segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12495: Boas Festas (2013/14) (11): António Paiva, Albino Silva, Abel Santos, António Eduardo Ferreira, Sousa de Castro e Júlio Abreu


1. Mensagem do nosso camarada António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70:

A toda esta família desejo
UM FELIZ E SANTO NATAL
com saúde, paz e alegria.

António Paiva



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2. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845,Teixeira Pinto, 1968/70:


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3. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69:

Aos camaradas e editores do nosso Blogue, assim como aos meus camaradas da CART 1742, que no próximo ano comemora os 45 anos da chegada da Guiné, desejo um Santo Natal e um bom ano 2014.

Abraço
Abel Santos


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4. Mensagem natalícia do nosso camarada António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, MansamboFá Mandinga e Bissau, 1972/74: 




É NATAL

Estamos a poucos dias da celebração do nascimento de Jesus, tempo que desde muito novo fui habituado a viver de maneira diferente.
Talvez por pertencer a uma família pobre, como era a maioria da gente da minha aldeia, não era hábito receber presentes, e aqueles que os recebiam entendiam isso como uma dádiva muito especial…
Os tempos hoje são outros e a oferta de prendas que era feita a alguns dos mais pequenos, generalizou-se entre todos, dos mais novos aos outros…
O social tomou conta da tradição, ao ponto de alguns darem a quem não precisa, mesmo que amanhã lhe venha a fazer falta. A instituição bancária, o dono da pequena loja, a grande superfície comercial, o café da esquina, o restaurante e outros, a todos os seus clientes desejam um Natal feliz e um próspero ano novo, ou então boas festas…
Depois na prática o que fazem? O banco se a pessoa precisa mesmo, é quase certo que não empresta, as grandes superfícies comerciais provavelmente sobem os preços, o café da esquina, o restaurante e outros com menos capacidade de intervenção no mercado, não os alteram, mas se pudessem… mas todos desejam o melhor aos seus clientes. É o marketing… como tal temos que aceitar.

Agora entender isso como interessante para lembrar um acontecimento bíblico, não consigo perceber.
Mais me custa entender quando por vezes algumas pessoas ligadas à igreja pactuam com tais comportamentos. Outros apoiam a construção de presépios com centenas de figuras e, mais alguns figurantes… mais se parecendo com uma feira.
Reconheço que talvez não seja a pessoa mais certa para falar destes assuntos, em que a religião a política e outros interesses se misturam, mas digo aquilo que penso. Alguns pensam o mesmo… mas preferem o silêncio.
Para que muitas pessoas pudessem ter um Natal melhor, bastava receber uma palavra amiga, de incentivo àquele que luta contra as mais variadas adversidades.
Uma palavra de esperança a quem já deixou de acreditar…
Estender a mão que ajuda a levantar aquele que um dia tropeçou e caiu…
Tentar abrir uma janela para que a luz possa entrar naquela casa, onde tudo é escuridão… e com menos palavreado. Talvez assim, muita gente tivesse um Natal mais feliz.
Para terminar, permitam-me que deseje a todos um Natal com muita saúde e esperança, porque com ela a vida se torna mais fácil.
António Eduardo Ferreira

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5. Mensagem natalícia do nosso camarada Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74:

Para toda família da Tabanca desejo que tenham um Natal e um novo Ano cheio de coisas boas!
A. Castro


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6. Mensagem do nosso camarada Júlio Abreu, Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos "Os Centuriões" (Guiné, 1964/66).

Caro Amigo Luís Graça,
Não apenas para ti, mas sim para toda a equipa do nosso Blogue assim como para todos os nossos camaradas que estiveram na Guine e lambem para todos que não estiveram lá, mas se interessam pelos antigos e modernos problemas desta ex-Província Portuguesa, desejo um NATAL MUITO FELIZ E UM ANO NOVO 2014 MUITO FELIZ, são os meus votos que vos envio deste frio Pais (Holanda) onde me encontro radicado.

Júlio Abreu
Grupo de Comandos Centuriões
Ex-Guiné Portuguesa

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7. Comentário do editor

Este poste é último desta série de Natal 2013.
Outros camaradas se nos dirigiram em mensagens para conhecimento, mas que não cabem aqui por não serem directa e objectivamente dirigidas ao Blogue ou à tertúlia. Outros ainda nos enviaram trabalhos em Power Point, repassados, que tecnicamente não é possível publicar.
A todos agradecemos os votos formulados.

Para toda a tertúlia, em meu nome pessoal e no Luís e do Eduardo, deixo aqui os votos de Boas Festas Natalícias com saúde, vividas no quentinho da família.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12489: Boas Festas (2013/14) (10): Luís Fonseca, José Teixeira, Benito Neves, Mário Beja Santos, Albano Costa, Domingos Gonçalves, Francisco Palma e José Carlos Mussá Biai

Guiné 63/74 - P12494: O que é que a malta lia, nas horas vagas (22): Autores como: Jorge Amado, Ernest Hemingway, Aquilino Ribeiro, André Maurois, Urbano Tavares Rodrigues, Marguerite Duras, James Hilton e outros (Armor Pires Mota)

1. Mensagem do nosso camarada  Armor Pires Mota (ex-Alf Mil da CCAV 488/BCAV 490, Bissau e Jumbembem, 1963/65), ele próprio escritor e autor do livro de crónicas o "Tarrafo", entre outros, com data de 14 de Dezembro de 2013, com a sua colaboração para a série "O que é que a malta lia nas horas vagas":


Livros, bons companheiros

Se perdia algum tempo a escrever, para além das crónicas de guerra, eram aerogramas, sobretudo para a Lili, mas, de quando em vez, também para uma segunda madrinha, da Luz de Tavira, a Celita (Maria do Céu Batalha), que me foi proposta pelo bem alegre furriel algarvio, Júlio Santos, mas também dedicava algum tempo à leitura dos livros que tinha levado (poucos) ou era possível comprar em Bissau. Não havia qualquer espécie de biblioteca na companhia. Claro, na questão da troca de correspondência, não esquecia a famíla e alguns amigos.

Em Dezembro de 1963, em Bissorã, além de sair para o mato, nervos tensos e alma arrepanhada, embora até ao fim desse mês, ou melhor, até à véspera de Natal, a metralha não me tivesse mordido o ouvido e os nervos, lia “Os velhos marinheiros”, de um dos meus escritores de referência, o brasileiro Jorge Amado, autor de obras eternas, como “Gabriela, Cravo e Canela”.

Um que não me sai da lembrança era um que estendia o sangue, o suor e as lágrimas dos americanos na guerra do Vietnam, cujo terreno pantanoso se assemelhava muito com o da Guiné, que no tempo das cheias reduzia o território a 2/3. O título era exactamente “Pântano ao amanhecer”. O nome de autor não o fixei. Era o seu terrível tarrafe.

Quem era meu fornecedor de livros, por empréstimo, era o médico, Dr. Hipólito de Sousa Franco, de Lisboa, bom homem e pacifista, filho único, que os ia recebendo de casa, bem como revistas e jornais. Era por assim dizer, o médico que nos colocava a par do que ia acontecendo no país ou no mundo. Ainda que com algum atraso. Também nos chegavam revistas através do Movimento Nacional Feminino, mas contavam-se pelos dedos.

Apetrechei-me também com alguns livros (monografias) sobre a Guiné, com informações de carácter histórico e outras, que adquiri no Centro Cultural de Bissau. Sempre que ia à capital da província, não deixava de passar por ali. Era quase obrigatório para quem tinha outros horizontess para além da guerra e do sangue. Para quem uma asa de luz é um voo além do transitório e indescoberto tempo.

No final de 1964, o romance “Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, que considero um mestre na arte do romance. O tema é a II Grande Guerra. A par de “Por quem os sinos dobram”, romance vivenciado na guerra de Espanha, e do sempre inesquecível “O Velho e o Mar”, é uma das suas obras primas.

No dia 27 de Janeiro (domingo) de 1965 lia, de fio a pavio, o pequeno romance “Beijo ao Leproso”, de que também não recordo o autor que mostrava o fracasso de um casamento, arranjado por um padre, que era um grande saieiro. O rapaz era um mentecapto, um pobre diabo enfezado; a rapariga era demasiado tímida e não sabia nada do que era a vida.

Aroveitei a minha passagem pelo Hospital Militar de Bissau e li (Março de 1965), com muito interesse, o comovente “Diário”, de Anne Frank, que o foi escrevendo entre os 13 e os 15 anos, refugiada numa casa antiga, tentando escapar à perseguição dos judeus, movida pelos alemães na II Guerra Mundial, bem como, no meado desse mesmo mês, devorei o romance “A rebelião dos perdidos”, de que não lembro o autor.

Todavia, nos dias que antecederam o regresso à pátria, matei, de alguma forma, a fome de leitura. No primeiro caso (Março de 1965), está o romance de Aquilino Ribeiro, proibido, “Quando os Lobos Uivam”, publicado no Brasil pela Editora Anhambi Sa; no segundo caso, estão os romance “As Rosas de Setembro” (Julho/1965), de André Maurois, autor de uma vasta obra de repercussão universal, uma das glórias da literatura francesa e “Uma pedrada no charco”, (5/8/1965), de Urbano Tavares Rodrigues, autor que marca grande presença nas minhas estantes. E ainda “À Margem do Tempo” (era a nossa situação), de Michel Siffre, (Julho/1965), um pouco diferente. Já não se tratava de ficção, mas de relatos de viagens ao interior da terra.

Outros livros que li foram recolhidos nos acampamentos, atacados ou incendiados. Foram os casos de “Hiroxima, meu amor”, de Marguerite Duras, Publicações Europa-América, de 1963; “E agora, Adeus”, de James Hilton, Livros do Brasil, Limitada, com a assinatura de posse de Maria Fernanda da Costa Pinheiro, datado de Farim, 15 da Abril de 1959; e, já noutra área, da formação e enriquecimento humano, o livro “Nós e os nossos filhos”, Publicadora Atlântico, Ld.ª, da autoria de W. Raymond Beach, com a indicação na primeira página: “da Biblioteca dos Turras, Canjambari, 23 Março” e com uma simpática nota de oferta: “Para o Mota com um grande abraço do amigo Varajão”. [Alberto Varajão Gonçalves, alferes da CCS e comandante do pelotão de Sapadores do Batalhão de Cavalaria 490, também nortenho, julgo que do Porto].

Guardo estes três exemplares como os melhores despojos de guerra. Hoje, sei que poderia ter lido bem mais, ainda que ficasse a léguas do escritor e camarada de guerra, na região do Cuor, Beja Santos, que trazia atrás de si um malão, como se fosse caixa de remédios, e era-o em certa medida. Era o alimento espiritual de que tanto gostava para recarregar baterias. A terapia necessária para afrontar os difíceis e loucos dias.

Num cômputo geral, os soldados liam bem os rótulos das cervejas ou da Laranjina C, também as marcas do tabaco, as cartas da família e dos amigos, das madrinhas de guerra e namoradas. Isso lhes bastava. Já na classe dos sargentos, havia um ou outro interessado em ler, debicavam este ou aquele livro, mas não muitos.
Mas também estoirados, quem tinha força para essa suave e pacífica missão? Descansar era preciso.
E era mais ou menos isto que sucedia também com os alferes.
Quem mais dava alimento dava ao espírito era, efectivamente, o médico da companhia.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12473: O que é que a malta lia, nas horas vagas (21): Valentim Oliveira: a Plateia, livros e a correspondência; João Rebola: corridas de burros, futebol, fados, bailes com lindas "bajudas", andar de mota, saborear uns franguitos, etc.

Guiné 63/74 - P12493: In Memoriam (174): "Toni, Sempre!", homenagem singela e comovida a um grande amigo e camarada, o António Teixeira (1948-2013), pelo Joaquim Pinto Carvalho (ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73)




Vídeo (1' 18'') . Alojado no You Tube > Hugo Moura Ferreira. (Reproduzido com a devida vénia...)


Vídeo (3' 51'') . Alojado no You Tube > Hugo Moura Ferreira. (Reproduzido com a devida vénia...)

Homenagem ao Tony Teixeira (ex-alf mil, CCaç 6, Bedanda, 1972/73) - 1ª e 2ª partes. De seu nome completo, António Henriques Campos Teixeira (21-6-1948 / 15-112013). Realização e apresentação: Joaquim Pinto Carvalho, grande amigo e camarada do Toni, de há 41 anos.












Amadora, Venda Nova > Restaurante "O Gomes" > 19 de dezembro de 2013 > O Joaquim Pinto Carvalho em ação...


Fotos:  © Manuel Lema Santos (2013). Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12355: In memoriam (173): Adolfo Barbosa, ex-fur mil, Pel Caç Nat 65 (Piche, Buruntuma, Bajocunda, 1968/70) (João Pereira da Costa, ex-fur mil op inf CCS/BART 2857, Piche, 1968/70)

Guiné 63/74 - P12492: Notas de leitura (546): "O Conhecimento Etnológico da Guiné-Bissau. Uma Perspectiva de Género", de Manuela Borges e "Perspectivas para o Estado da Evolução das Representações dos Africanos nas Escritas Portuguesas de Viagem: O Caso da Guiné e Cabo Verde - Séculos XV a XVII", por José da Silva Horta (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Julho de 2013:

Queridos amigos,
Continua a ser moeda corrente apreciar a investigação científica no período colonial como se fosse possível isolar a experiência colonial portuguesa das demais, no seu tempo.
A investigação científica deu um grande salto no período em que Sarmento Rodrigues foi governador da Guiné, ocorreram missões, estudos e criaram-se infraestruturas que marcaram indelevelmente o saber e os conhecimentos nas terras da Guiné.
Pôr em causa inquéritos etnográficos e trabalhos de etnólogos só porque não tiveram em conta a mulher e as representações do género parece-me pura insensatez ou uma outra forma de fundamentalismo. Foi por isso que vim a terreiro, em função de um caso preciso.

Um abraço do
Mário


Acerca da crítica à antropologia colonial da Guiné

Beja Santos

O Centro de História de Além-Mar, onde estão envolvidas a Universidade dos Açores e Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, publicou em 2011 um importante número dedicado às representações de África e dos africanos. No conjunto dos documentos ali inseridos, cumpre destacar os artigos de que são autores Manuela Borges com o intitulado “O Conhecimento Etnológico da Guiné-Bissau. Uma Perspetiva de Género” e o de José da Silva Horta intitulado “Perspetivas para o Estudo da Evolução das Representações dos Africanos nas Escritas Portuguesas de Viagem: O Caso da ‘Guiné do Cabo Verde’ Séculos XV-XVII”.
Vejamos os termos como a investigadora Manuela Borges trata a antropologia colonial.

Refere que o conhecimento etnológico da mulher e das relações de género estiveram presentes na última era do colonialismo, desde o fim da II Grande Guerra até à independência, mas em termos manifestamente residuais. Vejamos o pano de fundo. O governador Sarmento Rodrigues lançou as bases da Guiné como uma colónia-modelo. No âmbito das suas iniciativas culturais, é de realçar o Boletim Cultural da Guiné Portuguesa (BCGP), 110 números normais e 1 número especial, além de 24 monografias, bem como trabalhos inéditos, entre 1946 e 1973. Para a autora, chegara agora o momento de equacionar a antropologia e a etnografia como grandes vetores da política colonial, tratava-se de uma nova conquista da Guiné em que os guineenses iriam ser estimulados para a civilização e para a ciência. Para dar suporte, foi criado assim o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, que se propunha promover a cultura, organizar uma biblioteca e um museu, o que veio a acontecer. Assim se procurava criar uma instância intelectual constituída por funcionários da administração colonial e oficiais das instituições militares.

Os investigadores lançaram-se ao estudo, deram testemunho das etnias que melhor conheciam, procuraram um discurso moderno. Diga-se lateralmente que é uma época em que vários cientistas, geógrafos, antropólogos, sociólogos, acorrem à Guiné para a estudar e inventariar conhecimentos, basta recordar Orlando Ribeiro e Mendes Corrêa. Por exemplo, Mendes Corrêa, à luz dos conhecimentos do seu tempo, andou a medir crânios e as alturas das diferentes etnias guineenses, segundo as escolas antropológicas do seu tempo tratava-se de um procedimento correto, hoje está banido todo e qualquer estudo que procure catalogar raças segundo padrões de inteligência.

A investigadora Manuela Borges procurou conhecer a representação da mulher nos textos publicados no BCGP, refere que esta representação foi construída por agentes da administração colonial, que era constituída exclusivamente por homens. O conhecimento etnológico colonial, observa a autora, era dominado por homens que ouviam, em primeira instância, nativos e nunca as nativas. Assim irá acontecer nos múltiplos estudos e inquéritos, estes eram encarados como pontos de partida para novas investigações. Por exemplo, na resposta aos inquéritos não se regista qualquer informação sobre as mulheres, nas poucas respostas em que as mulheres são referidas verifica-se que as informações são erráticas. São raríssimas as considerações em que a mulher foi ouvida e posta em primeiro plano. No entanto, sabe-se que nos Bijagós há a liderança religiosa das mulheres, cabe a estas as escolhas dos parceiros masculinos, e o que acontece é que o estudioso trata estes dados como “curiosidades”. Para a investigadora, andava-se à procura de um “indígena autêntico” e da identidade essencial às diversas tribos ou etnias. A autora considera que esta perspetiva antropológica era justificada pelo olhar do colonizado como “selvagem”, “primitivo”, “atrasado” e “exótico”. Acontece que a própria investigadora reconhece que os informantes eram masculinos, como hoje continuam a ser masculinos, ninguém pode ter a veleidade de estudar um comunidade e querer começar por inquirir mulheres, a estrutura social repudia ainda hoje tal atitude, ninguém pode entrar numa comunidade sem falar previamente com as autoridades. A antropóloga Tina Kramer contou-me que percorreu toda a Guiné falando sempre em primeiro lugar com os régulos, chefes de tabanca, conselhos de anciãos, estes depois é que autorizavam entrevistas com os antigos militares e as suas famílias. A mulher-objeto não foi só uma realidade de colonialismo, não é por acaso que ainda hoje prosseguem interminavelmente as discussões sobre a amputação genital das mulheres, com resultados por ora ínfimos.

A autora diz acertadamente que “Os agentes coloniais projetaram as suas perspetivas androcêntricas das representações das relações de género da sua própria sociedade, na perceção das relações de género africanas, o que teve significantes repercussões na produção etnológica colonial”, resta saber se à luz dos conhecimentos da época teria sido possível agir de outra maneira, negligenciando-se a realidade e vivências femininas. Noutro patamar, na literatura, é bom não esquecer “Auá”, de Fausto Duarte, obra premiada da literatura colonial, Auá é uma jovem que irá pôr termo à vida devido ao pai a querer casar com um velho régulo, ela amava um jovem e tornou-se intolerável, a seus olhos, manter a ditadura do direito consuetudinário.

Os estudos destes administradores-etnólogos foram e são tão importantes que ainda hoje se mantêm como bibliografia de referência, praticamente todos eles.

Não chega dizer que “a antropologia colonial foi produzida num contexto assimétrico de relações de dominação entre os colonizadores e os colonizados, sendo as representações reproduzidas pelos primeiros de forma hegemónica e etnocêntrica”, o investigador tem que demonstrar se se trata de uma aberração no contexto das ciências sociais e humanas do tempo. Nenhum antropólogo, sob pena de risota, iria hoje medir cabeças e alturas, para identificar raças, são procedimentos banidos. Os inquéritos do tempo, por toda a África, andaram relativamente próximos dos praticados pelos outros países colonialistas. Todos eles tiveram um discurso próprio de europeus, possuíam um sentido de missão, era preciso rastrear as diferentes raças até para politicamente saber lidar com elas.

É evidente que a nova República da Guiné-Bissau trazia um elevado repúdio face aos trabalhos dos colonialistas. No campo da agronomia ou da zoologia ou no estudo das doenças do sono, por exemplo, esses estudos impuseram-se, eram irrefutáveis, a investigação fora fundamental para a cultura do arroz, para intervir nas doenças tropicais, para mapear as diferentes culturas agrícolas possíveis. Extinguiram-se o museu, a biblioteca e o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa. A Guiné-Bissau não tem nenhum museu digno desse nome, não há bibliotecas e o seu arquivo histórico, no INEP, foi praticamente destruído na guerra civil de 1998-1999. Quando a autora diz que a investigação científica na Guiné-Bissau, em 1984, entrou numa fase inteiramente nova, é de lamentar que não pese as consequências desta afirmação. A investigação científica anda ao sabor de projetos subsidiados, quando não há projetos não há investigação. Grande parte do património salvou-se graças a instituições como a Fundação Mário Soares. E os investigadores da era pós-colonial pegam nos trabalhos dos administradores-etnólogos como bússola, usando, claro está, das mais elementares cautelas. Acresce que há estudos publicados no tempo colonial que ainda hoje são referências obrigatórias. A título de exemplo, “Direitos Civil e Penal dos Mandingas e dos Felupes da Guiné-Bissau”, de Artur Augusto da Silva.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12479: Notas de leitura (545): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12491: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (11): Fotos nºs 13 (estrada para Geba e Bafatá), 14 (Ponte Nova) e 15 (tabanca da Ponte Nova)



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > 

FOTO 13 > Bafatá vista da estrada para Geba e Mansabá.

1 – Tabanca da Ponte Nova.

2 – Parte colonial da cidade.




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 >

FOTO 14 > Ponte Nova (ao tempo, ponte Salazar), vendo-se do lado direito a guarda à ponte [, assinalada com uma seta], cujos elementos costumavam apanhar camarão que depois vendiam ao pessoal.




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 >


FOTO 15 > Grande parte da Tabanca da Ponte Nova – Bafatá.

1 – Rio Colufe.

2 – Rio Geba.

3 – Piscina.

4 – Zona das lavadeiras.

5 – Local da casa do ourives Tchame [, que já morreu, sendo a sua arte continuada pelo seu filho]


Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Continuação da publicação do "roteiro de Bafatá", organizado pelo Fernando Gouveia[, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, residente no Porto; foto atual à esquerda]

Guiné 63/74 - P12490: Parabéns a você (669): Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150/73 (Guidaje, 1973/74); Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG (Bissau, 1968/70) e Felismina Costa, nossa amiga Grã-Tabanqueira


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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12482: Parabéns a você (668): Miguel Vareta, ex-fur mil cmd, 38ª CCmds (1972/74)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12489: Boas Festas (2013/14) (10): Luís Fonseca, José Teixeira, Benito Neves, Mário Beja Santos, Albano Costa, Domingos Gonçalves, Francisco Palma e José Carlos Mussá Biai





1. Mensagem do nosso camarada Luís Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, com o seu postal natalício:





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2. Mensagem natalícia do nosso camarada José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, QueboMampatá e Empada, 1968/70:

O tempo do Natal é tempo de paz.
É tempo de desafio à mudança interior,
Para que haja Natal todos os dias do ano
E depende do homem.
De cada um de nós também,
A sua concretização.
Não te deixes ficar pelo caminho.

Para todos os camaradas e seus familiares um Feliz Natal.

Relembro com carinho as famílias dos camaradas que ficaram pela caminho naquele chão vermelho; e os que partiram depois, para o eterno aquartelamento.

Para todos um Natal possível com paz e esperança
Zé Teixeira


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3. Mensagem do nosso camarada Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67:

Para toda a equipa, bem como para todos os tabanqueiros, familiares e amigos, com muita amizade envio os meus sinceros votos de




Benito Neves
CCAV 1484

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4. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70:

A todos os meus amigos,
Votos sinceros de mil alegrias natalícias.
Sendo a circunstância propícia a dar-vos notícias, há que confessar que o ano me vai deixar gratas recordações. Nada de insólito ocorreu no campo da saúde, são 68 anos com algumas artroses, algumas dores crónicas controladas graças ao expedito médico de família.

Mantenho-me como falso reformado, procuro ser útil em várias direções. Escrevo com intenso prazer, colhi as recordações do Vasco de Castro, um artistas plástico que ficará na história como grande desenhador de humor; saiu em janeiro um livro com questões de saúde, lancei-me com o meu amigo Henriques da Silva na empreitada de um roteiro que vai da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau, já está em poder do editor; é sempre com satisfação que mando a minha colaboração para o blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné; leio avidamente, faço recensões que alguma imprensa regional acolhe, bem como blogues e revistas digitais; aqui e acolá sou chamado a palestrar e o prazer é sempre intenso; tenho uma neta a caminho dos três anos, rabitesa e com fulgurantes olhos azuis, singulares e muito belos; gosto do meu ambiente doméstico, ler repimpado, a ouvir Pergolesi e a ver os meus desenhos, aguarelas e óleos; continuo a não ter inimigos e a desprezar com normas cívicas os contabilistas que nos regem a existência, sem qualquer desígnio profundo; já estou a mexericar nos novos livros, coisas que dão pelo nome de “O Fedelho Exuberante” e “Os Consumidores contra a Crise”.

Não peço mais a Deus que tem sido pródigo comigo, dá-me bem-estar e a muita consideração dos amigos e conhecidos.

Desejo saúde a todos, votos de esperança e tranquilidade.
Tenho dificuldade em falar na crise, nasci com o racionamento, usei a roupa dos outros, malhei na guerra, esforcei-me por levar uma vida íntegra, assim se consumaram 48 anos de serviço público.
Aceitei uma condecoração pela simples razão de que considerei que era um indicador para uma causa porque tenho batido – a cidadania no consumo.

Recebam a gratidão e a estima de quem vos quer bem,
Mário




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5. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 12 de Setembro de 2013:

Caros Amigos
Mais um final de ano está à porta, e como é hábito desdobramo-nos nas palavras e nas frases muito bonitas a pensar sempre num futuro melhor, e eu não quero fugir à regra e por isso, mesmo sentindo as nuvens bem negras para o futuro do nosso país, desejo a todos os meus amigo e não só, assim como para os meus familiares um Natal Feliz e que o 2014 possa ser um ano cheio de esperança.

Um abraço,
Albano Costa


Magnífica foto do Porto de Leixões - Terminal de Petroleiros e Molhe Sul
Foto: © Albano Costa (2013) Direitos Reservados - Legenda de Carlos Vinhal

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6. Mensagem de Natal do nosso camarada Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68:

Prezado Dr. Luís Graça:
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos nós de grande importância, venho por este meio desejar-lhe um alegre e Santo Natal, e um ano de 2013 cheio de saúde, e de muitas coisas boas que aprecie.
Este meu sincero desejo é extensivo, também, a todos quantos, abrigados à sombra da velha e frondosa árvore, que cobre a Tabanca Grande, compartilham tranquilamente antigas memórias que a Guiné lhes deixou impressas na alma.
Aproveito a oportunidade para enviar um poema, datado de 24 de Dezembro de 1966, em Bissau, que recentemente descobri entre os meus velhos papéis, que poderá inserir no Blog, caso lhe pareça interssante. 

Com um abraço amigo, para os navegantes no Blog,
Domingos Gonçalves

O céu é baço, e o calor sufoca.
Só vejo rostos tristes, andar na rua.
Toda a esperança, em alegria, é oca,
Minha alma, de consolos, está nua.

Levanta-se no ar, sobre a cidade,
Um lasso ambiente de tristeza.
Há na alma de quem passa a saudade,
Um brilho estranho em toda a natureza.

É dia de Natal. A gente passa
Pelas montras enfeitadas, e não pára.
O brilho destas montras não tem graça.
A lembrança da família, é muito amara.

Ao longe, sob as telhas do meu lar,
Sentado num escabelo, à lareira,
Eu sei que há um anjo a chorar,
Por eu não estar, também, junto à fogueira.

Eu sinto a tua mágoa, anjo que choras,
E oiço-te, aqui tão longe, a rezar,
Pedindo ao Menino, para eu voltar,
E sei a dor que te invade nestas horas.

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7. Mensagem do nosso camarada Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72:

Amigas/Amigos e Camaradas
Na impossibilidade de enviar individualmente os meus Sinceros Votos de Boas festas, venho por esta via enviar para todos em conjunto, esses mesmos e meus melhores desejos de BOM NATAL E FELIZ 2014

Francisco Palma


************

8. Mensagem do nosso Grã-Tabanqueiro Eng.º José Carlos Mussá Biai, natural do Xime, a viver em Portugal, que exerce funções na Direcção-Geral do Território, em Lisboa:

Caro Luís, Caros editores e amigos,
Mais um ano que está a terminar e outro que se avizinha...

Desejo a todos um SANTO NATAL e UM FELIZ ANO 2014.
Que o próximo ano seja melhor, com muita saúde e felicidade.

Um abraço,
José Carlos Mussá Biai
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12483: Boas Festas (2013/14) (9): Patrício Ribeiro (Impar Lda, Bissau): Empada em Dezembro

Guiné 63/74 - P12488: Inquérito online: Como é que a malta ocupava os 'tempos livres' no mato... As respostas dos primeiros 74 leitores, quando ainda faltam dois dias para terminar...


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Foto nº 91 >  O repouso do guerreiro... O fur mil Arlindo Roda descansando no seu quarto, enquanto escreve  uma carta ou aerograma... Como se pode ver, em Bambadinca não se usava rede mosquiteira... As instalações do comando, messes e quartos de oficiais e sargentos  eram ainda recentes (, tendo cerca de um ano). No caso dos argentos,  havia cinco a seis camas, no máximo, por quarto (espaçoso)...

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: L.G.]

A. Resultados parcelares da sondagem, em curso, sobre a ocupação dos tempos livres no mato. Total de respostas, até às 17h de hoje: 74. A pergunta é de resposta múltipla e admite mais do que uma resposta. 

Assinalam-se, abold e a sublinhadas a amarelo,  as 5 mais frequentes formas de ocupação dos tempos livres  (a 9ª e a 11º aparecem em 5º lugar, ex-aequo). A sondagem (ver coluna do lado esquerdo ao alto, no nosso blogue) está ainda a decorrer até a meio do dia 24 do corrente. (LG)


1- Havia uma pequena biblioteca com livros > 5 (6%)

2. Eu lia jornais/revistas com alguma regularidade  > 26 (35%)

3. Eu lia livros com alguma regularidade  > 33 (44%)

4. Não tinha tempo para ler  > 6 (8%)

5. Não tinha disposição para ler  > 10 (13%)

6. Não tinha nada para ler  > 9 (12%) 

7. Levei livros para a Guiné  > 22 (29%)

8. Assinava revistas/jornais  > 12 (16%) 

9. De preferência ouvia música  > 32 (43%)

10. De preferência jogava à bola  > 23 (31%)

11. De preferência jogava às cartas  > 32 (43%)

12. De preferência ia à pesca ou caça  > 5 (6%) 

13. De preferência convivia com os meus amigos  > 39 (52%)

14. De preferência convivia com a população da tabanca  > 23 (31%)

15. De preferência petiscava e/ou bebia uns copos  > 35 (47%)

16. De preferência dormia (por ex., a sesta)  > 10 (13%)

17. Tinha um diário onde escrevia  > 9 (12%)

18. Lia e escrevia cartas e aerogramas  > 42 (56%)

19. Fazia trabalho comunitário (escola, saúde, igreja...)  > 7 (9%)

20. Não sei / já não me lembro > 0 (0%)

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Nota do editor:

Vd. poste de 18 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12470: Sondagem: ocupação dos tempos livres no mato... A decorrer até à véspera de Natal... Os primeiros depoimentos: J.F. Santos Ribeiro, Francisco Palma, Xico Allen, João Martins

Guiné 63/74 - P12487: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (7): A minha ida para Bissau


1. Em mensagem de 17 de Dezembro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos o sétimo episódio da sua série Fragmentos de Memórias.


FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS

7 - A minha ida para Bissau

O ter de afastar-me e goss goss, da minha CCAÇ 1422, passados que tinham sido 11 meses após a chegada à Guiné, não foi nada fácil.
Havia criado amizades sinceras, dera a minha também, mas motivos poderosíssimos não permitiam que por ali devesse ficar, salvo se resolvesse abandalhar-me e esquecer toda a minha educação. Daí que me tenha proposto, ir combater para Bissau já que havia pedidos indicando que cada Companhia Operacional deveria "deixar" dois elementos com experiência, oferecerem-se para tal. Estávamos em finais de Junho de 1966, após testes fui admitido, só que houve quem decidisse acabar-me com a mama e vai daí... abdicaram dos meus préstimos.

Mandaram-me aguardar na CCS/QG, que novas ordens receberia.
Desconfio que me não quiseram, porque não convinha que eu ganhasse já a guerra, sabendo-se que na Metrópole, milhares de mancebos ansiavam para vir conhecer este pedacinho d'África.
E óspois... acabei mesmo colocado na cidade só que na chefia duma Secção chata com'ó caraças.

Cumpri mais do que se me era exigido mas com a plena consciência de que teria de fazer-se.
Sofri que nem um cão abandonado e assim me senti com a falta da sã camaradagem do mato... sem o uso da G3 agora substituída pela Walter 9mm... pela falta da adrenalina diária... e até pela saudade dos combates onde não atirava contra, tão somente a meu favor e dos camaradas ao lado.

Nas tarefas quotidianas, mais fáceis, competia-me zelar pelas, beleza e limpeza, do cemitério.
As difíceis... desde o reconhecimento de camaradas falecidos, os contactos com Lisboa, a organização dos processos fúnebres, a entrega dos corpos nos embarques para a Metrópole.
Era pesaroso, complicado demais, mas fez-se à custa de quebrar com os sentimentos tomando uns cálices inebriantes, que me conduziram quase aos alcoólicos anónimos mas doutra forma não poderia exercer a função.


Conheci novas pessoas nas vidas civil e militar, alguns... bêbados com'a mim.
A urbe continuava ausente do conflito e com pouco interesse do que se passava para além da sua fronteira e pior... ausente no respeito devido aos combatentes, ali presentes forçadamente e por demasiado tempo, lutando por causas que não eram suas, mas cumprindo com o derramamento do seu sangue... com muito suor... lágrimas.
Doía-me ver esse desapego civil embora as excepções também existissem.
Só nós militares, mantínhamos uma atitude generosa, não deixando transparecer o que nos ia na alma.

Com instalações soberbas em Sta. Luzia, resolvi em comunhão de despesas com dois elementos do Conjunto das Forças Armadas, alugar um apartamento ali na baixa de Bissau, por cima do Pintosinho e bem perto do cais e da Amura. Vista para o Geba, limpeza a tudo bi-semanal, lavagem da roupa e etc, etc, incluídas no preço, qu'até nem era caro: cem pesos a cada um e por mês.

Quando liberto, acidentalmente, do cargo qu'agora desempenhava, ali estava eu olhando a azáfama portuária.
Apercebi-me então de coisas deveras estranhas e que me deixaram estupefacto, como por exemplo o verificar que os trabalhadores se desunhavam para conseguirem ser dos que podiam transportar as sacas de farinha... é que ficavam brancos !!!

E as ostras, pàzinhos? Quem as não comeu?
Descobertas que foram por mim, degluti-as senão todos os dias... quase.
Abertas ou fechadas, aquilo foi cá uma garganeirice !!! Mas que culpa tinha eu de gostar manning? E depois... ainda não houvera provado nada semelhante que lá no rio Sôr não tínhamos.
Foi um regabofe à moda antiga ou com limão ou sem ele, e regadas convenientemente com tinto gelado... verde e carrascudo.

Até ao jantar na messe, não comia mais nada. Para aí me deslocava em transporte particular (um mini-moke) posto ao meu serviço e as horas para trabalhar eram conforme e consoante.
Ficava depois na minha 1ª REP/QG a corrigir e aperfeiçoar os processos pendentes e, quando não e porque tinha livre acesso via passe em meu nome, nos navios que transportavam de e para a Guiné, as nossas tropas, aproveitava também algumas das benesses oferecidas, bem como a permanência no bar sempre aberto.
Contactei in loco com quem viera prá festa e com quem saíra do Inferno.
Para os primeiros tive de mostrar alguma complacência, calando-me, pois que vinham cheios de força ingénua, igual àquela com que eu mesmo chegara... nada de temores... com elevado moral, salvo num ou outro caso isolados.

Havia ENTÃO, uma juventude Portuguesa para quem as palavras HONRA E DEVER não eram palavras vãs.
Os mariquinhas pé-de-salsa, fugiam para França.

(continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12453: Fragmentos de Memórias (Veríssimo Ferreira) (6): O Higino Arrozeiro e as lições de francês

Guiné 63/74 - P12486: O nosso livro de visitas (173): C. Carmelino, da CCAÇ 2701 (1970/72), a companhia do Saltinho... Esteve sempre no QG, em Bissau, na Amura, onde foi condutor do major Carlos Fabião

1. Mensagem de hiojem, do nosso leitor e camarada C. Carmelino:

Data: 22 de Dezembro de 2013 às 13:11
Assunto: Camarada da Guiné

Um ex combatente revoltado...

Bom  dia amigo, cheguei até aqui porque,  ao conversar com um amigo,  aconselhou-me a pesquisar na Net, pois andava  há muito tempo para obter informações da minha companhia do serviço militar da Guiné.

Estive na Guiné desde maio de 1970, tendo regressado em maio de 1973.

Pertenci à companhia 2701 que esteve em Saltinho, mas eu estive sempre em Bissau, ma Amura onde estava a policia militar, fui condutor do major Fabião, pertencia ao Comando-Chefe. Em todo este tempo nunca soube nada do meu batalhão nem da minha companhia... Fui sempre um militar perdido.

Hoje sinto-me uma pessoa revoltada, pois deixei mulher e filhos para ir defender aquilo que agora deram por não me darem o devido valor, assim como a tantos outros. Hoje sou um ex-combatente que só sei dizer, que por onde Portugal passou só deixou miséria. Vejamos só um bocadinho: chegou ao Brasil,  hoje é o que se vê,  um país pobre; chegou às colónias,  deixou lá miséria; agora chegou à Europ, UE,  e é o que se vê,  o país na penúria...Já fomos governados pelos Filipes de Espanha, hoje somos governados pelos troikanos (os da troika);  enfim,  o nosso país tem uma carreira,  ao longo da sua história,  de miséria!

Foram três anos de serviço obrigatório, não por castigo, mas por falta de transporte, que quando acabei a comissão, miserável este governo,  nem transporte tinha para um militar que deixou mulher e dois filhos para ir defender o nada... Sim,  o nada que em nada acabou... Acabou em miséria.
Hoje sou um português revoltado,  a olhar para o passado miserável deste país... que com a ganância de alguns políticos nunca chega a lado nenhum.

Sem mais,  por agora um abraço de um abraço de um ex-combatente revoltado pelo passado  e mais pelo presente que não terá futuro!

2. Comentátrio de L.G.:

Carmelino, obrigado pela tua visita, revolta e desafo... Ainda conheci a tua companhia, a CCAÇ 2701. Aliás, fomos nós, a  CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), a dois grupos de combate, quem, em maio de 1970, fez uma coluna logística, de Bambadinca ao Saltinho, escoltando os "periquitos" da CCAÇ 2701 e levando reabastecimentos até ao local de destino.

Gostava que, cumprindo as regras do nosso blogue, aceitasses o meu convite para te sentares debaixo do poilão da Tabanca Grande. Basta, para isso, acrescentares à foto (antiga) que mandaste, mais uma, atual... e falares um pouco dos teus tempos de QG, como condutor do major Carlos Fabião. 

Enfim, junta-te aos teus antigos camaradas da Guiné, que já são mais do que um batalhão. Entre amigos e camaradas (veteranos da guerra colonial  na Guiné)  somos 635, dos quais infelizmente quase 3 dezenas já faleceram. O melhor Natal possível para ti e para os teus, Luís Graça.
_______________

Nota do editor:

Último livro da série > 13 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12441: O nosso livro de visitas (172): Pedido de informação de Djarga Seidi, guineense da diáspora, com esclarecimento prestado pelo nosso colaborador José Martins

Guiné 63/74 - P12485: Manuscrito(s) (Luís Graça) (15): A minha quadra... natalícia: Q'remos pedir este ano / À Troika e ao Pai Natal / Que volte a ser soberano / O nosso querido Portugal



Candoz > 30 de março de 2013 > O vedor do futuro

Foto: © Luís Graça  (2013). Todos os direitos reservados


Por mor da nossa saúde

Luís Graça

Por mor da nossa saúde.
Por mor da saúde de todos nós.
Por mor da boa governação da coisa pública.
Por mor da nossa memória futura.

Por mor dos que, amiúde,
perdem os trilhos do futuro.
Por mor dos vindouros e dos perdedores.
Por mor dos historiadores
que escreverão a história dos vencidos em nome dos vencedores.
Por mor dos que vierem depois  de eu fechar a porta.
Por mor dos guardiões das Torres, 

do Tombo, Eiffel e Babel.
Por mor de quem de direito.
Por mor dos pagantes. 

E dos não-pagantes.
Por mor dos atores e dos espetadores.
Por mor dos marginais-secantes.
Por mor do mercado e da bolsa de Lisboa
e da casa forte do Banco de Portugal.
Por mor do meu querido Portugal SA
que não quer dizer Portugal Sociedade Anal.
Por mor dos loucos e dos menos loucos.
Por mor dos poetas  que têm um pouco de gestores.
E dos gestores  que têm um pouco de médicos.
Mas também dos médicos  que têm um pouco de loucos.
Por mor dos econometristas
que gostariam de governar o mundo.
Este mundo e até o outro.
Sem esquecer os políticos
que gostariam de mandar nos econometristas,
mos gestores, nos médicos e nos doentese até nos loucos

Só não mandam nos loucos,
porque esses não têm cabresto.
Por mor daqueles dos políticos  que falam em nome do povo.
E daqueles que gostariam de mandar no povo.

E sobretudo dos que evocam o nome do povo em vão.
Por mor do povo de esquerda, de centro e de direita:
abaixo a unicidade nacional!
Por mor dos da lista de espera  que desesperam de esperar.
Por mor dos que vão morrer esta noite nos Hospitais SA,

e nos Hospitais EPE
e nos Hospitais PPP.
Por mor dos que foram hoje
ao serviço de atendimento permanente do meu centro de saúde
e que deram com a porta na cara.
Por mor dos cirurgiões que afiam a faca
à espera dos da lista de espera.
Por mor dos doentes agudos. 

E dos doentes crónicos.
E dos hipocondríacos. 

E dos doentes da saúde.
E dos utentes da indústria da doença.
Por mor da saúde doente e das doenças saudáveis.
Por mor da saúde finalmente emprezarializada.
Por mor das vítimas da guerra, dos terramotos, dos tsunamis,
da fome, da peste... e do bispo da nossa terra,
de que Deus nos livre!
Por mor dos simples, dos utentes, dos pacientes, dos clientes,
dos beneficiários das misericórdias, 

dos misericordiosos e das crianças.
Por mor das catorze obras de misericórdia,
sete espirituais e outras tantas corporais.
Por mor dos meus (con)cidadãos, 

os ex-remediados e os novos ricos.
Por mor dos pobres, dos tristes,
dos descrentes, dos desempregados,
dos velhos, dos sós, dos esquecidos
e dos desconsolados.
Sobretudo dos desconsolados...

Da minha rua, do meu bairro, da minha cidade, do meu país.
Sem esquecer os apátridas
e os que perderam a identidade.
Por mor daqueles de quem um dia se disse
que eram os bem-aventurados
porque deles seria o reino dos céus, amen.

Por mor do meu fornecedor da revista Cais
no semáforo da esquina da rua
da Alegria com a avenida da Liberdade.
Por mor da minha médica de família
que contava os dias que lhe faltavam para a aposentação.
Por mor do médico do aposento ao lado
que se enganou no curso que queria tirar
e que está a atender os senhores da propaganda médica.
Por mor do boticário do meu bairro.
Por mor do meu barbeiro-sangrador.
Por mor de mim e de ti, meu amor.
Por mor do meu psicanalista, do meu psicoterapeuta,
do meu confessor e do meu curandeiro.
Por mor do meu médico do trabalho
e do meu técnico de higiene e segurança do trabalho.
Por mor do ergonomista que está a desenhar
o sistema técnico e organizacional de trabalho

que nunca hei-de chegar a ter.
Por mor dos habitantes da minha casa inteligente do futuro,

se houver futuro.
Por mor da minha cartomante preferida.
Por mor de ti, feiticeira.
Por mor dos mais distraídos.
Dos votantes. Das debutantes. Dos amantes.
Por mor do meu patrão.
Para que Deus lhe conserve a saúde e a riqueza.
E lhe aumente o empreendedorismo
e a capacidade de inovação.

e de exportação.
Por mor dos meus dinossauros de estimação.
Por mor dos médicos da noite. 

Dos médicos na noite.
Por mor dos mercadores de sonho
que trazem com eles a peste onírica e bubónica.
Por mor do meu rico seguro contra todos os riscos.
Por mor do Estado, cada vez menos Estado e pior Estado.
Por mor dos contínuos, porteiros e seguranças do Estado.
Mais os cobradores de impostos.
E os pagadores de promessas.
E os guarda-costas das figuras de Estado.
Por mor do Estado de todos nós,
Sem pompa nem circunstância.
Por mor da nossa jovem democracia, mil vezes violada.
Por mor dos gestores e administradores dos serviços de saúde.
Por mor dos que passam as noites e os dias a pensar
na reforma do serviço nacional de saúde.
Por mor dos reformadores de sistemas.
De todos os reformadores. 

E das vítimas das reformas.
Dos reformados e aposentados.
Dos humilhados e ofendidos. 

Das viúvas e dos órfãos.
Por mor da nossa frágil saúde. 

E dos vírus que hão-de vir.
E do mal gálico.
E do mal italiano.

E do mal alemão.
E do mal espanhol.
E do mal americano.
E do mal chinês.
E do mal português.
E do Ribeiro Sanches
que curava os males de amor na Rússia Imperial.
O amor em carne viva.
Por mor das doenças emergentes e reemergentes
com que nos querem matar.
Por mor das galinhas e da gripe dos comedores de galinhas.
Por mor do virus da gripe das aves do céu.
Por mor dos codificadores
de grupos de dignósticos homogéneos de doença.
Por mor dos marcadores biológicos do Homo Sapiens Sapiens.
E sobretudo dos grandes arquitetos do genoma humano.
Por mor do meu antepassado troglodita
que era recolector-caçador
e que quando almoçava nunca sabia
onde e o que é que iria jantar.
Por mor do meu professor de economia
que me lembra que não há almoços grátis.
Nem entradas grátis no céu, no purgatório ou no inferno.
Que cá se fazem, cá se pagam.
Por mor dos atuais e futuros ministros da saúde.
Por mor dos ministros do futuro.
Por mor da utopia do futuro sem ministros.
E até dos ministros sem futuro.
Por mor dos servidores do povo,
Para que nunca esqueçam que ministro
Vem do latim minus, pequeno, humilde servidor
Para que os deuses iluminem os nossos governantes
E os pescadores que andam perdidos no mar alto.
E os pecadores dos sete pecados mortais.

E os que calvagam ondas gigantes.
Por mor dos nossos governantes e dos seus governados.

Por mor dos escravos do passado 
e dos autómatos do futuro.
Por mor da nossa classe (mal pensante e pior) dirigente.
Para que o canto e o voo dos pássaros lhes sejam favoráveis.
Por mor do Zé Portuga. 

Do Zé, simplesmente.
E para que, eu, poeta, médico e louco me confesse
e nunca perca de vista o essencial.
Por mor da minha terra, Portugal.
Por mor de todos nós,
Como se diz em terras de Entre Douro e Minho.
Por mor de nós
e dos que hão-de vir atrás de nós. 
Por mor da parca e incerta herança que lhes deixamos.



Ah! já me esquecia da quadra... natalícia:

Q'remos pedir este ano
À Troika e ao Pai Natal
Que volte a ser soberano
O nosso querido Portugal.

Madalena, Vila Nova de Gaia, 22/12/2013

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Nota do editor:

Ú1timo poste da série > 11 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12428: Manuscrito(s) (Luís Graça) (14): Não há vitórias na guerra... "Uma vitória é um imenso funeral", diz Lao Zi, no "Tao Te Ching", traduzido pelo António Graça de Abreu de quem a nossa Tabanca Grande tem muito orgulho...

Guiné 63/74 - P12484: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (2): Fui admitido, em janeiro de 1969, na Dialap, como lapidador de diamantes, evocando a minha especialidade de minas e armadilhas

1. Mensagem de Mário Gaspar, com data de 11 do corrente:

Assunto: Foto da DIALAP

Camarada Luís Graça:

Envio uma fotografia, bem antiga, do Edifício da DIALAP e trabalhadores, nos princípios de 1969. Sou um dos trabalhadores da frente.

Após ter concorrido através de anúncio no Diário de Notícias, fui  chamado para fazer testes psicotécnicos. Fui chamado a uma entrevista numa sexta feira, no dia 24 de Janeiro de 1969. O entrevistador era o Engenheiro Sucena - já falecido - que era em simultâneo Administrador da DIAMANG. Entrevista longa, até que o Eng.º me transmitiu mais ou menos o seguinte:
- O senhor é admitido nesta empresa de imediato, se me der uma prova já, uma razão forte que me convença que vem a ser um bom Lapidador de Diamantes, porque sabe que os diamantes são matéria muito valiosa, e vai ter de trabalhar jóias!...

E, de imediato respondi:
- Regressei da guerra na Guiné no início de Novembro de 1968. Era Furriel Miliciano. Atirador e com a Especialidade de Explosivos de Minas e Armadilhas, tendo manuseado todo o tipo de explosivos, montando e desmontando minas e armadilhas. Podia pôr em perigo tanto a minha vida como a dos meus camaradas, lapidar diamantes deve ser mais fácil!

Respondeu-me o Engº:
- Convenceu-me, venha trabalhar na segunda feira.

´
Foto dos trabalhadores da Dialap, enviada pelo Mário Gaspar


Assim entrei ao serviço na DIALAP - numa segunda feira, fim do mês, o que era estranho.

Posteriormente, e ainda lá trabalhava,  foi sede da EXPO 98 e,  mais tarde,  vêm a RTP e RDP.

O edifício, as instalações (com um refeitório repleto de tudo que existia de inovador, o telhado onde podiam aterrar helicópteros, e mais pormenores) e as próprias regalias dos trabalhadores - isto até mais ou menos 1978. Quando deixámos de trabalhar os diamantes da DIAMANG - após a nacionalização, por parte de Portugal dos 10% da DIAMANG, o Governo Angolano nacionalizou os também 10% da DIALAP - tudo mudou.

Um abraço para o Homem Grande Luís Graça

Do Zorba Mário Vitorino Gaspar  
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12451: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (1): Marcha do regresso da "Zorba"

Guiné 63/74 - P12483: Boas Festas (2013/14) (9): Patrício Ribeiro (Impar Lda, Bissau): Empada em Dezembro



Foto: © Patrício Ribeiro  (2013). Todos os direitos reservados

1. Mensagem e foto do nosso amigo e ex-camarada de armas Patrício Ribeiro:

Data: 21 de Dezembro de 2013 às 18:03
Assunto: Empada em Dezembro

Boas!

Desde Bissau, envio as boas festas, para todos.

Já com a mala quase feita, para ir passar o Natal a Portugal.

Depois de ter dado "cabo das costas",  lá para os lados de Madina de Baixo e Empada.

Um Grande abraço

Patricio Ribeiro


IMPAR Lda

Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau,
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12482: Parabéns a você (668): Miguel Vareta, ex-fur mil cmd, 38ª CCmds (1972/74)

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Nota do editor:

Último poste da série  > 20 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12477: Parabéns a você (667): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 e CCAÇ 11 (Guiné, 1972/74