terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7631: Notas de leitura (189): A minha coluna emboscada e o livro A Última Missão, do Cor Moura Calheiros (Manuel Marinho)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 16 de Janeiro de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Envio-te este texto, se entenderes publica.
Manuel Marinho




A minha coluna emboscada, e o livro “A Última Missão”

Quero saudar o Cor Moura Calheiros pelo seu livro A Última Missão** que é um testemunho de grande qualidade para os ex-combatentes na Guiné, onde nos é dado a conhecer a grande actividade operacional do BCP12, a par de grandes operações realizadas em 71/73 em conjunto com Companhias de tropa regular.

Pela escrita avalizada do Cmdt Operacional dos Pára-quedistas, todos os militares são tratados sem falsos heroísmos, mas com elevado valor pelas dificuldades passadas.

Por exemplo:

- As dificuldades das Unidades que ocuparam o Cantanhêz, e construíram quartéis de raiz.
- As operações para libertar Guidaje, e a defesa heróica de Gadamael, e por aí fora.

Mas o que me leva a escrever este pequeno texto, são algumas questões novas contidas no livro, referentes a Guidaje nas quais eu participei.

Já não chegava o facto de termos ido numa coluna mal organizada operacionalmente, de nos terem mandado avançar de noite, de não terem avaliado bem o IN acabo por saber pelo Cor Moura Calheiros que até os socorros nos foram negados.

Nos fatídicos dias 8 e 9 de Maio de 1973 na coluna para reabastecer Guidaje, mal tivemos o primeiro contacto com o IN, (noite de 8) os pedidos de ajuda foram efectuados em tempo oportuno já adivinhando o que nos esperava, por não podermos retirar do local onde estávamos.
A viatura da frente da coluna (Berliet) estava imobilizada por efeito de mina.

Sei hoje graças ao Cor Moura Calheiros, no seu livro “A Última Missão” que a CCP 121 esteve em estado de prontidão para nos ir socorrer, logo na madrugada de 9 de Maio, desde as 5,00 horas até à nossa difícil retirada, para Binta.

A Missão dos Pára-quedistas era a de socorrer a coluna e recuperar as viaturas, sobretudo as que transportavam munições.
Os altos Comandos Militares na altura, esperaram para ver o que acontecia, e deixaram a situação chegar ao extremo.
Como o desenlace foi aquele, restou mandar bombardear as viaturas.

É provável que houvesse razões para crer que na manhã de 9 de Maio de 73 conseguiríamos repelir o IN, afinal era mais uma pequena emboscada. Mas não. Eram mais de 100 elementos IN na zona, e nós cerca de 50. Mesmo assim, com um IN muito superior em número, as suas baixas foram 3 vezes superior às nossas.
Infelizmente foi o começo na grande ofensiva terrestre do PAIGC no cerco a Guidaje, porque os ataques ao aquartelamento já estavam bem adiantados com fortes flagelações.

Lembro que fomos salvos por uma pequena força de cerca de 14 elementos da minha 1ª Ccaç/BCAÇ 4512 de Binta, que com enormes dificuldades conseguiu chegar até nós pelo menos com 2 viaturas e conseguimos com a sua ajuda retirar os nossos feridos.

Essa pequena força comandada por um Furriel foi resgatar com muito custo o meu amigo e Cmdt da coluna Alferes O.E., que se encontrava com a perna fracturada, e o trouxe às suas costas até à viatura.
Se (e este se é mesmo isso) a CCP 121 tivesse ido até Binta, chegaria a tempo de aliviar a pressão sobre nós, talvez salvar as cargas das viaturas, e na impossibilidade de minimizar as baixas que sofremos (4 mortos), teríamos conseguido de certeza trazer os corpos dos nossos camaradas que lá ficaram mais 2 meses, e isso já seria muito.

Mas isto são apenas ses.

Agora permitam a minha ousadia de questionar as considerações feitas no depoimento na parte final do livro pelo Sr Manuel dos Santos, ao tempo Cmdt das forças do PAIGC na frente Norte em 73 e na defesa da base de Cumbamory.
Passados todos estes anos é feita uma completa desvalorização por parte do PAIGC do ataque à base de Cumbamory pelo testemunho de um seu Comdt na época em questão.

Sobre a Operação “Ametista Real”:

Entre outras retiro estas afirmações:

- As bombas lançadas pela nossa aviação caíram em volta, na bolanha e não nas nossas posições.

- O único material destruído foram cerca de 20 foguetões 122mm.

- Na base não tivemos um único morto.

Estas são algumas das opiniões do Sr Manuel Santos. Perante este depoimento que dizer?

Os testemunhos de quem lá combateu do BCA na operação à base de Cumbamory dizem-nos que houve praticamente luta corpo a corpo. Como é possível numa operação daquelas os resultados serem estes?

Opiniões…

Apetece-me ironizar mas tenho muito respeito pelo autor do livro para o fazer.
Ao menos nos nossos testemunhos da guerra, não escamoteamos as nossas perdas, dignificamos sempre os nossos mortos caídos em combate, que é a forma mais honrosa de lhes perpetuarmos a memória.

Somos muito críticos, por vezes demasiado duros, a ajuizar o nosso comportamento na Guerra na Guiné, até surgem discussões entre nós, apenas com o intuito de sermos rigorosos na forma de contar o como foi e de que maneira aconteceu. Por isso somos, a consciência moral da Guerra Colonial da Guiné, e por muito que isso custe a quem quer que seja, ninguém apagará os nossos testemunhos, contados neste grande Blog, rico em amizade, camaradagem e solidariedade, único no género.

Por último aceitem a sugestão deste simples leitor e vosso camarada, leiam o livro.

Ao Cor Moura Calheiros, o meu obrigado mais uma vez por estas memórias, que ajudam a compreender o que foi aquele período na Guiné.

Um abraço para todos vós.
Manuel Marinho
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7318: In Memoriam (61): Fanta Baldé, de Farim (Manuel Marinho)

(**) Vd. poste de 5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7385: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (4): "A História, tal como a ficção, não pode ficar em suspenso sem um epílogo que a justifique e lhe dê um sentido" (António-Pedro de Vasconcelos)

Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7614: Notas de leitura (188): Lugares de Passagem, de José Brás (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P7630: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (43): Na Kontra Ka Kontra: 7.º episódio





1. Sétimo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 17 de Janeiro de 2011:



NA KONTRA
KA KONTRA


7º EPISÓDIO

Logo a seguir e, cumprindo a ordem de operações, monta-se uma emboscada no trilho com mais probabilidades de passagem de elementos do PAIGC. Passadas umas três horas em silêncio absoluto e porque nada aconteceu foi levantada a emboscada e inicia-se o regresso a Madina Xaquili caminhando agora paralelamente ao trilho anterior. Chega-se à tabanca ao anoitecer mas a horas de ouvir o relato dum Sporting/Académica.

Claro que nessa noite não há conversa com o João, o cansaço falou mais alto. Já na cama o Alferes Magalhães não deixa de pensar na Asmau, cuja imagem já se começa a desvanecer. Torna-se imperioso voltar a vê-la. Se não fosse o cansaço talvez não pregasse olho nessa noite mas, dadas as circunstâncias, acaba por adormecer.

Na manhã seguinte o nosso Alferes levanta-se cedo, como era de esperar dada a sua ideia frontal obsessiva. Sentado à mesa, à espera que o “legionário”, o cozinheiro, que tinha pertencido à Legião Estrangeira, preparasse o café para o pessoal, viu aproximar-se o João Sanhá. Caminhava de forma esquisita, com as pernas abertas. Na impossibilidade para já de rever a bajuda, entendia que o João era o elo de contacto prioritário, por isso chamando-o perguntou:

- Que se passa João, tem algum problema?

O João, que também tinha participado na operação, mostra as coxas que estavam em carne viva. O roçar das pernas uma na outra com as calças de permeio tinham provocado aquilo, até porque ele era um pouco anafado. Na tabanca, todo o serviço quer militar, quer das lavras era feito pelos milícias à sua ordem. O “enfermeiro” tratou-lhe das pernas e o Alferes Magalhães anteviu mais um adiamento da tão desejada conversa.

O Alferes precisava da conversa com o João, como de pão para a boca. No dia anterior deixara-o em paz até porque, ao orientar os trabalhos, teve a oportunidade de saber algumas coisas sobre a que ele já considerava a sua bajuda. O milícia Braima lembrava-se do nascimento da Asmau, teria ele uns quinze anos, e da pele clara que ela sempre tinha tido. Foi o suficiente para atear o fogo que parecia estar a extinguir-se. De qualquer forma, quer pelo Braima não falar bem português e também porque estava à espera de respostas bem precisas sobre determinados assuntos, resolve esperar que o João se restabeleça.

Entretanto tenta comprar um kora que o Braima possui, feito de meia cabaça, pele de macaco e cerca de vinte e cinco cordas de fio de pesca. Não o consegue. O Braima diz que com aquele som não conseguiria outro, para além de que já era do pai dele. Mas numa atitude simpática cede-lhe um “ori” a que chamava “iuri” e que ele próprio escavara em forma de canoa, num tronco de pau sangue. Mais tarde veio a verificar-se que seria um crime levá-lo a desfazer-se do kora. À noite, no “bentem”, debaixo do mangueiro no centro da tabanca, com o relampejar ao longe, ouvi-lo tocar era verdadeiramente sublime.

O Braima com as suas características incisões junto aos olhos.

O nosso Alferes via mais um dia passar sem ter a conversa com o João. Dedica-se ao trabalho, orientando os camaradas na construção dos abrigos e ele próprio trata de fazer um fornilho detrás dum poilão existente na orla da mata, instalação mais que provável dos guerrilheiros no caso de um ataque.

Nesta noite, como era de esperar, o João não aparece pelo que perdeu, além do mais, o autêntico concerto dado pelo Braima.

Pelo conhecimento que o Alferes Magalhães tem do modus operandi dos guerrilheiros naquela área, que invariavelmente atacam sempre ao anoitecer, só exige aos seus um estado de alerta rigoroso a essa hora. Passadas duas horas de anoitecer vai para a sua morança, enfia um pijama e, de auscultador num ouvido, ao som de uma qualquer sinfonia, pega no sono e tem os sonhos que quer ter… pelo menos acordado.

O dia seguinte era promissor pois não havia “nuvens no horizonte”, no entanto algo iria acontecer que ofuscaria a conversa com o João. Pela manhã o João resolve apresentar formalmente as suas duas mulheres que viviam na tabanca, pois tinha mais duas noutras tabancas. A primeira, Kadidja, mãe do Bonco, e a Mariama.

Fim deste episódio

Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7624: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (42): Na Kontra Ka Kontra: 6.º episódio

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7629: Memória dos lugares (121): Bedanda, do tempo da malta da CCAÇ 6 - 1972/73 (Vasco Santos)

1. O nosso Camarada Luís Graça, a propósito dos postes P7593 e P7611, enviou em 12 de Janeiro de 2011 a seguinte mensagem ao nosso Camarada Vasco Santos, que foi 1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6, em Bedanda (1972/73):
Vasco: Diz-me uma coisa: 

(i) quantos meses esteve o Alf Mil Méd Bravo convosco, em Bedanda?; 

(ii) ele veio de onde?; 

(iii) foi a seguir para onde?; 

(iv) reconheces mais caras nas fotos que me mandaste?; 

(v) lembras-te do Alf Mil [Joaquim Pinto] Carvalho?; 

(vi) ele era da CCAÇ 6?; 

(vii) havia mais subunidades convosco em Bedanda?... 

Responde quando puderes. Um abração. Luís 

 2. O nosso Camarada Vasco Santos, em 15 de Janeiro de 2011, respondeu assim ao Luís: 

 Caro Luís Graça, Se bem que a memória já não seja a mesma, vou tentar responder o mais sucintamente possível ao solicitado. A saber: 

 1º.- Penso que o Alf Bravo esteve em Bedanda, 3/4 meses quando muito, senão vejamos: a) cheguei a Bedanda, mais ou menos, em meados Janeiro 1972, pois estive desde Dezembro de 1971 a tirar um curso de adaptação na Cheret, em Bissau; b) a última foto que tenho, com ele presente (na sua despedida) está datada de envio para minha casa, Abril de 1972; alis basta ver a foto da "farra" e ver que alguns colegas já usavam o “poncho”, sinal de início das chuvas; c) encontrei-me com ele, numa visita a Guileje´, quando lhe fui demonstrar um novo sistema de criptos. 

 2º. Não sei donde ele veio, sei que ia muitas vezes a Guileje. 

 3º. Penso que a despedida que lhe fizemos em Bedanda, seria para festejar o seu regresso definitivo à Metrópole. 

 4º. Quanto a se me recordo de mais caras/nomes nas fotos, claro que sim e vou indicar (fotos do Poste 7611): Foto 1: Alf Mil Figueiras (Viseu), Alf Mil Méd Bravo e Alf Mil Carvalho - lembro-me do alferes que está ao lado dele mas, sinceramente, não me lembro do seu nome. Tinha-o como um "tipo" cinco estrelas. 

Foto 2: Alf Mil Carvalho, Fur Mil Humberto Naia (de Vila do Conde, era de Artilharia). Em baixo: Alf Mil Figueiras, Alf Mil Silva (Esposende), Fur Mil Vaguemestre, Alf Mil Méd Bravo e Fur Mil Dias. Foto 4: Alf Mil Figueiras (óculos), Alf Mil Carvalho e o Alf Mil Méd Pignatelli. 


Foto 5 (farra): plano de baixo - iniciar pela esquerda: Lopes (padeiro), Nelinho/Gaia (enfermeiro), Mecânico/Lisboa (nome ?), Fur Mil Dias (enfermeiro), Dr. Bravo, Leão/Mecânico, Alf Mil Figueiras, Eu (Vasco Santos) e o Orlando (escriturário que vivia em Lisboa). 

 5º O Alf Mil Carvalho foi sempre da nossa companhia mas, como deves compreender, éramos uma CCaç Africana, de rendição individual, e ali o tempo para nós era eterno - vivíamos o dia a dia -, sem olhar para calendários. 

 6º. Em Bedanda, segundo me lembro, estavam as seguintes Unidades: 

  • CCAÇ 6 - 4 pelotões, um dos quais estava "destacado" junto ao rio Ungauriol onde estava colocado o meu amigo Carlos Azevedo e o Ismael Barros, o Alf Mil Silva (Esposende), etc.;
  • Um Pelotão de Artilharia; 
  • Um Pelotão de Morteiros; 
  • Um Pelotão de Canhões s/r; 
  • E um Grupo de Milícias. 

 7º. Na foto que dizes que o Dr. Bravo vai a entrar para um carro de combate, lamento informar mas, na nossa companhia apenas havia um Unimog, um jipe (?) e uma GMC (rebenta minas) para a água. O alferes ia entrar numa DO 27 para o regresso a Bissau, cuja foto anexo.
Guiné 63/74 - P7593: Memória dos lugares (119): Bedanda, do tempo da malta da CCAÇ 6: Alf Mil Médico Mário Bravo, Alf Mil Pinto Carvalho, Lopes, Borges, Silva, Figueiras... do 1º Cabo Azevedo, do Cap Ayala Botto (1971/72)... mas também do 1º Cabo Cripto Vasco Santos (1972/73) 

 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7611: (Ex)citações (125): Os prazeres do blogue: reconhecer caras de pessoas que conheci numa outra vida: CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73)
Caro Amigo Luís, aproveito o ensejo e, conforme te tinha dito no encontro que tivemos em Matosinhos (Tabanca), junto uma foto do obus de 14 cm, que estava em Bedanda a fazer fogo.
Bedanda, o obus 14
Nesta foto da "inauguração rio Ungauriol", do lado esquerdo, estou eu e, ao meu lado, de cigarro na mão, está o alferes que, se possível, gostaria que me ajudassem a identificar. Esta foto é de Julho de 1973 obtida na inauguração da nossa jangada, onde se pode ver, no canto, o nosso Capitão que substituiu o Cap Ayalla Botto.
Nesta foto (de qualidade muito má) mas onde poderás ver à direita, em terceiro, o Dr Mário Bravo. Esta foi a última foto que tirei ao grupo todo de pessoal branco da CCAÇ 6, antes da partida dele, com a data, enviada para minha casa, de 5 de Abril de 1972, pelo que, supostamente, foi tirada em Março (tudo o que era a preto e branco demorava a enviarem-me desde Bissau, mais ou menos um mês). O que era a cores como não existia nem lá, nem em Portugal, eu mandava revelar nos U.S.A.
A D.O. onde o Dr. Bravo viajou para Bissau

Qualquer dúvida aqui me terás para esclarecimento.
Um abraço amigo,
Vasco Santos
1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6
_________
Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

15 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7619: Memória dos lugares (120): Bambadinca, ao tempo do Manuel Bastos Soares, ex-Fur Mil, CCAV 678 (1964/66), e da Dona Violete da Silva Aires, a professora primária caboverdiana

Guiné 63/74 - P7628: Parabéns a você (202): Dia 13 de Janeiro de 2011, Enfermeira Pára-quedista Maria Ivone Reis

PARABÉNS A VOCÊ - DIA 13 DE JANEIRO DE 2011

ENFERMEIRA PÁRA-QUEDISTA MARIA IVONE REIS


1. Mensagem da nossa camarada Rosa Serra (ex-Alferes Enfermeira Pára-quedista, BCP 12, Guiné, 1969), com data de 13 de Janeiro de 2011:

Aos bloguistas de Luís Graça
Apesar da hora tardia, gostaria de dar conhecimento a todos os camaradas que conheceram a enfermeira Ivone*, mas desconhecem a sua data de aniversário, que hoje esta nossa camarada faz anos.

Tenho pena que grande parte das enfermeiras pára-quedistas, incluindo eu, não a foi visitar para lhe dar um abraço.

Acabei de falar com a sobrinha, que me informou que ela teve várias visitas entre elas uma enfermeira pára-quedista, a enfermeira Francis. As restantes estiveram numa reunião já agendada para este dia. Fiquei mais tranquila.

Mesmo que a enfermeira Ivone esteja indiferente, a nível consciente, às nossas saudações, aqui fica expresso que não a esquecemos e Parabéns Ivone hoje estamos consigo.

Um abraço em nome das enfermeiras pára-quedistas que hoje não puderam visitá-la
Rosa Serra

Tancos, 8 de Agosto de 1961. Da esquerda para a direita: Maria do Céu, Maria Ivone, Maria de Lurdes, Maria Zulmira, Maria Arminda e o Capitão Fausto Marques (Director Instrutor).

Tancos 2005 > I Encontro de Mulheres Boinas Verdes > A Enfermeira Ivone corta o bolo comemorativo


2. Comentário de CV:

Queremos agradecer à Rosa a oportunidade que nos dá de, embora tardiamente, podermos felicitar a nossa querida Enfermeira Ivone Reis pela passagem de mais um aniversário. Lamentamos que o seu estado de saúde não lhe permita conviver com as suas camaradas Enfermeiras Pára-quedistas, desfrutando de um dia de aniversário rodeada pelas suas amigas de sempre.

Vamos desde já marcar encontro para o próximo dia 13 de Janeiro de 2012, para no dia certo voltarmos a falar da nossa camarada Ivone, um dos anjos, que do ar, nos levavam o alívio para o corpo e para alma.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6535: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-quedistas (18): As primeiras mulheres portuguesas equiparadas a militares (5): Maria Ivone Reis (Rosa Serra)

Vd. último poste da série de 12 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7597: Parabéns a você (201): Adilan, o menino que Manuel Joaquim trouxe da Guiné (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P7627: Blogpoesia (109): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (10) (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  13 de Janeiro de 2011:

Amigo Carlos,
Aqui seguem,com um grande abraço, mais quatro sextilhas para "QUISERA".


QUISERA EU... (10)

Quisera ter poderes de tribunal,
a força de mandado judicial,
julgar nojentos crimes do pós-guerra.
Descolonizador sentar no "mocho",
quer fosse branco, preto ou até roxo,
culpado dos massacres de nhô terra...

Quisera ver Guiné desenvolvida
com hospitais, escolas, outra vida,
erradicada a fome e a doença...
Quisera ver os braços ocupados
nas fábricas, no campo, atarefados
na aposta da mudança, da diferença...

Quisera ver Guinéu bem sorridente,
à cata dum futuro de homem crente
sabendo um amanhã a ter lugar...
Está cerecido o mundo de mudança,
é tempo de chamar certeza à esp`rança,
suster a incompetência a governar...

Aviso também, visa o lusitano
na Ibéria, fácil alvo dum insano
governo d`incapazes, carreiristas...
Há urgência na mudança dos comandos,
p`ra ver chegar o fim destes desmandos,
d`ineptos e de vis oportunistas...

MM
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7617: Blogpoesia (108): HERÓIS e heróis (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7383: Blogpoesia (93): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (9) (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P7626: Camaradas na diáspora (4): José (ou Joe) Ribeiro, natural de Leiria, a viver em Toronto, Canadá, há mais de 35 anos: Sold Inf , 4º Gr Comb, CCAÇ 3307/BCAÇ 3833 (Pelundo, Jolmete, Ilha de Jete, 1970/72)

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Canchungo >  Pelundo > 2008 > Restos do antigo quartel português, ao tempo do BART 6521/72 (Pelundo, 22/9/1972 - 27/8/1974), a unidade que fez a transferência de soberania para o PAIGC, e que era comandado pelo Ten Cor Art Luís Filipe de Albuquerque Campos Ferreira.   


A foto foi-nos enviada, em Setembro de 2008, juntamente com as fotos de uma série de ex-camaradas nossos,  manjacos do Pelundo (que estiveram ao serviço do exército português e para quem se pedia apoio), pelo sociólogo António Alberto Alves, que reside(ia) desde 2006 em Canchungo (antiga Teixeira Pinto) e trabalha (ou trabalhava) para uma ONGD portuguesa.


Foto:  © António Alberto Alves (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradadas da Guiné. Todo os direitos  reservados.


1. Telefonou-me, ontem, do Canadá (*) o nosso camarada José Ribeiro:

(i) É natural de Leiria;

(ii) Vive em Toronto, "na zona dos portugueses", há 35 anos (vai fazer em breve 36).

(iii) Foi Sold At Inf da CCAÇ 3307/BCAÇ 3833, 1970/72 (*); pertenceu ao 4º Gr Comb;

(iv) Passou pelo Pelundo, Jolmete e Ilha de Jete;

(v) Era conhecido por “O Caçador”: no Pelundo e em Jolmete saía de noite e trazia caça (cabras, lebres, etc.); tornou-se desse modo um precioso ajudante do Fur Mil SAM, o vaguemestre, de apelido Osório (que era das Caldas da Raínha);

(vi) Chegou ao Pelundo pouco tempo depois da morte dos “três majores”;

(vii) Ainda se lembra da cambança do Rio Mansoa,  em Jolandim.

(viii) Depois de passar à peluda, ainda foi mecânico na Volvo, em Leiria, durante dois anos;

(ix) Acabou por ir para o Canadá onde tinha um irmão;

(x)  Hoje é operador de grua numa grande empresa (mais de mil trabalhadores);

(xi) Convive com muita malta portuguesa, incluindo gente da minha terra, Lourinhã: citou o nome de Rogério Henriques, um caso de sucesso (empresário, ligado ao ramo dos materiais de construção, milionário, radicado há muitos anos no Canadá, respeitado pela comunidade);


O José Ribeiro (ou Joe Ribeiro) está à espera dos 60 para se reformar (e vir passar mais tempo a Portugal). É casado, tem 2 dois filhos. Uma das filhas (se bem entendi)  já lhe deu dois netos. Foi para a tropa, como voluntário, sendo portanto um ano mais novo do que a generalidade dos seus camaradas.

Descobriu o nosso blogue de que se tornou fã, embora ainda não domine tão bem o computador como domina a sua grua. Tem feitos contactos com ex-combatentes, a residir em Portugal: caso do Mário Silva (Aveiro; esteve em Angola); Adriano Ferreira, sold cond auto da CCS/BCAÇ 3833 (não fixei onde vive actualmente); Joaquim, de Rio Maior… Tem uma conta no Facebook mas que eu não ainda não consegui localizar.

Deu-me três endereços de e-mail para quem o quiser contactar:
joeribeiro@live.ca
joseribeiro@hotmail.com
ribeiro.jose34@gmail.com


2. Comentário de L.G.:

José Ribeiro: Foi um prazer conversar contigo. Vejo que tens saudades de (e amas) a terra que te viu nascer. Conforme combinado, ficas então deu de me mandar fotos, tuas, digitalizadas, para te apresentares, como deve ser, à Tabanca Grande. Naturalmente que serás recebido de braços abertos por todos os nossos camaradas e demais amigos da Guiné.

Em princípio, serás o 2º elemento do BCAÇ 3833 sentar-se debaixo do poilão da nossa Tabanca Grande, depois do Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306 (**)... O nosso camarigo Jorge Picado, ex-Cap Mil (CCaç 2589, CART 2732, CAOP 1)  também andou lá para os teus lados (aquando da sua passagem pelo CAOP 1, em Teixeira Pinto) e faz uma referência à tua companhia, a CCAÇ 3307 (podes ver aqui) bem como ao comandante do teu batalhão, o Ten Cor Inf Nívio José Ramos Herdade... (O BCAÇ 3833 tinha então a seu cargo o Sector 07: Pelundo, Có e Jolmete).

Vê, entretanto,  se (re)conheces alguns dos camaradas manjacos do Pelundo,  do teu tempo,  que serviram no nosso exército, e que precisam do nosso apoio (quanto mais não seja uma palavra de apreço, de saudação, de solidariedade). Também, eles, esses camaradas manjacos, foram miseravelmente abandonados por nós...
______________

Notas de L.G.:

(*) Último poste desta série > 22 de Dezembro de 2010 >Guiné 63/74 - P7488: Camaradas na diáspora (3): O luso-americano Franklin Galina, aliás, ex-Fur Mil Franklin, Pel Mort 4575 (Bambadinca, Julho de 1972 / Agosto de 1974)

(...) Julgo que estou a ser o primeiro elemento do BCAÇ 3833 que esteve na Guiné entre 1970/72, respectivamente no Pelundo com a CCS e a CCAÇ 3307, em Có com a CCAÇ 3308, e em Jolmete com a CCAÇ 3306, a colaborar nesse blogue. Se estiver enganado, algum camarada que me corrija. (...) 

Guiné 63/74 - P7625: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (2): Informação e incentivo (Inácio Silva / Amaro Samúdio)

A propósito da petição nacional da iniciativa do nosso camarada Inácio Silva, publicamos as duas mensagens que se seguem:


1. Mensagem de Inácio Silva, ex-1.º Cabo da CART 2732, Mansabá, 1970/72, com data de 17 de Janeiro de 2011:

Caros amigos e ex-camaradas:
Volto ao vosso contacto para informar que a petição "Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios", http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N5306, está a ter uma boa adesão. Neste momento já foram recolhidas 365 assinaturas.

Porém, verifiquei que algumas assinaturas não foram confirmadas. É preciso não esquecer que, após a assinatura da Petição, terá que ser feita a sua confirmação a partir do email que o Site PETIÇÃO PÚBLICA envia para a caixa de correio de cada um de vós. Caso contrário, a assinatura não é validada.

Penso que todos saberão que a Petição é dirigida a todos os cidadãos, podendo ser assinada por quem for maior de idade. Como é óbvio, não é necessário ser ex-combatente.

Repito que é necessário vencer a info-exclusão, transmitindo aos que não têm Internet, que poderão, com a ajuda dos que a têm, VOTAR/ADERIR/CONCORDAR/ASSINAR.

Mais uma vez solicito e agradeço a todos os ex-camaradas que desenvolveram BLOGUES ou PÁGINAS DE INTERNET, e a todas as pessoas que, duma forma ou doutra o possam fazer, que noticiem este facto e, se possível, publiquem o link, acima indicado, para aceder à mesma.

Esta Petição já se encontra difundida nos seguintes endereços:
http://guerracolonial.blogs.sapo.pt/
http://cart2732.blogspot.com/2011/01/peticao-assembleia-da-republica-e-ao.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/01/guine-6374-p7591-ex-combatentes-da.html

Sabemos que também já corre no FaceBook e no Twiter.

Como sabem, é necessário obter um mínimo de 4000 assinaturas, para que a mesma possa ser entregue aos Órgãos do Estado a que se destina: Assembleia da República e Governo.

Os meus cumprimentos e um abraço fraterno do seu autor

Inácio Silva
ex-CART 2732
Mansabá-Guiné


2. Mensagem de Amaro Samúdio, ex 1.º Cabo Aux. Enfermeiro (CCAÇ 3477, Guileje, 1971/73), com data de 16 de Janeiro de 2011:

Então Caros Gringos de Guiléje
Foi por muito trabalho do Inácio Silva (ex-Combatente na Guiné) e do Luís Graça (ex-Combatente na Guiné) que hoje se fala dos ex-Combatentes.

Não fossem eles e estaríamos esquecidos.

Para a Petição em que se meteram são, suponho necessárias 4000 assinaturas.

Por esta ordem dos Gringos de Guiléje, já assinaram, o Abílio Delgado, eu, o Parreiras, o Carioca e o Dart Silva.

Julgo ser a Petição importante, caso contrário não vos CHATEAVA.
Caso entendam que é no mínimo razoável o pedido da petição assinem-na.

Um Abraço Gringo
A. Samúdio
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7591: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (1): Meta, recolha de 4000 assinaturas (Inácio Silva)

Guiné 63/74 - P7624: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (42): Na Kontra Ka Kontra: 6.º episódio





1. Sexto episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 16 de Janeiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


6º EPISÓDIO

O Radiotelegrafista tinha montado uma antena dipolo orientada para Galomaro, tendo logo nessa tarde chegado a primeira mensagem do Comando, ordenando que se fizesse no dia seguinte uma operação de reconhecimento, na zona da antiga tabanca de Padada.

Lá se ia, novamente, por água abaixo a conversa com o João.

Havia que combinar tudo: Pessoal que ia, armamento que se levava e sobretudo deixar instruções bem definidas ao pessoal que ficava na tabanca. Caso ouvissem rebentamentos para o lado de Padada pediriam apoio aéreo, pois não há meios rádio móveis. Adiada a conversa resta a esperança. Seria no dia seguinte? Provavelmente não. Iriam ser percorridos uns 25 ou 30 quilómetros carregados com armas, carregadores e granadas, debaixo de uma temperatura a rondar os 40 graus com uma humidade de cem por cento e, portanto, iriam todos chegar exaustos.

Manhã bem cedo parte-se em direcção a Padada, para Sul portanto. Primeiro caminha-se ao longo da picada mas em determinada altura o Alferes Magalhães determina que se saia da picada, caminhando paralelamente a esta a uma distância considerada segura. Durante os primeiros quilómetros caminha-se descontraidamente tendo-se atravessado clareiras lindíssimas pejadas de morros de formigas, não de baga-baga, mas de umas que constroem o que parecem cogumelos gigantes.

Uma clareira lindíssima.

Numa dessas clareiras não deixa de haver o habitual ataque de abelhas. Não provoca muitos “estragos”, só duas ou três picadas, mas foi o suficiente para desorganizar completamente a coluna o que deu para imaginar o que poderia ter acontecido se em simultâneo houvesse uma emboscada do PAIGC.

A partir daí nova ordem: Caminhar sempre pela mata, que não sendo muito cerrada dava para uma progressão a bom ritmo, e necessariamente em absoluto silêncio. Quando já se estava perto de Padada começam-se a cruzar trilhos recentes e bem marcados no capim de um palmo de altura, com toda a certeza por guerrilheiros, ou por elementos da população afecta ao PAIGC. Claro que houve alguma tensão nos elementos da coluna. Em qualquer momento podia desencadear-se um recontro e se houvesse mortos ou feridos, mesmo vencendo a batalha, seria muito penoso carregá-los no regresso. O Alferes Magalhães não tinha muita fé nas possíveis evacuações aéreas.

Nada acontece e chega-se à que tinha sido a tabanca de Padada, vendo-se apenas os restos das moranças calcinados. O local no entanto não deixava de ser belo. Pelo meio do mato que ia crescendo no que foi a tabanca, ainda se podem ver restos de plantações de bananeiras.

Tendo cuidado em não caminhar pelo carreiro deu-se uma volta pela antiga tabanca.

Chegados ao destino havia que repor as reservas de água que entretanto se tinham esgotado. Um elemento da milícia, conhecedor do local, conduz a coluna para a antiga fonte da tabanca. Logo que o pessoal enche os cantis, o Alferes monta um cordão de segurança à volta do local e dá ordem para comer as rações de combate que se levavam.

Logo a seguir e, cumprindo a ordem de operações, monta-se uma emboscada no trilho com mais probabilidades de passagem de elementos do PAIGC. Passadas umas três horas em silêncio absoluto e porque nada aconteceu foi levantada a emboscada e inicia-se o regresso a Madina Xaquili caminhando agora paralelamente ao trilho anterior. Chega-se à tabanca ao anoitecer mas a horas de ouvir o relato dum Sporting/Académica.

Claro que nessa noite não há conversa com o João, o cansaço falou mais alto. Já na cama o Alferes Magalhães não deixa de pensar na Asmau, cuja imagem já se começa a desvanecer. Torna-se imperioso voltar a vê-la. Se não fosse o cansaço talvez não pregasse olho nessa noite mas, dadas as circunstâncias, acaba por adormecer.

Fim deste episódio

Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7612: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (41): Na Kontra Ka Kontra: 5.º episódio

domingo, 16 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7623: In Memoriam (70): Na morte de Vitor Alves (1935-2010). Em memória de um homem honesto. (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCAÇ 763 “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, enviou-nos, em 14 de Janeiro, a seguinte mensagem.
Vitor Alves. Em memória de um homem honesto.
Camaradas,

Anexo, algo do pouco que vi publicado sobre um homem do 25 de Abril

O dedo na ferida!

Porque nós nos calamos?

Como queremos ser respeitados?

Vitor Alves, um dos mais sãos do 25 Abril teve esta projecção mediática apenas e alguns rodapés.

Obrigado António Duarte,

Mário Fitas
Fur Mil OpEsp/RANGER da CCAÇ 763

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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P7622: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (1): 5/12/2009, sábado, viagem de carro, de Bissau (13h30) a Iemberém (21h50)




Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >   Gasolineira Galp em Bissau, com anúncio publicitário aos lubrificantes Galp com a figura do Figo... e um aviso surreal: "Multibanco fora de serviço!"...   (Foto tirada às 13h53).



Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >    Bissau > Um típico tocatoca da capital, que faz serviço de e para o aeroporto... Em segundo plano, a Discoteca Bambu 2000   (Foto tirada às 13h47)





Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >  > Imediações de Bambadinca    (Foto tirada às 16h45)


Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >  > Bambadinca > Placa de trânsito a assinalar a direcção de Bafatá, à direita (28 km) e do Xime, à esquerda (10 km). (Foto tirada às 16h44).



Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >  >  "Estação de serviço" nas imediações de Bambadinca... O apoio ao turista acidental, motorizado, é precário, no interior do país... (Foto tirada às 16h46).




Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1. Já aqui publicámos diversas e belíssimas fotos do João Graça, o nosso novem tabanqueiro, músico e médico, interno de psiquiatria.... Em Dezembro de 2009, tirou duas semanas de férias, mete-se no avião da TAP - Air Portugal (ida e volta, viagem paga do seu bolso,  não pelo papá...) e passou-as na Guiné-Bissau,  onde contou com o inexcedível apoio do seu (e nosso)  amigo Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, que lhe ofereceu cama, mesa e transporte, além da hospitalidade da sua família, no Bairro do Quelelé, em  Bissau.  


O João Graça ofereceu cinco dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) das suas férias de quinze dias (de 5 a 19 do corrente), para trabalhar como médico (voluntário)  no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém. Além de Bissau e do sul (Cantanhez), o João teve ainda a oportunidade de viajar pela  a zona leste (Bafatá, Tabatô, Gabu, Contuboel...) e a região do Cacheu (S. Domingos).

Além de o convidar a ingressar no nosso blogue (o que ele aceitou com agrado), esperei até agora que ele nos disponibilizasse  alguns apontamentos do seu diário de viagem... Passado um ano, começo hoje a publicar alguns dos apontamentos  que ele foi escrevendo num pequeno bloco de notas (, mais estenográficas do que caligráficas, e por isso de difícil leitura), acompanhadas de algumas das muitas centenas de fotos que fez com a sua Nikon Reflex (estreada em anterior viagem ao Peru).  






Página manuscrita do bloco de notas do João Graça, relativo ao dia 5/12/2009 (Viagem de Bissau a Iemberém)




Tenho estado a editar essas notas, com uma ajuda muito pontual do autor (que, naturalmente, não tem de todo tempo para rever nem as suas notas nem o meu texto em word)... Espero fazer bom trabalho, não atraiçoando a sua escrita e o seu pensamento... Nalguns casos, por serem de todo ilegíveis ou fazerem referências muito pessoais a terceiros, optei por assinalar com parênteses rectos e reticências [...] essas partes do diário... Noutros casos, acrescentei, também dentro de parênteses rectos [   ], algumas notas da minha lavra.


Espero ainda que estes apontamentos tenham alguma utilidade e proveito para os amigos e camaradas da Guiné, sobretudo para os mais jovens... (LG)



5/12/2009, sábado  > De Bissau a Iemberém.


1. Pequeno almoço [, às 12h30,] com o Pepito: queijo [de ovelha], bacalhau, castanhas [iguarias trazidas de Portugal, e de que o Pepito é um um especial apreciador]…





2. “O caminho para Iemberém é muito bom no início, é por estrada, mas depois nos últimos 30 anos é terrível. Mas tem uma grande vantagem, sabes qual é ? É que à volta é o contrário!” (Pepito).[…]


5. “É uma pena o teu pai não poder vir à inauguração do museu de Guiledje, no próximo mês de Janeiro… Ele merecia vir” (Pepito)…

6. Viagem Bissau (13h30) – Iemberém (21h50). Carrinha Toyota, 2 pessoas: motorista Antero (como o Quental), funcionário da AD [, de etnia balanta, foto à esquerda], e Adbu (dizia “evidentemente”), natural de Bafatá, mandinga!


7. Demorámos 2 horas para sair de Bissau – gasolineira (anúncio da Galp com o Figo), mercado (“pessoas boas e pessoas más”), chaves, lojinha, apanhámos uma passageira de Iemberém que foi a um congresso sobre microcrédito, ela é agricultora.


8. Cascavel  [?], livre no caminho, elevou a cabeça ao atravessar a estrada.




Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >  Oficina de reparação de bicicletas e motorizadas, nas imediações de Bambadinca  (Foto tirada às 16h53).



Guiné-Bissau > 5 de Dezembro de 2009 > Viagem Bissau (13h30) - Iemberém (21h30) >  O Rio Corubal no Saltinho, visto da pousada (Foto tirada às 17h54).





9. Saltinho, das paisagens mais lindas que vi na minha vida, rio espelho,  margens com  pedras, pousada no Saltinho.


10. Bambadinca, quartel, precisavam de uma autorização [para visitar]. Só à volta.


11. Às 9h50 pm [21h50], chegamos a Iemberém.


12. [Recepção do] presidente Domingos [Fonseca] [...] [, foto à direita com a esposa]


13. A..., ex-namorado da J…, amiga do C…, é biólogo da FC/UL [Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa]. Estuda os chimpanzés [dari, em crioulo] no Parque do Cantanhez. “Babuínos [macacos-cães] estão a acabar. Comunidade come-os. Homens morrem com dor de barriga”.[...] Viu-nos no Barreiro, aos Melech Mechaya.


14. Música guineense ao luar com um grupo da Guiné-Conacri, 3 rapazes […]


15. “Jon, c’est pour toi, Jon… Portugal va gagner, Portugal va gagner!”… Cada vitória de Portugal [no Campeonato Mundial de Futebol, em 2010] vai ser uma festa… Até às 6h30… “Bienvenu, Jon”.


16. Amanhã há um casamento, vem o bispo [de Bafatá]! És um sortudo. O teu pai não teve disto.

(Continua)

[Revisão / fixação de texto / observações / selecção, legendagem edição de fotos: L.G.]

Guiné 63/74 - P7621: (Ex)citações (126): Irã cego, de Carla (ou Clara) Amante (José Brás)

1. Mensagem de José Brás (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 15 de Janeiro de 2011:

Camarada e amigo Carlos
Envio-te aqui um pequeno texto sobre outros que me entusiasmaram no blogue
Se achares que vale a pena, deita-lhe fogo

Um abraço
José Brás


O Irã cego, de Carla (ou Clara) Amante

Da rubrica "Os 10 postes mais 'vistos' nos últimos 7 dias", recupero o poste do meu vizinho e querido amigo Paulo Raposo - Guiné 63/74 - P4484: Fauna & flora (20): Histórias de grandes serpentes: da jibóia de 7 metros (Paulo Raposo), bem assim como um texto que o Luís lhe acrescentou, penso que ainda, também, em 2009, sobre um outro da filha do nosso camarigo Manuel Amante.

E faço isso para te dizer, Luís, que com o texto que agora aqui repetes, eu disse e enviei, então, para o blogue as palavras que vou tentar transcrever porque penso que o meu comentário nunca foi postado e porque a mim me parece que o deve ser, não porque seja importante em si, mas como testemunho de admiração por quem escreveu tão belo "poema".

Nessa altura, no teu texto, disseste uma vez, Carla Amante e outra Carla Clara Amante (coisas da idade) e eu fiquei sem saber se era um, ou outro ou... os dois, o nome da filha do nosso camarada Amante.

Outra coisa que confundi no texto foi a naturalidade e a cor da pele (coisas realmente sem importância) da escritora, o que se pode notar no tal texto que te reenvio agora, através do Carlos.
Um abraço para vocês e para o camarigo Amante

PS: Tenho uma amiga alentejana que se chama Domingos Escária Amante que tem uma irmã de nome Elexina Escária Amante e podem ser primas do nosso camarigo.


Texto antigo

Luís
Dizes Carla e dizes Clara e eu fico sem saber se um, se o outro dos nomes é o certo, ou, até, se os dois, a um mesmo tempo.

Carla ou Clara?
Ou Carla Clara?
Ou Clara Carla?

Clara sei que é, porque lendo-a, a descobri iluminada por dentro, nesse dom que muito gostaria de ter eu também, que é o de arrumar as palavras num sentido que de leitores faz comparsas, dando um sinal do humano mais profundo que nos habita a todos e nos une nessa partilha, esventrando-nos as crenças, as ânsias de felicidade, as esperanças, a aceitação ou a revolta nesta vida que nunca é total e cremos que poderia ser.

Diriam alguns académicos que o realismo fantástico se esgotou em Icasa, em Onetti, em Rulfo, mesmo em franjas de Isabel Allende e António Callado.

Gente de pouca fé.

Seria o mesmo que dizer que já não há sinfonias à espera de quem lhes junte as notas, os sons, as frases musicais em glórias e harmonias.

Clara ou Carla aí está para desdizer o absurdo.

"Irã Cego", no pequeno passo que pude ler, garante-nos uma irmandade funda e escorada no que o ser humano tem de melhor e esta dita civilização, com propósito, esmaga diariamente nos concursos televisivos, nos programas de imbecilização global e planeada.

Para criar coisa de valor, basta apenas ter talento.
Para falar como Clara fala, além disso, tem de ser um deles, dessa gente que aqui retrata, quer dizer, da gente de quem nos dá imagens nítidas e profundas.

Dividido, hesitei comentar porque, se é crime ficar calado, falar... falar poderá não ser mais que petulância.
Seja de que cor for por fora, clara é por dentro e negritude, também, a riqueza que me acrescenta no que fala.

Obrigado Carla Clara
Obrigado Luís

José Brás
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(*) Vd. poste de 11 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7588: Lugares de Passagem, de José Brás (1): Carta aberta a um amigo (José Brás)

Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7611: (Ex)citações (125): Os prazeres do blogue: reconhecer caras de pessoas que conheci numa outra vida: CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73)

Guiné 63/74 - P7620: Álbum fotográfico de António Sá Fernandes, ex-Alf Mil da CART 3521 e Pel Caç Nat 52 (Guiné 1971/73) (1): De Mafra à Guiné

1. Mensagem de António Sá Fernandes (ex-Alf Mil, CART 3521 e Pel Caç Nat 52, Guiné 1971/73), com data de 10 de Janeiro de 2011:

Meu caro:
Tendo em vista a publicação no blogue da Guiné, envio estas fotos.

Um abraço
Sá Fernandes
Valença




Mafra - COM

COM - Vendas Novas, 1970


3.º Pelotão V. N. Gaia 1970


Chegada a Bissau-1970


3.º Pelotão da Cart 3521


LCD - Bolama


Construção de pontão


Com o amigo Novais


Bafatá - 1972


Cart 3521
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2788: Tabanca Grande (64): Apresenta-se Sá Fernandes, ex-Alf Mil da CART 3521 e Pel Caç Nat 52 (Guiné 1971/73)