terça-feira, 8 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15832: Controvérsias (130): O "nosso Cabo Miliciano", que em 1965 ganhava 90 escudos de pré (34,24 euros, hoje), fazendo o serviço de sargento... (Mário Gaspar)


Artigo do nosso camarada Mário Gaspar, publicado na revista da ADFA, "Elo", de 15 de janeiro de 2016. Foi-nos na mesma altura também enviado para publicação no blogue. Ficou em lista de espera... 

Achámos por bem publicá-lo agora, na nossa série Controvérsias (*)... Por curiosidade, o 1.º Cabo Miliciano em meados dos anos 60, no tempo do Mário Gaspar, ganhava 90 escudos de pré... Ficam os nossos leitores a saber quanto equivalia essa importância hoje, em euros, conforme o ano: em 1960, 38,72 €; em 1965, 34,24€; em 1970, 25,64 €; e 1974, 14,58 €... Já em tempos recuados o nosso camarada Libério Lopes escreveu um poste semelhante (**), nesta série (que tem tido pouco uso, ultimamente) ...

1. Mensagem,  com data de 20 de janeiro de 2016,  do Mário Gaspar,

[Foto à esquerda: Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68; lapidor de diamantes, reformado; cofundador e antigo dirigente da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra]

Camaradas,

Enviei este texto para o Jornal ELO, e foi publicado. Se considerar ser de publicar no Blogue podem fazê-lo

Mário Vitorino Gaspar
_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 6 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12402: Controvérsias (129): Pequena reflexão (António Matos)

(**) 26 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4584: Controvérsias (26): Cabo Miliciano: Cabo, Sargento ou Soldado? (Libério Lopes)
(...) Dizia o Manuel Maia, há alguns dias, que o único país do Mundo onde existiu o posto de Cabo Miliciano foi em Portugal. E tem razão. Só em Portugal isso podia acontecer e foi devido à lucidez brilhante de um Ministro do Exército do Governo de Salazar que isto podia acontecer. Se não me engano foi o Santos Costa. Se não for, e se alguém souber ao certo quem foi, é bom transmitir a todos os camaradas para lhe prestarmos as nossas homenagens…

Foi um indivíduo inteligente ao tomar esta atitude, poupou milhões ao Estado, só que criou inúmeros problemas.

Com o vencimento de um soldado, tinha um Cabo a fazer um serviço de Sargento. É claro que alguns comandantes usavam e abusavam do seu poder discriminatório para rebaixar os Cabos Milicianos.

Fui Cabo Miliciano no Batalhão de Caçadores 6, em Castelo Branco, desde Janeiro de 62 a Abril de 63. Dei salvo erro três recrutas e, por falta de aspirantes muitas vezes comandámos pelotões de 100 recrutas.

Neste quartel aconteceram, com o comandante de então, coisas interessantes. Ao Cabo Miliciano era proibido frequentar o bar dos soldados, porque faziam serviço de Sargento. Só que os sargentos do QP não nos deixavam entrar no seu Bar.

Houve, inclusivamente, um Cabo Miliciano de Sargento de Dia ao Batalhão que, ao querer tomar café no Bar de Sargentos, durante a noite, foi posto na rua por um 1.º Sargento. Isto serviu para que os Cabos Milicianos se juntassem e conseguissem uma pequena sala onde se reuniam e tinham uma máquina de café.

Como defesa da classe, deliberamos só responder quando nos tratassem por Cabo Miliciano e não por cabo. Ainda estou a ver o Comandante a chamar o Silva… gritando: ó nosso cabo… ó nosso cabo - e o Silva… não lhe respondia. O comandante aproxima-se dele e pergunta-lhe se não o tinha ouvido chamar. O Silva retorquiu-lhe: O meu comandante desculpe mas chamou nosso cabo e eu sou Cabo Miliciano. O Comandante engoliu e calou. Serviu de exemplo para todo o quartel.

Esse mesmo senhor quis aplicar-me como castigo, de me ver à civil na rua, uma carecada (”écada” no meu tempo).

Em Março de 1963 fomos promovidos a Furriéis Milicianos. Nunca nenhum de nós entrou alguma vez no Bar de Sargentos. (...)

Guiné 63/74 - P15831: Prova de vida (2): Ainda cá estou e continuo de pé!... Mas ainda não resolvi se este ano vou estar presente no XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 16 de abril (José Augusto Miranda Ribeiro, ex-fur mil da CART 566, Ilha do Sal - Cabo Verde, Outubro de 1963 a Julho de 1964, e Olossato - Guiné, Julho de 1964 a Outubro de 1965)

1. Mensagem de 5 do corrente,  do nosso camarada José Augusto Miranda Ribeiro [ex-fur mil da CART 566, Ilha do Sal - Cabo Verde, Outubro de 1963 a Julho de 1964, e Olossato - Guiné, Julho de 1964 a Outubro de 1965; professor do ensino básico, reformado, que vive em Condeixa]

Olá, camarada Luís Graça, eu ainda cá estou e continuo em pé.

Obrigado pela tua mensagem que certamente vai dando ânimo a todos. De vez em quando vou à Tabanca Grande, mas nem sempre tenho tempo para responder. Já sou um pouco velhote para estar atento a tudo. 

Cá em casa continuo a ser o taxista de três netas e da minha patroa que deixou de conduzir e anda sempre doente. Cheguei a convencê-la a ir comigo este ano ao Encontro de Monte Real mas, de repente, teve que fazer uma cirurgia e logo a seguir outra. Por isso ainda não resolvi se este ano vou estar presente.
Em Dia Internacional da Mulher,
mandamos um beijinho para a Adriana,
com votos de boa recuperação. 

Não vamos falar em coisas tristes porque tristezas não pagam dívidas.

No domingo passado fui à Serra da Lousã, que disseste um dia que conheces. Que maravilha! Fui só com a mulher. Vimos neve com abundância e almoçámos num restaurante típico em plena Serra.
Ainda me recordo que ali era um moinho. A moleira dava-nos broa de milho amarelo. As minhas férias eram passadas a caminhar pela serra. O meu pai era professor e com 6 filhos não nos podia levar para a praia. Só me lembro no ano em que acabou a II Guerra Mundial, em 1945, tinha eu 6 anos, que o meu pai foi fazer exames na escola primária da Figueira da Foz e fomos todos para Buarcos durante um mês ou mais.

Noutra ocasião tentarei contar algumas histórias da Guiné.

Bem, Luís Graça, vão aqui dois grandes abraços, um para ti e outro para o camarada Carlos Vinhal, por quem também tenho muita estima.

JRibeiro
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 9 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15596: Prova de vida (1): Fantasias de Natal... (Manuel Luís R. Sousa)

Guiné 63/74 - P15830: Parabéns a você (1043): António Marques Lopes, Cor Art Ref (DFA), ex-Alf Mil Art da CART 1690 (Guiné, 1967/69)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 28 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15803: Parabéns a você (1041): José Rodrigues, ex- Fur Mil TRMS da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15829: Agenda cultural (467): Apresentação dos livros "O Combate de Naulila", da autoria de Pedro Esgalhado e "Farda ou Fardo", da autoria de Carlos Jorge Mota, dia 10 de Março de 2016, pelas 15 horas, na Messe do Militar do Porto, Praça da Batalha (Manuel Barão da Cunha)

 

Em mensagem de hoje, 14 de Março de 2016, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, deu-nos conta da apresentação de mais dois livros da colecção Fim do Império, sobre Angola, a levar a efeito no próximo dia 10 de Março na Messe Militar do Porto.





O Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes vem, por este meio, enviar o convite para a tertúlia de lançamento e apresentação dos livros: “O Combate de Naulila” de Coronel Pedro Esgalhado, e “Farda ou Fardo?”, de Carlos Jorge Mota, que terá lugar na Messe de Oficiais, Praça da Batalha, no dia 10 de Março de 2016, pelas 15 Horas. 

O Presidente do Núcleo do Porto 
José Manuel da Glória Belchior 
Cor. Inf. CMD

____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15801: Agenda cultural (466): Integrada no 15.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, dia 2 de Março de 2016, pelas 15 horas, apresentação dos livros "Mousse de Manga", da autoria de Helena Pinto de Magalhães e "Moçangola", da autoria do Coronel Castro Figueiredo, no Palácio da Independência, em Lisboa (Manuel Barão da Cunha)

Guiné 63/74 - P15828: Notas de leitura (814): “Crónica de Uma Viagem à Costa da Mina no Ano de 1480", por Eustache de La Fosse (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
A todos recomendo que saboreiem esta obra, editada em 1992, pela Vega, hoje editora Nova Vega, adquiri recentemente a tradução portuguesa.
Manda a verdade que se diga que conheci este relato de Eustache de La Fosse quando li "Lá Découverte de L'Afrique", de que a seu tempo se fez a competente recensão.
Estas desventuras de um mercador na Mina, com tráfico de escravos, pilhagens, a descrição das ilhas Encantadas, uma condenação à morte em Lisboa e as peripécias da fuga até regressar a Flandres são um verdadeiro assombro, e com a Guiné ao fundo.
Não percam.

Um abraço do
Mário


Crónica de uma viagem à Costa da Mina no ano de 1480: 
A narrativa assombrosa de Eustache de La Fosse

Beja Santos

As desventuras de um mercador flamengo nas costas da Guiné no século XV é um cativante relato que se aprecia melhor quando se conhece o ambiente em que tudo ocorreu. Nestas costas que iam sendo progressivamente descobertas, na sequência do projeto henriquino, afoitavam-se alguns comerciantes que conheciam a tentativa do monopólio português. Estes mercadores vinham municiados de verdadeira pacotilha como pratos de cobre e estanho, latoaria, com que procuravam trocar por ouro ou escravos. Recorde-se que o primeiro mercado de escravos fora estabelecido em 1448 na baía de Arguim. Um dos pontos altos deste mercado ocorrerá no século XVI quando as plantações se desenvolveram na América; no século XV havia escravos que iam para a Madeira para o cultivo da cana-de-açúcar, o grosso deste tráfico era feito entre reinos africanos que pagavam com ouro.

É uma verdadeira economia de troca, com combates, pilhagem e a deslealdade sem limites. O reino português sentia-se legitimado pelas bulas pontifícias que prefiguraram a partilha do mundo feita em 1493 pelo papa Alexandre VI entre Espanha e Portugal (Tratado de Tordesilhas).

Eustache de La Fosse, mercador flamengo natural de Tournai, intermediário de um rico mercador de Bruges, chegou a Sevilha em 1479 e subiu para uma caravela carregada de mercadorias de troca. Irá viajar até à Serra Leoa, será preso pelos portugueses e a sua mercadoria apresada, trazido para Portugal, onde será condenado à morte por fazer contrabando, e descreve as peripécias da sua fuga. O texto foi publicado em 1897, e o responsável pela publicação R. Fouché-Delbosc tece os seguintes comentários:
“O navegador aporta a Espanha por mar; desembarca em Laredo, e atravessa Burgos, Toledo, Córdova e Sevilha. Aqui toma conta das mercadorias que deveria transportar até à Costa do Ouro. Visita Safi, as Canárias, o Rio do Ouro, o Cabo Branco, Cabo Verde, a Serra Leoa, a então chamada Costa das Sementes, e, finalmente, a Costa do Ouro. Aqui, e quando principiava a relacionar-se com os indígenas, quatro caravelas portuguesas assediam a sua embarcação, metralham-na, apossam-se dela e pilham-na. Feito prisioneiro, é obrigado a ajudar os portugueses a vender as suas próprias mercadorias.
Depois de terem capturado em diversos locais indígenas de todas as etnias, de La Fosse é levado para Portugal. Aqui, e sem mais delongas, o rei condena-o a ser enforcado por ter estado na Costa do Ouro sem a sua autorização. Consegue fugir para Espanha. Muitas aventuras mal sucedidas até que, por fim, consegue chegar a Corogne, na Flandres.
Um dos principais atrativos desta narrativa reside no facto de ter sido escrita pelo próprio navegador. Da mesma época, e referindo-se, se não às mesmas regiões, mas pelo menos a regiões próximas, só temos, como termo de comparação, nela avultando idênticas particularidades, a obra de Cadamosto (1455)”.

É uma empolgante narrativa de aventuras em que se fala da semente do Paraíso (a pimenta), as descrições geográficas, pela sua vivacidade, recordam-nos André Álvares de Almada, Eustache de La Fosse vinha para mercadejar e tudo conta ao detalhe:
“E também eles nos traziam mulheres e crianças para venda, que nós comprávamos, e depois revendíamos nos mesmos sítios ou onde nos aprouvesse. Custavam-nos mãe e filho uma navalha de barbear e ainda três ou quatro anéis de latão no ato da compra. Depois quando estávamos já na Mina, vendíamos mulheres e crianças por uns bons doze ou catorze pesos de ouro, e cada peso valia três estrelinos de ouro”.

Fala dos diferentes linguajares da Mina, do seu aprisionamento por Diogo Cão, o mesmo que chegara ao rio Combo. Refere os negócios da mourama na Mina. Garante que viu leprosos a besuntarem o seu corpo com sangue de tartarugas, assim ficavam curados. Aportaram a Cabo Verde e mais adiante falam-nos das ilhas Encantadas:
“Fizemo-nos de vela para Portugal, e tivemos vários dias de vento não favorável mas outros dias vieram em que o vento soprava de boa feição, e enquanto assim navegávamos vimos algumas aves a voar. E os marinheiros diziam que essas aves eram das Ilhas Encantadas, ilhas essas que nunca surgiam sobre as águas, tal se devendo a um bispo de Portugal que, com todos quantos o quiseram seguir, se sublevou e se apresentou a Carlos Magno, dizendo que todas as Espanhas tinham sido conquistadas pelos Sarracenos, como Aragão, Granada, Portugal, Galiza. E então o tal bispo, mais os seus sequazes, fizeram-se ao mar e foram até às ditas ilhas. E foi o caso que o dito bispo, que era um grande clérigo, e conhecendo a arte da negromância, encantou as tais ilhas, declarando que elas nunca se mostrariam a ninguém enquanto todas as Espanhas não passassem para a nossa boa-fé católica. E os marinheiros viam sempre as aves já ditas e reditas, mas nunca aos seus olhos viram as tais ilhas”.

Chegados a Lisboa, começam as novas tribulações de Eustache de La Fosse, uma fuga ousada com mil expedientes, peripécias mil, até os seus manuscritos desapareceram, e um dia aporta a Bruges, e deste modo dá fim o seu relato: e assim terminou a minha viagem, de corpo salvo, mas com todos os bens perdidos. Graças a Deus, ámen. Um documento precioso que traz um excelente contributo para o conhecimento de uma época ainda mal conhecida. Aqui se misturam a precisão das descrições geográficas, à luz dos conhecimentos da época, e se fala do encantamento, na crença das Ilhas Encantadas.

Que maravilha!
____________

Nota do editor

Último poste da série de 4 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15821: Notas de leitura (813): “A revolução portuguesa e a sua influência na transição espanhola”, tese de doutoramento de Josep Sánchez Cervelló, Assírio e Alvim, 1993; e Revista Africana, publicada pela Universidade Portucalense, número de Março de 1992 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15827: (De)caras (35): Quem nunca apanhou um pifo, de caixão à cova, que levante o primeiro copo!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)





Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  > Nova Lamego > c. 1969/70 >  O Valdemar Queiroz, de ter "dado de beber à dor"...

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz  (2016). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de anteontem, do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]


Assunto: Quem nunca apanhou uma bebedeira, que levante o primeiro copo.

Em Nova Lamego, depois de receber notícias, embebedei-me.

Já estava na varanda do  refeitório (oficiais e sargentos) a beber uns uisques, à espera de notícias (aerogramas).

Beber uns uisques é diferente de beber uma garrafa de Antiquary (*)... E foi uma grande bebedeira.

- Então, Queiroz? Passa-se alguma coisa? - perguntou-me o 1.º Sargento Ferreira Júnior.
- Meu primeiro, isto passa com mais uns copos, isto passa  - respondi, mas já com uma lágrima no olho.

Foi a garrafa toda e que mais houvesse.

Depois levaram-me a tomar banho à fula, num bidão que  havia na nossa casa de banho e deitaram-me dormir, até de manhã.

De manhã, estávamos escalados para irmos a Cabuca levar víveres e munições. E lá fomos, numa manhã fresca do cacimbo... Nada como o cacimbo do leste da Guiné para curar um pifo de caixão à cova...  A caminho de Cabuca senti que já me estava a passar a imagem da Ilda... a minha namorada. (**)

Valdemar Queiroz
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5672: Estórias avulsas (23): Old Parr e Antiquary a 90$00 (Luís Dias)

domingo, 6 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15826: Atlanticando-me (Tony Borié) (9): Aguarela de Miami

Nono episódio da nova série "Atlanticando-me" do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66).




Aguarela de Miami

Quando se menciona o nome Flórida, logo se associa a Miami, dizem logo, “ho, sim Miami”, é talvez o efeito da publicidade de Hollywood, cidades como São Francisco, Los Angeles, Miami, Nova Iorque, Washington, Las Vegas, Paris, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Colónia, mesmo Lisboa, quase todos as conhecem, embora nunca lá tivessem ido.

Quando se menciona o nome Miami, quase todos nós lembramos os edifícios a sair da água da baía, os barcos de recreio, as praias locais, os corpos de jovens bronzeados, o seu clima quente durante todo o ano, os barcos de cruzeiro a saírem o canal, enfim um certo número de coisas e factos que nos foram vendidas pelas agências de informação, com a colaboração dos média, que todos os dias nos entram pela casa adentro.

A verdade é um pouco diferente, se caminharmos pelas ruas de Miami, encontramos muitas coisas, mesmo muitas, que qualquer pessoa comum, a viver numa cidade, encontra ao sair de sua casa, existem alguns “sem-abrigo”, empurrando todos os seus haveres num carrinho do supermercado, áreas debaixo de pontes e outras infraestructuras, não muito recomendáveis para se caminhar por lá, carros de polícia ou de bombeiros, ambulâncias a toda a velocidade, com sirenes em funcionamento, avisando para que os deixem passar, algumas ruas fechadas ao trânsito, só para comércio e frequentadas por muitas pessoas, de todas as idades, curiosas, algumas fazendo perguntas a que ninguém sabe responder, alguns bairros típicos, que nós, vindo de outras paragens, temos curiosidade em conhecer, portanto, talvez pela curiosidade, como já mencionamos, gostamos de caminhar por lá, como por exemplo, única e simplesmente parar em frente a uma “tasca”, no bairro da “Little Havana”, (Pequena Havana), a que também chamam de “Calle Ocho”, (Rua 8), que é um bairro social, cultural e de actividade política, de refugiados que em tempos vieram de Cuba, onde se pode comer um pão com carne assada de “cerdo”, que nós chamamos porco, beber um “tinto”, que é um café negro, numa caneca sem asa, feito com meios ainda artesanais, adoçado com açúcar da verdadeira cana de açúcar.

Ao saborear esse “tinto”, se fecharmos os olhos, se pararmos de olhar em redor, podemos, na nossa imaginação, lembrar os “Tequestas”, que era uma tribo de Nativos Americanos que já viviam por aqui há mais de mil anos, mesmo antes da era Cristã, que tiveram a infeliz sorte de ser um dos primeiros povos a ter contacto com os europeus, depois deste facto, claro, foram a pouco e pouco desaparecendo. Por volta do ano de 1566, Pedro Menéndez de Avilés, ao serviço do reino de Espanha, navegou por aqui reivindicando toda esta área, chamando-lhe Florida Espanhola e, muitos anos e muitos combates depois, tanto no mar como nas dunas de areia, quando o reino de Espanha fez um tratado com a Inglaterra cedendo-lhe toda esta área, já pouco restava deste povo, tinham desaparecido quase por completo, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.


Se caminharmos pela Miami Beach Boardwalk, que é uma avenida em frente ao oceano Atlântico, em “Miami Beach”, deparamos com uma equipa de fotógrafos que estão protegidos pelos célebres ”guarda-costas”, à espera que a equipa de maquilhadores prepare o rosto de determinada “vedeta”, a preparem-na para ser fotografada, com gestos de aparência, como sendo uma paragem normal, em qualquer esplanada de café, que depois vai correr mundo, dizendo que fulano ou fulana está de férias em Miami, passando uns dias, aí podemos lembrar que aquele local foi onde esteve erguida uma Missão Espanhola, que Pedro Menéndez de Avilés, quando aqui desembarcou, deu ordens para ser erguida, davam-lhe o nome de Missão, mas na verdade era um pequeno forte, armado, habitado por alguma população treinada para combate, pois toda esta área a que hoje chamam Miami, naquele tempo foi sempre um lugar de combate, não só frequentado por corsários, vulgo “piratas”, onde até mais tarde foi palco durante muito tempo da “Segunda Guerra Seminole”, que colocava frente a frente um povo que por aqui vivia em paz, usufruindo do que a natureza lhe oferecia, com o governo de então, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.

A Segunda Guerra Seminole foi o resultado de um Tratado assinado por um pequeno número de Seminoles, por volta do ano de 1832, que exigiu aos índios que abandonassem as suas terras na Florida dentro dos próximos três anos, movendo-se para oeste. Claro que os Índios, considerando-se os verdadeiros donos das suas terras, não as abandonaram e, três anos depois, portanto por volta de 1835, o Exército dos Estados Unidos chegou para fazer cumprir o tratado, nessa altura os Índios estavam prontos para a guerra. Um tal Major Francis Dade marchou com o seu Destacamento de Exército, de Fort Brooke para Fort King, não esperando que apenas 180 guerreiros Seminoles, liderados pelos chefes Micanopy, Alligator e Jumper os atacasse, onde apenas um militar sobreviveu à emboscada, talvez para poder contar como tudo aquilo aconteceu, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.

Voltando a Miami Beach Boardwalk, mais um pouco à frente está um grupo de fotógrafos, com as suas máquinas apontadas a determinada varanda, pois pela tardinha vai haver lá “festa um pouco extravagante”, onde vão aparecer de vez em quando algumas caras conhecidas, que podem ser do desporto ou de Hollywood, quase sem roupa, debruçando-se na referida varanda, com poses estudadas, também para que essas imagens corram mundo, mas não vamos esquecer a tal “vedeta” que se preparava para ser fotografada, de que já falámos, talvez com um copo na mão, cheio de bebida, com pedras de gelo, muito florido, com uma rodela de limão ou laranja, em cima, pendurada de lado no copo, aí, vendo o limão ou laranja, temos que lembrar, na nossa imaginação, Julia Tuttle, que era uma rica produtora de citrinos, nativa de Cleveland e que ainda hoje mantém a distinção de ser a única mulher fundadora de uma grande cidade, onde os primeiros relatos descrevem a zona como um promissor deserto, que nos primeiros anos do seu crescimento chamavam "Biscayne Bay Country", e hoje é Miami, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.

Já nos estávamos a desviar da guerra, não vamos cortar o fio à meada, como se dizia no nosso tempo, as campanhas da “Segunda Guerra Seminole” foram uma demonstração notável da guerra de guerrilha Seminole. Os chefes Micanopy, Alligator, Jumper e mais tarde Osceola, dirigindo menos de 3000 guerreiros, pelos pântanos e areias desta área da Flórida, lutaram contra quatro generais norte-americanos e mais de 30.000 soldados. A Segunda Guerra Seminole durou 7 anos, foi a guerra mais feroz travada pelo governo dos Estados Unidos contra os Índios americanos, que gastou mais de 20 milhões de dólares, deixando mais de 1500 soldados mortos, não contando as baixas na população civil, que foi incontornável, assim como a relação para gerações futuras, que ficaram marcadas, entre o branco e o Índio Americano, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.

Tirando toda esta guerra do pensamento, pelo menos por momentos, Miami também pode ser apreciada e fotografada cá de cima, viajando no seu moderno sistema de metropolitano, com pontes sobre os canais e infraestruturas ao longo das ruas e avenidas, deste modo podemos lembrar, na nossa imaginação, Henry Flagler, um magnata dos caminhos de ferro, a quem posteriormente Julia Tuttle convenceu, não se sabe com que meios, a expandir os seus comboios até à região, talvez para transporte para o exterior do produto das suas plantações de citrinos.

Voltando à guerra, Julia Tuttle e Henry Flagler eram amigos, trabalhavam em conjunto, não como muitos anos antes, durante a “Segunda Guerra Seminole”, à medida que as hostilidades se arrastavam, as forças dos Estados Unidos, talvez frustradas, voltavam-se para medidas, algumas desesperadas, para ganhar a guerra, como por exemplo o chefe Osceola que foi capturado e preso quando se reuniu com as tropas dos Estados Unidos para pedir uma trégua, reivindicando e querendo falar de paz.

Com este procedimento, os Estados Unidos, com o chefe Osceola preso, estavam confiantes que a guerra terminaria em breve, mas isso não aconteceu, embora o chefe Osceola tivesse morrido na prisão no ano de 1838, outros líderes Seminoles continuaram a batalha, por mais alguns anos, e nós, a tal pessoa comum, dizemos, “é Miami”.

Uf, tanta guerra e tanto Miami, vamos caminhar para oeste, parar na “Calle Ocho”, beber um “tinto”, que é um café negro, numa caneca sem asa, feito com meios ainda artesanais, temperado com açúcar, da verdadeira cana de açúcar.

Tony Borie, Março de 2016
____________

Nota do editor

Último poste da série de 28 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15806: Atlanticando-me (Tony Borié) (8): Tunica, uma aldeia do Mississippi

Guiné 63/74 - P15825: Inquérito 'on line' (40): Num total de 126 respostas, quatro razões principais são apontadas em termos de "problemas" das NT logo no início da guerra: (i) Deficiente instrução (73%); (ii) Deficiente equipamento (63%); (iii) Cansaço (62%); e (iv) Instalações inadequadas (61%)


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > A LDM 300, encalhado em terra, à espera da maré-cheia. Foto do álbum do José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65).


Foto (e legenda): © José Colaço (2014). Todos os direitos reservados.



OPINIÃO: LISTA DE PROBLEMAS NO TO DA GUINÉ, LOGO EM 1963 (COM-CHEFE, BRIG LOURO DE SOUSA)... 


Resultados finais do nosso inquérito 'on line' [ou 'em linha] 

1. Deficiente instrução das tropas e quadros  > 92 
(73.0%)

2. Deficiente equipamento das unidades no terreno  > 79 
(62,7%)

7. Cansaço das NT, sempre ansiosas por acabar a comissão e voltar para a metrópole  > 78 (61,9%)

6. Instalações inadequadas  > 77 
(61,1%)

4. Abastecimento (material, munições, víveres e água)  49 
(38,9%)

3. Falta de pessoal / insuficiência de efetivos  > 35 
(27,8%)

5. Falta de enquadramento / aproveitamento militar dos guineenses  > 34 
(27.0%)


8. Outros problemas não referidos acima (pelo Com-chefe Louro de Sousa)  > 24 
(19,0%)

Votos apurados: 126
Sondagem fechada, 4/3/2016, 17h36

__________________

Nota do editor:

Último poste da série > 3 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15819: Inquérito 'on line' (39): Camarada, qual a tua opinião sobre os três a cinco principais problemas das NT no TO da Guiné ? 112 de nós já respondemos...E tu ? Podes responder até 6ª feira, dia 4, 17h36

sábado, 5 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15824: (De) Caras (34): Bla, bla, bla .... e o almoço de 16 de Abril (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

Bla, bla, bla... e o almoço de 16 de Abril

Não me é fácil inscrever numa confraternização onde perto de 100% dos confrades me são desconhecidos pese embora o facto de termos partilhado, pessoalmente ou por interposta pessoa, um território que, sendo hostil por missão, se tornou o nosso poiso e onde partilhámos experiências agridoces desde lutas e tiroteios, doenças ou amores, correspondidos uns, nem tanto outros ...

Tendo contribuído há alguns anos atrás com uma participação muito activa neste nosso blogue, a verdade é que optei por o seguir com interesse mas do lado de cá, de fora, e com uma assiduidade, no mínimo, duvidosa.

Todos os anos me apercebo do habitual almoço mas hoje fui possuído por uma certa vontade de estar presente em Abril.

Sem com isto estar a formalizar uma inscrição,vou deixar passar o tempo de amadurecimento da ideia e aguardar o entendimento dos neurónios para depois decidir em conformidade.

Haverá, quiçá, quem alvitre que eu esteja a fazer-me de caro, ao(s) qual(ais) e sem qualquer intuito de justificação ( parafraseando o Tenente Coronel Mexia Leitão que tive o prazer de conhecer nos Arrifes, no BII 18 em 1970 ) direi apenas : evita-te, homem !

Estando a jogar num fifty / fifty, vou aproveitar a ocasião para, admitindo a minha ausência e na pessoa do Luís Graça, desejar a todos um grande almoço e um saudável fim de semana.

Admitindo a presença, um até 16 de Abril !

Abraços,
António Garcia de Matos
___________

Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em: 4 DE MARÇO DE 2016 > Guiné 63/74 - P15820: (De) Caras (33): Somos a Tabanca Grande, com 711 elementos, dos quais 669 vivos, 602 camaradas, mais 67 amigos/as... Voltamos a juntar-nos no dia 16 de abril em Monte Real, pelo menos uns 200 (que é a lotação máxima)... "Oxalá / Inshallah / Enxalé que Deus e os bons irãs nos protejam"...

Guiné 63/74 - P15823: In Memoriam (246): Evocação de minha mãe. Dois meses depois da sua morte. (Jorge Alves Araújo)



Lisboa (Marvila) - eu e os meus pais em 08.08.1952



1. O nosso Camarada Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CART 3494, (Xime-Mansambo, 1972/1974), enviou-nos uma mensagem em memória da sua saudosa e querida mãe. 

EVOCAÇÃO DE MINHA MÃE
- DOIS MESES DEPOIS DA SUA MORTE -

– INTRODUÇÃO 

Evocar é lembrar, trazendo à memória o que podemos recordar daquela que, com amor, nos deu a vida – a nossa mãe, sendo este o objectivo supremo da presente narrativa.

O acto da sua morte foi, por mim, vivido com uma sensação estranha difícil de descrever e de aceitar por ser uma experiência única, pessoal e irrepetível, e que certamente, com mais ou menos dificuldade, o tempo me ajudará a superar… teoricamente. 

Passados que estão dois meses após nos ter deixado fisicamente, quero neste momento reforçar o quão grato vos estou, camaradas ex-combatentes e tertulianos deste espaço plural e solidário, por todas as palavras amigas e de conforto que me fizeram chegar das mais diversas formas (contactos pessoais, telefónicos, mensagens, emails, blogue, velório e funeral), as quais foram oxigénio que me ajudaram a respirar durante o período mais febril e problemático. (a foto é de 1946).

Ao desmontar o espaço onde viveu e conviveu durante sessenta anos, pois a sua habitação em Moscavide era arrendada, e onde através dos tempos foi ordenando os seus bens, singulares e colectivos, revivi memórias antigas, desde a infância até à adolescência, e outras mais recentes, nas quais se incluem também memórias da Guiné (umas bem presentes, outras nem tanto), testemunhos que ela guardou religiosamente durante quarenta e cinco anos, e que oportunamente serão utilizados na elaboração de novos textos.


1. – ANTECEDENTES (cronologia)

Depois de ter estado no fim-de-semana de 7-8NOV2015, na Figueira da Foz, onde aproveitei essa estadia para investigar, em parceria com o camarada António Bonito (ex-Furriel da CART 3494), o paradeiro versus situação do Mário Nascimento (ex-soldado da nossa companhia), que fora ferido na Ponta Coli, em 01DEC1972, e cujas notícias anteriores nos davam conta de que se encontrava na qualidade de «sem abrigo», mas que, por via dos nossos contactos, viemos a saber que falecera em 08JUN2014, no Lar de Santo António, naquela cidade. [P-15.390].

De regresso a Almada, o dia seguinte foi dia do meu aniversário [verdadeiro] e o que se seguiu (3.ª feira) o oficial [nasci a 9 e fui registado a 10NOV], tendo almoçado com a minha mãe, aquela que seria a nossa última refeição juntos e o último contacto físico, rumando depois para o Algarve (Portimão) no cumprimento da minha actividade profissional ou académica no ISMAT, onde permaneci até ao final da tarde de 4.ª feira, dia 11NOV.

Na 5.ª feira (12), telefonou-me pela manhã, como era habitual, para saber como tinha decorrido a viagem e se tudo/todos estava(m) bem, ao que lhe respondi afirmativamente. Prometi ligar-lhe mais tarde, após concluir as tarefas académicas a que estava obrigado na sequência das aulas da véspera.

A meio da tarde ligou-me, em desespero, dizendo: “filho… estou a ficar paralisada. A minha cabeça vai rebentar. Vou morrer”, desligando-me o telefone de imediato, sem uma palavra minha. Acabou por ser a última frase que dela gravei.

Por efeito dos seus gritos, as vizinhas do prédio foram alertadas prestando-lhe os primeiros cuidados, incluindo o contacto com o INEM, que a transportou para o Hospital de S. José – Serviço de Urgência, onde deu entrada pelas 17h42, tendo transitado para a Unidade de Neurocirurgia no dia 13, pelas 01h34 (conforme consta no boletim clínico informatizado).

Nesse mesmo dia de manhã (6.ª feira) depois de a ter localizado no referido hospital e na sequência de uma reunião com os médicos que a assistiram, foi-me dito que a minha mãe tivera uma ruptura de aneurisma e que entre as 16/18 horas iria ser intervencionada. Aguarde pelo nosso contacto… disseram-me.

No sábado, pela manhã, voltei ao hospital para saber como ela estava a evoluir. Foi com espanto que recebi a notícia de que, afinal, a minha mãe não tinha sido intervencionada, uma vez que a operação anterior à sua se tinha prolongado até próximo da meia-noite, e já não existiam condições objectivas para uma nova intervenção cirúrgica. Acresce dizer, ainda, que no âmbito desse contacto acabei por ser “enganado”, ao justificarem-me a não intervenção cirúrgica da minha mãe, no sábado 14, devido à equipa médica de serviço estar de prevenção na sequência dos atentados em Paris, na véspera. 

Como se veio a confirmar algumas semanas mais tarde, o acima referido não era verdadeiro, como foi divulgado/denunciado pelos diversos órgãos de Comunicação Social, como prova o exemplo referido no Jornal «Público» (passe a publicidade).

Deste modo, a minha mãe só seria operada na segunda-feira 16, entre as 9h30 e as 18h30, num total de 9 horas, o que diz bem da situação de altíssimo risco de vida em que se encontrava. Entre a sua entrada no hospital e o início da cirurgia decorreram oitenta e sete horas, deixando antever que eram mínimas as esperanças de sobreviver, situação que acabou por se verificar no dia 27 de Dezembro de 2015, domingo, quarenta e cinco dias após aí ter sido hospitalizada.

Lamentavelmente não foi caso único, como comprovam as estatísticas existentes no Ministério da Saúde, o de morrer por falta de apoio hospitalar ao fim-de-semana, sendo mais uma vítima justificada por razões economicistas. 

Espero que esta situação se alter em nome da VIDA, que tantos responsáveis apregoam, mesmo tendo perdido minha MÃE. 

2. – EVOCAÇÃO DE MINHA MÃE

Depois da morte de meu pai [1923.09.29-1995.03.11], com quem casou em 21DEC1947, minha mãe tinha então sessenta e sete anos, passando por esse facto a viver só. No início, ou seja há vinte anos, tinha um suporte social de alguma dimensão por via da relação de proximidade que existia entre a vizinhança, que aos poucos se foi reduzindo por razões de doença.

Em 2002 encontrou uma companhia – a poesia – que não mais a deixou, declamando os seus trabalhos (sempre com novidades) em convívios familiares ou quando surgia uma oportunidade fora deste contexto.

E uma das oportunidades que lhe surgiu tinha como possibilidade a participação no projecto «Encontro de Poesia», iniciado em 1996 pela Câmara Municipal de Loures, este inserido num programa mais vasto de outras actividades a que deram o nome de «Viver Outubro – Mês do Idoso». 

A sua primeira participação ocorreu no ano de 2002, tinha então setenta e quatro anos de idade. Desde essa data, e durante catorze edições [2002-2015], manteve a sua ligação ao projecto enviando os seus trabalhos para publicação e declamando-os em cerimónias públicas organizadas anualmente por esse Município. 

O seu primeiro poema conta o itinerário da sua vida de mais de oito décadas, e por ser verdade aqui o reproduzimos, como reconhecimento e tributo público do quanto estou grato e orgulhoso dela.


2003.10.11 - António Pereira (Vereador) e Georgina Araújo (minha mãe) durante o VIII Encontro de Poesia realizado na Sala Polivalente da Biblioteca José Saramago, em Loures.


Pedaços da Minha Vida

Visitei a minha terra,
E vi que nada mudara,
Estava tudo como dantes,
Até as pedras da calçada.
--
As casas eram as mesmas,
Tudo era triste e vazio,
Ao recordar o passado,
Senti-me cheia de frio.
--
A vida que lá passei,
Deixou muito a desejar,
Sem amparo do pai,
Lutei até me casar.
--
O casamento me trouxe
Um bem-estar aparente,
Vieram dois filhos queridos
E a luta foi bem diferente.
--
Fui pai, fui mãe e mulher,
Com orgulho escrevo aqui,
São recordações que ficaram,
De uma vida que vivi.
--
Trabalhei de sol a sol,
Para o sustento do lar,
Mas o destino teimava,
Em não me querer ajudar.
--
Aos filhos não se deu muito,
Pois não chegava p’ra mais,
Só o pão nosso de cada dia,
Tudo o resto era de mais.
--
Numa altura bem penosa,
O marido quis partir,
Para a vida ser melhor,
E nela poder subir.
--
Imigrante por seis meses,
Jamais consegue vencer,
Volta para a sua terra,
E vê os filhos crescer.
--
Tudo passou com os anos,
Foram bons e maus momentos,
Estava ainda por chegar,
O maior dos meus tormentos.
--
Sem esperar tudo mudou,
Nessa hora derradeira,
Meu marido adoeceu,
Fiquei sempre à sua beira.
--
Foram três anos de luta,
Entre a vida e a morte,
Confesso que esperava,
Que ele tivesse mais sorte.
--
Se foi feliz numa coisa,
Ninguém o pode negar,
Teve sempre uma esposa,
Que nada lhe deixou faltar.
--
Mas o destino cruel,
Antecipou-lhe a partida,
Levando tudo de mim,
Na hora da despedida.
--
Minha vida não foi fácil,
Para encontrar a solução,
Pois tinha que sarar a ferida,
Que ficou no meu coração.
--
Pensei bem e fui p’ra frente
Do combate… combater,
Hoje já estou bem diferente,
Lutando para vencer.
--
Em frente eu quero ir,
E não perder a esperança,
Quando acaba a tempestade,
Vem a seguir a bonança.
--
Sou teimosa e persistente,
Quero chegar à vitória,
Viver melhor o presente,
Dos fracos não reza a história.

Georgina Araújo
2002.04.04


2015.10.18 - Reunião do XIX Encontro de Poesia realizado no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, em Loures (que seria a sua última participação, três semanas antes de adoecer). No círculo a amarelo está a minha mãe.

Eis uma singela evocação de minha mãe e o merecido tributo que lhe é devido, dois meses depois da sua morte.

Obrigado pela vossa atenção.

Um forte abraço e muita saúde.
Jorge Araújo.
05DEC2015.
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P15822: Ser solidário (196): Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga", com a consignação de 0,5% do IRS... Notícias: A "Ajuda Amiga" (i) tem novo sítio na Net; (ii) tem novos corpos sociais para o biénio de 2016-17; e (iii) os seus dois cententores deste ano já chegaram a Bissau (Carlos Silva)


1. Mensagem de Carlos Silva, nosso grã-tabanqueiro, um dos "históricos" da ONGD "Ajuda Amiga":

Data: 24 de fevereiro de 2016 às 18:04
Assunto: Newsletter e novo sítio da AJUDA AMIGA

Amigos
Aqui vão novidades da nossa associação Ajuda Amiga
Um abraço
Carlos Silva


2. NOTÍCIAS DA "AJUDA AMIGA"


NOVO "SITE" DA AJUDA AMIGA

A AJUDA AMIGA tem um novo site: http://www.ajudaamiga.com

A Sapo vai deixar de permitir o acesso aos sites que esta possuía a partir do dia 29-02-2016, assim vai deixar de existir o endereço http://ajudaamiga.com.sapo.pt, pelo que foi registado este novo domínio e alugado um espaço para alojamento do "site", tendo o antigo "site" migrado para este novo alojamento

IBAN DA AJUDA AMIGA

Dado que o NIB agora não é suficiente para as operações bancárias informamos que a conta da Ajuda Amiga no Montepio tem o IBAN: PT50 0036 0133 99100025138 26.

CONSIGNAÇÃO 0,5% DO IRS (Vd. destaque, acima)


ASSEMBLEIA GERAL DA AJUDA DA AJUDA AMIGA E ELEIÇÕES

Decorreu no passado dia 30/1/2016 a Assembleia Geral da Ajuda Amiga onde foi:

(i)  aprovado o Relatório e Contas de 2015;

((ii) aprovada a alteração da morada da sede da Associação,

(iii) e,  por proposta da Direção, aprovado como sócio de mérito o sócio n.º 2 Adrião Lourenço Mateus e como sócios honorários José de Almeida Gomes e a Fundação de Sousas;

(iv)  por proposta de um grupo de associados, foram igualmente aprovados como sócios de mérito o sócio n.º 1 Joaquim Carlos Martins Fortunato, e o sócio n.º 3 Carlos José Pereira da Silva.

Foram realizadas as eleições para os órgãos sociais da Ajuda Amiga para o biénio 2016-2017, tendo tomado posse a única lista apresentada, e cujos membros são indicados no "site" da Ajuda Amiga na lista dos "Órgãos Sociais", na página "Quem Somos". [Alguns dos quais são membros da Tabanca Grande: por ex., Carlos Fortunato, Carlos Silva, Manuel Joaquim, Zé Carioca].


CONTENTORES DA AJUDA AMIGA EM BISSAU

Os dois contentores enviados pela Ajuda Amiga chegaram a Bissau no dia 18-02-2016, estando o nosso parceiro, a FED - Fundação Educação e Desenvolvimento,  a tratar do seu desalfandegamento, que deverá estar concluído no dia 15 de Abril, estando planeado a deslocação de um grupo de membros da Ajuda Amiga para iniciar a distribuição dos bens nessa data.

Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua do Alecrim, 8, 1º Dto.
2770 - 007 Paço de Arcos

NIPC 508617910
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Pessoa Coletiva de Utilidade Pública

Site http://www.ajudaamiga.com
E-mail ajudaamiga2008@yahoo.com
Telemóvel +351 937149143

Vd. também conta no Facebook
___________________

sexta-feira, 4 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15821: Notas de leitura (813): “A revolução portuguesa e a sua influência na transição espanhola”, tese de doutoramento de Josep Sánchez Cervelló, Assírio e Alvim, 1993; e Revista Africana, publicada pela Universidade Portucalense, número de Março de 1992 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Arnaldo Schulz não teve biógrafo. É gritante o caudal de informação da sua presença na Guiné em contraste com Spínola. A documentação correspondente a 1964-1968 não aparece numa obra, tem referências avulsas, por vezes chocando umas com as outras. No entanto, é um período crucial, por definição. Neste tempo se adensou a guerra, proliferaram aquartelamentos, as tropas especiais tiveram desempenho revelante, desde o Cantanhez a Sambuiá; tomaram-se decisões de manter a quadrícula extensa, em Sangonhá, em Gandembel, o que se veio a revelar impraticável. Mas não há uma leitura que permita um pano de fundo, uma leitura que dê linearidade histórica. A quem me está a ler e possua elementos que comprovem que estou errado, eu peço ajuda, indicações bibliográficas esclarecedoras.

Um abraço do
Mário


Os claro-escuros da governação de Arnaldo Schulz

Beja Santos

Depois de manusear um número apreciável de papéis atinentes à guerra da Guiné, em forma de livros, monografias, artigos, relatórios, documentos esparsos, etc, confirmei que há bastante documentação sobre os alvores do nacionalismo guineense, relatos dispersos mas consistentes sobre os primórdios da guerra, até à Operação Tridente os testemunhos encaixam, há linearidade histórica. Depois, tudo aparece aos farrapos, a despeito de testemunhos de indiscutível valor como a história da CART 1525, um registo de indiscutível interesse para aquele tempo e para uma região mais que sensível, à volta do Morés, recomendo a leitura do documento que está no link (http://www.cart1525.com/gouveia/resposta.pdf).

Vejamos agora a documentação esparsa. Em “A revolução portuguesa e a sua influência na transição espanhola”, tese de doutoramento de Josep Sánchez Cervelló, Assírio e Alvim, 1993, o autor aborda este período de uma forma concisa e pouco elucidativa:
“A guerra propriamente dita iniciou-se em 23 de Janeiro de 1963 com o ataque do PAIGC ao quartel de Tite, o que delimitou a primeira zona de combate, estabelecendo-a entre o rio Geba e a fronteira com a República da Guiné. Sete meses mais tarde, abriram uma segunda frente entre o rio Geba e Cacheu. No ano seguinte, os combates alastraram a outras duas zonas: uma em Gabu e outra a Sul do Boé; e em 1965, abriram outra em frente em Cacheu, na fronteira com o Senegal. A partir daí a guerra generalizou-se em todo o território”. Em rigor, não aconteceu assim, como é do conhecimento de todos. Mais adiante, Cervelló alude à resposta das Forças Armadas portuguesas:
“As dificuldades portuguesas nos primeiros 17 meses do conflito ficam suficientemente demonstradas pelo facto de ter sido necessário substituir quatro vezes o máximo representante militar, até à chegada do General Schulz, em Maio de 1964. Os problemas militares em breve convenceram certos setores reformistas do regime de que seria mais cómodo abandonar a Guiné, devido ao elevado custo moral e humano exigido e pela falta de recursos do território. Em contrapartida, os mais ortodoxos entenderam que se abandonassem a Guiné não haveria justificação para continuarem nos outros territórios. Perante a degradação da situação militar, o governo de Lisboa mandou para Bissau Schulz. Quando ali chegou o exército tinha muitas dificuldades porque 'durante muitíssimos anos, o objetivo de uma guerra tinha sido sempre o de conquistar uma área do terreno, destruir o inimigo, ou tirar-lhe a força de combater. Mas na guerra subversiva não há nenhum destes objetivos. O que há a fazer é ganhar simpatias, mas a instituição militar desse tempo ainda era a outra, a dos objetivos, em lugar da de conquistar vontades. De forma que a nossa atuação não se ajustava ao que pretendíamos’. A estratégia que pôs em prática consistiu em ‘manter e controlar áreas determinadas, pelo que era necessário que umas forças conquistassem um terreno e ali ficassem para ocupá-lo e outras forças, na mesma área, se dedicassem a procurar o inimigo’.
Schulz tentou controlar o Sul e o Centro Oeste da colónia, perdidos desde o início da guerra, com ações de envergadura, que foram um fracasso. A situação militar foi-se degradando progressivamente, sendo a situação dramática nos primeiros meses de 1968”.
Mesmo admitindo que estas informações correspondam à verdade dos factos, não é inteligível a ação do Governador e muito pouco a do Comandante-Chefe.

Passando agora para a Revista Africana, publicada pela Universidade Portucalense, número de Março de 1992, vejamos o que escreve o investigador Lomba Martins no seu artigo “Guiné-Bissau, da década de 1960 à atualidade”, no tocante ao período da governação de Schulz.

Diz-nos que as milícias começaram a ser organizadas em Dezembro de 1964. Que os portugueses tiveram sempre controlo sobre a Ilha de Bissau, Mansoa e Teixeira Pinto, sobre Bolama e o arquipélago dos Bijagós, sobre o Gabu e Bafatá, chãos dos Papéis, Manjacos, Bijagós, Mandingas e Fulas. Em nenhuma circunstância fica claro qual o grau de desenvolvimento económico e social imprimido pela governação de Schulz, o que se passou na agricultura e pescas, na geologia e minas, nas prospeções petrolíferas, apesar de termos estatísticas no arroz, amendoim, coconote. Muitos destes estudos provocam confusão no leitor. Não é crível que ao tempo de Spínola o governo tenha elaborado 36 programas preconizando a construção de novas estradas e pontes, o melhoramento de portos, a ampliação das redes telefónicas e ainda a construção de uma ligação ferroviária Buba-Madina do Boé-Beli para a concretização do projeto das bauxites.

O leitor interessado encontrará na história da CART 1525 referências alargadas a uma reportagem propagandística do escritor e jornalista Amândio César intitulada Guiné 1965, estaríamos no melhor dos mundos possíveis, desmascarava-se a propaganda do PAIGC com a ida do jornalista à ilha do Como, mais propriamente a Cachil, percorreu estradas, falou com muita gente, a guerrilha estava mais controlada. O documento não é fiável. Hélio Felgas(*) escreveu em 1965 “Guerra na Guiné”, ensaio publicado pela Secção de Publicações do Estado Maior do Exército (SPEME). É um documento que deve ser lido com atenção. O então Tenente-Coronel fora Comandante de Batalhão em Bula e estava ávido por deixar um registo para o seu currículo e para a história. Refere que se tinha obtido o concurso da quase totalidade da população, que no final de 1964 tinha sido eliminada a infiltração do inimigo no setor dos Manjacos. Descreve a guerrilha do Sul, no início de 1963, como se disseminou no Oio, no quadrilátero Mansoa/Bissorã/Olossato/Mansabá e se manifestou noutros diferentes pontos como Xime/Bambadinca, entre Binar e Bula, como passou a usar engenhos explosivos, etc. É sem dúvida uma obra apologética, a era Arnaldo Schulz passa a ser sinónimo de retração do inimigo, mas não deixa de se contraditar, mais à frente chama à atenção para Madina do Boé e Beli, o inimigo parecia dar mostras de recuo, no entanto Felgas apresentam-no em dinâmica e moral elevado: novos campos de treino na República da Guiné, frequentes visitas de Amílcar Cabral a esses campos, o aparecimento de enfermarias, até um grupo IN tentou afundar a jangada de João Landim. E o que escreve sobre a criação de companhias de milícias é um verdadeiro assombro, assim:
“A manutenção dos soldados nativos nas fileiras e o recrutamento das milícias conduziram a uma situação curiosa e pouco conhecida. É que na Guiné há hoje mais militares nativos que metropolitanos. A imensa maioria dos nativos não nutre qualquer idealismo político que nos seja favorável. O que eles pretendem é um emprego. E foi a falta de emprego, aliada a promessas sedutoras ou ameaças terríveis que obrigou muitos nativos a deixarem-se aliciar”.

Em síntese, a governação de Schulz apresenta-se-nos como um período muito mal referenciado em gritante contraste com o mediatismo a que está associada a governação de Spínola. O que não é nada bom para o conhecimento profundo da evolução deste teatro de operações.
____________

Notas do editor

(*) Vd. postes de:

24 de Outubro de 2010 Guiné 63/74 - P7168: Notas de leitura (161): Guerra na Guiné, por Hélio Felgas (1) (Mário Beja Santos)

27 de Outubro de 2010 Guiné 63/74 - P7183: Notas de leitura (162): Guerra na Guiné, por Hélio Felgas (2) (Mário Beja Santos)
e
30 de outubro de 2010 Guiné 63/74 - P7194: Notas de leitura (163): Guerra na Guiné, por Hélio Felgas (3) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 29 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15808: Notas de leitura (812): “Os Caminhos de Gadamael-Porto”, de Manuel da Silva Fernandes, edição de autor, Ponte de Lima, 2014 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15820: (De) Caras (33): Somos a Tabanca Grande, com 711 elementos, dos quais 669 vivos, 602 camaradas, mais 67 amigos/as... Voltamos a juntar-nos no dia 16 de abril em Monte Real, pelo menos uns 200 (que é a lotação máxima)... "Oxalá / Inshallah / Enxalé que Deus e os bons irãs nos protejam"...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > "Foto de família"... Mais do que um batalhão, menos do que um regimento, a Tabanca Grande é uma comunidade (virtual e real) de ex-combatentes da Guiné e de amigos/as, que preservam, partilham e divulgam as memórias (vivas) de uma geração que fez a guerra e a paz...

O próximo encontro anual é a 16 de abril de 2016, no sítio do costume. A 23 de abril o nosso blogue faz 12 anos de existência. Éramos 111 em 1/6/2006. Chegamos aos 711, no início do ano de 2016. A nossa decana é a nossa amiga Clara Schwarz com 101 anos. O nosso camarada mais velho (em idade e em antiguidade)... Quem será? Quem se quer candidatar?...

Como costumamos dizer, "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande"!... "Tabanca Grande"?... Sim,  "a mãe de todas as tabancas"... E até há uma que se batizou com o o nome de "Tabanca Pequena", fica em Matosinhos, mas a sua área de influência é tão vasta que vai de todo o norte até à Guiné-Bissau... E outra, a mais exótica e distante, é a "Tabanca da Lapónia", a de um homem só... Porque "Luso-lapão só há um, o Zé Belo, e mais nenhum"...  Aristocrática é a "Magnífica Tabanca da Linha", e a mais equidistante, entre os extremos (norte/sul), só pode ser a "Tabanca do Centro"...

Todas têm régulo e filho de régulo... "Filho de régulo será régulo? Logo se verá"... De qualquer modo, o proverbiário da Tabanca Grande diz que este é o único do sítio do mundo "onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa"... Tem um poilão ao meio... Três coisas lá não se discutem: "religião, política e  futebol"... Bolas, mas isso é 90% da vida de um tuga, diz um crítico...

Mas também vamos fazendo votos de longevidade: "Até aos cem, ainda se aguenta, depois dos cem, só com água benta".... Aos que morrem (e, infelizmente, já lá vão 4 dezenas), vamos dizendo a última palavra: "Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!"... Mas estão "Sempre presentes, aqueles que da lei da morte já se foram libertando"...

É um blogue onde se dão lições de vida, e até "lições de artilharia aos infantes"!... Quando se pergunta a um grã-tabanqueiro "como vai isso?", ele responde: "Cá vamos blogando, facebook...ando e andando"...

E o camarada Cabral?..."Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum"... E heróis, quantos, quantos são?... Bravos, são eles todos/as (enfermeiras paraquedistas incluídas), mas gostam de dizer, com modéstia: "Mais vale um camarada vivo do que um herói... morto!"... Porque aqui, "Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande"...

E são frontais e leais uns com os outros: "Os camaradas da Guiné dão a cara, não se escondem por detrás do bagabaga"... Gostam de se juntar e trazer mais um camarada "novo": "Periquito salta pró blogue, que a velhice já cá está!"...

Claro, não têm ilusões de eternidade, não escondem que "Somos uma espécie em vias de extinção"... Mesmo assim, "Oxalá / Inshallah / Enxalé que Deus e os bons irãs os protejam"...

PS - Publica-se a lista dos 711 grã-tabanqueiros, religiosa, meticulosa e dedicadamente organizada, revista e atualizada pelo nosso coeditor Carlos Vinhal.

Foto: © Manuel Resende  (2015). Todos os direitos reservados.

TABANCA GRANDE (desde 23/4/2004) 711
NOME COMB AMIG TOTAL
A. Marques Lopes 1
Abel Maria Rodrigues 1
Abel Santos 1
Abílio Delgado 1
Abílio Duarte 1
Abílio Machado 1
Abílio Magro 1
Acácio Correia 1
Adelaide Gramunha Marques 1
Adelino Capinha 1
Adriano Lima 1
Adriano Moreira 1
Adriano Neto 1
Afonso M.F. Sousa 1
Agostinho Gaspar 1
Agostinho Jesus 1
Aires Ferreira 1
Albano Costa 1
Albano Gomes 1
Albano Mendes de Matos 1
Alberto Antunes 1
Alberto Branquinho 1
Alberto Grácio 1
Alberto Nascimento 1
Alberto Sardinha 1
Alberto Sousa Silva 1
Albino Silva 1
Alcides Silva 1
Alcídio Marinho 1
Alexandre Cardoso 1
Alfredo Reis 1
Alice Carneiro 1
Almeida Campos 1
Almiro Gonçalves 1
Altamiro Claro 1
Álvaro Basto 1
Álvaro Carvalho 1
Álvaro Mendonça 1
Álvaro Vasconcelos 1
Amaral Bernardo 1
Amaro Munhoz Samúdio 1
Américo Estanqueiro 1
Américo Marques 1
Amílcar Mendes 1
Amílcar Ramos 1
Ana Duarte 1
Ana Maria Gala 1
Ana Paula Ferreira 1
Ana Romero 1
Anabela Pires 1
Aníbal Magalhães 1
Anselmo Garvoa 1
Antero F.C. Santos 1
Subtotal…
46 7 53
António Agreira 1
António Alberto Alves 1
António Almeida 1
António Azevedo Rodrigues 1
António Baia 1
António Baldé 1
António Barbosa (Gondomar) 1
António Barbosa (Santarém) 1
António Barroso 1
António Bartolomeu 1
António Bastos 1
António Bonito 1
António Borié 1
António Branco 1
António Branquinho 1
António Brum 1
António Camilo 1
António Campos 1
António Carvalho 1
António Clemente 1
António Correia Rodrigues 1
António Cunha (Lassa) 1
António da Costa Maria 1
António da Silva Batista 1
António Dâmaso 1
António Dias 1
António Duarte 1
António Eduardo Carvalho 1
António Eduardo Ferreira 1
António Estácio 1
António Faneco 1
António Garcia Matos 1
António Gomes da Cunha 1
António Graça de Abreu 1
António Inverno 1
António J. Pereira da Costa 1
António J. Serradas Pereira 1
António Levezinho 1
António Manuel C. Santos 1
António Manuel Oliveira 1
António Manuel Salvador 1
António Manuel Sucena Rodrigues 1
António Marques 1
António Marquês 1
António Martins de Matos 1
António Mateus 1
António Medina 1
António Melo 1
António Melo de Carvalho 1
António Moreira 1
António Murta 1
António Nobre 1
António Osório 1
António P. Almeida 1
António Paiva 1
António Pimentel 1
António Pinto 1
António Rocha Costa 1
António Rodrigues 1
António Rodrigues Pereira 1
António Rosinha 1
António Sá Fernandes 1
António Sampaio 1
António Santos 1
António Santos Almeida 1
António Santos Dias 1
António Tavares 1
António Teixeira Mota 1
António Varela 1
Subtotal…
68 1 69
Arlindo Roda 1
Armandino Oliveira 1
Armandino Santos 1
Armando Costa 1
Armando Faria 1
Armando Ferreira 1
Armando Ferreira Gomes 1
Armando Fonseca 1
Armando Pires 1
Armando Teixeira da Silva 1
Arménio Estorninho 1
Arménio Santos 1
Armindo Batata 1
Armor Pires Mota 1
Arnaldo Guerreiro 1
Arnaldo Sousa 1
Arsénio Puim 1
Artur Conceição 1
Artur José Ferreira 1
Artur Ramos 1
Artur Soares 1
Augusto Baptista 1
Augusto Silva Santos 1
Augusto Vilaça 1
Aura Rico Teles 1
Subtotal… 25 0 25
Belarmino Sardinha 1
Belmiro Tavares 1
Belmiro Vaqueiro 1
Benito Neves 1
Benjamim Durães 1
Benvindo Gonçalves 1
Bernardino Cardoso 1
Bernardino Parreira 1
Braima Djaura 1
Cândido Morais 1
Campelo de Sousa 1
Carlos Afeitos 1
Carlos Alberto Cruz 1
Carlos Alberto de Jesus Pinto 1
Carlos Alexandre 1
Carlos Américo Cardoso 1
Carlos Ayala Botto 1
Carlos Azevedo 1
Carlos Baptista 1
Carlos Carvalho 1
Carlos Cordeiro 1
Carlos Domingos Gomes 1
Carlos Farinha 1
Carlos Fernandes 1
Carlos Filipe Coelho 1
Carlos Fortunato 1
Carlos Fraga 1
Carlos Guedes 1
Carlos Jorge Pereira 1
Carlos Marques Santos 1
Carlos Mendes 1
Carlos Milheirão 1
Carlos Nery Gomes Araújo 1
Carlos Órfão 1
Carlos Pedreño Ferreira 1
Carlos Pinheiro 1
Carlos Pinto 1
Carlos Prata 1
Carlos Ricardo 1
Carlos Rios 1
Carlos Silva 1
Carlos Sousa 1
Carlos Valente 1
Carlos Valentim 1
Carlos Vinhal 1
Subtotal...  43 2 45
Carmelindo Cardoso 1
Carvalhido da Ponte 1
Casimiro Vieira da Silva 1
Cátia Félix
 1
César Dias 1
Cherno Baldé 1
Clara Schwarz 1
Cláudio Brito 1
Conceição Brazão 1
Conceição Salgado 1
Constantino Ferreira D'Alva 1
Constantino (ou Tino) Neves 1
Constantino Costa 1
Coutinho e Lima 1
Cristina Allen 1
Cristina Silva 1
Cristóvão de Aguiar 1
Subtotal…
9 8 17
Daniel Vieira 1
David Guimarães 1
David Peixoto 1
Delfim Rodrigues 1
Diamantino Pereira Monteiro 1
Diana Andringa 1
Dina Vinhal 1
Domingos Fonseca 1
Domingos Gonçalves 1
Domingos Maçarico 1
Domingos Santos 1
Duarte Cunha 1
Durval Faria 1
Eduardo Campos 1
Eduardo Costa Dias
 1
Eduardo Estrela 1
Eduardo Jorge Ferreira 1
Eduardo Magalhães Ribeiro 1
Eduardo Moutinho Santos 1
Eduardo Santos 1
Egídio Lopes 1
Ernestino Caniço 1
Ernesto Duarte 1
Ernesto Ribeiro 1
Subtotal… 21 3 24
Felismina Costa 1
Fernandino Leite 1
Fernandino Vigário 1
Fernando Almeida 1
Fernando Araújo 1
Fernando Barata 1
Fernando Calado 1
Fernando Chapouto 1
Fernando Costa 1
Fernando de Jesus Sousa 1
Fernando Franco 1
Fernando Gomes de Carvalho 1
Fernando Gouveia 1
Fernando Hipólito 1
Fernando Inácio 1
Fernando Loureiro 1
Fernando Macedo 1
Fernando Magro 1
Fernando Manuel Belo 1
Fernando Moita 1
Fernando Oliveira 1
Fernando Santos 1
Fernando Sucio 1
Fernando Teixeira 1
Ferreira da Silva 1
Ferreira Neto 1
Filomena Sampaio 1
Florimundo Rocha 1
Fradique Morujão 1
Francisco Baptista 1
Francisco Godinho 1
Francisco Gomes 1
Francisco Henriques da Silva 1
Francisco Monteiro Galveia 1
Francisco Palma 1
Francisco Santiago 1
Francisco Santos 1
Francisco Silva 1
Subtotal… 36 2 38
Gabriel Gonçalves 1
Garcez Costa 1
George Freire 1
Germano Penha 1
Germano Santos 1
Gil Moutinho 1
Gilda Pinho Brandão (Gilda Brás)
Giselda Antunes Pessoa 1
Graciela Santos 1
Gualberto Passos Marques 1
Guilherme Ganança 1
Gumerzindo Silva 1
Gustavo Vasques 1
Hélder Sousa 1
Henrique Cabral 1
Henrique Cerqueira 1
Henrique Martins de Castro 1
Henrique Matos 1
Henrique Pinto 1
Herlânder Simões 1
Hernâni Acácio Figueiredo 1
Hilário Peixeiro 1
Horácio Fernandes 1
Hugo Costa
Hugo Guerra 1
Hugo Moura Ferreira 1
Humberto Nunes 1
Humberto Reis 1
Subtotal… 25 3 28
Idálio Reis 1
Inácio Silva 1
Isabel Levy Ribeiro 1
Ismael Augusto 1
J. Armando F. Almeida 1
J. C. Mussá Biai 1
J. F. Santos Ribeiro 1
J. L. Mendes Gomes 1
J. L. Vacas de Carvalho 1
J. M. Pereira da Costa 1
Jacinto Cristina 1
Jaime Bonifácio Marques da Silva 1
Jaime Machado 1
Jéssica Nascimento
 1
João Alberto Coelho 1
João Bonifácio 1
João Carlos Silva 1
João Carreiro Martins 1
João Crisóstomo 1
João Carvalho 1
João Dias da Silva 1
João Graça 1
João Lourenço 1
João M. Félix Dias 1
João Martel 1
João Martins 1
João Melo 1
João Meneses 1
João Miranda 1
João Nunes 1
João Paulo Diniz 1
João Rebola 1
João Ruivo Fernandes 1
João S. Parreira 1
João Sacôto 1
João Santos 1
João Seabra 1
João Santiago 1
João Varanda 1
João Vaz 1
Subtotal… 33 7 40
Joaquim Ascenção 1
Joaquim Cardoso 1
Joaquim Cruz 1
Joaquim Fernandes 1
Joaquim Fernandes Alves 1
Joaquim Gomes de Almeida 1
Joaquim Guimarães 1
Joaquim Jorge 1
Joaquim Luís Fernandes 1
Joaquim Macau 1
Joaquim Martins 1
Joaquim Mexia Alves 1
Joaquim Nogueira Alves 1
Joaquim Peixoto 1
Joaquim Pinheiro 1
Joaquim Pinto Carvalho 1
Joaquim Rodero 1
Joaquim Ruivo 1
Joaquim Sabido 1
Joaquim Sequeira 1
Joaquim Soares 1
Jochen Arndt 1
Subtotal… 21 1 22
Jorge Araújo 1
Jorge Cabral 1
Jorge Caiano 1
Jorge Canhão 1
Jorge Coutinho 1
Jorge Félix 1
Jorge Lobo 1
Jorge Narciso 1
Jorge Picado 1
Jorge Pinto 1
Jorge Rijo 1
Jorge Rosales 1
Jorge Rosmaninho 1
Jorge Santos 1
Jorge Silva 1
Jorge Simão 1
Jorge Tavares 1
Jorge Teixeira 1
Jorge Teixeira (Portojo) 1
Subtotal… 18 1 19
José Afonso 1
José Albino 1
José Almeida 1
José António Sousa 1
José António Viegas 1
José Augusto Ribeiro 1
José Barbosa 1
José Barreto Pires 1
José Barros 1
José Barros Rocha 1
José Bastos 1
José Belo 1
José Brás 1
José Carlos Ferreira 1
José Carlos Gabriel 1
José Carlos Lopes 1
José Carlos Neves 1
José Carlos Pimentel 1
José Carlos Suleimane Baldé 1
José Carmino Azevedo 1
José Casimiro Carvalho 1
José Colaço 1
José Corceiro 1
José Cortes 1
José Crisóstomo Lucas 1
José da Câmara 1
José Diniz de Souza Faro 1
José Eduardo Alves 1
José Eduardo Oliveira 1
José Fernando de Andrade Rodrigues 1
José Fernando Estima 1
José Ferraz de Carvalho 1
José Ferreira da Silva 1
José Fialho 1
José Figueiral 1
José Firmino 1
José Francisco Robalo Borrego 1
José Gonçalves 1
José Jerónimo 1
José João Braga Domingos 1
José Lima da Silva 1
José Lino Oliveira 1
José Luís Vieira de Sousa 1
José Macedo 1
José Manuel Cancela 1
José Manuel Carvalho 1
José Manuel Dinis 1
José Manuel Lopes (Josema) 1
José Manuel Pechorro 1
José Manuel Rosado Piça 1
José Manuel Samouco 1
José Manuel Sarrico Cunté 1
José Maria Claro 1
José Maria Pinela 1
José Marques Ferreira 1
José Martins 1
José Martins Rodrigues 1
José Matos 1
José Melo 1
José Moreira 1
José Nascimento 1
José Nunes 1
José Paracana 1
José Pardete Ferreira 1
José Pedro Neves 1
José Pedrosa 1
José Pereira 1
José Pinho da Costa 1
José Quintino Romão 1
José Rodrigues 1
José Rosério 1
José Santos 1
José Saúde 1
José Sousa Pinto 1
José Sousa Pinto 1
José Teixeira 1
José Vargues 1
José Vermelho 1
José Zeferino 1
Joviano Teixeira 1
Subtotal… 79 1 80
lia Neto 1
Júlio Abreu 1
Júlio Benavente 1
Júlio César 1
Júlio Faria 1
Júlio Madaleno 1
Júlio Pereira 1
Juvenal Amado 1
Juvenal Candeias 1
Lázaro Ferreira 1
Leão Varela 1
Leopoldo Amado 1
Leopoldo Correia 1
Lia Medina 1
Libério Lopes 1
Lígia Guimarães 1
Luciano Jesus 1
Luciana Saraiva Guerra 1
Lucinda Aranha 1
Luís Camões 1
Luís Camolas 1
Luís Candeias 1
Luís Carvalhido 1
Luís de Sousa 1
Luís Dias 1
Luís Fonseca 1
Luís Gonçalves Vaz 1
Luís Graça 1
Luís Guerreiro 1
Luís Jales 1
Luís Marcelino 1
Luís Miguel da Silva Malú 1
Luís Nascimento 1
Luís Paiva 1
Luís Paulino 1
Luís R. Moreira 1
Luís Rainha 1
Luiz Figueiredo 1
Subtotal… 29 9 38
Mamadu Baio 1
Manuel Abelha Carvalho 1
Manuel Amante da Rosa 1
Manuel Amaro 1
Manuel Bastos 1
Manuel Bento 1
Manuel Carmelita 1
Manuel Carvalhido 1
Manuel Carvalho   1
Manuel Carvalho Passos 1
Manuel Castro 1
Manuel Coelho 1
Manuel Correia Bastos 1
Manuel Cruz 1
Manuel Domingues 1
Manuel Freitas 1
Manuel G. Ferreira 1
Manuel Gomes 1
Manuel Henrique Quintas de Pinho 1
Manuel João Coelho 1
Manuel Joaquim 1
Manuel Lima Santos 1
Manuel Luís de Sousa 1
Manuel Luís Lomba 1
Manuel Maia 1
Manuel Marinho 1
Manuel Mata 1
Manuel Melo 1
Manuel Oliveira Pereira 1
Manuel Peredo 1
Manuel Rebocho 1
Manuel Reis 1
Manuel Resende 1
Manuel Rodrigues 1
Manuel Salada 1
Manuel Santos 1
Manuel Serôdio 1
Manuel Sousa 1
Manuel Tavares Oliveira 1
Manuel Traquina 1
Manuel Vaz 1
Manuela (Nela) Gonçalves 1
Subtotal… 38 4 42
Margarida Peixoto 1
Maria Arminda Santos 1
Maria Clarinda Gonçalves 1
Maria Helena Carvalho 1
Maria Joana Ferreira da Silva 1
Maria Teresa Almeida 1
Mário Armas de Sousa 1
Mário Beja Santos 1
Mário Bravo 1
Mário Cláudio / Rui Barbot 1
Mário Cruz (Shemeiks) 1
Mário de Azevedo 1
Mário de Oliveira (Padre) 1
Mário (Roseira) Dias 1
Mário Fitas 1
Mário Gaspar 1
Mário Lourenço 1
Mário Miguéis 1
Mário Oliveira 1
Mário Pinto 1
Mário Serra de Oliveira 1
Mário Vasconcelos 1
Marisa Tavares 1
Marta Ceitil 1
Martins Julião 1
Maurício Nunes Vieira 1
Maximino Alves 1
Melo Silva 1
Miguel Pessoa 1
Miguel Ribeiro de Almeida 1
Miguel Ritto 1
Miguel Varela 1
Subtotal… 25 7 32
Natalino da Silva Batista 1
Nelson Cerveira 1
Nelson Domingues 1
Nelson Herbert 1
NI (Maria Dulcineia) 1
Norberto Gomes da Costa 1
Norberto Tavares de Carvalho 1
Nunes Ferreira 1
Nuno Almeida 1
Nuno Dempster 1
Nuno Nazareth Fernandes 1
Nuno Rubim 1
Orlando Figueiredo 1
Orlando Pinela 1
Osvaldo Cruz 1
Osvaldo Pimenta 1
Pacífico dos Reis 1
Patrício Ribeiro 1
Paula Salgado 1
Paulo Lage Raposo 1
Paulo Reis 1
Paulo Salgado 1
Paulo Santiago 1
Pedro Cruz 1
Pedro Lauret 1
Subtotal…
20 5 25
Ramiro Jesus 1
Raul Albino 1
Raul Azevedo 1
Raul Brás 1
Regina Gouveia 1
Renato Monteiro 1
Ribeiro Agostinho 1
Ricardo Almeida 1
Ricardo Figueiredo 1
Ricardo Sousa 1
Ricardo Teixeira 1
Rogé Guerreiro 1
Rogério Chambel 1
Rogério Cardoso 1
Rogério Ferreira 1
Rogério Freire 1
Rosa Serra 1
Rui A. Santos 1
Rui Alexandrino Ferreira 1
Rui Baptista 1
Rui Esteves 1
Rui Felício 1
Rui Fernandes 1
Rui G. Santos 1
Rui Gonçalves 1
Rui Pedro Silva 1
Rui Silva 1
Rui Vieira Coelho 1
Subtotal… 27 1 28
Sadibo Dabo 1
Santos Oliveira 1
Sérgio Pereira 1
Sebastião Ramalho Lavado 1
Sérgio Sousa 1
Silvério Dias 1
Silvério Lobo 1
Sílvio Abrantes 1
Sousa de Castro 1
Susana Rocha 1
Tibério Borges 1
Tina Kramer 1
Tomané Camará 1
Tomás Carneiro 1
Tomás Oliveira 1
Tony Grilo 1
Tony Tavares 1
Torcato Mendonça 1
Subtotal… 14 4 18
Valdemar Queiroz 1
Valente Fernandes 1
Valentim Oliveira 1
Vasco da Gama 1
Vasco Ferreira 1
Vasco Joaquim 1
Vasco Pires 1
Vasco Santos 1
Veríssimo Ferreira 1
Victor Alfaiate 1
Victor Alves 1
Victor Barata 1
Victor David 1
Victor Garcia 1
Victor Tavares 1
Virgílio Valente 1
Virgínio Briote 1
Vítor Caseiro 1
Vítor Cordeiro 1
Vítor Junqueira 1
Vítor Oliveira 1
Vitor Raposeiro 1
Vítor Silva 1
Xico Allen 1
Zé Carioca 1
Zélia Neno 1
Subtotal… 25 1 26
TOTAIS GERAIS NO ACTIVO… 602 67 669
ENTRETANTO FALECIDOS
Alfredo Dinis Tapado (1949-2010) 1
Amadu Bailo Jaló (1940-2015) 1
António Dias das Neves (1947-2001) 1
António Domingos Rodrigues (1947-2010) 1
António Manuel M. Branquinho (1947-2013) 1
António Rebelo (1950-2014) 1
António Teixeira (1948-2013) 1
António Vaz (1936-2015) 1
Armandino Alves (1944-2014) 1
Augusto Lenine G. Abreu (1933-2012) 1
Carlos Geraldes (1941-2012) 1
Carlos Rebelo (1948-2009) 1
Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2014) 1
Daniel Matos (1949-2011) 1
Fernando Brito (1932-2014) 1
Fernando Henriques (1949-2011) 1
Fernando Rodrigues (1933-2013) 1
França Soares (1949-2009) 1
Francisco Parreira (1948-2012) 1
Humberto Duarte (1951-2010) 1
João Barge (1945-2010) 1
João Caramba (1950-2013) 1
João Henrique Pinho Santos (1941-2014) 1
Joaquim Cardoso Veríssimo (1949-2010) 1
Joaquim Vicente Silva (1951-2011) 1
José Fernando A. Rodrigues (1947-2014) 1
José Marques Alves (1947-2013) 1
José Neto (1929-2007) 1
Luís Borrega (1948-2013) 1
Luís Faria (1948-2013) 1
Luís Fernando Moreira (1948-2013) 1
Luís Henriques (1920-2012) 1
Manuel Castro Sampaio (1949-2006) 1
Manuel Martins (1950-2013) 1
Manuel Moreira (1945-2014) 1
Manuel Moreira de Castro (1946-2015) 1
Manuel Varanda Lucas (1942-2010) 1
Maria da Piedade Gouveia (1939-2011) 1
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014) 1
Rogério da Silva Leitão (1935-2010) 1
Teresa Reis (1947-2011) 1
Victor Condeço (1943-2010) 1
Subtotal… 38 4 42
TOTAL GERAL… 640 71 711
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15818: (De)caras (32): Visita a Fulacunda, em julho de 1974, de Bunca Dabó e do seu bigrupo, "armado até aos dentes"... (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74)