terça-feira, 3 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9700: Efemérides (86): Operação Topázio Maior - Páscoa de 1972 (Adriano Neto)

1. Mensagem do nosso camarada Adriano Neto (ex-Fur Mil da CART 3521 (Piche) e CCAÇ 11 (Paunca), 1971/74), com data de 29 de Março de 2012:
 
Quando regressei da Guiné, pensei que a maneira mais fácil de encerrar o capítulo de 25 meses de calor, sede, humidade, pó, abelhas, minas etc., seria rasgar todas as cartas, aerogramas, outros objectos e apontamentos que tinha trazido, ficando apenas com algumas fotos.
Foi o que fiz. A integração na vida civil tomou o seu rumo normal, sem qualquer mazela ou trauma de guerra.

O Luís que me perdoe, a ideia maravilhosa que teve, em criar e editar o Blogue, que comecei a acompanhar em 2009, mas que só em finais de 2011 passei a integrar, avivou-me memórias que estavam bem enterradas.
Deste modo, não resisto em partilhar com todos os ex combatentes da Guiné e em especial com os da CART 3521, a tão marcante “Operação Topázio Maior".

Como já disse, tudo o que me fazia lembrar a Guiné, foi destruído, assim peço a vossa melhor compreensão para alguma falha no meu testemunho.

Terminado o IAO tirado em Bolama, a CART 3521 chegou a Piche a 29/01/72, onde foi recebida de braços abertos pelo pessoal da CART 3332, Companhia que fomos substituir e do BCAV 2922.

Até 18/02/72 foi feita a sobreposição, sempre com o acompanhamento de grupos de combate da CART 3332, que se despediu de Piche a 19/02/72. Os primeiros vinte dias de acção foram tempo suficiente para percebermos que estávamos em zona de grande perigo, onde a qualquer passo o IN espreitava. Bastava recordar o malogrado dia 26/10/71, na estrada Piche-Nova Lamego a CART 3332 sofreu uma emboscada, onde morreram 4 dos seus homens e vários ficaram feridos.

Continuámos a nossa actividade, com grandes acções de patrulhamento, diurno e nocturno, bem como colunas a Buruntuma, Canquelifá, Nova Lamego, Bafatá etc.

“Zona de Guerra” (foi a mensagem deixada pelos companheiros da CART 3332, corroborada pelo pessoal do BCAV 2922: Buruntuma CCAV 2747, Canquelifá CCAV 2748 e Piche CCAV 2749).

Estávamos em finais de Março de 72, dois meses de acções continuadas, alguns quilómetros de patrulhamento e muitos mais de Unimog ou Berliet. Ainda hoje tenho consciência, que não seria ofensa para ninguém, se à data nos chamassem “periquitos”.

Com ou sem experiência, é sob ordem de alta patente, que muitas vezes era surda, cega e muda, que tínhamos que obedecer. Será que, com apenas dois meses de teatro operacional, seria razoável mandar tropas para a zona de Madina do Boé? Eles eram quem sabia… e sem escrúpulo, mandaram-nos para terras que ninguém gostou de pisar. Assim, com obediência, a CART 3521 teve o seu primeiro baptismo numa grande operação, de código “Topázio Maior” .



CRONOLOGIA “OPERAÇÃO TOPÁZIO MAIOR" 

Dia 31/03/72 (Sexta-Feira Santa)
É sob as ordens do Comandante de Sector que toda a Companhia ainda “periquitos”, partiu de armas e bagagens, para Nova Lamego, com o objectivo de participar na "Operação Topázio Maior", que se desenrolou nos chãos de Madina do Boé e tendo como missão o patrulhamento de Canjadude até Bilonco, eixo Ché Ché-Madina do Boé. Não sei se esta zona, depois do fatídico acidente de 06/02/69, que envolveu as CCAÇ 1970 e 2405 (Desastre de Ché Ché/Retirada de Madina do Boé), mais alguma vez tinha sido patrulhada pelas NT.

À data a (tragédia de Ché Ché) estava bem presente na memória de todos os combatentes CTIG. O pessoal da CART 3521 não foi excepção. Retomando o dia 31/03/72, nesse mesmo dia, o 4.º Grupo de Combate, escoltando o 28.º Pelotão de Artilharia, que nos foi apoiar, deslocou-se para Canjadude e restante pessoal pernoitou em Nova Lamego.

Dia 01/04/72 (Sábado de Aleluia)
O 1.º, 2.º e 3.º Grupos de Combate juntaram-se ao 4.º. Foi em Canjadude, terras da CCAÇ 5 e base de apoio para esta Operação, que os comandos da CART 3521 detalharam ao pormenor o que foram os dias seguintes.

Estávamos em plena época seca, o sol tórrido que fazia subir os termómetros até aos 35º, a zona despovoada para onde íamos seguir, obriga-nos a redobradas atenções, com explicação detalhada a todos os intervenientes, como com coragem e determinação devíamos enfrentar os piores cenários que nos pudessem aparecer.

Dia 02/04/72 (Domingo de Páscoa)
Pelas 7h30, com o apoio de um pelotão da CCAC 5, que foi incumbido de fazer a picagem, a CART 3521, deixou Canjadude e deslocou-se pela estrada de Ché Ché, em direcção à margem direita do rio Corubal. No percurso foram detectadas pelos homens da CCAÇ 5, várias minas anti-pessoais PMD6, no total de 16, sendo o pessoal especializado da nossa Companhia, que com grande sucesso, as desarmou e levantou. Cerca das 11H30, debaixo de um calor escaldante, chegámos ao rio Corubal. Tanto calor e um rio onde a água corria com abundância, convidavam a um banho, alguns soldados ainda o sugeriram, mas não, os perigos eram enormes e foi muito fácil controlar toda a gente.

É com o cenário das águas do rio, deslizando suavemente, que a Companhia se instalou no seu esquema de segurança, garantindo toda a tranquilidade aos homens, que iniciaram a montagem dos barcos, que minutos depois nos transportaram para a margem esquerda (Sul).

Sabíamos que estávamos em zona de domínio total do IN, o pessoal estava apreensivo, à memória de todos, veio o desastre de Ché Ché, pois estávamos no mesmo local e tínhamos que cambar as mesmas águas do Corubal, onde no dia 06/02/69 tinham perdido a vida 47 camaradas.

O ambiente estava pesado, diria mesmo fúnebre e tudo começava a ficar pronto, para que se desse início aos trabalhos, com passagem de toda a Companhia para a outra margem.

Inesperadamente, vindos do céu, ouvem-se ruídos estranhos. Para a maioria do pessoal, o roncar do motor dos T-6, era mesmo uma novidade. Para nossa segurança estes pássaros roncantes patrulharam na zona, toda a margem esquerda (sul) do Corubal, local para onde nos iríamos deslocar. Um T-6 fez mesmo um ou dois voos rasantes ao leito do rio.

Do mesmo modo que os T-6 apareceram, desapareceram! Silêncio absoluto. No rosto dos camaradas foram visíveis sinais de segurança e confiança. Foi dada ordem para avançar, não me lembro qual o primeiro Grupo de Combate que se fez aos barcos, mas foram estes homens na margem oposta e em terras de Ché, Ché que emboscados fizeram segurança, permitindo a continuidade da travessia. Pelas 13h30 foi concluído e ultrapassado este obstáculo. A CCAÇ 5, que fazia segurança aos últimos homens da Companhia que navegavam as águas do Rio, regressou a Canjadude, a CART 3521, já em chão de Ché Ché, seguiu a missão.

Em formação bem ordenada, cumprindo meticulosamente os ensinamentos transmitidos, progredimos em direcção a sul, até à margem direita do Rio Cauchã. Aqui, ainda com sol, sem qualquer incidente, nem sinais do IN, montou-se, conforme mandavam as normas a emboscada nocturna.

Dia 03/04/72 (Segunda-Feira de Páscoa e dia de Páscoa nas terras de muitos dos que compunham a CART 3521).
Com o despontar do sol, deu-se início ao levantamento da emboscada. Um sol escaldante, água a conta gotas, zona totalmente deserta, inimigo que era dono e senhor daquelas terras, era o que constava no detalhe da Operação. Com este puzzle bem definido, iniciámos o patrulhamento em direcção ainda mais a sul, rumo ao monte de Bugafal. Aqui, quando contornávamos em fila de pirilau, o monte pelo lado esquerdo e utilizado o velho meio de comunicação, “palavra passa palavra” foi dada uma ordem de paragem, com indicação que seria necessário informar o Comando Superior, da nossa posição no terreno. A Companhia ficou parada conforme seguia, se não me falha a memória, a posição no terreno dos Grupos de Combate foi a seguinte: à cabeça o 3.º do qual eu fazia parte, seguido do 1.º, 2.º e 4.º.

Expectantes aguardávamos a ordem para avançar, mas esta tardava a chegar. Ouviram-se dois rebentamentos seguidos de dois tiros, logo verificámos que era fogo de armas da nossa tropa. Exactamente. Os tiros foram de G3, os rebentamentos de granadas defensivas. Não tivemos qualquer dúvida, algo de anormal se estava a passar. Segundos depois chegou a informação; situação gravíssima! Estávamos a ser flagelados por um violento ataque de abelhas que atingiu fortemente metade da Companhia, 1.º e 2.º Pelotões, com especial incidência, no nosso querido Agostinho Mendes, homem das transmissões que com a antena do Rádio deve ter tocado nos bichinhos, estes sem hesitar abateram-se sobre ele e não mais o deixaram fugir. Viu-se desesperado e terá pensado que com o rebentamento das granadas resolvia o problema, sem êxito, sem forças e carregado de dores, terá posto a G3 em posição automática e disparou dois tiros no peito, ao nível do coração.

Com o ataque deste exército natural, que eram aos milhões, metade da Companhia fugindo dos insectos, abandonou completamente a zona. Afastaram-se tanto, que cerca de 20 homens perderam totalmente o contacto com o restante pessoal. Com esta flagelação, executada pelos principais aliados do IN, a Companhia ficou operacionalmente reduzida a dois grupos, um à frente e outro atrás do foco do ataque. Tínhamos muita gente dispersa na mata e completamente perdidos. Havia necessidade de os encontrar para que fossem reagrupados. Em poucos minutos formou-se um grupo de homens e iniciou-se uma batida de zona num raio de 2 quilómetros.

As horas passavam, estávamos no pico mais alto do sol que em brasa se abatia sobre nós. Cansados, extenuados, sem água e forças, lá se conseguiu reagrupar quase todo o pessoal, sim quase todo, faltava-nos ainda o Comandante do primeiro Grupo de Combate que continuava a monte. Este companheiro, já antes do ataque, manifestava sinais de grande fragilidade física, arrastando-se com dificuldade. Por esta razão, aquando da paragem, foi logo pedida a sua evacuação.

Com a chegada dos meios aéreos, foi-lhes solicitado que nos dessem apoio, para a localização do oficial que continuava fora do nosso alcance. Foi o piloto do bombardeiro T-6 que fazia protecção ao helicóptero que vinha fazer a evacuação quem detectou, a cerca de 2 quilómetros do local onde nos encontrávamos, o nosso camarada Alferes Jorge O. Martins. Seguindo as orientações dadas pelos pilotos do T-6 e helicóptero e graças à força, coragem e determinação do Alferes José António Novais, conseguimos recolher o camarada completamente desfalecido e brutalmente picado.

Informado do que se passou, o General António de Spínola, deslocou-se ao local, inteirou-se da ocorrência e autorizou a evacuação da vítima mortal, bem como dos feridos.

O cenário foi dramático, muitos companheiros; soldados, cabos, furriéis e alferes, estavam exaustos, sem forças e sem água para molhar os lábios, que de secos teimavam em se colar. Mas era preciso tratar dos feridos e dar início às evacuações por ordem de urgência, pois tínhamos combatentes, que com tantas mordeduras, estavam completamente irreconhecíveis, correndo risco de vida. Depois de prestada toda a assistência, chega finalmente a água que vinha em bidões, talvez por lavar, pois foram visíveis sinais de muita gordura. Mais limpa ou menos limpa, não era importante, precisávamos era do tão precioso líquido e esse brilhou aos nossos olhos.

Controlar tanta gente que quase morria de sede e manter toda a segurança, não foi tarefa fácil, valeu a ordem de comando dos que por força das circunstâncias, tinham sido mais poupados e ainda conseguiam manter a cabeça fria, para ir transmitindo a todo aquele pessoal, que estávamos à beira do abismo, logo a ordem foi; “manter rigor e segurança, cuidar de nós seria o mais importante”. Com muita ordem e moderação, o pessoal bebeu e encheu os cantis do tão desejado líquido.

Admitíamos que o número de evacuados fosse grande, mas só no fim das evacuações, pudemos apurar com rigor o seu total (25): Feridos graves (picadas de abelha) 4, insolação 15, astenia 2, paludismo 1, ataque cardíaco 1, epilepsia 1, mortos 1.

Os grandes aliados do IN, sem utilizarem armas de fogo provocaram uma tragédia. No momento contabilizávamos um morto, mas dado o estado crítico em que alguns companheiros foram evacuados, temíamos que mais pudessem vir a falecer. Felizmente que não e todos recuperaram. Com a Companhia reduzida a 2/3 do seu pessoal e o moral da tropa muito em baixo, o Comando-Chefe depois de informado de toda a situação, deu instruções para que a missão fosse alterada.

Por toda a movimentação dos T-6, bem como do vai e vem dos helicópteros, sabíamos que o IN nos teria bem identificados, tínhamos que sair dali rapidamente. Recebidas todas as instruções, o pessoal abandonou a zona, com uma alteração radical, do que anteriormente estava definido para a missão.

De novo em progressão, a Companhia com menos 25 homens, seguiu em direcção ao Rio Cauchã, palmilhou toda a sua margem direita, até à confluência com o Rio Corubal. Neste percurso avistámos pessoas na margem esquerda, supostamente seriam elementos afectos ao PAIGC, não deram pela nossa presença e nós evitamos o contacto. Continuámos o patrulhamento até ao ponto de altitude 72, aqui, já sem sol, montámos nova emboscada e passámos a noite.

Penso que ninguém passou pelas brasas, primeiro porque sabíamos que o IN andava por perto, segundo porque as duas bocas de fogo do 28.º Pelotão de Artilharia, que nos dava apoio na missão, toda a noite fez fogo com o objectivo de dissuadir o IN.

Dia 04/04/72 - Com o romper do sol e aproveitando o fresco da manhã, dirigimo-nos para o Ché Ché e dali para a margem esquerda do Corubal. De novo tivemos que repetir o que dias antes tínhamos feito. Na margem direita, aguardava por nós um grupo de combate da CCAÇ 5, que nos escoltou até Canjadude e daí até Nova Lamego. Aqui, aparentemente em segurança, pernoitámos em casa emprestada, de 4 para 5/4/72.

Dia 05/04/72 - Em coluna militar, regressámos ao Quartel General (Piche), sem qualquer incidente.

FIM DA OPERAÇÃO
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9290: Efemérides (62): A CART 3521 chegou à Guiné no dia 29 de Dezembro de 1971 (Adriano Neto)

Guiné 63/74 - P9699: In Memoriam (115): A CART 3494 do BART 3873 está de luto, pelo falecimento do Fur Mil Inf Raul Magro de Sousa Pinto (Sousa de Castro)




1. O nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), enviou-nos a seguinte mensagem.



Boa tarde camaradas,

Envio em anexo um “doc” referente ao falecimento de um camarada nosso, vítima de doença prolongada.

Agradeço desde já a sua divulgação. 

Faleceu com 62 anos de idade, no dia 01 de Abril de 2012 pelas 14,00 horas na sua residência habitual, em Meadela, Viana do Castelo, vítima de doença prolongada, o ex-Fur Mil Inf Raul Magro de Sousa Pinto.

A Cart 3494 fez-se representar na cerimónia e de acompanhamento do féretro até à sua última morada, no dia 02ABR2012 pelas 16,00 horas, por alguns camaradas d'armas, tendo apresentado aos familiares, em nome de toda a companhia, sentidas condolências. Foram vários os camaradas que se manifestaram, quer telefonicamente, como também por e-mail e SMS, o que a família reconhecidamente agradeceu.

Estiveram presentes:

ex-Fur Mil. Enf. - José Luís Carvalhido da Ponte (Mésinho),
ex-Fur. Mil. Trms - Luís Coutinho Domingues,
ex-1º cabo radiot. - António Manuel Sousa de Castro,
ex-1º cabo enf. - Alcindo Joaquim Pereira da Silva,
ex-1º cabo Atirador - Lúcio Damiano Monteiro da Silva (Vizela)
ex-1º cabo armas pesadas - Francisco Adolfo Ribeiro

- Sousa Pinto fez parte do 4º grupo de combate da CART 3494 que foi emboscado no dia 01DEC72, pelas 07,30 horas na PONTA COLI onde as nossas tropas sofreram 02 feridos graves, vários ligeiros e os guerrilheiros 02 capturados para além de diverso material apreendido.

Foram louvados em 27FEV73 pelo Exmo. CMDT Militar. 



Descansa em Paz camarada! 

Com eleva deferência,

Sousa de Castro
1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)


1.    O nosso camarada Jorge Araújo* (ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem.


Caríssimo Camarada Luís Graça, e restantes operacionais do nosso blogue. 

O mês de Abril tem sido para nós, até ao presente, um mês fértil em recordações e, simultaneamente, de grandes emoções. E este ano não foge à regra, dando conta, nesta nota introdutória, aquelas que se enquadram no âmbito militar. 

Primeiro; porque no dia 04.Abr.1974, faz hoje trinta e oito anos, aportámos ao Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, regressados de Bissau a bordo do Paquete Niassa – com direito a escala no porto do Funchal – depois de aí termos concluído a Comissão de Serviço Militar Obrigatório, para três semanas depois, em “25 de Abril”, termos assistido/ participado naquele memorável dia que levou ao fim da(s) Guerra(s). 

Segundo; porque uma semana depois da chegada, em 12.Abr.1974, minha mãe, Georgina Araújo, comemorou o seu quadragésimo sexto aniversário num ambiente de grande euforia e felicidade recíproca, mais humano e ecológico do que nunca, afirmando, após apagar as velas do ‘4’ e do ‘6’, que a maior prenda que tinha recebido naquele dia foi o de poder contar com a presença do filho, o que se entende. Fará agora, no próximo dia 12.Abr.2012, oitenta e quatro primaveras, não estivéssemos, nós, na Primavera. 

Terceiro; porque no dia 21.Abr.2012, tudo leva a crer, estaremos em Monte Real, no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, emboscados à volta de uma mesa tendo por pares ilustres ex-combatentes falando de coisas de que ninguém sabe – peripécias vividas na Guiné –, preparados para uma O.E. cujo alvo (objectivo) é o prato cheio de coisas boas, sabendo nós que o inimigo está observando os nossos movimentos: o colesterol. Vão ser, certamente, mais umas quantas e boas emoções. 

Quarto; (agora mais a sério!) porque no dia seguinte ao ENTG – 22.Abr.2012 – completa-se quarenta anos em que o meu GComb, da CART 3494, travou a sua primeira grande batalha na Ponta Coli (Xime). E é devido a esse acontecimento que estamos hoje aqui, em comunhão de experiências e sob outra super emoção, na medida em que procurámos dar corpo, alma e desejo, ao que vivemos, sentimos e respirámos naquele dia inesquecível ou que jamais esqueceremos. 

Quinto; (de última hora) porque, quando alinhavamos as derradeiras letras deste texto, fomos confrontados com uma mensagem electrónica enviada pelo nosso camarada Sousa de Castro, tabanqueiro n.º 2 deste n/ blogue, dando-nos conta do falecimento do ex-Furriel Sousa Pinto, também ele protagonista neste episódio na Ponta Coli. O funeral realizou-se ontem, 02.Abr.2012, para o cemitério de Meadela (Viana do Castelo). Que repouses em paz. 

Posto isto, eis então a narração desse acontecimento na Ponta Coli. Uma história mais para juntar ao espólio da Tabanca Grande, que está cada vez maior.

ERA UMA VEZ UMA ESTRADA, PALCO DE JOGOS DE SOBREVIVÊNCIA 

I – O CASO DA PONTA COLI - XIME 

A decisão há muito que estava tomada. Faltava apenas esperar por uma oportunidade, para tornar público, na primeira pessoa, a descrição dos sons, das imagens e de mais alguns detalhes gravados na nossa memória de longo prazo, antes que as mesmas se apaguem, sobre um tema que justificou já a participação neste blogue de vários tertulianos (vidé: P9446 + P9457), ou seja, o «caso da Ponta Coli - Xime», aproveitando este momento de recordações para a (re)baptizar como o «palco de jogos de sobrevivência». 

E essa oportunidade chegou agora por quatro motivos particulares: 

1 – Por terem passado já quarenta anos (1972-2012) sobre essa data, sendo também, poi isso mesmo, uma ocasião para prestar homenagem póstuma ao nosso camarada Furriel Manuel Rocha Bento, falecido em combate nesse local. 

2 – Pela necessidade de dar conta da minha versão a todos aqueles que viveram este acontecimento, directa ou indirectamente. Este contributo pretende ser apenas mais uma pequena peça do puzzle da CART 3494, e, concomitantemente, uma outra peça do puzzle, naturalmente maior, que é a história do conflito político-militar do C.T.I.Guiné. 

3 – Pelo convite/desafio suscitado pelas dúvidas do camarada CMDT ex-Cap. Artª António José Pereira da Costa (agora Coronel na reserva), na sua MSG de 2009.03.22 publicada no blogue da Companhia, em que manifestou vontade de saber o que se passou em concreto, uma vez que a sua nomeação para liderar a CART 3494 foi causa/efeito dessa emboscada. 

4 – Para transmitir, publicamente, uma palavra de gratidão a todos quantos naquele dia 22.Abr.1972 deram o seu melhor, num contexto que no início nos era francamente desfavorável, superando as adversidades em defesa da vida – das suas e a dos seus semelhantes, camaradas de armas. Não fora essa transcendência singular e os resultados teriam sido bem diferentes, para pior, como poderão constatar pela leitura do ponto seguinte. 

II – O (DES)ENCONTRO DE 22.ABR.1972 – O jogo dos possíveis 

O dia 22 de Abril de 1972 será sempre um dia para recordar, particularmente por todos os ex-militares que constituíram a CART 3494, e em especial por aqueles que viveram, conviveram e sobreviveram ao jogo do “gato e do rato” ou de “escondidas”, como é comum definir-se, no léxico militar, o conceito de “guerrilha”, como foi o caso dos elementos do 4.º GComb (pelotão) – o nosso. 

Se antes, durante a instrução que obedecia a um programa com tempos e ritmos pré-definidos, que era interrompida por cansaço, conflitos surgidos ou por decisões unilaterais, e em que quase tudo tinha um carácter de simulacro e de associação casual de probabilidades, pois o objectivo primeiro era a aquisição de competências sensoriais e motoras, visando ultrapassar possíveis obstáculos surgidos nos diferentes contextos, agora, neste dia 22.Abr.1972, tudo passou, num ápice, do “faz de conta” a uma situação REAL, em que a regra do “jogo” era, então, a eliminação física do opositor ou dos opositores por antecipação e perícia, num cenário que incluía, ainda, a variável designada teoricamente por «Sorte». 

Mas sorte é quando uma coisa boa nos acontece, sem que seja esperada. É habitual afirmar-se também, numa perspectiva de senso comum, que a sorte versus azar andam ligadas ao destino, para quem nele acredita. Trata-se, assim, de uma força invisível contra a qual não há nada a fazer. Segundo essa crença, destino ou fatalidade emergem de um poder divino que está para além do comum dos mortais. 

Com efeito, para nós, à data militares-combatentes cumprindo o superior dever para com … (?), o dia 22.Abr.1972, sábado – dia de Saturno, deus especialmente querido dos Romanos e a que a língua inglesa continua fiel pois chama, ainda, ao seu sábado Saturday – começou com as normais rotinas de cada dia: alvorada, higiene pessoal, pequeno-almoço, preparação para o cumprimento das tarefas e obrigações individuais e colectivas, em função das competências atribuídas anteriormente, que incluíam, entre outras, a preocupação pelo bom funcionamento do armamento e equipamento adequado e outros apetrechos necessários para a missão. 

E umas das tarefas atribuídas diariamente à CART 3494, do BART 3873, era a de garantir a segurança possível em parte do troço que ligava o Xime a Bambadinca, por causa/efeito do tráfego rodoviário que aí ocorria, uma vez que a possibilidade mais exequível para chegar à cidade de Bissau, ou desta ao extremo leste do território – Bafatá, Nova Lamego, Piche, Canquelifá, Galomaro, Xitole, Saltinho, etc. –, só poderia acontecer por via marítima (Rio Geba) em que o Xime, situado na margem esquerda desse rio, era ponto de chegada e de partida de civis e militares, assumindo-se deste modo como local político-militar-económico estratégico por excelência. 

O tempo diário desse controlo acontecia, maioritariamente, no período em que havia claridade (luz do dia), entre as 07:00/07:30 e o regresso após o Sol se pôr (ocaso), ou, em situações excepcionais, até que ficassem concluídas as actividades portuárias. O ponto escolhido para essa segurança ficava situado numa zona compreendida entre a bolanha contígua ao Xime (Taliuará) e Amedalai, sendo esse local designado por Ponta Coli, e onde permaneciam diariamente os militares escalados para essa tarefa/acção/missão, considerada “Rainha” no conjunto de todas as outras. 

Considerando que em situações ditas normativas as Companhia Operacionais eram constituídas por quatro GComb, no caso da CART 3494 só três estavam aquartelados no XIME, na medida em que o 2.º pelotão encontrava-se destacado, em permanência, na Tabanca do Enxalé, esta situada na margem direita do Geba, em frente ao Xime. Daí que o cumprimento desse dever diário era feito de três em três dias por cada GComb, excepto quando a Companhia tinha de efectuar outras acções ou operações que envolvessem a totalidade dos seus elementos.

Naquela data, o grupo escalado para cumprir a acção/missão referida anteriormente era o 4.º pelotão, constituído por vinte elementos, entre sargentos e praças, uma vez que não havia nenhum oficial (ex: alferes) adstrito, no preciso momento em que o nosso calendário registava apenas oitenta dias de efectiva permanência na região. 

Ao efectivo militar sobredito juntava-se sempre um Guia, no caso o Malan, natural da Guiné, e mais dois condutores auto, uma vez que o transporte até ao local da segurança era feito em duas viaturas Unimog. 

Porém, naquele dia, a saída do aquartelamento não aconteceu à hora que era mais ou menos habitual por se terem verificado diversos factos que contribuíram para algum atraso, o último dos quais relacionado com o esquecimento de um rádio emissor/receptor AVP1, que normalmente era levantado no posto de TRMS ou entregue, na parada, pelo militar de serviço nesse posto a um dos furriéis do GComb. 




Estando reunidas, então, as condições de marcha, após uma análise global de todos os procedimentos habituais, saímos rumo ao objectivo previsto (Ponta Coli) eram aproximadamente 08.00 horas. Os vinte e três elementos que constituíam o universo dos militares destacados para a missão, e que seguiam nas duas viaturas, foram distribuídos de forma aleatória, contabilizando-se doze elementos na viatura n.º 1 (a que seguia à frente) e onze na viatura n.º 2 (a que seguia atrás, naturalmente). 


Para além da nossa companheira residual no mato - G3 - na panóplia do armamento constava, ainda, um morteiro 60, uma bazuca e as respectivas granadas de cada de um deles, distribuídas entre todos os militares. 

Após termos percorrido aproximadamente quatro/cinco Kms. a uma velocidade reduzida, em que se respeitou a distância de segurança entre as duas viaturas, e quando no horizonte se avistava já o «ponto X», e as viaturas continuavam a sua marcha cada vez mais lenta, estando quase a parar, eis senão quando tudo passou a ser diferente, estranho, complexo, num quadro de enorme entropia, em suma, um verdadeiro caos.


Tínhamos caído numa emboscada montada por um bi-grupo do PAIGC (de 52 unidades, de acordo com as informações recolhidas mais tarde), iniciada a partir da linha de segurança por nós utilizada habitualmente, esta situada a cerca de sessenta/ setenta metros da estrada, e que viria a ser a primeira experiência do género vivida por elementos da CART 3494

Ao som das primeiras rajadas de “costureirinhas” (kalashnikov) e de rebentamentos de granadas de “RPG7”, que procuravam atingir os alvos que se encontram nos centros das miras dos guerrilheiros, os nossos camaradas lançaram-se das viaturas para o asfalto, e reagiram, ou não, em função da situação em que cada um deles se encontrava, continuando as viaturas a sua marcha, agora desgovernada, rumo à valeta da estrada, servindo estas de refugio nos instantes iniciais para alguns de nós. 

Entre gritos, gemidos e choros, misturados com a utilização de uma linguagem de elevada erudição adquirida na escola da vida e que, naquele cenário, era própria de quem estava em aflição e, sobretudo, em inferioridade física e numérica, havia mortos, alguns feridos, desmaiados e poucos em condições de estabelecer o equilíbrio entre um dos lados da contenda. 

Tendo em consideração a situação adversa e o papel atribuído a cada um de nós enquanto combatentes, e porque me encontrava na posse de todas as capacidades físicas e psicológicas, pois, como vim a verificar mais tarde tinha sido o único ileso da 2.ª viatura, havia que dar resposta na mesma linguagem bélica, utilizando os recursos disponíveis. 

Entretanto, uma nova contrariedade fez engrossar as dificuldades de então, na justa medida em que não nos era possível comunicar com o aquartelamento, dando conta da ocorrência e sinalizando a nossa posição, para uma primeira ajuda que bem precisávamos por parte da artilharia pesada aí existente (obuses) e depois para o reforço de efectivos no terreno, uma vez que o rádio AVP1, aquele equipamento que fez retardar a nossa saída, estava em parte incerta, vindo a ser localizado, mais tarde, junto ao corpo do Furriel Manuel Rocha Bento, já cadáver. 

Aos poucos, ao ritmo de um tempo que parecia não passar, os desmaiados começam a acordar, os feridos tomam consciência de que ainda têm força suficiente para reagirem, e com os cinco ilesos que continuavam activos e operacionais, através dum impulso colectivo vindo das entranhas e de um grito de contra-ataque, contribuímos para anular a terceira tentativa de sermos apanhados à mão por parte dos elementos do PAIGC, que muito porfiaram mas sem sucesso. 

Por outro lado, o nosso sucesso ficou a dever-se justamente ao esforço de todos, mas em particular a um MALAN (guia) que, sangrando abundantemente da cabeça onde existiam pelo menos duas perfurações, como tivemos a oportunidade de observar in loco, empunhava duas G3, uma em cada braço apoiadas pelas suas axilas, e de pé, em plena estrada, despejava carregadores sem cessar. 

Outra situação que contribuiu, também, para a debandada dos guerrilheiros teve a ver com a circunstância dos municiadores de morteiro e de bazuca, após recuperarem a consciência, depois de terem ficado atordoados na sequência do salto das viaturas em andamento, fazerem uso das suas armas a uma cadência de tiro inconstante, mas mesmo assim relevante, uma vez que o desempenho de ambos estava/ficou dependente da localização das suas munições (granadas) que acabaram por ficar dispersas ao longo da estrada, numa frente de cento e vinte metros aproximadamente, dando a ideia de que estávamos fortemente armados.


Passado o tempo de todas as incertezas, que se estima entre quinze a vinte minutos, durante os quais o meio ambiente se alterou profundamente, produzindo novos odores resultantes da combinação de diferentes elementos, de que são exemplos: o capim e restante vegetação, a terra e a pólvora, mesclados com a humidade e o aumento da temperatura externa e interna - a dos nossos corpos -, os corações começaram a bater a um ritmo cardíaco mais aceitável, e a boa notícia, que era possível transmitir a partir daquele momento, era de que a situação militar estava controlada, caminhando para a normalidade, com a chegada dos primeiros apoios externos e, também, por via da fuga do IN. 

O primeiro elemento a chegar junto de nós, foi o nosso CMDT, Cap. Artª. Vítor Manuel Ponte da Silva Marques, que nos perguntou: “então, Araújo, o que se passou …?”, logo secundado por um enfermeiro da Companhia, que não recordo o nome mas tão só o seu rosto, pois era portador de uma mala de primeiros-socorros. Mais apoios foram chegando à medida que iam sendo mobilizados, quer do Xime quer do Batalhão sediado em Bambadinca, para onde foram transportados os feridos mais graves ou aqueles que justificavam maior atenção. 

No final, o balanço da primeira emboscada sofrida pela CART 3494, foi de um morto (Furriel Manuel Rocha Bento), dezassete feridos entre graves e menos graves nos quais estava incluído o Furriel Raul Sousa Pinto, ferido com dezenas de estilhaços espalhados pelo corpo, mas com maior incidência na cabeça, sendo este o segundo de três Furriéis que enquadravam os restantes militares do GComb, e contabilizados apenas cinco ilesos, fazendo eu parte desse reduzido grupo. Este camarada acaba de nos deixar para sempre. O seu funeral realizou-se ontem - 02.Abr.2012. 

Que dizer mais? 

Que viver é sempre uma possibilidade para qualquer ser humano quando não está em ambiente de guerra convencional. Porém, viver num contexto como aquele que esteve na génese desta narrativa, era uma constante incógnita e/ou interrogação que nos ocupava parte do pensamento, em virtude de poderem ocorrer novos encontros/desencontros no mesmo local e à mesma hora, como veio a verificar-se 222 dias depois, em 01.Dez.1972, tendo por protagonistas os elementos do mesmo GComb, ou seja o 4.º pelotão. 

Numa outra oportunidade, relataremos o que ficou da nossa experiência acerca deste novo episódio ocorrido na Estrada Xime-Bambadinca, no local transformado em palco de muitas emoções/tensões, num jogo de sobrevivência impregnado de superações e de transcendências. 

III – CAUSAS/EFEITOS DESTA EMBOSCADA 

No dia seguinte, domingo no calendário solar também conhecido por Juliano, de Júlio César, o militar (general) e político romano, a vigorar desde o ano de 709 de Roma (45 a.C.), a vida dos combatentes da CART 3494 voltou a ter, na sua agenda, uma nova missão de segurança à Ponta Coli, desta feita a cargo do 1.º pelotão. 

Uma primeira causa/efeito do episódio de má memória do dia anterior foi o de ter produzido uma mudança de atitude na estratégia utilizada anteriormente, no trajecto entre o aquartelamento e aquele local, fruto do debate interno levado a cabo pelo grupo de furriéis operacionais da Companhia, do qual fazíamos parte, no sentido de minimizar os riscos pessoais de cada um de nós, sempre muitos expostos no cumprimento dessa acção/ missão diária. 

E o que ficou acordado, a partir de então, foi a alteração das rotinas anteriores, passando cada GComb a ser auto transportado somente até ao limite da bolanha do Xime e o restante trajecto até à Ponta Coli a ser efectuado a pé, com esquemas diferenciados de progressão e distribuição espacial do respectivo efectivo. 

Uma segunda causa/efeito daquele acontecimento foi a diminuição do número de militares operacionais, consequência dos diferentes graus de enfermidade e de inferioridade física provocados pelos ferimentos em cada um deles, levando à evacuação dos casos mais graves para o Hospital Militar de Bissau, onde permaneceram algumas semanas. Como consequência, o 4.º pelotão ficou inoperacional durante algum tempo. No nosso caso, transitámos de imediato para o 1.º pelotão, uma vez que este GComb se encontrava desfalcado de quadros de comando. 

Uma terceira causa/efeito da emboscada foi a distinção, com o «Prémio Governador», de dois elementos do GComb: o soldado Manuel de Sousa Monteiro, natural da Batalha, e o 1.º Cabo Manuel Amorim do Alto, natural de Terroso, Póvoa do Varzim, os quais adquiriram o direito de gozar na Metrópole, como se dizia à época, um mês de férias. Estes militares eram os municiadores do Morteiro 60 e da Bazuca, desconhecendo eu o nome, ou nomes, a quem se deve a iniciativa de propor estas duas distinções. 
   
Uma quarta causa/efeito deste episódio, e que viria a ter grande influência no devir da organização da unidade social designada por CART 3494 foi o facto do nosso primeiro CMDT, Cap. Artª. Vítor Manuel Ponte da Silva Marques, também conhecido nos meios militares por «Salta-me a Cabeça», consequência do uso frequente deste termo, se ter autoexcluído de a ela continuar ligado. No dia imediato assinou a sua própria guia de marcha, com destino aos Serviços de Psiquiatria do Hospital Militar de Bissau, para não mais regressar ao Xime para junto dos seus camaradas milicianos. 

Durante um pouco mais de três meses a CART 3494 deixou de poder contar com o seu líder, vindo este a ser substituído por uma nova liderança a cargo do Cap. Artª. António José Pereira da Costa (agora Coronel na reserva, como foi já referido na nota introdutória), situação verificada no início do mês de Agosto de 1972. 

Este nosso novo CMDT, o segundo, passados apenas meia-dúzia de dias da sua chegada ao Xime, viria a viver, conviver e a sobreviver, tal como nós, a mais um episódio negativo que marcou a história da Companhia, e do Batalhão, este relacionado com o «naufrágio no Rio Geba», ocorrido no dia 10.Ago.1972. Sobre este acontecimento, e noutra oportunidade, darei a conhecer publicamente a minha versão dos factos que, também eles se encontram ainda gravados na minha (nossa) memória. 

Passados aproximadamente três anos sobre o abandono da Companhia por parte do nosso primeiro CMDT, Cap. Vítor Manuel Ponte da Silva Marques, a sua pessoa e o seu nome acabariam por ficar mais uma vez na história, agora da História de Portugal no período pós 25 de Abril de 1974. O seu nome ficará ligado para sempre ao que foi considerada uma tentativa contra-revolucionária de 11.Mar.1975, conforme nos dá conta o Diário da República de 21.Mar.1975, Decreto-Lei n.º 147-D/75, pp. 430 (4:5), assinado pelo General Francisco da Costa Gomes (1914-2001), à data Presidente da República, acto que levou os seus autores a serem expulsos das fileiras das Forças Armadas. 

Face ao fracasso do seu propósito e de mais dezoito oficiais dos três ramos das forças armadas, no qual o General António de Spínola (1910-1996) se assumiu como líder, o Cap. Vítor da Silva Marques, entretanto promovido ao posto de Major (e que já não está entre nós), e o General António de Spínola, que foi governador militar na Guiné, como sabemos, entre 1968 e 1973, acabariam por fugir para Espanha (Badajoz) e depois para o Brasil, a exemplo, aliás, do que acontecera cento e sessenta e sete anos antes (1808) com o exílio do Rei D. João VI. 
     
Chegados ao fim deste episódio, o primeiro menos agradável que consta no nosso currículo de ex-combatente na Guiné, resta-me enviar para todos os meus camaradas «Fantasmas do Xime», ilustre cognome da CART 3494, votos de muita saúde, e que esta história real que agora passei a escrito, e que certamente acompanharam com muita atenção, vos possa dar o ânimo necessário para continuarem a lutar pela vossa sobrevivência. 

Que sejam felizes! 

Um grande abraço para todos, e até … ‘ao meu regresso’, isto é, até à próxima emboscada. 

Jorge Araújo
Ex-Furriel Mil Op Esp/RANGER da CART 3494
____________  
Nota de M.R.:

Vd. poste de apresentação do Jorge Araújo em: 



Guiné 63/74 - P9697: Nós da memória (Torcato Mendonça) (18): O Dia - Fotos falantes IV





1. Texto e Fotos Falantes (IV Série) do nosso camarada Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69) para integrar os seus "Nós da memória".





NÓS DA MEMÓRIA - 18
(…desatemos, aos poucos, alguns…)

14 – O Dia 

Chegou finalmente.
Houve desfile, breves discursos e fanfarra para animar a despedida.
Esperamos.

Dia da partida > 04DEZ69 > A fanfarra 

Dia da partida > 04DEZ69 > Parada e desfile. Espera-se

Dia da partida > 04DEZ69 > O Uíge engole militares

A uma ordem, tudo naquele mundo era a uma ordem e delas dependíamos para tudo, embarcamos. Para trás ficou Bissau e a Guiné.

Bissau. Uma palavra para aquela cidade.

Era, quanto a mim e como tal muito subjectivo, uma cidade com a vida prisioneira dos militares e deles dependia.
A parte mais bonita era o porto, a zona antiga na Baixa, o Poilão.
Havia restaurantes, hotel, pensões, casas de prostituição, lojas onde tudo se vendia, locais de diversão. Tudo direccionado para os “pesos” dos militares.
A verdadeira vida, de cidade africana, era feita por uma população de vida à parte e com poucas misturas, pelo menos aparentemente.

Anos depois, cinco, os militares partiram, não como nós agora, mas definitivamente e regressaram ao nosso País.
Ficou a Guiné entregue a quem nos combateu e a outros que de outros Países, em promessas de conforto e solidariedade, vieram. Outras Vidas…

Os homens do futuro

Os homens do futuro, esses miúdos que aparecem na foto, alguns, uma minoria, felizmente para eles, foi, certamente, dirigente daquela nação a nascer.

A maioria quedou-se pelas Tabancas a preservar a sua cultura, os seus saberes seculares e o viver de seu povo e etnia.
São pobres pelo padrão ocidental. Talvez sejam felizes e mais seriam se outros saberes e haveres lhes fossem propiciados.

Gentes que recordo com saudade. O Povo das Tabancas.
Gostava de os ver felizes e sem tutelas de gentes sabedoras e engravatas…

Texto e fotos ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 30 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9678: Nós da memória (Torcato Mendonça) (17): Partida - Fotos falantes IV

Guiné 63/74 - P9696: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande - Monte Real 2012 (7): Ultrapassamos já o número de inscritos do Encontro do ano passado (A Organização)

Amigos e camaradas da Tabanca Grande,
No dia em que ultrapassamos o número de participantes do ano passado (125), achamos que devíamos publicar a lista dos 126 inscritos para a chamada Operação Monte Real, a ter lugar no Palace Hotel das Termas, nesta bonita localidade próxima de Leira, já no dia 21 de Abril de 2012.

Estamos no bom caminho para bater o recorde de 152 participações de 2010. Lembramos que para lá do bom ambiente criado pelos próprios participantes, das óptimas instalações e bom serviço prestado pelo Hotel, temos este ano o aliciante de, à tarde, podermos assistir ao lançamento do livro do nosso camarada Idálio Reis que faz questão de oferecer um exemplar a cada um dos camaradas presentes no acto.

Convidamos os nossos camaradas e tertulianos a verificarem se o seu nome consta na lista. Se não estiver, e se fazem ideia de participar, está na hora de se inscreverem. Se não estiver e já se inscreveram, por favor alertem a Organização para remediarmos o erro que será nosso.

Lembra-se que a data limite para receber inscrições termina já no dia 14.

Assim está a lista dos inscritos:

Acácio Dias Correia e Maria Antónia - Algés / Oeiras
António Fernando Marques e Gina - Cascais
António Gabriel Vaz - Lisboa
António José P. da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Martins de Matos - Lisboa
António Osório e Ana - Vila Nova de Gaia
António Pinheiro - Porto
António Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Santos e Graziela - Caneças / Odivelas
António Silva e Albina - Estarreja
António Sousa Bonito - Carapinheira / Montemor-O-Velho
Belarmino Sardinha - Odivelas
Benjamim Durães com: Bruna, Fábio, Marta, Rafael e Tiago - Palmela
C. Martins - Penamacor
Carlos Pinheiro e Maria Manuela - Torres Novas
Carlos Pinto e Maria Rosa - Reboleira / Amadora
Carlos Pires e Joaquina - Amadora
Carlos Rios e Fernanda - Carnaxide / Oeiras
Carlos Silva e Germana - Massamá / Sintra
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra
Diamantino Ribeiro André e Maria Rosa - Proença-a-Nova
Diamantino Varrasquinho e Maria José - Ervidel / Aljustrel
Eduardo Campos - Maia
Eduardo Ferreira - A-dos-Cunhados / Torres Vedras
Eduardo Magalhães Ribeiro - Porto
Ernestino Caniço - Tomar
Felismina Costa, João e Cláudia - Agualva / Sintra
Fernandino Leite - Maia
Fernando Sucio - Vila Real
Francisco António Ribeiro - Torres Novas
Henrique Matos - Olhão
Hugo Guerra e Ema - Lisboa
Hélder V. Sousa - Setúbal
Idálio Reis - Cantanhede
Jaime Brandão - Monte Real
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura - Porto
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Joaquim Sabido e Albertina - Évora
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão e Lurdes - Oeiras
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Pinto - Agualva-Cacém / Sintra
Jorge Rosales - Cascais
José Barros Rocha - Penafiel
José Casimiro Carvalho - Maia
José Eduardo R. Oliveira (JERO) - Alcobaça
José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos
José Francisco Robalo Borrego - Linda-a-Velha / Oeiras
José Luís Malaquias - Ílhavo
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Manuel Lopes - Régua
José Marcelino Gonçalves e Tuula Kahkonen - Canadá
José Martins e Manuela - Odivelas
João Caramba e Rosa - Beja
João Mata - Quinta do Anjo / Palmela
João Paulo Diniz (PFA) - Lisboa
João Pinho dos Santos - Aveiro
João Santos - Porto 
João Sesifredo - Redondo
Juvenal Amado - Fátima / Ourém
Luís Graça e Maria Alice - Alfragide / Amadora
Luís R. Moreira - Cacém / Sintra
Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel Domingos Santos e Maria Isabel - Leiria
Manuel Joaquim e José Manuel Cunté - Agualva - Sintra
Manuel Resende e Isaura - Cascais
Manuel Santos e Maria de Fátima - Viseu
Manuel Vieira Moreira - Aguada de Cima / Águeda
Maurício Esparteiro e Dulcínia - Almada
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
Pacheco - Rio Tinto
Paulo Santiago - Aguada de Cima - Águeda
Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Silvério Lobo e Linda - Matosinhos
Victor Tavares - Recardães - Águeda
Vítor Caseiro e Maria Celeste - Leiria

Consultando o gráfico abaixo, pode-se ter uma ideia de como estão distribuídos geograficamente os inscritos:
 


Grande Lisboa - 42
Grande Porto - 21
Norte - 5
Centro - 33
Sul - 23
Regiões Autónomas - 0
Resto do Mundo (Canadá) - 2

Estamos gratos aos  nossos camaradas, amigos e familiares já inscritos no nosso VII Encontro, esperando que os que ainda não se inscreveram e querem participar, o façam com a maior brevidade possível.

Por outro lado, pedimos a quem por qualquer motivo, estando inscrito, não possa estar presente, comunique a sua desistência até ao dia 18 para que o camarada Mexia Alves possa regularizar a situação junto do Restaurante.

Para saber todos os pormenores sobre o VII Encontro da Tabanca Grande, clicar aqui

Pela Organização
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9633: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande - Monte Real 2012 (6): Estamos a um mês da nossa grande festa e já estão inscritos 94 camaradas e amigos (A Organização)

Guiné 63/74 - P9695: O Cancioneiro de Gandembel (2): Do Hino de Gandembel ao poema épico Os Gandembéis (Parte III) (Idálio Reis)



Guiné > Região de Tombali > Março de 1968 > CCAÇ 2317 (1968/69) > Após o Treino Operacional na região do Oio (Olossato e Mansabá), a Companhia segue rumo ao Sul da Província. Poucos dias em Guileje, para então nos coagirem a ir para as cercanias do "corredor da morte", a fim de se construir de raiz, um posto militar fixo, em Gandembel e Ponte Balana A primeira etapa foi por via fluvial e até Cacine, a bordo de uma LDG, aonde aportam a 19 de março de 1968.





Guiné > Região de Tombali >
Guileje > CCAÇ 2317 (1968/69) > Março de 1968 > Durante a permanência em Guileje, foi-se recolhendo algum material para a construção de Gandembel/Ponte Balana. É o caso do aproveitamento de palmeiras, de cujos espiques se extraíam os cibes Na foto, um aspecto do abate das palmeiras.





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2317 (1968/69) > Março de 1968 > Na fase de carregamento dos cibes.


Fotos (e legendas): © Idálio Reis (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos Direitos reservados.


1. Continuação do texto da autoria de Idálio Reis (ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 (Gandembel e Ponte Balana, Nova Lamego, 1968/69):


Os Gandembéis: O Nosso Cancioneiro, as nossas músicas, os nossos poetas (Parte III) (*) (**)


(...) Já se torna bastante diferente, a narrativa seguinte, que os autores apelidaram de “Os Gandembéis”. É escrita em circunstâncias inteiramente distintas das do Hino, onde o último local de permanência, em Nova Lamego, ofertava um clima de paz, de sossego e tranquilidade.



A sua leitura, feita nos dias de hoje, parece trazer uma inefável doçura, dada a exemplar ilustração da história da nossa Companhia.


Trata-se de um texto, composto e adaptado por ‘2 humildes anónimos’ [, um deles o saudoso João Barge (1944-2010), foto à esquerda, no nosso V Encontro Nacional, em 2010, uns meses antes de morrer],  que procurou fundamentalmente narrar a acção (épica), que um punhado de homens que então compuseram a CCAÇ 2317, tiveram que passar em terras da Guiné, mas onde prevalece pelas razões invocadas nestas memórias, os sítios contíguos ao rio Balana.








OS GANDEMBÉIS > Canto I


I
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por sítios nunca dantes penetrados
Passaram ainda além do Rio Balana,
E em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Entre gente remota edificaram
Novo Reino que depois abandonaram;


II
E também as memórias gloriosas
Daqueles heróis que foram dilatando
A Fé, o Império e as terras viciosas
Do Olossato e Mansabá andaram conquistando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar engenho e arte.


III
Cessem do Corvacho e do Azeredo
As conquistas grandes que fizeram;
Cale-se do Hipólito e do Loredo (#)
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto os que não tiveram medo
A quem Nino e Cabral obedeceram.
Cesse tudo o que a antiga musa canta
Que a dois três dezassete mais alto s’ alevanta.


IV
Por estes vos darei um Maia fero,
Que fez ao Moura e ao Calças tal serviço.
Um Nunes e um Dom Veiga (##), que de Homero
A Cítara para eles só cobiço;
Pois pelos Dois pares dar-vos quero
Os de Gandembel e o seu Magriço;
Dou-vos também o ilustre Goulart,
Que para si em Minas não tem par.


V
E, enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Bigodes Reis, que não me atrevo a tanto, (###)
Tomai as rédeas vós, do Grupo vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Começai a sentir o peso grosso
(Que pela Guiné toda faça espanto)
De RDMs e recusas singulares
De Gandembel as terras e do Carreiro os ares.(####) 


VI
E, o que a tudo, enfim, me obriga
É não poder mentir no que disser,
Porque de feitos tais, por mais que diga,
Mais me há-de ficar ainda por dizer.
Mas, porque nisto a ordem leva e siga,
Segundo o que desejais de saber,
Primeiro tratarei da larga terra
Depois direi da sanguinosa guerra.


VII
Partiu-se de manhã, c’o a Companhia,(#####)
De Guileje o Moura despedido,
Com enganosa e grande cortesia,
Com gesto ledo a todos e fingido.
Cortam as viaturas a longa via
Das bandas do Carreiro, no sentido
De ir construir um quartel
Na inóspita e deshabitada Gandembel.


VIII
Já na estrada os homens caminhavam,
O intenso capim apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Nas viaturas as minas rebentando;
Da negra missão os soldados se mostravam
Decididos; e os aviões vão apoiando
A coluna com muita acrobacia
Porque no mais não passa de «fantasia.


IX
As roquetadas vêm do turra e juntamente
As granadas mortíferas e tão danosas;
Porém a reacção não consente
Que dêem fogo às hostes temerosas;
Porque o generoso ânimo e valente,
Entre gentes tão poucas e medrosas,
Não mostra quanto pode, e com razão:
Que é fraqueza entre ovelhas ser leão.


X
Da bolanha escondida, o grão rebanho,
Que pela mata foi aparecido,
Olhando o ajuntamento lusitano
Ao soldado foi molesto e aborrecido;
No pensamento cuida um falso engano,
Com que seja de todo destruído.
E, enquanto isto no espírito projectava,
Já com morteiros e canhões atacava.


XI
E uma noite se passou nesta rota
Com estranha emoção e não cuidada
Por acharem da terra tão remota
Nova de tanto tempo desejada.
Qualquer então consigo cuida e nota
No inimigo e na maneira desusada,
E como os que na errada missão creram
Tanto por toda a Guiné se estenderam.

(Continua)

Notas de L.G.:

(#) Cap Eurico Corvalho, comandante da CART 1613 (Guileje, 1967/68), falecido a 22/12/2011.  Cap Carlos Azeredo, cmdt da CCAV 1616(BCAV 1879, que esteve no Olossato. Quanto ao Hipólito e ao Loredo, pede-se ao idálio Reis para identificar estes dois comandantes de companhia que, presume-se, andaram pela região do Oio, e devem ter pertencido ao BCAV 1879, 1966/68 (que, além da CCAV 1616, tinha ainda a CCAV 1615 e a CCAV 1617).

(##)  Cap Inf Jorge Barroso de Moura, cmdt da CCAÇ 2313 (hoje general reformado); Alf Mil At Inf Mário Moreira Maia; Fur Mil At Viriato Martins Veiga; Sold apont metralhadora Jerónimo Botelheiro Nunes (a confirmar), cujo municiador morreu a 28/3/1968, nas imediações de Guileje

(###) Alf Mil At Inf Idálio Rodrigues F. Reis (hoje, eng agron ref, membro da nossa Tabanca Grande, residente  em Cantanhede); Fur Mil At Inf Mário Manuel Goulart.

(####) Carreiro= Corredor de Guileje, corredor da morte...

(#####) Depois de passar, na IAO,  por Mansabá e Olossato (de 15/2 a 15/3/1968), a CCAÇ 2313 seguiu de LDG para Cacine, e esteve em Guileje por pouco tempo (aí fazendo colunas logísticas para Gadamael e cortando cibes). A 8 de Abril de 1968 foi destacada para Gandembel, com a missão de construir um aquartelamento de raíz. Mas a 28 de março, tem os seus dois primeiros mortos, o Domingos Costa (Olival/vIla Nova de Gaia) e Manuel Meireles Ferreira (Pópulo / Alijó). A 8 de abril participa na Op Bola de Fogo...


___________


Notas do editor:


(*) Últinmo poste da série > 29 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9676: O Cancioneiro de Gandembel (2): Do Hino de Gandembel ao poema épico Os Gandembéis (Parte II) (Idálio Reis)


(**) Fonte: REIS, Idálio - A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné: Gandembel / Ponte Balana. Ed. de autor, [Cantanhede], 2012, pp. 201-204. [Livro a lançar no dia 21 de Abril de 2012, em Monte Real, no nosso VII Encontro Nacional; um exemplar será oferecido pelo autor aos camaradas inscritos].