sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7858: Parabéns a você (220): Gumerzindo Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

25 DE FEVEREIRO DE 2011


Caro camarada Gumerzindo, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva (*).

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.


Manda-nos, entretanto, notícias: ainda vives na Alemanha para onde emigraste em Abril de 1973 ?
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5880: Parabéns a você (81): Gumerzindo Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331, Cuntima, 1970/72 (Editores)

Vd. último poste da série de 24 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7855: Parabéns a você (219): Manuel Henrique Quintas de Pinho, marinheiro radiotelegrafista, LDM 301 e LDM 107 (1971/73)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7857: (Ex)citações (132): O glorioso dia zero, 25 de Março de 1972, o mais feliz da vida dos jovens da CART 2716, o da véspera do regresso a casa (Jorge Silva)


Guiné > Bissau > 25 de Março de 1972  > Cerimónia de despedida da CART 2716 (Xitole, 1970/72), do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), na presença do Com-Chefe General  Spínola.


Foto: © Jorge Silva  (2010). Todos os direitos reservados (Com a devida vénia...)



1. O nosso camarada Jorge Silva, que vive em Ermesinde, Valongo, tem um blogue, Amigos do Xitole, onde já escreveu duas coisinhas... Gostei  muito da primeira... Acho que merece maior divulgação, até por que, tendo sido  ele de rendição individual, faz aqui uma homenagem aos seus camaradas da CART 2716, que comemoraram o seu dia zero em 25 de Março de 1972 (Ele continuaria no BENG até 1973)... Tomo por isso liberdade de reproduzir esse poste na sua totalidade (com excepção das fotos) (*).



2. Memórias das vésperas do dia mais feliz da CART 2716
por Jorge Silva

A CART 2716, enquanto unidade do BART 2917 (Bambadinca), teve a seu cargo a defesa da zona do Xitole, no leste da Guiné, entre 1970 e 1972.

A CART 2716 era uma companhia quase exclusivamete formada por jovens milicianos (na casa dos 20 a 23 anos), incluindo o Capitão [Miliciano de Artilharia] Espinha de Almeida (comandante) [ de seu nome completo,  Francisco Manuel Espinha de Almeida]  que, de entre eles, era o mais velho, apesar de apenas contabilizar três décadas de vida.

[Legenda da foto, à esquerda, Guiné > Zona Leste > Xitole > CART 2716 >1970: Da esquerda para a direita: O Cap Mil Espinha de Almeida, o Fur Mil Guimarães e o Alf Mil ]


Foto: © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados


Apenas havia dois elementos do quadro permanente - os sargentos Santos e Pires que, apesar de mais maduros, eram, mesmo assim, homens relativamente jovens, na casa dos quarenta e tal anos.

Como tantos outros da época, no ex-ultramar português os jovens da CART 2716 foram impedidos de viver com normalidade uma fase crucial do seu amadurecimento.  No leste da Guiné, longe de tudo que lembrasse um resquício de civilização, foram prematuramente forçados a trocar:

(i) as convidativas praias estivais pelos perigos do capim e das matas;

(ii) os passeios com as namoradas pelos patrulhamentos e operações na companhia de camaradas de armas;

(iii) o conforto dos lares por toscos abrigos cavados no solo e cobertos de troncos, terra e cascalho, que também serviam de abrigo a cobras e outros répteis;

(iv) a apetecível comida portuguesa por refeições improvisadas à base de arroz, de conservas de cavala e de rações de combate, onde a sobremesa tendia teimosamente a ser goiabada e uma simples refeição com batatas era um luxo festejado;

(v) a promissora (embora amordaçada) rádio portuguesa pelas emissões intencionalmente intimidatórias da rádio PAIGC, enquanto instrumento da vertente psicológica da guerrilha;

(vi) a música melódica e harmoniosa das boites e bares dos anos 70 pelas batidas ruidosas dos morteiros e dos canhões sem recuo, misturadas com solos estridentes das famigeradas e temidas costureirinhas (pistolas metralhadoras);

(vii) a pacata família de origem por uma família de armas adoptiva, onde umas caixas de transporte de bacalhau se transformavam, milagrosamente,  num guarda-fatos, uma lata de coca-cola passava, de repente, a chamar-se copo ou chávena e os objectos que evocavam uma infância ainda bastante próxima tinham sido macabramente substituídos por metralhadoras G3, morteiros, bazucas e granadas;

(viii) os melhores anos e sonhos das suas vidas por um poço sem fundo de incertezas, de incomodidades e de perigos, que alguns nem sequer tiveram o ensejo de evocar no feliz dia do regresso, simplesmente porque a guerra colonial se encarregou de lhes amputar esse elementar direito.

Como tantos outros da época, no ex-ultramar português os jovens da CART 2716 foram impelidos a amadurecer num contexto que, felizmente, nos dias de hoje os seus filhos e netos têm imensas (e compreensíveis) dificuldades em captar e compreender, inclusive nos seus mais simples contornos.

Uma simples rotina da época ajudará, por certo, a ilustrar melhor o que as palavras e as fotografias não conseguem documentar.  Era usual os militares improvisarem uma folha com números inscritos desde 730 até 0, onde cada número ia sendo assinalado (abatido) sempre que passava mais um dia da sua comissão de serviço.

Neste particular, como em tantos outros, os objectivos individuais e colectivos coincidiam com o sonho do glorioso dia zero, o que ajudava a cimentar as relações de camaradagem (e amizade) existentes.

Em 25 de Março de 1972 [, no original, vem 1971, por lapso,] , quando eu ainda apenas assinalava no meu mapa o 401º dia a generalidade dos elementos da CART 2716 marcava, de forma inexorável, merecida e seguramente festiva, o ambicionado dia zero, deixando para trás trilhos que não tinham sido livremente escolhidos para readquirir o direito de passar a procurar os trilhos de reintegração na vida.

As imagens que se seguem (*) ilustram a cerimónia militar (desfile) que decorreu em Bissau, no quartel dos Adidos, antes de a generalidade dos elementos da CART 2716 (e do BART 2917) embarcarem, rumo às terras onde nasceram e aos braços saudosos dos familiares e amigos que emocionadamente os esperavam.

As fotos que figuram adiante são, por isso, uma espécie de hino a um punhado de homens (muito jovens na sua maioria) que se viram privados do direito de amadurecer como é comum os jovens amadurecerem em tempos de paz.

Pela minha parte, sinto a obrigação de, através das fotografias seguintes, lhes prestar esta singela homenagem, inclusive em memória do acolhimento, apoio e camaradagem que deles sempre recebi nos longos meses que partilhámosno Xitole.

Jorge Silva

(ex- Fur Mil At Art.
CART 2716, Xitole 1971/72,
e BENG 447, Bissau 1972/73)

[Revisão / fixação de texto /  título: L.G.] (**)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. Blogue do Jorge Silva Amigos do Xitole > 4 de Setembro de 2010 > Memórias das vésperas do dia mais feliz da CART 2716

(**) Último poste da série > 12 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7768: (Ex)citações (131): Saudades de quê ?... Será que sou masoquista ?... E por que é que leio o raio deste blogue e até faço comentários ? (C. Martins)

Guiné 63/74 - P7856: Agenda cultural (111): Apresentação do romance Mulher Grande (Mindjer Garandi) de autoria de Mário Beja Santos, Livraria Bertrand do Chiado, dia 10 de Março de 2011



CONVITE

1. Convidam-se os nossos camaradas e amigos tertulianos a assistirem no próximo dia 10 de Março, pelas 18,30h, na Livraria Bertrand do Chiado, Lisboa, ao lançamento do último livro do nosso camarada Mário Beja Santos, "Mulher Grande" que terá como apresentadora a romancista Lídia Jorge.

Oportunamente voltaremos a falar deste acontecimento com repercussão no nosso blogue, já que o Mário Beja Santos é um dos mais activos tertulianos, alimentando regularmente com as suas recensões a nossa série "Notas de leitura".

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7853: Agenda cultural (110): Apresentação do livro "A Última Missão", do Cor Moura Calheiros - 26 Fevereiro, Livraria Arquivo, Leiria

Guiné 63/74 - P7855: Parabéns a você (219): Manuel Henrique Quintas de Pinho, marinheiro radiotelegrafista, LDM 301 e LDM 107 (1971/73)


PARABÉNS A VOCÊ

24 DE FEVEREIRO DE 2011





Caro camarada Manuel Henrique , a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva (*).

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade. (**)

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Notas de CV:

(*) Último poste da série > 23 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7848: Parabéns a você (218): José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913 (Tertúlia / Editores)

(**) Vd. poste de 26 de Junho de 2007> Guiné 63/74 - P1885: Tabanca Grande (17): Manuel Henrique Quintas de Pinho, Marinheiro Radiotelegrafista, LDM 301 e 107 (Guiné, 1971/73)


(...) Habito em Chave, uma freguesia do Concelho de Arouca, Distrito de Aveiro. Prestei serviço militar na Marinha de Guerra Portuguesa e estive na antiga província da Guiné desde Setembro de 1971 a Junho de 1973, embarcado nas lanchas de desembarque médio, primeiro na LDM 301 (que foi abatida ao efectivo por ser muito antiga e estar desactualizada, pois teria vindo da América), e depois na LDM 107, de fabrico português.

Durante este período sofremos apenas um ataque directo no Rio Cacheu, perto da clareira de Olossato, a montante de Ganturé, que, embora muito forte, não causou estragos nem vítimas, felizmente. Foi no dia 26 de Janeiro de 1972, às 18.00h.  

Percorri toda a Guiné, via fluvial, desde o Rio Cacine, passando pelo Rio Cumbijã até Bedanda, Tombali, Buba, Rio Geba até Porto Gole, Rio Mansoa até Mansoa, Encheia e Rio Cacheu até norte de Farim. Tenho algumas fotografias mas não consigo enviá-las. Se puder diga-me como hei-de proceder.

De qualquer modo, gosto de navegar por este Blogue, pois traz aquela saudade que ainda hoje se sente pelos bons e até menos bons momentos que lá passe. (...)

Guiné 63/74 - P7854: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (70): Na Kontra Ka Kontra: 34.º episódio




1. Trigésimo quarto episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 23 de Fevereiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


34º EPISÓDIO

Na reunião com o Furriel, para lhe entregar o comando, o Alferes chega a dizer-lhe que lhe tinha passado pela cabeça ignorar a ordem para ir embora e permanecer na tabanca. Além das boas recordações que tinha dos dois meses passados ali, estava sobretudo com muita pena de abandonar toda aquela gente africana que, independentemente da guerra, dentro de dias iria ficar isolada de Galomaro devido às chuvas. Para permanecer na tabanca, bastar-lhe-ia enviar uma mensagem para o Comando de Galomaro, com conhecimento ao Comando de Bafata a perguntar qual ordem cumpria, se a da coluna para o levar, se a que recebera do Coronel quando da sua visita à tabanca dizendo-lhe que o Alferes só sairia dali quando todos tivessem abrigos. Nesta altura dos acontecimentos os abrigos já não seriam suficientes e sobretudo seria necessário abrir valas entre abrigos.

Iria a mensagem, viria a resposta, entretanto a coluna tinha partido e o Alferes tinha ficado, sem contudo praticar qualquer desobediência. Na tropa as coisas podem assim acontecer.

O Alferes não tem coragem para tanto e resolve partir. Despede-se de todos os que ficam, especialmente do Dionildo com quem tinha estabelecido uma relação que ultrapassava o âmbito militar e se transformara numa verdadeira amizade pessoal.

O João Sanhá e alguns milícias prometem visitá-lo quando forem a Bafata.

O nosso Alferes sobe para uma viatura e a coluna põe-se em marcha. A consumação dum KA KONTRA. À frente, pela segunda vez nesta zona, segue uma equipa de picadores.

É então que o Furriel que ia ao lado do Alferes lhe pergunta se tinha gostado de estar na tabanca. O Alferes já possuído de uma profunda tristeza por ter deixado Madina Xaquili e o seu povo desata num choro convulso. Os seus olhos parecem dois chuveiros. O Furriel não compreendendo o porquê da situação fica mudo. Mais à frente o Alferes reage, limpa o rosto e reata a conversa com o furriel, mas não sobre Madina Xaquili.

Chegam a Galomaro e antes de ser levado a Bafata, o Alferes Magalhães ainda tem tempo de conversar com o Capitão, Comandante da Companhia, pondo-o a par dos acontecimentos da noite anterior.

Antes de subir para um Unimog para prosseguir viagem não deixa de perguntar, quer ao Capitão quer a elementos africanos, se não estariam aí a família do Chefe de Tabanca, fugida de Madina Xaquili, pois o Alferes sabia que a Asmau tinha aí um tio. A resposta foi negativa pelo que continuou viagem.

Chega a Bafata e ao Comando de Agrupamento. Põe a bagagem no seu antigo quarto e dá-se um grande NA KONTRA com todo o pessoal do quartel ávido de saber como as coisas tinham corrido lá na longínqua tabanca, incluindo o baptismo de fogo do Alferes. Faz a apresentação formal ao Comandante a quem relata os últimos acontecimentos em Madina Xaquili.

Já sozinho sente uma sensação muito estranha que nunca tinha tido: Esteve dois meses fora mas o que lhe parece é que já há anos não ia a Bafata. Só encontra uma explicação: A intensidade com que tinha vivido em Madina Xaquili. Horas, minutos, segundos tinham-se multiplicado por dias, meses, anos. Tinha visto a guerra de perto pela primeira vez. Tinha namorado. Tinha casado. Tinha-se divorciado. A morte do Samba não lhe saia da ideia. Tinha bem presente o convívio diário com aquela extraordinária gente, pura e sincera. Era pois uma sensação que nunca tinha sentido: Que o mundo tinha ficado para trás e que nada mais havia para fazer. Não via no trabalho insípido que novamente o esperava no quartel, algo que o fosse tirar da melancolia que agora o estava a possuir.

Como sempre acontecia em situações difíceis reage o melhor que pode. Fala com todos os camaradas contando a sua experiência na tabanca. Toma um banho de chuveiro que não deixou de achar estranho, pela “mordomia”. Vai almoçar, como anteriormente era habitual, com os Alferes do Esquadrão, ali ao lado, sentado numa cadeira, debaixo de um tecto e servido pelo inestimável Cabo Marques. Mais “mordomias”.

A seguir ao almoço, enquanto os outros Alferes vão dormir a sesta, o Alferes Magalhães vai rever Bafata. Passa a cumprimentar o Senhor Teófilo, dono do restaurante próximo e continua avenida abaixo, com o Sol a pique, mas não acusando o calor. Revê o café das libanesas e chega ao café-restaurante Transmontana onde toma um café, servido pelo Infali, homem triste mas sempre simpático, com quem o Alferes sempre conversa. Aliás numa das conversas referiu que, como “bom muçulmano” tinha quatro mulheres. O ar triste devia vir daí…

O Alferes Magalhães no café Transmontana, servido pelo Infali.

Tomado o café vai rever o Mercado. Ao lado na Piscina, debruçado na balaustrada sobre o rio Geba, revê os pescadores nas suas canoas.

Os pescadores do rio Geba.

O calor aperta e resolve tornar ao quartel. Não vai pela avenida principal, que a essa hora e a subir é penoso percorrê-la. Vai antes por um caminho totalmente arborizado e plano que conduz à mãe d’água de Bafata, zona muito aprazível onde até há mesas e bancos para piqueniques, local que é conhecido por Sintra de Bafata. Pelo caminho cruza-se com bandos de macacos-cão que estão sempre por ali à espera que se lhe dê qualquer coisa para comer. Da mãe d’água, onde também há um grande chafariz, até ao quartel só tem que subir um pequeno desnível, passando ao lado da casa do Comandante do Esquadrão. Não é raro neste local verem-se uns enormes “lagartos” com mais de um metro de comprimento mas perfeitamente inofensivos.

O Alferes Magalhães no caminho de Sintra de Bafata.

Chegado ao quartel vai deitar-se. O Comandante tinha-lhe atribuído três dias de descanso e portanto aproveita.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7847: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (69): Na Kontra Ka Kontra: 33.º episódio

Guiné 63/74 - P7853: Agenda cultural (110): Apresentação do livro "A Última Missão", do Cor Moura Calheiros - 26 Fevereiro, Livraria Arquivo, Leiria


1. A Sra. Paula Carvalho da Livraria Arquivo, enviou-nos o seguinte convite em 23 de Fevereiro de 2011:

Apresentação do livro "A Última Missão", do Coronel Moura Calheiros, 26 de Fevereiro - sábado -, 18h30
Exmos. Senhores,
Junto enviamos a informação para a qual desde já agradecemos toda a divulgação que vos seja possível fazer.
Com os melhores cumprimentos,
Paula Carvalho

A Livraria Arquivo, em Leiria, tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª para a apresentação do livro "A Última Missão", de José de Moura Calheiros.
A apresentação do livro estará a cargo de Jorge Martins.



26 de Fevereiro - sábado - 18h30

Veja aqui entrevista com o autor:

http://www.tvamadora.com/Video.aspx?videoid=1070


ACERCA DO AUTOR:

José Alberto de Moura Calheiros nasceu em 1936, na aldeia do Peso, Covilhã.

Frequentou o Curso de Infantaria da Escola do Exército (1954-1958).

Admitido nas Tropas Pára-Quedistas em 1959, aí passou toda a sua vida militar.

Cumpriu três comissões de serviço no Ultramar - Angola (1963-1965) e Moçambique (1967-1969) como comandante de Companhia de Pára-quedistas e Guiné (1071-1973) como 2.º Comandante e Oficial de Operações do BCP12, COp4 e COP5 e ainda como comandante do COP3.

Em Tancos, foi Comandante do Batalhão de Instrução, Comandante do Regimento de Caçadores Pára-quedistas e Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas.

Nos seu quatros últimos anos de actividade como militar (1977-1981) desempenhou funções de Chefe do Estado-Maior do Corpo de Tropas Pára-quedistas.

Passou à situação de Reserva em Fevereiro de 1981.

Licenciado em Finanças pelo ISCEF - Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, passou então a desempenhar funções de técnico economista no Ministério da Indústria, IPE - Instituto de participações do Estado e na direcção financeira de empresas.

Hoje está reformado e afastado de qualquer actividade profissional.

ACERCA DO LIVRO:

Em 1973 o autor, José Moura Calheiros, prestava serviço no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas 21, de Bissalanca (Guiné).

Em 23 de Maio desse ano, numa operação por si comandada e tendo como missão atingir e reforçar a guarnição de Guidage, cercada pelo PAIGC, a Companhia de Caçadores Pára-quedistas 121 sofreu quatro mortos, dos quais três tiveram que ser inumados num cemitério localizado na cerca do aquartelamento daquela localidade.

Trinta e cinco anos depois, em Março de 2008, o autor regressa à Guiné integrado numa Missão da Liga dos Combatentes destinada a exumar, em Guidage, os cadáveres daqueles três militares pára-quedistas e de outros sete do Exército.

No livro o autor conta-nos toda a problemática relacionada com a expedição: os antecedentes, a preparação e o seu desenrolar, Simultaneamente descreve o ambiente da Guiné de hoje comparando-o com o do tempo da guerra; os usos, costumes e religiões da região de Farim e Guidage; o sentimento da população em relação ao antigo colonizador; as mágoas dos guineenses antigos militares portugueses por Portugal os ter enganado e abandonado; conversas com velhos guerrilheiros.

Ao longo da missão ocorrem situações que lhe fazem recordar o passado, o tempo da guerra. Nestes momentos de rebuscar das memórias “assistimos” à evolução da guerra, bem como à do pensamento do autor sobre ela. Pela ordem temporal das sucessivas comissões, ele descreve e caracteriza os três Teatros de Operações: a primeira comissão em Angola, a segunda comissão em Moçambique e a terceira comissão na Guiné.

Neste livro, o leitor pode identificar-se com a forma como actuavam os pára-quedistas, bem como conhecer os sentimentos de que eles eram possuídos antes, durante e depois dos combates. E também como actuavam e eram coordenados os seus apoios de combate: os Fiat´s, o PCA, os helicópteros de manobra ou sanitários, os heli-canhões, as lanchas de desembarque, a artilharia, todos eles indispensáveis ao seu sucesso e segurança.

Para além dos sentimentos dos militares durante as operações, o livro descreve-nos também os dos seus Comandantes em algumas das situações mais críticas, responsáveis como são pelo cumprimento das missões, mas também pela vida dos seus subordinados. Este livro é, em grande parte, sobre os sentimentos dos combatentes na guerra do Ultramar, de cada um individualmente e também colectivamente; dos soldados e também dos comandantes nas suas angústias, dúvidas e responsabilidades, enquanto chefes e homens.

Livraria Arquivo
Av. Combatentes da Grande Guerra, 53, 2400 -123 Leiria
Telf. 244 822 225 fax. 244 828 091
De segunda a sábado: 10h00-20h30

Domingos e feriados: 14h30-19h30
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Nota de M.R.:

Vd. o último poste desta série em:

15 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7790: Agenda cultural (109): Lançamento hoje, às 15h00, em Oeiras, o livro Kinda e outras histórias de uma guerra esquecida, de Carlos Acabado, colecção "Fim do Império"

Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)



Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/71) >  s/d > O Fur Mil At Inf Arlindo Roda  (CCAÇ 12, Bambdaionca, 1969/71) junto ao um dos obuses 10.5 que defendiam o aquartelamento e tabanca do Xime... A CCAÇ 12 fez inúmeras operações no sector do Xime (bem como no de Mansambo, a sul, entre Bambadinca  e o Xitole).






Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > s/d > CCAÇ 12 (1969/71) > Algures numa nas numerosas tabancas fulas em autodefesa, o Fur Mil At Armas Pesadas Inf, Henriques, posando para a fotografia com um RPG2, que estava distribuído à milícia local, reforçada (temporiaramente com uma secção da CCAÇ 12).







Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > s/d > CCAÇ 12 (1969/71) > Algures numa nas numerosas tabancas fulas em autodefesa, o Fur Mil At Inf Mil Luciano Severo de Almeida, posando para a fotografia com um RPG2... O Luciano de Almeida, que era natural de (ou residia em) um dos concelhos ribeirinhos da margem sul do Tejo (Montijo ?),  morreu (em circunstâncias violentas, ao que me disseram), anos depois do regresso à Metrópole. Fiquei chocado com a sua morte.

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados







Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > s/d > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento da Ponte sobre o Rio Udunduma (dinamitada pelo PAIGC em 28 de Maio de 1969). A partir de Dezembro de 1969, a sua defesa (até então a cargo da unidade de quadrícula do Xime, a CART 2520) passou a ser da CCAÇ 12, do Pel Caç Nat 52 e da CCS/BCAÇ 2852 e mais tarde do BART 2917.




Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > s/d > CCS/BART 2917 (1970/72) O Fur Mil Op Esp, Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 (1970/72),  no alto da ponte, na "prancha de saltos"... O rio (afluente do Geba) ajudava a matar o tédio dos dias, já que as noites eram infernais (por causa do calor e dos mosquitos, no tempo das chuvas)... Só havia valas, protegidas por bidões de areia e chapas de zinco... No nosso tempo, nunca chegou haver nenhum ataque ou flagelação do PAIGC...






Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > s/d > CCAÇ 12 (1969/71) (?) > Um militar africano, com a famigerada bazuca 8,9 cm, M20, de origem americana...

Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados






A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*), por Luís Graça 

(6) Bamdabinca, Dezembro de 1969: Tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo



(6.1) Op Estrela Grandiosa


A 5 de Dezembro de 1969, 2 Gr Comb da CCAÇ 12, juntamente com forças da CART 2520 [, unidade de quadrícula do Xime,] e do Pel Caç Nat 63 (, Fá Mandinga, comandada pelo Alf Mil Art Jorge Cabral, o nosso querido Alfero Cabral,) efectuam a Op Estrela Grandiosa em repetição da Op Tigre Valente (patrulhamento ofensivo na região de Ponta Varela /Poindon, passando pelo antigo acampamento IN destruído em Setembro passado). Não houve contacto nem se detectaram vestígios do IN.


(6.2) Acção Hindu


A 7, o 1º Gr Comb da CCAÇ 12, comandado pelo Alf Mil Op Esp, Francisco Moreira, e o Pel Caç Nat 52 (Missirá, comandado pelo Alf Mil Beja Santos) levam a efeito a Acção Hindu, patrulhando as tabancas a sueste de Bambadinca (Sinchã Dembel, Iero Nhapa, Aliu Jai, Queroane, Queca e Sare Nhado).


(6.3) Op Lua Nova


A 13, realizava-se uma operação a nível de Batalhão no subsector de Mansambo, a fim de bater a área de Sangué-Bemba (Danejo), Galoiel e Biro (Op Lua Nova).


Desde há muito que estavam referenciados trilhos do IN, vindos de Mina e dirigindo-se para a área de Mansambo, com passagem por Biro e Galoiel. O IN tinha-se aqui instalado montando destacamentos avançados e/ acampamentos temporários. Ainda recentemente, em Agosto, forças heli-transportadas haviam destruído as instalações de Biro, capturando diverso material, na exploração imediata de informações dadas por uma prisioneiro, o Malan Mané, roqueteiro do bigrupo comandado por Mamadu Indjai.


Depois disso, esta era a primeira operação que as NT realizavam a Biro. Admitia-se que o IN voltasse mais cedo ou mais tarde a esta região a fim de levar a cabo acções no subsector de Mansambo, com especial incidência sobre a estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole.


A progressão e batida foi executada por 2 Dest apoiando-se mutuamente. Participaram na operação forças da CCAÇ 2404 (a nova unidade de quadrícula de Mansambo que viera substituir a CART 2339, dos nossos camarigos Carlos Marques dos Santos e Torcato Mendonça;  tinha passado por Teixeira Pinto e Binar, pertencendo ao BCAÇ 2852,  Bambadinca, 1968/70), Pel Caç Nat 52 (Missirá) e Pel Caç Nat 63 (Fá), além de 2 Gr Comb da CCAÇ 12.

Como se estava na altura do ano em que a humidade atmosférica é mais elevada, atingindo a temperatura à noite valores mínimos de 15º, as NT foram duramente afectadas pelo frio no decurso desta operação, enquanto ficaram emboscadas em Galoiel. (Pessoalmente, não me lembro de ter rapado tanto frio em toda a minha vida!)


A tabanca de Biro foi assaltada ao amanhecer, verificando-se que estava abandonada há meses. Todos os vestígios do IN eram antigos. Constatou-se que Galoiel e Biro eram uma zona que reunia condições ideais para refúgio e instalação do IN devido ao relevo e arborização do terreno. Os Dest regressaramn a Mansambo ao longo da margem esquerda do Rio Bissari.




(6.4) Destacamento da Ponte do Rio Udunduma


A partir de 16, a segurança da ponte do Rio Udunduma deixa de ser da responsabilidade da CART 2520 (1que tinha ali 2 secções destacadas desde Junho), passando a ser feita pelos Gr Com da CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52 e outras subunidades afectas ao comando de Bambadinca (como o Pel Caç Nat 63). A importância estratégica deste ponto sensível justificava que houvesse ali um destacamento permanente. No primeiro ataque a Bambadinca, em 28 de Maio de 1969, o IN tentara dinamitar a ponte, a fim de cortar a estrada Bambadinca-Xime.




(6.5) Op Punhal Resistente



A 21, tem lugar outra operação a nível de Batalhão com forças da CART 2520 (Xime), CCAÇ 2404 (Mansambo), Pel Caç Nat 52, além do 2º Gr Comb da CCAÇ 12 (que deixou de ter a comandandá-lo o Alf Mil At Inf António Manuel Carlão , destacado para o reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969)  para uma batida à região de Baio/Buruntoni, onde do antecendente estava referenciado 1 bigrupo. O facto do IN, durante o tempo seco, não ter uma acampamento certo nesta região, pernoitando na mata sempre em sítios diferentes, tornava a missão das NT mais difícil e perigos (Op Punhal Resistente).


As NT, de resto, não chegariam a cumprir a missão  uma vez que se perderam. A região de Baio/Buruntoni é de floresta densa, sendo percorrida por numerosos cursos de água. Pontos há em, que não se vê a luz do sol e só se pode andar de rastos. Não se dispondo de guias conhecedores da região, e tornando-se impossível a orientação pela carta e mês,o pela bússola (porque não existiam pontos de referência no terreno e era necessário muitas vezes ir abrir caminho), este tipo de operações (batida com 2 destacamentos partindo um de Mansambo e outro do Xime para se encontrarem no ponto de coordenação) só são realizáveis nos… transparentes do gabinete do comando de operações

Na Op Punhal resistente, os 2 destacamentos depois de terem pernoitado em locais diferentes, só conseguiram localizar-se um ao outro graças ao PCV, tendo-se feito a sua junção com o auxílio de uma granada cujo rebentamento indicou a direcção a tomar.


Não houve contacto com o IN que, no entanto, fez fogo de morteiro ao anoitecer no dia D (21) para zona imediatamente a norte do Buruntoni, pressupondo porventura que as NT pernoitassem ali…


(6.6) Acção Guilhotina e Op Faca Húmida na quadra natalícia



A 24 a 24, 2 Gr Comb da CCAÇ 12, em cooperação com a autoridade administrativa de Bambadinca, onde estava aquartelada a companhia, levam a efeito uma rusga (com cerco) à tabanca de Mero, aldeia balanta, junto ao Rio Geba. Apesar de alguns indícios suspeitos, não foram detectados elementos IN ou população sob o seu conbtrolo, que vem aqui reabastecer-se, oriunda de Madina/Belel (no extremo noroeste do regulado do Cuor).


Para efeitos de controlo populacional, completou-se e actualizou-se o recenseamento dos habitantes de Mero (Acção Guilotina, nome de código da operação). Nas duas semanas anteriores, o IN tinha desencadeado várias acções de intimidação contra as populações de Canxicame, Nhabijão Bedinca e Bissaque, a última das quais levada a efeito por um grupo enquadrado por brancos (cubanos ?) que retirou para a região de Bucol, atravessando o Rio Geba de canoa, para norte.

Escrevi na altura, no meu diário: "Guardo, na memória, a hostilidade passiva com que a população nos recebe, a nós, tugas, e aos soldados fulas… Que pensará esta pobre gente balanta que não tem outro remédio senão fazer o jogo duplo ? De dia, acatam (mal) a autoridade administrativa de Bambadinca; à noite, recebem os seus parentes que estão no mato"...


Por outro lado, prevendo-se a possibilidade o IN atacar os aquartelamentos das NT durante a quadra festiva do Natal e Ano Novo, foi reforçado o dispositivo de defesa de Bambadinca. Assim, além da emboscada diária até às 1 a 3 horas da noite, a nível de secção reforçada num raio de 3 a 5 km (segurança próxima), passou a ser destacado 1 Gr Comb para Bambadincazinho (ou ...Bambadincazinha, como chamávamos à tabanca, em fase de reordenamento, a sul do quartel), todas as noites, no edifício da antiga Missão do Sono,  até às 6h da manhã, constituindo uma força de intervenção com a missão de fazer malograr o eventual ataque ao aquartelamento e/ou às tabancas da periferia, actuando pela manobra e pelo fogo sobre as prováveis linhas de infiltração e locais de instalação das bases de fogo do IN, ou no mínimo detê-lo e repeli-lo pelo fogo .


A 26 de Dezembro de 1969, forças da CART 2520 (Xime), reforçadas por um 1 Gr Comb da CCAÇ 12 realizam um patrulhamento ofensivo na região do Xime, Madina Colhido, Chacali, Colicumbel e Amedalai, sem detectarem vestígios do IN (Op Faca Húmida).


A 30, o Comandante Chefe, General António de Spínola, visita Bambadinca para apresentar cumprimentos de Ano Novo a todos os oficiais, sargentos e praças do Comando e CCS/BCAÇ 2852 e sub-unidades adidas, a CCAÇ 12 incluída.


Luís Graça

B. Comentário do Humberto Reis:



(...)  A desgraçada da CCAÇ 12, naqueles sectores L1 e L5 (do Enxalé, na margem Norte do rio Geba, até Galomaro e ao Saltinho), era pau para toda a obra.Tinha, em permanência, um pelotão no destacamento da Ponte (estrada Bambadinca-Xime) e tinha que TODAS AS NOITES colocar um outro pelotão nos arredores de Bambadinca a fazer a segurança ao aquartelamento para que "dentro do arame farpado" se pudesse dormir mais descansado.

De manhã, após uma bela noite a alimentar os mosquitos e depois dos Senhores da Guerra já terem feito o seu soninho mais tranquilo, quando o pelotão regressasse estava sujeito a sair para mais uma operação.

Aquando da abertura do novo itinerário Bambadinca-Xime (quando viemos embora em Março de 71, ainda não estava totalmente asfaltado) era exactamente o pelotão que tinha estado toda a noite emboscado que tinha de ir, com mais outro, fazer a segurança ao pessoal civil (era a empresa TECNIL) que estava a trabalhar nesse empreendimento. Só da parte da tarde estes dois pelotões eram substituídos por pelotões do Xime e regressavam então a Bambadinca.

Houve uma altura em que o comando do Batalhão sediado em Bambadinca (tinha a CCS com um Pel Rec, um Pel Sap, um Pel Morteiros, um Pel Daimler, um Pel Intendência e um Destacamento de Engenharia) ainda queria que o pessoal operacional da CCAÇ 12 fizesse serviços dentro do aquartelamento (oficial de dia, sargento de dia, cabo de dia, reforços, etc.).

Claro que eles pagavam HORAS EXTRAORDINÁRIAS, davam SUBSÍDIO DE REFEIÇÃO (em vales da Ticket Restaurante), um mês de férias com SUBSÍDIO, um 13º MÊS e uma mama de fora. Reclamei junto do nosso Capitão Brito (arrisquei levar uma porrada mas não levei por duas razões, nem eu fui malcriado ao ponto de ultrapassar os limites e ele é um bom homem) - Ele lá se convenceu e convenceu também o comando, da injustiça de tal situação e isso acabou logo após alguns dias.

Estórias que ajudam a fazer a História do nosso país, daquele país, daquele povo tão massacrado. Merecem melhor sorte. (...)

Fonte: Luis Graça & Camaradas da Guiné, I Série > 16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXIV: Aquelas noites frias de Dezembro (1) (L. Graça; H. Reis)


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Fontes consultadas:


História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Cap. II. 19-21.

História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)
 
Diário de um Tuga
 

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Nota de L.G.:
 
Último poste da série > 22 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7851: Contraponto (Alberto Branquinho) (23): Os milicianos na guerra

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 22 de Fevereiro de 2011:

Caríssimo Carlos Vinhal
Hoje estou a enviar um texto para o CONTRAPONTO (23), que não é da minha lavra e que gostaria fosse intitulado "OS MILICIANOS NA GUERRA".

Do livro A ÚLTIMA MISSÃO* do Coronel José de Moura Calheiros, retirei, com a devida vénia, um extracto, que estou a enviar digitalizado. Pertence à página 462, parte "31 - A Batalha de Guidage" e dele ressaltam dois aspectos:

1 - O papel desempenhado pelos milicianos na guerra (neste caso, na Guiné) e

2 - O paradoxo de, sendo contra a guerra, se verem confrontados com as realidades da mesma, quando estavam já bem "metidos" nela.

Estes dois parágrafos são uma contribuição para a análise desses dois temas.

Um abraço
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (23)

OS MILICIANOS NA GUERRA

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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7805: Notas de leitura (204) A Última Missão, de José de Moura Calheiros (1) (Mário Beja Santos)
e
18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7815: Notas de leitura (205): A Última Missão, de José de Moura Calheiros (2) (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 27 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7684: Contraponto (Alberto Branquinho) (22): Quê?! Catota?!

Guiné 63/74 - P7850: Convívios (293): Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, Mansoa 1969/71, dia 5 de Março de 2011 em Tábua (César Dias)

1. Mensagem de César Dias* (ex-Fur Mil Sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71), com data de 22 de Fevereiro de 2011:

Olá Carlos, as cordiais saudações habituais.
Mais uma vez, e caso seja possível, solicitamos-te uma ajuda no toque a reunir para o BCAÇ 2885.

Desta vez será no dia 5 de Março que iremos comemorar as 40 primaveras do nosso regresso da Guiné.

Terá lugar no Restaurante" CHURRASQUEIRA A SABOROSA" em Serra da Moita - Carapinha - Tábua

Os retardatários poderão fazer a inscrição até dia 28 de Fevereiro, é só telefonarem ao José Carlos Ventura da CCAÇ 2588 para o n.º 926 686 206.

Agradeço-te antecipadamente com um abraço amigo.
César Dias


Vista do interior do Quartel de Mansoa

O camarada Ventura da CCAÇ 2588, organizador habitual dos Encontros do BCAÇ 2885, no uso da palavra
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7427: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (34): A fama que vamos tendo por aí (César Dias)

Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2011 Guiné 63/74 - P7841: Convívios (208): Almoço de confraternização do pessoal da CCAÇ 2464, dia 30 de Abril de 2011 em Fátima (António Nobre)

Guiné 63/74 – P7849: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (25): Amuleto

1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), com data de 21 de Fevereiro de 2011:

Meu Caro Carlos Vinhal
O Silêncio dizem ser de ouro. Vale muito e se o ouro tem subido de cotação.

Certo, certo é que nada tenho dito. Não me apetece necessito de um viagra para contadores de "estórias". Também estive engripado. Mais gripado do que en.

Assim fui vendo as novas modas. Um ou outro comentário. Mesmo assim deve arrepiar ...será? Creio que não.

Ouvia o Benfica ao longe, som de fundo, bonito o som e arrumei umas letras... e por que não um dos meus amuletos??? Pois, meu caro Carlos aí vai, e eu te ofereço a estória deste amuleto. Está ali. Um dia mostro-te. É bonita.

O escrito é teu, é vosso, e dele farão o que entenderem.

Um abraço do Torcato (se recebeste e disseres OK, agradeço)
Torcato Mendonça


2.º GCOMB/CART 2339

ESTÓRIAS DE MANSAMBO II - 25

AMULETO

Soou, quase como um clarim, a voz estridente e ríspida do Furriel, ainda a manhã dormia.

- Está a levantar… está a levantar.

Tudo ainda era silêncio, todos se entregavam nos braços de Morfeu.
Ele não, ele já estava levantado, barbeado, aprumado, pronto. Até o quico estava impecavelmente colocado.

- Está a levantar…fod…

Olhou-o a um só olho. Manteve o outro de reserva, fechado e a resguardar-se, ainda, das lâmpadas alimentadas aos soluços pelos “Lister”.
Que tipo este. Uma máquina, sempre pronto e sem falhas. A continuar assim ainda vai a Sargento. Era isso. O tipo tinha ares de Sargento. Mas dos porreiros, claro.

Abriu então os olhos, aconchegou o material nos calções e espreguiçou-se urrando. Só depois, ainda devagar, se foi levantando.

Todas as gentes do abrigo se aprontavam rápidas, gestos mecânicos, conversas brejeiras, risos jovens, corpos a deixarem a nudez e a sentirem o desconforto dos camuflados duros e envelhecidos. A seguir vinham cinturões e cartucheiras, granadas e outro material. Curiosamente, à medida que se aprontavam, a alegria ia desaparecendo. Iam endurecendo as faces jovens de meninos soldados.

Aprontou-se ele, mais rápido agora, dando um olhar final pelo material preparado de véspera e, agarrando nas armas e no bornal, saiu.

Enquanto comia, ouvia o Capitão. Recebia ordens, papeis, e tomava uma ou outra nota. A rotina habitual.

- Quanto tempo tem disto?

- Eu? Para aí ano e meio, sei lá. Tenho tempo demais, tempo demais.

Saiu e dirigiu-se à coluna já pronta. Um simples menear de cabeça e tudo estava a andar. A pé claro. A pé até perto de Samba Juli, cerca de uma dúzia de quilómetros picando cuidadosamente a estrada, dura e seca naquela época do ano. Não facilitavam nada, nem ele nem os outros. Mantinham as rotinas habituais e a máxima “o suor poupa sangue”.

O olhar a tentar tudo ver, tudo sentir que dessa rotina fugisse.
Iam devagar, um quilómetro e mais outro, a picada de Candamã para a direita.

- Não vamos por Candamã?

-Não.

- Então ainda hoje vamos a Bafatá.

- Se der tempo, se der tempo. Vão vocês e voltam logo. Logo se vê.

O Pontão do Almami aparece e os cuidados redobram. A subida suave, a zona à volta da estrada desmatada. Abre o campo de tiro ao IN ou facilita a manobra das NT? Uma dúvida que se manteve e controversa.

A frente da coluna faz uma paragem breve. O cão, Geba, farejou algo. Picam mais forte e segue a coluna. Redobram os cuidados, ouvidos mais atentos, olhares a entrarem mata adentro.

De repente tudo pára. São décimas ou milésimas de segundo, são o breve instante, a paragem de tudo, o inexplicável, a separação entre a vida e a morte.

De repente tudo parece desabar, acaba o silêncio e tudo explode em sons de morte, de loucura, sons de rebentamentos, tiros, granadas, gritos, berros e a violência extrema está presente. Todos sabem o que fazer, como fazer e, quais autómatos, reagem na explosão máxima, na máxima força.

- O rádio, o rádio….

- Estamos a embrulhar a seguir ao Pontão. Quebec x a Quebec Y varre tudo com os 10.5. O 81 na picada de  Candamã. Deviam estar lá. Fogo nesta merda toda.

E o som lindo dos 10,5 e 81 ouvem-se e outro som aparece vindo das garganta daqueles homens. Riem e reagem mais forte, com mais alegria.
Lindo, lindo aquele som e chegam os camaradas vindos do aquartelamento.
Os sons vão perdendo força, a alegria está presente pela ausência de feridos e o rescaldo começa a ser feito por quem veio do aquartelamento.

Emboscada curta, vinte minutos talvez.

Encosta-se a uma árvore e ouve as explicações, o pedido de reforço de granadas e os preparativos de nova partida.

- Olhe aí. Os tipos acertaram em cheio na árvore. Olhe aí. Dia de sorte.

Viu os orifícios das balas. Uma, curiosamente mais saída. Puxou da “Zézinha”, a faca de mato, e extraiu a bala quase intacta. Mirou e remirou. Será de que arma?

- Da sorte. Da sorte que você teve.

- Merda. Merda para a sorte.

Guardou a bala no bolso e a coluna seguiu.

Vinte anos depois, menos. Talvez muito menos mandou-a banhar em prata e colocar uma argola na parte mais grossa.

Desde aquele dia acompanhou-o sempre. Virou amuleto.

Está aqui a olhar-me ou sou eu que para ela olho. Certo é que ainda consigo sorrir, talvez com menos alegria do que outrora.
Seria impossível e faltavam os sons.

Fica só a “sodade, sodade… da Cesária Évora…
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 26 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7505: Blogoterapia (170): A Casa da Praia (Torcato Mendonça)

Vd. último poste da série de 2 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 – P7214: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (24): Cabrais

Guiné 63/74 - P7848: Parabéns a você (218): José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

23 DE FEVEREIRO DE 2011



1. Alertados pelo Facebook, vêm a Tertúlia e os Editores, no dia do seu aniversário, felicitar o nosso camarada e amigo José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69 .

São nossos votos que o nosso aniversariante tenha um longa vida, com qualidade, para continuar a enviar regularmente os seus textos ao Blogue. Lembremos o seu estilo algo irreverente, mas com muitos leitores atentos e interessados.

Para acederem aos postes do nosso camarada José Ferreira da Silva consultem as suas séries "Memórias boas da minha guerra" e "Outras memórias da minha guerra"

Caro José, desejamos o melhor da vida para ti.

Em nome de todos os camaradas e amigos do nosso blogue, deixo-te um fraterno abraço.
Carlos Vinhal

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6696: Tabanca Grande (227): José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913 (Guiné, 1967/69)

Vd. último poste da série de 19 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7821: Parabéns a você (217): António Carvalho, o Carvalho de Mampatá: é bom fazer anos, mas melhor ainda ter amigos, uma tabanca inteira, para festejá-los...

Guiné 63/74 - P7847: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (69): Na Kontra Ka Kontra: 33.º episódio




1. Trigésimo terceiro episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 22 de Fevereiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


33º EPISÓDIO

Por fim, pela picada de Padada começam a chegar os elementos da operação. Rapidamente os dois Alferes metropolitanos, depois de se cumprimentarem, chegam à conclusão que não há condições para o pessoal de Galomaro ficar dentro da tabanca. Não havia alojamentos e era perigoso, pois em caso de ataque não havia abrigos para todos. Comeriam na tabanca o jantar que o “legionário” estava já a preparar e depois iriam instalar-se, emboscados, na orla da mata, para pernoitar.

É quase noite quando o contingente de quase sessenta homens, metade africanos, começou a sair da tabanca. Não iam em fila indiana mas sim em grupos. Quando os últimos elementos estavam a passar pelo “cavalo de frisa” da picada de Padada, os primeiros estavam já a entrar na mata. Neste momento aconteceu o que se acharia improvável, ou talvez não, como sempre tinha pensado o Alferes Magalhães.

Ouve-se um tiro seco, que não seria de G3, mas não deu tempo a conjecturas como acontecera quando um sentinela disparou sobre um porco do mato. Os sentinelas metidos na mata já tinham abandonado os seus postos. Quase em simultâneo começa um tiroteio infernal. Os guerrilheiros estariam a instalar-se para um ataque e tiveram que iniciar a contenda face ao aparecimento da tropa portuguesa. Esta reagiu de imediato pelo que foi uma autêntica batalha campal. Segundos depois começam a rebentar algumas granadas de morteiro 82 e de RPG 7 mas muito dispersas pois não houve tempo para regular o tiro e era a primeira vez que Madina Xaquili era atacada. Vir-se-ia a verificar que não produziram qualquer estrago material.

Não havendo a certeza, tudo leva a crer que os guerrilheiros vieram no encalço dos homens da operação. Embora com algumas consequências para a tropa que ia pernoitar fora do “arame”, este acto evitou um ataque bem organizado à tabanca, que provocaria com certeza muitas baixas, principalmente civis.

O nosso Alferes apenas se limitou a “acariciar” o seu cano de morteiro 60. A posição das duas facções era tal que não pôde efectuar qualquer disparo. Podia atingir as suas próprias tropas.

Tão depressa começou o recontro, como depressa acabou. Silenciadas as armas e com os guerrilheiros a efectuar a retirada fez-se a contabilidade dos estragos, lamentavelmente, só humanos: Vários feridos ligeiros provocados por estilhaços e um morto africano, que alguém viria a dizer que teria sido atingido pelo primeiro disparo que se ouviu, estando o atirador em cima de uma árvore. Disso, a certeza nunca se teve.

A meio da manhã do dia seguinte chega a coluna de Galomaro que inicialmente era só para levar o seu pessoal que tinha entrado na operação. Dado o ocorrido vinha também remuniciar a tabanca. Manhã cedo seguiu a mensagem do Alferes Magalhães a dar conta do acontecimento pois, como é sabido, de noite não se conseguia comunicar com a sede da Companhia. A coluna já tinha partido para Madina Xaquili. Mas porque em Galomaro se ouviu o ataque, o comandante determinou que se levassem as respectivas munições ainda antes de receber qualquer mensagem.

Também o Comando de Galomaro não esperou pela confirmação do ataque e informou, nesse sentido, o Comando de Bafata. Assim por troca de mensagens durante a noite entre os dois Comandos, a coluna também trazia uma ordem para levar embora, para Bafata, o Alferes Magalhães.

A situação na zona estava a degradar-se pelo que o Coronel de Bafata iria com certeza, a curto prazo, reforçar a guarnição aí sediada e o nosso Alferes não fazia parte de tal quadrícula.

Pouco tempo teve o Alferes para preparar a partida. Andando de um lado para o outro dá as últimas instruções e pôde ver de fugida que, além das munições, também tinham trazido para reforço do armamento, uma velha metralhadora Degtyarev de disco, apreendida ao inimigo.

São tiradas as últimas fotografias, sobretudo com o pessoal africano, com quem o nosso Alferes tinha criado grandes amizades.

O Alferes Magalhães, o João Sanhá e parte do Pelotão de Milícia.

Na reunião com o Furriel, para lhe entregar o comando, o Alferes chega a dizer-lhe que lhe tinha passado pela cabeça ignorar a ordem para ir embora e permanecer na tabanca. Além das boas recordações que tinha dos dois meses passados ali, estava sobretudo com muita pena de abandonar toda aquela gente africana que, independentemente da guerra, dentro de dias iria ficar isolada de Galomaro devido às chuvas. Para permanecer na tabanca, bastar-lhe-ia enviar uma mensagem para o Comando de Galomaro, com conhecimento ao Comando de Bafata a perguntar qual ordem cumpria, se a da coluna para o levar, se a que recebera do Coronel quando da sua visita à tabanca dizendo-lhe que o Alferes só sairia dali quando todos tivessem abrigos. Nesta altura dos acontecimentos os abrigos já não seriam suficientes e sobretudo seria necessário abrir valas entre abrigos.

Iria a mensagem, viria a resposta, entretanto a coluna tinha partido e o Alferes tinha ficado, sem contudo praticar qualquer desobediência. Na tropa as coisas podem assim acontecer.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7837: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (68): Na Kontra Ka Kontra: 32.º episódio

Guiné 63/74 - P7846: Em busca de... (156): Paula Simões, filha do Sold da CCAV 1482 (1965/67), César J. Simões, procura notícias de seu pai e dos seus camaradas (V. Briote / J. Martins)


1. Os nossos camaradas Virgínio Briote (ex-Alf Mil Comando – Brá -, 1965/67) e José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos - Canjadude -, 1968/70), têm vindo a recolher e complementar informação sobre o nosso falecido Camarada César Joaquim Simões, que foi Soldado da CCAV 1482, a pedido de sua filha - Paula Simões Viola -, tendo nos últimos dias trocado as seguintes de mensagens.


2. Em 18 de Fevereiro de 2011 o Virgínio Briote, enviou à Paula Simões Viola o seguinte e-mail:Assunto: Locais por onde o César andou

Paula,

O seu Pai pelos vistos passou por aqui (há registos de um militar da Companhia  do seu Pai sepultado no cemitério de Bambadinca):

Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66) [ A CCAV 1482 esteve na zona leste, em Bambadinca,  entre Novembro de 1965 e Abril de 1966, depois no Xime até Julho de 1967 e por fim em Ingoré, a norte, junto à fronteira como Senegal).




Agora fico a aguardar informações de Camaradas do seu Pai.

v briote

3. Por sua vez Paula Simões Viola, em 19 de Fevereiro de 2011, retorquiu assim ao Virgínio Briote, também por e-mail:Subject: Locais por onde o César andou

Boa tarde Sr. Briote,

O meu Pai faleceu cá num acidente em 1976, tinha eu seis anos de idade. Só tenho uma Cruz! Não é igual à que me enviou, tem 2 espadas cruzadas, o escudo da bandeira e uma cruz por cima do escudo.

Quando consegui juntar as coisas do meu Pai muita coisa tinha desaparecido.

Tenho muitas fotografias da Guiné com alguns camaradas que ele identificou, outros não.  A saber: Raimundo, Monteiro, um camarada da Portela da Ajuda que não diz o nome e um camarada Madeirense - Jorge Arlindo da Silva.

Aparecem muitos mais mas, como disse, não se encontram identificados.

Se fosse possível gostaria de saber se há algum encontro agendado dos seus antigos camaradas e se eu poderia comparecer.

Os meus contactos são: telef. 210 883 239 e telem. 964 216 337.

Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade.
Cumprimentos,
Paula Simões Viola

4. Mais tarde, ainda em 19 de Fevereiro de 2011, o Virgínio Briote enviava-nos o seguinte e-mail:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Paula Simões, filha do ex-Sold da CCav 1482, procura história da CCav 1482 e quer entrar em contacto com Camaradas do Pai.

Caros Luís, Carlos e Eduardo,

Transcrevo abaixo msg da filha do César Simões,  da CCav 1482.

v b

Nota: César Joaquim Simões, Sold da CCav1482, mobilizada pelo RC7, comissão na Guiné entre Out 65 e Jul 1967, condecorado com duas Cruzes de Guerra (ou é lapso ou foram mesmo duas). A primeira foi publicada na Ordem do Exército (OE 12/IIIª/67, pag. 281) e a segunda na OE 12/IIIª/67, pag.348.5. 


No dia seguinte, 20 de Fevereiro de 2011, recebemos do nosso habitual colaborador – o José Marcelino Martins -, para assuntos relacionados com informações sobre as diversas Unidades e Militares Falecidos, a quem mais uma vez agradecemos a sua preciosa disponibilidade, a seguinte comunicação:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Caros Camaradas
Segue o texto solicitado, mesmo ao findar o fim-de-semana.
Boa semana de trabalho, para quem o faz.
Semana produtiva, para aqueles "que nada fazem, mas já fizeram
José Martins



Emblemas da Companhia de Cavalaria nº 1482
© Colecção de Carlos Coutinho

A Companhia de Cavalaria nº 1482 é mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 7, em Lisboa (criado em 1755 sob a designação de Regimento de Cavalaria do Cais), embarcando para o território da Guiné em 20 de Outubro de 1965, desembarcando em Bissau a 27 desse mês.

Sob o comando do Capitão de Cavalaria João Ramiro Alves Ribeiro, é colocada em Bambadinca para substituir a Companhia de Caçadores nº 556 e assumindo funções de intervenção e reserva às ordens do Batalhão de Caçadores nº 697. Nestas funções realizou operações nas regiões de Darsalame Baio, Ponta Varela – Poindom, além de escoltas, patrulhamentos e batidas na sua área de intervenção.

Guarnece o destacamento de Sonaco entre 17 de Novembro de 1965 e 17 de Janeiro seguinte, às ordens do Batalhão de Cavalaria nº 757.

A 6 de Abril de 1966 envia um pelotão para o destacamento de Quirafo, onde se mantém até Dezembro desse mesmo ano, e a 8 envia outro pelotão para Ponta do Inglês, iniciando, desta forma, a rotação com a Companhia de Cavalaria nº 678, vindo a assumir a responsabilidade do subsector do Xime em 14 de Abril de 1966, mantendo os destacamentos referidos, ficando no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 697, rendido, mais tarde pelo Batalhão de Caçadores nº 1888.

A Companhia de Caçadores nº 1550 rende a Companhia de Cavalaria nº 1482, em 11 de Janeiro de 1967, sendo deslocada para o subsector de Ingoré, rendendo a Companhia de Cavalaria nº 788, assumindo em 15 de Janeiro de 1967 a responsabilidade do subsector, destacando um pelotão para o destacamento de Sedengal. Com esta alteração a unidade fica integrada na área e dispositivo do Batalhão de Caçadores nº 1894.

Por estar a terminar a sua comissão de serviço, é rendida em Ingoré pela Companhia de Caçadores nº 1590, deslocando-se em 15 desse mês para Bissau para efectuar o regresso á metrópole, o que acontece em 27 de Julho de 1967.

[Não tem história da Unidade. No Arquivo Histórico Militar, em Lisboa, tem um resumo de Factos e feitos. Cota Caixa nº 124 - 2ª Divisão / 4ª Secção).









3ª Classe..............................................................4ª Classe
Medalha da Cruz de Guerra

É criada em 30 de Novembro de 1916 pelo Decreto nº 2870, destinada a premiar actos de coragem e bravura praticados em campanha.
Tem a forma de uma cruz templária, tendo sobreposto, ao centro o Emblema Nacional e teve, desde a sua criação, teve três desenhos diferentes, devidamente legislados em 1916, 1946 e 1971. É suspensa por uma fita de seda ondeada, com fundo vermelho, cortado longitudinalmente por cinco filetes verdes tendo, ao centro, uma miniatura da cruz de guerra.
Divide-se em 1ª classe (Ouro, cercadas de duas vergônteas de louro), 2ª classe (ouro), 3ª classe (prata) e 4ª classe (cobre), por ordem decrescente de importância, e pode ser atribuída individual e colectivamente.
Durante as Campanhas de África 1961-1974 foram atribuídas 2.634 medalhas a militares do Exército, 68 medalhas a militares da Armada e 273 medalhas a militares da Força Aérea.

Condecorados com a Cruz de Guerra
Resenha Histórico Militar das Campanhas de África (1961-1974)
5º Volume - Condecorações Militares Atribuídas - Tomo IV - Cruz de Guerra 1967:

AMILCAR TEIXEIRA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 344).
ANSU SANHA
Chefe de Caçadores Nativos e Guia por acção em combate no dia 1 de Dezembro de 1966 (5ª feira), condecorado a título póstumo com a Cruz de Guerra – 3ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 007).

CESAR JOAQUIM SIMÕES
Soldado de Cavalaria, condecorado com duas medalhas da Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 7 e Ordem do Exército 22/III/67 - página 328).

CRISTOVÃO RODRIGUES LEBRES
Soldado de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 347).

FERNANDO GONÇALVES MENDES
Soldado de Cavalaria Apontador de Lança Granadas Foguete, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 350).

HIGINO DOMINGUES FERNANDES DA SILVA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 080).

JOSÉ ORLANDO SILVA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 346).

JUSTO DOS SANTOS MORCELA GAITA
1º Cabo de Cavalaria Apontador de Morteiro, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 348).

MANUEL ANTONIO DOS SANTOS PEIXE
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 345).

MÁRIO DE JESUS MANATA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 268).

Tombados em Campanha

AMÉRICO MATEUS JORGE, Soldado Atirador de Cavalaria número 709/65, solteiro, filho de Henrique Jorge e Maria Venança, natural da freguesia de Sobral da Lagoa, concelho de Óbidos, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 8.

FORE SOQUÉ, Soldado Atirador número 321/64, mobilizado do CTIG, solteiro, filho de Imbunhe Soque e Britch Quebi, natural da freguesia de são José, concelho de Bissorã, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 6.

JOSÉ LUCIANO MARTINS HORTA RODRIGUES, Soldado Atirador de Cavalaria número 1027/65, solteiro, filho de João José de Araújo Rodrigues e Maria Amélia Martins, natural da freguesia de Baçal, concelho de Bragança, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Baçal.

CESAR AUGUSTO MORAIS, Soldado Atirador de Cavalaria número 1031/65, solteiro, filho de César Augusto Morais e Beatriz do Nascimento Alves, natural da freguesia de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiros, faleceu em 12 de Março de 1966, vitima de ferimentos em combate, entre Ponte Verela e Poindom. Foi inumado no Cemitério de Vinhas.

Mensagem retirada da página de ultramar.terraweb-biz, com a devida vénia

2010/12/08
Mensagem de António Vaz, da Companhia de Polícia Militar 1754

Procuro os ex-militares, que ainda não contactaram com os respectivos organizadores dos Convívios Anuais, das seguintes Companhias, Pelotões ou em Rendição Individual:
ENG 1447 e 1448, Angola 1965/1967CENG 1665, Angola 1967/1969CPM 1750, Angola 1967/1969CPM 1751, Guiné 1967/1969CPM 1752 e 1753,
Moçambique 1967/1969CCAV 1482, 1483, 1484 e 1485, Guiné 1965/1967
Todas as Companhias, Pelotões e de Rendições Individuais que estiveram em S. Tomé e Príncipe desde 1961.
espondam antes que seja demasiado tardeUm abraço para todos do companheiro de armas da CPM 1754
António N. Vaz
Contacto: Telefone: 966 444 449
E-mail: kontokontigo@gmail.com

14JAN2010 - Está online o "Fórum da Companhia de Cavalaria 1482 Guiné 1965/1967" criado pela Vanda, filha de um veterano da Companhia de Cavalaria 1482

José Marcelino Martins
20 de Fevereiro de 2011
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Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:

22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7838: Em busca de... (155): Camaradas da CART 2477/BART 2865, Cufar, 1969/70 (Ex-Alf Mil Art Francisco Valdemiro Santos)