terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15493: Tabanca Grande (477): José Manuel Sarrico Cunté - "mininu" Zé Manel do nosso camarada Manuel Joaquim - 706.º Grã-Tabanqueiro

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67), com data de 18 de Novembro de 2015, que a nosso pedido fez este trabalho para podermos apresentar formalmente o nosso novo amigo tertuliano, José Manuel Sarrico Cunté:

Meus caros camaradas 
O meu "menino da Guiné" Zé Manel mostrou interesse em fazer parte do mundo desta nossa Tabanca Grande. Mas também me diz que não domina o uso de computadores e que tem dificuldades na sua utilização. E tem ainda mais problemas quanto ao uso de computador. O apoio dos filhos está agora difícil porque o computador que tem em casa não está funcional e outro, de que pode servir-se pontualmente, é o da filha mais velha que já não vive com os pais. De qualquer modo agrada-lhe a ideia de se tornar membro do blogue. 
Combinámos ser eu a fazer a sua apresentação, pode ser? É o que estou a fazer enviando um trabalho meu que penso poder servir para esse efeito, trabalho este que é do seu conhecimento. 
Bem, o que interessa é que ele se inscreva. Os problemas informáticos resolvem-se, com maior ou menor dificuldade. 
Aguardo a vossa opinião sobre este assunto se acharem por bem dar-ma. 

Saudações fraternas
Manuel Joaquim

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“Nha mininu” Zé Manel

“Nha mininu”, na festa dos seus 50 anos, com os padrinhos Manuel Joaquim e Deonilde Silva

Em 10/11/2010 foi publicado neste blogue o P7261 – História de vida: Adilan, nha mininu ou como se fica com um menino nos braços, onde são narradas as circunstâncias que me levaram à decisão de trazer um menino da Guiné, de nome José Manuel Sarrico Cunté, como decorreu essa vinda e como se integrou a criança na minha vida familiar e na vivência local. Na altura apresentei-o com o seu nome original, Adilan, nome que só ficámos a conhecer, eu e ele, muitos anos mais tarde quando voltou a viver na Guiné e conseguiu encontrar os seus pais. A propósito, ver o P7267, onde se relata o acontecido.

Acompanham essa história diversas fotos mas só duas se referem aos primeiros dias vividos no seio da sua nova família. Tinha mais algumas em “slides” mas perdi-lhes o rasto quando casei e saí da casa paterna. Na altura bem procurei, mas sem resultado. Recentemente, ao tentar recuperar um móvel vindo dessa casa tive a alegre surpresa de encontrar a caixinha com esses “slides”, perdida no fundo de uma gaveta há mais de 40 anos. São essas fotos do menino Zé Manel que, para além de umas outras, agora publico.

Para ajudar a enquadrar o tema transcrevo do já referido P7261 a descrição dos momentos vividos no final de Outubro de 1966 em que me responsabilizei por um pretinho, recolhido pelo 2.º Sargento Casimiro Sarrico durante uma operação militar realizada em Janeiro daquele ano. Este militar ficou a cuidar da criança durante cerca de dois meses, até ficar gravemente queimado por uma granada de sinalização que rebentou num bolso do seu camuflado. Evacuado para Lisboa, morreu no HMP alguns anos depois. E o menino foi levado para a caserna por soldados da CCaç 1419 e com eles ficou a conviver, ficando a ser conhecido por Sarrico como é fácil de entender.

(…) 
“Nas vésperas da mudança, a sociedade civil local organiza um convívio para agradecer o trabalho da Companhia durante os 12 meses que permaneceu em Bissorã. Foram convidados os oficiais, os sargentos e algumas praças. Bom ambiente, muitas bebidas, bons petiscos e, com coisas destas, pouco tempo é preciso para se esquecer a razão das despedidas. Às tantas, alguém me convoca: 
– Meu furriel, há para ali pessoal que quer falar consigo. Pedem p´ra ir lá. 
Estranhando o despropósito do momento e da hora, bem noturna, lá vou até à porta. 
 – Oh nosso furriel, um favor, veja se convence o nosso capitão a deixar levar o Sarrico c´a gente p´ra Mansabá! É que ele não autoriza, já fizemos tudo e... nada! Veja lá se o convence! 
Tento dizer-lhes que o capitão lá terá as suas razões... assunto complicado... não deve ser possível levar o miúdo... Mas perante tanta insistência, não resisti: 
– Está bem, estejam descansados que eu vou tentar! Esperem aí! 

Pego num uísque e por ali fico bebericando, conversando e aguardando a oportunidade de cumprir o prometido. Falo com alguns camaradas sobre o assunto mas ninguém está ali para pensar nisso. O ambiente está animado, barulhento e para mim… há uma resposta a dar ao pessoal que espera lá fora. Vamos lá! 

Qual mensageiro da plebe castrense, já envolto em vapores etílicos, um bocado “leve” no andar e de fala um pouco entaramelada, lá vou eu ao encontro do capitão. De chofre, sem rodeios, em voz bem alta: 
– Meu capitão, por que não deixa ir o Sarrico c´os soldados p´ra Mansabá? Estão pr´ali quase a... 

Nem me deixa acabar. Com a voz ainda mais alta que a minha, atira logo: 
– Meu caro Manuel Joaquim, responsabiliza-se por ele?

Pimba!!! ... que grande “martelada” na tola! Inesperadamente, em décimas de segundo, os meus neurónios excitados (anestesiados?) pelo álcool devem ter decidido eu dizer de imediato: 
– Responsabilizo, pois!

O capitão, talvez surpreendido com tal resposta, engasga, pigarreia e ... 
– Então está bem! Se assim é, o rapaz fica ao seu encargo a partir de agora! 
– Com certeza, meu capitão! Vou já avisar o pessoal!

E não houve mais conversa! Meia volta e lá vou eu para a porta da rua ter com a malta, um pouco zonzo com o que me está a acontecer: 
– Podem levar o Sarrico! A partir de agora está por vossa conta. E minha!!! 
– Eh!.. bestial !!! Obrigado!!! 

Caem-me em cima festejando e voltam para a caserna, rua fora festejando... eu volto à sala para festejar, digo a alguém “ já me f... ! ” e agarro mais um uísque para me ajudar a digerir o assunto.” 
(…)
(Extrato do post P7261)

Logo ao alvorecer do dia seguinte ao facto acima narrado, lá segue o Sarriquito para Mansabá, integrado na CCaç 1419. Não tomei qualquer atitude para com o menino, era como se nada tivesse acontecido. Não falei com ele, nem sequer me aproximei durante os dois a três meses seguintes. Só quando decidi trazê-lo comigo é que começámos a conversar de vez em quando, mas sempre acompanhados por algum ou alguns dos soldados que se tinham comprometido a cuidar do menino.

Aproximando-se a data do fim de comissão, comecei a enfrentar um problema: Que fazer? Deixá-lo entregue “aos bichos” ou levá-lo para Portugal? A resposta está aqui neste post.

Saímos de Mansabá seis meses depois da saída de Bissorã e no dia 9 de Maio de 1967, à noite, o Zé Manel está em Portugal, perto de Pombal, e entra na minha casa paterna perante o espanto da minha mãe.

Lembro que trouxe o menino sem conhecimento da minha família nem sequer da mulher com quem eu casaria três meses depois. E só por uma razão, o ter receio de não ser capaz de enfrentar algum “NÃO” vindo das pessoas que me eram mais queridas.

Termo de compromisso e responsabilidade e autorização de viagem para Portugal.

A propósito de quando cheguei da Guiné ninguém saber nada sobre o assunto, transcrevo mais um bocadinho do P7261, na parte referente às primeiras horas vividas pelo Zé Manel no seu novo mundo, na sua nova casa de família, família de que ficou a fazer parte desde 1967. Esta transcrição começa logo a seguir a uma pergunta da minha mãe (- Então não levam o menino?), pergunta dirigida a quem me acompanhava quando cheguei a casa com o Zé Manel.

Não há entre nós, desde há muito, qualquer relação institucional de índole legal. O único documento oficial que existe é o “Termo de compromisso e de responsabilidade” acima referido, com efeitos só até à maioridade do menino.

(…) 
Como que ficam assarapantados com a pergunta mas, de imediato, lhes digo: “Não lhe disse nada!” E logo para ela: “O menino fica comigo!”. A mãe fica de boca aberta, não quer acreditar. E há mais uns minutos de conversa motivada pelas circunstâncias.

Ao reentrar em casa, verifico que ele está sentado no mesmo sítio. Olha-me calmamente, agora sinto que me olha mesmo! Espantam-me a calma e a confiança que aparenta. Belo trabalho dos soldados, só pode ser. 
Tentamos conversar. O seu português é tosco mas lá nos entendemos. 

Vamos comer mais alguma coisa enquanto minha mãe vai recuperando da surpresa e do espanto. Depois, o sono vem depressa ao seu encontro e ele já não acordou antes de ser levado para a cama. Minha mãe quer perceber o que aconteceu para ter assim um menino em casa. E que menino! A conversa prolonga-se.

Acordo, bem tarde, no dia seguinte. Estavam os dois, no quintal, a tratar das galinhas e doutra bicharada. 

“Maravilha!, sucedeu química entre eles!” – penso. 
E minha mãe, ao dar pela minha presença: 
– Queres saber? Logo de manhãzinha fui chamar as vizinhas: “querem ver a prenda que o meu Manel me trouxe da Guiné?” 
Olha, vieram a correr e abri-lhes a porta do quarto, só se via uma bola preta, assim a cara, com duas coisas mais claras, assim os olhos, e elas não sabiam o que era! Abri um pouco as cortinas da janela para verem melhor e nem imaginas como ficaram! Ele estava acordado, muito quietinho de olhos arregalados, só com a cabeça fora dos lençóis!

Bela cena! Respiro fundo e começo a sentir-me bem, verdadeiramente.” (…)
(Extracto do post P7261)

Algumas das fotos aqui publicadas foram tiradas no domingo 14 de Maio de 1967, o quinto dia após a chegada do menino Zé Manel. Os três tínhamos acabado de chegar a casa, vindos da missa na igreja paroquial. A realização da missa facilitou a apresentação do Zé Manel à “sociedade” local. Foi um sucesso.

Foto 1 - Maio de 1967 > No jardim da sua nova casa, poucos dias depois de chegar da Guiné.  
©Manuel Joaquim

Cinco dias depois de serem apresentados um ao outro, o tempo de convivência do Zé Manel com minha mãe já era superior ao que ele tinha tido comigo, incluindo o tempo passada na Guiné. Na Guiné e por minha opção, nunca convivi verdadeiramente nem sequer estive alguma vez com o menino a sós. Mas ele sabia que vinha comigo para Portugal. E veio, sem medo nenhum e já a gostar de mim. Tive a certeza disso em Abrantes, quando mo entregaram e ele se me entregou sem o mínimo problema. Os soldados com quem antes tinha convivido fizeram um trabalho extraordinário, preparando-o para este acontecimento.

Felizmente que tudo correu pelo melhor. Na aldeia e outras aldeias vizinhas, o menino era acarinhado por toda a gente mas o afecto de minha mãe sobressaía. Qual avó extremamente responsável e protectora, a senhora derramava sobre ele muita dedicação e carinho que só acabaram com a sua morte, 37 anos depois.

Foto 2 - 20 de Agosto de 1967 > Um casamento e um batizado. Logo a seguir ao meu casamento, houve o batizado do menino José Manuel Sarrico Cunté sendo meu pai o padrinho e minha esposa (a noiva) a madrinha. 
©Manuel Joaquim

Integrou-se rápida e perfeitamente na vida social local e viveu com minha mãe durante os anos seguintes, cerca de quatro. Sozinhos os dois em casa, excepto nas férias de meu pai que estava emigrado em França. Só acabou este convívio diário quando minha mãe também emigrou, juntando-se ao marido. E por isso fez-se a sua transferência de escola para Agualva, Sintra, onde veio completar os dois últimos períodos da sua 4.ª classe.

Foto 3 - Maio de 1967 > Puxando sons da harmónica, da qual tomou posse logo que nela me ouviu e viu tocar. 
©Manuel Joaquim

Foto 4 - 14/5/1967 > Explorando a harmónica com “madrinha” preocupada (?): “Este filho faz-me cada uma! Que vou fazer com este pretinho?” 
©Manuel Joaquim

Foto 5 - 14 de Maio de 1967 > Com minha mãe, acabados de chegar da missa. Cada um, à sua maneira, parece estar a digerir a situação de convivência a que se viram forçados desde há quatro dias. 
©Manuel Joaquim

Foto 6 - 14/5/1967 > Com a “madrinha” Piedade à volta das flores após chegada da missa dominical. O menino veste roupas compradas em Bissau pouco tempo antes do embarque. 
©Manuel Joaquim

Foto 7 - Maio de 1967 > Explorando espaços à volta da sua nova residência. 
©Manuel Joaquim

Foto 8 - Maio de 1967 > Junto do poço da horta, agarrado à vara da picota para tirar água e à sua já inseparável companheira, a harmónica. 
©Manuel Joaquim

Foto 9 - Maio de 1967 > Com os primeiros amigos da brincadeira, o Tino e a cadela “Tina” (de Valentina Tereshkova). 
© Manuel Joaquim

Foto 10 - Maio de 1967 > Serra da Sicó, vista do lado sul e da janela do quarto do menino Zé Manel. A primeira grande paisagem de Portugal que ele fixou e que o marcou, como também a mim quando pequeno. O meu “mundo” físico para além da Sicó era o mundo do mistério e da fantasia. 
©Manuel Joaquim

Quando em Janeiro de 1971 teve de vir morar comigo e com a madrinha, já havia cá em casa uma “mana” com dois anos e meio, a Alexandra, e pouco tempo depois nasce outra, a Catarina. Como memória desses tempos, aqui vão duas fotos:

Foto 11 - Carnaval > Agualva > Com a madrinha Deonilde, passeando as maninhas Xana “Pipi das Meias Altas” e Tita. 
©Manuel Joaquim

Foto 12 - Perto de Tomar com as suas “manas” Xana e Tita, numa pausa na viagem a caminho de Pombal e da “sua” aldeia, em visita aos padrinhos Zé Bispo e Piedade. 
©Manuel Joaquim

Para terminar, acrescento duas fotos recentes deste “menino” nascido em Janeiro de 1961.
Numa delas, tirada por ocasião do seu último aniversário, está na companhia da sua “mana” Alexandra, minha filha mais velha.
Na outra, ele e eu estamos acompanhados por três ilustres membros desta Tabanca Grande, posando todos para a objectiva de um outro prestigiado membro da Tabanca, o Jorge Portojo.
O Zé Manel acompanha-me quase sempre no convívio anual da CCaç 1419. Em 2014 foi escolhido o restaurante Choupal dos Melros em Fânzeres, Gondomar, para essa confraternização. A data de 10 de Maio coincidiu com a da Tabanca dos Melros no seu regular e sempre animado convívio no referido local. Esta coincidência de datas permitiu termos tido (CCaç 1419) a agradável surpresa da visita dos meus queridos camaradas deste blogue: Jorge Portojo, Carlos Vinhal, Jorge Teixeira e Fernando Súcio.

Foto 13 - Janeiro 2014 > Zé Manel com a sua “mana” Alexandra. 
© Manuel Joaquim

Foto 14 - Fânzeres, Gondomar > 10/5/2014 > Da esquerda para a dirteita: Fernando Súcio, Jorge Teixeira, Manuel Joaquim, Carlos Vinhal e José Manuel Sarrico Cunté. 
©Jorge Portojo

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2. Comentário do editor

Era imperdoável o "nosso menino" Zé Manel não fazer parte da tertúlia. Podemos dizer que a partir de hoje o nosso Xico de Fajonquito (Cherno Baldé) não está tão só.
O primeiro radicado em Portugal desde muito novinho e o segundo a viver no seu país, são dois bons exemplos daqueles meninos que de alguma forma gravitavam à volta dos militares. Foram tantos que não haverá nenhum combatente que não se lembre de os ver a fazer pela vida nos quartéis, procurando comida ou fazendo pequenos serviços. Comiam connosco e ajudávamos-lhes nos estudos. Dou o meu testemunho, recordando os jovens Adulai e Braima, rondando os 10 anos, que nos faziam companhia na Messe. Praticamente só dormiam na Tabanca. Tivemos ainda connosco, durante algum tempo, o Salifo Seidi, um menino muito pequeno, talvez com 5 anos, que a família quis retirar do quartel e enviar para a família, ao que sabíamos, simpatizante do PAIGC.

Não é necessário acrescentar mais nada a esta apresentação porque o Padrinho Manuel Joaquim a fez muito completa, além de que no nosso Blogue foram publicados alguns postes onde está documentada a vinda do Zé Manel para Portugal, basta clicar no marcador José Manel Sarrico Cunté, e porque ele já participou em Encontros Nacionais da Tabanca Grande.

Porque o nosso novo tertuliano não se dá muito bem com estas modernices da internete, pedimos ao Manuel Joaquim que seja portador do abraço de boas-vindas que a tertúlia e os editores lhe enviam.

O nosso obrigado ao Manuel Joaquim por este belo trabalho de texto e fotos de família.

Carlos Vinhal
co-editor
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15351: Tabanca Grande (476): Carlos Valente, ex-1.º Cabo do Pel Mort 2005 (Guiné, 1968/69), 705.º Grã-Tabanqueiro

Guiné 63/74 - P15492: Inquérito 'on line' (23): cerca de 57% dos respondentes, num total de 81, admitem que já caíram (ou foram tentados a cair) no 'conto do vigário', uma ou mais vezes, e sobretudo na vida civil...


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/73) > O fur mil op esp José Casimiro Carvalho, contando o patacão... Não, não se pense que foi ganho ao jogo (vermelhinha, lerpa) ou através do "conto do vigário"... É dinheiro honesto (*), daquele que custava... "sangue, suor e lágrimas"... Mesmo assim, quem não conhecer o Zé Casimiro até pode (ou podia) ser levado  a pensar que   ele estava a contar o "conto do vigário" à sua querida mãezinha para justificar a guita gasta...  em Bissau & arredores:

"[Carta] Cumeré, 12/7/73: Querida mãezinha: São 400$00, porque não autorizam a mandar mais, e só ficamos aqui com 1000$. Ontem fui a Bissau, e almocei lá, comprei umas coisitas, ‘roncos’ assim como fios com uma figurinha para pôr ao pescoço, uma carteira de pele de jibóia (50$00, candonga); e tirei fotografias num fotógrafo, 3 x 100$00… Sem saber como foram co’ caraças 300$00, não se pode ir a Bissau, no mato ao menos o dinheiro chega." (...)

Foto: © José Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, JÁ CAÍ (OU FUI TENTADO A CAIR) NO CONTO DO VIGÁRIO" (RESPOSTA MÚLTIPLA)


1/2. Sim, pelo menos uma vez, na vida civil (n=25) e/ou na vida militar (n=6) (Total: 34)
42,0%


3/4. Sim, mais do que uma vez, na vida civil (n=9) e/ou na vida militar (n=3)(Total: 12)
(14,8%)

 5. Não, nunca caí (ou fui tentado a cair) (n=28)
(34,6%)

6. Não sei / não me lembro (n=7)
(8,6%)

Votos apurados: 81
(100,0%)
Inquérito 'on line' fechado em  14/12/2015 | 6h39 (**)


II. Comentário do editor:

A peluda é mais propícia ao 'conto do vigário' do que a tropa: é o que se pode concluir desta breve inquirição junto dos nossos leitores... O que até se compreende: o controlo sobre os vigários é mais apertado, há o Regulamento de Disciplina Militar (RDM), etc., o que não quer dizer que dentro das quatro paredes de um caserna não possa haver otários e vigários ou vigários e otários (a ordem é perfeitamente arbitrária): um não existe sem o outro...Obrigado a todos/as que responderam.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  28 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3370: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão

Guiné 63/74 - P15491: Parabéns a você (1001): Francisco Santos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 557 (Guiné, 1963/65) e Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494 (Guiné, 1971/74)



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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15484: Parabéns a você (1000): José Vargues, ex-1.º Cabo Escriturário do BCAÇ 733 (Guiné, 1964/66)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15490: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (6): A Bandeira

1. Mensagem do nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art da CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) com data de 1 de Dezembro de 2015:

Caro Amigo Carlos Vinhal
Fui encontrar uma pequena história que escrevi há vários anos e que julgava perdida.
Vou digitalizar esta folha e enviá-la tal como está, porque gostava que ela entrasse para a Tabanca Grande.

Entretanto recebe um grande abraço.
José Nascimento


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Nota do editor

Último poste da série de 27 de julho de 2015 Guiné 63/74 - P14936: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (5): Idas a Bafatá para comprar vacas

Guiné 63/74 - P15489: Agenda cultural (447): Lançamento do 22.º livro, "As Guerras do Capitão Agostinho", de Carlos Gueifão e da reedição do 5.º livro, "Arcanjos e Bons Demónios", de Daniel Gouveia, no dia 15 de Dezembro de 2015, pelas 15 horas, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras (Manuel Barão da Cunha)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704/BCAV 705, Guiné, 1964/66, com data de 7 de Dezembro de 2015:

Integrado no 14.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, lançamento do 22.º livro, "As Guerras do Capitão Agostinho", de Carlos Gueifão e da reedição do 5.º livro, "Arcanjos e Bons Demónios", de Daniel Gouveia, no dia 15 de Dezembro de 2015, pelas 15 horas, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras. 

Fiquem bem e votos de Natal com Paz e Novo Ano com Saúde,
Manuel Barão da Cunha


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Nota do editor

Último poste da série de 13 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15481: Agenda cultural (446): Lançamento do livro "Marinha de Guerra Portuguesa – do Fim da II Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974”, de Pedro Lauret, 4ª feira, dia 16, no Museu da Marinha, às 18h. Apresentação a cargo do alm Fernando Melo Gomes e dr. Artur Santos Silva

Guiné 63/74 - P15488: Álbum fotográfico do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68): estava em Bissau quando chegou, em visita oficial, o então presidente da república, alm Amércio Tomás, em fevereiro de 1968


Fotop nº 8 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Palácio do Governador > O presidente Américo Tomás, tendo à sua direita o ministro do ultramar, Silva Cunha, cumprimenta, um representante da comunidade local [, possivelmente o deputado Pinto Bull]


Foto nº 1 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Praça do Império e Palácio do Governador > A população da cidade, com cartazes com dizereres como "Viva Portugal", aguarda a chegada do "homem grande" de Lisboa, que acabava de desembarcar do N/M Funchal, vindo de Cabo Verde.



Foto nº 6 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Praça do Império e Palácio do Governador >  Mais um aspeto da multidaão que se concentrou para dar as boas vindas ao presidente Américo Tomás


 Foto nº 2 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Praça do Império >  As "forças vivas" da província, com os régulos à frente (1)


Foto nº 3Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Praça do Império >  As "forças vivas" da província, com os régulos à frente (2)



Foto nº 5 Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 >  Visita do presidente da república > A criançada correndo atrás do cortejo automóvel

 Foto nº 7 > Guiné > Bissau > Feevereiro de 1968 > Praça do Império  >  Visita do presidente da República > Dançarinos balantas



Foto nº 4 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Praça do Império  >  Visita do presidente da República >  Coro feminino fula



Foto nº 10 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Frente ao palácio do Governador...


Foto nº 9 > Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Frente ao palácio do Governador... Quando o cigarro, em cerimónias oficiais, não social e politicamente incorreto...


Guiné > Bissau > Praça do Império > Fevereiro de 1968 >  Palácio do Governo e Praça do Império >  Visita do presidente da República, alm Américo Tomás, acompanhado do Ministro do Ultramar, Silva Cunha. Era então governador da província e com-cehefe o gen Arnaldo Schulz, em final de mandato. O nosso camarada Manuel Coelho estava lá, de máquina em punha, em final de comissão. E quis partilhar connosco estas imagens que têm as leituras que cada um quiser dar.


Fotos: © Manuel Coelho (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem; LG]


1. Fotos do álbum do Manuel [Caldeira] Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)].


O então presidente da república, alm Américo Tomás iniciou, em 2 de fevereiro de 1968,  uma visita oficial às "províncias ultramarinas" de Cabo Verde e da Guiné.

Chegou a Bissau, no N/M Funchal  e foi recebido, no palácio do governador e na praça do Império, a "sala de visitas" da capital, com as honras que lhe eram devidas. O Manuel Coelho, misturado na multidão e no grupo dos fotojornalistas que fizeram a cobertura do evento, registou, para a posteriudade, alguns aspetos da manifestação popular de boas vindas e de apoio. Não faltaram os régulos, fardados a rigor, bem como grupos de músicos e dançarinos que mostravam a diversidade étnica da Guiné (mulheres fulas, homens balantas)... Naturalmente, que o regime da época quis tirar os dividendos políticos (e até dipomáticos) do sucesso desta visita, reafirnando o "patriotismo dos guinéus" e o repúdio pelo terrorismo do PAIGC. A conjuntura político-militar era então delicada: Salazar ainda estaria no poder, até ao fatídico dia 3 de agosto de 1968, quando cairá da famigerada cadeira, no forte de Santo António, no Estoril, em período de férias. Portugal estava cada vez mais isolado no seio das Nações Unidas. E a herança (militar) de Schulz não era famosa. Seria substituída por Spínola, dentro de poucos meses.

Há, no sítio do Arquivo Histórico Ultramarino, mais de 1400 fotos desta visita [a Cabo Verde e à Guiné], da autoria do fotógrafo Firmino Marques da Costa, da Agência Geral do Ultramar. Podem ser visualizadas aqui

Nas  fotos relativas à Guiné podemos ver os cartazes de saudação do pessoal do porto de Bissau. A multidão encheu a praça do Império, empunhando cartazes de apoio à política ultramarina do Governo. No palácio recebeu os cumprimentos, entre outros,  de uma comitiva com a comunidade muçulmana. Noutra foto vemos Américo Tomás e Arnaldo Schulz recebendo as saudações dos clubes desportivos. Sabemos que houve  também missa e procissão, que partiu da catedral de Bissau, e onde se integrou o chefe de Estado. Enmfim, o cerimonial do costume, nestas visitas... Há também imagens de alguns locais no interior (por exemplo, Bafatá), se bem que as legendas sejam muito lacónicas e imprecisas.


2. O Manuel Coelho mandou-nos estas fotos há já alguns dias, e só as podemos publicar hoje por falta de tempo para as editar... Entretanto, no passado dia 9 recebemos a seguinte mensagem:
 Caros Editores do Blogue, enviei algumas fotos de quando Américo Tomás visitou a Guiné, mas
pensando melhor, e dado que ainda não foram publicadas no blogue, é melhor ficar sem efeito essa publicação,  pois dá uma certa aparência de louvor à mesma  visita, o que não é minha intenção.
No entanto ficam essas fotos em vosso poder para utilizarem como melhor entenderem.


Com amizade,
abraço, Manuel Coelho

A nossa resposta, de imediato,  foi a seguinte:

Manel, acuso a receção das fotos.. Obrigado, pela tua generosidade e gentileza... Vamos publicá-las, pois claro, têm muito interesse diocumental,,., A guerra já acabou, já não há mais propaganda, de um lado e do outro... Queremos agora recordar, compreender, explicar, dar a conhecer, divulgar... Fica descansado, faremos bom uso deste teu precioso material, e dando-te todos os créditos fotográficos... Um alfabravo fraterno. Luis.

Mais recentemente ele mandou-nos este recorte, digitalizado, de uma carta que deve ter mandado para a metrópole para os pais ou amigos,  com o seguinte teor:



Transcrição: 

"Cá [, em Bissau,] assisti à visita do sr. Presidente da República e tirei alguams fotos (poucas) em que aparaecde ele e os "Granjolas" e outras onde aparece o povo aglomerado em frente do Palácio do Governador. Tive de me misturar com aqueles profissionais dos jornais e rádios, lá consegui furar até eles, bastante  perto das entidades todas. Depois verão a reportagem".

Guiné 63/74 - P15487: Efemérides (205): Imposição de Medalhas Comemorativas aos Combatentes, dia 8 de Dezembro de 2015, no Regimento de Infantaria 13 de Vila Real (Fernando Súcio)

1. No passado sábado, na Tabanca dos Melros, o nosso camarada Fernando Súcio, que foi Soldado Condutor do Pel Mort 4275, Bula, 1972/74, disse-me que já tinha recebido a Medalha Comemorativa das Campanhas, requerida há algum tempo. 
Porque, lembrou-me o Fernando, tinha sido eu que o ajudei no requerimento, pedi-lhe que me enviasse algumas fotos da cerimónia, levada a efeito no passado dia 8 de Dezembro de 2015, no RI 13 de Vila Real, a fim de serem publicadas no nosso Blogue.

Mensagem do Fernando datada de 13 de Dezembro de 2015:

Amigo Carlos, 
Como o prometido é devido, aqui vão as minhas fotos relativas à imposição da minha Medalha Comemorativa das Campanhas da Guiné.
O meu muito obrigado pela tua preciosa colaboração. 

Os meus votos de Boas Festas para todos os camaradas da Tabanca Grande. 
Fernando Súcio


Parada do RI 13 - Guarda de Honra e os Combatentes a quem iriam ser impostas as Medalhas Comemorativas das Campanhas

Convívio entre militares e ex-militares após a cerimónia

Fernando Súcio no RI 13, Unidade Militar do seu Distrito

Mais uma foto para a posteridade


2. Comentário do editor:

A propósito desta cerimónia, relativa ao nosso camarada Súcio, lê-se, principalmente no Facebook, e ouvem-se alguns camaradas, após receberem a sua Medalha, dizerem que finalmente lhes foi concedida a Medalha Comemorativa das Campanhas. Nada mais errado. As Medalhas foram-nos atribuídas no fim de cada Comissão de Serviço, só que as mesmas nos foram sonegadas durante dezenas de anos. Muitos de nós nem sabíamos que tínhamos direito a recebê-las.
Não deveria ser necessário requerê-las, antes sim, ser-nos perguntado em tempo útil se as queríamos receber ou não.
Tenho incentivado todos os Combatentes que conheço a solicitá-las porque é a derradeira cerimónia a que temos direito antes de morrer. E acredite quem ainda não as recebeu, que normalmente as cerimónias de imposição tem muita dignidade, aquela a que temos direito pelo nosso passado de combatentes por Portugal.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15431: Efemérides (204): 1º de dezembro de 1640: 0 hino da Restauração cantado pelo Coro dos Mineiros de Aljustrel e tocado por 27 bandas de todo o país, em Lisboa. na praça dos Restauradores

Guiné 63/74 - P15486: Notas de leitura (788): “Geração de 70”, por A. Santos Silva, Euedito, 2014 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Fevereiro de 2015:

Queridos amigos,
Mais uma edição de autor, mais um regresso à memória com toques de romance, narrativa histórica, poesia, considerações pessoais.
Uma comissão que começa em Bula e chega a Gadamael-Porto. Há para ali sonhos, gente que está disposta a ficar e fazer agricultura, os sonhos evaporam-se com a aspereza da guerra. Há uma observação obsidiante em que os guineenses barafustam com a presença cabo-verdiana, o registo não fica bem esclarecido. Muito mais memória sobre o que vai na cabeça das pessoas do que nos afazeres da guerra. Um registo que é uma operação de boa vontade e um hino à camaradagem.
Nada mais a dizer.

Um abraço do
Mário


Geração de 70, época das chuvas, por A. Santos Silva

Beja Santos

“Geração de 70”, por A. Santos Silva, Euedito, 2014, é a história de uma comissão que nos faz supor, assim pensa o autor, um romance, tem páginas em prosa e poesia, tudo começa na Gare Marítima de Alcântara, o navio Niassa parte a 25 de março para a Guiné. Regista-se o que se passa no cais de embarque, depois os embarcados vão estabelecendo conversa. Adverte o autor quando apresenta as personagens que atravessam a narrativa: “António, Augusto e Domingos Djaló são nomes fictícios, mas existiram e representam o nome dos jovens das gerações que foram apanhados pela guerra de África. Designamos de geração de 70, porque foi o ano em que embarcaram António e Augusto”. Assim se chega ao cais do Pidjiquiti, viaja-se para o quartel de Brá, entabula-se conversa com o condutor da GMC que fala do baga-baga e avisa que ninguém se deve esconder atrás dele debaixo de fogo. É uma conversa instrutiva em que fala de bolanhas e da agricultura em geral. O condutor apresenta-se: Armando Arafã Mali, descendente de mãe Mandinga e pai marinheiro português. No dia seguinte o narrador calcorreia por Bissau, a vertente dos ensinamentos não pára, fala-se de rebenta-minas, picadas e os perigos que reserva o primeiro destino, Bula. Estamos numa época bastante estranha, há quem diga que a guerra vai acabar, e de repente tudo parece virar-se do avesso, fala-se na morte de majores que estariam a negociar o fim da guerra. Começam os patrulhamentos e as colunas de abastecimento. E saltamos deste possível romance para as cogitações do autor que entende dever explicar ao leitor um pouco da história de Portugal e o que é que África representou para a Monarquia, Primeira República e Estado Novo. Faz considerações altamente críticas sobre o que vê na Guiné. Um exemplo: “Fora de Bissau e um pouco por toda a Guiné, havia um corpo de milícias, uma espécie de exército de segundo plano, mal equipado e mal armado que colaborava com o exército regular, fazendo patrulhas de reconhecimento, fornecia guias para as operações cujos objetivos eram difíceis de encontrar e serviam de intérpretes dos vários dialetos existentes. Estes homens do povo recebiam um salário e isso representava uma melhoria nas condições de vida, pois nas tabancas não havia qualquer emprego e só as mulheres trabalhavam na agricultura. A existência deste corpo de milícias parecia não incomodar o PAIGC”. Oxalá alguém, entretanto, tenha explicado a Santos Silva o que eram efetivamente as milícias.

Uma outra preocupação do autor é uma Guiné que dispõe de uma classe média, gente que até vive confortavelmente na guerra, são sobretudo cabo-verdianos e comerciantes de países limítrofes. E soltamos de novo para o romance, a unidade militar de que fazem parte António, Augusto e Domingos Djaló é encaminhada para as obras da estrada que vão de Mansabá a Farim. António, que é o alferes, fala aos seus homens, explica-lhes o intuito da missão: “Na tática militar encetada pelo nosso General Spínola, a construção de estradas tem prioridade e esta assume particular importância; depois de pronta, permite a ligação asfaltada de Bissau a Farim. Até ao final da construção, cabe-nos organizar os camiões que transportam os trabalhadores nativos que tratam de desmatar as margens da estrada”. O alferes dá ainda mais informações: de como picar para evitar as minas sobretudo as antipessoais, os horários, a relação de combate. Domingos Djaló vai ensinando crioulo aos seus camaradas. Augusto entretanto vai a Bissau a uma consulta e começa a questionar-se: o que é que eu faço aqui? Sente-se indesejado, lança um piropo a uma miúda e o namorado disse-lhe: "não estás na tua terra e aqui só atrapalhais, ide para a vossa terra”. O PAIGC dá sinal de vida ali muito próximo do K3 e ficamos a saber uma coisa do outro mundo: "o K3 foi implantado para interromper um corredor usado pelo PAIGC, trilho que dá acesso ao interior da selva, local onde se diz que Nino Vieira tem o seu estado-maior na região do Morés”. O autor por vezes filosofa: “Quando se pensa numa guerra, quando se fala de uma guerra, quem fala e quem ouve, pensa apenas em pessoas. Mas uma guerra não envolve apenas pessoas. Envolve mais, muito mais; envolve pessoas, casas, árvores, rios, mares e muito mais. E animais”. E, mais adiante: “Na guerra nem tudo é trágico, na tristeza, no desânimo e no medo também há lugar para a alegria, divertimento e para a esperança. Sem isso, a guerra transformava-se num manicómio e o cérebro na sua imensa e ainda desconhecida capacidade não permite que tal aconteça”.

Felupes de Cassolol, fotografia tirada da revista “O Mundo Português”, Abril de 1936

Besna Baldé de Mansabá merece destaque, jogou no Futebol, Clube do Porto, na Académica de Coimbra, no Barreirense, no Tavira, no Chaves, no Santo Tirso. Defende uma autonomia regional sob bandeira portuguesa, do género Açores e Madeira (coisa incrível, trata-se de matéria que só veio a debate público depois do 25 de abril), uma região autónoma governada por gente da Guiné. E há alguns amores de permeio, como os de Maria Sofia Elisabete Pereira da Silva, professora, filha do Reitor da Universidade de Bissau, que anda em derriço com Djaló. Esporadicamente, os rancores aos cabo-verdianos imiscuem-se no texto, e como aparecem desaparecem. António é vítima de uma mina anticarro na estrada de Mansabá-Farim, em abril de 71, felizmente sem consequências graves. Em junho marcham para o sul, vão para Gadamael-Porto, desembarcam em Cacine e depois fazem a viagem pelo rio. São referidos os ataques a Guileje, os patrulhamentos. Temos depois uma operação de reconhecimento à região de Sangonhá, Mamadu Segunda é o guia da operação. Atacados por uma força do PAIGC, é o grupo de Mamadu quem prontamente reage, esse grupo terá dois mortos e três feridos. E regressam ao Cumeré, e depois o Carvalho Araújo deixa-os no Cais da Rocha de Conde de Óbidos, em 2 de janeiro de 1972. Vão até Lamego, fazer o espólio, noite alta, com as estradas cheias de neve metem-se a caminho do Porto, separam-se em S. Bento, é um momento de recordar que ao autor também é poeta: “Será que esta viagem tem regresso?/ Que o cais de chegada é o de partida?/ Que as águas que navego e não conheço,/ são águas conhecidas por viagem tida”.

Santos Silva polvilha a sua obra de ilustrações e notas históricas e recolhe testemunhos de alguns dos seus camaradas.
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15477: Notas de leitura (787): "Nos Celeiros da Guiné - Memórias de Guerra", de Albano Dias Costa e José Jorge de Campos Sá-Chaves, ex-alf mil da CCAÇ 413 (1963/65)

Guiné 63/74 - P15485: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (1): José Belo (Suécia) / João Crisóstomo (EUA)


Lisboa > Natal 2015 > Praça do Rossio


Lisboa > Natal 2015 > Praça do Município

Fotos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados


José Belo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2381
 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá 
e Empada, 1968/70); atualmente é cap inf ref 
e vive na Suécia há 4 décadas 
11. O nosso amigo e camarada José Belo mandou-nos ontem a mensagem de Natal, a seguir transcrita [e quis também compartilhar connosco um lindíssimo vídeo, disponível no You Tube: Christmas - Santa Lucia Sweden (clicar aqui)]

Estamos por aqui em plena festa da [Santa] Lúcia e a tradição manda compartilhá-la com os Amigos.

Näo sendo de modo algum religioso, tenho que reconhecer que é uma bonita e simples maneira de lutar contra a escuridäo envolvente dos infindáveis Invernos locais.

Votos de um Feliz Natal e Bom Novo Ano,  com um grande abraço
do José Belo.



12. Comentário de LG: 


Zé, força para ti, um xicoração fraterno dos "tugas" que ainda teimam em viver, por aqui,  à beira mar plantados...


21. Mensagem de 23 do passado mês, do nosso nova-iorquino amigo e camarada João Crisóstomo (que também  me telefonou, como ele gosta de fazer, mais do que escrever emails, pedindo-me que mandasse a todos os amigos e camaradas da Tabanca Grande um abraço fraterno e festivo dele e da Vilma; prometei visitar-nos em janeiro de 2016):

Meus caros,
A época de Natal, na realidade já de vento em popa em Nova Iorque desde alguns dias, começa oficialmente amanhã com o tradicional “Thanksgiving Day”. Para mim é época muito especial ainda porque é nesta altura que teimo em contactar os meus amigos - primeiro por telefone se possível - , a não ser que outros motivos, como agora, me forcem a outros meios mais bargantes e eficientes.
Portanto um grade abraço de bons votos de Natal e Feliz Ano Novo também para vocês e para todos os nossos comuns amigos, camaradas da Guiné.

Aproveito para enviar cópias de algo que acho actual e de certa maneira acho relevantes: a inclusão e atribuição de “Houses for Life” à Casa do Passal, de Aristides de Sousa Mendes, tanto mais significativa quanto, nesta altura em que vivemos o grande problema de refugiados, lembramos os 75 anos do “Dia deConsciência”, o acto de Aristides de Sousa Mendes que em situação idêntica em 1940 salvou a vida a tantos refugiados então. 

E também (já que o comandante Malhão Pereira, da “Sagres", e sua esposa passaram e viveram na Guiné durante vários anos), um recorte de jornal sobre a sua visita a Nova Iorque e uma recepção que lhes dei em minha casa.

Um abraço grande para vocês, os vossos queridos e amigos comuns,
João e Vilma Crisóstomo


22. Comentário de LG:

João, é bom saber de ti e de Vilma.  Obrigado, em nome da Tabanca Grande, pelos vossos votos calorosos votos de Bom Natal e Ano Novo. Espero poder abraçar-vos no próximo mês de janeiro de 2016. Até lá, tudo de bom para vocês e demais amigos da diáspora lusitana em terras do tio Sam. Em relação aos recortes que nos mandas, prometo publicá-los muito proximamente, noutras séries.

Guiné 63/74 - P15484: Parabéns a você (1000): José Vargues, ex-1.º Cabo Escriturário do BCAÇ 733 (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15478: Parabéns a você (999): Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 2748 (Guiné, 1970/72) e Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491 (Guiné, 1971/74)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15483: Libertando-me (Tony Borié) (47): É Dezembro, vamos ao Norte

Quadragésimo sétimo episódio da série "Libertando-me" do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66, enviado ao nosso blogue em mensagem do dia 18 de Novembro de 2015.




É Dezembro, vamos ao norte

É Dezembro, aproximam-se as festas de Natal, vamos a caminho do norte, vamos para os estados de Pennsylvania e Nova Jersey, viajamos no nosso carro utilitário, não na “caravana”, pois a neve e o frio para estes lados, não convida a “acampar”. A estrada rápida número 95 é terreno plano com longas rectas, por vezes passamos a poucos quilómetros do Oceano Atlântico, outras no interior. Paramos aqui e ali, até que o trânsito fica mais lento, alguma construção, abrem-se novas vias, que podem ser usadas alternadamente para norte ou para sul, que são abertas consoante o trânsito o determina, começando a surgir placas de sinalização com a palavra Washington, D.C., que é a capital dos USA e, para quem não sabe, D.C. é a abreviatura de Distrito de Colúmbia, onde a cidade está localizada, no entanto, a cidade tanto pode ser conhecida como Washington, D.C. ou simplesmente Washington, que foi formada com território cedido pelos Estados de Maryland e Virgínia, por volta do ano de 1847, todavia a região que fora cedida pela Virgínia foi devolvida, fazendo parte atualmente do Condado de Arlington, que é onde está localizado o Cemitério Nacional de Arlington, motivo que nos fez parar, pois era um local que queríamos visitar. Dezenas de vezes por aqui passamos, quase nem reparamos, mas desta vez parámos, queríamos visitar o Cemitério, mais conhecido por ser o cemitério militar dos USA, fundado no antigo terreno da Casa de Arlington, que era o palácio da família da esposa do comandante das forças confederadas da Guerra Civil Americana, General Robert Lee, Mary Anna Lee, descendente da mulher de George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos da América.

Para quem quiser, viajando pela estrada rápida número 95, desviando-se para oeste, pode atravessar a cidade, passando na Avenida Pennsylvania, vendo os edifícios famosos, cujas imagens correm o mundo nos meios de comunicação, pois o Cemitério fica do outro lado do Rio Potomac, que corta a cidade, perto dos prédios do Pentágono. Na sua área, com várias centenas de acres, estão enterradas mais de 300 mil pessoas, veteranos de cada uma das guerras travadas pelos USA, desde a revolução americana até à actual Guerra do Iraque. Os corpos dos mortos antes da Guerra da Secessão foram para lá levados, após o ano de 1900.

Algumas das personagens históricas mais famosas estão enterradas em Arlington, mas o local mais popular entre os visitantes é o Túmulo ao Soldado Desconhecido, onde os restos de três soldados não identificados da I Guerra Mundial, Guerra da Coreia e Segunda Guerra Mundial, são guardados perpetuamente por uma Guarda de Honra do Exército, cuja cerimónia de troca de sentinelas é um evento bastante procurado pelos visitantes. Nós emocionámo-nos ao ver as imagens de alguns monumentos da parte dedicada à guerra do Vietname, é muito parecida com as imagens que nós, combatentes da guerra da Guiné, passámos por aquelas savanas e pântanos, que nos estão gravadas para sempre na nossa memória.


Já no regresso, voltámos a passar por dentro da cidade, que foi escolhida para capital, pois no início da independência dos USA não havia uma capital fixa e as reuniões do Congresso eram feitas em diferentes cidades, mas por volta do ano de 1783, houve um motim durante uma reunião do congresso na cidade de Filadélfia, o que forçou os congressistas a saírem da cidade, que ficou conhecido como “Motim da Pennsilvânia de 1783”, onde as autoridades locais se recusaram a enfrentar o motim e, a necessidade de uma capital independente dos estados, foi discutida no mesmo local quatro anos depois. No entanto, a Constituição não estabelecia o local específico onde seria o distrito, claro, houve logo um conflito de interesses entre as regiões norte e sul para estabelecer a sua localização. Os estados do norte preferiam a capital numa das grandes cidades do país, localizadas ao norte, enquanto os estados do sul favoreciam uma capital mais próxima de seus interesses, onde usavam o trabalho escravo, sobretudo nos trabalhos agrícolas. Houve negociações, onde foi proposta a federalização das dívidas contraídas ao longo da guerra de independência pelos estados, onde os estados do sul já haviam pago a maior parte das suas dívidas. Assim, o acordo foi a federalização das dívidas em troca da localização da capital num estado do sul, onde, por volta do ano de 1790, deu ao então Presidente Americano, George Washington, o poder de escolher o local onde seria construída a nova capital americana.

Logo no ano seguinte, George Washington escolheu uma área de 259 km² na margem do Rio Potomac, onde a vila de Georgetown estava localizada, que, talvez por coincidência, ficava a escassos quilómetros da sua casa, pois vivia em Mount Vernon, Virgínia.

Já vamos longe, mas não queremos terminar sem mencionar uma questão controversa na nova capital dos USA, que era a escravidão, pois a capital Washington, estava localizada na Região Sul dos USA, onde o uso de escravos era intensivo. Dizem alguns historiadores que foi com o trabalho dos escravos que muito da cidade foi construída, incluindo as estruturas governamentais e vias públicas, mas a grande parte do país era contra a escravidão, especialmente a população dos Estados do norte e, só por volta do ano de 1850, uma lei federal proibiu o comércio escravo em Washington, no entanto, a escravidão seria definitivamente abolida pelo Presidente Americano Abraham Lincoln só em 1863, quando a guerra Civil Americana havia já começado dois anos antes. Proprietários de escravos que decidiram ficar do lado da União Nortista, composta por estados que apoiavam a abolição da escravidão e leais ao Presidente Americano, foram recompensados com 300 dólares por cada escravo libertado.

Companheiros, já vamos longe, deixemos os cemitérios e os escravos em paz, continuemos para norte, tendo quase a certeza de que não regressaremos ao sul sem parar em Nova Jersey, na histórica cidade de Newark, o bairro do Ironbound, visitar o “Portuguesa” Ferry Street, comprar bacalhau, azeite ou castanhas, ver os restaurantes e padarias portuguesas, não querendo falar outra vez na Gracinda, aquela das tranças, que adorava vestir de preto, já com os dedos das mãos tortos, de montar os esqueletos dos colchões, lá na “fábrica dos colchões” onde trabalhava, que diziam que “mandava” no seu marido, o Manuel Murtosa, que era encarregado, mas na linguagem emigrante, era “puxa” na construção, que dizia que a Inês, uma rapariga portuguesa espanholada, que praticamente vivia na Ferry Street e, na boca da Gracinda, fazia favores aos homens honrados e trabalhadores, era mesmo o “diabo em figura de gente”, uma tentadora, com aquele corpinho jeitoso, fazia com que os homens perdessem todo o seu tempo livre na Ferry Street, agora usava pinturas, fumava, fazia a permanente e usava uns óculos à “Hollywood”. Um dia o seu Manuel apareceu em casa a cheirar a tabaco, e ela, a Gracinda, mulher honrada e respeitadora, que nunca falou da vida de ninguém, não sabia porquê, aquele cheiro a tabaco, tudo isto, porque ela, a Inês, aquela espanhola que parecia portuguesa, trabalhava na “fábrica dos óculos”, e lá, segundo o seu parecer, era tudo uma “putaria”, ou então quando se lastimava que, o António Serrano, vítima de um acidente, pois entrou com o seu carro para debaixo de um camião, era quase uma hora da manhã, quando vinha do trabalho, na “fábrica do cobre”, depois de fazer dois turnos seguidos, morreu a uma quarta-feira, e já tinha quase 30 horas de “overtime”, lá na companhia onde trabalhava e, agora a Rosa, a viúva, anda por aí a “dá-lo e a gastá-lo”, até já foi à Flórida, ao parque do Walt Disney, com aquele “garoto” com quem anda agora metida.

Enfim, era a Ferry Street do nosso tempo, em que a filha dos nossos vizinhos do segundo andar, que também eram de origem portuguesa e, sempre diziam que a sua filha era irreverente e mal educada, pois ela, era a segunda geração de emigração portuguesa, não apreciava roupas escuras, xailes, tranças no cabelo, grandes bigodes, vinho, carne de porco salgada, couves e pão caseiro, adorava coca-cola, hamburgueres e batatas fritas e, pela manhã, ao cimo das escadas, quase sem roupa interior, esticando os braços para o céu, nos falava em inglês, sorrindo:
“what a beautiful day, let's enjoy it”

Tony Borie, Dezembro de 2015
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15451: Libertando-me (Tony Borié) (46): O Bairro de Ironbound, Newark, N.J. - USA

Guiné 63/74 - P15482: Blogpoesia (427): No meio da Ponte (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

1. Em mensagem de 9 de Dezembro, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema com o título "Desterrado"


Desterrado…

Quando voltarás, amigo?
Te espero no mesmo cais, amigo,
Donde partiste há tanto tempo.
Nunca mais soube de ti.
Minha esperança é que estejas bem
E um dia regresses.

Já pouco falta a ambos…

Voltas que a vida tem.
Te coube a ti este passo duro,
Naquela hora do começar de tudo.
Quando o sonho é rei
E eterno o tempo.

Sei que ias para o Sul,
Lá nos confins do mar.

Foste tentar teu fado.
Como se um desterro.
Era assim a lei.
Onde faltava tudo…

Berlim, 9 de Dezembro de 2015
8h55m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15450: Blogpoesia (426): No meio da Ponte (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

Guiné 63/74 - P15481: Agenda cultural (446): Lançamento do livro "Marinha de Guerra Portuguesa – do Fim da II Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974”, de Pedro Lauret, 4ª feira, dia 16, no Museu da Marinha, às 18h. Apresentação a cargo do alm Fernando Melo Gomes e dr. Artur Santos Silva






1. Mensagem de 11 do corrente, do nosso camarada, Pedro Lauret, cmdt mar e guerra ref, grã-tabanqueiro da primeira hora (, em termos de antiguidade, é membro da Tabanca Grande desde 20 de junho de 2006):

Caro Luís Graça,

No próximo dia 16 de Dezembro vai ser apresentado o livro da minha autoria com o título “Marinha de Guerra Portuguesa – do Fim da II Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974”.

Apresentarão o livro o Almirante Melo Gomes e o Dr. Artur Santos Silva.

Gostaria muito de contar com a tua presença. Caso entendas ser adequado gostaria que difundisses o convite pelo nosso blogue.

Abraço,.
Pedro Lauret


2. Sinopse: A Marinha de Guerra Portuguesa – do fim da II Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974 é um retrato que percorre três décadas em que se registaram mudanças de grande significado em Portugal e na sua relação com a comunidade internacional. Nesta obra é documentada de forma exaustiva a evolução da Armada a partir de 1945 – da missão à política, aos navios e seus equipamentos, à organização, aos processos, às telecomunicações, aos estudos hidrográficos. Para os militares, mas também para o público em geral, esta é uma obra de referência e de consulta obrigatória para conhecer de uma forma mais aprofundada este período da nossa História.




3. Sobre o autor:

Pedro Manuel Cunha Lauret de Saldanha e Albuquerque nascido em Lisboa a 23 de janeiro de 1949, capitão-de-mar-e-guerra na situação de reforma.

Entre 1960 e 1967 efetua os estudos secundários no Liceu Camões, em Lisboa, onde é dirigente da Ação Católica, participando nas movimentações estudantis que nesses anos ocorreram.

Ingressa na Escola Naval em 1967, terminando o curso de Marinha em 1971.

É um dos fundadores, em 1970, de uma organização politica clandestina de Oficiais da Armada de oposição ao Estado Novo. Em setembro de 1971 inicia uma comissão na Guiné, como oficial imediato da Lancha de Fiscalização Orion, exercendo uma intensa atividade operacional até agosto de 1973, tendo participado no início das operações conhecidas pelo cerco a Guidage em maio de 1973, e participado nesse mesmo mês e seguinte nos acontecimentos Guileje, Gadamael. 

Em outubro de 1973, já na Metrópole, efetua, com outros oficiais, a ligação ao Movimento dos Capitães por designação de um grupo de oficiais da Armada. Faz parte da comissão que redigiu o Programa do Movimento das Forças Armadas e outros importantes documentos – em conjunto com Vítor Alves, Melo Antunes, Franco Charais, Vítor Crespo e Almada Contreiras.

Após o 25 de Abril integra o gabinete do almirante Pinheiro de Azevedo, chefe do Estado-Maior da Armada e membro da Junta de Salvação Nacional. Faz parte da Comissão Coordenadora do MFA Armada, da Assembleia do MFA Armada e da Assembleia do MFA Nacional. Em 1981 frequenta e termina uma pós graduação em Estratégia e Organização no Instituto Superior Naval de Guerra.

Em 1986 passa à reserva e depois à reforma, iniciando atividade empresarial no âmbito da engenharia e consultoria informática.

Membro fundador da Associação 25 de Abril, integra atualmente a sua Direção. Coordenou a equipa que produziu o site da Associação 25 de Abril e o site Guerra Colonial. Coordenou a obra Os Anos de abril, coleção de oito volumes produzida para o Grupo Cofina e editada em 2014.

Atualmente dirige um projeto de investigação histórica designado «Marinha: do fim da Segunda Guerra Mundial ao 25 de Abril de 1974». Foi agraciado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade.

Fonte: Texto e foto: Cortesia de Verso da História


Guiné > Região de Tombali > Rio Cacine > 1971 ou 1972 >  Nesta foto vemos o  Pedro Lauret (então 2º ten), imediato da LFG Orion (1971/73), na ponta do navio, a navegar no Rio Cacine, tendo a seu lado o comandante Rita, com quem ele faria a primeira metade da sua comissão na Guiné. "Um grande homem, um grande comandante", escreveu ele…

O 1º ten José Manuel Baptista Coelho Rita, já falecido,  foi comandante do NRP [, Navio da República Portugesa,] Orion, de 7/12/1970 a 15/10/1972.

Foto: © Pedro Lauret (2006). Todos os direitos reservados.

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