quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14044: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (4): Cartão original de António Murta


Imagem: © António Murta (2014). Todos os direitos reservados. 


1. Mensagem do António, recente grã-tabanqueiro, com data de hoje

[, foto à esquerda, António Murta [ex-Alf Mil Inf Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513. Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74]

Camaradas amigos
Luís Graça e Carlos Vinhal

A toda a Tertúlia desejo BOAS FESTAS e um ano de 2015 com mais de tudo o que em 2014 faltou. Com muita saúde.

Especialmente a vocês, ao Magalhães Ribeiro e ao Briote,
com um grande abraço,

António Murta.

PS: Anexo um postal que fiz nos joelhos para publicarem se acharem bem.
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Nota do editor:

Gui9né 63/74 - P14043: In Memoriam (213): Fotos do saudoso ex-alf mil at art Manuel Jorge Martins Gomes (1948-2014) (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)




Foto 2 - Vila Nova de Gaia > 2006 > 21º Convívio Anual da CART 3494... O Manuel  Gomes, em primeiro plano. Ao meio. o Pereira da Costa.


Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados

1. Mensagem, com data de 16 do corrente, do Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974): 


Caro Luís,

Bom dia,

Em relação à triste notícia que acabei de ler - a morte do meu/nosso camarada Manuel Gomes [1948-2014] (*), anexo, para os devidos efeitos, três fotos. A do cais do Xime, que é minha, já timnha sido i publicada no blogue [P13839, de 2 de novembro de 2014] com a legenda que indico.

Que tenhas um dia tranquilo. (**)

Um abraço,
Jorge Araújo

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Notas do editor:


(*)  Vd. poste de 16 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14035: In Memoriam (211): Manuel Jorge Martins Gomes, ex-alf mil at art, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74 (António J. Pereira da Costa)

(**) Último poste da série > 17 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14041: In Memoriam (212): Ana Paula G. Pires Dias (1962-2013), esposa do nosso camarada Armando Pires (jornalista da rádio reformado, ex.-fur mil enf, CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/71)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14042: Memória dos lugares (278): Antigos quarteis de Farim e Nema (Patrício Ribeiro, sócio-gerente da Impar Lda)



Foto nº 1 > Farim, praça principal (1)


Foto nº 2 > Farim, praça principa (2); Patrício e o filho (à esquerda)


Foto nº 3 > Farim, a rua dos alfaiates


Foto nº 4 > Farim, antigo quartel das NT (1)



Foto nº 5 > Farim, antigo quartel das NT (2)


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)> c. finais de 1970 / princípios de 1971 > O Luís Nascimento, 1º cabo op cripto, junto ao monumento ao BART 733 (Bissau e Farim, de 8/10/1964 e 7/8/1966).

Foto: © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição / Legendagem: L.G.]




Foto nº 6 > Farim, um oráculo mariano [, não parece ser do nosso tempo, LG]


Foto nº 7 > Farim, antigo quartel das NT, monumento aos mortos da CCS/BCAÇ 1887 [Legenda de Carlos Silva]



Foto nº 8 > Farim, Nema, antigo  quartel das NT, por onde passou a  CCAÇ 2549. ["O monumento de Nema é da CCaç 2549 e tem lá o nome inscrito do seu comandante que deu o nome ao estádio que fica por trás: Vasco Correia Lourenço e muito mais. Basta consultar os posts que escrevi sobre o Bat Caç 2879". Legenda de Carlos Silva]



Foto nº 9 > Farim, Nema, antigo quartel das NT. "O emblema verde é do BCAÇ  1887" [Legenda de Carlos Silva]


Fotos: © Patrício Ribeiro  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.: legendas: Carlos Silva]


Brasão de armas da vila de Farim no tempo colonial... (Fonet: Jorge Santos (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Mensagem do nosso amigo e camarada  Patrício Ribeiro [, atural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bssau desde 1984, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

16 dez 2014 | 20:15

Amigos:

Para recordar,

Algumas fotos tiradas hoje em Farim (*). Em visita de trabalho. Tiradas na Cidade [ fotos nºs 1, 2, 3 e 6], e nos dois quarteis, o da Cidade [fotos mº 4,5, 7] e em Nema [, fotos nº 8 e 9]

Junto ao padrão, eu e o meu filho  andamos por lá a trabalhar. [Fotos nºs 1 e 2]

Estamos a instalar luz solar no hospital e uma bomba solar para abastecer toda a cidade com água, vai ser instalada do Quartel de Nema [, Fotos nº 8 e 9] (**).
Abraço

Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , 
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 Lisboa 

(...) Texto do Virgínio Briote, que foi Alferes Miliciano da CCAV 489 (Cuntima, Janeiro a Maio de 1965), pertencente ao BCAV 490 (sediado em Farim, em 1965):

Caro Anízio,

Que é que lhe posso dizer de Farim?

Passei por lá há muitos anos, há mais de quarenta. Pus lá os pés pela primeira vez em finais de Janeiro de 1965. Estávamos no início da luta pela libertação da Guiné. O meu Batalhão, designado por Batalhão de Cavalaria 490, instalou a sede em Farim e dispersou as companhias militares por Jumbembem e Cuntima. Fui um dos destacados para Cuntima, na fronteira com o Senegal, a cerca de 30 e tal km de Farim e por lá me mantive cerca de 5 meses.

Visitava Farim, quando estava em trânsito, quando ia lá buscar abastecimentos para Cuntima. Era uma pequena povoação, uma cidade para os padrões locais daqueles tempos. Uma cidadezinha agradável, o rio Cacheu tranquilo a banhar-lhe as margens, população afável numa tabanca já com alguma dimensão.

A guerra tinha começado há pouco mais de 2 anos, circunscrevia-se ao Sul e tinha pequenos focos ainda um pouco incipientes no Oio (Morés) e em outras zonas dispersas pelo território. Muito perto de Farim, passavam corredores de infiltração (Sitató, por ex.), por onde entravam guerrilheiros e abastecimentos para o triângulo do Óio (Mansoa, Bissorã e Mansabá). Na altura, pelos arredores de Farim, os trilhos assinalavam quase todos os dias passagens recentes de guerrilheiros e de pequenas secções de reabastecimento.

Em meados de 1965, pode dizer-se que a tropa ocupava as povoações mais importantes e o PAIGC era dono e senhor dos trilhos e das matas. Na altura em que abandonei Cuntima, a tendência acentuava-se, com o PAIGC a firmar-se com denodo nas matas à volta de Farim.

Canjambari, uma povoação a sul de Farim, era um importante ponto de infiltração. Então, foi decidido ocupar Canjambari. Mas não foi nada fácil, a luta durou dias e dias, até que finalmente uma companhia militar do tal Batalhão conseguiu ocupar Canjambari. A posição ocupada nunca teve descanso, os guerrilheiros, da mata visavam diariamente o aquartelamento com morteiros.
E um dia, a guerrilha decidiu dar um passo em frente, atacar dentro da povoação de Farim. Um batuque, muita gente em festa, alguns militares também, um guerrilheiro infiltrado na população meteu lá dentro uma "bomba". Num saco, misturaram granadas de todos os tipos, projécteis de balas, até uma bomba de avião que não tinha rebentado. E foi tudo pelos ares, população incluída que foi a mais atingida, aliás. Um pandemónio que teve as consequências que imagina em termos de repressão (...).

E pronto, dali para a frente a vida nunca mais foi a mesma, com a tendência sempre crescente da implantação do PAIGC e que só parou na independência.

Por aquela gente sinto carinho e respeito. Carinho porque, a minha vida estava no princípio, tinha acabado de fazer 21 anos, fui tratado sempre com humanidade e porque ajudaram ao meu crescimento. Respeito porque ganharam uma luta que era deles, de serem eles próprios, bem ou mal não temos nada com isso, a conduzirem os seus próprios destinos.

E pronto, caro Anízio, aqui lhe deixo o meu testemunho. Se na altura pressentisse que o Anízio, quarenta anos depois, me iria questionar sobre o Farim daqueles tempos, certamente teria sido mais previdente e guardaria informação mais precisa. (...)


(**) Último poste da série > 27 de outubro de  2014 > Guiné 63/734 - P13812: Memória dos lugares (277): Os meninos do Xime do tempo da CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai (Jorge Araújo)

Guiné 63/74 - P14041: In Memoriam (212): Ana Paula G. Pires Dias (1962-2014), esposa do nosso camarada Armando Pires (jornalista da rádio reformado, ex.-fur mil enf, CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/71)

Armando Pires, nosso querido amigo e camada,
fotografado pelo Manuel Resende, no último convívio
da Magnífica Tabanca da Linha, em 14/11/2014.
Já visivemente preocupado com a evolução da doença
da sua companheira Ana Paula. A sua última esperança era o
transplante, conforme como me confidenciou... (LG)
IN MEMORIAM

A doença e a morte não escolhem idades, e cada dia somos confrontados com o desaparecimento de amigos e familiares. Mesmo sendo uma coisa que se entende como natural, na hora em que enfrentamos a triste realidade, ficamos sem palavras e sem jeito.

Ontem chegou-nos ao conhecimento a notícia brutal do falecimento da esposa do nosso querido amigo e camarada Armando Pires. A Ana Paula, ao fim de muito sofrimento, não resistiu mais e partiu para o Eterno Descanso.

Mais não podemos fazer se não, neste doloroso momento, dar um abraço apertado ao nosso amigo Pires e algumas palavras de conforto.  Nestas horas, a presença física dos amigos é uma prova de solidariedade. 

Para quem quiser e puder, de alguma maneira, estar junto deste nosso amigo, aqui ficam algumas informações:

O Corpo da nossa amiga Ana Paula estará em Câmara Ardente na Igreja de Linda-a-Velha, concelho de Oeiras, a partir das 18h00 de hoje.

Amanhã, dia 18, pelas 14h30, será rezada Missa de Corpo Presente nesta mesma Igreja. 

O funeral sairá de seguida para o Cemitério de Barcarena (, também no concelho de Oeiras), onde, pelas 16h00, o corpo será Cremado.

Embora de viva voz já tenha manifestado o nosso pesar ao Armando Pires, pela partida da sua esposa, aqui fica a renovação da nossa solidariedade e o envio dos nossos sentidos pêsames ao resto da família.

Os editores

PS - O telemóvel do Armando Pires está disponível na sua conta no Google: 962 938 817. Os seus camaradas e amigos mais íntimos mais íntimos, mesmo à distância, podem e devem dar-lhe a palavra de conforto que qualquer homem precisa quando de perder a sua companheira de uma vida ou de parte de uma vida (, como era o caso na Ana Paula).

Recorde-se que o nosso camarada, que trabalhou na Antena 1 como jornalista,  foi fur mil enf da CCS/BCAÇ  2861, Bula e Bissorã, 1969/71 [, foto à esquerda[]. É presença habitual na Magnífica Tabanca da Linha.  Tem sido, além, disso, um ativo colaborador do nosso blogue. (LG)

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14035: In Memoriam (211): Manuel Jorge Martins Gomes, ex-alf mil at art, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74 (António J. Pereira da Costa)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14040: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte IV): A tabanca, a nordeste, o Rio Geba Estreito, o porto fluvial, a Intendência, a bolanha de Finete...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  Foto nº 30 > A tabanca de Bambadinca, vista do lado norte, dividida ao meio pela estrada que, partindo do quartel, seguia para o porto fluvial (à esquerda) e para Bafatá (à direita). Ao fundo, o rio Geba Estreito, o porto fluvial  e o destacamento da intendência.




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  Foto nº 30 A > Vista parcial da tabanca de Bambadinca, com as moranças que estavam mais junto ao arame farpado, do lado norte.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  Foto nº 30 B > Outra vista parcial da tabanca de Bambadinca, com as moranças que estavam mais junto ao arame farpado (, visível em primeiro plano). À direita, o início da rampa, bastante íngreme, de terra batida, que dava acesso ao quartelamento (entrada nordeste).


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 30 C > Não tenho toda a certeza, mas a casa, em alvenaria, e caiada de branco  parece-me ser a do complexo que incluía   a morança, o armazém  e a loja do comerciante português Fernandes Rendeiro, casado com a mandinga, Auá Seide. O casal  tinha uma prole numerosa.

O Rendeiro faleceu em  setembro de 2011. Fui visita da sua casa e beneficiei da sua hospitalidade. A Auá Seide, que o Rendeiro nunca mostrava aos seus convidados, militares, era uma excelente cozinheira, a avaliar pelo seu chabéu de frango de cuja e sabor ainda me lembro... Também nunca me lembro de ter vistos os seus filhos, embora ele nos falasse de uma filha mais velha, já a estudar no Continente... e que, segundo parece, é magistrada. O Rendeiro, natural da Murtosa, terá ido para a Guiné com 17 anos, na década de 1930. Terá nascido por volta de 1920.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 30 D > A margem esquerda do Rio Geba estreito, o porto fluvial e a intendência (do lado esquerdo). Do outro lado do rio, começa a bolanha de Finete. A cambança era feita por pirogas.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 30 E > Vista mais detalhada do porto fluvial e das instalações da intendênciaquerdo). Do outro lado direito, já na curva para a estrada de Bafatá, ficava, se não erro, a loja e o bar do Zé Maria, outro comerciante português.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 30 F >  Vista parcial da tabanca de Bambadinca, do lado direito da ramapa de acesso ao aquartelamento. Mais ao fundo, do lado direito, mas não visível na foto ficava a tabanca de Santa Helena e o bairro Joli.


Fotos: © João Calado Lopes (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



1. A foto é do alf mil art João Calado Lopes, BAC 1, 1967/69... Foi tirada (esta e outras que temos vindo a publicar),  no 2º semestre de 1968, quando esteve em Bambadinca em trânsito para Piche. (Julgo que o João está a fazer confusão quando diz taxativamente: "Em Bambadinca comandei um pelotão de obuses 10,5. Não sei exactamente quando estive lá, mas foi no 2º semestre de 1968. (...) Não estive lá muito tempo pois o meu pelotão foi logo destacado para Piche"...

Ora, segundo as informações que temos, Bambadinca nunca terá tido artilharia. No meu tempo (junho de 1969/março de 1971) não tinha. O que era normal era os pelotões de artilharia desembarcarem no Xime ou em Bambadinca, vindos de LDG de Bissau, com destino a diferentes aquartelamentos no leste. Podiam estar em Bambadinca, em trânsito, à espera de escolta ou de coluna.

Como já o referimos, o João Calado Lopes foi colega do liceu do João Martins e ambos foram artilheiros, do mesmo curso ou um antes do outro, em Vendas Novas.

Continuamos na expetativa da sua entrada na Tabanca Grande...  Além de excelente fotógrafo (, tendo uma belíssima coleção de "slides", segundo  me confidenciou o João Martins), é também o primeiro fotógrafo, de entre os nossos camaradas da Guiné, que vem dizer publicamente que subiu a mais de 50/60 metros, ao alto de uma  antena de comunicações (neste caso, em Bambadinca), para bater estas fabulosas vistas de cima.... (que é parecem tiradas de helicóptero!).

Incitamos o leitor a conferir estas imagens com as vistas aéreas de Bambadinca que temos publicado, nomeadamente as do álbum do Humberto Reis. Praticamente a totalidade das instalações e edifícios de Bambadinca da época de 1969/70 estão identificados. Conferir aqui. (LG)
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Guiné 63/74 - P14039: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (3): "Pássaros nalus" (Catarina Schwarz)

"Pássaros nalus": um originalo cartão de boas festas, enviado pela nossa amiga Catarina Schwarz, filha do nosso querido Pepito (1949-2014) e neta da nossa decana, a Dona Clara Schwarz a quem queremos ajudar a apagar o bolo do seu 100º aniversário no próximo dia 14 de fevereiro de 2015.


1. Eis a mensagem que a Catarina Schwarz nos mandou hoje: 

A todos,  um abraço forte e um bom 2015. Mantenhas

Retribuímos, desejando à Catarina, à avô, à mãe Isabel Levy Ribeiro e demais famílias votos de um ano de 2015, cheio de projetos e realizações, que faça esquecer o fatídico 2014.  E relembrando aqui quanto o Pepito admirava o génio artístico dos nalus. O seu sonho era pô-los de novo a esculpir as suas peças de madeira, prática que entrou em decadência depois da sua conversão coletiva ao islamismo.  Recorde-se que em 2011 tinha morrido Salifu Camará, rei dos nalús, e pai espiritual adoptivo do Pepito. Esta admiração pelos nalus já lhe vinha do pai, Artur Augusto Silva.

2. E que o Nhinte-Camatchol proteja a Guiné-Bissau, a família Schwarz e a nossa Tabanca Grande!

(...) E que o Nhinte-Camatchol,
o grande irã dos nalus,
te proteja,
Guiné, Tabanca Grande.
E o Deus dos cristãos,
dos grumetes do Geba e da Amura,
E o Alá dos fulas, mandingas e beafadas.
E os irãs dos balantas, manjacos, papéis, bijagós
e demais povos ribeirinhos, animistas,
que todos eles te inspirem
e te protejam!

(LG)
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Guiné 63/74 - P14038: (Ex)citações (256): Afinal, a foto do "BOR" era de 1978/79, tirada em Bolama por um casal de brasileiros (João Parreira)


Guiné-Bissau > Bolama > c. 1978/79 > O ferry boat Bor, em fim de vida... Fazia a carreira Bissau-Bolama


Guiné-Bissau > Bolama > c. 1978-79 > O barco de carreira "Corubal" que fazia a ligação Bolama-Bissau.

Fotos: Cortesia do sítio Guiné-Bissau Recordações em Imagens (*)


1. Mensagem enviado ao nosso camarada Manuel Amante da Rosa [, atual embaixador de Cabo Verde em Roma: ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau, 1973/74]

Data: 13 de dezembro de 2014 às 07:23
Assunto: "BOR"

Boas festas, embaixador!..

Tinhas razão em relação à agonia do "BOR"... Vou publicar esta nota do João Parreira, comando de Brá, 1965/66...

Um natal sem vulcões nem tsunamis...

Bebo um grogue à tua saúde e à felicidade do teu povo.
Luis

2. Mensagem do João Parreira  [, foto atual, à esquerda]:

[ex-fur mil op esp, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; ex-fur mil comando, Gr Cmds Fantasmas, CTIG, Brá, 1965/66]

Data: 12 de dezembro de 2014 às 23:09
Assunto: "BOR"

Boa noite Luís,

Os meus camaradas que fizeram a viagem para Bolama na "BOR"[, em 1964,]  e que contatei, já me responderam a dizer que não tinham nenhuma foto.(**)

Assim, comecei a procurar e acabei agora de descobrir onde fui buscar a foto do ferry-boat "BOR" com a qual ilustrei o meu diário na parte referente à minha viagem para Bolama em 1964.

Foi no blog guinebissaulembrancas.blogspot. A foto da balsa "BOR" foi tirada em 1978 por um casal de brasileiros que viveu na Guiné em 1978-79.

Um abraço.
João


3. Comentário de LG:

O nosso camarada Manuel Amante, que conheceu bem as embarcações que sulcaram os rios e braços de mar da Guiné, já nos tinha chamado a atenção para o facto de esta foto do "BOR", enviada pelo João Parreira, ser de alguns anos após a independência da Guiné, sendo mais provavelmente  do "início possível do seu desmantelamento". E comentava: " Uma sombra triste e desolada de uma embarcação que, sob qualquer tempo ou contingência, muito navegou pelos rios e canais da Guiné". (***)

No sítio Guiné-Bissau Recordações em Imagens, encontrámos uma foto de outra embarcação que faz parte parte das memórias do Manuel Amante, o "Corubal"
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Notas do editor:

 (*) Sítio Guiné-Bissau Recordações em Imagens (*):

De um casal de brasileiros que viveu naquele grande pequeno país em 1978-79, voluntários das Nações Unidas, professores do Jardim Escola e da Escola Piloto do PAIGC, na ilha de Bolama, arquipélago dos Bijagós.

(**) Vd. poste de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13969: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (90): Foto do ferryboat BOR que levou a CART 730, de Bissau para Bolama, um dia depois de desembaracar do T/T Niassa (João Parreira, ex-fur mil op esp e cmd, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; Gr Cmds Fantasmas, CTIG, Brá, 1965/66)

(***) Último poste da série > 7 de dezembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13981: (Ex)citações (255): Fomos pioneiros numa série de coisas: (i) a colorir fotos a preto e branco para matar o tempo; (ii) a recliclar garrafas de cerveja; (iii) a fazer cadeiras de baloiço com as aduelas dos barris ... (José Nunes, ex-1º cabo eletricista, BENG 447, Brá, 1968-70)

Guiné 63/74 - P14037: Estórias cabralianas (85): uma floresta de árvores de Natal... (Jorge Cabral)


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Tabanca de Iale Varela > Dezembro de 2010 > Crianças felupes.

Foto:  © Patrício Ribeiro (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. Mensagem de ontem do Jorge Cabral...(e lá dentro uma estória de encantar, que só podia sair da "pena de ouro" do nosso "alfero Cabral"):


Com os votos de um Natal-Natal! E um GRANDE ABRAÇO! 
 J. Cabral


2. Estórias cabralianas > Uma floresta de árvores de Natal... Ou natalício apanhanço ?

por Jorge Cabral

[ex-alf mil art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71; jurista, prof ensino sup univ, reformado]

A 24 de Dezembro pela manhã, fomos a Bambadinca. Trouxemos bacalhau e o correio. 

Para mim chegou uma carta dos meus sobrinhos, escrita pela minha irmã. Dentro dela, um desenho do Pai Natal. Barba branca e uns óculos na ponta o nariz. Tal e qual eu ,agora…

À noite consoámos. Nem tristes, nem alegres.

No dia 25, como fazia sempre de madrugada, fui atrás do meu abrigo, junto ao arame, aliviar a bexiga. Mas, mesmo antes de iniciar a função, olhei a mata. Olhei e vi todas as árvores enfeitadas com luzes e bolas cintilantes:
 –Venham ver! – gritei.

Toda a gente dormia... Só apareceu um puto, o Braima, neto da Binta, que ficou extasiado.

Ao almoço relatei a maravilha. Ninguém levou a sério.  Chamei o Braima, mas de nada serviu. Natalício apanhanço, comentou o Branquinho…

Quarenta e quatro anos passados, confirmo. Eram milhares de árvores de Natal.!

Já contei ao meu neto. Acreditou…

Jorge Cabral

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Nota do editor:

Últimos cinco  postes da série > 


(...) Um dia, ouvi, em Bambadinca, que ia haver um campeonato de futebol. Para além da CCaç 12 , entravam todos os Pelotões e Serviços da CCS. Inscrevi o Pel Caç Nat 63, embora não tivéssemos equipa, nem sequer bola, que me apressei a adquirir.

Chegado a Fá, ordenei treinos diários. Tarefa difícil, pois os meus soldados africanos nem as regras conheciam. Eram fortes e rápidos, mas pareciam especialistas em sarrafadas. Para tirar a bola ao adversário valia tudo. (...)



26 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12345: Estórias cabralianas (83): Da Gata Catota à Tabanca da Queca... (Jorge Cabral, com bolinha...)

(...) No fim dos anos 70, era um simpático advogado, com muitas clientes que me gabavam a grande sensibilidade…Entre elas, destacava-se a D. Prazeres, que eu divorciara de um marido violento e me assediava todos os dias, com questões que, de jurídico, tinham muito pouco. (...)


2 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12238: Estórias cabralianas (82): Quando cabeças e rabos não são equivalentes, e nem sempre dois mais dois são igual a quatro: O Sitafá, as fracções e as sardinhas (Jorge Cabral)

(...) Em Missirá durante dois meses, estivemos sem abastecimentos. Época das chuvas, o sintex e os dois unimogues avariados .Ainda tínhamos conservas,mas faltavam as batatas, o vinho e o arroz para os africanos. Um dia porém, o Pechincha conseguiu fazer dos dois burrinhos, um, que andava. Fomos a Bambadinca, deixando a viatura, à beira da bolanha de Finete, que atravessámos até ao rio, o qual cambámos na piroga do Fodé. (...)


30 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12222: Estórias cabralianas (81): Em Vendas Novas, de ronda, na Tasca das Peidocas (Jorge Cabral)

(...) Em Janeiro de 1969, eis-me garboso aspirante na E.P.A. [Escola Prática de Artilharia], em Vendas Novas. Ao contrário dos outros aspirantes, encarregados da instrução no C.S.M. [, Curso de Sargentos Milicianos], eu fui colocado na Secção de Justiça e na Acção Psicológica, sendo ainda nomeado árbitro de andebol da Região Militar. (...)

13 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12035: Estórias cabralianas (80): As mulatas de Luanda (Jorge Cabral)

(...) Numa noite, no início de Maio de 1968, apareceu-me irritado o meu amigo Filipe. Ia para a tropa.
– Tens a certeza Filipe? Olha vamos passar por lá, pela Junta de Freguesia. (Onde à porta afixavam as listas).

E fomos. Corri os olhos pelo edital e era verdade. Lá constava, Filipe Narciso Gonçalves da Silva. Só que, um pouco mais abaixo, encontrei o meu nome, Jorge Pedro de Almeida Cabral. Devia ser engano, um erro, eu tinha direito a adiamento. Que o Filipe fosse, não era para admirar. De igual idade e entrados ao mesmo tempo na Faculdade, ele não passara do primeiro ano, enquanto eu contava acabar o curso no ano seguinte. (...)


Guiné 63/74 - P14036: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (2): Memórias do passado que são presente – o NATAL (Jorge Araújo)



1. O nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974), enviou-nos a seguinte mensagem de Natal: 

Caríssimos Camaradas,

Não podia deixar de vos enviar esta mensagem de BOAS FESTAS, desejando-vos um SANTO NATAL e um melhor ANO NOVO, com muita saúde, extensiva a todos os restantes familiares.

Para os outros membros da nossa «TABANCA», e leitores assíduos, seguem iguais votos, enquadrados por uma pequeníssima narrativa histórica relacionada com os três NATAIS da CART 3494, contabilizados durante a sua Comissão de Serviço no CTIG. 

Com os meus melhores cumprimentos,

BOAS FESTAS
AO COLECTICO TERTÚLIANO DA «TABANCA GRANDE»
- BOM NATAL E UM ANO DE 2015 COM MUITA SAÚDE-


Foto 1 [postal BF] – Bafatá - Dez/1972. Loja das Libanesas… uma das paragens obrigatórias quando nos deslocávamos a Bafatá… Aí comprávamos quase tudo… para consumo interno e externo.

I– INTRODUÇÃO

- Memórias do passado que são presente – o NATAL

Há quarenta e três anos atrás,ou seja, em 22 de Dezembro de 1971, 4.ª feira,no Cais da Rocha, em Lisboa, a tripulação do N/M NIASSA aguardava, para nova viagem ultramarina até ao Cais do Pidjiguiti, em Bissau, a chegada de mais algumas centenas de jovens milicianos nascidos maioritariamente no ano de 1950. A bordo estaria um novo contingente militar mobilizado para cumprir a sua missão no CTIGuiné, pelo menos por um período de dois anos.

Por volta do meio-dia, esse contingente metropolitano organizado em Batalhão [BART 3873 //CCS +CART3492; CART 3493 e CART 3494]e, ainda, a Companhia Independente CART 3521, formadas em Vila Nova de Gaia [Serra do Pilar] no Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 [RAP 2], depois de cumpridos todos os procedimentos oficiais, seguiu o seu destino,traçado pelo Estado-Maior do Exército, despedindo-se pela última vez de familiares e amigos presentes ao acto, acenando-lhes e ecoando em uníssono, com a intensidade e amplitude vocal possível a cada um naquela ocasião, «Adeus… Adeus… Adeus; até ao meu regresso!».

A viagem demorou uma semana, com a chegada a verificar-se em 29 de Dezembro de 1971, a escassos dois dias de nascer um novo ano.

Porque o regresso só aconteceu em Abril de 1974, o tempo total contabilizado pelo nosso efectivo em território da Guiné foi superior a vinte e sete meses e meio,ultrapassando largamente o inicialmente previsto. Este período de tempo acabaria por ser considerado de “record de presença” durante o conflito militar [1963-1974].

Deste modo, foram três as Quadras Natalícias que a maioria de nós gravou no seu diário. A de 1971, a bordo do N/M Niassa; a de 1972, no Xime, e a de 1973, em Mansambo. 

Recordo, neste contexto, através de algumas imagens recuperadas do baú de memórias, cada um desses momentos, com excepção da viagem marítima de que não possuo qualquer prova, na medida em que não embarquei nesta data.

Por essa razão, se algum dos camaradas que fez esta viagem tiver alguma foto, independentemente da Unidade a que tenha pertencido… faça o favor de a(s) divulgar. O colectivo agradece.

1.º NATAL –>1971 = A BORDO DO N/M NIASSA


Foto 2 – Bissau - 29DEC1971. Chegada a Bissau do N/M Niassa com o contingente do BART 3873 [CCS; CART 3492; CART 3493 e CART 3494] e CART 3521 [Independente], dias depois de terem passado o 1.º Natal, fora do contexto familiar, algures no Oceano Atlântico. Foto do álbum de António Sá Fernandes, ex-Alf. Mil. CART 3521 e Pel. Caç. Nat 52[P10864-LG,com a devida vénia].

2.º NATAL –>1972 = NO AQUARTELAMENTO DO XIME


Foto 3 – Xime - Natal/1972. Mesas de militares da CART 3494, com excepção do 2.º GComb que, comandado pelo Alferes José Araújo [1946-2012] e pelos Furriéis Luciano de Jesus e Benjamim Dias, estava deslocado no Destacamento do Enxalé, margem direita do Rio Geba, em frente ao Xime. 


Foto 4 – Xime - Natal/1972. De pé, António Costa [1.ºC]; José Pacheco [20.º Pel Art]; Jorge Araújo e Mário Neves [Furriéis].

3.º NATAL –> 1973 = NO AQUARTELAMENTO DE MANSAMBO 


Foto 5 – Mansambo/1973. Da esquerda para a direita: Carola Figueira [Furriel]; António Costa, de pé [1.ºC-impd.M.Of.]; Orlando Bagorro [1.º Sarg]; Serradas Pereira [Alferes]; Luciano Costa [Cap Mil CMDT 3494]; Jorge Araújo, de pé [Furriel]; Lobo da Costa [Alferes Estagiáriodo Curso de Capitães]. 


Foto 6 – Mansambo/1973. 1.ª mesa: Orlando Bagorro [1.º Sarg] de costas; Serradas Pereira [Alf.]; Acácio Correia [Alf.] e Lobo da Costa [Alf. CC]. 2.ª mesa à esquerda: Carvalhido da Ponte; desconhecido; Jorge Araújo e Mendes Pinto [Furriéis]. 

Foto 7 – Mansambo/1973 [messe] – Da esquerda para a direita: Acácio Correia [Alf]; Jorge Araújo [Fur] e Lobo da Costa [Alf. CC] e Óscar Almeida [imp/messe, c/ óculos].


Foto 8 – Mansambo/1973 – Coluna de abastecimento -picada Bambadinca/Mansambo.

Termino, enviando a todos os camaradas tertulianos daTABANCA GRANDE, e aos leitores assíduos donosso blogue, uma MENSAGEM DE BOAS FESTAS, em particular aoLuís Graça, ao Carlos Vinhal e ao Magalhães Ribeiro, equipa de editores sempre operacionais na difícil tarefa[diária] de ordenar a prosa e as imagens enviadas pelos camaradas grã-tabanqueiros, realizadas nos seus tempos de lazer que deixam de o ser por amor a esta nossa causa colectiva, envolvendo, por isso, muitíssima dedicação, e a quem estou naturalmente grato.

QUE TENHAM UM BOM NATAL 
E UM ANO DE 2015, DIFERENTE PARA MELHOR,
COM MUITA SAÚDE E FELICIDADE.

Um abraço,
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
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Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P14035: In Memoriam (211): Manuel Jorge Martins Gomes, ex-alf mil at art, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74 (António J. Pereira da Costa)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Cais do Xime > 1972 > Reconstituição possível da legenda: "[Da esquerda para a direita,] Viegas, eu,  Carneiro, Gomes e Pereira"... Não sabemos de quem é a foto.  Foi nos enviada pelo nosso camarada Tó Zé [Pereira da Costa]...

Num belíssimo e tocante texto que ele escreveu há uns anos  [Poste P5456, de 13/12/2009, que merece ser relido] o nosso Pereira da Costa evoca estes seus  oficiais milicianos, com destaque para o infortunado Martins Gomes que fora seu colega de liceu, embora mais novo.

Além do cap mil art António José Pereira da Costa (que esteve no Xime entre Agosto e novembro de 1972, sucedendo-lhe o cap mil Luciano Carvalho da Costa), há aqui (na foto e no texto)  referências aos alf mil art Acácio Dias Correia,  Manuel Barbosa Carneiro e Maurício Viegas (do Pel Art que operava o obus 10.5)




1. Mensagem, de ontem à noite, do António J. Pereira da Costa [cor art ref, ex-alf art, CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art, CART 3494/BART 3873, Xime, 1972, e CART 3567, Mansabá, 1972/74] [, foto atual à esquerda]


Camarada:

Para já uma notícia triste. Morreu o ex-alf at art  Manuel Jorge Martins Gomes, meu alferes da CART 3494.

Depois daquela "aventura",  regressou e fixou-se em Mem Martins. Estabeleceu consultório como dentista e era atencioso e eficaz.

Um dia fechou o consultório e perdi-o até o encontrar nos convívios da CART 3494,  levado pelo Acácio Correia [, ex-alf mil art,] que o ia buscar e entregar ao Telhal [, Casa de Saúde do Telhal, instituição psiquiátrica fundada em 1893, pelos Irmãos São João de Deus].

Era meu ex-colega de Liceu Passos Manuel, mais novo, onde era um puto reguila e hiperactivo.

Na Guiné, a vida não lhe correu nada bem e nunca se adaptou ao sítio e às tarefas. Cada um reage como pode ou o seu íntimo lhe dita. Tinha uma grande paixão pela esposa e filhota (nessa altura não havia ainda o rapaz) e ia para o mato com as fotografias delas num saquito de plástico. Descrevi-o em "As idas ao Fiofioli" [, poste P5456].

Se quiseres,  publica a notícia. Por mim  vou avisar a malta da CART 3494. com quem contacto.
Na foto acima, o Gomes é o segundo da direita, com uma "bejeca" na mão.

Um Abraço
António Costa

2. Excerto do poste de 13 de dezembro de 2009 >  Guiné 63/74 - P5456: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (1): Esta noite fomos ao Fiofioli

(...) Na messe havia também um bar, que não passava do aproveitamento do espaço entre duas rulotes, onde fora construído um balcão em madeira e verga. Atrás do balcão, funcionava um frigorífico a petróleo, cuja mecha se apagava sempre que a artilharia fazia fogo. Recordo-me que tinha prateleiras, cuja utilidade não descortinei, por estarem sempre vazias. Não serviam para nada, mas decoravam. Já se imaginou um bar sem prateleiras?

Era naquele espaço que ficávamos, depois do jantar, a conversar acerca de tudo o que fosse surgindo. Passaram vários por ali, mas, normalmente éramos quatro ou cinco. Recordo o Gomes, o Carneiro, o Pinho da Artilharia, rapidamente substituído pelo Viegas, o Sousa e o Pereira. Enquanto lá estive, passou por lá o Correia, muito activo e animado, mas que, ao fim de poucas semanas, foi transferido, não sei para onde, após uma visita do brigadeiro adjunto-operacional.

O ambiente era triste e lúgubre. As conversas banais ou profundas, sem que para isso houvesse intenção dos participantes. Tinha de ser assim, entre tão poucas pessoas forçadas a conviver num espaço tão reduzido. Muitas vezes falávamos da guerra e da política do país. Debatíamos a guerra quer na Guiné, quer no sector que nos tinha tocado. Neste último tema não havia grandes inovações e acabávamos sempre a comentar as “últimas notícias do Batalhão” [, BART 3873].. Eram normalmente histórias cómicas, que resultavam de mal-entendidos ou situações pouco claras. [...]

Descrito o ambiente e as rulotes, passemos aos seus habitantes.

O “Manel” Gomes tinha andado comigo no liceu Passos Manuel. Dois ou três anos mais novo, era um miúdo agressivo, sempre em actividade e que não podia deixar de chamar a atenção para os seus cabelos louros encaracolados e os olhos azulíssimos. Era aquilo a que podíamos chamar um malandreco reguilote.

Passados dez anos, ali estava ele, praticamente só, no comando de mais de meia-companhia. Quando cheguei, estava a braços com os restos da emboscada na Ponta Cóli, que tinha dado vários feridos e a morte ao furriel Bento. Havia tarefas burocráticas a cumprir e prazos a respeitar e o Gomes sofria por não saber o que fazer, parecendo não ter apoio de ninguém. Suava quase permanentemente e vivia numa tensão que não abrandava. Amava profundamente a mulher e a filha e, numa pequena embalagem de plástico, levava para as operações, num bolso do camuflado, uma frase escrita no reverso do retrato das duas:
- Abandonne-toi à ma providence et ne doutes jamais de mon amour. [Entrega-te à minha providência e nunca duvides do meu amor].

Era um jovem generoso a pedir que o guiassem. Quando retirámos da água o corpo sem vida do Sousa afogado no Geba, queria, recorrendo aos toscos conhecimentos dum primeiro ano de medicina incompletíssimamente estudado, retirar do corpo, a água que impedia que fosse metido no caixão. O Sousa acabou por ser sepultado em Bambadinca, dentro de um caixote de bacalhau, ao fim de vários dias de espera pelos ferros e luvas de autópsia que permitissem aproximar o corpo das suas dimensões normais. Vi, num programa da televisão portuguesa, o estado em que a sepultura está, passadas que foram quase quatro dezenas de anos. Com poucas defesas a nível psíquico, o Gomes sofria cada vez mais. Voltei a encontrá-lo, na terra onde ambos vivemos. Era dentista, bem afreguesado e foi o dentista da minha família até que o consultório fechou. O resto todos sabemos. [...]

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Guiné 63/74 - P14034: Parabéns a você (830): António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto do HM 241 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14028: Parabéns a você (829): Francisco Santos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 557 (Guiné, 1963/65) e Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494 (Guiné, 1971/74)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14033: Memórias da CCAÇ 1546 (Domingos Gonçalves) (7) - Reportagens da Época (1967): Guidaje - Assalto a Cumbamory - Operação Chibata

1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) com data de 9 de Dezembro de 2014:

Prezado Dr. Luís Graça:
Tomo a liberdade de remeter mais um pequeno contributo, que poderá publicar, se o entender conveniente.

Com um abraço amigo,
Domingos Gonçalves




MEMÓRIAS DA CCAÇ 1546 (1967)   
REPORTAGENS DA ÉPOCA

7 - GUIDAJE 1967

Mês de Dezembro
Dia 10

Assalto a Cumbamory - Operação Chibata

Picou-se a estrada até ao Cufeu para facilitar a passagem da coluna de abastecimento.

À tarde, pelas vinte horas, chegou uma coluna com cerca de 140 homens. Afinal, não vieram por causa do reabastecimento, mas com a finalidade de efectuar uma operação. O reabastecimento foi só uma consequência...
Comeram no destacamento.

Pouco antes da meia-noite, reforçada por uma secção do destacamento e pelos caçadores nativos, a força que chegou de Binta, comandada pelo capitão da Companhia 1546, partiu rumo à casa de mato de Cumbamory, atravessando a fronteira e fazendo a aproximação por território do Senegal. Aliás, há entre nós algumas dúvidas quanto à situação real dessa base terrorista, que estará situada mesmo sobre a linha de fronteira, ou mesmo em território senegalês.

É a operação “Chibata” que está a iniciar-se. Uma operação que envolve riscos consideráveis para as nossas tropas. Qualquer ataque a uma base dos turras envolve sempre riscos. O ataque a Cumbamory, dado tratar-se de uma base bastante grande, através da qual passa grande parte do pessoal e do equipamento que o PAIGC infiltra no território, é arriscado e perigoso. Amanhã saberemos mais alguma coisa sobre tudo isto. Mas não me parece que os altos comandos tenham medido e calculado todos os riscos que esta operação envolve. A única coisa que pode ser favorável aos nossos homens é o efeito surpresa, se for possível atingir o objectivo e atacá-lo sem que os gajos se apercebam da aproximação dos nossos soldados.

A força que partiu para a operação, cerca de 170 homens, é constituída por dois grupos de combate da minha Companhia, pelos Roncos de Farim, por um grupo de combate pertencente à Companhia de Intervenção estacionada em Farim, por uma Secção do Destacamento, e pelos Caçadores Nativos de Guidage. Aparentemente 170 homens poderá parecer uma força considerável, mas de facto não é. Todos os homens estão fisicamente debilitados, vão chegar à base do inimigo muito cansados, e apenas vão poder contar com eles próprios. Ao alvorecer, quando atacarem a base, não podem contar com apoio aéreo, por ser muito cedo e porque os aviões, mesmo sobre a linha de fronteira, não costumam actuar.
Ou se conseguem desenrascar sozinhos, com os próprios e escassos meios, ou então estará tudo perdido.


Dia 11

Levantei-me muito cedo e fui para o Posto de Transmissões à espera dos resultados da operação, mas aos operadores de rádio não tinha chegado, ainda, nenhuma notícia.

Pelas sete horas e meia as forças de Bigene, que também actuavam na zona, na área de Jambacunda, mas que não chegaram a ter contacto com os gajos, ligaram para Guidage e disseram que, pelas seis horas da manhã, e durante cerca de meia hora, escutaram muitos rebentamentos. Em Guidage, dada a distância, não se tinha escutado nada. Fiquei por isso a saber que tinha havido contacto com o inimigo, e que esse contacto apenas poderia ter acontecido com a Companhia 1546.

Da força que partira de Guidage, e que tinha por missão actuar sobre o objectivo, não havia notícias. Sabíamos, no entanto, que a fogachada que os de Bigene tinham escutado, apenas poderia ter acontecido durante o ataque das nossas tropas a Cumbamory, ou em resposta a alguma emboscada que os tipos lhes tivessem preparado.

Pelas oito horas chegou a avioneta, que fez em Guidage o lançamento do correio e se dirigiu para o local das operações.

Pelas oito horas e meia, as forças que partiram de Guidage, e que tinham atacado Cumbamory, entraram em contacto com a avioneta.
Disseram que estavam já a regressar, mas que se deslocavam com muita dificuldade, ainda em território do Senegal, e que transportavam bastantes feridos e muito material apreendido aos turras durante o assalto a Cumbamory.

A avioneta deslocou-se a Guidage e mandou que enviássemos viaturas à fronteira para recolher, logo que possível, homens e material, o que rapidamente se fez.

Fui com as viaturas até onde me foi possível e, depois, atravessei a fronteira com um pequeno grupo de soldados, e orientado pela avioneta progredi em território senegalês, ao encontro da nossa força, para a auxiliar na retirada.

Quando se chegou a Guidage já se encontravam lá estacionados dois helicópteros prontos a transportar os feridos para o hospital militar.
Logo após a chegada ao destacamento de Guidage os feridos foram devidamente tratados por duas enfermeiras pertencentes à tripulação dos helicópteros e seguiram para Bissau. Nenhum dos feridos se encontra em estado muito grave.

Durante o voo para Bissau, só a presença daquelas duas raparigas bonitas, deve ter sido suficiente para restituir aos feridos a saúde e a integridade psíquica, tão afectadas pelos ferimentos provocados pelos tiros e pelas granadas que tiveram que enfrentar.

A operação teve certo êxito mas não correu bem.

As nossas forças aprisionaram 5 turras, terão causado ao inimigo bastantes mortos e feridos. No relatório da operação mencionaram-se 34 mortos confirmados, para além de um número indeterminado de feridos. De qualquer modo talvez estejamos perante um número demasiado elavado. As nossas forças capturaram, para além dos prisioneiros, o seguinte material:

2 morteiros de 82mm,
12 granadas para esses morteiros,
1 pistola metralhadora,
1 espingarda semi-automática,
1 aparelho de pontaria de morteiro 82mm,
1 estojo de cirurgia,
3 cantis,
Material diverso para montagem de tendas,
2 bolsas de enfermagem,
1 granada de mão,
2 auscultadores de telefone,
2 pastas com documentos,
Diverso material de instrução,
Livros cubanos,
Cadernos e revistas,
Medicamentos.

Mas, para que tudo isso fosse possível, as nossas forças sofreram quatro mortos, ( 2 europeus e 2 africanos ) cujos cadáveres não puderam ser recuperados, um desaparecido e bastantes feridos com alguma gravidade. Foi um preço muito elevado, demasiado grande, mesmo tendo em vista os resultados conseguidos. A vida de um soldado, ou o sofrimento e as mutilações, têm um preço que não pode ser comparado com o valor de umas armas capturadas, por mais sofisticadas que elas sejam. Mas há por aqui quem pense o contrário... Quem olhe quase com adoração para as armas capturadas e se esqueça que foram pagas com muito sangue e com muita dor... Isto chama-se trocar o que não presta, o que não vale nada, por aquilo que não tem preço...

Estupidez humana! A loucura de tudo isto é cada vez mais evidente e já nem se lhe vislumbram os limites.

As nossas forças deixaram ainda no local as armas e outro equipamento militar pertencente aos soldados mortos.

Esta operação não falhou porque a tropa é decidida, é dura e sabe combater. Muitos destes homens, brancos e negros, têm um grande desprezo pela vida e são bravos a valer.

Se assim não fosse este assalto a Cumbamory poderia ter sido um desastre. Planeou-se a operação pensando encontrar no objectivo um inimigo composto por 20 ou 30 homens armados (ou então quem faz os planos engana deliberadamente quem os deve concretizar) talvez com um morteiro e algumas armas ligeiras, e Cumbamory é uma verdadeira cidadela militar do PAIGC.

Os nossos 170 homens encontraram pela frente perto de 300 (?) elementos, dispondo de armas ligeiras, várias bazookas, morteiros de 60mm, lança rokets, morteiros 82mm, e outro armamento diverso.

Os prisioneiros disseram que em Cumbamory havia também 4 canhões que não chegaram a fazer fogo.

Em face da força que encontraram pela frente os nossos homens portaram-se bem e foram corajosos para progredir até ao local onde se encontravam os morteiros, dos quais o inimigo ainda se terá servido.

Segundo os prisioneiros, encontrava-se em Cumbamory, no momento do assalto, Luís Cabral, que terá fugido imediatamente numa viatura para o interior do território do Senegal. Segundo o mesmo relato, ontem terá havido uma festa no acampamento, encontrando-se no mesmo um grupo de Comandos do PAIGC, deslocado da área de S. Domingos. Durante a noite de hoje para amanhã viriam atacar Guidage.

Se o relato for verdadeiro esta operação teve pelo menos o mérito de evitar um ataque a este meu reino. De qualquer modo, o melhor é a gente continuar à espera deles. Segundo dizem os prisioneiros, em Cumbamory o pessoal passa fome. Apenas os soldados comem alguma carne e batatas, e ganham algum dinheiro. Para os carregadores há apenas arroz que se esgota muitas vezes. O acampamento dispõe de uma escola onde se ensina a língua portuguesa, de uma enfermaria razoável, verificando-se de quando em quando a visita de um médico, que deve ser cubano. Os cubanos do acampamento deslocam-se muitas vezes para fora do mesmo, a fim de se encontrarem com Amilcar Cabral, que não lhes paga na presença dos africanos. Em Farim, ao que me parece, não se presta grande atenção às informações recolhidas em Guidage, o mesmo acontecendo em Bissau. Desde há muito que mandamos dizer que em Cumbamory existe muito pessoal armado e muitas armas pesadas, mas não acreditaram em nós. O resultado poderia ser um desastre para as nossas forças. As forças que participaram na operação seguiram para Binta pelas dezasseis horas, mas só lá conseguiram chegar perto das vinte e uma. Iam todos muito cansados, quer física, quer psiquicamente. Depois de uma viagem de cinco horas até Binta todos os soldados devem ter lá chegado cansadíssimos, autênticos farrapos humanos.

Afigura-se-me que este foi o último trabalho sério que os homens da Companhia de Caçadores n.º 1546 foram incumbidos de realizar. Foi uma despedida terrível, que teve tanto de doloroso como de heróico. Foi, de longe, a missão mais arriscada e perigosa que nos foi confiada ao longo de todos estes largos meses de Guiné, que já temos. Mas foi uma missão que se levou até ao fim com bastante êxito.
E agora, já é mais que tempo para nos deixarem descansar em definitivo.

Já todos temos mais do que direito ao repouso dos guerreiros... Que ele nos seja finalmente concedido.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13560: Memórias da CCAÇ 1546 (1967) - Reportagens da Época (Domingos Gonçalves) (6): Guidaje 1967