terça-feira, 15 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12155: Ser solidário (151): I Encontro Portugal-Guiné-Bissau, promovido pela Tabanca Pequena e a Associação EducÁfrica, levado a efeito no passado dia 5 de Outubro (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira, um dos principais animadores da Tabanca Pequena ONGD, com data de 7 de Outubro de 2013:

Caríssimos editores.
A Tabanca Pequena organizou um encontro com guineenses a viver em Portugal.
Solicitmaos o especial favor de publicarem este texto em que se dá conta da forma como decorreu a Festa.
Muito obrigado.
Zé Teixeira




1.º ENCONTRO PORTUGAL-GUINÉ-BISSAU

A Tabanca Pequena ONGD e a Associação EducÁfrica ONGD ambas envolvidas em ações de apoio ao desenvolvimento das populações da Guiné-Bissau tomaram a iniciativa de organizar o I ENCONTRO PORTUGAL-GUINÉ-BISSAU, no passado dia 5 de Outubro, dia em foi assinado o Tratado de Zamora em 1143 no qual Portugal se assumiu como Pais independente.

Objetivos:
- Promover um encontro convívio entre pessoas de Portugal e da Guiné
- Promover mostras de danças típicas da Guiné-Bissau e cantigas populares de Portugal
- Angariar fundos para o desenvolvimento dos projetos que uma e outra Associação estão a desenvolver na Guiné-Bissau.

Além das associações organizadoras, aderiram ao evento a Associação Mon na Mon de Aveiro, a Associação de Amizade Matosinhos / Mansoa e a Associação de Guineenses do Porto.

A dinâmica da organização do evento foi conduzida pela Tabanca Pequena com o apoio da EdicÁfrica.

Como “Ordem de Trabalhos”, tínhamos.
- Almoço
Sardinha do mar português de Matosinhos
Frango de Xabéu elaborado por experiente cozinheira guineense residente no Porto

- Tarde Recreativa
Grupo de Danças típicas da Guiné-Bissau – MON na MON
Cantigas de Portugal pelo conjunto Nuvem Azul do Grupo Desportivo da GALP Norte.

Os participantes começaram a chegar cedo. Se é verdade que a maior parte dos portugueses na sua maioria ex-combatentes e família já se conheciam nomeadamente da Tabanca de Matosinhos, os guineenses que aderiram eram à partida caras estranhas, mas… felizmente parece que já nos conhecíamos desde o tempo em que por lá andámos. Logo nos misturamos. Abraços e beijos não faltaram, umas “arranhadelas” de crioulo e até de línguas nativas. O “Na pinda e o Djarama anani , ou o curame bianda” soltou-se das nossas bocas o que provocou naturalmente gargalhadas de boa disposição.

A Sardinha bem assada pelo nosso especialista e sua equipa, um camarada que nunca esteve na Guiné, o Emílio Silva, foi procurada até acabar. Seguiu-se o Xabéu, o prato mais esperado. Estava uma delícia e como não podia deixar de ser, ficou o fundo do tacho.

Para completar, o Grupo de danças Típicas Mon na Mon com as tão esperadas danças que puseram a sala em delírio. Foi um gosto (re)viver outros tempos e ver os presentes a extravasar a sua alegria e porque não juventude dançando com os jovens e com as “mindjeres” que nos quiseram brindar com as suas danças tão conhecidas dos companheiros que por lá passaram.

Foram na sua forma de estar, comunicar e dançar e extravasar a sua alegria, um verdadeiro espelho daquele povo que nós tão bem conhecemos.

A emoção tomou conta de muitos dos presentes num regresso a um passado que apesar de tantos momentos de sofrimento que nos trouxe, também nos proporcionou momentos muito bons e que hoje foram revividos nesta festa convívio entre agente de dois povos que em cada dia que passa se sentem mais unidos.

O Grupo Nuvem Azul encerrou esta bela tarde com música popular portuguesa e para admiração de alguns de nós, foram as mulheres guineenses presentes que mais participaram, com as suas vozes e danças, demonstrando que conhecem bem a música popular em Portugal, porque não, amam Portugal tanto quanto a sua terra natal.

Com o cair da noite, a festa chegou ao fim. Abraços e beijos não faltaram e sobretudo a expressão de uma vontade comum de nos voltarmos a encontrar.

A recepção

As indjers garandi no palco

O petisco. Frango de Xabéu



Quem não se lembra desta forma de dançar?



A alegria contagiante dos guineenses


Um aspeto da assistência


O Conjunto Nuvem Azul do Grupo desportivo da GALP em atuação.

Quem nos faz lembrar estes rostos?


Agradecimentos

A juventude guineense que nos fez regressar ao passado.


Outro aspeto da sala.


O Vídeo, originalmente inserido,  está agora indisponível

Este vídeo foi eliminado do Facebook ou não está visível devido às definições de privacidade.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12113: Ser solidário (150): Padre de Viana assaltado com violência dentro de casa durante a madrugada (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P12154: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (2): Mensagem assinada pelo comandante do setor 2 da Frente Leste, Mamadu Indjai, sobre a emboscada em Ponta Coli, na estrada Bambadinca-Xime, em 18/4/1969, aos pelotões de mílicias de Taibatá, Demba Taco e Amedalai, e que foi conduzida pelo comandante de bigrupo Mário Mendes


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em abril de 1969 ainda não estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil, que só será inaugurada em 1972... Na sempre temível Ponta Coli, houve várias emboscadas, como aquela que é referida neste poste, contra dois pelotões de  mílícas (destacadsos em Taibatá e em Demba Taco)...

Em abril de 1969, era o BCAÇ 2852 que tinha a seu cargo a defesa do Setor L1 (Bambadinca), incluindo o subsetor do Xime. Grosso modo, o Setor L1, com exceção do regulado do Enxalé e da parte oeste do regulado do Cuor, correspondia,  na divisão territorial do IN,  ao Sctor 02, da Frente Leste, também conhecido por região do Xitole (em 1970, Frente Xitole/Bafatá), com sede na região de Mina/Fiofioli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).

1. Transcrição de uma mensagem do PAIGC, assinada por Mamadu Indjai (comandante de setor, futuro conspirador contra Amílcar Cabral, sendo, depois do assassinato do líder histórico, em Conacri,  preso,  julgado e fuzilado em 1973) sobre uma emboscada realizada na estrada de Bamabadinca-Xime, em 20/4/1969, e que foi comandada por Mário Mendes e Sampui.

O comunicado é manuscrito em papel de bloco, liso. O conteúdo é o habitual nestas mensagens: lacónico e sem preocupações de rigor factual. Apesar da baixa literacia dos seus comandantes, Amílcar Cabral exigia que eles escrevessem em português. E esse é um facto que deve ser aqui sublinhado.

O dia desta emboscada, na Ponta Coli,  parece estra errada: será a 18 e não a 20/4/1969. Segundo a versão das NT (neste caso o BCAÇ 2852), não terá havido baixas entre os dois pelotões de milícias emboscados.  Mas ficamos a saber que Mário Mendes já combatia, em 1969,  no Setor  2 (Xitole), da Frente Leste, ao tempo do Mamadu Indjai.  e que sobrevive a este, gravemente ferido em agosto de 1969.  Mário Mendes será abatido pelas NT em maio de 1972.


Comando Sul

MSG [Mensagem] – No dia 20/4/69 os combatentes do Partido realizaram emboscada na estrada entre  Bambadinca / Xime onde os inimigos sofreram muitas baixas humanas de [entre] feridos e mortos. Por nosso lado não houve nada mal. Foi dirigido[a] por Mário Mendes e Sanpui  [Sampui] na SA  [?] Sector Dois – Mamadu Indjai.
 29/4/69

[Revisão/fixação de texto: editor L.G.]

Fonte:

(1969), "Mensagem - Comando Sul", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40645 (2013-10-15)

Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.050
Título: Mensagem - Comando Sul
Assunto: Comunicado de Mamadu Indjai sobre a emboscada do PAIGC na estrada entre Bambadinca e Xime, dirigida por Mário Mendes e Sampui na Sa (Sector 2).
Data: Terça, 29 de Abril de 1969
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos

2. Reprodução de excertos das pp. 64 e 75 da História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) sobre a actividade IN no mês de abril de 1969. (REcorde-se que a grande Op Lança Afiada, tinha sido realizada um mês antes, em março de 1969).

A emboscada referida na mensagem acima reproduzida deve ter sido.  não a 20, mas 18 de abril de 1969, às 7h00, na zona de Ponta Coli, no troço estrada Bambadinca -Xime, entre Amedalai e o Xime. As forças emboscadas foram dois pelotões de milícias, o Pel Mil  nºs 104 (sediado em Taibatá, com 1 secção em Amedalai) e o Pel Mil 105 (destacado em Demba Taco, com uma secção em Amedalai).






Guiné 63/74 - P12153: Agenda cultural (287): Sessão de apresentação do livro "Profetas do Consumo", de autoria de Mário Beja Santos, dia 22 de Outubro de 2013, pelas 18 horas, nas instalações da Direcção-Geral do Consumidor em Lisboa

1. Mensagem do dia 25 de Setembro de 2013 do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) que, profissionalmente, até Outubro de 2012, exerceu a função de Técnico Superior da Direcção-Geral do Consumidor:

Queridos amigos,
Quando digo que terei a maior satisfação em ver-me rodeado pela malta do blogue que se interessa pelos temas do consumo, digo-o com inteira sinceridade. Não é preciso que comprem o livro, basta-me a vossa companhia.
Este é o primeiro da série que pretendo dar à estampa depois da reforma, é a temática que mais me atormenta, o falhanço habitual das previsões dos Profetas do Consumo, o funcionamento intrigante da cultura do moderno capitalismo, indagar como a globalização afeta e continuará a afetar a sociedade de consumo, aquela que, a despeito de todas as críticas e remoques, é a organização social donde a generalidade dos seres humanos não quer sair, mesmo que barafuste muito.
Conto com todos os interessados em 22 de Outubro, pelas 18h, nas instalações da Direção-Geral do Consumidor, Praça Duque de Saldanha, nº 31. A apresentação da obra fica a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e diretor do CEEETA, Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente.

O muito obrigado do
Mário




Sessão de apresentação do livro Profetas do Consumo

22 de Outubro, Instalações da Direcção-Geral do Consumidor, Praça Duque de Saldanha, 31, pelas 18 horas

Apresentação a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e deputado do Parlamento Europeu e atualmente diretor do CEEETA – Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente

Beja Santos

Delineei, nos preparativos da minha reforma, um conjunto de livros-testemunho da minha atividade profissional nos últimos 40 anos. A primeira obra que escrevi correspondia a uma das principais interrogações que trago e cujas respostas possíveis nunca me satisfizeram. Por isso, posso apresentar Profetas do Consumo resumidamente do seguinte modo:

“Periodicamente, pensadores, agitadores e comentadores de diferente índole, economistas, cientistas sociais, tecem considerações sobre a sociedade de consumo: que o produtor se vai reconciliar com o consumidor e comportar como um cidadão ainda mais responsável; que a tecnologia nos abre a possibilidade de vivermos menos alienados por todo este consumo programado… fatalmente, as coisas não se irão passar assim. Então, porque falham as profecias?

Profetas do Consumo pretendem contribuir para a resposta; faz uma viagem pela sociedade de consumo, são mais de 60 anos de profecias, onde pontificaram nomes como Jean Baudrillard, Zygmunt Bauman, Daniel Bell, Pierre Bourdieu, Erving Goffman, Henri Lefebvre, Roland Barthes, Paul Virilio ou Edgar Morin, e onde pontificam Manuel Castells, Gilles Lipovetsky, Alain de Botton, entre muitos outros.

O leitor é convidado a questionar o mundo em que vive e como se anunciam os profetas, de que tratam os livros quase proféticos, como se tratam, criticam ou exaltam os modos de viver entre o presente e o futuro.

O autor faz a sua confissão de que andou décadas a escrever livros onde, de um modo geral, falhou as suas visões proféticas e procura as explicações de toda a sua teimosia em tanto insucesso. Em Os Profetas do Consumo cruzam-se a modernidade líquida, cenas de uma geração descartável, a sociedade em rede, as preocupações com os modos de consumo mais sustentáveis, a cultura do capitalismo atual, a obsessão pelo low cost e os gostos que assume o endividamento excessivo e os modos de o contrariar.

Como se trata de um livro para não iniciados, apresenta-se uma antologia com algumas das questões essenciais postas pelo novo mercado ao funcionamento da sociedade de consumo e de como lidamos com a crise, nomeadamente de 2011 para cá”.

Terei a maior satisfação em ver-me rodeado dos meus prezados amigos, não é preciso comprarem o livro, quero é mesmo a vossa companhia e participação no debate sobre os profetas do consumo, se vos interessar.

A sessão de lançamento realiza-se em 22 de Outubro, nas instalações da Direção-Geral do Consumidor, na Praça Duque de Saldanha, nº 31, pelas 18h. Serei honrado pela apresentação que ficará a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e atualmente diretor do CEEETA – Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente.

Já estou a esquematizar o livro subsequente cuja temática se prende com a ideologia da política dos consumidores, ao longo dos últimos 60 anos, confiro grande importância a este debate, nos anos 1950 a ideologia política em torno do consumo tinha a ver com o modelo de satisfação das necessidades básicas, havia um relativo consenso entre os sociais-democratas, os liberais e os democratas cristãos quanto ao Estado Social e ao modelo social do consumo. Vamos a ver o que sai desta reflexão.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12147: Agenda cultural (286): Tertúlias Fim do Império, a levar a efeito na Messe dos Oficiais, na Praça da Batalha - Porto

Guiné 63/74 - P12152: (Ex)citações (228): Confirmo que o Mário Mendes, chefe de bigrupo do PAIGG; no subsetor do Xime, foi morto pela CCAÇ 12, em maio de 1972 (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, 1971/74)


1. Mensagem do nosso camarada António Duarte com data de ontem


Boa noite,  Camaradas

Confirmo que o contacto que resultou na morte do Mário Mendes, comandante do Bigrupo que atuava na zona [do Xime], teria sido em Maio de 72, tal como nos dá nota o Jorge Araújo,  da CART 3494.

Eu nessa altura estava ainda na CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74).

É curioso que na História do BART 3873, só encontro uma breve referência à incidência, que passo a transcrever:

"De harmonia com correspondência retirada a Mário Mendes (aniquilado pela CCAÇ 12), o IN planeava nova acção na estrada XIME - BAMBADINCA, o que nos leva a concluir que no futuro acções deste teor venham a ser cometidas, pois que a suceder seria a segunda vez no espaço de 02 meses."


Recordo que a 22 de Abril de 1972 tinha havido uma emboscada na Ponta Coli, que implicou a morte do nosso Bento, furriel da CART 3493, com mais um conjunto de feridos. O [Jorge] Araújo estava lá, felizmente para ele, sem consequências físicas. (*)

Eu tenho uma versão da História do BART 3873, que vou transformar em PDF para disponibilizar.

Abraços a todos (**)

António Duarte... que foi furriel mas que em consciência NUNCA deveria ter sido...

2. Comentário de L.G.:

O malogrado fur mil Manuel Rocha Bento pertencia à CART 3494 (e não 3493). Era natural de Galveias, Ponte de Sor, onde está sepultado.

Obrigado, António, pelos teus esclarecimentos.

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Notas do editor:

(*) Jorge Alves Araújo,  ex-Furriel Mil Op Esp/ Ranger,  CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974)

Vd. postes de:


3 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12151: Convívios (538): Almoço de confraternização no passado dia 14 de Setembro em Salicos e XX Convívio dos Combatentes do Ultramar, a levar a efeito no próximo dia 20, iniciativas do Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes (Arménio Estorninho)

1. Mensagem do nosso camarada Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, IngoréAldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 10 de Outubro de 2013:

Lagoa, 10/10/13
Caro Camarigo Luís Graça, saudações tabanquenses.

Vem este E-mail a propósito de informar que o Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes está a levar a efeito várias iniciativas de divulgação e convívios.

Assim, no passado dia 14 de Setembro de 2013, a Direção do Núcleo de Lagoa/Portimão levou a efeito no Restaurante “O Pescador,” localizado em Salicos – Lagoa, mais um almoço “arroz de lingueirão e outros acepipes”, de confraternização, tendo a presença de todos os Camaradas que cumpriram o seu dever cívico de serviço de apoio num pavilhão em representação do Núcleo e que fora instalado na FATACIL – LAGOA.

Sendo subjacente o motivo da instalação desse Pavilhão na NAVE da FATACIL, que decorreu de 16 a 25 de Agosto de 2013, onde estavam colocados mapas da Índia, Angola, Moçambique, Guiné e de Timor. Também para os visitantes estavam disponíveis diversas brochuras informativas, álbuns de fotografias consentâneas com aqueles que foram chamados a servir nos vários teatros de operações militares daquelas ex-Colónias Ultramarinas.

Aquando do final do repasto, o Presidente da Direção do Núcleo, Jaime Marreiros, no uso da palavra tendo dissertado:

Foto 1 – O Presidente do Núcleo, ilustrando os esforços perante as várias entidades para levar a efeito o Monumento a erigir em Portimão e outros contatos já havidos em Monchique.

Foto 2 – Outra perspetiva dos Camaradas Convivas, tomando toda a atenção ao seu Comandante.

“Agradeço a todos as vossas presenças neste almoço convívio, congratulo-me de que foi devido à disciplina e desempenho dos serviços prestados por todos no Pavilhão da FATACIL, que foi merecedor da curiosidade e do reconhecimento de muitos visitantes”;

Foto 3 - O Presidente da Direção do Núcleo Jaime Marreiros, mencionando as demarches tratadas e a tratar, e que têm a finalidade de levar a efeito o XX Convívio do Núcleo.

"Sendo apresentado um panfleto, do qual consta que o Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes, também vai promover o seu XX Convívio dos Combatentes do Ultramar ‘com um almoço’ e a realizar-se em Lagoa, na Nave da FATACIL, no dia 20 de Outubro de 2013";

Panfleto – XX Convívio dos Combatentes do Ultramar do Núcleo de Lagoa/Portimão.

“Desde já, convidando-os a comparecerem nesse convívo, bem como sendo extensivo aos vossos familiares e amigos; Que também serão convidados outros Núcleos e Associações do Algarve da Liga dos Combatentes".

Terminando com Um Viva:
Ao Núcleo de Lagoa/Portimão e à Liga dos Combatentes…!
Liga dos Combatentes? Valores permanentes!...
Liga dos Combatentes?... Em todas as frentes!...“

Com um abração a todos os camarigos
Arménio Estorninho
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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12109: Convívios (535): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013..., sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte II) (Hugo Moura Ferreira)

Guiné 63/74 - P12150: Memórias de Mansabá (29): A tabanca de Manhau já não existia em 1965 (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 28 de Setembro de 2013, a propósito de uma pergunta que lhe foi feita sobre a tabanca de Manhau:

Uma boa noite com cordialidade, Carlos.
Uma boa noite por Mansabá.

Vou falar um pouco sobre Manhau.
Não, em 1965 a Tabanca de Manhau já não existia e segundo o que ouvi devia ter ardido por fins de 1962, melhor entre 1961 e 1963. Dizia-se também que foi naquela região onde a revolta se deu. Mas isto são conversas de Tabanca e não havia unanimidade.

Diziam que tinham assaltado uma camioneta de passageiros, tendo-a queimado, ainda lá estava no meu tempo, tendo morrido uma professora.

Algumas das tabancas desactivadas no tempo da CART 2732 dentro da sua zona de acção, que a Leste, terminava na bolanha de Manhau.
Ver Carta de Farim

Logo quando se passava a Bolanha, indo de Mansabá, havia uma subidinha antes da zona mais plana, onde esteve o aquartelamento, onde ainda se podia ver o esqueleto da camioneta.
Dizia-se que um oficial Português de nome Pita Alves, que eu conheci em 64 em Tavira, tinha sido lá ferido. Pouco tempo depois a tabanca tinha sido incendiada. O incêndio terá sido medonho, dizia-se.

Por um lado, Ussado, Cubande, por outro, Mantida, Gussará, Uália, Bambaia, Bagadage, Gendo, Biribão, Canjambari e outros nomes que eu já não lembro, estavam cheios de população.
O comando decidiu construir Cutia, Manhau, Banjara e mais tarde o K3.

Destacamento de Cutia 
Foto: © César Dias

Quando cheguei, Cutia estava acabadinho de fazer. Eram todos iguais, a estrada ao meio do quadrado, um buraco a cada canto, mais quatro buracos entre os cantos e mais uns dois ou três para comando e transmissões.
Dizia-se que nos ataques violentos a Cutia tinham deixado no terreno, dois cubanos e uma bazuka 8.8.

Em Manhau ainda a 1421 participou nos acabamentos.
Nos ataques violentos que fizeram, deixaram no terreno um morteiro 8.2 rachado como se uma granada tivesse rebentado no cano.

Destacamento de Banjara
Foto: © Alfredo Reis (2009). Direitos reservados.

Em Banjara a 1421 foi prestar segurança aos trabalhos e limpar a estrada desde Mantida.
Apanhou-se muita gente, à qual se deu conservas e se disse para irem espalhar a boa nova. Nem um voltou.

Eu na metrópole nunca tinha ouvido falar no BCAÇ 1858, nem na companhia 1422.
Instalados em Mansabá, com uma Companhia dos Águias Negras, eles em quadrícula, nós em intervenção, saíamos todos os dias e algumas delas grandes, tanta tabanca queimada, tanto campo de milho destruído, tanto prisioneiro. Era hábito aparecerem outras tropas para irem connosco, ou nós com eles, desde Paraquedistas, Comandos e Caçadores, sempre com pelotões africanos.

Uália, mais ou menos a norte de Manhau, já tinha sido visitada umas quantas vezes, e naquela noite era mais uma. A minha Companhia, não sei como foi com as outras, desde logo se organizou em três grupos de combate, tendo ficado um alferes, um santo, livre. Mas houve necessidade de se proceder a uma substituição e coitado dele, aquilo calhou de maneira que ele foi a todas.
Ele não tinha muito jeito, se isto tem alguma lógica dizer, e os soldados também não sentiam o apoio de que se calhar necessitavam. Com os sargentos, gordos e barrigudos, o problema ainda foi pior. Eu e uns quantos éramos velhos, tínhamos quase 24 anos, a maioria dos milicianos, ainda não tinha os 23 anos.
Naquela noite de chuva com uns fulanos que eu não conhecia, lá fomos até Manhau, para dali, altas horas da noite, sairmos para o Ualia, e lá estava o Verissimo.

Como as condições eram nulas eu fui para a cabine da GMC que era o carro da água.
Passado pouco tempo veio apanhar abrigo o capitão, grande homem. Então lá estás mais uma vez por conta do barco, tens que olhar por fulano e o ajudar. Entretanto a conversa continuou e nós começamos a pensar que o combinado, que era sair em direção a Mansabá e de pois voltar à direita e subir a bolhanha, não era muito viável. A bolhanha era um rio, decidimos, apanhar o lado de uma picada que em tempos tinha sido perpendicular à estrada, atravessando o quartel. Reunimos em cima da hora no comando para dar esta informação, tudo certo.

O capitão perguntou a mim e ao malogrado Feijão:
- Vocês já sabem como é na frente?

Eu disse:
- Vou eu à frente.
- O Feijão já te está a armar em chefe, quem vai sou eu. Anda lá vamos os dois e fulano vai sempre comigo.

E fomos saindo os dois, pondo a coluna em marcha, recomendando para não se afastarem porque como estava muito escuro podia-se perder o contacto.
Penso que a coluna ainda não tinha saído toda do arame, um moço de Coimbra gritou:
- Arame.

Voei para a cova do lixo, ficando todo cortado pelas latas. Levantei-me fui ter com o Feijão, era o que gritava mais. Peguei nele ao colo, pontapeei todos os que se não levantavam. Ele morreu nos meus braços. Fui buscar mais e mais e o meu homem com o pânico instalado.
Começaram a aparecer luzes não sei de onde.

O Veríssimo apareceu no blogue quando eu te mandei isto e ele leu. Ele diz que quem estava para ir à frente era ele. De facto era, mas era no plano inicial. Claro que eu nunca esqueci e o Capitão também não esqueceu.

Quando eu fazia serviço em Mansabá, alta noite, ele ia ter comigo e bebíamos um trago de brandy. Dizia ele:
- A culpa não é tua é só minha.

Eu sei que não mandava, mas estive de acordo e quando nos despedimos em Abrantes, a nossa culpa esteve presente.
Muito mais tarde quando nos reencontramos, a conversa veio todinho ao de cima.
Claro que senti alguma alegria, alegria infantil, quando encerramos Manhau, quando destruímos aquilo tudo à granada de mão. Mas antes ainda, e também na ausência do comandante de Pelotão, apanhei uma emboscada, antes de chegar à Bolanha, que a artilharia teve que bater os lados da estrada.

Furaram o carro da água todo e os bancos das viaturas.
E ainda há outra, que também tem a sua história.

Numa viatura,  4 a 8 fulanos iam às laranjas a Mantida. Foram uma vez, foram duas, foram muitas, mas naquele dia não foram porque uma mensagem avisava da passagem de uma coluna de metralhadoras pesadas, que ia passar a caminho de Bafatá.
O terreno era duro e direito, eles entraram pelo capim. Que estragos meu Deus. Isto já não consegue mexer mais comigo, mas se faz parte daquelas coisas que continuam a me encher de raiva e a tirar o sono.

Um abraço, Carlos e tudo de bom para ti
Mansabá, 28 de Setembro de 2013
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12081: Memórias de Mansabá (28): Minas na estrada de Mansabá (Francisco Baptista / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P12149: Blogoterapia (236): Sê feliz, Cátia (Paulo Santiago)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Santiago (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), com data de 12 de Outubro de 2013:

Como diz o Luís, no post de aniversário, foi uma grande surpresa quando, hoje de manhã, a Cátia deu comigo em casa dos pais, em Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa. Foi tal a surpresa que umas lágrimas furtivas lhe brotaram dos olhos.

Em fins de Setembro, recebi um telefonema que vinha de um número que desconhecia. Do outro lado, uma senhora identificou-se como sendo a mãe da Cátia Felix, e quem lhe facultara o meu número fora a Cidália, viúva do camarada Ferreira que morreu na emboscada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972.

No telefonema, a mãe da Cátia convidava-me para trigésimo aniversário da filha que se realizava hoje. Pediu-me também o nº do Luís para lhe fazer convite idêntico. Foi-me dizendo que a filha não sabia dos convites, sabia que ela tinha grande consideração por nós, que o caso do Ferreira nos tornara credores de grande amizade e de estima. Claro que disse à D. Irene, é o nome da mãe, que iria com todo o prazer.

Hoje, estavam no aniversário umas trinta pessoas, familiares e amigos (a Cidália não pôde estar) e todos me identificavam como sendo aquele que escreveu "umas coisas" num blogue de ex-combatentes que levou a Cidália, passados trinta e sete anos, a fazer o luto pelo marido, o 1.º Cabo Ferreira.

Abstenho-me de falar sobre o almoço, o mais importante é sabermos que, enquanto houver uma Cátia, a nossa memória continua por cá, mesmo após a morte.

Sê feliz Cátia Félix.
Paulo Santiago


O sempre jovem Paulo Santiago acompanhado de Cátia Félix (ao centro) e de sua filha



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Nota do editor:
Porque aqui foi lembrado o nosso malogrado camarada António Ferreira, aqui fica a homenagem, em forma de pintura, de autoria do nosso camarada Mário Miguéis da Silva:

O 1.º Cabo António Ferreira, morto em combate na emboscada de Quirafo, no dia 17 de Abril de 1972
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12100: Blogoterapia (235): Quando a morte nos retorna aos princípios - Reencontro com Benjamim Lopes da Costa, 1.º Cabo do Pel Caç Nat 52 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12148: Notas de leitura (525): "Do Estado Novo ao 25 de Abril", por Mário Matos e Lemos (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Junho de 2013:

Queridos amigos,
As tentativas de sublevação ocorridas em 1931 tiveram a especificidade de procurar o levantamento dos republicanos nas Ilhas Adjacentes e colónias. Foram revoltas efémeras, prontamente sufocadas. Mas na Guiné os revoltosos depuseram o governador e de Abril para Maio de 1931 intitularam-se membros da “Revolução Triunfante”, como se depreende da leitura deste artigo houve apoios de militares e civis e a classe dirigente local também fez a sua profissão de fé republicana.
Finda a revolta, comerciantes e funcionalismo declaram estar do lado da Ditadura e procuraram demonstrar ter sido coagidos pelos republicanos.
Histórias que já ouvimos mil vezes. Nada ficou como dantes após as revoltas na Madeira, Açores e Guiné, em 1931. As nomeações passam a ser de pura confiança política e a polícia do regime ficou mais desperta, infiltrou-se nas próprias Forças Armadas.
Em 1933, desaparecia formalmente a Ditadura, entrava-se em período constitucional sob a égide da União Nacional. Salazar tornava-se incontestável. E admirado, com o “milagre financeiro” e a forma como irá gerir os interesses do regime face à Guerra Civil de Espanha.

Um abraço do
Mário


A “Revolução Triunfante”, Guiné, 1931

Beja Santos

Nem tudo foi pacífico, como é sabido, com a implantação da Ditadura Nacional, a seguir ao 28 de Maio de 1926. A Ditadura impôs-se com um conjunto de proibições que, progressivamente, jugularam a movimentação popular. Seja como for, ao nível das Forças Armadas e da oposição política eclodiram várias revoltas, todas elas abafadas. Uma delas, teve como palcos a Madeira, os Açores e a Guiné, com bons resultados imediatos, ainda que efémeros, noutras regiões, como S. Tomé e Moçambique, foram abafadas no embrião. A sublevação veio na sequência da Revolta da Farinha, numa conjuntura extremamente negativa ditada pelas sequelas da crise iniciada em 1929.

Mário Matos e Lemos, na altura adido cultural na embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, deu à estampa no número especial “Do Estado Novo ao 25 de Abril”, da Revista de História das Ideias, publicação anual do Instituto de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Vol. 17 – 1995), o artigo "A Revolução Triunfante”, Guiné – 1931. Questão em análise: o que se passou na Guiné, nessas três semanas revoltosas de 1931?

Quando na colónia foi conhecida a notícia da sublevação na Madeira, o governador Leite de Magalhães, ordenou a prisão de três elementos que, em seu entender, deveriam apresentar maior grau de risco: o capitão e advogado Dr. Marcial Pimentel Ermitão e os Srs Amílcar Dias e José Mota.

Acontece que os republicanos de Bissau e Bolama, alguns deles deportados por motivos políticos e eventualmente já contatados pelos revoltosos da Madeira, reuniram-se imediatamente e tomaram a decisão de se revoltarem. O capitão e engenheiro Júlio Lapa deslocou-se em 9 de Abril a Bissau a fim de conferenciar com o governador Leite de Magalhães, dando conta das razões e intenções dos sublevados. O capitão Lapa teria mesmo pedido ao governador que, uma vez que o seu mandato praticamente terminara, entregasse o cargo, assim se evitaria a sublevação armada.

Leite Magalhães pediu uma moratória de 24 horas, a fim de telegrafar para Lisboa a solicitar indicação da pessoa a quem deveria entregar o governo. Não veio resposta e ele então pediu aos revoltosos que desencadeassem a ação para o dia 20, com o propósito de embarcar imediatamente para Lisboa. Sucede que Leite de Magalhães foi reconduzido; a revolução estalou na madrugada do dia 17. Civis que tinham chegado de Bissau, acompanhados pelo capitão Lapa e Almeida Júnior dirigiram-se para um local previamente combinado, aqui se fez a junção de civis e militares. Entraram na residência do Governo e comunicaram a Leite de Magalhães que a revolução triunfara. Recusada a intimação, os revoltosos declararam o governador destituído. Os oficiais que não aderiram foram conduzidos sob prisão para o Armazém da Alfândega. Isto em Bolama. Em Bissau, o propósito era tomar a fortaleza de S. José, o comandante do Corpo de Polícia foi convidado a aderir ou a entregar-se, preferiu entregar-se. Os capitães Marcial Pimental Ermitão e José Joaquim de Oliveira Pegado e o tenente Oliveira Lima tomaram conta da fortaleza. Escrevia-se em O Comércio da Guiné de 18 de Abril: “os populares que em grande número se agrupavam no largo fronteiro irromperam em vivas vibrantes à Pátria e à República Constitucional enquanto a força apresentava armas”.

O Comité Revolucionário de Bissau mandou afixar em lugares públicos uma proclamação dirigida “ao povo da Guiné”, dando conta que ia ser constituída uma junta governativa de que fariam parte as individualidades mais prestigiosos da colónia. Enviaram-se telegramas a Carmona e aos outros governadores coloniais bem como aos governos militares da Madeira e dos Açores. Informaram-se dos cônsules da França e da Bélgica em Bissau de que se ia manter a ordem e o tráfego marítimo decorreria sem alterações. Constituiu-se a Junta Governativa, da qual se escolheu um Comité Executivo. Surgem medidas legislativas respeitantes à nova ordem política e o Boletim Oficial irá publicar o termo de posse do Dr. Monteiro Filipe, tenente-coronel médico, a mais destacada personalidade do Comité Executivo, teriam assistido ao evento funcionários portugueses, membros da pequena burguesia local, o ato fora firmado por ascendentes de várias famílias ainda hoje importantes ou conhecidas da Guiné, caso dos Cabral d’Almada, os Davyes, os Évora, os Pinto Bull bem como o funcionário e escritor Fausto Duarte. Abriu-se um crédito extraordinário de 100 mil escudos para custear as despesas do Movimento Revolucionário. Foram demitidos funcionários, mandou-se prender o gerente do Banco Nacional Ultramarino, o governador e outros oficiais que não tinham aderido iriam ser mandados para a Madeira. Leite Magalhães foi reencaminhado para Lisboa, recebido por Armindo Monteiro, ministro das Colónias, este informou-o que iria reembarcar para a Guiné, na Madeira e nos Açores os revoltosos já tinham deposto armas.

Entretanto, o Governo em Lisboa tomou disposições para dominar a revolta na Guiné: foi nomeado um novo encarregado do Governo, major Soares Zilhão, encetaram-se conversações com o representante dos revoltosos, Dr. Santos Monteiro, para que os rebeldes abandonassem a colónia com liberdade assegurada. Os revoltosos, na sua maioria, não aceitaram esta proposta e escreveu-se mesmo: “nós, os oficiais que retiramos, somos acima de tudo portugueses e ser-nos-ia muito penoso que, após a nossa saída e por virtude dela, se praticassem atos que poderão pôr em risco a nossa integridade e a soberania em África”. E escrevem ao major Soares Zilhão assumindo completa e plena responsabilidade dos seus atos, apelando a que não fossem responsabilizados nem alvo de qualquer sanção vários militares e civis. Como escreve Matos e Lemos, avultou o caráter do Dr. Santos Monteiro que, nada tendo a ver com a preparação, nem a eclosão do movimento, mas como republicano que era, aceitou a hora da desgraça. Os revoltosos começaram a abandonar a Guiné a partir de 1 de Maio, a 6 já estava nomeado como encarregado do Governo José Alves Ferreira, a 8 o major Soares Zilhão tomava posse do seu cargo. Era o fim da revolta, foram anulados todos os diplomas dos revoltosos. Muitos deles não tiveram problemas, caso de Fausto Duarte ou de Caetano Filomeno de Sá. Houve tratamentos de benevolência, outros foram encarcerados, outros partiram para o exílio e outros foram deportados. Monteiro Filipe, Santos Monteiro e Gabriel Teixeira foram demitidos das funções públicas.

Em finais de 1932, foi publicado o Decreto nº 21.943 que concedia uma amnistia a muitos dos implicados em crimes políticos, mas que não se aplicava “àqueles que vão indicados na lista anexa a este Decreto e que dele fica fazendo parte integrante”. Essa lista continha 50 nomes de homens aos quais o regime não perdoava. Entre eles, quatro dos revoltosos da Guiné: comandante Gonçalo Monteiro Filipe, comandante de engenharia Júlio Carlos Faria Lapa, capitão Dr. Marcial Pimentel Ermitão e Dr. João dos Santos Monteiro.

O autor reproduz o rosto dos suplementos do Boletim Oficial da Colónia da Guiné com os principais atos da Junta Governativa.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12128: Notas de leitura (524): (Mário Beja Santos): Reportagem do enviado especial do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues, CTIG, agosto de 1972

domingo, 13 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12147: Agenda cultural (286): Tertúlias Fim do Império, a levar a efeito na Messe dos Oficiais - Porto; Palácio da Independência - Lisboa e Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa - Oeiras

Publicação de Convites/Programas das tertúlias Fim do Império, enviados ao nosso Blogue pelo Coronel Ref Manuel Júlio Matias Barão da Cunha que foi CMDT da CCAV 704/BCAV 705, Guiné, 1964/66.

Os programas referem-se à apresentação de livros com a presença dos seus autores, nos seguintes locais e datas:

- Messe dos Oficiais, sita na Praça da Batalha - Porto, nos dias 10 de Outubro, 14 de Novembro, 12 de Dezembro e 9 de Janeiro de 2014, às 15 horas.

- Palácio da Independência, no Largo de S. Domingos, 11 em Lisboa, nos dias 23 de Outubro, 27 de Novembro, 4 de Dezembro e 29 de Janeiro de 2014, às 15 horas.

- Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras, nos dias 15 de Outubro, 19 de Novembro, 17 de Dezembro e 21 de Janeiro de 2014, às 15 horas.






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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12110: Agenda cultural (285): GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 (José Saúde)

Guiné 63/74 - P12146: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (10): O meu umbigal mau feitio

1. Em mensagem do dia 9 de Outubro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos mais um episódio, o décimo, da sua série Pós-Guiné 65/67:


O PÓS-GUINÉ 65/67

10 - E A SAGA UMBIGAL CONTINUA

O MEU UMBIGAL MAU FEITIO

15 DE SETEMBRO DE 2013

Assentei-me no meu sofá de peles, de cabra e bode, qu'até já está roto aqui no apoio do braço direito devido ao uso, tal qual como acontece ali em cima onde encosto a cabecinha mas aí porque o redemoínho eriçado o pica, como é próprio do cabelo assim estilo porco espinho, com que nasci.


E A GUINÉ SEMPRE PRESENTE
É o dia 15 de Setembro e sempre dedico uns minutos para relembrar aquela manhã desta mesma data mas de 1965, em Bissorã.

É que quando em treino operacional, com uma Companhia ali estacionada e que nos ia mostrar como era aquela guerra, mas em local menos perigoso (se é que os havia) fomos, o pelotão dos velhinhos e o meu, surpreendidos por uma feroz emboscada em local onde nunca até então se tinham atrevido incomodar as NT.
Recordo que atravessámos para lá um rio com pouca água, mas que no regresso e por mor da maré, estava cheio e alguns não sabiam nadar. Tudo correu bem, as coronhas das G3 serviam de amparo a esses enquanto nós os puxávamos segurando no cano. Lembro-me que um Fur Mil do meu pelotão aprendeu nesse dia a nadar, dizia-o ele depois já no quartel.
Só passou por essa, pois que logo a seguir foi para a Rádio em Bissau.

Foi a primeira vez debaixo de fogo, baptismo lhe chamavam, mas não gostei. Muito menos que nos tenham perseguido.
Recordo sempre com muita saudade os locais por onde passei e de alguns más recordações também. Duns também as memórias que me mantém vivo, apesar da dor, como sucede com quase todos nós que fomos lá por imposição e estivemos debaixo do fogo IN, e perdemos até amigos de coração.


22 DE SETEMBRO DE 1965

Da dor que falei atrás, tenho esta bem grande que não me abandona, bem como a revolta que cada vez aumenta mais.
Nesta mesma data mas de 1965... saímos de Mansabá com destino a MANHAU, noite chuvosa... operação a iniciar-se... e mesmo à saída do aquartelamento... uma "bailarina" e... O HORROR... O HORROR.

É então que a raiva nasce em mim.Alguma permanece ainda.


21 DE ABRIL DE 1967

Desembarque em Lisboa.
Estive quase a ficar no Exército, e até aliciado fui por emissários que sondaram alguns de nós, no sentido de virmos a preparar tropas d'outros Países. Mercenários nos ficaríamos a chamar mas receberíamos acima do que seria possível imaginar.

A Pátria Portuguesa ao que parecia, não estimulava, não permitia, mas fechava os olhos. Da minha CCAÇ 1422, houve um rapaz que enveredou por aí e passados poucos meses, visitou-me, trazia nova proposta e as condições monetárias que me propunham, eram excepcionais. Andei baralhado e quase a aceitar, mas contive-me e se calhar fiz mal, mas o que lá vai lá vai.

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Li muito desde novo, e porque até nem havia televisão, que nasce já tenho 16 anos. Na minha terra para além da Biblioteca Municipal, ia também semanalmente a carrinha da Gulbenkian.
Desde Emilio Salgari e o seu Sandokan, Hall Caine, Júlio Dinis, Eça, Camilo, Camões, Bocage... enfim tudo o que de bom havia e que me ajudou a ter uma diferente visão do que era o Mundo dado que o meu se resumia ao rame-rame duma terra da Província que todavia tinha caminho de ferro e carreiras bissemanais para a capital do distrito.

Até que já quase nos 20 de idade, descobri Sven Hassel, que escrevia com fino humor, sobre a II Grande Guerra mais especificamente e tendo como protagonistas os alemães.
Deste, "O Regimento da Morte" serviu-me de Bíblia na Guiné. Influenciou-me, até que um dia descobri outro Senhor que é ainda hoje o meu preferido, chamado Hans Hellmut Kirst e que para além de várias obras vendidas em Portugal, tem outras que foram adaptadas para o cinema.

O seu, "Os Lobos", representam o máximo do que gosto e escolho. Incontáveis direi, as vezes que já o reli, e sublinhei. Tem frases que bem dão para pensar.

Motivado por tais leituras, decidi-me um dia escrever um conto infantil, com ele concorri e foi-me comunicado que só não ganhara porque o fim não se adequava bem às idades para quem se destinava. Na realidade a narrativa era ternurenta demais e o próprio título era bem interessante.

Chamei-lhe a "HISTÓRIA DUM PASSARINHO QUE ESTAVA, TADINHO, TODO MOLHADINHO EM CIMA DUMA ÁRVORE", inspirado que fui por aquele jagudi sacana que na Guiné me quis debicar quando adormeci à sombra dum poilão, no K3.

Conforme reparam está tudo dito na capa, só que depois no desbobinar, acrescentei várias peripécias entre as quais: "Subi à árvore; apanhei o jovem pardal de telhado; aconcheguei-o ao peito; cheguei a casa e embrulhei-o num cobertor quente; acendi o lume para que se secasse e no fim, quando a minha mãe chegou disse-lhe: 
- Mãe, se fizer o favor ponha aí uma frigideira a jeito, que vou depenar este petisco".

(continua)
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Notas do editor

Jagudi - Foto: © de João Santiago

Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12101: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (9): Continuação do balanço - Usos e costumes

Guiné 63/74 - P12145: Convívios (537): Fotos do almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972, que decorreu em Viseu em 5 de Outubro último (Manuel Freitas)

1. O nosso Camarada Manuel Freitas, que foi 1º Cabo Escriturário no HM 241 - Bissau - 1968/70, enviou-nos algumas fotos do convívio do Almoço/Convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972.

Almoço convívio do pessoal que esteve no HM241 entre os anos 1967 e 1972

Viseu
5 de Outubro de 2013 

Caro Luís Graça, 

Conforme o combinado envio algumas fotos do encontro do pessoal que esteve no HM 241, durante os anos de 1967 a 1972, e decorreu no passado dia 5 de Outubro, em Viseu.

A concentração foi no Palácio do Gelo, tendo-se seguido o almoço no Restaurante Perdigueiro.

Foi um êxito e correu tudo bem. A malta ainda mantém algum vigor o que é bom. 








Com um grande abraço do, 
Manuel Freitas 
1º Cabo Escriturário do HM 241 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em:

2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12109: Convívios (535): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013..., sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte II) (Hugo Moura Ferreira)


Guiné 63/74 - P12144: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte III): O dono da bola...


N/M Niassa > Viagem para o CTIG, de 24 a 30 de maio de 1969... As condições deploráveis em que os bravos heróis de Portugal eram acomodados e transportados em navios mistos (carga e passageiros), adaptados às circunstâncias... Todavia, e pelo que li, vi e ouvi, não tenho ideia  de   algum vez ter havido um levantamento de rancho a bordo, ao longo dos muitos anos que durou a  guerra colonial (1961-1975)...


Viana do Castelo > sem mais legenda...  A foto faz parte do álbum fotográfico do Luís Nascimento que levou para a tropa e para a Guiné a sua paixão pela bola...


Farim  > Sem mais legenda... Presume-se que seja uma equipa de futebol da CCAÇ 2533, e a foto seja de 1970...



Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O Luís dando uns toques na bola com um puto da tabanca




Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O "dono da bola"...


Camjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > O Luís, sempre desportista e em boa forma... Aqui a treinar volei




Guiné > Região do Oio >Canjambari > CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 19679/71) > o 1º cabo cripto Luis Nascimento em Camjambari. Ao fundo, o depósito da água


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do nosso camarada, Luis Nascimento, o ex-1º Cabo Operador Cripto Nascimento (também conhecido, na tropa por Assassan, do francês "assassin", assassino, alcunha que ganhou no tempo em que era júnior do Académico de Viseu...

Pertenceu à CCaç 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71. As fotos foram-nos enviadas pelo email da sua neta, Jessica Nascimento em 1/10/2013. É um exemplo a registar, a aplaudir e a seguir. É um exemplo para todos nós, camaradas da Guiné, e para os nossos netos.
(Continua)

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Nota do editor

Guiné 63/74 - P12143: Parabéns a você (639): Mário Ferreira de Oliveira, 1.º Cabo Condutor de Máquinas Ref (Guiné, 1961/63)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 . P12140: Parabéns a você (638): Cátia Félix faz hoje 30 aninhos, e está em Vila Nova de Foz Coa, sua terra natal...A Tabanca Grande alegra-se e está presente na festa!...