sábado, 24 de abril de 2010

Guiné 63/74 – P6233: Actividade da CART 3494 do BART 3873 (6): Parte 6 (Sousa de Castro)

1. O nosso Camarada Sousa de Castro (*), que foi 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, enviou-nos a sexta parte da actividade desenvolvida pela sua Companhia, em 20 de Abril de 2010, dando continuidade ao relato publicado nos postes P5965, P5986, P6019, P6088 e P6132:
ACTIVIDADE DA CART 3494 DO BART 3873 NO TEATRO DE O. P. GUINÉ (7)
DEZEMBRO1971/ABRIL 1974
Este texto foi elaborado a partir do livro:
BART 3873 “HISTÓRIA DA UNIDADE”
CART 3492 – CART 3493 – CART 3494
NA GUERRA CONSTRUINDO A PAZ
(autor desconhecido)

13º FASCÍCULO

ABRIL 1973

Nota do editor:

Muito embora a CART 3494 tenha mudado para Mansambo, devido à baixa moralização da Companhia, continuarei a divulgar os acontecimentos no Sub-Sector do XIME para perceberem o quanto aquela zona era importante para o P.A.I.G.C. (Partido Africano Independência Guiné e Cabo Verde)
S.C.

59. SITUAÇÃO GERAL

- A utilização dos mísseis anti-aéreos pelo P.A.I.G.C. colheu de surpresa as Forças Armadas. Daí derivou uma redução da actividade aérea militar e civil e um consequente crescimento no poder agressivo da guerrilha e transtorno das comunicações aéreas.

Embora as aeronaves destruídas o tenham sido fora do Sector L-1, o certo é que o acidente teve ali as suas sequelas, como aliás em toda a Província.

60. TERRENO

- Nada de mencionável se verificou no período.

61. INIMIGO

a)Sub-Sector de Mansambo - CART 3494

- A 07 pelas 07,00 horas MANSAMBO é flagelado por MORT. 82 sem consequências.

A última flagelação deu-se em Agosto de 1972, portanto há 08 meses.

- No dia 10 ás 06,00 horas forças da CART 3494 detectaram e levantaram em (XIME 7A1-91) 03 minas A/P (anti-pessoal) e 01 A/C (anti-carro), reforçadas com granadas de morteiro e ligadas por cordão detonante.

b) Sub-Sector do XIME - CCAÇ 12

- A 06 às 18,30 horas o aquartelamento do XIME foi flagelado por canhão S/R e Mort. 82, durante 15 minutos s/consequências.

- A 13 às 17,45 horas nova flagelação por 02 Mort. 82, RPG’s e armas pesadas, S/consequências.

OBUS 10,5 cm

c) Conclusões

- Chama-se atenção para o Sub-Sector de MANSAMBO, onde a actividade IN que há muito não se fazia sentir, ressurgiu através implantação de engenhos explosivos e o ataque à distância ao aquartelamento.

É crível que tendo as informações do P.A.I.G.C. sabido um dos motivos porque a CART 3494 fora para ali transferida ~ baixa moralização da Companhia, tenha tentado com sua insistência, pôr em desespero as NT lá estacionadas.

Ainda assim o ponto mais alvejado no Sector L1 não deixou de ser o XIME.

62. POPULAÇÃO

- O Pel. Mil. 370 de SANSANCUTA pediu que se fixasse na antiga tabanca abandonada, denominada SINCHA BAMBÉ.

A ocupação da primitiva localidade foi rodeada por um cerimonial confraternizador e significativo, na medida em que uma povoação morta desperta para a vida da GUINÉ.

Estiveram presentes o CMDT. Do BART 3873, COR ARTª ANTÓNIO TIAGO MARTINS cujo topónimo da terra natal STA. CRUZ DA TRAPA foi atribuído à renascida povoação por sugestão dos milícias, o Régulo de BADORA, MAMAFU BONCO, os chefes das tabancas vizinhas e população.

Uma lápide ali colocada ficou assinalando o acontecimento.

63. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações Mais Importantes

- Acção «GOLIAS 15» na protecção à coluna reabastecimento BAMBADINCA / MANSAMBO / XITOLE / SALTINHO / BAMBADINCA, por 03 Gr Comb da CART 3492, 02 da CART 3494, 01 cedido pelo BCAÇ 3872 e outro da mesma unidade em reforço à CCS/BART 3873.

Sem contactos.

- Em 10, das 05,00 às 16,00 horas a acção «GUARIDA 28» pela CCAÇ 12/XIME a 03 Gr Comb na região da PTA VARELA. Foi escutada pela nossa rádio «ONKYO» uma transmissão em Espanhol.

- No mesmo dia foi a acção «GABÂO 9» por forças da CART 3492 a 03 Gr Comb. e CART 3494 a 02 Gr Comb.. Estas ultimas detectaram e levantaram 03 minas A/P e 01 A/C em (XIME 7A1-95).

b) Conclusões

- A presença de cubanos na PTA VARELA, como pessoal especialista, veio novamente confirmar-se pela transmissão captada.

- A implantação de 04 minas no Sub-Sector de MANSAMBO está na linha do tipo de acções que o IN põe em prática neste compartimento.

Remete-se a este respeito para a alínea c) do número 61.

c) Alterações ao Dispositivo

- No Sub-Sector de MANSAMBO/CART3494 o PEL do ENXALÉ regressou à sede da Companhia.

- No Su-Sector do XIME/CCAÇ 12 ocupou no ENXALÉ o lugar deixado pela saída do Pel. da CART 3494.

14º FASCÍCULO

MAIO 1973

64. SITUAÇÃO GERAL

_- Nada de sensível teve lugar neste período, quer do nosso lado, quer do lado do adversário.

65. TERRENO

- Começou a estação das «chuvas», fenómeno donde decorrerá a modificação do terreno pelo crescimento rápido da vegetação.

66. INIMIGO

a) Sub-sector de MANSAMBO – CART 3494

- Revelou-se inactivo, ao invés do que se passou em Abril.

b) Sub-Sector do XIME – CCAÇ 12

- Em 15 às 18,05 horas o XIME foi atacado à distância, durante 07 minutos, por canhão S/R e Mort. 82 mm. Resultados negativos.

- 13 dias após, outra flagelação, desta vez também com R.P.G. Os 10 minutos de duração da referida acção não conseguiram provocar danos às NT.

c) Conclusões

- O aquartelamento do XIME, com tropa branca ou africana, foi o mais atingido, como já vem sendo tradicional.

- A imperícia dos combatentes do P.A.I.G.C. torna-se flagrante pela inoperância das suas acções contra as NF.

67. POPULAÇÃO

- Há notícia de que o inimigo recrutou coercivamente mancebos nas tabancas (sob seu controle) do POIDON, PTA VARELA, PTA LUÍS DIAS e PTA DO INGLÊS.

Por coincidência, um dos recrutados na PTA VARELA era informador das NT e, furtando-se à vigilância dos coactores, apresentou-se no ENXALÉ. Exemplifica-se, assim, os processos utilizados pelo Partido no angariamento dos combatentes, sabendo-se claramente que deste caso particular se pode subir à generalidade.

68. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações Mais Importantes

Neste mês, a CART 3494 para além da actividade rotineira (Patrulhamentos, Colunas e outros), não participou em Acções e Operações que mereçam destaque.

15º FASCÍCULO

JUNHO 1973

69. SITUAÇÃO GERAL

- A população sob nosso controle voltou a ser pressionada, depois de decorrida uma larga margem de tempo sobre a última acção do género.

- A navegação do R. GEBA também foi, de novo, agitada.

- De resto, o Sector L-1 manteve-se pacífico, como aliás todo LESTE dum modo geral.

70. TERRENO

- Ainda que as chuvas caíssem escassamente, o terreno cobriu-se de densa vegetação, o que dificulta a progressão das NT em patrulhamentos.

71. INIMIGO

a) Sub-Sector de MANSAMBO – CART 3494

- O inimigo não se manifestou. Assim aconteceu no período transacto.

b) Sub-Sector do XIME – CCAÇ 12

- Em 01 às 01,30 horas um grupo inimigo não estimado atacou o barco civil «BUBAQUE» durante 20 minutos, utilizando RPG e armas automáticas, nas proximidades de SÃO BELCHIOR. A tripulação sofreu 02 feridos graves e 01 ligeiro. O patrão AMANTE ROSA, antes do início dos tiros, ouviu vozes mandar parar, mas prosseguiu a sua rota.

- Em 10 às 18,10 horas um grupo não estimado flagelou 03 barcos civis na PONTA VARELA, durante 05 minutos, com RPG e armamento ligeiro, sem consequências. A Artilharia do XIME reagiu, disparando 08 granadas de OBUS (10,5) 4 04 de morteiro 81.

72. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações Mais Importantes

- Acção «GARBO 1» de 13 às 17,00 horas a 14 até às 17,00 horas em MANSAMBO/JOMBOCARI/Região de MINA/MANSAMBO pela CART 3494, CCAÇ 12 e CART 3492 que monta emboscada em XITOLE/GALO CORUBAL. A doença súbita de um soldado, a carecer de evacuação e a recusa do guia prosseguir, não permitiram o avanço até ao objectivo.

Cerca das 04,30 horas ouviram-se 02 tiros na direcção S.E.

b) Conclusões

- Pelas acções levadas a cabo concluiu-se que o P.A.I.G.C. organiza postos avançados de vigilância que lhe permitem detectar as NT muito antes dos seus redutos. Concluiu-se também que os guerrilheiros não se fixam em um único acampamento, transferindo-se de acampamento para acampamento.

16º FASCÍCULO

JULHO 1973

73. SITUAÇÃO GERAL

- A flagelação ao barco «MANUEL BARBOSA» na sequência de uma nítida intenção de embaraçar, ou até impedir, a navegação no RIO GEBA (Veja-se a flagelação ao «BUBAQUE» em Junho).

- O relativo abrandamento da pressão exercida sobre as NT

- A colocação da CCAÇ 21 (Companhia de Caçadores Africana) em BAMBADINCA, como unidade de intervenção do CAOP 2.

Foram os três factos acima referidos que definiram o período em causa.

74. TERRENO

- O aspecto não se alterou em relação ao mês passado.

75. INIMIGO

a) Sub-Sector de MANSAMBO – CART 3494

- O inimigo, uma vez mais, não se revelou.

b) Sub-Sector do XIME – CCAÇ 12

- Em 29 às 09,30 horas, um grupo IN não calculado flagelou o XIME durante 10 minutos com RPG, Mort. 82 e Armas automáticas. As NT responderam utilizando L.G. de Foguete, Mort. 81 e OBUS 10,5. As bases dos RPG’s foram localizadas em (XIME 3F6-56). Sem consequências.

- Em 28 às 17,45 horas, um grupo IN não estimado também, flagelou durante 15 minutos o XIME. A nossa reacção desencadeou-se através do Mort. 81 e OBUS 10,5. Desta vez o inimigo, além de Mort. 82, actuou com 02 canhões S/R. Duas granadas caíram próximo do espaldão do nosso OBUS. Sem consequências.

- em 13 às 11,50 horas o barco civil «MANUEL BARBOSA» foi atacado nas proximidades de SÃO BELCHIOR, por 10 minutos. Foi atingido por alguns disparos de RPG e Armas automáticas. A tripulação que nunca perdeu o controle, conduziu a embarcação até BAMBADINCA, onde o ferido (ligeiro) recebeu assistência. O GMIL 309, o PEL CAÇ NAT 54 e o Mort. 81 de MATO CÃO desencadearam o contra-ataque, não conseguindo interceptar os atacantes.

c) Conclusões

- A circulação do tráfego no R. GEBA vem sendo, ultimamente, alvo de forte pressionamento pelo P.A.I.G.C., no sentido de a impedir ou, pelo menos, dificultar.

76. NOSSAS TROPAS

a) Acções e Operações Mais Importantes

- Operação «GUARDEAR 5» de segurança próxima e afastada a BAMBADINCA por ocasião da cerimónia final do 3º Turno de Instrução de Milícias no CIMIL local. Intervieram o PEL REC DAIMLER 3085; 02 Gr Comb. Da CART v3494; PEL REC 3873: PEL’s CAÇ NAT 52, 54 e 63; PE’s MIL 201, 202, 203, 358, 370, 242, 243, CCAÇ 12 e CCAÇ 21. Sem contactos.

b) Alteração ao dispositivo

- A CCAÇ 21= Unidade Africana, ficou aquartelada em BAMBADINCA como força de intervenção do CAOP 2.

77. ACÇÃO PSICOLÓGICA E FORMAÇÃO SOCIAL

- Assumiram o compromisso de honra mais 03 pelotões de Milícia, todos eles pertencentes à etnia FULA. Presidiu à cerimónia SUA EX. GOVERNADOR E COMANDANTE-CHEFE que dissertou sobre os deveres dos milícias. A população da região acorreu em grande número.

- A chegada da CCAÇ 21, com os respectivos graduados africanos, produzirá sobre a população civil uma boa impressão e um estímulo, para mais uma parcela da Província em que predominam os Fulas, pois Fulas são também os militares desta Companhia.

(continua)

Um abraço Amigo,
Sousa de Castro
1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873

Fotos: © Sousa de Castro (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 – P6232: Estórias avulsas (32): A minha experiência claustrofóbica (António Matos, Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas,

Aqui fica uma pequena contribuição para o blogue:

Uma experiência claustrofóbica

Um “post” da autoria do Vasco da Gama onde descreve com primoroso realismo a tragédia dos 3 cadetes que morrem na lagoa de Mafra foi, em última análise, o leit motiv para me despertar para um outro acontecimento passado comigo que ainda hoje me provoca pesadelos ao recordá-lo.
A manhã corria sorrateira, ao ritmo da instrução militar na aldeia dos macacos...
Os meus antecedentes de ginasta na altura, permitiam-me desfrutar do prazer daqueles exercícios que executava com grande à vontade se bem que haviam dois que chocavam violentamente com a minha estrutura psicológica e que se relacionavam com as alturas (galho, slide e muro) e com a claustrofobia (túnel).
Aquilo era superior às minhas forças e sempre me neguei peremptoriamente a esboçar qualquer tentativa para os abordar.
Com um esforço absolutamente irreal, consegui um dia aventurar-me, perante a insistência do alferes, a caminhar sobre o tal muro.
Estrategicamente coloquei-me com apenas mais um camarada atrás de mim a fazer aquela travessia...
Para quem não conhecer o referido muro posso adiantar que a parte superior era arredondada (o que não permitia assentar direito os pés) e ia adquirindo altura em relação ao chão até chegar a uns bons 3, 4 metros.
Não foram precisos muitos passos para estacar e petrificar com a incapacidade absoluta de dar mais um passo que fosse.
Aliás, a visão do precipício era demolidora e a sensação do desequilíbrio e a queda iminente apavoravam-me.
Ao contar isto hoje provo que sobrevivi mas o trauma manteve-se para o resto da vida ainda que lute acerrimamente para vencer situações do género.
Não foi esta, porém, a estória que aqui quis vir contar.
Nesse mesmo dia, esperava-me pôr à prova uma nova experiência - o túnel.
Quem o fez recordará que dentro dele, só deitados cabíamos e o equipamento (bornal, arma e restante cangalhada) impossibilitava qualquer tentativa de fazer algo diferente de rastejar.
Eu sabia por relatos anteriores que aquele túnel tinha a configuração de um "Y" e que uma das pontas não tinha saída.
10 metros percorridos e a escuridão era total.
A minha 1ª reacção foi negar-me a entrar naquele verdadeiro sarcófago mas condescendi a fazer a experiência na certeza que mal os pés entrassem, eu sairia em alta velocidade e em pré estado de histeria claustrofóbica.
Deixei que todo o pelotão entrasse e eu fui o último.
Psicologicamente fiquei bem pois nada me barraria a saída em caso de necessidade.
Porém, 3 metros percorridos e eis que chega mais um cadete atrasado que tapa a minha hipótese de fuga.
Num esforço titânico, tentei acalmar-me e progredi mais uns 2 ou 3 metros.
Já sem ver nem a entrada nem a saída, toda a gente parou e chega uma mensagem do topo da fila a ser passada de boca em boca que dizia: esta merda não tem saída!, é preciso recuar!
(devo confessar que enquanto escrevo estas linhas o meu ritmo cardíaco já acelerou!!!)
Nessa altura pensei que morreria atacado de alguma apoplexia por via do pavor que se me instalou.
De imediato idealizei o que seria se eu fosse o tipo da frente e esbarrasse numa parede com 30 gajos atrás de mim e ater que esperar que todos eles reagissem no recuo...
Mas tinha que reagir e a maneira mais expedita que arranjei foi gritar para o tipo que estava atrás de mim: "meu caralho, ou sais imediatamente ou dou-te um tiro!"
Acto contínuo, não percebo como, a fila começou a andar novamente e uns segundos depois comecei a ver a luz ao fundo do túnel donde saí que nem uma toupeira espavorida, calculo que lívido, mas vivo!
Foto: © Abílio Rodrigues (2009). Direitos reservados

Talvez tenha sido um bom tirocínio para a posterior vida de "mineiro" que desenvolvi na minha comissão e onde foram treinados até à exaustão… os nervos .
Sei lá...

Abraços,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790
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Nota de M.R.:Vd. último poste desta série em:
10 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 – P6139: Estórias avulsas (83): Emboscada em Lamel (Fernando C. G. Araújo, ex-Fur Mil OpEsp / RANGER da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4512)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6231: O 6º aniversário do nosso blogue (26): Parabéns Luís Graça por este Espaço de Memória Futura (Luís Faria)

1. Texto de Luís Faria* (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) chagado até nós, alusivo ao nosso aniversário:

6.º Aniversário do Blogue
23-ABR-2010


Talvez saudoso(?) de uma mocidade que tantos e tantos Camaradas de Armas “formatou” como homens para toda uma vida de Esperança, mas desiludido e apreensivo por continuar a constatar que ao longo de todos estes anos, para muitos se foi dissipando essa Esperança.

A meu ver ficaram e continuam perdidos e abandonados à insensibilidade de uma Sociedade em que fomos esquecidos, maltratados, vilipendiados pela Política, pelos Governos e pela maioria dos nossos Políticos!

Continuamos e continuaremos a sê-lo, enquanto a vida se nos vai esgotando, a menos que consigamos uma chamada de consciência colectiva!

A própria Instituição Militar pouco fez/faz por nós (Milicianos, em especial), por aqueles que a serviram abnegadamente, com tamanha escassez de meios e condições tantas vezes infra-humanas, em Teatros tão exigentes e fatídicos como os do ex-Ultramar Português, esquecendo-os, abandonando-os, não procurando assegurar ou que assegurem, a tantos e tantos, um mínimo de dignidade Humana mais que merecida e devida, deixando-os à deriva com todas as mazelas físicas e psíquicas, que os têm levado à degradação espiritual e física - com consequências tantas vezes funestas - “medalhas” ganhas no cumprimento do dever, em defesa do que à altura, não esqueçamos, também era a nossa Pátria Una e Indivisível, PORTUGAL.

Tudo isto… com a complacência doentia e egoísta da maioria dos Cidadãos (onde os ex - Combatentes se incluem) que, salvo honrosas excepções, individualmente ou em Associação, cumprem com o seu dever de Cidadãos, tentando minorar ao menos um pouco todo esse sofrimento que continua e continuará a grassar pelo nosso País, cada vez mais alienado de uma realidade Histórica passada, que parecem continuar a CONSIDERAR VERGONHOSA, devendo como tal ser esquecida… apagada até, votando ao esquecimento os seus intervenientes “anónimos”, quer os já infelizmente falecidos quer os ainda vivos, esperando talvez que estes últimos acabem por desaparecer e que a cal branca “coma” definitivamente a ”NÓDOA INCÓMODA“!?

Pela parte que me toca, TENHO ORGULHO, MUITO ORGULHO em pertencer a esse Grande Grupo de Portuguesas e Portugueses que ajudaram a escrever uma Página da nossa História, como outros o fizeram outrora.

Incluo Mães, Pais, Esposas, Filhos - que sofreram e choraram (ainda hoje o fazem!), que viveram de outro modo mas à mesma intensamente, esse pedaço da nossa História.

A meu ver, por norma somos na grande maioria demasiado individualistas, acomodatícios, egoístas até, olhando para o lado e assobiando se pressentimos que algo que devamos assumir nos vai tirar do nosso “não é nada comigo… que se cosa!!”

E nós, Ex-Combatentes ainda vivos da guerra do Ultramar, temos o País que não merecemos mas que “aceitamos”, já que também pouco ou nada fizemos ou fazemos para alterar esta e outras realidades.

É neste contexto e talvez a esta luz, que há meia dúzia de anos atrás surge a “CHAMA” de uma vela acesa pelo Luís Graça que, com a complementaridade do Vinhal, Briote e M. Ribeiro, foi evoluindo até se transformar no que é já hoje, um FAROL sinalizador de um espaço de excepção, de Ex-Combatentes que na sua diversidade humana e sociocultural o alimentam com os seus escritos.

Espaço de convivência na pluralidade de opiniões, de transversalidade de vivências havidas, de reabilitação de afectos e emoções, de expurgo de “fantasmas e demónios“.

Espaço de afectos, de amizades, de encontros e reencontros.
Espaço de conhecimento, de saber, de ideias e por vezes de controvérsia.
Espaço (quer-se), de verdade, de autenticidade, de humildade, de tolerância.
Espaço de vida, de “terapia”, de esperança ainda.
Espaço de consulta.

Espaço de “Memória Futura”

Espaço que começa a “prender” a atenção desta nossa Sociedade “amorfa e instalada”, abanando-a podendo vir a ser o início da tal chamada de consciência colectiva, quem sabe ?!

Espaço NOSSO, dos Ex-COMBATENTES!

Parabéns “Luís Graça & Camaradas da Guiné”

Parabéns Mulheres e Homens que mantêm este espaço vivo.

Luís Faria
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6156: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (28): Teixeira Pinto - O Bolo

Vd. último poste de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6230: O 6º aniversário do nosso blogue (25): Sonho inverosímil (Mário G. R. Pinto)

Guiné 63/74 - P6230: O 6º aniversário do nosso blogue (25): Sonho inverosímil (Mário G. R. Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), também escreveu sobre os 6 aninhos do blogue:

SONHO INVEROSÍMIL

Esta noite sonhei com a minha juventude, já longínqua, especialmente nos dois longos anos esforçados nas matas da Guiné.
No sonho revivi todo aquele tempo e nas terríveis e aguerridas sequelas, manchadas pelo sangue desperdiçado em ambos os lados numa contenda, e no seu fim, para mim previsível.
Vi-me transportado num sonho par junto das gentes daquela terra, que me habituei a conhecer e a conviver por força das circunstâncias.
Vi os sorrisos das crianças, deambulando á nossa volta, saltitando sorridentes, alegres e solicitando-me algo para o conforto das suas meninices.
Vi as bajudas do meu tempo, em Mampatá, de peitinhos firmes, provocando pura e ingenuamente os mais profundos e íntimos desejos lascivos dos nossos jovens militares.
Sonhei com os homens e mulheres grandes da tabanca, que já cá não estão para nos contarem histórias e “partirem” conversa como era um dos seus costumes e daqueles que eu mais apreciava.
Revivi na minha memória toda aquela tabanca, mata, trilhos, carreiros, estradas, bolanhas, rios, povoações e, enfim, tudo que por lá calcorreei.
De repente o sonho mudou de cenário e surgiram-me imagens de uma terra florescente, onde os putos que outrora conheci viviam hoje, já homens feitos, uma vida diferente, plena de prosperidade, saudável e com elevados graus de instrução.
Uma comunidade aberta ao pluralismo, onde os grupos étnicos se entendiam em franca, profícua e amena convivência.
Sonhei com uma Guiné-Bissau, explorando bem e cuidadamente os seus fracos recursos territoriais. Com os seus naturais trabalhando activamente as terras e bolanhas, semeando os produtos necessários à sua sobrevivência.
Vi os Guineenses pescando naquele mar rico, arrancando das suas águas o proveito do seu labor.
Vi as paradisíacas praias dos Bijagós tornarem-se em centros turísticos convidativos, atractivos e maravilhosos.
Estava extasiado neste meu sonho, com um sorriso enorme de felicidade, flutuando neste irreal e inverosímil sonho.
Acordei e olhei para um, e outro lado, e logo constatei que não me encontrava na Guiné. Nem a realidade, infelizmente, era aquela que eu tinha acabado sonhado. Antes pelo contrário está muito longe de se aproximar sequer do meu lindo sonho.
Um povo que, acabada a luta contra os portugueses, acreditou num seu futuro bem melhor e com um destino final mais feliz e realizador que o seu grave estado actual.


Ainda a matutar no sonho abri o meu computador, como o faço habitualmente, e, foi neste espaço cibernético, que em boa hora encontrei o blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, que nos tem permitido descarregar as nossas memórias e conviver com Camaradas, que nos vão contando as suas histórias e experiências, sempre com o sonho que é possível, que é o de um dia verem uma "GUINÉ MELHOR".

Parabéns aos Editores, Camaradas e Amigo desta grande obra do Luís Graça e que este 6º Aniversário se converta num hino de Fraternidade e Amizade, proliferando pelas várias tabancas de Norte a Sul do nosso país.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6229: O 6º aniversário do nosso blogue (24): No aniversário do Blogue, homenagem à Guiné (Conceição Salgado)

Guiné 63/74 - P6229: O 6º aniversário do nosso blogue (24): No aniversário do Blogue, homenagem à Guiné (Conceição Salgado)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), de hoje:

Luís, Carlos,
Parece que toda a família Salgado despertou – é este bichinho da Guiné, que ficou, que marcou…

A Conceição quis dar o seu contributo a partir de Luanda…

Mantenhas pa tudus.
Paulo Salgado


A nossa tertuliana Conceição Salgado em Uaque


No Aniversário do Blog

Homenagem à Guiné



Guiné,
Como adolescente trouxeste-me:
Sofrimento
Temor
Ansiedade
Também me ensinaste
Reflexão sobre o sentido:
Da vida
Da guerra
Da paz
Da amizade

Aprendizagem e ressentimento
Nunca te queria conhecer!

Anos 90
Já adulta
Finalmente conheci-te
Fiquei cativa
Pelo teu bafo quente
Teu cheiro a bolanha
Tuas ilhas
Teu mar
Tuas florestas
Teus rios
Tuas picadas

Tuas cidades esventradas
Teu povo sofrido
Fizeram-me compreender
Melhor o Mundo

Ao conhecer-te
Descobri-me
Outra pessoa

Por tudo que me deste
Estarás sempre em mim
Obrigada.


Conceição Salgado
23 de Abril de 2010
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Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6228: O 6º aniversário do nosso blogue (23): Obrigada a todos, em meu nome e da Cidália, por nos terem permitido entrar nas vossas vidas (Cátia Félix)

Guiné 63/74 - P6228: O 6º aniversário do nosso blogue (23): Obrigada a todos, em meu nome e da Cidália, por nos terem permitido entrar nas vossas vidas (Cátia Félix)




Maia > Águas Santas > Cemitério > Talhão dos combatentes falecidos na guerra colonial > Campa do nosso camarada António Ferreira, 1º Cabo Trms, CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), morto em 17 de Abril de 1972 na emboscada do Quirafo. A Cátia é amiga da Cidália, esposa do António e mãe da filha que que ele nunca chegou a conhecer a fazer. Na foto, em primeiro plano, a Cátia, e atrás a Cidália e alguns camaradas nossos   (o Álvaro, o Zé Teizxeira, o Pimentel, o António Baptista - o "morto-vivo do Quirafo"-, o Paulo Santiago e outros).

Foto : © Maria Luís / Paulo Santiago (2009). Direitos reservados

1. Duas mensagnes da Cátia Félix, que faz parte da nossa Tabanca Grande desde Abril de 2009

(i) Comentário ao poste P6215 (*)

Hoje chorei...chorei...ao ver este post, mas hoje sei que foi de felicidade!...

Felicidade por saber que existem pessoas fantásticas como todos vocês. Pessoas que ainda prezam e se interessam por causas, por uma história.

Já agradeci várias vezes em meu nome e em nome da Cidália a todos vocês, por tudo o que nos proporcionaram, mas nunca me vou cansar de o fazer vezes sem conta.

Sei que há um ano o Miguéis não pôde estar conosco mas sei que viveu profundamente o momento como todos nós.

Queria agradecer-lhe muito por esta bonita e sentida homenagem. Arrepiei-me ao ler e ver este post...Aqueles olhos estampados no acrílico parecem vivos, parecem que falam...Está verdadeiramente maravilhoso.

Obrigada,  Miguéis,
Obrigada a todos,
Obrigada por terem permitido que entrasse nas vossas vidas...

Cátia Félix

(ii) Resposta da Cátia um  mail do L.G.:

Luís: Acabei agora de chegar a casa depois de mais um dia árduo na faculdade e não poderia ter melhor fim de tarde ao me deparar com tudo isto. Até onde vai tamanha generosidade por parte de todos vocês...

Por mais "distante" que seja o meu convívio com todos vós, acredite que estarão sempre no meu coração e que passarei a todos os que estão e estarão comigo no dia a dia o verdadeiro sentido da amizade, do companheirismo, da luta em conjunto...tudo...tudo o que aprendi com vocês.

Obrigado por um dia se terem lembrado de criar este refúgio na Net, que de electrónico não tem nada e de amor e amizade ao próximo tem muito.

Parabéns por mais este ano com o desejo e certeza que perdurará por muitos mais.

Um beijinho

Cátia Félix

______________

Notas de L.G.:

(*)  Vd. 22 de Abril de 2010 >  Guiné 63/74 - P6215: In memoriam (41): O Sem Sentido das Guerras - Relembrando António Ferreira (Mário Migueis)

(**) Vd. último poste da série >  23 de Abril de 2010 >  Guiné 63/74 - P6227: O 6º aniversário do nosso blogue (21): Pequena homenagem ao nosso Blogue (Jaime Machado)

Guiné 63/74 - P6227: O 6º aniversário do nosso blogue (21): Pequena homenagem ao nosso Blogue (Jaime Machado)

1. Mensagem do nosso camarada, Jaime Machado*, ex-Alf Mil Cav, Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70, de hoje:

Caro Luis, Caro Carlos
Chegado, como sabem, há muito poucos dias da "nossa" Guiné não tive ainda tempo de escrever nada para homenagear o Blogue que me "obrigou" a voltar à Guiné.

Fi-lo, naturalmente com todo o gosto e emoção!

À guiza de pequena homenagem envio para vós com pedido excepcional de publicação urgente duas fotos que anexo.

Ambas da mesma mulher: uma tirada em Bambadinca em 1968 outra tirada em Bissau em 19 de Abril de 2010.

Repito nas duas fotos está a mesma mulher: com 18 e com 58 anos!

Bem hajam por terem criado este Blogue.

O meu mais sincero agradecimento.
Jaime



__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6032: Os nossos seres, saberes e lazeres (18): Conversa com o meu neto (Jaime Machado)

Vd. último poste da série de23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6226: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns de um emigrado (José Belo)

Guiné 63/74 - P6226: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns de um emigrado (José Belo)

1. Mensagem do José Belo (também conhecido, na Lapónia e agora na Flórida, como Joseph Beo)



Data: 23 de Abril de 2010 15:33

Assunto: Parabéns de um emigrado (*)


Caros Amigos, Camaradas, Editores:

Para milhares de portugueses pelo mundo espalhados,com triângulos de quatro cantos como histórias de vida,o nosso querido Portugal,em maldição de emigrante, vai-se tornando mais presente com o passar das décadas. Nos seus limites, nas suas pequenas/grandes quezílias, nas suas frustrações, nos egos desproporcionados em relação aos mundos que o rodeiam......mas também nas suas qualidades únicas de verdadeiro calor humano, nas suas solidariedades ,voluntarismos,  coragem nas adversidades,e capacidade de resistir a tudo...ou quase. 

Tudo, a seu modo, está espelhado na nossa Tabanca Grande. Com o passar dos anos tornou-se um porto seguro de encontros para os felizardos (mesmo os que desconhecem sê-lo!) que vivem "em casa" junto dos familiares,camaradas e amigos.........junto das PEDRAS da infância. 

Para nós, os que de tão longe olhamos o nosso querido Portugal com ,como tão bem alguém escreveu,"Os telescópios da alma", o blogue  torna-se, subtilmente, uma referência a raízes bem profundas. 

Parabéns pelo Aniversário! 

Key-West
José Belo

__________________

Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P6225: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns editores, participantes e denunciantes do medo, do horror... (Felismina Costa)

1. Mensagem de Felismina Costa*, a partir de hoje mais uma amiga e tertuliana do nosso Blogue, com um poema que nos dedica e que vai sensibilizar todos os nossos camaradas, tenho a certeza.


6º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE

Parabéns Srs Editores!
Parabéns a todos os participantes
A todos os denunciantes
Do medo, do horror, do degredo...
Em terra linda, que vos encantou.
Parabéns, porque sois capazes de denunciar!
De gritar a vossa revolta.
A vossa digna revolta.
Parabéns, porque sois vós, a vóz com razão
Que não teme a repressão,
Que não bajula, que não pactua,
Que não se acobarda.
Parabéns, porque... sobrevivesteis!
Porque fizesteis questão de contar, de relatar,
De registar os horrores, que presensiasteis,
quando ainda meninos, vos mandaram matar...
Terrível realidade, que em vossos peitos se instalou
e que em muitos, deixou marcas físicas, psíquicas,
continuamente revividas...
Mas ditas!
Mas... que eles não apagam.
Haja ao menos o blogue, o vosso amado blogue, onde despejam alegrias e tristezas.
Onde contam, como ninguém, as vossas certezas e incertezas.
Comungo convosco desta festa, desta festa, onde celebram, a vossa...
Sobrevivência!


Parabéns
Felismina Costa
__________

Notas de CV:

(*) Felismina Costa, recorreu ao nosso Blogue em Fevereiro passado, para tentar encontrar o seu afilhado de guerra dos tempos de 1963/64, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário do BENG 447.

No tempo em que ainda era menina, mas sensibilizada para a nobre missão de apoiar moralmente, quem longe do seio meio familiar, não tinha junto de si: mãe, irmã, esposa, namorada ou amiga que lhe dedicasse um pouco de afecto, adoptou como afilhado um camarada, que como nós, combatia na Guiné.

Dele nunca mais teve notícias, até que se lembrou de o procurar, vd. poste de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5894: Em busca de... (119): Afilhado de guerra, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64 (Felismina Costa).

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6224: O 6º aniversário do nosso blogue (19): Um povo e uma terra que estão no meu coração (Paula Salgado, Londres)

Guiné 63/74 - P6224: O 6º aniversário do nosso blogue (19): Um povo e uma terra que estão no meu coração (Paula Salgado, Londres)



Londres > A nossa Doutora Paula Salgado, membro da nossa Tabanca Grande, desde Outubro de 2005... Filha do Paulo e da Conceição, logo nossa filha também, porque os filhos dos nossos camaradas... nossos filhos são!


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (a viver em Angola):


Data: 23 de Abril de 2010 14:41
Assunto: Paula Salgado

Luís e Carlos

A Paula está em Londres. Pediu-me que vos mandasse a mensagem e a foto, que nos remeteu. Eu fiquei muito emocionado por ela "estar" connosco.

É que ela estava com o computador ocupado nas estrutura das proteínas…

Um abraço tertuliano, Paulo Salgado

Segue o endereço dela: aula.salgado@btopenworld.com






Guiné > Região Oio > Olossato > CCAV 2712 (1970/72) > Um patrulhamento 'à maneira', segundo o Paulo Salgado, ex-Alf Mil Cav.

Foto: © Paulo Salgado (2005). Direitos reservados

2. Mensagem da Paula Salgada, membro da nossa Tabanca Grande, juntamente com os seus pais, Paulo e Conceição Salgado:

Amigos do Blogue (*),

O meu pai (
Paulo Salgado) esteve na guerra. O meu pai sempre nos falava, a seu jeito – a mim e ao meu irmão – das suas experiências. Recordo-me dos almoços-convívio em que nós, miúdos, brincávamos ao sol, enquanto os nossos pais (re) viviam as emoções e as recordações. Conforme crescíamos, fomos ouvindo as outras histórias – as do medo, da incerteza, do perigo.

O meu pai regressou à Guiné-Bissau como cooperante, em 1990 (**). "Arrastou" a minha mãe e a mim também. Tinha dezasseis anos. Lembro-me da primeira vez que saímos de Bissau, num inadequado Fiat Punto, e regressávamos já de noite, pelas picadas. Lembro-me de pensar como teria sido para o meu pai, para todos vós, com poucos mais anos do que eu tinha, "cair de pára-quedas" no meio daquele mato. Pela primeira vez, comecei a entender o que ficava por dizer nas histórias que ouvi em criança.


Para uma adolescente, viver num país como a Guiné-Bissau dos anos 90 foi uma experiência emocionante, rica. Convivi com os meus colegas guineenses no Colégio, tive aulas com professores de Matemática, Física e Biologia que tinham vindo do Leste, e com o Padre Macedo – um herói com mais de 50 anos de Guiné que me ensinou muito sobre o que é a língua Portuguesa e como a influência dos povos além-Europa que a falam só a enriquece e enaltece.





Guiné-Bissau > Rio Farim > 2006 > Cambança do rio... Observação do barqueiro: "A bos portuguisis? Pai di nôs".[ Vocês, portugueses ? Então, pais de nós!]


Foto: © Paulo & Conceição Salgado (2006).



E fui ao Olossato, e fui a Farim e fui ao Saltinho, a Bambadinca, Bafatá, corremos a Guiné toda… e fui…ao Morés, o célebre Morés! Ali, a conversa entre um professor do internato, um ex-combatente do PAIGC e o meu pai, partilhando as suas histórias, de lados opostos das barricadas, foi tão mágica que eu e a minha mãe ficámos em silêncio, apreciando o simples facto de presenciarmos um momento tão único, tão fraterno.


A Guiné tinha-me conquistado. O regresso, em 2001, um prémio que pedi aos meus Pais pelo doutoramento, foi doloroso, como são dolorosas as notícias do sofrimento pelo qual aquele povo, que é da nossa família também, passou e passa.

Pode ser que eu traga aqui, a esta tertúlia tão interessante e onde vós, de alguma forma, fazeis a catarse, outras historias desta vivência.

Para todos vós, valentes (ainda que com medos que ainda guardais no vosso subconsciente) eu envio daqui, de Londres, um abraço de admiração e parabéns pelo aniversário do vosso blogue.

Paula Salgado
Doutora em Bioquímica / Investigadora

Londres, 23/04/2010



[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
________________



Notas de L.G.:



(*) Vd. último poste da série > 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6223: O 6º aniversário do nosso blogue (18): Ensinamento de vida (Joaquim Mexia Alves)

(**) Vd. poste, da I Série > 13 de Outubro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCXL: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (2)



(...) Texto do Paulo Salgado que vive em Bissau (...) e que submete à aprovação da tertúlia a admissão da Paula Salgado, sua filha, mais guineia que muito guinéu...

Eu cá, por mim, terei muita honra em apadrinhar a nova tertuliana, a nossa doutoranda Paula, mas aqui quem mais ordena é o colectivo dos tertulianos: no nosso tempo as mulheres não entravam nas casernas, mas isso foi no século passado... Bom, não quero influenciar o resultado da consulta tertuliana. Limito-me a dar a minha opinião. E já agora, cá para mim não entrava só uma camariga, entravam duas, a filha e a mãe, neste caso a Maria da Conceição, a mulher do Paulo... Mais: respeito o silêncio (ou o pudor) do Paulo que tem uma cópia da história da companhia dele mas que não quer escarrapachá-la aqui no blogue, assim, sem mais nem menos, as folhas todas abertas... Respeito e concordo, desde que o bombolom do Paulo vá trazendo notícias e estórias da Guiné-Bissau de ontem e de hoje. Hoje publica-se, a seguir, "mais uma parte do Capítulo I". Até à próxima Paulo e Maria, gente de cepa rija, que não desanima facilmente com o macaréu da desgraça... LG

(...) Camaradas e Amigos (aqui incluo a minha filha Paula Salgado – a camariga que vive em Oxford e que adora ouvir as histórias e as estórias do velhote - camariga que só o será com a licença de vossas mercês, pois ela fez aqui o 11.º ano e papia kriolo diritu i tene amigus manga deli).

Ele é a sina de conduzir os periquitos (designação que se dava às companhias que chegavam da metróple à Guiné – e os velhinhos até cantavam: Periquito vai pró mato, a velhice vai pra Bissau; bem se compreende o desaforo: os novos que gramassem!). E vai-se a Quinhamel, a Uaque, ao Saltinho, conhece-se o rio no cais do Pidjiguiti, são os colegas que chegam do Porto para colaborar no Projecto.

Ele é o corre-corre no campus hospitalar à procura não sei de que solução para tantos problemas, tantos que as gentes já passam indiferentes ao sofrimento, tenha ele a feição e a forma e a dimensão que tiverem: a cólera, a malária, a elevada taxa de mortalidade infantil e maternal… E coisas mais simples como o gerador que avariou e … não há luz nem água para enfermarias, nem PC que registe, nem a fresquidão de ventoínhas e de ares condicionados onde os há, e lá se vão, estragados, os parcos reagentes do laboratório de análises clínicas (35 horas sem luz é muita hora!), e as intervenções marcadas que ficaram no papel (até foi necessário transportar de longe água para desinfecção e dar ao doentes da cólera). Isto só visto, camarigos!

No Olossato, os frigoríficos a petróleo ou a electricidade do geradorzinho aguentavam lindamente… Alguns camaradas até tinham ventoínhas que colocavam no cimo da cabeceira, seguras na parede, para refresco de suores quentes - adivinham-se quais - ou frios, estes devidos a saída iminente para o mato, ali para Manacá, ou Amina Dala, ou Iracunda, esta tabanca bem perto do Morès, ver foto de saída bem cedinho e dizei lá se não era à maneira correcta!!!...

Ah!, aquelas ventoinhas pequeninas que nos batiam no corpo sedento de amor, e que, rodopiando, serviam para afastar os insistentes mosquitos que teimosamente zumbiam aos nossos ouvidos – porra, a mim não me deixavam nem sequer fechar os olhos. Aquele geradorzinho até dava para alumiar os campos até 100 metros, e encandeavam as tropas quando regressavam de sortidas nocturnas.

Acho que estas coisas todos vivemos…! Até se conta a estória de um capitão, de que não digo o nome, que se lembrou de apagar os holofotes em momento de ataque e, pasme-se, quando o IN estava a tentar entrar no aquartelamento, foi uma razia nos guerrilheiros ao acenderem-se as luzes. Se tal foi verdade, como ouvi, foi uma emboscada nocturna a preceito...

Mas a sério: quem não se lembra de uma patrulhamento, bem feito? – segue foto (...)

Nota bem: Eu devo confessar-vos uma coisa – tenho a história da companhia [CCAV 2712, comandada pelo capitão Mário Tomé, entre 1970 e 1972]. Parece-me pouco correcto que a traga a terreiro. Mas tentarei traduzi-la, sem romancear, mas recontando-a à minha maneira.

Que me desculpem os historiadores, que me perdoem os puros… mas há coisas que eu não acho oportuno contar, por escrito.

A todos os Camaradas e Amigos muitas mantenhas e com a promessa de que podeis contar comigo porque eu tenho, também, a segurança à retaguarda – ou não é, Humberto?

Bissau, 13 de Outubro de 2005


Vd. os restantes postes da série:






5 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXX: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (1)


(...) "Vou tentar relatar (narrar, contar, ficcionar quanto baste) as minhas vivências nesta terceira (ou quarta?) comissão / presença demorada... (Agora estamos numa Missão que é um termo muito divulgado por quem passa aqui curtas ou mais longas estadias em nome de alguém a fazer qualquer coisa – confesso-vos que tenho visto muita coisa mal feitinha)"(...).




13 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXL: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (2)


19 de utubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLVII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (3)


(...) "Hoje, sábado, fomos até ao Saltinho, com os cooperantes da Saúde que chegaram ontem no avião (já agora: a Dra. Adelaide, ginecologista; o Dr. Justiça, hematologista e que também fez a guerra em Angola) e ainda o João Faria, engenheiro hospitalar (que já cá está há oito dias… Manga di tempu! , que esteve em Angola, e que se está a aguentar com brio e companheirismo nas lides do Hospital Civil... Todos eles emprestaram à viagem de 350 km um sabor especial)" (...).


5 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXI: Crónicas de Bissau ou o 'bombolom' do Paulo Salgado (4)


29 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (5): para onde ?


3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (6): HN Simão Mendes


5 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXVIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' de Paulo Salgado) (7): Suleiman Seidi


30 de Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CDIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (8): novos tertulianos


18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLVII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (9): História e estórias


30 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXXV: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (10): ontem e hoje em Uaque


1 de Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 -CDXC: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado)(11): Beethoven e batuque no Olossato


2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCI: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (12): reviver o passado em Olossato


13 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1069: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (13): Para quando África ?


(...) "Quem está aqui em trabalho intenso, meses a fio, deixa coisas para contar num amanhã, escrevinha outras para uma memória que há-de ser escrita, agora e sempre falando da Guiné sob outros ângulos e com outras visões e tu perguntarás e os camaradas perguntarão:- Por que razão não bombolaste?


(...) Lá no Hospital há traumatizados há meses à espera de intervenção. Era isto que eu ia contar? Mas hoje apeteceu-me. 10 de Setembro de 2006. (Ouvi passar uma ambulância uivando - o que irá fazer ao Hospital com o doente?)" (...).

Guiné 63/74 - P6223: O 6º aniversário do nosso blogue (18): Ensinamento de vida (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 20 de Abril de 2010:

Meus caros camarigos editores
Tenho pensado na forma de festejar o aniversário da Tabanca Grande que se aproxima.
Quis escrever alguma coisa que marcasse o dia.
E fui andando "por qui, por li", como se diz na minha terra e... nada!

Numa procura que estava a fazer de textos antigos para um trabalho em mãos, deparei-me com algo que escrevi e publiquei no meu blogue, depois do nosso Convívio de 2007.
Ao lê-lo percebi que seria a melhor homenagem que poderia fazer ao nosso espaço de tertúlia e amizade.

Anexo o texto.

Porque o mesmo contêm a expressão viva daquilo que eu vivo como homem de fé, compreenderei se acharem que não o devem publicar como "presente" de aniversário, por eventual critica de "proselitismo".

Tal não me passa pela cabeça, mas, volto a dizer, compreenderei perfeitamente a vossa decisão.
Ficará a intenção e a minha sempre constante amizade e camaradagem, para melhor dizer, camarigagem.

Um abraço deste camarigo
Joaquim


ENSINAMENTO DE VIDA

Tive um fim-de-semana muito ocupado, mas sobretudo vivido muito intensamente.

No Sábado estive num almoço convívio com ex-combatentes da Guiné, (onde estive de 1971 a 1973), e hoje, Domingo, participei na Sé de Leiria, na celebração da Eucaristia de Ordenação de um Presbítero, o Marco, e um Diácono, o Marcelo, que pertence desde a primeira hora à nossa Comunidade Luz e Vida.

Perguntarão o que tem uma coisa a ver com a outra, e também eu perguntei isso mesmo ao meu Deus e Senhor, que sempre nos dá algum ensinamento sobre o que vai acontecendo no dia-a-dia das nossas vidas.

No almoço convívio, (de muitos ex-combatentes que se reúnem num blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné), estavam por isso mesmo, muitos camaradas de armas, (como nos costumamos chamar), de diversas idades, proveniências e unidades militares, dos quais muitos não se conheciam ainda pessoalmente.

No entanto, o sentir, a identificação de algo comum, a unidade de uma experiência colectiva, a comunhão de todos estes sentimentos e vivências, fazia com que nos sentíssemos todos iguais, todos irmanados, todos acolhedores, todos no fundo como um só, embora tão diferentes nas nossas vidas, desde a idade, à política e com certeza à religião.

Na Eucaristia da Ordenação do Marco e do Marcelo, estávamos também pessoas de diversas idades, diversas experiências de vida, locais diferentes, diferentes “sentires”, diferentes modos de viver a Fé, mas no entanto, todos unidos, acolhedores, sorrindo uns para os outros, querendo dar as mãos, e na diversidade, comungando a e na unidade com o Senhor Nosso Deus.

E então o que é que em eventos tão diferentes, se pode encontrar como ensinamento para a vida?

E a resposta é a própria vida, a vida que se dá, que se entrega, a vida que se recebe, a vida que se predispõe para os outros e dos outros para nós.

Com efeito, na guerra, colocamos a nossa vida nas mãos dos outros, dos que estão ao nosso lado, que nos acompanham e que às vezes apenas conhecemos ali, enquanto os outros nos entregam as suas vidas, confiando em que as vamos proteger com as nossas próprias vidas.

Só com essa entrega mútua de confiança, é possível sobreviver na guerra.

Essa vivência faz-nos identificar com todos os que estiveram na guerra, no nosso tempo, no nosso sitio, ou tempos e sítios totalmente diferentes.

Quando nos encontramos, conhecendo-nos ou não, apesar de todas as diferenças que possam existir entre cada um, abraçamo-nos, acolhemo-nos e comungamos de um mesmo sentimento: a vida que continuamos a ter.

Na vivência da Fé, na e em Igreja, a vida só tem sentido se for uma oferta permanente a Deus, e por Deus aos outros.

Só posso viver e crescer em comunhão com os outros e para os outros, senão arrisco-me a perecer na primeira dificuldade, a cair na primeira tentação.

A minha salvação só tem sentido na salvação dos outros e os outros contam com a minha entrega em oração por eles, como eu conto com a sua entrega em oração por mim.

Pode mesmo chegar-se um dia ao extremo de termos, por amor, de dar a vida pelos outros, entregando-nos confiantemente nas mãos do Criador, como ainda hoje tantos fazem, em nome de Deus, pelos seus irmãos.

E não interessa onde estamos, onde nos encontramos, no nosso país ou outro qualquer, porque nos identificamos e reconhecemos nessa entrega de amor a Deus e aos outros.

Na guerra os outros confiam que eu os protegerei e contam com as minhas capacidades, como eu conto com as deles, para chegarmos sãos e vivos ao nosso ponto de partida.

Na Igreja, os outros contam com as minhas orações, com o meu testemunho de vida, como eu conto com o deles, para crescermos juntos na Fé e alcançarmos a Salvação, que nos foi dada por Jesus Cristo Nosso Senhor.

A entrega da nossa vida, pelos outros e dos outros por nós, leva-nos a este encontro de comunhão de sermos um só com o mesmo objectivo.

A diferença está em que, na guerra a finalidade é preservarmos a nossa vida, muitas vezes aniquilando a vida do outro.

Na vivência da Fé, em Igreja, a finalidade é a salvação do outro com a entrega da nossa vida, alcançando também a nossa salvação.

Monte Real, 30 de Abril de 2007
JMA
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6112: Parabéns a você (99): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil OP Esp (Os editores)

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P622: O 6º aniversário do nosso blogue (17): Quem disse que hoje não havia rancho melhorado ? (Torcato Mendonça)

Guiné 63/74 - P6222: O 6º aniversário do nosso blogue (17): Quem disse que hoje não havia rancho melhorado ? (Torcato Mendonça)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo (uma das mais paradísiacas estâncias de turismo militar)  > CART 2339 (1968/69) > Hoje há leitão.. balanta!...
                                                      


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo >CART 2339 (1968/69) > Quem disse... Rancho Melhorado ?!



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > "É, pá, vocês não comam tudo!"...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > "Day after": o leitão estava estragado ou foi da "borrachera" ?

Do famoso e fabuloso álbum Fotos Falantes II.  Fotos: Foto: © Torcato Mendonça  (2006). Direitos reservados

[ Revisão/ fixação do texto / título do poste / selecção, edição e legendas das fotos: L.G.]

1. Mensagem do Torcato Mendonça (Fundão):

Data: 23 de Abril de 2010 10:41

Assunto: O SEXTO (*)

Caros Editores e Camaradas: Dizem-me ser o sexto aniversário do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, e eu folgo com isso. Mas questiono-me: O  que é o blogue? Quem faz anos?

O blogue de sexto aniversário é o do Luís. Então faz ele anos e mando-lhe um abraço e uns eteceteras; se o blogue é este espaço, espaço com quatro centenas de pessoas, milhares de escritos onde, porque fica gravado, vêm ler e saber de assuntos ou novas centenas de milhar de visitantes. Ainda por este espaço ser global e as gentes, quer as que a ele pertencem quer as que o visitam, espalham-se mundo fora. Espaço de afectos, espaço de discussão plural, espaço de controvérsia ou só espaço de terapia colectiva de uns quantos. Ou todos?

Penso que é isso tudo. Mais, penso ser um espaço a contribuir para o tratamento futuro da nossa memória colectiva. Da memória de outros Povos que connosco conviveram por séculos.

Os de Bilege? Também porque só prova a necessidade de nos conhecermos melhor como Povo.

Trabalho para historiadores, não para cronistas do reino...

Mas então para quem são os parabéns? Eu escrevi uma ou outra vez, comentei aqui e acolá...e vou dar parabéns a mim? Eu, além disso,  só para aqui vim em Maio de 2006 e fiquei.

Penso que os parabéns são para o fundador, para os editores, para todos os que pertencem e se identificam e acreditam na validade deste projecto.

Mas, se me o permitem envio os meus PARABÉNS e os meus agradecimentos aos Editores pelo excelente trabalho. São muitas horas roubadas sabe-se lá a quê e a quem...

Meus Camaradas e Amigos, para vocês o meu bem hajam e, através de vós,  felicito toda esta Tertúlia de homens e mulheres de cá, do nosso País, ou da Guiné e os da Diáspora,  mundo fora como é sina nossa....partilhando o Mundo...não dando novos...já lá estava....

Abraços T M
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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6220: O 6º aniversário do nosso blogue (16): Um Blogue? Sei lá o que é isso! (Paulo Santiago)