz que passou uma vez lá, quando foi a Cabedu, mas não conhece.
- O que é que os militares fizeram em Flaque Injã?
- Não sabe! Mas ouviu falar que tropa queimou morança e escola. E matou pessoal.
- Ela fazia conversa giro só com militar ou com outro pessoal!? (...)