quinta-feira, 5 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13241: Convívios (603): CCAV 2748 (Canquelifá, 1970/72), Almeirim, 31 de maio último: as fotos da nossa alegria, 42 anos depois do regresso a casa (Francisco Palma)



Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) > Foto de família


Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) > Ao centro, o organizador, o nosso camarada Francisco Palma



Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) > A  alegria do reencontro...


Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) >  Camaradas e amigos para sempre...


Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) >  A "hora da dolorosa"...


Almeirim > 31 de maio de 2014 >  16º Convívio da CCAV 2748  (Canquelifá, 1970/72) >  O bolo dos 42 anos do regresso a casa

Fotos: © Francisco Palma  (2014). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. Mensagem de Franscisco Palma [ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72], com data de 2 do corrente


Assunto - 16º Convívio da CCAV 2748

Estimados Camaradas / Tabanqueiros / Bloqueiros,

Mais um ano se passou!

Em 31/05/2014, a CCAV 2748 do BCAV 2922 realizou, com 90 presenças, grande alegria, amizade e camaradagem o seu 16º Convívio, no Restaurante Marisqueira Os Paulos, em Almeirim

A sensação de mais um reencontro de camaradas combatentes de Canquelifá, no leste da Guiné,  1970-72, em que mais uma vez foram ultrapassadas todas as expectativas, 

Compareceram dois camaradas que não víamos desde 1972, data do regresso, o Manuel Correia Graça DFA,  ferido com acidente de estilhaço de obus 14, e o José António Alves, meu camarada de abrigo (eu e ele ripostámos ao fogo inimigo, lado a lado, pelo menos em 10 ataques frente ao Abrigo 12).

Tantas relembranças e histórias/estórias recontadadas de factos vividos e que nos parece aconteceram... ontem!... Com sorrisos de alegria estampados nos rostos, já a começar a enrugar, e com os cabelos já "muito" grisalhos... Na realidade, já se passaram 42 anos do regresso daquele TO.

Na qualidade de organizador, sinto-me honrado e sem conseguir explicar em palavras o que sentimos.
Junto fotos que falam por si.

Um abraço a todos os Camaradas
Francisco Palma
CCAV 2748 

Guiné 63/74 - P13240: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Homenagem do nosso "poeta todos os dias", Silvério Dias, ex-radialista do PFA,... que infelizmente não vai poder estar connosco em Monte Real, no dia 14... E, a propósito, já temos 110 inscrições, 6 das quais da diáspora lusitana (França, EUA, Holanda)

1. Mensagem do nosso camarada Silvério Dias [ex-1º srg art ref, com 9 anos de Guiné, de 1967 a 1976, radialista no PFA, entre 1969 e 1974], com data de 3 do corrente

Assunto >  10º aniversário da Tabanca Grande

Ao "Homem-Grande" e a todos os "Tabanqueiros", votos de saúde, alegre disposição e alguna euros para gastos, deste vosso companheiro, o 651 - Silvério Dias.

Definitivamente, não me é possível marcar presença em Monte Real,no dia 14 de junho, o que lamento. Porém, homem previdente que sou, tinha alinhavado um escrito para. vos ler, com "voz Pifas". Delego no António Garcez Costa, vulgo "Tony Sacavem", tal tarefa. Prometeu estar convosco, tal como esteve, comigo no PFA [, Porgrama das Forças Armadas] da Guiné.

Assim sendo:

Frase nº .26., fora de concurso: "A Tabanca é Grande... Nela cabe, sempre mais um!" (*)

O Mundo era pequeno.
Portugueses o tornaram maior.
Povo aguerrido mas sereno,
O dilatou, pela Fé e com Valor!

E descobriu,...uma tabanca.
Grande. Tão grande que acolhe milhares.
Homens vários, de cor branca.
Estiveram na Guiné como militares.

Tabanca! É aí que se encontram,
A contar as suas "estórias".
O que dizem quando as contam,
Nesse rapar, do baú das memórias?

Talvez blogando, recordando e sorrindo,
Outras vezes, gemendo e chorando,...
Porque foi bom, de lá ter vindo,
Sem males, mas algo lá deixando.

Tabanca Grande, onde cabemos,
Qualquer que seja a origem ou posto,
Perfilhando memórias e afetos serenos,
De há dez anos, com muito gosto!

E hoje, em dia tão memorável,
Tenhamos na mente esta união,
Dizendo, de forma sustentável,
Filhos de camaradas, nossos são!

Lembrar também ao povo Português:
A nossa bandeira tem sete castelos.
Quem a comprar, na loja do chinês,
Terá pagodes. Nela, espadas seriam cutelos.

Não há que mentir nem disfarçar.
Dizer sim, estive lá e voltei!
Na Guiné, em guerra do Ultramar.
Me disseram que defendia Pátria e Grei.

D'alguém como eu, me fiz amigo.
Partilhámos a saudade e os anseios.
E porque dormimos no mesmo abrigo,
Juntos ultrapassamos os receios.

Não deixes os outros falarem por ti.
As histórias são pertença só tua.
A mim, as mensagens que recebi,
Me confortam, se sinto a alma nua.

Quanto ao resto, "a roupa suja",
Ela é privada e na caserna se lava.
Nunca na parada. Aí, que apenas surja,
Aquele gigantesco poilão que nos abrigava!

................................................

Utopias, devaneios... são o que são!
Esta amálgama compilada da lista,
Sujeita a bem intencionada votação.
Eleita a melhor, que a ela se assista!

De parabéns, todos os "tabanqueiros"
Desde os mais recentes aos primeiros.
E, justiça, aqui e agora de faça:
O movimento (louvável) deve-se ao Luís Graça.

Para ele uma salva de palmas,
Como agradecimento das nossas almas!

Oeiras, 3 de Junho 2014. (**)

________________

Notas do editor: 

(*) Vd. poste de 1 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13222: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Escolhidas as cinco melhores frases por 69 grã-tabanqueiros... E a menos de 2 semanas, temos já 94 bravos voluntários para a Operação Monte Real 2014, no dia 14 deste mês...

Guiné 63/74 - P13239: Artistas de variedades no mato (2): Em Bambadinca, no meu tempo, trabalhava-se com a prata da casa... Mas também me lembro de um espetáculo com profissionais: Tino Costa, Fernando Correia... (Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente maio de 1969 > Foto (nº 212) do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).

O meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970,) já não pode precisar em que data é que foi tirado este "slide" (e outros do mesmo evento). Mas lembra-se muito bem da visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas que veio animar a malta da CCS do batalhão e subunidades adidas (Pel Rec Daimler 2046, Pel Mort 2106, Pel Caç Nat 63 - que em maio vai para Fá, sendo rendido pelo Pel Caç Nat 53) . Se foi nesta data, a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 ainda estava para chegar...
.
O conjunto musical (foto. nº 212) era formado por 5 elementos, tudo ou quase tudo cabos, havendo 1 cantor, 3 guitarras elétricas e 1 baterista (pormenor curioso: arranjou um cunhete de munições para pôr em cima da cadeira e "fazer altura"). (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria integrar este conjunto musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917).

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editada e legendada por L.G.)


1. Mensagem do Gabriel Gonçalves [, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71], com data de ontem,

 Luis:

Espero que já estejas totalmente restabelecido da cirurgia.

Quanto à questão que pões (*), lembro-me que no tempo do BCAÇ 2852 (1968/70), os espectáculos eram feitos com a prata da casa, pois formou-se um conjunto musical, do qual eu fazia parte, ( tenho que ir procurar algumas fotos que testemunham isso).

No tempo do BART 2917 (1970/72), houve um espectáculo onde participaram, além de mim, outros camaradas da  CCAÇ 12, acompanhados ao acordeon pelo Tavares [, 1º cabo escriturário].

Também houve um espectáculo, esse sim com profissionais, dos quais o acordeonista Tino Costa, uma cantora (de que não me lembro o nome) e o Fernando Correia, este lembro-me, dado ter interpretado uma canção da qual nunca me esqueci:  Canção do Moliceiro  [, disponível no You Tube / João Santos, em áudio] (**) : 

Grande abraço

GG

2. Comentário de LG:

Obrigado, GG, grande companheiro das noitadas de Bambadinca, e meu camarada da CCAÇ 12. Obrigado pelas tuas recordações. Nessa altura, tu tocavas violas e canatavas muito bem, nomeadamente músicas com letras parodiadas...

 Chamavam-te (descobri há tempos num texto do Luís Nascimento, o cripto da CCAÇ2533)  o "bambibo de oro"... Com toda a justiça.. Para nós, eras o GG, o Arcanjo Gabriel...

Do nosso 1º cabo escriturário Tavares [, foto à esquerda, do Humberto Reis, em Nhabijõies, c. 1970,] e do seu acordeão lembro-me muito bem! O nosos 1º cabo escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares!... (O que será feito dele ? Disse-me alguém tê-lo encontrado,há uns anos, a trabalhar no Porto).

Havia mais malta que tocava viola, na nossa CCAÇ 12...

Mas eu agora queria era chamar-te a atenção para foto que republico acima (***)...Há dúvidas sobre a data. Em princípio, teria sido tirada em maio de 1979, aquando de um visita das senhoras do Movimento Nacional Feminino a Bambadinca, acompanhadas do conjunto musical das Forças Armadas.  Será mesmo malta desse conjunto ou será malta da CCS/BCAÇ 2852 ? Inclino-me mais para a 1º hipótese...  Se a foto de maio de 1969, ainda não é do nosso tempo, já que fomos para Bambadinca só em 18/7/1969.

3. Mensagem posterior do Gabriel Gonçalves, em comentário ao poste e em resposta ao pedido pelo editor:

Essa foto é de 1969 [, 1º semestre,] e o conjunto musical é constituído por elementos de Bambadinca, da CCS/BCAÇ 2852 ( nós, CCAÇ 12, ainda não estávamos lá). O baterista que está sentado no cunhete, é o Serafim, condutor auto [ 1º cabo condutor auto Serafim Gragelo de Jesus]; o vocalista é o Tony, telegrafista [1º cabo radiolegrafista António N. Sousa]; quanto aos outros não me lembro dos nomes, mas são todos do BCAÇ 2852. ____________

Notas do editor

(*) Vd., primeiro poste da série > 4 dce junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

Vd. também os seguintes postes_

Meia-noite ria abaixo,
Lá vai lesto o moliceiro,
Vai retratando nas águas
As saudades do barqueiro.

Nas noites em que há luar.
Quando passas. moliceiro,
És das coisas mais bonitas
Que tem a ria de Aveiro.

Ai, ai, ai, lindo moliceiro,
Deixa-me ir contigo à ria de Aveiro.
À ria d'Aveiro, à ria sem par,
Lindo moliceiro que andas a vogar.
Que andas a vogar na ria d'Aveiro,
Deixa-me ir contigo, lindo moliceiro.


(***) Vd. poste de 23 de janeiro de  2013 > Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969

Guiné 63/74 - P13238: (Ex)citações (234 ): A angústia do artilheiro quando tinha de dar apoio às NT, nomeadamente quando estavam sob fogo IN... (Vasco Pires, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72, há mais de 4 décadas no Brasil)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Agosto de 1972 > O temível obus 14 [140 mm] em ação... à noite.

Foto: © Vasco Santos (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



1. Mensagem, de 25 do passado mês de maio,  do nosso camarada Vasco Pires [ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72; membro da Tabanca Grande, a viver na diáspora, Brasil]

...AINDA A ARTILHARIA DA GUINÉ.

Caríssimos Carlos/Luís,
Éramos poucos e dispersos, e dispersos continuamos, talvez por isso a nossa história seja tão pouco conhecida, digamos mesmo, quase esquecida.

O Comando da Artilharia na Guiné ficava em Bissau, BAC 1, GAC 7, e finalmente GA 7 quando agregou a Artilharia Antiaérea, sob o comando de um Oficial Superior de Artilharia e os Pelotões espalhados no TO, adidos a Companhias ou Batalhões que, penso, chegaram a 27. A tropa era do contingente local, sendo três graduados da tropa continental, um Alferes e dois Furriéis, e, raramente, um Cabo Apontador.

Os Pelotões não podiam sair dos quartéis sem uma autorização expressa do Comando em Bissau, ou - no meu tempo - com uma ordem escrita do Comando Operacional local; os Artilheiros ficavam, segundo alguns, no "bem bom" do arame farpado.

A Artilharia tinha funções de defesa e ataque, incluindo apoio às NT em combate. Eu, com excepção, de dois "passeios" que fiz no começo e no fim da comissão, ao Bachile e a Ingoré, passei a maior parte do meu tempo de serviço na Guiné num quartel da fronteira Sul, Gadamael, também conhecido como Gadamael Porto.

Os quartéis da fronteira Sul  eram "ilhas" rodeadas de arame farpado, no meio de "terra de ninguém", e ao alcance da Artilharia IN além-fronteira. Falar das condições operacionais da fronteira Sul, tornar-se-ia repetitivo, pois já foi feito exaustivamente.

A vigilância constante era apanágio da atividade da Artilharia, durante o dia no apoio às NT, e durante a noite em alerta para uma pronta resposta às flagelações da artilharia IN. Digo pronta resposta, contudo precedida de uma rápida análise da situação, para evitar o fogo de contra-bateria, ou seja evitar que uma resposta precipitada facilitasse a regulação do tiro IN. Em alguns casos extremos - aqui-del-rei que eles querem entrar! - poucos, felizmente, o Artilheiro tinha de dar uma de Clint Eastwood dos Trópicos, e fazer tiro direto.

Contudo, como já disse anteriormente noutro comentário, o momento de maior tensão do Artilheiro era o apoio às NT, principalmente quando estavam debaixo de fogo IN, todos podem imaginar a precaridade do envio de dados naquelas condições operacionais física e emocionalmente.

Quantos militares, até civis, não sentiram alívio quando ouviam o "troar dos nossos Canhões"?

OBSERVAÇÃO: escrevo estas mal traçadas linhas, motivado por um alerta do Camarada Luís Graça sobre a falta de conhecimento da "cultura" da Artilharia; não faz parte, pois, da coletânea "A minha guerra é maior que a tua".

...e siga a Artilharia... (**)

forte abraço a todos
Vasco Pires
Ex-soldaddo de Artilharia (IOL)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

18 de maio 2014 > Guiné 63/74 - P13159: (Ex)citações (232): "Tristes artilheiros solitários" no meio dos infantes... (Vasco Pires, (ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

26 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13046: O segredo de... (18): O ato mais irresponsável nos meus dois anos de serviço como soldado de artilharia (Vasco Pires, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

(**) Último poste da série 20 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13167: (Ex)citações (233): Venho manifestar o meu apoio ao camarada Veríssimo Ferreira pelo repto que faz ao camarada Manuel Vitorino (Manuel Luís Lomba)

Guiné 63/74 - P13237: Parabéns a você (745): Manuel Traquina, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13228: Parabéns a você (744): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do CMD AGR 2957 (Guiné, 1968/70)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13236: Tabanca Grande (437): Mais dados pessoais e o meu rodopío até chegar à CART 1659 - "ZORBA" (Joaquim Fernandes Alves)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Fernandes Alves (ex-Fur Mil da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68), com data de 7 de Abril de 2014:

Camarada e amigo Luís Graça
Joaquim Fernandes Alves, ex-Furriel Milº. da Cart 1659 "ZORBA" Gadamael Porto/Ganturé, conforme referenciei no primeiro contacto que tivemos, e que era encontrar camaradas da Cart "ZORBA".

Graças a ti, quase no dia seguinte apareceu através da filha do camarada Augusto Varandas Casimiro, ex-Furriel Vaguemestre e nunca pensei que vivesse tão perto, uma vez que mora aqui na Madalena em V.N. Gaia. Para tal vou anexar foto identificativa dele assim como o nosso camarada Mário Vitorino Gaspar que está na mesma foto, e já faz parte do nosso blogue.
A ele é bem merecido o testemunho e mérito da "ZORBA".

No primeiro contacto, quanto aos meus dados pessoais, pouco disse, mas agora quero acrescentar essas faltas:
- Nasci na freguesia de Pedroso, também do concelho de V. N. de Gaia, a 18 de Maio de 1944.
- Fui recenseado sob o nº 53 a 29 de junho de 1964, e incorporado em 03 de agosto de 1965.

A partir daqui, e, "por razoes óbvias", foi um rodopiar de Quartéis por onde passei RI 10, Hospital Militar de Coimbra 27 dias, novamente RI 10, BTM 3, RTM, RAL 4, (onde terminou a minha grande esperança), vem tristemente EPA (Vendas Novas), onde fiz o 2.º ciclo do CSM, GACA2 (Torres Novas).
Aí estava a ser formada a companhia à qual mal eu sabia que ia pertencer. Esta parte para Penafiel, onde mais tarde a fui apanhar já no RAC em Oeiras para fazer o IAO.

A 11 de Janeiro de 1976, partimos no navio Uige, destino Gadamael Porto/Ganturé.
De Bissau até Gadamael, saíu na rifa que o 2.º Pelotão do qual fazia parte, o destacamento de Ganturé era a "morança".
Mais tarde passámos para Gadamael e aí fiquei até ao fim da comissão.

Chegámos a Lisboa a 6 de Novembro de 1968, mas como já referenciou o amigo e camarada Mário Gaspar, não morremos na Guiné, mas quase morríamos à chegada dada uma inclinação do navio com o peso dos olhares do pessoal para o mesmo lado Lisboa/Cais.

Após todo este testemunho, e uma vez por motivos de renovção da carta de condução, anexo também uma fotografia nova foto, caso queiras também atualizar, assim como uma foto com já disse acima, onde estamos: eu, Mário Gaspar e Augusto Varandas Casimiro, que graças a ti o reencontrei.


Alguns meses depois, passei a exercer a minha atividade profissional como Ajudante de Despachante Oficial, na Alfândega do Porto, até ao "fatídico dia 03 de janeiro de 1993".

Não morri na guerra mas ia morrendo de dor e sofrimento, por ter perdido o meu posto de trabalho, tempos muito difíceis que graças a Deus fui ultrapassando.

Um abraço amigo do sempre camarada
Joaquim F.Alves.
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13184: Tabanca Grande (436): José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-Fur Mil Art do 7.º Pel Art (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70), Grã-Tabanqueiro 657

Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

1. Mensagem do António Santos, grã-tabanqueiro da primeira hora [, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74], respondendo a um  mail nosso, enviado pelo correio interno da Tabanca Grande, na sequência do poste P13233 (*):

Camaradas:  Quem se tembra de espetáculo de variedades no mato ? E com que artistas ? E em que épocas ? Podiam ser iniciativas do Programa das Forças Armadas ou o Movimento Nacional Feminino... Se sim, mandem histórias e fotos... Obrigado. Luís Graça

Data: 4 de Junho de 2014 às 16:18

Assunto: Artista no mato

Caro Luís

Espero que estejas a recuperar bem desse esqueleto.

Uma pequena estória sobre o assunto em epígrafe: no dia 27-02-1973, saí da enfermaria [, em Nova Lamego,] para dois dias de convalescença de mais uma dose de Paludismo, portanto dois dias sem escala de serviço. Ao sair da mesma fui convidado a ir numa coluna para Bafatá para assistir a um espectáculo do Rui de Mascarenhas.

Claro que não resisti e vai daí saltei para a Berliet. A viagem era para ser de ida e volta no mesmo dia, mas não foi.

Não foi porque infelizmente morreu um camarada nosso afogado no Rio Geba, e o Ten Cor de Bafatá não autorizou o espectáculo. Depois descambou tudo, tivemos que ficar para o outro dia, acabamos por dormir numa caserna de um pelotão que tinha saído para o mato, jantar, lerpámos, pequeno almoço idem, Arrancamos para o Xime que ainda era a casa da CART 3494 do Sousa de Castro e de um amigo meu que foi 1º cabo enfermeiro da a mesma e que descobri in loco.

De novo Bafatá e depois de algum barulho lá se arranjou uma ração de combate para dois, e seguimos para a tua Contubuel para recolher 2 Pelotões de Mililícias destinados à zona de Nova Lamego, onde chegamos ao fim do dia 28-02-1973... sem Rui de Mascarenhas, cansados e maltratados moralmente.

Para mim chegou, voltei a aplicar a velha máxima, voluntário na tropa nem para comer, que eu na véspera tinha esquecido.Cumprimentos,
António Santos

[foto à direita: II Encontro Nacional da
 Tabanca Grande, Pombal, 2007]

Noprodigital, Lda.
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13234: Fotos à procura... de uma legenda (28): Será que algum me saberá dizer de que cerimónias/festas se tratam? Qual a etnia e região? Será que algum dos militares retratados faz parte da Tabanca Grande? (Lucinda Aranha)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Lucinda Aranha, filha de Manuel Joaquim, empresário e caçador em Cabo Verde (1929/1943) e Guiné (1943/1973), com data de 22 de Abril de 2014:

Caro Carlos:

1. Gostei muito dos mails que me mandou sobre as memórias de uma adolescente e sobre o Kumba Ialá.

Na minha investigação, tenho testemunhos sobre o Kumba Ialá ter sido ajudante do meu pai. Segundo me disseram, admirava-o tanto que queria ser chamado por Manuel Joaquim;

2. Envio-lhe várias fotografias acompanhadas do seguinte texto:

Camaradas tabanqueiros:

Será que algum me saberá dizer de que cerimónias/festas se tratam? Qual a etnia e região? Será que algum dos militares retratados faz parte da Tabanca Grande?

Se for o caso ou se eventualmente alguém os reconhecer, será que me saberá dizer quando e em que circunstâncias a fotografia foi tirada? Será que me podem confirmar se a fotografia que mostra a carrinha terá sido tirada no Senegal, em Ginigishor?

3. Caro Valdemar Silva:

Se eventualmente quiser usar, no meu novo livro, a sua fotografia com o cartaz do filme Rififi põe algum obstáculo?

Cumprimentos,

Lucinda Aranha

Foto nº.1

Foto n.º 2

Foto n.º 3

Foto n.º 4

Foto n.º 5

Foto n.º 6

 Foto n.º 7
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13134: Fotos à procura... de uma legenda (27): Alguns de nós, poucos, passaram por lá... Foi centro de instrução militar...

Guiné 63/74 - P13233: Estórias e memórias de Silvério Dias, radialista, PFA, 1969/74 (3): Acompanhando artistas de variedades como o Horácio Reinaldo, o Rui de Mascarenhas e outros em digressões pelo mato


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > 17 de fevereiro de 1970 , 3ª feira  (nesse ano, o Carnaval foi a 10) > 14h > Espetáculo de variedades, organizado pelo Programa das Forças Armadas (PFA) > Na foto o cantor Horácio Reinaldo (1992-1993) é apresentado ao auditório, nmum improvisado palco montado de manhã.


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > 17 de fevereiro de 1970 , 3ª feira  (nesse ano, o Carnaval foi a 10) > 14h > Espetáculo de variedades, organizado pelo Programa das Forças Armadas (PFA) > Aspeto da assistência, incluindo à direita o piloto da avioneta que trouxe a Canjambari o artista e um furriel do PFA.

Fonte: "Histórias da CCAÇ 2533", s/d, s/l, pp. 46-47 (*)


1. Resposta de ontem, a um pedido do editor sobre o cantor Horácio Reinaldo (*) ao nosso camarada Silvério Dias, no âmbito das suas funções no Programa das Forças Armadas (PFA) (**):


Ao tempo, tive por missão acompanhar Horácio Reinaldo, na sua digressão de alegrar as hostes espalhadas pelos aquartelamentos da Guiné.. O "artista" era possuidor de refinada brejeirice e alegrava sem duvidas os auditórios mais improvisados.

De compleição um tanto frágil, "o pobre" sofria imenso com o calor. Após breves actuações, já o ouvia:
- Oh senhor sargento, conte lá algumas anedotas do seu reportório, até eu recuperar deste clima!...

Contou-me histórias hilariantes da sua vida artística, que desenvolveu mundo fora.

Tal como aconteceu com o Horácio Reinaldo [Luanda, 1922- Entroncamento, 1993] (*), muitos mais artistas colaboraram, nessa base da diversão. Acompanhei muitos e destaco um espectáculo memorável na Base Aérea de Bissalanca, em que a "estrela" foi o saudoso, Rui de Mascarenhas [Vila Pery, Moçambique,1929 - Vila Nova de Gaia, 1987].(***)

Algum dos "tabanqueiros" da FAP . assistiu?

Meu Deus, há quanto tempo!...

Guiné 63/74 - P13232: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Já temos 103 inscritos, dos quais a grande maioria é proveniente dos distritos do litoral... O prazo-limite para as inscrições é a segunfa-feira, dia 9, até às 11h00


Nº provisório de inscrições (n=103), distribuidas por distritos de proveniência. Quase metade (47,6%) dos participantes vêm do distrito de Lisboa, seguido do Porto (20,4%). A esmagadora maioria vive nos distritos do litoral... Há quatro inscritos provenientes da diáspora lusitana (EUA e Holanda).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).


1. Ao fim da tarde de ontem, o nº de inscrições para o nosso convívio anual, em Monte Real, no dia 14 do corrente, já tinha ultrapassado a centena, contra todas as expetativas pessimistas... No gráfico acima, pode perceber-se melhor a proveniência geográfica dos nossos camaradas e seus acompanhantes. Como é habitual, o distrito de Lisboa concentra a maioria relativa (n=49) dos isncritos, seguido do distrito do Porto (n=21).

2. Lembrete: O prazo de nscrição termina 2ª feira, dia 9, às 11h00...

Camarada, amigo: tens 10 (dez) razões para estares connosco no dia 14 de junho, sábado, em Monte Real, concelho de Leiria. Para saberes mais clica aqui.

Comissão Organizadora: Carlos Vinhal,Joaquim Mexia Alves, Luís Graça & Miguel Pessoa.

Endereços de email para as inscrições para o encontro (incluindo almoço: 30 morteiradas):

carlos.vinhal@gmail.com

ou joquim.alves@gmail.com (incluindo reserva de alojamento no Palace Hotel Monte Real, para quem quiser pernoitar, preço de camarigo)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13231: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte IX: (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo veio atuar a Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires...











1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte IX (Fur mil at inf, 3º pelotão, Fernando Pires)


Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo 1º ex-cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). Esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos digitalizada através do Luís Nascimento (que também nos facultou um exemplar em papel e que, até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande). Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

Continuamos a publicar a colaboração do fur mil at inf Fernando J. do Nascimento Pires, que pertenceu ao 3º pelotão. O poste de hoje corresponde às pp. 46/49 e a duas narrativas:

 (i) um dia diferente: quando o cantor Horácio Reinaldo (*) veio atuar em Canjambari, no âmbito do Programa das Forças Armadas (PFA); 

e (ii) um dia inesquecível: aquela mina A/P que estava montada para o fur Fernando Pires... (LG).

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Notas do editor:

Último poste da série > 30 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13213: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VIII: (i) os primeiros dias em Canjambari: em mês de santos populares, o batismo de fogo, os primeiros contactos com o IN; e (ii) a santa ingenuidade: um episódio com um cobra venenosa

(*) Encontrei esta referência ao cantor e bem como um vídeo, no You Tube, editado por Canal António Moreira > Horácio Reinaldo / África Oy

 "Horácio Reinaldo foi um cantor brasileiro que fez praticamente toda a sua carreira em Portugal. "África Oy", foi um dos seus maiores sucessos. O áudio deste vídeo foi recuperado por mim de um velho disco EP de vinil."

O nosso conhecido Hino de Gandembel foi buscar a música...  a este EP do Horácio Reinaldo...

Outra referência ao cantor:

"Horácio Reinaldo e os seus Camundongos> EP,  ALVORADA, 1968

(...) Este Brasileiro fez praticamente toda a sua carreira em Portugal, a solo ou com os seus Camundongos. Lançou uma série de discos em várias editoras. Nos vários discos que editou, cantou e tocou um pouco de tudo! Desde o samba ao fado, da marcha á canção ligeira, passando pelo yé yé.
Neste EP, destaco o tema "Eu sou trabalhador". Musica com um ritmo bastante yé yé e com uma letra bem humorada. (...)
[Fonte: Blogue Os Reis do Yé Yé]

Neste mesmo blogue, um filho do Horácio Reinaldo [ou Reynaldo]  escreveu o seguinte, em comentário, de 28/6/2009:

(..) Meu nome é Reinaldo Horácio Rodrigues Nunes, sou o filho mais velho de Horácio Reynaldo Monteiro de Figueiredo Nunes.Também sou músico e compositor. Meu pai faleceu no final de 1993 no Entroncamento onde se encontrava a fazer trabalho para a Sociedade Portuguesa de Autores. Infelizmente grande parte da sua obra ardeu no incêndio do Chiado, nos arquivos da Valentim de Carvalho.Para mais informações o meu contacto movel é 936059009. Obrigado pela dedicação.
 

(...) Nasceu no Bairro de São Paulo em Luanda no dia 26 de Setembro [de 1922].  Há 87 anos. (...).

Outro visitante confirmou que ele era angolano, em comentário de 27/8/2009::

(...) Grandes recordações do Horácio Reinaldo. De facto,  sim,  ele era Angolano, conheci-o era eu tripulante do navio Uige e trouxe-o de Angola para Portugal em finais de 73 (Outubro, parece).

O Horácio era muito amigo dos electricistas do paquete,andava ate a ensinar um deles a tocar guitarra. Eu era um jovem de 18 anos e tive a sorte do Horácio simpatizar comigo,a partir dai, sempre que o navio parava,  iamos a terra juntos.

De facto ele contava estorias maravilhosas da sua gente de Angola,e falava de um filho que afinal está neste blogue. Tinha ele na altura um disco que era, se me nao falha a memória,  "África meu verso de embalar, com palmeiras ao luar" (...) [a letra começa assim: África, meu verso de embalar, tens palmeiras ao luar...]

Guiné 63/74- P13230: Notas de leitura (597): Excerto do livro de Mário Gaspar, "O Corredor da Morte", cap 19: desmontando minas e armadilhas nos últimos dias de Gadamael, outubro de 1968

I. Reproduz-se aqui, por cortesia do autor, Mário Gaspar,  o capº 19. Os Últimos Dias da Companhia ZORBA, do livro "O Corredor da Morte" (Edição de autor, Lisboa, 2014) [Encomendas através do endereço: mariovitorinogaspar@gmail.com ].



19.  Os Últimos Dias da Companhia ZORBA


Preparei‑­me para tirar umas fotos, tendo sido acompanhado por alguns Furriéis Milicianos. Tirei uma foto a Gadamael Porto. Que diferença!

Quando estávamos prestes a partir para Bissau com a comissão cumprida, recebi ordens do Capitão (eram ordens superiores do setor) para desmontar todas as minas e armadilhas, colocadas pela nossa Companhia. O Alferes de Explosivos de Minas e Armadilhas estava dispensado, o Furriel Miliciano Pestana havia morrido devido ao rebentamento de um engenho explosivo, o que motivou a morte do Soldado Costa e o outro Furriel Miliciano de Explosivos de Minas e Armadilhas tinha sido ferido por uma armadilha. O Comandante da Companhia prometeu‑­me que eu podia dispor do tempo que fosse necessário, que asseguraria a minha viagem para Bissau em avioneta, paga pela CART 1659 visto ir falar sobre o assunto com o Comandante da Companhia que nos renderia se a nossa Companhia fosse a caminho ou já estivesse em Bissau.

Não aceitei, justificando‑­me que aquilo que mais desejava era ir com os meus camaradas, com aquela minha família. Para tal pedi que fossem colocadas à minha disposição militares da CART 1659, para levantar todos os engenhos explosivos, tendo o Comandante aceite este meu pedido.

Comecei por levantar todos os engenhos que estavam montados em zonas mais longínquas. Continuei com os que se encontravam nas redonde­zas de Ganturé, que não haviam sido montados por mim, contando sempre com a ajuda dos croquis e dos militares que haviam assistido à sua montagem no terreno. Lembro‑­me especialmente de umas minas “bailarinas”, colocadas num local que na altura estava coberto de água. Levantei depois algumas (granadas armadilhadas e “bailarinas”), que se encontravam no cruzamento de Ganturé/Gadamael Porto e no caminho para Sangonhá.

Ficaram para o fim 7 granadas armadilhadas que eu havia montado, quando fui colocado em Gadamael Porto, no princípio de julho de 1967, depois de ter sucedido o rebentamento que motivou a morte de 10 nativos (principalmente mulheres e crianças) e 20 feridos, quando foi o batuque em Ganturé. Acompanhou‑­me somente o meu amigo, que tinha medo de saltar o galho na Especialidade da nossa Companhia em Penafiel.

Tive dificuldades em encontrar as armadilhas, e ninguém
O autor, Mário Gaspar
dera que alguma tivesse rebentado. A vegetação
naquelas terras é estranha, e aquilo que é um simples arbusto, transforma‑­se rapidamente numa árvore.

Encontrei as ditas granadas armadilhadas, mas cobertas por calcário a grande parte delas. Pedi ao soldado que me acompanhava que fosse buscar detonadores pirotécnicos, cordão lento e adaptadores e que não se esque­cesse do alicate estrangulador. Tinha que ser tudo feito conforme mandam as normas, visto considerar que seria a minha derradeira missão antes de terminar a comissão.

Não demorou, e depois de encostar a G3 a uma árvore, relativamente longe da zona das armadilhas, aproximei‑­me do local onde estavam implan­tadas as mesmas. Já sabia qual a ordem de desmontagem.

Segurei entre os dedos um clips, talvez fosse necessária a sua utili­zação, embora pensasse ser pouco viável que necessitasse dele. Coloquei a primeira em segurança, a segunda e a terceira. Parei para descansar, depois de ir junto à minha arma, onde se encontrava também o Soldado, coloquei as granadas completamente inofensivas, juntamente com os fios de tropeçar.

Continuei depois, deixando para trás a mais calcificada.

Levantei a quarta, a quinta e a sexta, levando também os fios de tro­peçar de arame, colocando tudo junto das três primeiras. Só faltava uma.

Foi então que segurei num detonador e num pedaço grande de cordão lento (este arde a uma velocidade de um centímetro por segundo).

Fiz o estrangulamento, depois de colocada a ponta do cordão no ori­fício do detonador, apertei com o alicate, execução feita na cintura do lado direito do meu corpo, para evitar que se o detonador rebentasse não atingisse a cara, principalmente os olhos. Coloquei ambas as peças no buraco do adaptador, utilizando a rosca, para ficar bem preso. Ficou um único objeto. Preparei‑­me então para rebentar a última granada armadilhada.

Fiquei então preso pela minha pulseira de prata num arbusto, quando pretendia dirigir‑­me ao local ainda longe onde se encontrava a granada armadilhada.

Dei um esticão e continuava prisioneiro da pulseira que tinha o meu nome: Mário Gaspar e no lado oposto o grupo sanguíneo. Voltei a puxar, com mais força. Ouviu‑­se um rebentamento. Uma mão havia‑­me segurado.
– São eles! Estão a levantar as armadilhas e devem ter morrido! – Ouviu‑­se, quase nitidamente do interior do aquartelamento de Gadamael.

O Soldado olhava‑­me espantado, apanhando do chão tudo aquilo que lhe havia pedido para desmontar as armadilhas. Eu estava com o detonador estrangulado e com o alicate na mão, parece que sorrindo. Não era hábito meu, desde os rebentamentos dos bagabagas em Ganturé, fazer o estrangu­lamento senão com os dentes.

A pulseira, depois de ser procurada minuciosamente por todos, não chegou a aparecer. Comprei outra igual mais tarde em Lisboa na Ourivesaria Correia, na Rua do Ouro.

Dirigimo‑­nos para a porta de armas. Parece que todos os Zorbas vinham na nossa direção. Foi uma alegria. Perguntou um camarada de armas, depois de nos agarrarem e colocarem‑­nos às cavalitas:
– Onde querem que os deixe?
– No cais, dentro de água – disse depois de entregar o tabaco e o isqueiro a um deles. E fomos ao banho. Levaram‑­nos para o cais e lançaram‑­nos para o rio, todos vestidos (embora só de calções e chinelos). Que rico banho! E alegria estampada no rosto de todos!

Fui tomar banho – que duche! – e vesti‑­me, com divisas e tudo.

[Foto à esquerda: "Eu em Gadamael Porto nos últimos dias de mato]



Farda a rigor, e iniciei uma visita por Gadamael Porto. Já com melhorias signifi­cativas e um pouco dignas.

Passados dias embarcámos em Gadamael Porto, depois da Companhia que nos rendeu chegar, rumo a Bissau.

Eu afinal acabei por seguir com os meus camaradas. Pouco me lembro da viagem.
Parece mais que o regresso não existiu, e que eu fiquei lá nas matas e nas bolanhas da Guiné.

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Nota do editor:

Útimo poste da série > 2 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13225: Notas de leitura (596): "História - A Guiné e as ilhas de Cabo Verde", edição do PAIGC com o patrocínio da UNESCO (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13229: Agenda cultural (321): "Corredor da morte", de Mário Gaspar: a sessão de lançamento foi no passado dia 22, na presença de muitos amigos e de antigos combatentes... O autor irá promover o seu livro também no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, no próximo dia 14


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > Sessão presidida pelo gen ref Chito Rodrigues, presidente da direção da Liga dos Combatenrtes, que tem, à sua direita o psiquitra Afonso de Albuquerque e a prof Ermelinda Caetano; e à sua esquerda,  o presidente da APOIAR, Jorge Gouveia, e o nosso Mário Gaspar.



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > O gen Chito Rodrigues no uso da palavra



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  O psiquiatra Afonso de Albuquerque no uso da palavra.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > Jorge Gouveia, presidente da APOIAR.



Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  Mesa e assistência


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 >  Aspeto parcial da assistência. Devido à duração da sessão, alguns amigos do autor tiveram que sair mais cedo.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspaer, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014 > No final,. houve sessão de autógrafos e um contacto mais próximo do autor com os seus amigos e leitores... Vê-se, ao fundo, de camisola vermelha o nosso camarada Carlos Silva.


Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > Liga dos Combatentes > 22 de maio de 2014 > 17h30 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Mário Gaspar, "Corredor da Morte", edição de autor, 2014. Capa do livro.

Fotos: © Mário Gaspar (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]

1. Como foi anunciado pelo nosso blogue, realizou-se no passado dia 22, no Forte do Bom Sucesso, Belém, Lisboa, a sessão de lançamento do livro de memórias do Mário Gaspar.[ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68] (*)

Presidiu à Mesa o presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues;

A professora Ermelinda Caetano fez a apresentação da obra, representando ao mesmo tempo a Associação Cultural e Social dos Seniores de Lisboa – Academia de Seniores de Lisboa,  a que o Mário Gaspar está presentemente ligado.

Também usou da palavra o psiquiatra Afonso de Albuquerque, autor do prefácio do livro, e antigo combatente, como alf médico mil no TO de Moçambique, e que é, como se sabe, um reputado especialista no domínio  do Stress Pós-Traumático de Guerra.

Esteve também representada, através do seu presidente Jorge Gouveiua, a APOIAR – Associação de Apoio aos Ex- Combatentes Vítimas do Stress de Guerra, de que o Mário Gaspar foi codundador e também dirigente.

Antigos combantentes e amigos do autor associaram-se à cerimónia. O Mário Gaspar, embora cansado, era um homem feliz. Como ele fez questão de referir e explicar, o seu primeiro livro diuvide-se em  três partes: (i) a aua operação ao coração e o quanto ele esteve perto da morte, conseguindo escapar-se-lhe; (ii) uma segunda parte em que se narram pisódios da sua  vida infanto-juvenil; e por, fim, (iii)  a história militar e de um furriel miliciano, atirador, especialista em minas e armadilhas, que integrou a CART 1659, mais conhecida por "Zorba", e que andou por terras do sul da Guiné, região de Tombali,  Gadamael Porto, Sangonhá e Ganturé, etc., entre Janeiro de 1967 e Outubro de 1968. 

Numa recente recensão, Mário Beja Santos, escreveu aqui, no nosso blogue, sobre a obra e o autor o seguinte: 

(...) " [Mário Gaspar] arrecadou recordações poderosas, oferece-nos páginas tocantes, tem orgulho nas suas origens, enfim, com surpresa ou sem ela visitou os corredores da morte, não o das penitenciárias que encaminham para execuções mas aqueles corredores onde em tempos de guerra e paz temos a vida em processo de licitação. Começa com todo o processo que leva à sua hospitalização e à operação ao coração, em março de 2002. Temos aqui uma estrondosa viagem pelo sonho, aquele vácuo de onde vamos buscar farrapos de reminiscências pelas errâncias da vida, há para ali descrições que nos lembram outras de pessoas que estiveram à beira de passar para a outra margem, luminosidade e turbilhão" (...) (**)

O autor vai ter oportunidade, no IX Encontro Nacional da Tabanca, em Monte Real, no dia 14 do corrente, de promover o seu livro junto dos participantes do evento, a maior parte deles seus camaradas, antigos combatentes no TO da Guiné.

Desejamos bom sucesso editorial ao livro do  nosso camarada Mário Gaspar, e damos-.lhe os parabéns pela coragem de voltar a enfrentar os "corredores da morte", agora  através da escrita!
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Notas do editor: