terça-feira, 21 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4226: FAP (25): Encontros quase imediatos ou como a pista de Cacine se tornou curta (Miguel Pessoa)

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Reformado, com data de 16 de Abril de 2009:

Carlos
Sem pressa de o ver publicado, para descanso dos leitores, aqui vai mais um texto relativo a um episódio passado na Guiné com este aviador.
Li uma vez no blogue que temos a tendência para facilmente expor as nossas fraquezas e falhas, em contraste com os nossos antigos oponentes, que referem mais os aspectos positivos das suas acções, às vezes exagerando-os, até.
É capaz de ser verdade, mas a experiência diz-me que podemos aprender menos com a História dos grandes feitos do que com a descrição dos nossos erros ou insucessos e os ensinamentos que daí podemos tirar. É que são estes que nos levam normalmente - assim o queiramos - a procurar fazer melhor na próxima vez que tentarmos.

Um abraço.
Miguel


ENCONTROS QUASE IMEDIATOS

A esquadra 121 da BA 12 operou nos últimos anos do conflito na Guiné três tipos de aeronaves. A actividade de voo prevista para cada piloto da Esquadra apontava para a necessidade de todos saberem voar mais que um tipo de avião, de maneira a rentabilizarem ao máximo a sua disponibilidade para voo.

Ao chegarem à Base, os pilotos vinham qualificados pelo menos num de dois tipos de avião ali existentes - T-6 ou Fiat G-91. O DO-27, o terceiro avião do plantel, sendo um avião relativamente fácil de voar, deveria ser operado por todos os pilotos da Esquadra, motivo porque uma das primeiras tarefas que nos davam era a qualificação neste tipo de avião. Isso era feito utilizando os pilotos mais batidos para instruírem os novatos (vulgo piras) na arte de dominar aquela cavalgadura.

Por norma a única experiência dos pilotos dos Fiat G-91 com aviões convencionais (os que têm aquele pauzinho à frente...) tinha sido no início, na instrução elementar de pilotagem, onde tinham voado o pequeno Chipmunk (bilugar monomotor de asa baixa), passando depois para os jactos, numa sequência lógica que os fazia passar por qualificações sucessivas no T-37, T-33 e F-86, culminando numa adaptação ad-hoc ao Fiat G-91 - no meu caso pessoal 25 horas voadas na Base Aérea 5 (Monte Real) - antes de embarcar para o fim do mundo.

Pessoalmente não senti dificuldades significativas nessa adaptação ao DO-27, dado que, ainda antes de ser brevetado na Força Aérea, já tinha obtido o meu brevet civil no Aero-Clube de Portugal, onde voei essencialmente o Auster, um avião ligeiro de asa alta. Este avião tinha em comum com o DO-27 uma característica que não era muito habitual noutros aviões militares. Sucedia que o piloto, voando do lado esquerdo e tendo a manete do motor a meio do tablier, tinha que usar a mão esquerda para controlar os comandos do avião, o oposto daquilo a que ele estava habituado. Essencialmente o que se verificava era uma menor sensibilidade na execução das manobras, principalmente na fase de descolagem e aterragem (particularmente nesta última). Mas não era nada que não se ultrapassasse com algumas horas de voo no avião. No meu caso nem senti esse problema, pois estava habituado a pilotar de modo igual com qualquer das mãos (mas provavelmente pouco com a cabeça, como se poderá ver mais à frente...).

Tive a sorte de me calhar um instrutor de primeira, o Comandante do GO1201, Ten Cor Brito, o qual me ensinou em rápidas e elucidativas demonstrações como poderia dominar o avião sem danos significativos no mesmo... E a partir daí fiquei apto a desempenhar todo o tipo de missões no DO-27.

Estarão a perguntar-se para que serviu toda esta conversa até agora. Dois motivos me orientaram: Primeiro, a história que tenho para contar resume-se em poucas palavras e assim o texto fica mais composto com esta introdução; segundo, sempre é uma oportunidade de os leigos lerem alguma coisa sobre a Força Aérea e perceberem que isto de trabalhar sentado não é necessariamente coisa fácil...

Entramos finalmente na história que estou há mais de quanto tempo para contar. Expliquei que me sentia à vontade a voar o avião; mas sei hoje, pela minha experiência, que quanto mais à vontade, maior a tendência para a asneira, por sobrevalorizarmos as nossas competências e ultrapassarmos os limites do razoável.

Tem isto a ver com a missão que me levou num DO-27 até à pista de Cacine, isto já no tempo do míssil Strela, o que me obrigou a fazer o percurso até lá a baixa altitude. Mandavam as regras que nesses casos, quando se chegasse ao destino se fizesse uma volta em espiral a subir de modo a posicionar o avião apontado à pista, tentando pôr-se o estojo no chão o mais depressa possível, para evitar ser alvejado.

Assim fiz, mas a volta que executei deixou-me um bocado mais alto do que devia em relação ao início da pista. Prossegui aumentando a razão de descida, o que fez aumentar a velocidade do avião, mesmo com o motor reduzido (i.e., na rotação mínima) - isso tem como consequência natural aumentar também a distância percorrida na aterragem até conseguir imobilizar o avião (a que chamamos "corrida de aterragem").

Até aqui, mal nenhum, porque qualquer aviador esperto sabe que pode tentar uma segunda vez: mete motor, volta a subir e dá a volta (procedimento a que chamamos "borregar") e faz uma nova aproximação à pista, de preferência melhor que a primeira...

Entram então aqui os factores envolventes que por vezes condicionam o discernimento do aviador e o levam a pensar com os pés, conduzindo-o ao desastre. Neste caso, poder-se-iam considerar três: primeiro, o facto de, voltando a subir, ir expor o avião a qualquer atirador entretanto alertado pelo barulho da aproximação inicial; segundo, o facto de no fundo da pista estar estacionado um outro DO-27 que tinha transportado o Gen Spínola até ali, com o piloto descontraidamente encostado ao avião enquanto aguardava o seu regresso do quartel - ninguém gosta de fazer figuras tristes à frente dos seus...; terceiro e último, a presença na pista de um bom número de militares que esperavam igualmente o regresso do Gen Spínola - e o que é um facto é que ninguém gosta de fazer figuras tristes à frente de quem quer que seja...

Assim, por uma questão de brio (neste caso, mais propriamente falta de humildade) resolvi prosseguir para a aterragem. Como era de calcular, aquele excesso de velocidade levou-me a tocar o solo bastante mais à frente do que o habitual, o que me levou a calcar desesperadamente os travões, tentando reduzir rapidamente a velocidade do avião. O facto é que começava a aproximar-me rapidamente do fim da pista... e também do DO que lá estava estacionado, bem no sítio para onde o meu avião apontava.

Tudo indicava que, embora já com velocidade reduzida, não conseguiria parar completamente o avião até chegar lá, pelo que decidi provocar o que se costuma chamar um "cavalo de pau", alterando rapidamente a direcção em que o avião avançava, fazendo um pião em que o avião rodasse 180º, ficando aquele virado em sentido contrário. E assim foi - muito resumidamente, que não gosto de me lembrar disto - travagem forte no pedal direito, fazendo o avião iniciar uma rotação brusca para esse lado, logo seguida de uma travagem brutal com o travão esquerdo, obrigando o avião a rodar para a esquerda; finalmente, quando o avião estava quase a completar os 180º de rotação, uma travadela final com o travão direito para parar a rotação (e para acabar com o resto dos travões...). A verdade é que o avião acabou parado, de costas para o outro DO e a poucos metros dele... um bambúrrio de sorte que eu dificilmente poderia voltar a ter.

O pessoal de Cacine pareceu-me ter ficado impressionado com a demonstração de performance cá do aviador, mas o olhar que o outro piloto me deitou esclareceu-me perfeitamente quanto ao risco parvo que tinha corrido; e nem quero pensar no que teria sido o meu futuro como piloto se o Gen Spínola, no seu regresso, tivesse deparado com os dois aviões enfeixados...

Miguel Pessoa
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de > 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4217: FAP (24): Afinal quem foi o camarada artilheiro do PAIGC que me 'strelou' em 25 de Março de 1973 ? Caba Fati ? (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P4225: Estórias avulsas (9): Periquitos empoleirados numa GMC (Fernando Oliveira)

Segunda parte da mensagem de apresentação do nosso camarada Fernando Oliveira (*), ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné 1968/70), com data de 10 de Abril de 2009:

A minha tropa [1]

Guiné -> Out.68 a Dez.70 -> 26 meses [1]

Há cerca de três meses, vi na televisão parte de uma reportagem desenrolada em Guidage, no norte da Guiné, a respeito da identificação, para posterior trasladação, dos restos mortais de soldados que no início dos anos 70, devido a situações dramáticas vividas lá na altura da guerra colonial, tiveram de ser sepultados naquela zona [procedimento ao arrepio do que era normal, ou seja, o envio dos corpos para a metrópole e a sua entrega aos familiares].

Lembrei-me, então, que estive na Guiné durante 26 meses da minha tropa, e que dois ou três deles foram passados naquela povoação. Recordei também algumas das peripécias que lá vivi ou presenciei. E recordei ainda a boa sorte que me acompanhou durante todo aquele tempo.

Cheguei a Bissau em finais de Outubro/68, após uma viagem de uma semana a bordo do "Uíge". Na época, este navio de passageiros estava requisitado para o transporte de tropas destinadas ao Ultramar e, por isso, seguiam a bordo mais de dois mil militares. E, destes, a grande maioria era constituída por soldados rasos que viajaram nos porões em péssimas condições.

N/M Uíge (1954/1974) pertencente à Companhia Colonial de Navegação.

Com a devida vénia a
http://navios.no.sapo.pt/

O meu grupo viajou em camarotes e era constituído por vinte e poucos furrieis milicianos das Informações, especialidade que tínhamos tirado juntos em Tavira no fim do ano anterior. Fomos todos mobilizados em rendição individual para a Guiné [numa altura em que já estávamos esperançados de não ir para o Ultramar, visto que um mês depois outra fornada de milicianos terminaria a especialidade].

Como aquele navio era de grande calado, teve de ficar ao largo do porto de Bissau. O transporte das tropas para o cais foi feito em barcaças. A meio da tarde, o meu grupo chegou ao cais, todos vestidos com fardas de camuflado, novas a estrear, compradas umas semanas antes no Casão Militar. [E, por causa dessas fardas novas, os militares chegados pela primeira vez à Guiné eram apelidados de periquitos].

Fomos, então, os vinte e tal, distribuídos por viaturas Unimog e GMC [viaturas militares de caixa aberta e banco corrido ao centro] a caminho do Quartel General. A mim e a mais cinco, calhou o transporte numa velhinha GMC. A meio do trajecto, a nossa viatura avariou e... nem para a frente, nem para trás. O soldado que a conduzia apanhou uma boleia e foi ao QG arranjar outro meio de transporte, enquanto nós, os seis periquitos, ficámos à espera, sentados no banco central da gê-éme-cê.

Entretanto, o tempo ia passando e... nada! O transporte alternativo tardava. E o tempo continuava a passar. Eram mais ou menos seis da tarde e... de repente, anoiteceu! E nós, os periquitos, acabados de chegar a Bissau, sentados na GMC, às escuras numa estrada sem luz, estávamos ali todos cagadinhos de medo. Olhávamos em redor e apenas conseguíamos vislumbrar vultos a passar a pé ao lado da viatura. Seriam turras?... [designação dada aos combatentes das forças de libertação que o regime salazarista chamavava de terroristas].

Após duas horas e tal de espera, finalmente chegou o condutor com outra viatura. E, já noite feita, lá nos conduziu ao QG.

Mas, daqueles caguefes e de algumas cuecas borradas, já ninguém nos livrou!

Fernando Oliveira
ex-Fur Mil Rec Inf
Guiné 1968/70
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4214: Tabanca Grande (135): Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70)

Vd. último poste da série de > 18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4206: Estórias avulsas (29): Fur Mil Aguinaldo Pinheiro, o morto-vivo do BART 1913 (Jorge Teixeira)

Guiné 63/74 - P4224: Convívios (116): Pessoal das CCAV 677 e 678, no dia 21 de Junho em Fátima (Santos Oliveira/Rodrigues)

1. Mensagem do nosso camarada e tertuliano Santos Oliveira, ainda em convalescença de um problema de saúde, com data de 18 de Abril de 2009:

Vinhal

O nosso querido Furriel Rodrigues, fez-me chegar este Mail, com o apelo de entreajuda e divulgação.
De acordo com as disponibilidades e na oportunidade...

Cá vou "esperando" a dispensa médica para voltar a ver as novidades do Blogue (que já não o serão, pelo menos desde o dia 30 do mês passado) .
Ontem, pelas circunstâncias que conheces, acabou, no final do dia, por ser difícil para mim.
Ainda não estou estabilizado, mas estou com boas esperanças.
... Mas correu tudo muito bem. Só não houve outro alguém que "botasse" faladura. Eu, nesse momento, estava meio bloqueado pela emoção, pelo que nem me atrevi a tal.
Os Camaradas tiraram fotos pelo que vais acabar por ver e saber como tudo se processou.

Abraços, do
Santos Oliveira


2. Mensagem do ex-Fur Mil Rodrigues para Santos Oliveira

Bom dia.

Meu caro Santos Oliveira.
Votos de boa saude.

Embora de relance, tenho visto algo do que tens escrito no blogue.
Tenho imensa pena que, neste momento, não tenha disponibilidade de tempo para poder participar com alguns testemunhos e vivencias.
Ficará para quando me aposentar... porque reformado sou há 7 anos.

Porque vamos ter o nosso encontro no dia 21 de Junho em Fátima, lembrei-me de te pedir se pode ser inserido, como noticia, a carta que segue como anexo, e se podem fazer divulgação. pode ser que apareça sempre algum que veja o blogue. Teremos gospo em receber toda a "malta que nos conheceu em Tite, S. João ou Fulacunda.

Sei que não é possivel, mas precisava de quem me ajudasse a abrir e ver 350 mails que tenho por abrir!...

Um forte abraço do amigo
Rodrigues


Encontro de 2009, das CCav 677 e 678, dia 21 de Junho em Fátima (*)

António Correia Rodrigues
tonicrodrigues@sapo.pt
Avenida Padre Júlio Fragata, 104
4710-413 BRAGA


Braga, 10 de Abril de 2009
Meu caro amigo e camarada das lides da Guiné.

Um forte abraço extensivo a todos os que te são queridos.

Apesar de termos marcado inicialmente o encontro para o dia 7 de Junho, andamos largos dias a tentar informações que poderíamos realizar o mesmo nesse dia. Começamos por ter indícios que nesse dia seriam realizadas as eleições para o Parlamento Europeu, noticia daqui noticia dali, e veio a confirmar-se aquilo que menos desejávamos. As eleições para o Parlamento Europeu, são mesmo a 7 de Junho.

Não fora saber que muitos dos nossos camaradas estão nesse dia, tal como eu, empenhados nas eleições quer como autarcas, quer como elementos das assembleias de voto, e talvez mantivéssemos a data. No entanto, pretendendo que estejam presentes o maior número de elementos da CCav 677/8 alteramos a data para o dia 21 de Junho em Fátima conforme previsto.

Embora fruto do acaso, ou talvez não, recentemente reparamos que neste ano de 2009, mais precisamente a 13 de Maio, faz 45 anos que chegamos à Guiné, e sem nos termos apercebido da coincidência, escolhemos Fátima para o nosso 17.º Encontro.

O Encontro começa com agrupamento, cerca das 10H45, ao fundo do recinto, junto da estátua do Papa João Paulo II.

Daí seguiremos para a participação na Eucaristia das 11 horas, em cuja celebração será referida a nossa presença.

Para os retardatários, haverá novo reagrupamento no final da Eucaristia e no mesmo sítio.

Partiremos para o restaurante D. Nuno Álvares Pereira
Estrada Minde 326
2495-300 FÁTIMA
Tel.: 249 539 041 que fica na estrada para Minde, a cerca de 6 km.

O valor estabelecido é de 25,00€ e comporta já um pequeno contributo para as despesas de organização.

A confirmação para este almoço deverá ser feita até ao dia 10 de Junho para qualquer dos contactos indicados nesta carta.

Porque foi uma boa experiência, quando fomos para Évora de autocarro, também, todos os do Norte, poderão beneficiar desta possibilidade que se traduz em mais economia, maior conforto e mais convívio.

O preço e locais de entrada serão indicados quando fizerem marcação. Terá a sua partida de Braga às 6,45 horas, passará pelo Porto para recolher quem lá pretender entrar, às 7H30.

Deves manifestar desejo de ir no autocarro o mais breve possível, para que possamos saber com o que contar.

Tal como no anterior encontro, não será ofertada qualquer lembrança, as coisas estão negras… Vamos fazer troca de prendas e como sempre, só tem prenda quem trouxer para trocar. O valor não deverá exceder os 2,50€.

Este convite é extensivo a todos os Camaradas da Companhia de Cavalaria 678, nossos convidados em encontros anteriores. Bem-vindos.

Contactos:
Rodrigues
Mail – tonicrodrigues@sapo.pt

Telemóvel 919 717 832
Trabalho 253 262 824
Telefones fixos:
Casa depois das 20 horas: 253 693 615

Manuel Fernandes (2001)
Telemóvel 917 634 474
Telefone casa 253 577 883

Restaurante D. Nuno
Telefone 249 539 040

MAPA DE LOCALIZAÇÃO


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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

25 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3516: Em busca de... (54): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599 (Resultados) (Santos Oliveira)
e
23 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3504: Em busca de... (53): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599, Guiné, 1964/66 (José Matos)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 200): Guiné 63/74 - P4219: Convívios (113): Pessoal da CCAÇ 3491, no dia 16 de Maio, em São Martinho de Antas, Sabrosa, Vila Real (Luís Dias)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4223: Efemérides (20): Faz hoje 39 anos que foram mortos os 3 majores e o Alf Mosca no chão manjaco (Manuel Resende)

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > Em primeiro plano, o Alf Mil Cav Op Esp Mosca na véspera de Natal de 1969 a preparar um petisco na cozinha (3 meses e meio antes de ele morrer, juntante com os 3 majores e o resto dos seus acompanhantes, guineenses).

Passam hoje 39 anos sobre sobre a tragédia do chão manjaco. Curvamo-nos à sua memória dos nossos camaradas (Maj CEM Raul Ernesto Mesquita Costa Passos Ramos, Maj Art Joaquim Pereira da Silva, de Inf Alberto Fernão Magalhães Osório, e Alf Mil Cav Joaquim João Palmeiro Mosca) e à memória dos guineenses que os acompanhavam (Mamadu Lamine Djuare, Patrão da Costa e Aliu Sissé).

Segundo a legenda (rectificativa) que nos mandou o Manuel Resende (que mora em São Domigos de Rana), "ao meio é 2º Sargento da Companhia, (não me lembro o nome); ao fundo é o Alf Marques Pereira". A crescenta ainda que a companhia dele, a CCaç 2585 partiu para a Guiné, no T/T Nassa, em 7 de Maio de 1969, portanto duas semanas antes da CCaç 2590, independente (futura CCaç 12) a que pertenci eu e o Humberto Reis, o cartógrafo-mor... (LG)



1. Mensagem do Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCaç 2585, BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo, Teixeira Pinto, chão manjaco (1969/71):

O Manuel Resende já se apresentou há tempos à nossa Tabanca Grande (**). Hoje envia-nos as fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos MAJORES no Chão Manjaco, faz hoje precisamente 39 anos.

Caro Luís:

Sou o Manuel Resende, ex-Alf da CCaç 2585 de Jolmete. Lá era o Alf Ferreira. Junto envio as duas fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos três MAJORES. É o meu contributo para um futuro esclarecimento total desta situação.

Alguém questionava, num dos artigos que li no Blogue sobre o local exacto onde os Majores foram assassinados. Pois o local exacto já foi devidamente explicado, até com fotos do Google Earth. Está correcto. Foi junto à segunda bolanha a contar de Jolmete-Pelundo (cerca de 5 Km de Jolmete).

Mas surge outro problema: porquê ali e não no local previamente combinado entre eles, junto à terceira bolanha (no mesmo sentido, ou primeira a contar do Pelundo-Jolmete também a cerca de 5 Km do Pelundo)?

Devido à demora nos resultados da reunião, ao anoitecer foi-nos dito pelo Comandante da Companhia o que se estava a passar, e que tinha sido decidido sair tropa de Jolmete em direcção ao Pelundo e do Pelundo em direcção a Jolmete, até se encontrarem. O resto já todos sabem.

Acrescento só que eu também ouvi alguns tiros, penso que três, longínquos, cerca das três ou quatro horas da tarde. Em tempo de defeso ouvir tiros no mato,... foi muito esquosito e comentado, mas como só o Capitão sabia o que se estava a passar, a coisa ficou assim.

Acredito mas não compreendo como os mártires foram esquartejados por rajadas de metralhadora, sem que nós tivéssemos ouvido. É mais fácil ouvir uma rajada do que um tiro avulso. A ideia com que fiquei na altura é que foram todos assassinados com um tiro na nuca. Por quem? ... Esse é outro problema.

Não quero contradizer ninguém, mas no Domingo, véspera do fatídico dia 20 de Abril de 1970, ao jantar, o Major Pereira da Silva recebeu um telefonema dizendo que um tal "Luís" iria estar presente na reunião. Segundo testenunhas o Major ficou petrificado, depois desse telefonema. Foi ele que não autorizou a ida do comandante do CAOP, Coronel Alcino, e outras pessoas que estavam previstas ir, pois parece que já adivinhava o que se ia passar. Daí também ele ter escrito a carta à esposa antes de sair. Estavam previstos três jipes e só saíram dois.

Caro Luís, em 1980 fui à Guiné em serviço da empresa onde trabalhava. Estive a falar com um Tenente do PAIGC, que me foi apresentado. Éramos vizinhos em Jolmete, pois ele lembrava-se bem da Companhia 2585. Depois de alguma conversa concluímos que estivemos várias vezes em confronto. Disse ele:
-Os Portugueses eram muito ingénuos, pensavam que nós nos íamos entregar ...

Nota: Podes corrigir ou cortar texto se for necessário para melhor enquadramento.
Eu tenho cerca de 200 fotos, muitas sem interesse, mas irei enviar algumas. Hoje vou mandar três, sendo uma com três Alferes da Companhia (eu estou no meio), outra com o Alf Mosca na véspera de Natal de 1969 a preparar um petisco na cozinha (3 meses e meio antes de ele morrer), e uma do Dandi, Cap de Milícia, para preparar o próximo apontamento.

No comentário anterior que fiz, ao dizer o nome dos Alf da Companhia, por lapso, não disse Raul antes de Manuel Charraz Godinho (*). Aqui fica a rectificação: Raul Manuel Charraz Godinho.

Um abraço e até outro dia.

Manuel Resende

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O Capitão de Milícia, Dandi.

Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > 3 alferes da companhia, o Manuel Resende, mais conhecido pelo último apelido, Alf Ferreira, é o do meio.

Fotos: Manuel Resende (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:

(*) Vd. os últimos postes sobre o massacre do chão manjaco:

1 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2320: Relatórios Secretos (1): Massacre do Chão Manjaco: O resgate dos corpos (Virgínio Briote)

27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1970)

(**) Vd. poste de 26 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4080: Tabanca Grande (127): Manuel Resende, ex-Alf Mil, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1969/71): como o mundo é pequeno e o nosso blogue é grande

Guiné 63/74 - P4222: Agenda Cultural (7): Os Traumas da Guerra Colonial, Museu de Arte Sacra e Etnologia, Fátima, 24/4/09 (J. Mexia Alves)

1. Mensagem do nosso camarada J. Mexia Alves, com data de 20 de Abril de 2009, reencaminhando uma mensagem do Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima:

Meus caros camarigos

Para conhecimento da Tabanca, se assim acharem de bem.

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves





2. De: Museu de Arte Sacra e Etnologia
Data: 20/04/2009

Exmos(as). Senhores(as),

“Os Traumas da Guerra Colonial” é o tema da próxima tertúlia no Museu a realizar-se no próximo dia 24 de Abril, sexta-feira, pelas 21h00, no MASE -Museu de Arte Sacra e Etnologia, em Fátima.

Foram convidados especiais para esta tertúlia o médico psiquiatra Afonso de Albuquerque e o Armindo Roque da Associação APOIAR.

Esta tertúlia irá ter também a participação de quatro alunos do Centro de Estudos de Fátima que elaboraram o projecto ”Heróis esquecidos”.

“Tertúlias no Museu” resulta de uma parceria entre o Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata e a Junta de Freguesia de Fátima, visando desenvolver mecanismos culturais para a comunidade local. A entrada é livre.

Sexta-feira dia 24 de Abril – 21h00

Museu de Arte Sacra e Etnologia
Instituto Missionário da Consolata
Rua Francisco Marto, 52 Apt. 5
2496-908 – FÁTIMA
Tel 249 539 470
Fax 249 539 479

E-mail: museuartesacra@consolata.pt
Blog: Museu de Arte Sacra e Etnologia
Sítio Instituto Missionário da Consolaado IMC: /
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Nota de CV:

Vd. último poste de 15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4191: Agenda Cultural (7): 2º Ciclo de Conferências 'Memórias Literárias da Guerra Colonial', Espaço Grandella, Lisboa (José Martins)

Guiné 63/74 - P4221: Da Suécia com saudade (11) (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (11): Custa a acreditar que o Gen Almeida Bruno nos trate assim

1. Mensagem de Joseph Belo (*), ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Reformado, com data de 30 de Março de 2009:


Foi com grande surpresa que tive conhecimento dos comentários do Sr. General Almeida Bruno. É, na verdade, difícil de acreditar que o Sr. General trate os Soldados, Sargentos e Oficiais que desempenharam talvez menos romantizadas funções como tropa de quadrícula, de semelhante modo (**).


  • Ocupação e interdição de terreno.
  • Protecção local das populações e tabancas isoladas.
  • Abertura de novas estradas.
  • Construção de postos escolares onde militares voluntários ensinavam a ler e escrever.
  • Assistância sanitária a populações que nunca tinham visto um medicamento, com um carinho e dedicação incompreensíveis nas circunstâncias em que era exercido.
  • Escoltas heróicas a colunas de abastecimentos por itenerários pré-conhecidos e devidamente armadilhados, ou emboscados, pelo inimigo.
  • Muitos vivendo em isolados destacamentos sem disporem de, literalmente, NADA!

Não se podem esquecer os riscos e os actos de heroismo practicados pelos Pára-quedistas, Fuzileiros ou Comandos. Mas não se pode também esquecer que, terminadas as operações, as tropas especiais regressavam à cidade, ao duche, ao rancho digno de seres humanos, e a um mais que merecido período de descanso... em segurança.

Comparar com as condições diárias, semanais, mensais, anuais da tropa da quadrícula em tabancas e aquartelamentos perdidos algures na mata? Bandos,  meu General?

Para os Camaradas que o desconheçam, o Sr. Gen. Almeida Bruno tem uma folha de serviços das mais heróicas e exemplares de entre os oficiais que COMBATERAM na guerra colonial. Os que serviram sob as suas ordens testemunham que as tão altas condecorações e louvores que recebeu foram justas. Inúmeros actos de heroicidade, e sacrifícios para além do dever, acompanhados sempre por uma exemplar solidariedade para com os subordinados, eram a norma do procedimento do Sr. Capitao Bruno.

Muitos desconhecerão que os óculos escuros que sempre o acompanhavam são o resultado de grave deficiencia ocular que quase lhe provocou a cegueira ao recusar ser evacuado de uma operação em que participava para não abandonar os seus camaradas na difícil situação em que se encontravam. E, para os mais políticos temos que nos recordar ter sido Almeida Bruno preso pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) em Marco de 1974, por ter optado por se revoltar antes de ser mais conveniente fazê-lo.

Onde quero chegar com tudo isto? Ao facto de ser totalmente INCOMPREENSIVEL, INACEITAVEL e INDESCULPAVEL que o Sr. General tenha qualificado de uma forma geral os involuntários da guerra da Guiné como um... bando! E, mesmo que, se em algumas situações muito específicas, guarnições poderão não ter estado à altura das circunstâncias, não será aos Soldados do Contingente Geral, Furriéis e Alferes Milicianos, ou mesmo Capitães Graduados, que as culpas devem cair!

Melhor que ninguém, quanto à Guiné, o Sr. General o deveria saber!Talvez, afinal, o poeta esteja certo quando escreveu referindo-se ao nosso querido Portugal:
- O meu País? O meu País é o que o mar não quer!

Estocolmo 30/3/09
José Belo.


2. Comentário de CV:

Quero pedir desculpa ao camarada Belo pela demora na publicação desta sua mensagem, que já é de 30 de Março, ainda por cima tratando-se de um comentário às lamentáveis e ofensivas palavras, a nós todos dirigidas pelo Gen Almeida Bruno (**).

Claro que o assunto não está esgotado e algo que apareça será sempre alvo da nossa atenção.

Nesta mensagem porém, o tom é diferente das demais, tendo alguns comentários e esclarecimentos, mais ponderados e frios, explicaria melhor para não ferir susceptibilidades, mas apaziguadores, sem no entanto desculpar o General.

Cada pessoa tem o seu estilo de escrita e, ainda bem que há pluridade para que todos sejamos lidos e discutidos.

Muito obrigado pelos vossos comentários.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4056: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (10): Um certo CMDT de Batalhão nas margens do Cacheu

(**) Vd. poste de 18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4208: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (15): Curvo-me perante V.Ex.ª, uma vez mais... (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P4220: Cancioneiro do Cantanhez (2): Cabedu és nossa terra (Tony Grilo, Canadá)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cantanhez > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67)> Capelinha do antigo destacamento de Cabedu ... O autor da foto, Tony Grilo, esteve em Cabedu ao tempo da CCAÇ 1427 que, em 30 de Maio de 1967, foi substituída pela CART 1614 (*).

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cantanhez > Cabedu > Vista aérea do destacamento e da tabanca de Cabedu, com a sua pequena pista de aviação.

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catió > Cemitério de Catió > Duas sepulturas de militares portugueses, pertencentes à CCaç 1427 (1965/67), segundo informação do Tony Grilo.

Fotos: © Tony Grilo (2009). Direitos reservados.

1. Resposta do nosso camarada da diáspora (vive no Canadá desde 1972), Tony Grilo, que foi Apontador de obús 8,8, em Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966 e é membro da nossa Tabanca Grande desde Março último (**)... Ele entrou em contacto connosco, em 5 de Março, tentando saber notícias da malta que passou por Cabedu, entre 1966 e 1968: CCAÇ 1427, CART 1614 e BAC [Bateria Anti-Costa].


Amigo Luís Graça:

Obrigado pelo teu email.

Dando resposta as tuas perguntas àcerca de Cabedu, vou tentar explicar o melhor possível.

Era um acampamento no meio da célebre mata do Catanhez, só podíamos sair de lá, por mar ou de avião.

Era um acampamento pequeno quando lá cheguei (em Julho de 1966).Tinha uma pista para avionetas e helicópteros,uma população muito pequena, talvez umas 15 a 20 tabancas [moranças],com uma clareira de uns 100 metro até à mata.

Quando cheguei, estava lá a [CCaç] 1427,uma companhia velha, com bastante experiência, e com algumas operações no Catanhez, onde numa delas tiveram 2 mortos e vários feridos, um deles com uma bazucada na cabeça. Por sinal tiveram que deixar o corpo na mata e fugir, pois os turras caíram-lhes em cima, se não fugissem ainda lá ficariam mais (***).

Da 1427 ficaram 2 mortos enterrados em Catió. Aí vão as fotos das seputuras (***).

Durante os meus 18 meses en Cabedu, alargámos o acampamento para o dobro, fizemos abrigos subtertrâneos, um paiol de munições, uma igreja (aí vai a foto) e um campo de futebol.

Estavamos perto de um famoso acampamento, Darsalame, onde o Amilcar Cabral e o Agostinho Neto [o autor deveria querer dizer 'Nino' Vieira..., já que o angolano Agostinho Neto era dirigente do MPLA e não do PAIGC], paravam muito. Numa das operações da [CCaç] 1427 e mais 2 companhias, quase que apanharam o Amílcar, mas ele foi mais esperto e safou-se.

Fomos atacados muitas vezes, pois os turras tinham a pouca vergonha de vir mesmo à beira da mata, apontavam o canhão sem recuo, em fogo directo, e salve-se quem puder. Mas assim que o obus 8,8 começava a vomitar, os turras calavam-se logo e fugiam, pois onde elas (as granadas)caíam faziam um estrago termendo.

Muita fome se passava aí, pois estavamos quase sempre sem mantimentos. Como tudo era trazido por batelões, levavam uma vida a chegar lá, então tínhamos que nos desenrascar, as galinhas dos pretos é que pagavam. Quando não havia chance para isso, iamos para a tabanca comer bianda com eles.

Apanhei ai uma fraqueza tão grande, por vezes não conseguia segurar-me nas canetas, até que tive que ir para Bissau ao hospital fazer exames, pois estava com uma anemia do último grau. Pois é, meu caro Graça, desculpa a liberdade, até bicho branco deitava nas fezes...

Quanto à tua pergunta sobre a minha vinda para o Canadá... Foi mais uma das minhas aventuras (pois a gente só esta bem onde não está).

Como tinha cá a minha irmã e cunhado, nesse tempo tudo foi muito fácil para eu imigrar, e então vim. Mas hoje, se me perguntares se estou arrependido, em parte estou, pois deixei um bom emprego e tinha uma boa situação em Portugal. Por outro lado, estou feliz pois pude dar uma boa educação aos meus 4 filhos que, todos, estão bem na vida, aqui.

Emfim, nem tudo na vida são rosas.

Graça, agora aí vão uns versos que eu fiz em Cabedu.

Um grande abraço para toda a TERTúLIA.
Tony Grilo

2. Cancioneiro de Cantanhez > Cabedu, nossa terra (*****)
por Tony Grilo


Nas tabancas dos nativos
Nós fazemos uma acção
Que certo Mundo não sabe
Que nos sai da coração.

O inimigo espreita
Atacando gente boa,
Mas os soldados respondem
Sem ser com tiros à toa.

De canais e muito mato
É composta a região,
Os musquitos são malignos
Terroristas de picão.

Com insectos ou sem eles
Que o tempo se vá passando,
Oh malta, já estamos vendo
O Niassa navegando.

Em Cabedu, em Cabedu,
Vão desfilando tantos soldados,
Mesmo com guerra, és nossa terra,
Nestes dois anos amargurados.

Oh Cabedu, oh Cabedu,
És fortaleza desta Guiné,
Te defendemos com valentia,
Aqui no mato, de noite e dia.

Cabedu, 1966
Tony Grilo

[Fixação / revisão de texto: L.G.]

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3182: Em busca de... (38): Causas da morte do Alf Mil Manuel Sobreiro (Mampatá, 1968) Parte II (José Martins)

Vd. postes de:

5 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3986: O Nosso Livro de Visitas (57): Tony Grilo, Canadá: Artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)

24 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4073: Tabanca Grande (126): Tony Grilo, Artilheiro, Apontador de obús 8,8 (Guiné, 1966/68)

15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4192: Estórias avulsas (28): Sorte na Vida... ou quando uma dor de dente te salva a vida (Tony Grilo, Canadá)

(***) Segudo os dados recolhidos e tratados pelo nosso camarada A. Marques Lopes, haveria apenas um militar da CCaç 147, sepultado em Catió:

Vd. poste de 5 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)


(...) Avelino do Patrocínio Lage, Soldado / CCaç 1427 / 03.01.66 / Cafal / Ferimentos em combate / Paranhos, Porto / Corpo não recuperado.

(...) Adolfo do Nascimento Piçarra, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Ferradosa, Alfândega da Fé / Cemitério de Catió, Guiné.

(...) Albino Teixeira Martins, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Cachopo, Tavira / Corpo não recuperado.


(****) Vd. último poste da série > 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3915: Cancioneiro do Cantanhez (1): De Cafal Balanta a Cafine, Cobumba, Chugué, Dugal, Fatim... (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P4219: Convívios (115): Pessoal da CCAÇ 3491, no dia 16 de Maio, em São Martinho de Antas, Sabrosa, Vila Real (Luís Dias)

1. Mensagem de Luís Dias (1), ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (2), Dulombi e Galomaro, 1971/74, com data de 18 de Abril de 2009:

Caro Carlos Vinhal

Não te queria maçar muito porque deves estar com muito que fazer, por "estares de serviço" ao nosso blogue. Assim, venho apenas pedir que publicites no blogue o Almoço-convívio da minha companhia - a CCAÇ 3491, que anexo.

Um abraço
Luís Dias

ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO DA CCAÇ 3491 “GUINÉ 71-74”

MAIO – 2009





Caro Amigo e Camarada de Guerra

É com enorme prazer e alegria que vimos convidar-te para mais um Almoço-Convívio entre os elementos da Companhia de Caçadores 3491. Lembramos que neste ano comemoramos os 35 anos da chegada ao nosso país, depois de cumpridos 27 meses e meio de Guiné e vamos com certeza recordar aqueles autênticos “campos de férias” (Dulombi, Galomaro, Paiai Lemenei, Rio Corubalo, Vendu Cantoro, Vendu Columbai, Bangacia, Samba Árabe, Campata, Rio Mondajane, Padada, Jifim, Cansamba, Umaro Cossé, Samba Cumbera, Mali Bula, Dulô Gengele, Pate Gengele, Sincha Bucô, R.Canhanque, Sangue Cabomga, Sarrancho, Deba, etc….) e também a imensa camaradagem e sincera amizade que nos uniu e une. Ainda, relembrar os camaradas que já partiram e que nos deixaram uma infinita saudade.

Caso saibas de algum camarada que, por qualquer motivo, não tenha ainda participado nos nossos encontros anuais, envia-lhe o convite ou fala-lhe deste encontro. O convívio é ainda aberto a camaradas do Batalhão ou que tenham estado na Guiné e que queiram participar desta reunião, bem assim, como é hábito, às nossas famílias.

O Almoço-Convívio terá lugar no próximo dia 16 de Maio (Sábado), a partir das 10H00 da manhã, em São Martinho de Antas, Concelho de Sabrosa, Vila Real.

A Concentração efectuar-se-á no Largo do Eiró, no centro de S. Martinho.
Às 11H00 faremos uma visita à casa e ao busto do escritor filho da terra, Miguel Torga.
Às 11H30, será celebrada uma missa de Acção de Graças, na Capela de Nossa Senhora da Azinheira e
às 12H00 partiremos para o Restaurante Constantino, onde será servido o almoço.

O almoço será antecedido de entradas típicas de Trás-os-Montes e depois teremos, como não podia deixar de ser, a boa vitela e o bom cabrito assado desta região. Serão servidas as sobremesas e a acompanhar o repasto, os bons vinhos da zona.

O preço é de 30 euros por pessoa.

Resta pedir que tragam apetite e que confirmem para o organizador a vossa presença até ao dia 30 de Abril de 2009.

ORGANIZADOR: António Augusto de Jesus Pinto Melro

S. Martinho de Antas

Telefone: 259 939 659
Telemóvel: 934 557 883


“OS DENTES ESTÃO ENVELHECIDOS, MAS AINDA
MORDEMOS. ESTAMOS VIVOS!”
COMEMORAÇÃO DOS 35 ANOS APÓS O REGRESSO.
VALOROSA CCAÇ 3491 QUE TANTO
PERCORRESTE……!!!!
“É MUITO!”


Junta-se mapa de acesso ao local do Almoço-Convívio para uma melhor localização.


__________

Nota de CV:

(1) Vd. poste de 22 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4068: Recordando a tragédia do Quirafo, ocorrida no
dia 17 de Abril de 1972 (Luís Dias)


(2) Vd. poste do dia 11 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4012: Efemérides (18): Faz hoje 37 anos que tivémos o primeiro contacto com o IN (Luís Dias, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)

Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4213: Convívios (112): Pessoal da CART 2339, Os Viriatos, dia 23 de Maio de 2009 no Alto Foz, Peniche (Carlos Marques Santos)

Guiné 63/74 - P4218: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (13): Um mês complicado (2) Emboscada bem montada

1. Mensagem de Luís Faria, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 16 de Abril de 2009:

Amigo Vinhal

Segue mais uma Viagem… que relata aligeirada mas fielmente, uma situação complicada com pormenores que julgo jamais esquecer, na sua essência.

Um abraço amigo
Luís Faria


Bula – um mês complicado (2)
Emboscada bem montada

Dias após a Op. Borboleta, com o meu 2.º GComb fomos de novo palmilhar Ponta Matar a desígnios da Op. Bajudinha.

Como sempre, saída à noite, entrada na mata ao amanhecer, progressão com atenção redobrada sem facilitar, evitando o mais possível os trilhos e clareiras, ouvidos atentos aos sons ambiente e sua alteração, sentidos alerta e prontos a reagir, enfim aplicando as medidas possíveis de segurança que íamos aprimorando com a experiência.

Por termos tido uma instrução de Tropa Especial , o Castro e eu considerávamos que a segurança do Grupo era maior indo um de nós, por norma, em primeiro ou segundo lugar na fila o que também nos permitia melhor controlar o andamento na progressão e evitar ou corrigir mais rapidamente, possíveis riscos de itinerário. Não nos demos mal com este sistema e usámo-lo durante toda a comissão (O Fontinha também o usou no 4.º GComb)

Pela hora de almoço o pessoal, mantendo as posições parou numa zona de árvores de grande porte e com alguns baga-baga, aproveitando para comer algo e descansar. Até aqui… tudo a correr bem.

Menos cansados e já reabastecidos, recomeça-se o andamento em mata folgada, comigo em segundo lugar, Barros a meio e Castro na retaguarda. A dada altura, por a mata ser extremamente fechada, fomos obrigados a seguir num antigo trilho de viaturas, que após uma curva à direita, desembocava numa pequena bolanha e ladeando-a dividia-se virando à esquerda na orla, e seguindo em frente em trilho mais estreito.

Tomadas as devidas precauções, avançamos a descoberto, situação que não me agradou, mas era forçosa e já perto da bifurcação, rebenta a emboscada à minha esquerda, com violência, apanhando-me e a uma dezena de rapazes em campo aberto, obrigando-nos a atirar para o chão, usando como protecção relativa o rebordo alteado do desnivelamento do trilho com a bolanha, (ver croquis)

Croquis da emboscada (Op. Bajudinha – Ponta Matar )

Estendidos no chão, ripostamos sem que o restante pessoal mais atrasado pudesse intervir eficazmente - à excepção talvez do Cancêlo e seu morteiro e do Augusto com os seus dilagramas - por causa da mata quase impenetrável que os ladeava e impossibilitava a movimentação de envolvimento.

De súbito vejo levantarem-se salpicos de terra a escassos palmos à frente da minha cabeça e o sentido da sua deslocação indica-me que os tiros vêm das árvores que estão à minha retaguarda. Rodo sobre o corpo e faço uma série de tiros para a única árvore que considerei passível de acoitar o atirador (3.ª vez que me aconteceu uma situação do género. A primeira no Choquemone, a segunda uns dias atrás nesta mesma zona de Ponta Matar) que, ou por ter sido atingido ou se sentir detectado, deixou de os fazer.

Ao rodar de novo para a posição inicial, ouço e vejo um rebentamento de morteiro no trilho mais estreito que estava no enfiamento da picada, logo seguido de um outro e mais outro, cada vez mais próximos de nós!! Era óbvio que havia um morteiro IN no trilho estreito, que não conseguia ver, mas que vinha alongando o tiro na nossa direcção. (ver croquis)!!!

Gritei para o Pessoal:
- Morteiro!!… saiam do trilho !!

Deitado passei-me para o outro lado do rebordo, no que fui seguido pela rapaziada. Mais três ou quatro morteiradas caíram já na zona e acabaram, fazendo-nos um ferido – creio que o 1.º Cabo Castanhas, (já tinha sido ferido no Choquemone) - tendo sido evacuado por heli.

… Julgo que, com a chegada de apoio aéreo e do heli para evacuação, tudo acaba.

Tínhamos ultrapassado uma dura emboscada, mas desta vez e no meu entender, concebida para arrumar com uma série de nós, o que só não aconteceu graças a Deus, à calma fria e experiência que cada vez mais íamos adquirindo.

Ao que deduzi e aprendi, o IN detectou-nos e conhecedor do terreno , apercebendo-se de que tínhamos entrado naquele antigo trilho de viaturas, sabia que não tínhamos outra saída que não fosse desembocar na bolanha. Daí ter tido tempo mais que suficiente para nos armar aquela emboscada tão bem montada!

De novo confirmei que em progressão na mata, os trilhos, picadas, clareiras eram de evitar a todo o custo, se queríamos ter mais hipótese de regressar pelo próprio pé e… SOBREVIVER . Era também para isso que lá estávamos!

Nota: O 1.º Cabo Castanhas foi um dos que, muito merecidamente foi distinguido com o Prémio Governador.

Um abraço à Tertúlia
Luís Faria

Bula (Ponta Matar) – Op. Bajudinha - Sold. Seno com a G3 do evacuado

Bula (Ponta Matar) – Op. Bajudinha - Evacuação

Fotos e legendas: © Luís Faria (2008). Direitos reservados

__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4174: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (12): Bula - Um mês complicado (1) Faria, oh Faria, apanharam-me

domingo, 19 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4217: FAP (24): Afinal quem foi o camarada artilheiro do PAIGC que me 'strelou' em 25 de Março de 1973 ? Caba Fati ? (Miguel Pessoa)

1. Comentário do Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav (BA, Bissalanca, 1972/74), 'strelado' em 25 de Março de 1973, sob os céus de Guileje:

Luís

Quando é referido no poste P4185 (*) "O artilheiro do PAIGG, encarregue de disparar o Strela (Caba Fati, hoje major, se bem percebi o nome)", fiquei um bocado admirado pois, quando lá estive em 1995 no Guileje, o grupo de altos comandos guineenses, onde se incluía o Nino Vieira, contou a história do meu abate e referiu um nome de que já não tenho a certeza absoluta - Camará? Kamará? - como tendo sido o atirador do Strela que me acertou (era qualquer coisa parecida com "camarada" mas, despistado como sou, nem escrevi o nome...).

Na altura referiram ainda que ele não estava de momento na Guiné mas sim em Angola, como cooperante.

Enfim, não tem grande importância, pois fosse Caba Fati, Camará ou Kamará, o facto é que fiquei cá para contar... O pessoal presente ficou um bocado chocado quando lhes disse descontraidamente que tinha andado lá mais um ano à procura dele, mas que, pelos vistos, não o tinha encontrado... Mas de que é que estavam à espera? Que lhe quisesse dar um abraço, como fazemos aqui no blogue ?!

Um abraço (Cá está!)
Miguel Pessoa

2. Comentário de L. G.:

Parabéns ao teu saudável sentido de humor... Não sei se já o tinhas antes de seres 'strelado' (**), mas um gajo como tu que teve a estrelinha da sorte e a varinha de condão da audácia para se safar de um ronco daqueles ('a sorte protege os audazes', dizia a malta dos comandos...), bem pode permitir-se o luxo de passar o resto da vida a contar histórias de humor negro...

De facto, o comentário, na frente do Nino e dos demais altos dirigentes do PAIGC, em finais de 1995, em Guileje, aquando da reportagem para televisão, é um peça de antologia, de fina ironia, de superior inteligência, muito apropriada para a ocasião, mesmo que os interlocutores a tenham engolido em seco

... Vieste-me embora, para Portual, sem poderes entregar pessoalmente o 'cartão de visita ao sr. Cabá Fati ou Camará, o apontador do Strela que te levou ao tapete, que te derrubou mas não te venceu... Ainda lá andaste mais um ano e tal à procura de desforra...porque ao fim e ao cabo ninguém gosta de perder nem a feijões...

Confesso que, ao voltar a ouvir o Nino no vídeo, desta vez consegui ouvir bem e 'apanhar' o nome do camarada, que te 'strelou': não há dúvida que foi tal major Caba Fati, nome de resto também referido por Féfé Gomes Cofre (no filme As Duas Faces da Guerra)...

A triangulação é sempre é uma boa forma de validação de fontes de informação. Pode ser que algum amigo, da Guiné-Bissau ou de Cabo Verde, nos possa dar uma ajuda a respeito0, confirmando ou informando este dado...

Não se pense que é um exercício, por nossa parte, de sadomasoquismo... Acusam-nos de, quarenta anos depois, ainda andarmos a chafurdar no tarrafo da história da guerra da Guiné... Se a guerra já acabou há muito (e terá acabado mesmo, de verdade ?, pergunto eu), por que é que vocês não se sentam, quietinhos, no sofá, a ver televisão e a gozar a vossa bela reforma ? Que raio de gente!

Afinal, ainda sabemos tão poucas coisas sobre o outro lado da guerra... Outros, por cá, com ar mais sobranceiro, académico, doutoral, mediático, dirão que isto são 'penuts' (mancarra), 'petite histoire', coisa de somenos importância... Mas por que carga de água quer o homem saber quem o derrubou como Strela ?

Eu discordo, e daí a razão por que dei o devido destaque à tua oportuna e interessane questão: afinal, quem é que me quis matar ? O Nino e o Féfé (que eu conheci pessoalmente no decurso do Seminário Internacional de Guileje, Bissau, 1-7 de Março de 2008) parece não terem dúvidas: foi o tal Caba Fati, hoje senhor major das Forças Armadas da República da Guiné-Bissau... Por que não procuras entrar em contacto com ele ? Já tivemos algum sucesso nessas buscas de inimigos do passado. Por exemplo, localizámos e entrevistámos há tempos, em Bissau, o homem que comandou a terrível emboscada do Quirafo, o comandante Malu (***).

Não tenho dúvidas de que o teu encontro com o major Caba Fati seria emocionante, e que desta vez lhe darias o até agora adiado Alfa Bravo, o abraço da paz e da reconciliação... Ou não ? Acredito que o homem olhasse para ti, meio encavacado e incrédulo (por seres um sobrevivente famoso), e te dissesse à laia de desculpa:
- Desculpa, camarada Pessoa, mas guerra é guerra...

Miguel: Adoraria filmar esse encontro!...

__________

Nota de L.G.:


(*) Vd. poste de 14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4185: Nino: Vídeos (4): Guidaje, Guileje, Gadamael: A Op Amílcar Cabral

(...) Esta e outras falhas de informação e coordenação são reconhecidas e comentadas por 'Nino' que evoca aqui também o derrube por um Strela, em 25 de Março de 1973, do Fiat G-91, pilotado pelo então Ten Pilav Miguel Pessoa, sob os céus de Guileje...

Segundo ele (e essa versão é também corroborada por Pedro Pires, no seu depoimento, na II Parte do filme de Diana Andrnga e Flora Gomes, As Duas Faces da Guerra), a "operação de Guileje" começou com uma espécie de armadilha, montada à nossa Força Aérea. Os guerrilheiros sabiam que, após um ataque a Guileje, era pedido apoio de fogo a Bissalanca. Dez minutos depois, eram sobrevoados e bombardeados pelos Fiat.

Daquela vez, havia o Strela, um moderno míssil terra-ar, disponibiliado pelos soviéticos, tendo em vista a escalada da guerra... O artilheiro do PAIGG, encarregue de disparar o Strela (Caba Fati, hoje major, se bem percebi o nome) daquela vez não falhou... A euforia foi tão grande, entre as hostes do PAIGC, que eles nem se deram o trabalho de procurar o piloto e de aprisioná-lo, no caso de ainda estar vivo... (Vd., a este respeito, o testemunho do antigo guerrilheiro Féfé Gomes Cofre, na II Parte do filme da Diana Andringa e do Flora Gomes) (...).

(**) Vd. postes de:

29 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3816: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (5): Strelado nos céus de Guileje, em 25 de Março de 1973 (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav)

4 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3839: FAP (4): Drama, humor e... propaganda sob os céus de Tombali (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

(***) Vd. poste de 12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago)

Guiné 63/74 - P4216: (Ex)citações (23): Homenagem à memória do Capitão Pára-quedista João Costa Cordeiro (João Seabra)

1. Comentário de João Seabra (1), ex-Alf Mil da CCAV 8350, Piratas de Guileje (Guileje, 1972/73) deixou um comentário no P4184 (2) :

Caro Miguel Pessoa,
Deixa-me aproveitar a boleia, para homenagear a memória de um dos Comandantes da CCP 123 que conheci em Gadamael, o Capitão Pára João Costa Cordeiro, valoroso combatente e ser humano de eleição, estupidamente falecido num acidente.

Foi a ele que, pela primeira vez, ouvi o comentário "fez-se o que foi preciso" (que não me recordo de ver aqui mencionado, mas a que faço alusão num texto que, por ser muito pesado, talvez tenha circulado fora do blogue, entre os interessados).

Poderia multiplicar-me em adjectivos sobre o meu homenageado. Bastará, todavia, referir o seguinte:

- A minha Companhia (CCAV 8350) e a CCAÇ 4743, saíram de Gadamael em 25JUN73, sendo substituídos pela 3ª Companhia do BCAÇ 4612, pela CCAV 8452 e pela CART 6252;
- Com a situação em Gadamael já perfeitamente controlada, mas ainda perigosa, estas Companhias passaram a beneficiar de treino operacional que lhes foi ministrado pelas Unidades do BCP 12, proporcionando-lhes conhecimento da Zona e a confiança que se pode imaginar;
- A CCP 121 e a CCP 122 terão regressado a Bissau em 7JUL73;
- Ao que julgo saber, a CCP 123, por iniciativa do seu Comandante,voluntariou-se para ficar em Gadamael durante mais dez dias, para completar o trabalho de treino operacional das ditas Companhias.

Era assim o Capitão Cordeiro. Para ele, entre o que "era preciso fazer", porque entendia ser também esse o dever de uma unidade de elite da Força Aérea, incluía-se, se houvesse oportunidade, ministrar à chamada "tropa macaca", um aperfeiçoamento operacional que o Exército já não estava em condições de ministrar.
Sobre este exemplo de genuína camaradagem, o Jorge Canhão é das pessoas mais indicadas para falar.
Lastimei bastante, algumas generalizações depreciativas em que alguns dos nossos amigos, levados pela indignação, se deixaram cair, relativamente aos Quadros Permanentes das FA.
Bons e maus profissionais há em todas as carreiras. E a arrogância é muito comum na espécie humana.
Quando penso nos nossos camaradas "do Quadro", prefiro lembrar-me - em representação de muitos outros - do Capitão Cordeiro e do Tenente-Coronel Brito, que não conheci mas que não deixou de voar em nosso apoio, ameaçado por armas cujas características não eram conhecidas e sem que as necessárias contra-medidas tivessem sido estabelecidas.

Desculpa o abuso.
Abraço
João Seabra
__________

Notas de CV:

(1) Vd. poste de 1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3954: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (6): A posição, mais difícil do que a minha, do Cap Cmd Ferreira da Silva (João Seabra)

(2) Vd. poste de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4164: Comentários que merecem ser postes (3): O Gen A. Bruno gostava de fardas e do elas representavam em tempo de paz(Santos Oliveira)

Guiné 63/74 - P4215: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (7): Luís Borrega, visitante um milhão (Luís Borrega)

JÁ SABEMOS QUEM FOI O VISITANTE UM MILHÃO

1. Atrevo-me a publicar uma mensagem recebida há menos de uma hora na minha caixa de correio.

Eis a razão.

O nosso camarada Luís Borrega, acusa-se de ser o visitante que levou o nosso contador ao número 1.000.000 (Um Milhão). Sete dígitos atingidos no Domingo de Páscoa. É caso para dizer, Aleluia.

Mensagem de Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de hoje:

Caro Camarigo Carlos Vinhal

Desculpa estar a interromper o teu descanso dominical à sombra do Poilão, no largo principal da Tabanca Grande.

Sem sequer pensar, fui o visitante UM MILHÃO. Atingimos essa marca no dia 12 deste mês (Domingo de Pascoa).

Dessa data até hoje já visitaram o blogue no espaço de uma semana 8.551 (até há 10 minutos atrás).

Como diz o Luís Graça o Mundo é pequeno e o nosso blogue é muito grande.

Uma sugestão: Em vez de ser o IV Encontro Nacional, porque não o IV RONCO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, penso que RONCO é mais adequado a designar o nosso Convívio, sempre é o termo de FESTA em Fula.

Um Grande Abraço do tamanho do Corubal
Luís Borrega


2. Agora a competente resposta ao Luís Borrega.

Obrigado Luís pelo teu contacto e pela denúncia de seres o visitante um milhão. Acreditando na tua palavra, ficas desde já referenciado entre a malta por teres sido tu o nosso leitor a atingir tal meta.

Confesso que me passou despercebida a evolução do contador nesse dia, porque tinha cá em casa uma visita muito especial, e só pelo fim do dia trabalhei.

A propósito de trabalho, repara bem que dia é hoje e consulta o Blogue para veres o que já editei. Domingo, dia de descanso? Isso era antes de ter conhecido o nosso camarada Luís Graça.

Com respeito à tua sugestão para o nome a dar aos Encontros, por mim, nada a obstar.

Um abraço de parabéns
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4127: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (1): 4 anos, um milhão de páginas visitadas... (Luís Graça / Carlos Vinhal)

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4166: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (6): Colaboração do nosso blogue na Conferência sobre a Poesia da Guerra Colonial

Guiné 63/74 - P4214: Tabanca Grande (135): Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70)

1. Mensagem de Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné 1968/70), com data de 10 de Abril de 2009:

Camaradas Luís Graça, Virgínio Briote e Carlos Vinhal,

[à att. especial de Carlos Vinhal]

De acordo com as condições estipuladas no blogue da Tabanca, venho solicitar-vos a minha admissão ao grande grupo de ex-comabatentes da Guiné.

Para esse efeito, e tendo em conta o preço de ingresso [...?], junto duas fotos tipo passe [uma antiga e outra mais recente] e uma história [ou seja, no essencial, a da minha chegada a Bissau no final de Out/1968]. Incluo ainda um resumo muito sintético e esquematizado das minhas andanças na tropa.

Aqueles textos e as fotos ficam ao vosso dispôr para o destino que vos aprouver. Entretanto, digo-vos que o primeiro daqueles textos já o publiquei o ano passado no meu blogue, onde poderá ser encontrado através do link:

http://tretaseoutras.blogspot.com/2008/07/minha-tropa-1.html

No blogue ainda há um outro post [que, por razões de extensão, foi lá divido em três partes], relativo ao tempo da especialidade tirada em Tavira e intitulado o "pelotão das carecadas". Se achardes que poderá ter algum interesse para a Tabanca, depois dizei-me, ok?

Posto isto, fico à espera da vossa decisão da minha admissão à Tabanca.

Mas, se me permitis, ainda não termino esta mensagem [daí a minha chamada de especial atenção para o Carlos Vinhal].

É que o Carlos, ao ler esta parte final do mail, creio que vai lembrar-se de mim e que fômos quase vizinhos durante vários anos em Leça da Palmeira. Ou seja, os nossos pais moravam em ruas paralelas, ambas com nomes de aviadores dos anos 20. E a minha mãe ainda reside lá.

Estive em Março, pela primeira vez, no almoço de confraternização do pessoal de Matosinhos (*) [por indicação do Júlio Santos e do Ribeiro Agostinho] e, na altura, trocámos algumas impressões.

Carlos, já estás a topar quem sou?... Creio que sim.

Depois daquele encontro na sala do Mauritânia, andei a fazer pesquisas no blogue da Tabanca para enquadrar algumas das minhas memórias relativas à Guiné. É que, devido às voltas e reviravoltas da minha vida pessoal, não disponho das centenas de cartas e aerogramas que escrevi quando lá estive. Apenas me restam algumas fotos que os meus pais guardaram no albúm de família e que, agora, tenho andado a digitalizar.

Daquelas pesquisas, já encontrei registos relativos ao período e aos sítios que estive na Guiné. Depois de dois ou três meses em Guidage, fui mandado para Mansôa, onde estive entre Fev/69 e Nov/70. Na altura, estava lá um BCAÇ que acabou a comissão logo a seguir e foi rendido pelo BCAÇ 2885. E é deste BCAÇ 2885 que tenho as minhas maiores recordações. Também já encontrei fotos e nomes, através dos quais, agora, constato que as minhas memórias estão a "viver" alguns dos acontecimentos daquela altura. E, por isso, vou tentar contactos directos por email, por exemplo com o César Dias, ex Fur Mil da CCS do BCAÇ 2885. Mais tarde, dir-vos-ei alguma coisa acerca disto.

Já vai longo este email. Certamente haverá outras oportunidades para "conversarmos", ok?

Antes de terminar, quero manifestar-vos o meu maior apreço pelo trabalho extraordinário que desenvolveis na Tabanca, com vista a tornarem "vivas" as memórias dos ex-combatentes da Guiné. E por isso, o meu grande obrigado e bem hajam!

Para vós, camaradas, aqui deixo um forte abraço.
Fernando Oliveira
ex-Fur Mil RecInfo

P.S.: Ao escrever acima "Fur Mil" por baixo do nome, senti-me estranho. É que há cerca de 40 anos que não o fazia...


2. A minha ‘tropa’

Nome: Fernando Oliveira [ex-Fur Mil RecInfo]
Morada actual: Porto
Data nasctº: 11/12/1945

Resumo das minhas andanças na tropa:

- Jul a Set/67: recruta no RI5, nas Caldas da Rainha, como soldado miliciano
- Out a Dez/67: especialidade de RecInfo no RI6, em Tavira, idem
- Jan a Set/68: formação de recrutas no RI13, em Vila Real, como cabo miliciano
- Out/68 a Dez/70: colocação na Guiné em rendição individual, como furriel miliciano:
- 23 a 28/10: viagem de Lisboa para Bissau a bordo do Uíge
- 28/10 [de tarde]: desembarque em Bissau
- Nov/68: 2 ou 3 semanas em formação no SIM/CTIG, em Bissau
- Nov/68 a Fev/69: colocação em Guidage [não recordo a Unidade]:
- viagem de Bissau para Farim em Dakota
- deslocação de Farim para Guidage em coluna militar
- permanência em Guidage de Nov/68 até Fev/69
- Fev/69 a Nov/70: colocação em Mansôa [inicialmente, no BCAÇ???? durante 2 ou 3 meses, e, depois, no BCAÇ 2885 que o rendeu:
- deslocação de Guidage para ...(não me recordo de ter voltado a Farim) em coluna e, nessa altura, encontro-me com o Rui Almeida, amigo de adolescência de Leça da Palmeira que, numa coluna em sentido contrário, se dirigia para Guidage onde tinha sido colocado
- permanência em Mansôa adstrito à CCS do BCAÇ 28885, com actividade desenvolvida na sala de operações
- Dez/70: no SIM/CTIG em Bissau à espera do regresso à metrópole
- aguardo em Bissau transporte para a metrópole (a previsão apontava que seria a bordo do Carvalho Araújo)
- como o navio estava atrasado, foi dada hipótese de viajar de avião (pagando o excesso)
- em 07/12/1970 viajo num avião da TAP de Bissau para Lisboa


3. Comentário de CV:

Caro Oliveira, bem-vindo à Tabanca Grande.

Fiquei contente por te ver entrar porta dentro, neste Blogue que se quer sempre activo e com gente continuamente a aderir ao nosso projecto.

Como sabes, a finalidade desta página é deixar algo que permita, no futuro, recolher experiências de ex-combatentes que, com mais ou menos eloquência, disseram o que viveram e o que sentiram durante a sua campanha na Guiné. Operacionais ou não (que se entende por operacional?), todas as colaborações são bem-vindas, pois cada uma delas é um ponto de vista diferente ou um modo diferente de ter visto a guerra.

Nós somos velhos conhecidos de Leça, de ruas paralelas, (Brito Pais, a tua, e Sarmento Beires, a minha). O que nos diferenciava era o núcleo de amigos que não era o mesmo.

Por curiosidade encontrei esta preciosidade na internete, mais propriamente em Rua Onze.Blog, uma gravura com os dois aviadores lado a lado, memorizados nas nossas ruas.

Os aviadores portugueses Brito Pais (1884-1934) e Sarmento de Beires (1892-1974). Bilhete postal editado em 1924.

Com a devida vénia a Rua Onze.Blog


Foi com muito prazer que te vi no Convívio dos ex-combatentes da Guine do Concelho de Matosinhos (*), durante o qual, aliás, trocamos impressões, mas também te quero ver no IV Encontro Nacional desta Tertúlia, em Ortigosa.

Uma parte do teu anexo irá ser publicada noutro poste para não tornar este muito longo. Estás devidamente apresentado e pronto para colaborares connosco. Iremos espreitar o teu Blogue e se precisarmos de te roubar alguma coisa, pedir-te-emos autorização para tal. Uma das normas deste Blogue é o respeito ao direito de propriedade, intelectual, neste caso, logo não fazemos aos outros o que não queremos que façam a nós.

Em nome da Tertúlia, deixo-te um abraço de boas-vindas.
Da minha parte um abraço especial de vizinho para vizinho.
CV
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4030: Convívios (100): III Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 7 de Março de 2008 (Carlos Vinhal)

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4194: Tabanca Grande (134): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné 1970/72)

Guiné 63/74 - P4213: Convívios (114): Pessoal da CART 2339, Os Viriatos, dia 23 de Maio de 2009 no Alto Foz, Peniche (Carlos Marques Santos)

1. Mensagem de Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (*), Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69, com data de 16 de Abril de 2009:

Vinhal:
Um Abraço.

Zona Lourinhã do Luis Graça, a seguir à Praia da Areia Branca, na estrada Lourinhã-Peniche.
Restaurante Paraíso do oz, Alto do Foz

Magnífico.

Agradeço publicação 19.º CONVÍVIO CART 2339 /68-69 Mansambo.
23 de Maio / Alto do Foz, perto da Praia da Areia Branca.

Anexo Doc.

CMSantos
2339 - 68 /69 Mansambo
Guiné



CART 2339 – VIRIATOS 1968/69 - GUINÉ - Fá Mandinga/Mansambo



Contactos:

Carlos Marques dos Santos
Telm 91 921 21 13
Rua Gago Coutinho, 17 A - 6.º A
3030 – 326 Coimbra

Victor Baião
Telm 91 856 73 96


19.º CONVÍVIO

Em Dezembro/1969 regressámos ..Passaram 40 anos.


Por isso, companheiros, lembramos que se aproxima o dia do Convívio e Almoço anual. Era bom estarmos muitos nesse dia para comemorar, recordar e continuar a cimentar as amizades.

Conforme combinado, o encontro este ano será na Zona da Praia da Areia Branca, no Alto Foz, já no concelho de Peniche e o mentor é o Victor Baião, com o meu acompanhamento administrativo.

Estivemos os dois em 21 Março, no respectivo restaurante, a preparar o ENCONTRO.

Que se cheguem, com vontade, os próximos voluntários.

Informamos ainda que:

O Almoço/Convívio realizar-se-á a 23 de MAIO (sábado), pelas 13.00 horas, no Restaurante Paraíso do Foz, Alto Foz, na estrada Nacional 247 – Peniche/ Lourinhã.

2. A ementa terá o preço final de 20.00 €. Dos 5 aos 9 anos o preço será 50%.

Constará de:

Entradas variadas.
Creme de marisco.
Bacalhau à lagareiro com batata assadinha.
Perna de porco à Paraíso.
Buffet de doces.
Vinhos brancos, rosés e tintos ( Só maduros ). Refrigerantes e águas.
Café.
Poderá haver pratos alternativos para dietas. Aperitivos, Digestivos e outros não estão incluídos.

NOTA:
É importante saber com brevidade quem participa, incluindo os acompanhantes.

A resposta (via postal, telefónica ou e-mail: carlosmarkes@hotmail.com) deve ser transmitida para Carlos Marques dos Santos, sem falta até ao dia 12 de Maio, pois o Restaurante precisa de programar compras e serviços.

Portanto não esqueças. INSCREVE-TE COM TEMPO e passa palavra. Mobiliza o pessoal mais próximo de ti.

UM Grande ABRAÇO,
Marques dos Santos





Será possível organizar a saída de um autocarro a partir de Penafiel com passagem pelo Porto.

No Porto será o Ernesto o receptor das informações e dos contactos: Telm. 96 64 95 612

Em Penafiel serão o Zeferino e o Cardoso Pinto a organizar e a concentrar as informações. Saída do Campo da Feira.

Zeferino: Telm. 96 64 95 767
Cardoso Pinto: Telm. 96 90 10 636

Os contactos com os organizadores devem ser urgentes: é preciso rentabilizar a viagem para sermos muitos.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4178: As grandes Operações da CART 2339 (3): Operação Gavião, 4 de Abril de 1968 (Carlos Marques Santos)

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4198: Convívios (111): 3.º Encontro/Convívio do pessoal da CCS/BART 2917, dia 16 de Maio de 2009, em Viana do Castelo (Benjamim Durães)

Guiné 63/74 - P4212: Tabanca de Matosinhos (9): Manga di ronco na grande Tabanca de Matosinhos (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira (*), ex-1.º Cabo Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70, com data de 15 de Abril de 2009:

Boa noite amigos e camaradas.
junto mais um texto, sobre uma agradável visita que tivemos hoje na Tabanca Pequena (já grande) de Matosinhos.
Num outro Mail, mando as fotos actuais

Abraço fraterno do
José Teixeira


Manga di ronco na grande Tabanca de Matosinhos

Hoje tivemos a alegria, a honra e o prazer de ter connosco à mesa, o Régulo de Sinchã Shambel. O Suleimane Shambel Baldé, querido amigo e camarada dos meus tempos em Mampatá Forreá.

Filho do Régulo Shambel de Contabane (entre Aldeia Formosa e Saltinho), viu a sua Tabanca ser totalmente queimada no dia 22 de Junho de 1968, num violento e longo ataque do PAIGC . Os dois Grupos de Combate aí estacionados da CCaç 2382, regressaram a Aldeia Formosa, com a roupa que tinham no corpo, dois dias depois, exactamente no dia em que eu lá pelo norte em Ingoré, me divertia numa Marcha de S. João. A guerra tinha destas coisas. Todos as moranças, e bens pessoais da população e dos militares fora destruído pelo fogo. Restaram cinzas e lágrimas.

A população distribuiu-se numa primeira fase por Aldeia Formosa, Saltinho, Mampatá Forreá, etc. até ser reagrupada em Sinchá Shambel, (nome que quer dizer terra de Shambel em honra de seu pai) no Saltinho.

Um mês depois coube à minha Companhia fixar-se na zona, onde ficou até ao fim da Comissão.

O Suleimane, começou por fixar-se em Mampatá no grupo de milícia, onde nos conhecemos, depois foi para a Chamarra. Como pelos lados de Gandembel a festa aquecia, foi deslocado para lá, tendo passado uns tempos em Ponte Balana.

Decidida a retirada estratégica desses destacamentos, o Suleimane foi colocado de novo na Chamarra e posteriormente foi engrossar o Pelotão de soldados nativos organizado e comandado pelo Paulo Santiago no Saltinho.

Hoje, com 73 anos bem vividos e bem conservados, quatro mulheres e 21 filhos, vive, tanto quanto nós, os combatentes da Metrópole, a nostalgia daqueles tempos. Recorda, nomes, fisionomias, tiques de antigos comandantes e camaradas. Quer revê-los, abraçá-los. Recordar aventuras e estórias, momentos de luta, sofrimento e dor, bem como momentos de alegria e festa que também tivemos.

Em 2005, quando voltei à Guiné, tive o grato prazer de, numa terra onde nunca tinha estado (Saltinho) ser reconhecido e ouvir chamar pelo meu nome – Tissera. Uma bonita e simpática senhora, não hesitou em vir ao meu encontro e identificar-se como filha do Aliu Baldé de Mampatá e mindjer do Suleimane Shambel Baldé, soldado milícia em Mampatá, dos velhos tempos da minha juventude. Era a Ádada, Bajuda bonita daqueles tempos e que ainda guarda essa beleza. Foi um choque emocional tremendo e gratificante. Só por si, valeu a pena voltar à Guiné. O Suleimane estava fora, pelo que não nos pudemos abraçar

A Mãe do Suleimane, hoje, com 98 anos bem vividos, veio receber-me num abraço apertado e lágrimas nos olhos, gritando: - Branco na volta, branco na volta!

O Ano passado, voltei. A Ádama voltou a receber-me com carinho e tive o prazer de abraçar o Suleimane.

Agora, foi a vez de ele nos vir visitar. Um nome – Capitão Rui, onde está? Era o Capitão da C.Caç 2382 que defendeu a população de Contabane, no terrível ataque de Junho de 1968. Outro nome – Alfero Barbosa (muito alto), da minha Companhia com quem conviveu na Chamarra (infelizmente já falecido).

Obrigado Suleimane, por estes belos momentos que voltamos a reviver.
Zé Teixeira

Buba, 2005 - Pista de aviação transformada em zona de habitação

Ingoré, 1968 > Marchas de S. João

A Ádada, mulher do régulo Suleimane

Saltinho, 2005 > Viúva de Shambel - Régulo de Contabane

Suleimane Shambel, Milícia em Mampatá, Régulo de Saltinho

Suleimane Shambel Baldé, Régulo de Sinchã Shambel, assina o Quadro de Honra da Tabanca de Matosinhos

Suleimane Shambel Baldé e José Teixeira, mais uma vez juntos

Suleimane Shambel Baldé com António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro em Mampatá

Fotos: © José Teixeira e Álvaro Basto (2009). Direitos reservados.

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4142: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (10): A propósito dos Bandos que pululavam na Guiné (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 21 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3659: Tabanca de Matosinhos (8): Natal 2008: Memorável convívio no Milho Rei (Carlos Vinhal, texto; Jorge Teixeira, imagem)

Guiné 63/74 - P4211: Os Bu...rakos em que vivemos (6): Banjara, CART 1690 (Parte II): Lugar de morte (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)

Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > Um local de desolação e de morte... "Banjara gozava da fama, e do proveito, de ser o segundo pior destacamento da Guiné, a seguir a Beli, na zona de Madina do Boé. Não apenas pelos ataques mas, sobretudo, pelo perigo que representava, por estar muito isolado da Companhia, e por estar cercado por uma cintura de destacamentos IN, que vigiavam de fora do arame farpado e do alto das gigantescas árvores que o envolviam todos os movimentos da nossa tropa [tinha Sinchã Jobel do lado sul e Samba Culo do lado norte]" (António Reis) (*)

Fotos: © Alfredo Reis (2009). Direitos reservados.


1. Texto de A. Marques Lopes, coronel DFA, na reforma, ex-alferes miliciano na Guiné (1967/68) (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)...



... E já agora, aqui vai um exemplo das dificuldades para chegar a Banjara.

Digo-vos também que foi no caminho para lá que eu fui ferido e fui, por isso, para uma estadia de nove meses no Hospital Militar Principal da Estrela [,em Lisboa]...
[Não admira, por isso, que o António eleja Banjara como o pior Bu...rako que ele conheceu]


59. Operação sem nome. 15 de Julho de 1968 (**)

Situação particular: Do antecedente o IN coloca minas no itinerário Sare Banda-Banjara.

Missão: Transporte de frescos e correio. Patrulhamento do itinerário Geba-Banjara-Geba.

Força executante:

Dest A - CART 1690 (1 Secção +) ref. c/PEL MIL 111/Companhia Milícias 3

Dest B - PEL CAÇ NAT 64

Dest C - 1 PEL REC/ EREC 2350


Desenrolar da acção:

Em 16 de Julho de 1968, às 11h15 saiu do destacamento de Sare Banda o 1º Gr Comb , constituído por 2 secções do PEL CAÇ NAT 64 e seis milícias que iniciaram a picagem da estrada.

As 12h05 verificou-se o rebentamento de uma mina A/P, reforçada com 1 mina A/C, que provocou 6 mortos e 1 ferido grave às NT pelo que tive que pedir uma evacuação urgente e fiz transportar os corpos dos mortos (com excepção de 1 que ficou completamente pulverizado) e o ferido para Sare Banda.

O transporte foi feito num Unimog, levando como escolta uma secção de atiradores e 1 Daimler. O restante pessoal ficou a manter segurança no local do rebentamento e aguardando a chegada destas viaturas.

Quando as mesmas regressaram verifiquei que os elementos da Companhia de Milícia não queriam prosseguir na operação, pelo que tive de os obrigar a continuar a desempenhar a missão de que iam incumbidos: picar a estrada.

Consegui que a coluna prosseguisse em direcção a Banjara, que se atingiu às 16h25. A saída de Banjara verificou-se às 17h00, tendo a coluna atingido Bafatá às 18h30.

Foi cumprida integralmente a missão apesar do grande atraso em relação ao previsto.

A distância de Banjara a Geba era, em linha recta, de 27,5 km. Na prática era quase o dobro (47 km).

A. Marques Lopes

___________

Notas de L. G.:

(*) Vd. poste de 31 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4115: Os Bu... rakos em que vivemos (1): Banjara, CART 1690 (Parte I) (António Moreira/Alfredo Reis/A. Marques Lopes)

(**) Vd. poste de 30 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (A. Marques Lopes)