terça-feira, 5 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15941: Atribulações de Soldado de há 50 anos. Esforço de Memória da Semana Santa e do Domingo de Páscoa de 1966, em Camajabá (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705,  Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), com data de 28 de Março de 2016 com uma memória da Páscoa de 1966:


ATRIBULAÇÕES DE SOLDADO DE HÁ 50 ANOS

Esforço de Memória da Semana Santa e do Domingo de Páscoa de 1966, em Camajabá (Leste da Guiné)…

Narrativa dedicada aos camaradas que tarimbaram em Camajabá e Buruntuma, nomeadamente ao Abel Santos, José Fernando Estima, Abreu dos Santos, Eduardo Ferreira Campos, Jorge Gabriel, Ricardo Costa, Carlos Costa, José Campos Pontinha … que partilharam as suas vivências através deste blogue.

Naquele tempo, Buruntuma era uma tabanca de fulas e mandingas, um triângulo de território encravado na República da Guiné, domínio do régulo de Canquelifá, que aparecia à moda de cavaleiro, montado num belo cavalo, escoltado por escudeiros armados de G3, em visita de cortesia sentimental à formosa, escultural, evoluída e descontraída fula, uma das suas mulheres legítimas, segundo o Corão.

O Comandante Domingos Ramos fora encarregado de reactivar a Frente Leste, que Vitorino Costa falhara, antes de ir morrer a Fulacunda, com práticas de puro terrorismo contra as populações fulas, e a nossa CCav 703 foi transferida de emergência para lá, em finais de Maio de 1965, directamente da “Operação Razia” à mata de Cufar Nalu, na qual participava como força de intervenção às ordens do Comando-Chefe, para reforço e, depois, em rendição da sua guarnição, um pelotão de malta rija e valente, comandado pelo Alferes Vinhas, sou ignorante quanto a mais dados.

Buruntuma era cortada a meio por uma “estrada internacional” de terra batida Bissau-Nova Lamego-República da Guiné, a servir de divisória às comunidades fula e mandinga, ladeada de casas de arquitectura colonial, frontais às tradicionais moranças circulares cobertas a colmo, destacando-se a casa da PIDE e a vivendazinha de planta quadrada e de cor amarelada da Guarda Fiscal, idêntica à que depois vi implantada na praia de Leça, a tradicional barreira tubular e, na margem do pequeno rio Piai, campeava uma placa de betão: do nosso lado avisava Republique de Guineé; do lado oposto avisava República Portuguesa /Província da Guiné, emendando na estrada alcatroada, para Kandica, Saraboido e Koudara com derivação para Conacri.

Estrada internacional Bissau-Nova Lamego-Piche-Camajabá-Buruntuma-República da Guiné

Estávamos na época das chuvas, subiu-se ao cume do telhado mais alto para observar a vizinhança, reconheceu-se a ameaça de um par blindados Panhard ou parecidos, o Shirley, furriel sapador, afadigou-se na confecção de um potente fornilho e escolheu-se o melhor sítio onde escavar o buraco do seu enterro. Toda a gente em alerta, bazuqueiros e as suas “granadas de efeito dirigido” em prontidão, o capitão tornou-se guardião do explosor de accionamento eléctrico do fornilho – seria mais uma, das já muitas noites sem sono. O céu começou a descarregar água aos cântaros sobre estes pobres de Cristo, os raios e coriscos da tempestade tropical a incendiarem-no, um dos ditos percorreu o curso do cabo condutor até ao fornilho – e que tremenda explosão! Veio o dia e duas constatações: uma grande cratera e horizonte livre de blindados.

Camajabá situava-se nessa “estrada internacional”, a meio caminho entre Ponte Caium e Buruntuma, um deserto de apenas três moranças e um pontão de betão sobre o rio do mesmo nome, a sua valia estratégica, uma espécie de apólice de seguro para a subsistência da guarnição de Buruntuma. A guarnição de Camajabá, assim como a da Ponte Caium era destacada da CCaç 727 e das milícias de Canquelifá, malta tão fixe quanto azarenta – cada tiro cada morto sofrido – cujo comandante se distinguia como poeta, o então Capitão Miliciano Evóneo de Vasconcelos, recentemente falecido.

A duração máxima do destacamento de Camajabá não ultrapassava as três semanas e passara a rotativo da CCS do Batalhão de Nova Lamego, da CCaç de Canquelifá e da CCav de Buruntuma. Não obstante as ameaças, ainda não fora atacado, enquanto a sua milícia se distinguia a infernizar a vida aos militares europeus. A sua pequena guarnição averbava o suicídio de um alferes e o enlouquecimento de um segundo sargento. Chegara-me ao conhecimento de que os comissários do PAIGC em missão de doutrinação, procuravam abastecer-se do nosso tabaco e cerveja junto de milícias de Camajabá.

Pelas minhas funções de “apsico” e comandante de dois pelotões de milícia, em permanência às suas actividades específicas, estava excluído da escala para esse destacamento. O último da CCav 703 caberia ao Furriel António Moreira, a regressar de férias; mas ele encalhara em Bissau, de baixa ao Hospital Militar, com os intestinos infestados de bicharada, doença de nome difícil, quiçá uma amebíase (está correcto, Luís Graça?). Entramos na Semana Santa, o Furriel Simas foi escalado para o meu lugar, fui escalado para secção do Moreira e mais uns reforços, subimos para a caixa de carga de uma Mercedes, e fizemo-nos ao caminho da descida ao inferno de Camajabá.

A manhã findava e a rendição foi expedita, sob o impacto do alívio dos rendidos, alvos do escarnecimento por parte de alguns graduados da milícia, que a seguir reagiram refractários ao escalamento de segurança, da ida à água, à lenha ou a jornadas de capinação.

Chegávamos ao fim da comissão num estado de fraqueza geral, eu sair de uma crise palúdica com o peso de 39 kg, e ante aquele desafio. Passei a mensagem de um “olho no cigano e outro no burro” e a malta soube descodifica-lo. Seguiu-se uma tentativa de sublevação, que não terá redundado em carnificina por estarmos bem armados e melhor capacitados para passar ao seu o melhor uso (a milícia era dotada de Mauser) e tive de prender literalmente 7 deles e despachá-los para Nova Lamego.

Chegamos à sexta-feira santa, o ambiente serenara, a disciplina regressara, acabara com a discriminação, instituindo rancho igual para todos, reciclando o meio bidão para a sua “bianda” em caldeirão da cozinha comum; tínhamos acabado de almoçar uma caldeirada de peixe bem picante, que mandara recolher no rio, efeito de lançar uma granada ofensiva no troço que me pareceu mais fundo, (ignorava a ecologia), o cabo que acumulava a metralhadora Breda com a cozinha, acabava de nos fazer rir, ao dizer que se lhe arranjássemos um cabrito, cabra ou cabrão, algumas cebolas e alhos, nos faria um estupendo pitéu para o domingo de Páscoa e aproxima-se um ciclista fardado de cipaio, vindo dos lados da Ponte Caium, que declarou arranjar tudo ao mesmo tempo que me dava um discreto sinal para um aparte.
- Ensina-me a andar de bicicleta – disse-lhe.
Montei o selim, com ele a segurá-lo, percorremos um bocado da estrada e ele disse-me:
- Bandido vem atacar na noite de sábado, para vos apanhar à mão.
- Como soubeste?
- Estão em Koundara (base-mãe do PAIGC), soube agora e não disse nada a ninguém.
- Então não digas; eu digo.

Reunidos aos outros dei-lhe 50 pesos por conta desse material, que protestou entregar no dia a seguir, Sábado de Páscoa.
Eu e outros dois fomos dar uma volta de reconhecimento a todo descampado em volta do destacamento. Como a fronteira distava menos de 20 km, calculei a montagem do cerco para a meia-noite de sábado. Os calafrios perseguiam-me; a duas semanas de ir embora teria o azar de defrontar sozinho o experiente ex-camarada Domingos Ramos? Topamos um rolo de arame de tropeçar intacto junto a uns montes de formiga baga-baga e aproveitamos para implantar duas granadas. O arame de tropeçar servirá para armadilharmos um bosque de cajueiros, fronteiro ao estacionamento. Uma dessas granadas rebentou logo ao anoitecer.

Ao fim da manhã do dia seguinte, surgiu-nos o ciclista, então desfardado de cipaio, com uma cabrita, cebolas e alhos, embolsou mais 120 pesos e desandou, e eu pedi-lhe para me deixar uma manga de câmara de ar de bicicleta. Só então decidi comunicar a notícia ao comando.

Na madrugada daquele domingo de Páscoa, os nossos cerca de 20 milícias islamizados começaram a alarmar-se ante visão de “irãos”, quais pirilampos, observados da caixa de carga de uma Mercedes cujo motor fora destruído por uma mina, a servir-nos de posto de observação e de espaldão elevado. E umas morteiradas devidamente calculadas foram suficientes para afugentar esses “irãos”.

Ironias que a vida e as suas circunstâncias tecem. Naquele domingo de Páscoa de 1966, a tropa europeia e os milicianos nativos da guarnição de Camajabá, ao partilhar o almoço de um aprimorado estufado de cabra, não lhes terá passado pela cabeça que a oportunidade fora-lhes propiciada pelo comandante da guerra na Frente Leste – o ex-Furriel Miliciano Domingos Ramos.
E para a malta da CCaç 1418, que nos rendeu em Camajabá. Para que nos terá servido aquele troço da câmara de ar, cedido pelo ciclista? Para herdarem de nós a bateria de chuveiros de banho, que encontraram a funcionar plenamente…

Anos depois, o Moreira contou-me que não regressara a Buruntuma (para não ir para Camajabá), não se tratar da bicharada intestinal, mas porque alguém lhe conseguira para a análise a amostra da merda de um doente verdadeiro e a fizera passar por sua…
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Guiné 63/74 - P15940: Memória dos lugares (338): Cuntima, no meu tempo (ex-1º cabo Vitor Silva, CART 3331, "Os Tigres de Cuntima", 1970/72) - Parte I


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Um dos três obuses [14 cm] que existiam em Cuntima". [Um dos artilheiros que por lá passou foi o Humberto Nunes, ex-alf mil art, 23.º Pel Art, Gadamael e Cuntima, 1972/74; ver aqui o seu álbum de Cuntima]



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Vista panorâmica de Cuntima. Uma povoação com gentes de várias origens (não faltavam os comerciantes libaneses e os gilas)". [Outro camarada nosso que esteve em Cuntima foi o ex-fur mil António Bartolomeu, da CCAÇ  2592 / CCAÇ 14, Cobtuboel, Aldeia Fomosa e Cuntima, 1969/71; diz ele, "em Cuntima éramos um misto de guarda-fiscal e de polícia de fronteiras... Por ali passava um dos corredores do Oio"; a CCAÇ 14 foi rendida pela CART 3331].


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim >  Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Posto avançado nº 9. Estive lá de serviço no dia 31 de maio de 1971, no que foi considerado o maior flagelamento IN a Cuntima. As tropas do IN vieram mesmo ao arame farpado".



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Cuntima: reservatórios de água, as duas professoras ao fundo e a casa do agente da PIDE/DGS" [Vd. fotos de 2016, do Patrício Ribeiro (*)]


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Instalações civis ocupadas pela tropa".




Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Todas as manhãs,  bem cedo, Cuntima tinha visitantes do Senegal. Uns para fazerem comércio, outros para partir mantenhas com familiares e amigos e muitos outros para serem assistidos no Posto de Socorros pelo Médico e Enfermeiros da Companhia. Estas duas bajudas senegalesas prestaram-se para a fotografia,  à distância conveniente, da máquina e dos militares".



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "À hora do petisco"... [Outro camarada desta companhia, e que esteve também em Cuntima,  é o Gumerzindo Silva, ex-soldado condutor auto, hoje a viver na Alemanha]

Fotos e legendas: © Vitor Silva (2008). Todos os direitos reservados.


Vitor Silva, ex-1º cabo, membro da nossa
Tabanca Grande (desde 2007)
Breve historial da CART 3331 (Os Tigres de Cuntima, Cuntima, 1970/72):

(i) Mobilizada pelo RAP 2 (Vila Nova de Gaia);

(ii) chega à Guiné a 19 de dezembro de 1970;

(iii) no dia 21 de dezembro embarca na LDG Alfange com destino ao Centro de Instrução Militar de Bolama, para treino de adaptação ao mato e 2.ª parte da Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO);

(iv) a 25 de janeiro de 1971, de novo na Alfange, ruma para Farim onde chega no dia 28 de janeiro;

(v) em Farim participa em algumas ações no mato e na estrada Farim-Jumbembem;

(vi) a 20 de fevereiro, desloca-se em coluna auto, rumo a Cuntima, dependente do BCAÇ 2879, onde vai render a CCAÇ 14;

(vii) a ZA do subsector de Cuntima é extensa: delimitada a norte, numa extensão de aproximadamente 30 km, pela República do Senegal, a este pelo rio Corlá (Sare Dambé Badoral, Sitató, Sinchã Fogã e Sare Tombom), a oeste pela bolanha de Sinchã Massa e a sul pela bolanha de Sinchã Massa e bolanha do rio Norobanta e pelo marco 107;

(viii) na sua maioria a população é de etnia Fula, de religião muçulmana; havia uma pequena minoria Mandinga;

(ix) as acções do IN  irradiam sempre do Senegal, pelo tradicional corredor de Sitató;

(x) as acções contra as NT manifestam-se especialmente por ataques ou flagelações ao aquartelamento, implantação de minas na estrada Farim-Cuntima e, esporadicamente, às colunas de reabastecimentos;

(x) há duas unidades de quadrícula no sector, a CART 3331 e a CCAÇ 2547, ambas instaladas em Cuntima:

(xi) para além da ocupação e defesa do Sector, a sua missão principal é evitar a infiltração do IN para dentro do TO da Guiné;

(xii) a CART 3331 regressa, num avião dos TAM,  à Metrópole no dia 25 de novembro de 1972, com orgulho do dever cumprido;

(xiii) vai ter três comandantes: cap mil Art Manuel Sena Boleo, cap inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues, e cap mil art Armando Pimenta Cristóvão.
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15939: Inquérito 'on line' (52): XI Encontro Nacional da Tabanca Grande: em 54 respostas, metade (27) diz que já se increveu... 20 não podem ir por razões de saúde, monetárias ou outras... Prazo de resposta ao inquérito termina amanhã, às 7h00

Guiné-Bissau > Cantanhez > Poilão.
Foto: © José Teixeira (2013)
INQUÉRITO: 

XI ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, 16/4/2016: EU VOU...


Total de respostas (até hoje) (N=54)

1. Eu vou e já me inscrevi > 27 (50,0%) 

2. Eu vou mas ainda não me inscrevi > 2 (3,7%) 

3. Ainda não sei se posso ir > 3 (5,6%) 

4. Infelizmente não posso ir por razões de saúde > 6 (11,1%) 

5. Infelizmente não posso ir por razões monetárias > 1 (1,8%) 

6. Infelizmente não posso ir por outras razões > 13 (24,1%) 

7. Não estou interessado em ir > 2 (3,7%)

Prazo de resposta ao inquérito: 4ª feira, 6/4/2016, 7h07
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15929: Inquérito 'on line' (51): É grande o entusiasmo pelo XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, sábado, dia 16, em Monte Real... Estamos à beira de esgotar a lotação da sala... Mas interessa-nos saber a opinião dos que não podem ir, por razões de saúde, monetárias ou outras... Camarada, amigo/a: podes dar a tua opinião até 4ª feira, dia 6, de manhã, respondendo ao nosso inquérito

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15938: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (3): Actualização das informações e listagem dos 180 inscritos até ao momento



XI CONVÍVIO DA TERTÚLIA DO NOSSO BLOGUE

DIA 16 DE ABRIL DE 2016

PALACE HOTEL DE MONTE REAL

INFORMAÇÃO - ACTUALIZAÇÃO

Chegámos às 180 inscrições, 20 das quais são reservas para a Tabanca de Matosinhos que vai deslocar um grupo de Combatentes daquela cidade.

Porque a Sala de Jantar do Palace Hotel de Monte Real só tem lotação para 200 lugares, lembramos os mais retardatários para a necessidade que têm de se inscreverem com urgência sob pena de não poderem participar no nosso Encontro. Reparamos que alguns dos habituais ainda não têm o seu nome na lista abaixo descriminada. Se algum camarada julga estar devidamente inscrito e não vê o seu nome, é favor reclamar ou mandar a sua inscrição para carlos.vinhal@gmail.com.

Em relação ao último poste, temos a acrescentar a hora da Missa de Sufrágio pelos nossos camaradas e amigos já falecidos, que será às 11h30 de manhã e, muito importante, o prazo para as inscrições, a pedido do Hotel, termina no próximo domingo, dia 10 pelas 12,00 horas.

Pedimos a quem por motivo de força maior não possa comparecer, o favor de nos avisar com a maior brevidade possível para evitar suportar custos ou causá-los aos organizadores do Encontro.


LISTAGEM DOS 180 INSCRITOS

Abel Santos e Maria Júlia - Leça da Palmeira / Matosinhos
Agnelo Macedo e Delfina - Lisboa
Agostinho Gaspar - Leiria
Albano Costa e Maria Eduarda - Guifões / Matosinhos
Almiro Gonçalves e Amélia - Vieira de Leiria / Marinha Grande
Anibal Tavares e Fátima - Santarém
António Dias Pereira e Teresa - Tomar
António Estácio - Algueirão / Sintra
António Faneco e Tina - Montijo
António Fernando Marques e Gina - Cascais
António Garcez Costa - Lisboa
António José Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António João Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Luís e Maria Luís - Lisboa
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Maria Silva e Maria de Lurdes - Lisboa
António Martins de Matos - Lisboa
António Santos, Graciela, Sandra, Rui, Catarina e Raquel - Caneças / Odivelas
António Silveira Castro e Maria Domingas - Lisboa
António Sousa Bonito - Carapinheira / Montemor-o-Velho
António Souto Mouro - Paço de Arcos / Oeiras
António Sá Carneiro e Maria de Fátima - Lisboa
António Vieira - Vagos
Armando Nunes Carvalho e Maria Deolinda - Sintra
Armando Pires - Algés / Oeiras

Belarmino Sardinha, Antonieta, Ana e Pedro - Odivelas

C. Martins - Penamacor
Carlos Alberto Cruz, Irene e Paulo - Paço de Arcos / Oeiras
Carlos Cabral e Judite - Mealhada
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
Cílio de Jesus Silva - Oliveira do Bairro

David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra

Eduardo Campos - Maia
Ernestino Caniço - Tomar

Fernando de Jesus Sousa e Emília Sérgio - Lisboa
Fernando Sousa e Maria Barros - Trofa
Francisco Baptista - Porto
Francisco Mendes de Almeida - Paço de Arcos / Oeiras
Francisco Oliveira - Lisboa
Francisco Palma - Cascais
Francisco Vilas Boas - Lisboa

Grupo da Tabanca de Matosinhos (20)

Hélder Valério Sousa - Setúbal
Hernâni Torres Alves da Silva e esposa - Lisboa

Idálio Reis - Sete-Fontes / Cantanhede
Isolino Silva Gomes e Júlia - Porto

Joao Sacôto e Aida - Lisboa
Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura - Porto
Joaquim Mexia Alves, Catarina e André - Monte Real / Leiria
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Canhão e Maria de Lurdes - Oeiras
Jorge Loureiro Pinto e Ana Maria - Lisboa
Jorge Rosales - Estoril / Cascais
José António F. Chaves - Paço de Arcos / Oeiras
José António Simões - Montemor-o-Velho
José Armando Almeida - Albergaria-a-Velha
José Barros Rocha - Penafiel
José Casimiro Carvalho - Maia
José Diniz Sousa e Faro - Paço de Arcos / Oeiras
José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos
José Leite e Ana Maria - Lisboa
José Macedo e Goretti - Estados Unidos da América
José Manuel Alves e Adelaide- Sintra
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Manuel Lopes e Luísa - Régua
José Manuel Matos Dinis - Cascais
José Maria Nunes Ribeiro e Maria da Glória - Ermesinde
José Miguel Louro e Maria do Carmo - Lisboa
José Rodrigues - Belas / Sintra
Juvenal Amado - Fátima / Ourém

Lucinda Aranha e José António - Torres Vedras
Luís Graça e Alice Carneiro - Alfragide / Amadora
Luís Paulino e Maria da Cruz - Algés / Oeiras
Luís R. Moreira e Irene - Lisboa

Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel Domingos Santos e Maria Isabel - Leiria
Manuel Gonçalves e Maria de Fátima - Lisboa
Manuel Joaquim - Lisboa
Manuel Lema Santos e Maria João - Massamá
Manuel Lima Santos e Maria de Fátima - Viseu
Manuel Lopes e Hortense Mateus - Monte Real / Leiria
Manuel Resende e Isaura - S. Domingos de Rana / Cascais
Mario Fitas e Helena - Estoril / Cascais
Mario Vitorino Gaspar - Lisboa
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa

Noel Natário - Monte Real / Leiria

Paulo Santiago - Aguada de Cima / Águeda

Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Rogé Guerreiro - Cascais
Rui Gouveia e Eulália - Leiria
Rui Guerra Ribeiro - Rio de Mouro / Sintra
Rui Pedro Silva - Lisboa

Victor Tavares - Recardães - Águeda
Virgínio Briote e Maria Irene - Lisboa
Vítor Manuel Sousa Neto - Figueira da Foz

Mais informações no Poste Guiné 63/74 - P15770: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (1): Primeiras informações e abertura de inscrições
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15815: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (2): Lista provisória com os 68 primeiros inscritos

Guiné 63/74 - P15937: Agenda cultura (474): Em Fafe, "terra justa", 4ª feira, dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representadas ao vivo pela Rosa Serra, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"






Programa do dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representada pela Rosa Serra, nossa grã-tabanqueira, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade". Estava prevista também a presença da da nossa camarada Maria Arminda, tendo sido entretanto cancelada por razões que desconhecemos.

Nesse dia, às 16h00, no Café Shake,  haverá também uma conversa sobre os refugiados, com a presença de Teresa Tito de Morais, cofundadora em 1991 (e hoje presidente) do CPR - Conselho Português para os Refugiados, e ainda de Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa.

Fonte: Câmara Municipal de Fafe. O programa mais detalhado, em pdf, foi-nos enviado pelo nosso grã-tabanqueiro, amigo e camarada, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72.

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Nota do editor:

Últimos postes da série > 

1 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)

Guiné 63/74 - P15936: Notas de leitura (824): “A Guerra na Picada, Moçambique 1970”, por Rodrigues Soares, Chiado Editora, 2014 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Ocorre-me esporadicamente comparar as diferentes literaturas dos três teatros de operações, encontrar convergências, procurar tocar no fundo nas singularidades de cada uma.
Parti reticente para a leitura de "A Guerra na Picada", um título chocho, incaraterístico, todos nós combatemos em picadas. Aguentei uma toada de enorme sensaboria até chegar ao Cabo Delgado. Aqui as coisas mudaram de figura, as minas, homens e máquinas a explodir tomam conta da nossa respiração.
Admito que se tenha sofrido assim de Madina do Boé até ao Che-Che, na região de Aldeia Formosa, de Guileje a Mejo, mas havia também as emboscadas, aqui não, são minas em cadeia, montadas para que o inferno seja surpreendente. E lembrei-me de Mocímboa da Praia, onde perdi o mais querido dos amigo, o Carlos Sampaio, em 2 de Fevereiro de 1970.

Um abraço do
Mário


Parece que todas as minas do mundo se juntaram no Cabo Delgado (1)

Beja Santos

Sinto a necessidade, com alguma frequência, de comparar o que se escreveu e escreve sobre a guerra da Guiné com os teatros de Angola e Moçambique. Podem os acontecimentos provocar as mesmas emoções, há a similitude e analogias no mau comer, nas tempestades africanas, nos sofrimentos por quem vemos sofrer e morrer, os sentimentos de solidão e de abandono, os mesmos nós na garganta durante os patrulhamentos ou flagelações. Mas há a vastidão dos territórios de Angola e Moçambique, a despeito das selvas luxuriantes da Guiné das rias e dos braços de rios, uma vastidão que é explícita nas longas colunas no Planalto dos Macondes, nos Dembos, nas colinas que se têm que subir a custo, por exemplo.

“A Guerra na Picada, Moçambique 1970”, por Rodrigues Soares, Chiado Editora, 2014: confesso que inicialmente não me empolgou, acho o título inócuo, quem combateu fez a guerra na picada, e grande parte da descrição na fase dos preparativos, me recordou muitos e muitos outros livros de memórias. António Rodrigues Soares nasceu em Penacova, os pais partiram cedo para Moçambique, estudou e viveu em Coimbra, fez a recruta em Santarém e seguiu para o CISMI, em Tavira. Deram-lhe depois guia de marcha para Tancos, vai ser furriel sapador, e depois Bragança. O centro da sua vida é uma moçoila de Coimbra, Olinda. Está a embarcar, pertence ao BART 2901, ruma para Mocímboa da Praia do paquete Império. O seu destino é Nangololo, para os lados de Mueda. Sabemos que os seus pais estão em Moçambique, ainda não sabemos onde.

Desembarcaram em Mocímboa, delineia-se o mapa da guerra: “Só os homens da CART 2647, uns 40 quilómetros mais adiante, num cruzamento referenciado como sendo Oasse, abandonavam a coluna. Seguiam para o aquartelamento de Antadora, uns quilómetros mais adiante, por uma picada que atravessava o rio Lúrio, ligava o Chai a Macomia e continuava para Sul. As restantes companhias do batalhão prosseguiam em frente até Diaca”. Uma viagem que parece interminável, ouve-se também falar em Miteda e Sagal. E nas picadas usam-se laboriosamente ancinhos e picas. Ancinhos que tinham um pente com uns 50 centímetros de largura e um cabo com cerca de 3 metros de comprimentos, totalmente construídos em madeira. Já estamos num cenário bélico: “Aquela picada, a única que atravessava o planalto até Mueda, tinha uma única via. Por ali só transitavam veículos militares. Os rodados eram formados por dois sulcos que a tonelagem das viaturas moldara ao longo de anos. Rodados que era penteados e picados, na tentativa de detetar as minas que os guerrilheiros, dia após dia neles colocavam”. Procuram-se minas anticarro e minas antipessoais. As horas passam, os nervos são tensos, segue-se na orla do planalto e depois há uma descida, chegados ao fundo do declive iniciam a travessia do estreito, sobem para Sagal, veem-se crateras por todo o lado de minas que foram feitas explodir. Assim se percorreram 20 quilómetros até chegar a Sagal. Daqui segue-se para Diaca, vão se ouvindo rebentamentos ao longe, todos anseiam atingir rapidamente Nangololo: “Com muito trabalho e sacrifícios por parte dos militares de Sagal e de Mueda, acabámos por chegar ao nosso destino. No espaço de três quilómetros foram detetadas e neutralizadas 36 minas anticarro”.

O autor apresenta-nos Mueda, a capital da guerra, o melhor aquartelamento de Cabo Delgado, com um efetivo permanente de mais de um milhar de militares de vários ramos, uma boa pista de aviação e hospital.

O leitor prepare-se, porque iremos ouvir muito poucas referências a tiroteio, a emboscadas, a flagelações. É a mina quem está no altar da guerra, a FRELIMO semeia o pânico pondo toda a sorte de explosivos na picada, aquela viagem inicial deu para perceber que explodem viaturas, que se põem 11 minas ligadas em série por cordão detonante, com a sua dimensão trágica: “Quando fosse detetada a última mina da série, a única posicionada nos rodados, e fosse posteriormente neutralizada, esta faria explodir as restantes, colocadas no centro ou na berma da picada, apanhando todo o grupo desprevenido”. Demoraram quatro dias de Mocímboa até Mueda. Há imensa desolação na paisagem de Mueda até Nangololo seriam 40 quilómetros, pernoitaram em Miteda a cerca de 20 e poucos quilómetros de Mueda. Em Miteda são informados de que a guerrilha está assanhada, ali entre os postos 13 e 14, além de minas há emboscadas, ali se cruzam o trilho que passava na zona do Chindorilho e se estendia para Sul, vindo do Rovuma, rio que faz fronteira com a Tanzânia. E entre Miteda e Nangololo veio o batismo de fogo. Em Nangololo há mais gente a partir, os homens da CART 2648 vão para Muidumbe, do lado oposto a Mueda.

É um relato terrível, concentrado em picadas onde ancinhos e picas farejam minas. Os da 2648 começaram mal, cedo tiveram mortos e feridos. O autor descreve o eixo Mueda/Miteda/Nangololo/Muidumbe, estamos em território Maconde e percebemos a relação entre a geografia e a posição militar: “Nangololo, com Muidumbe a nascente e Miteda a poente, era um dos aquartelamentos situados mais a Sul no planalto Central. Do ponto de vista militar, estas três bases estariam por ali sobretudo para entreter a guerrilha”. Porque para o autor a luta era desigual, não havia ali homens suficientes para se fazerem patrulhamentos sistemáticos naquele planalto imenso. E se até agora todas as atenções convergem para as minas, chegou a vez de entrarem em cena as armadilhas. A unidade militar que foram render teria levantado as armadilhas que montara. Entretanto, o capim crescera desmesuradamente, havia novamente que desmatar e colocar novas armadilhas e registá-las. E começam os reabastecimentos, entram em ação os ancinhos e picas. Julga-se ter encontrado um engenho temível, o autor deixa-nos uma descrição singela, podemos senti-lo a suar em bica:
“Aparentava calma, mas todo eu era uma pilha de nervos. Aproximei-me da mina com a ponta de uma pica a zurrar pelo chão. Quando senti bater, debrucei-me para examinar melhor. O meu coração pulsava como o motor de explosão no limite das rotações. Ao de leve, com gestos poucos firmes, foi removendo a areia. Estremeci quando a ponta do dedo tocou numa superfície compacta. Aqui está ela, pensei. Fiz uma pausa. Aproveitei para limpar o suor com a manga do casaco camuflado e respirar fundo. Retomei a remoção da areia, redobrando cuidados, e uma pequena mancha acastanhada começou a aparecer. Era madeira, sem dúvida, tal como o invólucro das PMD 6, russas, que a guerrilha usava. Devia então, com um petardo, fazê-la explodir por simpatia. No entanto, qualquer coisa me dizia que rapasse um pouco mais: ao contrário das minas, a superfície que tateei pareceu-me curva. Assim fiz. A pequena mancha alastrou e surgiu uma figura escura e escamosa. Resultado: a mina pariu uma raiz”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15926: Notas de leitura (823): “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15935: (Ex)citações (307): A descolonização da Guiné-Bissau tinha tudo para correr mal (Jorge Sales Golias)


Capa do livro  de  Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016)] (*). Reproduzida, com a devida vénia ...





Jorge Sales Golias [ nascido em Mirandela, em 1941, ex-cap eng trms, licenciado em engenhria electrónica pelo IST, membro do MFA, Bissau, adjunto do CEME, gen Carlos Fabião em 1974/75, cor trms ref, administrador de empresas; vai lançar, no próximo dia 14, o seu livro "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016)] (**)

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Notas do editor:

(*) Vd, poste de 3 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso

(**) Último poste da série > 29 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15911: (Ex)citações (306): A propósito da última troca de prisioneiros, em Aldeia Formosa, no dia 14 de setembro de 1974....Prisioneiros, não, "retidos pelo IN"...

Guiné 63/74 - P15934: Parabéns a você (1058): António Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2406 (Guiné, 1968/70); Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74); Hernâni Acácio Figueiredo, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70) e José Eduardo Reis Oliveira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Guiné, 1963/65)




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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15930: Parabéns a você (1056): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo Transmissões do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

domingo, 3 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15933: Agenda cultural (473): Integrada no 15.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, dia 7 de Abril de 2016, pelas 18 horas, apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado", no Palácio da Independência, em Lisboa (Manuel Barão da Cunha)



 


Em mensagem do dia 30 de Março de 2016, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, dá-nos notícia da apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado", integrada no 15.º Ciclo de Tertúlia Fim do Império.




15.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO 
LISBOA

PALÁCIO DA INDEPENDÊNCIA
07 DE ABRIL DE 2016
18,00 HORAS

Apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado".
Estarão presentes: o biografado, a escritora Sarah Adamopoulos e o General António Ramalho Eanes que prefaciou o livro.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso

Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso




Convite para a sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Ed Colibri, 2016, 385 pp.),, dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na CPHM - Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, 11, Lisboa.

Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso; sessão presidida por gen Alexandre Sousa Pinto (presidente da CPHM)


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada)  Jorge Sales Golias [ ex-cap, eng trms, membro do MFA, Bissau, adjunto do CEME, Gen Carlos Fabião - 1974/75, cor trms ref, administrador de empresas]

Data: sábado, 2 de Abril de 2016 19:29

 Assunto: A Descolonização da Guiné-Bissau


Exmo Senhor Dr. Luís da Graça,

Na qualidade de autor do melhor blogue sobre a guerra colonial, venho convidá-lo a assistir ao lançamento do livro "A Descolonização da Guiné-Bissau", da minha autoria e pedir-lhe que divulgue o evento e o livro no seu blogue.

O livro tem 385 páginas, das quais 100 de documentos, fotos e imagens (com desenhos do António Carmo, feitos para o efeito), cita cerca de 400 nomes (dos quais cerca de 70 da Guiné) e tem 275 notas de rodapé. O prefácio, de Carlos de Matos Gomes, é uma magnífica peça de contextualização histórica.

Na circunstância, apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,

Jorge Sales Golias





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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15931: Manuscrito(s) (Luís Graça) (81): Se de amor fosse essa pena, / P’la minha pátria encantada, /Teria valido a pena / De tanto penar por nada.

Glosando o tema 
"Castelo da Pena" (*)


por Luís Graça (**)








Que crime para tantas penas ?
Degredado, fui à guerra,
Eu e muitos, às centenas,
Soldados da minha terra.

A Guiné foi o nosso degredo,
Só bolanhas e picadas,
Muita dor, tudo em segredo,
Nas almas armadilhadas.

Se de amor fosse essa pena,
P’la minha pátria encantada,
Teria valido a pena
De tanto penar por nada. 

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15927: Blogpoesia (442): "Castelo da Pena", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Valdemar Silva disse...

Com as minhas penas
voei, até à Pena.
Da Pena do D. Fernando
voei à pena do castelo dos mouros.
E fui voando, pra outras Penas.
Penaferrim, Penafiel, Penamacor,
Penalva, 

e voei até penhas e penhascos.
Penha Garcia, Penhascoso e cheguei.
Cheguei à Penha, em Guimarães,
terra do meu pai.
Há mais de sessenta anos que lá não ia.

Só os poemas (e as penas)
nos fazem voar.

Obrigado, J. L. Mendes Gomes.

Guiné 63/74 - P15930: Parabéns a você (1057): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo Transmissões do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15923: Parabéns a você (1055): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Especiais do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

sábado, 2 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15929: Inquérito 'on line' (51): É grande o entusiasmo pelo XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, sábado, dia 16, em Monte Real... Estamos à beira de esgotar a lotação da sala... Mas interessa-nos saber a opinião dos que não podem ir, por razões de saúde, monetárias ou outras... Camarada, amigo/a: podes dar a tua opinião até 4ª feira, dia 6, de manhã, respondendo ao nosso inquérito

INQUÉRITO: 

XI ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, 16/4/2016: EU VOU...

Resultados preliminares (n=34) (*)

1. Eu vou e já me inscrevi  > 17 (50,0%)

2. Eu vou mas ainda não me inscrevi  > 2 (5,9%)

3. Ainda não sei se posso ir  > 2 (5,9%)

4. Infelizmente não posso ir por razões de saúde  > 3 (8,8%)

5. Infelizmente não posso ir por razões monetárias  > 1 (2,9%)

6. Infelizmente não posso ir por outras razões  > 8 (23,6%)

7. Não estou interessado em ir  > 1 (2,9%)

Total > 34 (100,0%)


Votos apurados: 34
Prazo para responder: 6/4/2016, 4ª feira, 7h07 (**)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 31 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15918: Inquérito 'on line' (50): Nunca apanhei nenhum pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné (Augusto Silva Santos)

Guiné 63/74 - P15928: O meu álbum de fotografias (António Bastos, ex-1º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66) - Parte I


Foto nº 5



Foto nº 3



Foto nº 4

Fotos (e legendas): © António Bastos (2016). Todos os direitos reservados.


Foto nº 1
1. Mensagem do António Bastos [ex-1º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66]

Data: 10 de março de 2016

Assunto: O meu álbum de fotografias




Ao grande régulo da Tabanca Grande, Luís Graça, companheiro:  como já aprendi alguma coisa destas tecnologias novas (digitalizar, por exemplo), já não estou dependente das netas, vou enviar as fotos da minha vida militar, não são muitas,   principalmente as de cá, agora da Guiné já tenho mais.

Foto 1>  em 1963 quando fui ao distrito da reserva em Setúbal dar o nome.

Foto 2 >  no dia da inspecção no quartel de Infantaria 11 em Setúbal

Foto 3 > o meu pelotão que pertencia à 1ª Bateria (eu estava no Porto Brandão que pertencia ao RAAF - Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa)

Foto 4 >  era o cartão que davam para não esquecer o número
Foto nº 2
e a Bateria, vai um pouco riscado mas, quando se tinha rapazes pequenos, era o que acontecia.

Foto 5 >  já era na semana de campo na Fonte da Telha, no pinhal mesmo junto ao posto da Guarda Fiscal.

Foto 6 >  Essa também é na semana de campo no dia 10 de março de 1964, faz hoje 52 anos. (O processo de ampliar as fotos ainda não aprendi,  fica para outra altura.)

Por hoje é tudo, logo se mandam mais amanhã ou noutro dia,

Um abraço,     António Paulo S. Bastos

2. Comentário do editor:

Obrigado, António, pelo teu esforço. Nunca é tarde para 
aprender. As tuas netas merecem um xicoração muito ternurenta por  ajudarem o avô nesta nobre tarefa de salvaguardar as fotos do seu álbum. 

Podes mandar mais, já temos cá bastantes, tuas, do tempo de Guiné. Mas uma das fotos que querias mandar falhou, só mandaste cinco. Fica para a próxima. 

Já agora recapitulamos aqui o teu currículo militar. Recebe um alfabravo do pessoal da Tabanca Grande.

3. A minha vida militar (António Bastos)

(i) No dia 12 de janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz;


(ii)  depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão;

(iii)  aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz;

(iv) depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade: tinha como oficial,  comandante de pelotão, um tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como feneral);

(v)  aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente;

(vi) embarquei para a Guiné no dia 15 de julho de 1964, onde cheguei a 21;

(vii) desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857;

(viii) dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo comandante era o tenente coronel Hélio Felgas (já falecido, como major general):

(ix) depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto;

(x) eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá: jlantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim;

(xi) aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo tenente coronel Cavaleiro; permanecemos lá uns dias;

(xii) no dia 23 de março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953;

(xiii) eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas; quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento: este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda;

(xiv) começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras; de dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos; também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos; infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488; os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço;

(xv) com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por tenente coronel Glória Alves, que infelizmente já nos deixou [, em 2008]; passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari;

(xvi) em maio de 1966 regressámos a casa.

Guiné 63/74 - P15927: Blogpoesia (442): "Castelo da Pena", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Palácio da Pena
Com a devida vénia a RTP.PT


1. Em mensagem de hoje, 2 de Abril de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema dedicado ao Palácio Nacional da Pena:


Castelo da Pena

Neste fim de tarde, luminosa e calma
que a natureza caprichou em dar,
se divisa daqui, ao longe,
sobre as altas cumeadas,
poisado,

o recorte fino e ténue,
de muralhas e ameias
dum castelo.

Será de Sintra?

São de cinza as cores
E de silêncio as suas lendas.

Se cobre de nuvens,
Com muitas penas,
São dos piratas,
Dos sarracenos,
Barcos à vela,
Vindos do mar.

Galgaram as pedras.
Tantas refregas.
Tanta barbárie.
Que mortandade!
Para reinarem.
Todos morreram.
Ninguém ficou.
Só as muralhas.
Só as ameias.
Fino recorte,
No horizonte!

Será de Sintra,
Castelo das Penas?...

Bar Caracol, arredores de Mafra, 1 de Abril de 2016
18h49m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15877: Blogpoesia (441): "Tratar da horta...", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15926: Notas de leitura (823): “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Sob a coordenação do General Themudo Barata, o Estado-Maior do Exército deu à estampa no final da década de 1980 um conjunto de volumes alusivos ao estudo das campanhas de África.
Este volume diz inteiramente respeito à evolução do dispositivo da Guiné, não se tecem comentários sobre a diferentes estratégias, mas dá para perceber que o que aconteceu entre 1963 e 1968 foi uma tentativa de espalhar efetivos por todo o território, a partir do momento em que se percebeu que o inimigo instalara bases e dispunha do apoio de populações. E dá igualmente a perceber a escalada dos efetivos e a gradual africanização da guerra.
Refira-se que este estudo abarca exclusivamente o Exército.

Um abraço do
Mário


O Exército na Guiné: os números entre 1961 e 1974

Beja Santos

Temos passado ao lado da “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989. O terceiro volume desta série de obras é dedicado à Guiné e ao dispositivo das nossas forças.

Precede uma monografia breve que inclui resumo histórico. A Resenha inclui um bom número de cartas de situação que ajudam a compreender a evolução do dispositivo das nossas tropas na Guiné. Explica-se o adensamento da ocupação militar pela reduzida dimensão do território. O que me parece que me devia ter sido acompanhado de um comentário para se entender tal malha em localidades onde praticamente não havia população, caso do Sul e do Leste, mas que, na interpretação militar, devia ter destacamentos em pontos nevrálgicos da fronteira. Na primeira fase seguiu-se a hierarquia habitual: Comando-Chefe; Comando Militar; Zonas Militares à responsabilidade de Comandos de Agrupamentos; Setores entregues a Comandos de Batalhão; Subsetores a Comandos de Companhia; e Destacamentos de Pelotão e por vezes até de Secção.

Antes de eclodir a luta armada, eram numerosos os Destacamentos de Pelotão, depois foram substituídos por Companhias e mais tarde irradiou-se para Destacamentos com efetivos menos numerosos. Com Spínola, deram-se modificações importantes: criaram-se áreas de intervenção em territórios desocupados e ali só podiam ser conduzidas operações às ordens do Comando-Chefe.

Na primeira carta de situação, referida a Agosto de 1962, as unidades operacionais comportavam duas Companhias de Caçadores (de recrutamento local), uma Bateria de Artilharia, também de recrutamento local, uma Companhia de Caçadores, um Esquadrão de Reconhecimento e um Pelotão de Polícia Militar. Estes efetivos estavam em Bissau, Tite, Bafatá e Bula, sobretudo.

A segunda carta de situação refere-se a Novembro de 1963. Temos um dispositivo militar ainda bastante rarefeito, ao longo do ano houve tentativas de sabotagem em Paunca e Pirada, houve o ataque ao aquartelamento de Tite, emboscadas na região de Bedanda e ações violentas no Oio. Nesse mesmo Novembro, o dispositivo passou a ter três batalhões, um com sede em Mansoa, de colaboração com o batalhão de Bula, outro com sede em Buba e outro em Catió. O CTIG passou a ser reforçado com uma Companhia de Engenharia. Comparativamente a 1961, o dispositivo ganhou uma dimensão enorme: 7 Comandos de Batalhão de Caçadores; 1 Batalhão de Cavalaria; 15 Companhias de Caçadores; 7 Pelotões de Caçadores Independentes; 7 Companhias de Artilharia; 2 Companhias de Cavalaria; 1 Esquadrão de Reconhecimento; etc.

Tendo presente a terceira carta de situação, referente ao final do ano de 1964, verificam-se nítidas alterações ao dispositivo. O PAIGC já dispõe de corredores preferenciais para a infiltração, caso de Sitató, Jumbembem e Sambuiá no Norte, e Guileje no Sul. Surgem forças paramilitares, as Milícias. Há um Comando de Agrupamento em Mansoa, outro em Bolama e no Leste o Setor de Fá-Mandinga, grosso modo. No final do ano, há 12 Comandos de Batalhão, 47 Companhias tipo Caçadores, e em Bissau estão instalados os Comandos de Engenharia e das Transmissões, mais 4 chefias de Serviços (Religioso, Contabilidade e Administração, Justiça e Postal Militar).

Temos agora presente a carta de situação referente ao final de Dezembro de 1966. O dispositivo está mais ou menos estacionário, mas há algumas remodelações com aumentos efetivos de reforço, caso de 1 Comando de Agrupamento, 2 Comandos de Batalhão, 1 Companhia de Comandos, 19 Companhias tipo Caçadores. A Guiné dispõe neste momento de 15 Companhias de Milícias.

A carta de situação referente a Setembro de 1968 ainda não revela alterações no dispositivo geral. Mas cresceu o número de Pelotões de Artilharia. O Comando-Chefe dispõe de reservas: 1 Batalhão de Caçadores, 2 Companhias de Comandos e 1 Companhia de Artilharia, em Bissau; uma Companhia de Comandos em Cuntima, 1 Companhia de Caçadores em Contuboel, etc.

A sexta carta de situação é referente a Dezembro de 1968, o novo Comandante-Chefe já tomou alterações no dispositivo, adota um conceito de centralização, e cria os Comandos Operacionais (COP), em Aldeia Formosa, em Guileje e Gandembel e Binta, Bigene e Barro. O teatro de operações da Guiné está dividido em 4 grandes áreas (Bissau, Oeste, Leste e Sul). Assiste-se a uma maior concentração de meios ao longo da fronteira no Oeste e no Centro, criou-se no Leste junto à fronteira o Setor L4, e no Sul criaram-se os COP1 e COP2. O recrutamento local tende a expandir-se: 3 Companhias de Caçadores, 1 Bateria de Artilharia de Campanha, 19 Pelotões de Caçadores Independentes e 25 Companhias de Milícias.

A sétima carta de situação é referente a Agosto de 1969, verificamos novas alterações na organização dos meios operacionais: o Setor L4 fica na dependência direta do Comando-Chefe; os 2 COP do Sul foram extintos e transferidos para a Aldeia Formosa, etc. Criou-se um Agrupamento Operacional (CAOP), em Teixeira Pinto (é um órgão de comando apenas operacional). Em jeito de resumo, temos dois Comandos de Agrupamento (em Bissau e Bafatá), 1 CAOP (Teixeira Pinto), 18 Comandos de Batalhão (mais 5 do que do antecedente), 4 Comandos Operacionais (mais 1 do que do antecedente). O recrutamento local mostra-se estacionário.

A oitava carta de situação reporta-se a Agosto de 1970, verifica-se um acréscimo de meios operacionais, sobretudo com recurso ao recrutamento local (Comandos, Caçadores e Artilharia, bem como Milícias). O dispositivo de recrutamento local cresceu substancialmente: 1 Companhia de Comandos Africana, 8 Companhias de Caçadores, 18 Pelotões de Caçadores Independentes, 30 Companhias de Milícias.

A nona carta de situação é referente a Janeiro de 1973, o ritmo do recurso ao recrutamento local é uma constante. Apareceram Grupos Especiais de Milícias; a defesa antiaérea tornou-se uma realidade. Não se verifica, neste período, grande alteração nos limites das zonas de ação dos principais escalões; a intervenção do Comando-Chefe continuava a ser muito direta.

E assim chegamos à décima e última carta de situação, referente a Abril de 1974. Houve alterações decorrentes da atividade de reocupação no Cantanhez, da asfaltagem de estradas, aumentou o material antiaéreo. Procurando resumir as Unidades e Órgãos Operacionais nesta data, temos: 1 Comando de Agrupamento (COMBIS), 2 CAOP, 1 COT, 18 Comandos de Batalhão, 1 Batalhão de Comandos da Guiné, 3 Comandos Operacionais, 1 Batalhão de Engenharia, 4 Companhias de Comandos, 14 Companhias de Comandos da Guiné, 83 Companhias tipo Caçadores, 19 Pelotões de Caçadores Independentes, 34 Pelotões de Artilharia de Campanha (de recrutamento local).
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15916: Notas de leitura (822): “A tropa vai fazer de ti um homem! Guiné 1971-1974”, por Juvenal Sacadura Amado, Chiado Editora, 2016 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15925: Memória dos lugares (337): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte II: "Passei lá alguns maus bocados, com duas idas ao hospital, mas também lá tive alguns bons bocadinhos"...



Foto nº 10 A > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489),  prontos para uma patrulha. Ficámos com este nome porque quase sempre nos tocava ir em busca do IN após os ataques ao aquartelamento


Foto nº 10 B > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489)...


Foto nº 8 > Um posto de sentinela em Cancolim


Foto nº 11 > Mais uma partida para o mato de "Os Vingadores" em 15 de  abril de 1972, após uma flagelação a Cancolim à hora do almoço... Não gostávamos que o Juvenal Amado lá levasse o capelão... Não sei porquê, o homem dava-nos azar... Sempre que lá ia, Cancolim embrulhava"...


Foto nº 13 > Segurança à picada entre Cancolim e Sangue Cabomba


Foto 14 > Preparação para uma coluna a Bafatá (parte do 2.º Pelotão)


Foto nº  15 > O estado em que ficou a viatura (Unimog 404) que caiu numa mina em 14 de agosto de 1972 na picada,  no regresso de Bafatá a Cancolim (deixou-me 40 dias, todo partidinho, no HM 241 de Bissau – além de mim tivemos mais 16 feridos,  entre eles dois camaradas que tiveram de ser evacuados para o HMP de Lisboa)


Foto nº 3 A > Vista aérea de Cancolim: ao fundo do lado esquerdo, o heliporto... Além das instalações, veem-se alguns troços do perímetro de valas, abrigos e espaldões... Não havia artilharia, só morteiro 81...


Foto nº 3 B > Outra vista aérea de Cancolim: em segundo plano, a tabanca, anexa ao quartel...

Fotos (e legendas): © Rui Baptista (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. O Rui Batista (ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, Cancolim, 1972/74)  mora em Póvoa de Santo Adrião, Loures, com 65 anos de idade, está reformado, é lisboeta, sendo os pais oriundos de Arganil. e é nosso grã-tabanqueiro desde 9/12/2009.
 

Já aqui nos contou parte das andança e desandanças pelo TO da Guiné (*)... A primeira parte da comissão são mais intranquila.  Cancolim era um buraco lá no sector de Galomaro...
 

"O resto da comissão, principalmente os últimos 7 ou 8 meses de 1973, foi bem mais calmo. O último ataque a Cancolim foi em 20 de Janeiro de 1974. Nesse dia o IN veio de manhã, quase junto ao arame, mas apesar de muitos de nós andarem a jogar futebol, conseguimos fazer com que batessem em retirada deixando um morto no terreno".

Foi parar ao hospital duas vezes:

"A primeira vez que fui parar ao Hospital Militar de Bissau foi devido a uma febre que ninguém conseguiu identificar. Cheguei lá a 6 de Junho de 1972 e saí quase um mês e meio depois". (...)

"A segunda vez foi pouco tempo depois da primeira, foi logo na coluna seguinte a me irem buscar a Bafatá, dia 14 de Agosto de 1972. Não era a vez do meu Pelotão fazer a coluna. Quem estava na escala era o 1.º Pelotão,  comandado pelo Capitão;  este alegando que não se sentia bem e como eu tinha estado fora da Companhia algum tempo, conseguiu convencer-me a substituí-lo dessa vez".

O Rui confessa que não gostou  muito da ideia mas lá foi, contrariado... E tinha razões para temer que aquele fosse um dia aziago...

"Após a saída de Bafatá,  comecei a sentir que algo não ia correr bem. Ao chegarmos a Sangue Cabomba fui colocar o saco do correio (a mais sagrada das coisas para nós) na última viatura, e dei algumas indicações aos condutores de como iríamos proceder à passagem das zonas mais perigosas do resto do percurso até Cancolim.

"Foi exactamente no último bocadinho do troço onde nos podiam emboscar que deflagrou a mina colocada na picada. A partir desse momento não me lembro de muita coisa, sei que ainda dei instruções ao homem do rádio para pedir o batimento da zona e também de pedir uma arma e água a um elemento da população e deste me dizer que a mina não era para mim ("Furriel desculpa a mina não era para ti" – foi o que me ficou gravado na mente)."...

A seguir o Rui foi evacuado de heli para Bafatá...

"Recordo ainda de desmaiar sempre que me agarravam no ombro partido e de me terem posto numa maca dentro de numa DO. Acordei em Bissau quando me estavam a cortar o camuflado e voltar a desmaiar quando me agarraram no ombro para radiografar, acordei ao fim de três dias todo ligado e entubado na sala de observações. Estive hospitalizado 40 dias"...
Balanço da explosão da maldita mina: 17 feridos, dois deles evacuados para Lisboa.

"Até aqui só escrevi sobre coisas menos boas, mas também existiram algumas bem divertidas como, por exemplo,  aquela de eu ter pedido uma ZUP em vez de 7UP na primeira vez em que entrei na messe de sargentos no Cumeré, foi um "salta, pira!", geral.

Outras de que se lembra:
(i) "as corridas de arcos com gancheta que fazíamos na parada de Cancolim";

(ii) "um ou dois festivais da canção de Cancolim: uma das canções vencedoras,  "Rio Chancra" era cantada pelo Rodinhas (Furriel Mecânico Correia)";

(iii) "as caçadas às galinhas e cabras da população, e a fisgadas as pombos do nosso pombal para os petiscos";

(iv) "os campeonatos das mais variadas jogatinas de cartas";

(v) "as missivas que escrevíamos aos ratos para não nos roerem as roupas dentro dos armários – quando vim de férias da primeira vez, dei com o meu saco de viagem todo desfeito e no meio dos farrapos uma ninhada de 7 ratinhos"...

"E mais, muito mais", diz ele, "que eu não sei contar aqui"!... A gente acha que ele sabe e tem jeito para contar histórias... Esperamos que nos visite muito proximamente, agora que lhe fomos reeditar (e para melhor!) algumas fotos do seu álbum...
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Nota dos editores:

(*) Último poste da série > 27 de março de  2016 > Guiné 63/74 - P15907: Memória dos lugares (336): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte I