segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15575: O nosso blogue em números (37): No final de 2015, atingimos um total de 7,6 milhões de visualizações... Quem nos visita, vem sobretudo de Portugal (47,5%), EUA (17,1%), Brasil (8,2%), França (4,9%) e Alemanha (4,8%)



Gráfico nº 1 - Evolução, desde maio de 2010,  do total de visualizações





Gráfico nº 2 - País de origem das visualizaçãões de página (desde maio de 2010)

Infogravuras: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)



1. O nosso blogue atingiu, em finais do ano de 2015 a cifra de 7,6 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de visitas), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger: 5,9 milhões, desde maio de 2010, a que acrescem mais 1,7 milhões desde 23/4/2004, início da I Série, que esteve em vigor até 30/5/2006. (*)

No espaço de um ano tivemos um aumento de 800 mil visualizações de páginas (Gráfico nº 1). As "visitas" baixaram em relação ao ano anterior, 2014, em que batemos o recorde: 1,5 milhões. (Mas este número era enganador. parte destas "visitas" eram de blogues, portais e outros sítios com intenções comerciais, a avaliar pelas mensagens tipo SPAM que ficavam nas malhas dos nossos filtros; hoje o nosso servidor, o Blogger, tem um sistema de filtragem muito mais apertado, o que dificulta inclusive a entrada de comentários).



Gráfico nº 3 - Evolução, mensal,  das visualizações de página no período de mai 2010 a dez 2015. Máximo: 217 mil (em abril de 2014); mínimo: 54 mil (em setembro de 2015),  Fonte: Blogger (2016)


800 mil visualizações de página num ano significa uma média mensal de 66666, cerca de 2200 por dia...  É uma cifra  notável que nos encoraja a continuar, enquanto tivermos condições para manter aberta a nossa Tabanca Grande.

E tudo isto apesar de...

(i) a "crise"  que também nos afeta;

(ii) a concorrência do Facebook e de muitas outras páginas sobre a guerra colonial que apareceram, nos últimos anos,  na Net;

(iii) o nosso envelhecimento e, por vezes, cansaço, saturação, desânimo, descrença, falta de meios de meios e paciência; e ainda, e não menos importante,

(iv) o inevitável esgotamento das nossas "memórias" (guardadas no "baú"), que tem de ser compensado pela entrada de "gente nova" (leia-se: novos tabanqueiros), o que felizmente tem acontecido (, em 2015, entraram 34)

2. Quem nos visita ? Comparando com 2014 (valores colocados entre parênteses retos) continuam a ser gente oriunda de (ou residente em) os mesmos países ou regiões: 

Portugal (47,6%) [48,2%]
EUA (17,1) [17,6%]
Brasil (8,2) [8,7%]
França (4,9) [4,8%]
Alemanha (4,8) [4,0%]...

... mas também de:

Rússia (1,4%) [0,9%]
Reino Unido (1,0) [0,8%]
China (0,7%) [ 0,7%]
Polónia (0,6%) [0,7%]
Canadá (0,6%) [0,7%]...

Do do resto do Mundo são 13,2% [12,9% em 2014].

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Nota do editor:

Último postes da série:

 3 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15572: O nosso blogue em números (36): Em 12 anos publicámos um total de 15561 postes, uma média anual de 1516 por ano e de 4 por dia (de 2006 a 2015)


3 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14111: O nosso blogue em números (34): no final de 2014: (i) 6,8 milhões de visualizações de páginas; (ii) 676 membros registados; (iii) 14 mil postes publicados; (iv) 55600 comentários; (v) 1638 amigos no Facebook da Tabanca Grande...


Guiné 63/74 - P15574: Agenda cultural (450): "Acto dos Feitos da Guiné", filme de Fernando Matos Silva (Portugal, 1980, 85 min): exibição na Cinemateca, Lisboa, 3ª feira, dia 5, às 18h30. Sessão apresentada por Catarina Laranjeiro, seguida de debate com o autor (que foi realizador militar, Guiné, 1969, e Angola, 1970)

1. Mensagem, de 17 de dezembro último, da cineasta e nossa leitora Catarina Laranjeiro,  

 Boa Tarde,

No próximo dia 5 de janeiro vou apresentar na Cinemateca o filme "Acto dos Feitos da Guiné" com a presença do realizador, Fernando Matos Silva. Gostava já de o convidar a estar presente. Caso possa estar diga-me que eu deixo-lhe um convite na entrada.

Um abraço
Catarina



Fernando Matos Silva (n. 1940, Vila Viçosa): Lisboa: estudos na Faculdade de Economia | Actor amador !  1965-65: London School of Film Technique (bolsa do Fundo do Cinema Nacional) | Bacharel em Realização | Professor do Curso de Cinema do Exército |  Realizador militar (Guiné - 1969, Angola - 1970) | Membro fundador da Média Filmes (1966), do Centro Português de Cinema/CPC (1970), fundador e director da Cinequipa (1974) e da Fábrica de Imagens (1988). | Realizador de televisão  e publicidade | Professor de Iniciação ao Cinema do FAOJ (1986-87), e de Cinema da ADIIS (1997-98) | Colaborador sobre cinema de Dimensão – Arte, Decoração e Moda e Arte 7.  (Fonte: Cortesia de Institito Camões > Cinema Português > Personalidades > SILVA, Fernando Matos]


2. CINEMATECA  PORTUGUESA

3ª feira, 5 de janeiro de 2016

18H30 | SALA LUÍS DE PINA > FOCO NO ARQUIVO

ACTO DOS FEITOS DA GUINÉ
de Fernando Matos Silva

com José Gomes, Virgílio Massinge, Povos da Guiné-Bissau
Portugal, 1980 - 85 min | M/12

Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo

Sessão apresentada por Catarina Laranjeiro, seguida de debate com o realizador

Sinopse:

ACTO DOS FEITOS DA GUINÉ parte de material filmado na Guiné em 1969 e 1970 para um retrato da relação histórica da colonização portuguesa com a compreensão de África.

O filme de Fernando Matos Silva tem marcas autobiográficas e conjuga imagens documentais – imagens de guerra, cruas e extremas, a preto e branco – e de ficção – sequências a cor que encenam um “Acto” onde os “feitos” são contados por personagens que representam diretamente voltadas para a câmara.


CICLO > FOCO NO ARQUIVO

As sessões “Foco no Arquivo” de janeiro seguem projetos ligados à investigação e à sua relação com a coleção da Cinemateca. 

A sessão “Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo” prolonga as anteriormente dedicadas a uma discussão continuada sobre esta importante parte do acervo fílmico da Cinemateca, organizadas em colaboração com a “Aleph – rede de ação e investigação crítica da imagem colonial”. 

A Aleph promove a cooperação e partilha de conhecimento entre investigadores académicos, artistas e cidadãos interessados na imagem colonial, colabora com arquivos detentores de coleções coloniais na sensibilização para questões de acessibilidade e preservação dos acervos e promove a partilha de conhecimento. 

Este mês, o filme ACTO DOS FEITOS DA GUINÉ (Fernando Matos Silva, 1980) é apresentado por Catarina Laranjeiro, doutoranda do CES - Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra). (...)

Fonte: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema (Com a devida vénia)


PREÇO DOS BILHETES

Geral: 3,20 Euros
Amigos da Cinemateca, Estudantes de cinema, Desempregados: 1,35 Euros
Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: 2,15 Euros

3. Dois filmes do realizador passaram recentemente  no ciclo "Filmes Proibidos", no Fundão, "O Mal Amado" e "Acto dos Feitos da Guiné":


(...) "O Mal-Amado", é preciso dizê-lo, foi totalmente cortado pela Censura a a película apreendida, já muito perto do 25 de Abril (terá sido o último filme proibido). 1973/74. O que nos dá o filme é, sobretudo, o ambiente sufocante da sociedade portuguesa, com a densidade de quotidianos sofridos onde a felicidade era proibida. O fio condutor da história, com uma subtil relação com a guerra colonial, põe a nu como as relações sociais, mesmo as amorosas, eram dominadas pela posse e por isso, decerto, o romance vivido entre Maria do Céu Guerra (tão jovem!) e João Mota acabará em tragédia.

Já o "Acto dos Feitos da Guiné" é uma leitura da História que o autor contrapõe à "Crónica dos Feitos da Guiné", de Zurara, fazendo um registo da guerra na Guiné, contado na primeira pessoa, em que a guerra explode na violência brutal do conflito colonial. Memória dilacerada do realizador Fernando Matos Silva, que também por ali andou. O filme é de 1980. Proibido? - perguntará o leitor. Não, escondido, não exibido, que é outra espécie de censura, como aliás ficou provado com outros dois filmes, do realizador albicastrense Luís Alvarães ("O Oiro do Bandido" e "Malvadez"), que não puderam respirar com o público, bloqueados dos circuitos de exibição. (...)

Fonte: Notícias do Bloqueio, blogue de Fernando Palouro Neves > 5 de dezembro de 2015 > Fernando Matos Silva e os filmes proibidos (com a devida vénia)

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Nota do editor:


Último filme da série > 22 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15525: Agenda cultural (449): Joana Graça, exposição de pintura, na livraria Ler Devagar, LXFactory, Alcântara, Lisboa, até 26 deste mês

domingo, 3 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15573: Convívios (722): Companheiros e Camaradas à Volta da Mesa (Francisco Baptista)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 19 de Dezembro de 2015:


Companheiros e Camaradas à Volta da Mesa

Numa Tabanca em Medas, Gondomar, com os irmãos Carvalhos, Manuel e António e outros camaradas, Joaquim Peixoto, o Fernando Súcio, o Jorge Peixoto, o Xico Allen o Cancela, outro camarada e mais dois bons amigos. Porque uma tabanca surge quando dois camaradas da Guiné se encontram e começam a falar e a imaginação se activa e começa a mostrar esse filme a preto e branco, antigo mas sempre presente. Para além dos barracões onde dormíamos, as arrecadações, as messes e refeitórios, os canhões, as valas e abrigos, perpassam também na memória essas habitações primitivas, cobertas de capim, os homens grandes com as suas túnicas talares, as mulheres com panos parecidos com saias e as bajudas de mama firme a mostrá-las naturalmente, sem pudor.

Os melhores companheiros de uma boa mesa são sem dúvida todos os convivas que se reúnem à sua volta, mas para criar um clima aprazível e descontraído contribuem muito os pratos com boas iguarias acompanhados de bons vinhos que relaxem a mente e alarguem o campo de visão do espírito.

A posta à mirandesa não é um bife mas sim dum naco de vitela espesso que pelo seu tamanho corresponde quase a três bifes. Deve ser posto a grelhar em lume forte, com boas brasas e nesse momento temperado com sal grosso, virado e salgado do outro lado e posto de novo a grelhar. No calor das brasas, deve estar apenas o tempo suficiente para queimar um pouco o seu exterior, aquecer toda a carne e conservar muito do sumo próprio da carne no seu interior. Para tempero algum azeite logo que sai do lume e alho para quem apreciar.

Os caixeiros-viajantes grandes faladores por índole ou dever de ofício encarregaram-se de fazer a propaganda da posta à mirandesa, quando a conheceram, na Gabriela, em Sendim. Conheci a casa de pasto da Gabriela ainda adolescente, levado pelo meu pai, já não me recordo a que propósito andava com ele por terras de Miranda, a passear não de certeza. Ficava no 1.º andar de uma casa, numa sala pequena, com duas ou três mesas, e não teria mais do que 12 lugares sentados. A velha Gabriela era uma mulher despachada e desassombrada, com língua afiada e vernácula tanto no falar mirandês como no "português fidalgo". Mulher de barba rija, mesmo no sentido literal da palavra. Quando os caixeiros-viajantes fizeram a divulgação da posta à mirandesa por todo o país nas décadas de cinquenta e sessenta, já os lavradores a comiam há muitas décadas, nas tascas de lona montadas, por taberneiros, nas feiras de Mogadouro, Vimioso e Miranda do Douro. Nesses tempos a posta à mirandesa era proveniente da melhor carne, das vitelas de raça mirandesa, aliás a única raça bovina existente nesses concelhos, alimentada em lameiros de bons pastos e com vegetais e cereais que os lavradores produziam nas hortas e campos. Essas vitelas para além do leite das mães, comiam da melhor alimentação vegetariana para animais dessa espécie.

Porque à boa maneira dos camponeses, (camponeses de Medas e de Brunhoso), a amizade se cimenta na partilha dos bens que a terra nos dá, no dia 26 de Novembro juntámo-nos nove camaradas mais dois amigos numa tabanca improvisada nuns anexos da casa do Carvalho de Mampatá com ele e com o irmão Manuel, em Medas, Gondomar, num grande almoço para saborear umas boas postas de vitela compradas em Mogadouro, com bom vinho do Douro e pão trigo de origem transmontana. As postas bem assadas pelo Xico Allen estavam tenras, saborosas, suculentas, o vinho maduro tinto da produção dum grande lavrador e amigo de Mesão Frio, terra transmontana, já perto do Porto, ajudava ainda a melhorar a qualidade e o sabor da carne. Num dia agradável de algum sol e temperatura amena, passamos uma tarde que não se esquece, como cada um não esquece as farras que fazíamos na Guiné, com os pobres produtos que conseguíamos da manutenção militar ou outros produtos locais que algum camarada mais inventivo conseguia arranjar.

Muito obrigado aos irmãos Manuel e António Carvalho pela simpatia que tiveram com todos e pelo trabalho sobretudo do Carvalho de Mampatá, sempre em acção na preparação de algumas entradas e a cozinhar as couves e batatas à lareira, em grandes panelas de ferro como se fazia antigamente. Até pelo sabor histórico e local da grande fogueira da lareira e das panelas, foi um dia memorável. Nestas trocas de bons sabores culinários já noutros anos tive também oportunidade de saborear juntamente com outros camaradas, lampreias muito bem confeccionadas pelo Manuel, outro grande cozinheiro, pescadas no rio Douro, não muito longe das casas deles.


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Uma navalha do nordeste transmontano, fabricada artesanalmente pelos irmãos Pires, ferreiros de Palaçoulo

Há longos anos, talvez séculos, as navalhas de bolso e as facas de cozinha eram fabricadas nas forjas dos ferreiros, em muitas aldeias, mas sobretudo na aldeia de Palaçoulo que hoje tem mais de uma dezena de fábricas artesanais e duas grandes fábricas industriais, Martins e MAM, que vendem para todo o país e para o estrangeiro.

Facas como esta ou semelhantes, acompanhavam sempre os lavradores e outros trabalhadores da terra, dessa região. Com elas comiam as postas nas tascas das feiras, muitas vezes à mão, sobre grandes fatias de trigo ou centeio. Os corticeiros no Verão ou os azeitoneiros no inverno, como outros trabalhadores sazonais, que muitas vezes acompanhei ao longo da vida, à hora da merenda sacavam da navalha, uma fiel companheira, para comerem as côdeas de centeio ou trigo, o presunto, a chouriça, o toucinho ou outras carnes. Quando jovem lembro-me bem dessas navalhas simples, geralmente com cabos de freixo, já escuros pela idade e com as lâminas muitas vezes já meio gastas pelo uso e pela necessidade de serem afiadas. Era um tempo de contar os tostões e de conservar todos os objectos até ao fim da sua vida útil.

Hoje já com outra folga financeira e outros hábitos, os lavradores e filhos de lavradores da minha idade, educados na tradição e fetichismo das navalhas têm cada um 10, 20, 30 ou mais navalhas com diferentes feitios e qualidades de lâminas e com cabos de diferentes madeiras ou outros materiais: freixo, carrasco, buxo, esteva, oliveira, chifre, marfim etc. Alguns coleccionam carros, armas, relógios, gravatas, óculos, etc., nós os do Nordeste Transmontano, criados sem outros brinquedos para lá do pião e da roda de ferro, coleccionamos navalhas, sem intenções de ataque ou defesa, simplesmente porque nos habituámos a ver essas ferramentas sempre úteis nas mãos dos nossos mais velhos, desejosos de possuí-las, mas que eles só permitiam que usássemos a partir na adolescência.

Já os naturais do Noroeste Transmontano, sobretudo os de Boticas e Montalegre, sem as mesmas coleccionam armas de fogo, sem querer, neste momento, especular sobre o assunto, pois confesso que desconheço a origem dessa tradição.

O Noroeste, e o Nordeste transmontano são o verso e reverso da página do mesmo livro com algumas diferenças que as montanhas por vezes não deixavam fazer uma boa leitura. Nos tempos da minha meninice e adolescência quando as tradições ainda se mantinham iguais desde há séculos, a convivência entre as aldeias não era superior a um raio de 100 quilómetros que era aquilo que as mulas dos tendeiros, dos peleiros, dos albardeiros, dos latoeiros, dos cesteiros e de outros negociantes e artistas podiam percorrer, para não ficarem demasiado tempo fora das suas terras.

Um abraço.
Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15447: Convívios (721): XXII Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Oitavos, Cascais, 19 de novembro de 2015: Os "piras" (Manuel Resende)

Guiné 63/74 - P15572: O nosso blogue em números (36): Em 12 anos publicámos um total de 15561 postes, uma média anual de 1516 por ano e de 4 por dia (de 2006 a 2015)



Gráfico - Evolução anual do nº de postes publicados até ao final de dezembro de 2015: começamos com 4 (em 2004!), ultrapassámos os mil em 2006, atingimos o máximo em 2011 (1955 postes)  e ficámos ligeiramemte abaixo dos 1500 em 2015... Consideramos os últimos dez anos (, de 2006 a 2015),  a média anual de postes publicados é de 1515,6.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)



1. O número de postes publicados, em 2015, foi de 1450, ligeiramente abaixo da média anual dos últimos dez anos (1515,6).   O total de postes publicados nestes 12 anos foi de 15561 (Vd. gráfico acima).

Ainda durante o ano de 2015,  o nº de poste por semana variou de 39 (máximo), no período de 19 a 26 de abril  a 17 (mínimo) no período de 22 a 29 de março.

Estamos  a publicar, em média,  4 postes por dia, o que é um esforço grande para os nossos editores e para os autores que nos alimentam, E vamos continuar, até quando pudermos e quisermos. Que o 2016 nos traga boa matéria-prima (textos, fotos, vídeos)... E caras novas, pois claro!

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Guiné 63/74 - P15571: Blogpoesia (431): Como se... (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

1. Em mensagem de hoje 3 de Janeiro de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema da sua autoria: Como se...


Como se...

Não eram anjos nem flores.
Nem tinham asas.
Eram seres com formas brilhantes.
Eram doces e muito calmas.
Variáveis como nuvens.
Irradiavam paz.
Harmonia nas cores.

Deixavam a nossa alma a pairar de leve.
Sugavam os nossos males.
Pareciam sorrir.
Eram só rosto.
Uma vida total.
Sem rugas.
Nem uma sombra.

Adejavam. Como se fossem aves.
Emitiam sons.
De tão belos, o nosso peito arfava
E se arrepiava a nossa pele.

Carinhosos, nos envolviam, faziam roda.
Protectores.
Segurança.
Como se fossem pais.

O que seriam?
Ainda não sei,
Mas eram bons…

Enquanto Hélène Grimaud, ao piano, tocou Beethoven - adágio

Berlim, 3 de Janeiro de 2016 8h47m

Jlmg Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15564: Blogpoesia (430): Poema um do dia um (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

Guiné 63/74 - P15570: Libertando-me (Tony Borié) (50): Em direcção ao sul

Quinquagésimo episódio da série "Libertando-me" do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66, enviado ao nosso blogue em mensagem do dia 30 de Dezembro de 2015.




Em direcção ao sul

Viajando pelas montanhas do estado de Pennsylvania, que estão localizadas a norte do equador, se, na nossa imaginação tomássemos uma qualquer estrela como referência no nosso trajecto, iríamos verificar que, embora lentamente, ela se movia para trás, ao contrário de nós que viajávamos em frente, isto talvez seja o efeito de que o dia tropical, portanto a sul do equador, embora seja uns segundos mais pequeno, nesta altura do ano existe mais tempo de luz, mas como as estrelas estão a uma enorme distância, vistas a “olho nu”, de nós seres humanos, é de uma diferença enorme.

Isto tudo companheiros, vem a propósito de que nos meses de inverno, estas montanhas, sem neve, dão-nos a sensação de um cenário lunar, com áreas e áreas sem qualquer vegetação e, onde ela existe, é rasteira e queimada pelo frio. De vez em quando uma família de veados, procurando no alcatrão partido da estrada, qualquer vegetação que tenta sobreviver com o calor desse mesmo alcatrão, ou um urso preto, que se pendura num galho seco de uma qualquer árvore, procurando chegar à sua ponta, para depenar alguma flor ou rebento que tenta vir à luz do dia.

Chegámos sem neve, partindo sem a ver.

Viajámos de retorno ao sul, seguindo o mesmo trajecto, pagando, entre outras coisas, gasolina um pouco mais cara e as tais “portagens do norte”, debaixo de nevoeiro e alguma chuva miudinha, até ao estado de Virgínia, parando na área da pequena cidade de Petersburg, de que hoje vamos falar.

Deixando a estrada rápida 95, seguindo pela estrada estadual 301, pouco depois encontramos a pequena cidade de Petersburg, no estado de Virginia que foi um local estratégico durante a Guerra Civil Americana e cenário de diversas batalhas. Existe aqui um Centro de Visitantes, administrado pelo Serviço Nacional de Parques, dedicado à área das batalhas travadas durante o Cerco a Petersburg, nos anos de 1864 e 1865, que foi determinante para o fim da Guerra Civil Americana. Depois de vermos uma exposição e alguns filmes sobre todos estes acontecimentos, pudemos viajar de veículo automóvel pelos antigos campos de batalha, vendo aqui e ali as trincheiras, os locais estratégicos, as barricadas, alguns monumentos comemorativos, do que foram, entre outras, a “Batalha de Cinco Forquilhas”, que destruiu uma parte considerável do restante exército confederado de Virgínia do Norte, local onde alguns historiadores designam por "Waterloo da Confederação", pois a “Batalha de Cinco Forquilhas” ajudou a pôr em marcha uma série de eventos que levaram à rendição de Robert E. Lee, na aldeia de Appomattox Court House.

Não querendo roubar espaço ao nosso blogue, vamos ser breves na história que nos diz que Petersburg lutou a partir de 9 de junho de 1864 a 25 de março de 1865, durante a Guerra Civil Americana, embora seja mais conhecido popularmente como o Cerco de Petersburg, que não era um cerco militar clássico, em que uma cidade geralmente é cercada e todas as linhas de abastecimento são cortadas, nem foi estritamente limitado a acções contra Petersburg, pois a campanha consistiu em nove meses de guerra de trincheira em que as forças da União, comandados pelo Tenente-General Ulysses S. Grant, assaltou Petersburg sem sucesso e, em seguida, as linhas de trincheiras construídas que eventualmente se estenderam ao longo de 48 km, a partir dos arredores a leste de Richmond, para cerca de uma periferia leste e sul de Petersburg, foram cruciais para o fornecimento do exército confederado do General Robert E. Lee e a capital confederada de Richmond, onde numerosos ataques foram realizados e batalhas se travaram na tentativa de cortar as linhas de abastecimento, tornando assim a diminuição dos recursos confederados.


No entanto, o General Robert E. Lee, cedeu à pressão no ponto em que as linhas de abastecimento foram finalmente cortadas e um verdadeiro cerco começou em 25 de Março, abandonando ambas as cidades em Abril de 1865, o que levou à sua retirada e rendição na aldeia de Appomattox Court House. De salientar que o cerco de Petersburgo era uma cópia da guerra de trincheiras que era comum na Primeira Guerra Mundial, que ganhou uma posição de destaque na história militar. Também não podemos esquecer que deste cerco fez parte a maior concentração de guerra das tropas americanas africanas, que sofreram pesadas baixas.

A batalha de Appomattox Court House, travada na manhã de 9 de Abril de 1865, foi uma das últimas da Guerra Civil Americana. Era o final do Exército da Virgínia do Norte que pertencia ao Exército Confederado do General Robert E. Lee, onde já não tinha escolha a não ser render-se.

A assinatura dos documentos de rendição ocorreu na sala de estar da casa propriedade de Wilmer McLean, na aldeia de Appomattox, na tarde de 9 de Abril, numa cerimónia formal marcando a dissolução do Exército da Virgínia do Norte, dando liberdade condicional aos seus oficiais e soldados, impondo assim, de forma eficaz, o fim da guerra em Virgínia, onde este evento desencadeou uma série de resgates em todo o Sul, levando assim ao fim da Guerra Civil Americana.

Não querendo ser o General Robert E. Lee, rompemos o cerco, seguindo em direcção ao sul, já era noite no estado de Carolina do Sul, logo a seguir ao “South of the Border”, de que já falámos por diversas vezes. Numa qualquer área de descanso, das muitas que existem ao longo da estrada rápida número 95, dormimos umas horas, tal como fazem centenas de famílias viajantes que regressam ao sul e, ou não têm recursos financeiros para uma estadia num hotel, ou entendem que não é necessário, parando pouco tempo, ocupar um quarto de hotel. De um modo ou de outro, nós, “viajantes do mundo”, chegámos à nossa Flórida, onde já existe sol, não “frio de rachar”.

Tony Borie, Dezembro de 2015
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15545: Libertando-me (Tony Borié) (49): Newark, New Yok, Newark

Guiné 63/74 - P15569: Historiografia da presença portuguesa em África (68): As colónias portuguesas: a província da Guiné, vista em 1884, em livro da biblioteca do povo e das escolas (Lisboa, David Corazzi, Lisboa, 2ª ed.) - II (e última) parte (António J. Pereira da Costa, cor art ref)


Capa do livro "As colónias portuguesas", 2ª ed. Lisboa: David Corazzi, 1884, 63 pp., (Col "Biblioteca do povo e das escolas", 25)

[Sobre a casa editora David Corazzi, ler aqui: tratou-se de uma caso de grande sucesso,. no mercado livreiro de Portugal e do Brasil; A coleção "Biblioteca do Povo e das Escolas" totalizou 237 livros, publicados durante 42 anos, entre 1881 e 1913.  "Os volumes eram publicados quinzenalmente, nos dias 10 e 25 de cada mês, cada um com rigorosas 64 páginas, em formato de 15,5 X 10 centímetros , de composição cheia. A edição dos dois primeiros volumes foi de 6 mil exemplares cada. A partir do terceiro volume começaram a ser impressos 12 mil exemplares de cada vez. A tiragem subiu para 15 mil exemplares a partir do volume 10. A cada seis volumes, os livros recebiam uma única encadernação de capa dura, constituindo uma série. Ao longo dos 42 anos em que a coleção circulou, foram encadernadas 29 séries."]









pp. 26-30



O rei dom Luís I, de Portugal (1885). Fotografia de Augusto Bobone. 
Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda. Imagem do domínio público. Cortesia de


Comentário dos editores: É espantoso que, antes da separação (administrativa) da Guiné e de Cabo Verde, em 1879, o recenseamento da população guineense, que estava debaixo da bandeira portuguesa, fosse exatamente de 6154 habitantes, distribuídos por 1386 fogos, circunscritos a Bolama, Bissau e Cacheu... Estes números dão-nos uma ideia do "raio de ação" da soberania portuguesa no tempo da Monarquia Constitucional.  Em 1879 era rei Dom Luís I... E o primeiro governador da província portuguesa da Guiné era Pedro Inácio Gouveia (1881-1884), um homem belicoso, conhecido por "frasquinho do veneno"...

Dos povos da Guiné, há um destaque para os mandingas, "os mais civilizados, industriosos e ativos dos povos de África" e, para mais, "alegres, dóceis e amigos dos europeus" (sic)... Reconhece-se que a província está atrasada em muitos aspetos a começar pela "instrução pública": na época só havia 7 (sete) escolas primárias, todas para rapazes, obviamente... Indústria colonial não havia e a pouca agricultura que existia estava nas mãos dos caboverdianos...

O orçamento da província era deficitário, sendo a principal receita a provenientes dos direitos alfandegários... O défice orçamental era suprido por "subsídios da metrópole" (sic)... Não se fala de "imposto de palhota", mas de "contribuição predial"... Findo o "odioso" (sic) comércio de escravos, que alimentou "grandes fortunas", o principal produto de exportação, no ano econonómico de 1877/78, era já a mancarra (40 milhões de litros)... As principais casas comerciais eram... francesas, e Marselha o principal porto europeu para os produtos provenientes da (e destinados à) Guiné... Havia um vapor, da carreira da África ocidental,  que escalava todos os meses  Bolama...

O tom do livrinho era de otimismo em relação ao futuro do território, na  condição de "continuar a reinar a paz com os gentios"... Falsa ilusão: a chamadas "campanhas de pacificação" já estavam em marcham, desde 1882 e iriam até meados dos anos 30 do séc. XX com o objetivo de assegurar a ocupação efetiva do território... (LG).


1. Continuação da publicação dos excertos da obra "As colónias portuguesas" (Lisboa, 2ª edição. 1884) enviados em suporte digital, pelo nosso camarada António J. Pereira da Costa 

[,cor art ref, ex-alf art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567,Mansabá, 1972/74]... 

II (e última parte) (**)


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Nota do editor:

sábado, 2 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15568: Historiografia da presença portuguesa em África (68): As colónias portuguesas: a província da Guiné, vista em 1884, em livro da biblioteca do povo e das escolas (Lisboa, David Corazzi, Lisboa, 2ª ed.) - Parte I (António J. Pereira da Costa, cor art ref)


Capa do livro "As colónias portuguesas", 2ª ed. Lisboa: David Corazzi, 1884, 63 pp., (Col "Biblioteca do povo e das escolas", 25)






pp. 23-26 

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Comentário dos editores:

 Em 1884, ainda estavam por travar as decisivas "campanhas de pacificação" que se vão arrastar até 1936... A ocupação do território, pelos portugueses, estava longe de ser efetiva. A superfície da então "província da Guiné portuguesa", separada administrativamente de Cabo Verde só em 1879, era de apenas 8400 km2, menos de um quarto do atual território da Guiné-Bissau... Havia então apenas 4 concelhos: Bolama, Bissau, Cacheu e Bolola... As praças eram Bissau e Cacheu e os fortes principais Geba, Farim e Zinguichor... A "força pública"# resumia-se a um batalhão de caçadores e uma bateria de artilharia...

Em termos de produções agrícolas, já se fala da mancarra... Quanto à fauna,  diz-se que "há nos sertões da Guiné muitos tigres [leopardos], leões, elefantes, lobos, gatos bravos, búfalos, veados, antas, gazelas e macacos", além de, nos rios, "grande número de cavalos marinhos [hipopótamos] e jacarés"...  Há miríades de insetos que chegam a tornar-se "bastante incómodos" na época das chuvas... Dos animais domésticos, é referida a existência de "alguns cavalos" no interior do território.... São assinalados quatro rios principais; Casamansa, Cacheu, Geba e Grande ("onde há casas comerciais importantes")... O clima é "insalubre"...  A vegetação é "abundante e rica", vendo-se ali "espessas e extensas florestas, opulentas de boas madeiras para construção"... (LG)


1. Mensagem de 18 de dezembor passado, enviada pelo António J. Pereira da Costa [,cor art ref, ex-alf art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74]

Olá,  Camarada

Aqui vai uma descrição do que era a Guiné, para efeitos de disseminação de cultura popular, há pouco mais de 130 anos.
Seria uma descrição destinada a mostrar a "acção civilizadora e evangelizadora" dos nossos "heróicos maiores".

Contudo, uma atenção mais crítica leva a concluir que o atraso era grande e variado. Claro que tudo se passou cerca 80 anos antes da guerra [colonial] começar o que poderia significar que o progresso, entretanto, tinha sido grande.
Sabemos que não foi assim.

De qualquer modo, para alguém que se reclama civilizador e evangelizador os resultados ao fim de 3 séculos de colonização não eram famosos.

Até a estrutura administrativa era má e não sabemos porquê. Ou por outra, sabemos ou imaginamos: é que aquilo "não interessava nem ao menino Jesus". Se calhar nem às palhinhas do presépio...

Continuo a sustentar a tese de que a guerra resultou da deficiente acção civilizadora, mas não nos devemos culpar por isso. Os tempos e os valores do passado eram outros e estariam até inseridos na maneira de pensar que, na altura vigorava na Europa.

Um Ab.
António J. P. da Costa

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de dezembro de  2015> Guiné 63/74 - P15497: Historiografia da presença portuguesa em África (67): Na agonia da presença portuguesa em Ziguinchor (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15567: O nosso blogue em números (35): no final de 2015, o número de grã-tabanqueiros era de 710, um aumento de 182% em relação ao final de 2009... Tivemos 34 novas entradas no último ano.


Gráfico - Evolução do nº de membros (registados) da Tabanca Grande, que passam de 390 (em dezembro de 2009) para 710 (em dezembro de 2015): uma média 53,3 por ano (baixou em relação ao ano passado, que era de 57,2 por ano).

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)


1. Início de ano novo, é altura de balanço (*)...

O nº de membros da nossa Tabanca Grande continua a crescer, com regularidade, a uma méda de 4,4 por mês... Éramos 111, em junho de 2006, 390 em dezembro de 2009, somos hoje 710, no início de 2016:


Mai-06 111
Dez-09 390
Mai-10 410
Set-10 450
Abr-11 500
Out-11 511
Mar-12 542
Dez-12 595
Ago-13 627
Dez-13 636
Ago-14 664
Dez-14 676
Ago-15 700
Dez-15 710

Em 2015 entraram 34 novos camaradas e amigos para a nossa Tabanca Grande.

Em contrapartida, tivemos 3 baixas mortais... Os camaradas e amigos que "da lei da morte se foram libertando", são. por ordem alfabética:

Amadu Bailo Jaló (1940-2015)
António Vaz (1936-2015)
Manuel Moreira de Castro (1946-2015).

Não menos verdade, e facto que nos preocupa muito, e em particular o nosso coeditor Carlos Vinhal que gere a base de dados da Tabanca Grande, há camaradas e amigos que "não dão sinais de vida", nem quando fazem anos (!), havendo diversos endereços de email inativos ou desatualizados. Está na altura de a malta fazer a indispensável "prova de vida". O Carlos Vinhal vai-vos contactar.


(Continua)

Guiné 63/74 - P15566: Memória dos lugares (329): Capelinha erguida em louvor a Nossa Senhora de Fátima, pelo 3.° GComb da CCaç 3327, em Calequisse (José da Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 1 de Janeiro de 2016:


Surpresas do Pai Natal

Meus caros amigos e camaradas,
Nos anos anteriores tive a oportunidade de partilhar convosco algumas das minhas vivências de Natal durante o meu tempo de serviço militar. As experiências então vividas, pelas lições que aprendi, fizeram-me compreender melhor as comemorações do nascimento do Menino, no renovar da Vida, da Fé e da Esperança.

Num mundo cada vez mais materialista esquecemos muitas vezes a essência da Natalidade e damos as boas-vindas ao Pai Natal, aquele velho simpático de barbas brancas, que antes de entrar nas nossas casas passou pelas lojas da vizinhança. Na verdade ele faz os possíveis para alegrar as crianças cada vez mais exigentes, mas também não se esquece dos adultos que um dia no ano também gostam de ser crianças.

O velhote de barbas brancas tem por hábito chegar a tempo, mas é quando se atrasa que traz as grandes surpresas. Foi o que aconteceu ao findar o ano de 2015.
No dia 31 de Dezembro recebi a minha oferta de Natal, por carta electrónica do nosso amigo Henrique de Matos, com uma foto anexada da Capelinha erguida em louvor a Nossa Senhora de Fátima, pelo 3.° GComb da CCaç 3327, em Calequisse.
A comoção foi grande. Aquela foto…

Meus amigos,
Alguém, em Calequisse, está tomando conta daquela capelinha. Ela foi restaurada. Mas quem o fez?
Qualquer ajuda no sentido de encontrar quem está a tomar conta daquela capelinha será muito bem-vinda. É o desafio que vos deixo.


Fotos cedida pelo 1.° Cabo José M. Sousa, autor do projecto da capelinha, Calequisse, Guiné

Foto de 2010 - Cortesia do nosso tabanqueiro e amigo Carlos Silva

Foto de 2013 de Albano Barai, a quem presto a devida vénia. Esta foto foi-me enviada pelo nosso tabanqueiro e amigo Henrique de Matos.

São situações como esta que me permitem ser criança, aguardar com curiosidade a chegada do Pai Natal e agradecer ao Menino tudo aquilo que me tem permitido ter nesta passagem pelo mundo, a minha família e os meus amigos.

Para todos os meus votos de um Feliz e Santo Ano.
José Câmara
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15555: Memória dos lugares (328): Buruntuma, dezembro de 2015 (Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", Bissau)

Guiné 63/74 - P15565: Parabéns a você (1011): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15562: Parabéns a você (1010): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira - Penafiel

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15564: Blogpoesia (430): Poema um do dia um (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

1. Em mensagem de hoje 1 de Janeiro de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema dedicado ao "dia um".


Poema um do dia um…

Comboio em marcha,
Cá vamos todos,
Bons companheiros.
A mesma viagem,
Os mesmos anseios.
Primeira classe,
À nossa vontade,
Um lugar à janela
A divisar o mundo.
Não há cobrador,
Só um piloto a bordo.

Locomotiva à frente
Já apitou três vezes.
Grande pedalada.

Começou num vale fundo,
Tanta montanha à volta,
Pela encosta acima.

Tudo cheira a novo.
É cada fatiota!...
De se tirar o chapéu.


Ninguém leva farnel,
Temos serviço a bordo.
Há-os já conversando,
Em conversa solta,
Outros se passeiam,
Descortinando par.

Há-os que vão a ler,
Só jornais e livros,
Sem televisão.
Não há computadores,
Só um telefone
Em cada carruagem.
Uns já estão dormindo,
Outros lá vão sonhando.

Tudo é harmonia,
Não há fumaradas,
Ficou para trás a inveja,
Tudo corre bem.

Ó que serenidade!
Ninguém ficou em casa...

Berlim, 1 de Janeiro de 2016
10h2m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15557: Blogpoesia (429): Estação final (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

Guiné 63/74 - P15563: Manuscrito(s) (Luís Graça) (73): Vamos cantar as janeiras: "O Novo Ano é sempre assim, /Traz sonhos e inquietações, / Em português ou em mandarim, / Aguardaremos as instruções."



"Por detrás do Marão, mandam os que lá estão"... Tabanca de Candoz, 27 de dezembro de 2015.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados. 


1. Desde pelo menos 1999 que componho as quadras populares que animam as festas de família (nascimentos, batizados, primeiras comunhões, casamentos, bodas de prata e ouro, reuniões anuais e até enterros...), bem como outros eventos, incluindo as festas de Natal, Ano Novo e Páscoa... São já muitas largas centenas, se não milhares, de quadras, ao gosto popular, com rigorosos versos de sete sílabas métricas, a que se juntam as "janeiras" que desde 2006, se não erro, escrevo para se dizer ou cantar na ENSP/NOVA, a minha escola, na festa de Natal... (Tudo começou por umaq brincadeira que, hoje, é quase uma "obrigação").

Lembrei-me de fazer aqui, para os meus amigos e camaradas da Guiné, que apreciam este singelo género literário, uma pequena seleção de algumas das quadras, ditas à mesa da consoada,  no Norte, onde costumo passar o Natal. Tenho sempre a preocupação de escrever um ou mais quadras personalizadas, dirigidas a cada um dos convivas, das crianças aos adultos...

Mas também, há quadras mais gerais, brejeiras, jocosas e satíricas, na velha tradição bem portuguesa das cantigas de escárnio e maldizer, alusivas ao estado do país e da governação... Nesta amostra só inclui, por razões óbvias, as quadras não personalizadas... São uma forma de homenagear e dar continuidade à tradição popular, tão portuguesa e sobretudo nortenha e beirã, de "cantar as janeiras" (em geral, no período que vai do 1º dia do ano até ao dia de Reis).

É também um momento de partilha dos nossos melhores sentimentos e valores como pessoas, famílias, comunidades e povo... Momento de gratidão, de alegria e de esperança. Momento também de saudade: nos nossos tempos de Guiné, recordo-me de cantarolarmos, com acompanhamento à viola, no bar de sargentos de Bambadinca, o Natal dos Simples, do Zeca Afonso (do disco "Cantares de Andarilho", 1968).

Aproveito, para em nome pessoal, e dos demais editores e colaboradores do blogue, desejar a todos/as os/as /nossos/as leitores/as e autores/as,  que tenham passado um bom momento de fim de ano, com bons augúrios para o ano (novo, dizem ) que aí vem (e que já chegou hoje)...

É uma ilusão circadiana, essa do ano novo, mas os seres humanos precisam disso: somos, como todos os seres vivos, "heliotrópicos" e "heliocêntricos", e na realidade a nossa vida (biológica e social) acaba por funcionar em regime binário, em função do solstício do inverno e do solstício do verão...  Por agora é tempo de "carregar baterias"... Que o 2016 não defraude as nossas melhores expectativas... E que Deus, Alá e os bons irãs nos protejam. LG


Vamos cantar as janeiras...

por Luís Graça


Manda a nossa tradição
Que se cantem as janeiras,
À patroa e ao patrão,
Gente boa, com maneiras.

Mais os seus convidados,
Companheiras e companheiros,
À mesa bem instalados,
Com fama de lambareiros.

Mesa farta, caldo quente,
Na ceia de fim de ano,
É sinal de boa gente,
Bato à porta, não m’ engano.

É entre a gente do norte
Que se bebe o verde vinho,
Gente de altivo porte
P’ra quem amigo é vizinho.

Saibam todos que isto não é convento,
Nem a patroa abadessa,
No Natal estica o orçamento,
E põe alegria na travessa.

patrão,  esse, dá de frosques,
Para não ser mais roubado,
Foge do Robim dos Bosques,
E evita o Zé do Telhado.

Nesta noite de encantar,
Cantemos, e com a voz quente.
Mesmo c’o  a crise a durar,
Ninguém chora, minha gente.

No Natal dos sem abrigo,
Não há de faltar cá nada,
Bem dispenso o formigo,
Mas como um rabanada.
 
Pode a saúde estar em cacos,
Acabar-se o alcatrão,
A rua ser só  buracos,
Mas faltar esta noite, não!

O Natal não se compadece
Das tristezas e mazelas,
Quem é vivo sempre aparece,
Todos juntos, eles e elas.

Saúde agora é saudinha,
Diz o rei mago Gaspar,
Medicamento é mezinha,
Sopa do pobre, jantar.

Tristezas não pagam dívidas,
As tuas e as da Nação,
Muito menos faces lívidas
Ficam bem aos que aqui estão.

Mandam-me ser responsável
Em matéria de consumo,
Mas é pouco aceitável
Esta mesa só ter sumo.

Manda a troika comer pouco
E, ainda menos, beber,
O Pai Natal está taralhouco
Vão-se todos mas é f…

Diz o povo, que é otimista,
“A cada dia Deus m’lhora”,
Eu, que sou racionalista,
Não me fui ainda embora.

Comam e bebam sem IVA,
Diz o dono, com todo o gosto,
Que ele tem escrita criativa,
Seu Natal não paga imposto.

Lá sem guita não há… broas,
Mas ó da casa, ó patrão,
Tantas coisas e tão boas,
Vão p’ró rol da gratidão.

E a ter que pedir, neste ano,
Algo à troika e ao Pai Natal,
É que volte a ser soberano
O nosso querido Portugal.

Olha a bela rabanada,
As pencas e o bacalhau,
Ceia farta, bem regada,
Nesta noite sem igual.

Nem faltou o bacalhau,
Que já foi mais fiel amigo,
Anda com cara de pau,
Estando agora em perigo.

Estando agora em perigo,
Nas mãos dos noruegueses,
Quiçá até inimigo,
À mesa dos portugueses.

Boas festas, patrão justo,
Nesta noite de cegarrega,
Não quero saber o custo
Do bacalhau da Noruega!

Os nossos anfitriões
Têm direito a gabadela,
Dos pequenos aos matulões
Todos vêm comer... na gamela.

 Viva a fada deste lar,
Que dá o melhor que tem,
É por muito nos amar
Que a gente de longe vem.

O patrão com o acordeão,
O outro com o violino,
Dispenso o rabecão,
Mas não o meu vinho fino.
 
Só nos resta o triste fado,
Feito o balanço da Nação
Que penhorou o seu Estado,
Do hospital à prisão.

Chamam-lhe a dama de ferro,
À ministra das finanças,
Não deixemos que vá ao enterro
Das nossas melhores esp’ranças.

Boas festas, senhores doutores!
Se aí vem o fim do mundo,
Pra quê quererem ser prof'ssores
Se isto vai tudo ao fundo ?

Pandemias e pandemónios
Vão e vêm com o  inverno
Entre anjos e demónios,
Lá escaparemos ao inferno.

Boas festas, senhor engenheiro,
Um bom ano p’ra sua empresa,
Que ganhe muito dinheiro,
Tenha farta e rica mesa.

Nada mais belo no mundo,
Que as nossas criancinhas,
Seus sorrisos calam fundo,
São elas as melhores prendinhas.

Vamos pôr o melhor sorriso,
E ajudar este mundo,
Que precisa de mais siso,
P’ra gente não ir... ao fundo.

Há no céu uma estrelinha,
Que a todos alumia,
Uma é tua, outra é minha,
É a da vida e da al'gria.

Pois que brilhe em esplendor
E em charme, este hotel,
Onde a comida é amor
E Natal se diz… Nöel.

Vamos cantar as janeiras
A todos os que aqui estão,
Gente fina e sem peneiras,
Fizeram um belo serão.

Parabéns às cozinheiras
Deste tão lauto jantar,
Já não digo mais asneiras,
Vou à rua apanhar ar.

Estão as janeiras cumpridas,
Obrigado, ó patrão,
Estavam boas as comidas
P’ro ano virei ou não.

Boas festas, boas festas,
Boas festas viemos dar,
C’o a promessa, mais que certa,
De p’ro ano cá voltar.

O Novo Ano é sempre assim,
Traz sonhos e inquietações,
Em português ou em mandarim,
Aguardaremos as instruções.

Sintam-se todos contemplados,
Nestas letras sem maldade,
Nelas vão embrulhados
Os melhores votos de fraternidade.


Natal e Ano Novo, 1999-2015 
(Seleção de quadras de LG)
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15562: Parabéns a você (1010): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira - Penafiel

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15542: Parabéns a você (1009): José Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Especiais da CCAÇ 4745/73 (Guiné, 1973/74)