terça-feira, 2 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16354: Manuscrito(s) (Luís Graça) (88): “Para cá do Marão mandam os que cá estão,/ Que até aqui Basto eu!” (Luís Jales Oliveira)


“Para cá do Marão mandam cá os que cá estão,/ Que até aqui Basto eu!” (Luís Jales Oliveira, In Basto (poemas), 1995, p. 15)


É costume dizer-se que Basto não é Minho nem Trás-os-Montes, é ambas as coisas. De facto, as Terras de Basto estão divididas administrativamente por dois distritos, localizadas numa zona de transição entre o Litoral Norte e o Interior de Trás-os-Montes. Contudo, os concelhos que as constituem (Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena) representam uma zona contínua e homogénea centrada sobre o Rio Tâmega, considerado, por si só, um elemento tradicionalmente aglutinador. Aliás, a água é o elemento sempre presente em Basto, quer pela sua qualidade e importância nas actividades rurais tradicionais, desde os vinhedos aos lameiros, quer pela beleza que confere à paisagem.As paisagens de Terras de Basto encontram-se dispostas em anfiteatro sobre o Tâmega e limitadas por um conjunto de formações montanhosas o que, em termos físicos, lhe confere uma grande coesão interna. Com vias de comunicação deficientes, tanto com o exterior como a nível interno, até há bem pouco tempo, constituem, hoje, com as novas acessibilidades, um “concentrado” de ruralidade de fácil acesso para uma partida à descoberta do Portugal genuíno – onde a terra ainda é medida em “carros de pão”, “pipas de vinho” e “cabeças de gado” que alimentam.”

In Terras de Basto, sítio da Probasto


1. Há terras do Portugal profundo que tem a sorte de ter o seu poeta, cantor ou músico... Mondim de Basto, ou melhor, as Terras de Basto, têm o privilégio de, a par da beleza telúrica, da tradição histórica e do património cultural, poderem orgulhar-se da voz que as canta. Se uma imagem vale mil palavras, um poema é um caleidoscópio. Não há fotografia que substitua um poema.

Luís Jales de Oliveira é filho de Mondim de Basto, nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande. Recorde-se que foi fur mil trms inf, Agrup Trms de Bissau e CCAÇ 20 (Bissau e Gadamael Porto, 1972/74).  É autor  de um dos mais belos poemas, que eu tenho lido, sobre a a Guiné e a guerra colonial: Se eu de ti me não lembrar, Jerusalém (Gadamael Porto, Guiné, 1973)" (*).

Já aqui fizemos referência ao seu livro "Corre-me um Rio no Peito" [ed. de autor, 2010, Mondim de Basto, 72 pp. ], que merece uma leitura mais atenta e saboreada, numa esplanada à beira mar, nestas tardes quentes de agosto.

Hoje trago, com notas rápidas, manuscritas, salpicadas de areia e maresia (**),  um outro livrinho, mais antigo, onde o Tâmega, o seu "rio sagrado" e a sua "fonte de inspiração", a par do Monte da Senhora da Graça, antigo vulcão,  continuam a ser dois pontes cardeais, balizas ou âncoras do poeta.  O livrino, de 49 páginas, foi editado em 1995. 

Dele tomo a liberdade de escolher e reproduzir, com a devida vénia quatro ou cinco poemas, que evocam com magia  e emoção aquelas terras de que eu também sou vizinho (pelo lado da Alice), mas conheço mal, ou seja, como turista apressado, isto é, como "estúpido em férias", motorizado... Lido a esta distância (física e temporal), o livro do Luís Jales é um apelo a um visita, mais demorada e sentida, às "terras de Basto", numa próxima oportunidade.

Num exemplar autografado que o autor teve a gentileza de me remeter pelo correio, escreveu como dedicatória:

"Aqui vai um 'cheirinho' do nosso Basto, para o Luís Graça, com um enorme e reconhecido abraço".

Fonte: Luís Jales Oliveira – Basto (poemas). [Mondim de Basto], edição de autor, 1995, 49 pp. [Obra subsidiada pela programa LEADER Probasto]


GRAÇA

No cimo do monte há uma capela,
E cada veza que olho para ela,
Apetece-me voar…
E humilde peregrino,
Vou em ânsias de menino,
Lá rezar.

No cimo do monte há uma capela,
E cada veza que entro nela,
Vivo um mistério profundi:
Senhora,
Que feitiço derramais,
Que o mais comum dos mortais
A teus pés é Rei do Mundo ?

p. 43

CAMILO

Pairando em redor como fantasma,
Da mais bela de Friúme,
Camilo viverá, segundo o plasma,
Do amor, da loucura e do ciúme.
E aqui, “por entre fragas,
Onde nascem flores que são mulheres”,
Cumpre-se a sina:
O estro de Camilo ri-se das chagas,
Colhendo, apaixonado, malmequeres,
Para o túmulo de Joaquina!

p. 40

BASTO

Somos Minho e Trás-os-Montes,
Somos sequeiros e fontes,
Dualidade assumida!..
Somos ânsia de arado,
Somos vinha de enforcado,
A enroscar-se na vida!

p. 26

TERRAS DE BASTO

A Norte,
Quadrilátero esqueratelado,
Que o sagrado Tâmega escancara,
E franqueia,
Entre Douro e Minho lhe fadou a sorte,
Avara,
Por entre  fragas de epopeia.

Quinhão,
Que a coluna vertebral do mundo,
No cilo ardente dos castos,
Emprenha,
Lameira e Alvão, Cabreira e Marão,
Padastros,
Da Rainha montanha.

E feitiço dos feitiços,por olhado ou condição,
O tempo gerou o reino que o pr+óprio tempo escondeu:
Para cá do Marão mandam cá os que cá estão,
Que até aqui  Basto eu!

p. 15


VISÃO

Desta meteórica fraga altaneira,
Partem sedentos os olhos quando te chamo:
Bendita sejas, ó terra, na terra inteira;
Este é o ditoso Basto que eu tanto amo!

p. 17

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16208: Blogpoesia (453): "Se eu de ti me não lembrar, Jerusalém (Gadamael Porto, Guiné, 1973)", de Luís Jales de Oliveira: um dos mais belos poemas da guerra colonial, inspirado pelo Rio Cacine, mas com o Rio Tâmega no coração, quando o poeta, vindo de Bolama, estava a caminho de Gadamel onde foi colocado com a sua CCAÇ 20

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16353: Meu pai, meu velho, meu camarada (48): No 10º aniversário da morte do meu pai (Victor Barata, fundador e comandante do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74,


[Reproduzido aqui com a devida vénia e um alfabravo fraterno para o Victor, um dos veteranos do nosso blogue]


Domingo 30 de Julho de 2006. 7:30h toca o telefone… Tão cedo…a um domingo?

Atendo recebendo a triste notícia de que o meu pai estava mal e tinha ido para o Hospital.
De imediato entro na minha viatura e percorro os 100 km que me separavam do local (Lousã) em 45m.

Chego ao centro de saúde deste concelho e deparo com a minha querida mãe, sozinha, sentada no muro com a mala â frente dos joelhos, um pouco despenteada, completamente desolada e a chorar. Tento ganhar forças para a enfrentar,pois a situação transmitia-me a notícia que menos esperava, não consegui. Já não tinha o meu QUERIDO E SAUDOSO PAI VIVO!

Neste momento sinto nos meus lábios a frieza da tua testa como quando, deitado naquela pedra fria, te beijei.

Ai. Paizinho, quantas saudades tenho de si, meu AMIGO! De seu olhar que dizia mais que mil de palavras.

Que saudade de sua mão que sempre me foi oferecida nos momentos em que eu mais me sentia só. Quantas vezes ela me guiou pelos caminhos do medo, das incertezas ?

Meu pai, quanta saudade tenho de si. Já passaram 10 anos sem o ver, sem o escutar. 10 anos de um silêncio assustador, mas compreensível pois você jamais concordaria que eu estivesse aí em seu lugar.

Sou o que você me fez ser. Um homem honesto, cheio de amor ao próximo, desprovido de soberbas, tolerante e amigo de todos os meus semelhantes.

Consigo aprendi a mais sublime das virtudes humanas: a solidariedade e o respeito,  a liberdade e o direito de exercê-la.

Ter sido seu filho foi uma experiência única.

Sabe,  pai, hoje eu derramei uma lágrima mas ela não foi muito amarga talvez porque você aí do céu, me tenha poupado e adocicado com boas lembranças, a saudade e o amargo que meus olhos teimaram em derramar.

Feliz de quem assim, como eu, teve um pai tão virtuoso no amar e educar, como tive.

A foto que apresento  [, acima,] foi aquela,entre muitas que me deixou,tirado em 1952 no muro da Marginal junto á praia de São Amaro de Oeiras.

Victor Barata [, foto atual à esquerda]

[Victor Barata: ex-1ºcabo especialista,  DO 27,  BA 12, Bissalanca, 1971/73; o fundador e comandante do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, membro séniro da nossa Tabanca Grande, foi um dos participantes do nosso 1º encontro nacional, na Ameira, Montemor o Novo, em 2006}
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Guiné 63/74 - P16352: Notas de leitura (864): "África Misteriosa, Crónicas de viagem", de Julião Quintinha, Editora Portugal Ultramar, 1928 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
Li Mário Domingues às carradas na juventude. O pretexto era a história de Portugal, Mário Domingues constava do acervo da Biblioteca Municipal das Galveias, no Largo do Campo Pequeno, ali passava as tardes, sobretudo nas férias. E chegava a casa e o Mário Domingues era motivo de conversa, a propósito do Infante Dom Henrique ou do Marquês de Pombal, Domingues escrevia compulsivamente. Só muito mais tarde soube que ele escrevera mais de uma centena de livrinhos de aventuras extraordinárias com espiões e faroeste à mistura. Ora Domingues, fiquei a saber, era amigo de Julião Quintinha e este ofereceu-lhe África Misteriosa onde falou da Guiné, talvez o primeiro relato depois da pacificação.
Fica tudo explicado o que me levou hoje a recordá-los, e o pretexto foi a Guiné.

Um abraço do
Mário


Julião Quintinha, a Guiné e Mário Domingues

Beja Santos

Encontrei na Feira da Ladra "África Misteriosa, Crónicas de viagem", de Julião Quintinha, Editora Portugal Ultramar, 1928. Não é a primeira vez que falamos aqui de Julião Quintinha e até já se fez recensão desta “África Misteriosa” que lhe fez receber o Prémio da Literatura Colonial de 1928 da Agência Geral das Colónias. Para surpresa de muitos, a capa é de Bernardo Marques, um artista modernista então em fase ascendente e que marcou profundamente o design gráfico português até à década de 1960. Convém recapitular que a escrita de Quintinha era muito impressiva, lúbrica, o olhar penetrante do repórter é uma constante das suas crónicas. Quando ele se despede da Guiné descreve assim os Bijagós: “Chegam notícias de uma pequena rebelião nalgumas ilhas do arquipélago dos Bijagós. Uma questão de impostos prontamente debelada. Do arquipélago, além de Bolama, fazem parte as ilhas de Canhambaque, Bubaque, Agó Pequeno, Galinhas, Sogá, Eguba, Agó Grande, Orango, Uracene, Uno, Umbocomo, Caraxa, Caravela, Ponta, Maio, João Vieira e Formosa. E dizem-me que é interessante país, ainda bastante em, estado primitivo, onde há grande riqueza de palmares, coconote e algumas tentativas de industrialização europeia. Estes Bijagós veneram uma rainha, chamada Pampa, servida por um ministro Bufo; as mulheres usam saias de folhas de árvore e, quando virgens, cobrem a cabeça de barro; os homens têm o encanto dos chapéus velhos, e quase nus cobrem-se apenas com uma pequena tanga de coiro. Impossível visitar essas terras de conhecer a sua gente feliz. O navio vai largar. Pela última vez vejo Bolama à luz dos relâmpagos de uma grande trovoada. Dentro em poucas horas, a Guiné será no meu roteiro mais uma saudade…”.
Viajou pela Guiné entusiasmado mas nem sempre bem informado: inventou doze etnias, que a população andaria num milhão de habitantes… E desabafa perante tanta miséria e falta de tudo: “Só há pouco começamos a cumprir a nossa missão colonizadora. Nada fizemos nestes cinco séculos de ocupação”.
Fala da desordem, das doenças, da falta de dinheiro e da administração. É um relato a que não podemos ficar insensíveis, será mesmo primeiro depoimento depois da pacificação operada por Teixeira Pinto.

Mas a que propósito é que estamos a falar do que já foi falado sobre este livro de Julião Quintinha? É que este exemplar encontrado na Feira da Ladra tem uma dedicatória para Mário Domingues, um escritor que me fez muita companhia na juventude. Mário Domingues (1899-1977) foi uma figura apaixonante. Inventou aventuras extraordinárias com os heróis Anton Ogareff e Billy Keller, os autores seriam Henry Dalton e Philip Gray. Acontece que estes autores não existiam, o autor era Mário Domingues, um talentoso escritor são-tomense que escreveu às carradas de livros históricos: sobre Inês de Castro na vida de D. Pedro, a vida do Condestável, o Infante Dom Henrique, D. João II, D. Manuel I, o Padre António Vieira, Bocage, Fernão Mendes Pinto, Liberais e Absolutistas… É um nunca mais acabar de relatos históricos numa escrita verdadeiramente compulsiva. Foi também crítico de pintura, onde exaltou Almada Negreiros, Eduardo Viana, António Soares e Jorge Barradas. Fenómeno único para o seu tempo, decidiu viver só da escrita, e daí mais de uma centena de romances policiais e de aventuras extraordinárias.

E a ligação fica feita pelo mesmo Bernardo Marques que o desenhou.

A Guiné é capaz de abrir a boceta de Pandora a muitos mistérios e surpreender-nos como Julião Quintinha nos trouxe até Mário Domingues, oriundo também de África, e um espantoso plumitivo, injustamente esquecido.


Julião Quintinha num desenho de Bernardo Marques
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16345: Notas de leitura (862): Os Vampiros, BD de Filipe de Melo e Juan Cavia, Tinta-da-China, 2016 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16351: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte VIII: Visita do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Portuguesas (CEMGFA) , gen Costa Gomes, a Teixeira Pinto, em junho de 1973


Foto nº 35


Foto nº 34


Foto nº 36


Foto nº 37

Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > CCS/BCAÇ 3863  (1971/73) Foto nº 32 >  Junho de  de 1973 >  Fotos nºs 34 a 37 >   Imagens da visita do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Portuguesas (CEMGFA) , gen Costa Gomes, a Teixeira Pinto .

Fotos (e legenda): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73), adido ao BCAÇ 3863 (1971/73) (*).

Francisco Gamelas, que é engenheiro eletrotécnico de formação, quadro superior da PT Inovação reformado, vive em Aveiro, e publicou recentemente "Outro olhar - Guiné 1971-1973" (Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust; preço de capa 12,50 €). Os interessados podem encomendá-lo ao autor através do seu email pessoal franciscogamelas@sapo.pt. O design é da arquiteta Beatriz Ribau Pimenta, a partir da foto. nº 29. Tiragem: 150 exemplares. Impressão e acabamento: Grafigamelas, Lda, Esgueira, Aveiro.
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domingo, 31 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16350: Blogpoesia (463): "Tapada real" e "Claudio Abado...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Mais dois belíssimos poemas do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), dos muitos que nos vai enviando ao longo da semana, e que nós recebemos com prazer:


Tapada real…

Tenho na frente,
Cercada dum muro,
Uma tapada silente.
Adormece e acorda comigo.
Foi mata real.
Um século a fio.

Mudaram os tempos.
Com eles os reis.
Vieram os tropas,
Tornou-se uma selva,
Preparando a guerra.
Exercícios reais.

A bonança da paz,
Mudou-lhe as cores.
Mudaram os hóspedes.
Um jardim zoológico,
Recreio do povo,
Um espaço de paz.
Bendiz Portugal…

Tapada de Mafra, 31 de Julho de 2016

Amanheceu cinzento
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Claudio Abado...

Sinto a falta de ver no palco,
este gigante de batuta em punho.
Galvanizando tudo.
Gestos largos. Abraçando todos,
Que bela arte!...
Num repente, nos elevava aos céus.

Incandescente, apegava o fogo.
Uma orquestra a arder.
Se elevava a música,
era tanta a força,
tudo arrastava.

Parava o tempo.
A alma ardia.
Rachmaninov em fogo.
Uma maravilha!

Que pena!
Claudio Abado.
Se quedou para sempre...

ouvindo Rachmaninov, concerto nº 2 piano e orquestra

Bar Caracol, 31 de Julho de 2016

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de julho de 2016 Guiné 63/74 - P16327: Blogpoesia (462): "A mulher de bengala..." e "Densa carapaça de nevoeiro...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16349: (Ex)citações (315): A minha faca de mato... Esta não foi emprestada para a foto, fazia parte do meu equipamento e tive que a devolver no final da comissão... Foi disponibilizada a todo o pessoal da minha companhia (Souisa de Castro, ex-1º cabo cripto, Xime e Mansambo, 1972/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) Xime > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Xime, 25 de março de 1972 > O 1º cabo cripto Sousa de Castro, de calções, cinturão e faca de mato.

Foto: © Sousa de Castro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


29 de julho de 2016 às 19:16 | Sousa de Castro
 
1. Ao contrário do que se diz no poste P16342 (*), a faca do mato não era só disponibilizada aos  graduados, mas sim a todos soldados, pelo menos na CART 3494 foi assim.

Fazia parte do armamento que tive de entregar no fim, conforme a foto documenta... Esta não foi emprestada para a foto! Foi-me distribuída juntamente com a G-3 no Xime.

SdC
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Guiné 63/74 - P16348: Parabéns a você (1113): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16347: Parabéns a você (1112): Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 2930 (Guiné, 1970/72); Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando do Grupo Centuriões (Guiné, 1964/66) e Victor Tavares, ex-1.º Cabo Caç Paraquedista da CCP 121 (Guiné, 1972/74)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16346: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte VII: No dia em que as motos correram na avenida

Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Foto nº 31 > Novembro de 1972 > Corrida de motos na avenida (1)



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Foto nº 31 >  > Novembro de 1972 > Corrida de motos na avenida (2)



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Foto nº 33 > Novembro de 1972 > Corrida de motos na avenida (3)



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Foto nº 32A > Novembro de 1972 > Corrida de motos na avenida (4)


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Foto nº 32 > Novembro de 1972 > Corrida de motos  na avenida (5) [Como se depreende da foto nº  31, trata-se de veículos motorizados de 50 cm3]


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > CAOP1, 35ª CCmds, Pel Rec Daimler 3089, CCS/BCAÇ 3863 (1971/73) (Teixeira Pinto, 1971/73)

Fotos (e legendas): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73), adido ao BCAÇ 3863 (1971/73) (*).


Francisco Gamelas, que é engenheiro eletrotécnico de formação, quadro superior da PT Inovação reformado, vive em Aveiro, e publicou recentemente "Outro olhar - Guiné 1971-1973" (Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust; preço de capa 12,50 €). Os interessados podem encomendá-lo ao autor através do seu email pessoalfranciscogamelas@sapo.pt. O design é da arquiteta Beatriz Ribau Pimenta, a partir da foto. nº 29. Tiragem: 150 exemplares. Impressão e acabamento: Grafigamelas, Lda, Esgueira, Aveiro.




No dia em que as motos correram na avenida

por Francisco Gamelas


E a gente foi cheganda vestida a rigor,

espalhando-se ordeiramente pela avenida
que ficou cheia antes do sinal da partida.
Já na presença das autoridades militares
o povo aplaudiu, com os seus cantares,
a chegada dos concorrentes. O calor

e a humidade fazia-nos a todos transpirar.

Motas alinhadas e o tiro da partida soou.
Largam a derrapar, mas ninguém capotou.
Trinta voltas à avenida é o total a percorrer.
Num turbilhão, ei-las que passam, a correr.
Cresce, num repente, o teor da poeira no ar.

Quando o trinta se destaca, o povo vibra.

Derrapa o vinte e oito e só pára no chão,
mas logo se levanta sangrando de uma mão.
Ataca o vinte e nove e a mota quase voa.
A do trinta desiste de roncar e já não soa.
Na frente, a do vinte e nove. Mota de fibra.

Ataca o vinte e sete na volta final, decidido,

e, a grande velocidade, emerge da poeira
deitado na mota e ultrapassa, de bandeira,
o vinte e nove, que ensaia o contra-ataque.
Parece resultar, mas, num grande baque,
parte o motor e o vinte e nove é vencido.


Merecido, ganhou o vinte e sete no final.

Feliz, o povo pula e grita entusiasmado,
permanecendo fora da pista, ordenado.
Ordem é ordem e lá estão os comandos,
arma em punho, para evitar desmandos.
A pide vigia, dissimulada. Tudo normal. 

De taça na mão surge o corronel [#], sorridente.
Entrega-a ao ufano concorrente vencedor,

para os vencidos,  medalhas cunhadas a rigor.
Pela segunda vez, no Canchungo, presenciei
uma tão vasta concentração de nativos, e dei
em pensar como este povo parece obediente.

Maio de 2015


In: Francisco Gamelas - Outro olhar: Guiné,  1971-1973. Aveiro, 2016, ed. de autor,  pp. 111-113 (Com a devida vénia...)


[#] Referência ao comandante do CAOP1. o cor pqdt Rafael Durão

Guiné 63/74 - P16345: Notas de leitura (863): Os Vampiros, BD de Filipe de Melo e Juan Cavia, Tinta-da-China, 2016 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Julho de 2016:

Queridos amigos,
Têm sido generosas as críticas a este álbum, a todos os títulos original, não hesito em considerá-lo uma obra de referência. Passa-se em Dezembro de 1972, no Norte da Guiné forma-se uma patrulha que tem como objetivo encontrar uma base do PAIGC dentro do Senegal, saber o que se passa. É uma viagem de horror, andam à solta espíritos malignos, sugadores de sangue, e os militares vão-se transformando, ameaçam-se, uns são devorados, outros interiorizam o Maligno.
É imprescindível olharmos para esta BD com espírito ortodoxo sob pena de categorizarmos o argumento como uma acusação a combatentes. Recomendo vivamente a leitura desta obra superior da banda desenhada.

Um abraço do
Mário


Os Vampiros: um luxo de BD sobre a guerra da Guiné

Beja Santos

Os vampiros nunca saíram de moda, antes de serem personificados pelo Conde Drácula já faziam parte de diferentes mitologias do mal onde pululam hidras, górgonas, lobisomens e figuras fantasmáticas do mundo das trevas. A sua presença na contemporaneidade, com expressão na literatura e no cinema, decorrem naturalmente da atração pelas situações-limite entre o homem e a fera, o belo demoníaco, o sugador que depreda até à queda final. Há, evidentemente, outras dimensões que se podem explorar na procura de uma explicação sobre a moda dos vampiros: há quem diga que esta sociedade competitiva, sem escrúpulos, de triunfadores e predadores excita o imaginário dos vampiros. E o vampiro como homem condenado é a maldade sem perdão.

"Os Vampiros", Tinta-da-China, 2016, é um acontecimento de BD pelo nome do argumentista e do desenhador. Filipe Melo é polifacetado, na música e na BD, Juan Cavia é diretor de arte para cinema e publicidade, é nome sonante do audiovisual. Meteram ombros a um projeto temerário: guerra da Guiné, uma estranha patrulha dentro do Senegal, uma viagem com monstros (na consciência e à solta), uma missão aparentemente formal é dada a um grupo de homens. Metem-se à mata, a viagem marcha de assombro em assombro, o terror é imparável, até ao deslindamento final.

O álbum abre com uma citação do Padre António Vieira, vem mesmo a propósito: “É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta”. Quem viaja a caminho daquela missão leva imensas dores, estamos em Dezembro de 1972, os militares da missão saem de uma LDP, encontram-se com outros militares que saem do helicóptero, sabemos que o manda-chuva é o Sargento Emanuel Ferreira dos Santos, é um grupo pequeno e tem um guia africano. Em pleno mato sabemos que a missão é atravessar a fronteira para o Senegal e fazer um reconhecimento, confirmar onde é que fica uma base do PAIGC junto à fronteira, enviar as coordenadas por rádio e voltar ao ponto de recolha. Internam-se mato adentro. Surgem as primeiras imagens de atrocidades, há miragens que o leitor ainda não está em condições de descodificar, um atirador furtivo faz a primeira baixa na patrulha, é depois liquidado, reacendem-se imagens de barbárie (corte de orelha); as tropas fazem um alto, há trocas de confidências, alguém se refere ao sargento como o maior carniceiro da Guiné, há pesadelos, e recomeça a viagem, o soldado de nome Totobola gaba-se da sorte que tem tido, pisa uma mina, temos a segunda vítima, os ânimos aquecem, o Sargento Santos manda prosseguir, aparece uma nativa com um filho, repete-se a violência, mãe e filho são abatidos, os militares começam a descontrolar-se e a apontar as armas uns aos outros, há quem tenha pesadelos num períodos de descanso, a marcha prossegue debaixo de chuva diluviana, a patrulha dá com o corpo do guia Sanhá mutilado, a face com uma expressão de horror total, os olhos ensanguentados.

Estamos agora no segundo capítulo, a citação é tirado do livro Moby Dick de Herman Melville: “A loucura humana é a coisa mais matreira e felina que existe. Quando pensamos que desapareceu, pode apenas ter-se transfigurado numa forma ainda mais subtil”. A patrulha aproxima-se da base rebelde, depara-se-lhes uma autêntica carnificina. Atónitos com este banho de sangue, procuram vivos, na escuridão sobressaem olhos sanguinolentos, aparece alguém aterrorizado, é abatido, um dos elementos da patrulha aparece ferido e delirante, o contingente militar percebe que estão cercados por um inimigo invisível, barricam-se nas instalações. Mais pesquisas e encontra-se um outro elemento que teria pertencido ao grupo abatido, encontrara um esconderijo, mais cenas de violência, novamente há camaradas a apontar armas aos seus camaradas. O sobrevivente, que não fala português, consegue uma ligação rádio, o comandante da patrulha dá as coordenadas. A espera continua, o rádio emudecido. Temos agora o terceiro e último capítulo, Zeca Afonso é a citação com os seus Vampiros: “No céu cinzento, sob o astro mudo,/batendo as asas, pela noite calada,/vêm em bandos, com pés de veludo,/chupar o sangue fresco da manada./Eles comem tudo, eles comem tudo,/eles comem tudo e não deixam nada”. Há, durante esta longa espera, diálogos confusos, cortaram a luz do exterior, a força sitiada abre a porta, chegou um jipe com gente armada, tudo vai correr mal. O Sargento Santos desabafa acerca da família que o espera: “O homem de quem elas estão à espera já não existe. Morreu pouco depois de chegar à Guiné”. Amanhece, vem um avião e bombardeia a posição com Napalm. A força militar está praticamente extinta, e aparece um jipe, e no uso da metáfora os autores dão-nos conta de quem sobrevive fica sujeita à condição de vampiro.

Nada ao nível das artes da banda desenhada tinha acontecido entre nós com um traço tão plausível, um estudo tão apurado do mundo tropical, do horror da guerra, dos transportes militares, do caminhar dentro da mata, podendo-se discutir se os ambientes de floresta podem ser totalmente identificados com as lalas e matas guineenses. Há o jargão intenso da caserna, a despeito de alguém dizer “tudo bem”, expressão que ninguém usava naqueles tempos. A arte, convém esclarecer os mais céticos e exigentes no tratamento do que foi aquela guerra, tem liberdades, metáforas e bizarrias que não devem ser encaradas como ofensas a quem combateu. Ninguém imagina um grupo tão pequeno a fazer aquela incursão no Senegal; não se pode fazer uma leitura literal daqueles vampiros e aos exageros da barbárie. Tomando como referência as citações dos três capítulos, a guerra foi aquele monstro que quanto mais comia menos se fartava, põe todos os homens contra todos os homens, e em que a loucura se transfigura porque há patrulhas, flagelações, inimigos imprevisíveis, minas, muitas minas, é um terreno de eleição para que o homem se sinta moldado no papel de sugador, de besta insaciável. A propósito de uma história que nesta banda desenhada ocorre em Dezembro de 1972, no Norte da Guiné, até parece ajustado lembrar aquele coronel do filme Apocalypse Now que vive empolgado com o horror e no horror é justiçado por ter quebrado todas as normas por que se rege a instituição militar.

“Os Vampiros”, de Filipe Melo e Juan Cavia são um marco miliário na BD portuguesa. Aquela guerra da Guiné atingira a monstruosidade de que quanto mais consumia tanto menos se fartava.



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Nota do editor

Último poste da série de 25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16329: Notas de leitura (861): “Capitães do Fim… do Quarto Império”, por António Inácio Nogueira, Âncora Editora, 2016 - Para entender a pátria exausta: os Capitães do Fim do Império (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16344: Inquérito 'on line' (64): Para que servia a faca de mato ? Num total de 90 respostas, 32 % diz que nunca teve nenhuma; para 41% era o nosso "canivete suiço"; para 31%, um abre-latas; e para 23%, uma preciosa ferramenta de sapador... Também era "arma de defesa" (17%), "ronco" (13%) e "amiga inseparável" (10%)


Guiné > Zona leste > Setor L5 > Contuboel  > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12  (1969/71) > Centro de Instrução Militar de Contuboel > Junho de 1969 > Os instrutores Luís Graça e Tony Levezinho num exercício (lúdico...) com armas brancas (o primeiro armado de catana, o segundo, de faca de mato).

Foto: © Tony Levezinho (1969). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) >  O alf mil art  Torcato Mendonça, pronto para sair para o mato, devidamente equipado: G3, 140 munições (7 carregores)  (ou 180 munições / 9 carregadortes, conforme o tipo e duração de operação), um cantil (, recomendável dois conforme a duração da saída...), um bornaL (com ração de combate , que havia quem dispensasse ), uma faca de mato, um catana (facultativo, quem levava geralmente era o guia e picador), uma granada de LGFog 3.7. e mais uns extras nos bolsos (frutos secos, cigarros, frasco de uísque...).. Havia quem também levasse no cinturão pelo menos duas granadas de mão, defensivas... (Alguns levavavam um verdadeiro cordão detonante à cintura)... No tempo das chuvas, levasse-se poncho ou impermeável... Tudo somado, dava muitos quilos...

Foto: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" 

(RESPOSTA MÚLTIPLA)


Total de respostas=90



7. Outros usos (mato/quartel) > 37 (41.1%)

10. Nunca tive faca de mato >  29 (32.2%)

3. Abre-latas >  28 (31.1%)


5. Ferramenta de sapador (MA) > 21 (23.3%)



4. Talher 3 em 1 (faca. garfo, colher) > 16 (17.8%)

1. Arma de defesa >   15 (16.7%)

6. Adereço / ronco >  12 (13.3%)

8. "A minha amiga inseparável" >  9 (10.0%)

2. Limpar o sebo ao IN  > 2 (2.2%)



9. Objeto completamente inútil > 0 (0.0%)


11. Não sei / não me lembro > 0 (0.0%)




Votos apurados: 90 

Sondagem fechada em 28/7/2016, às 20h38

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16341: Inquérito 'on line' (63): Para que servia a faca de mato ?... Resposta de Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16343: Convívios (764): Moledo, Lourinhã, 14 de agosto de 2016: encontro de combatentes, 5º aniversário da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste... Estamos todos convidados!

 

Cartaz pormocional do convívio da AVECO - Associação dos Veteranos do Oeste, da autoria do nosso amigo e camarada António Basto. Moledo da Lourinhã é uma terra fascinante, a 70 km de Lisboa que merece uma visita. (*)

Foi aqui, em Moledo [, do baixo latim "Moletu(m)", rochedo], que Pedro e Inês fizerem o seu ninho de amor. Inês teve aqui um palácio, entretanto demolido no séc. XVI. Tem igreja renascentista e é a povoação do país com mais esculturas por metro quadrado (**), Os seus moinhos de vento, de oprigem árabe, também são um motivo de atração. Tem igualmente monumento aos combatentes do Ultramar. Fica situado  no planalto das Cesaredas.




Lourinhã > Moledo > Arte Pública > 25 de agosto dfe 2015 > Inês, peça de Joana Alves, em pedra da região... E o nosso editor com a mãosinha... "na mama firme da bajuda".

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados


1. A  AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste, com o NIPC 510 083 617,  tem  sede na Rua dos Bombeiros Voluntários, Edificio do Centro Coordenador de Transportes, Piso 1, Sala 2, Lourinhã, e é  uma Instituição Particular de Caracter Cultural e Social.

Foi constituida por escritura pública de 16 de dezembro de 2011.

É uma Associação que agrega antigos combatentes (Veteranos) da Guerra Colonial e das Missões de Paz, de todos os Ramos das Forças Armadas.

2. Tem como objetivos principais:

(i) o apoio social, médico e jurídico, a defesa de direitos e das justas reivindicações de todos os associados, e a obtenção de assistência específica aos ex-combatentes e seus familiares,  portadores de deficiência por perturbação pós-stress traumática de guerra (PTSD);

(ii) promoção de actividades lúdicas e culturais para os seus associados e familiares.

(iii) não tem fins lucrativos e  é independente de ideologias políticas, étnicas, religiosas e económicas.

3. Contactos: 

AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste [brazão à direita]

Rua dos Bombeiros Voluntários - Centro Coordenador dos Transportes - Piso 1 – Sala 2
2530-147 LOURINHÃ

Telefone: + 351 261 46 9457

Guiné 63/74 - P16342: (Ex)citações (314): A faca de mato, original, que usávamos no CTIG... Um ícone que "passeou" comigo, de Guileje e Gadamael a Nhacra e Paunca, entre 1972 e 1974... (J. Casimiro Carvalho, ex-fur mil op esp / ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11)


Foto: © J. Casimiro Carvalho (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. "Coisas que passearam comigo na Guiné...1972-74", diz ele, o osso "herói de Gadamael" (que a Pátria deve-lhe muito, no mínimo  uma cruz de guerra,  mesmo que seja de ferro enferrujada!... À atenção do senhor inquilino de Belém que zela pelos valores e pelos heróis pátrios)...

"Material icónico, por demais conhecido no Blogue (em fotos desses tempos), são os originais", garante ele... O camuflado, as divisas de furriel, o cinturão, a faca de mato... 

Estamos a falar do J. Casimiro Carvalho [ex-fur mil op esp/ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11, Gadamael, Guileje, Nhacra e Paúnca, 1972/74; membro da nossa Tabanca Grande, tem cerca de 70 referências no blogue; vive na Maia; é um bom amigo e melhor camarada, além de pai e avô babado...

É pena não se ver a faca de mato inteira, com a lâmina inox... Muito menos o nome do fabricante.  Há aqui um tira-teimas: era alemão ou português do Minho ?...

Mas esta era a nossa verdadeira faca de mato (a avaliar pelo cabo em osso e pela baínha em cabedal) que o exército disponibilizava, pelo menos aos graduados... Vamos pedir ao dono para nos mandar uma foto da faca, desembainhada, de  corpo inteiro, nuínha em folha, da ponta ao cabo... Há um inquérito a decorrer sobre a "faca de mato" e os usos e costumes dos seus donos... Ver blogue, ao canto superior esquerdo. É só clicar nas respostas (uma ou mais apropriadas)... Até por volta das 20h30 do dia de hoje, hora a que fecha a urna eletrónica...

Guiné 63/74 - P16341: Inquérito 'on line' (63): Para que servia a faca de mato ?... Resposta de Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 1




Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 2

Fotos: © Jorge Araújo  (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO?

27 de julho de 2016   | Jorge Araújo [ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974)];


Na sequência do conteúdo publicado no P16337 (*), eis um pequeno contributo factual sobre o uso da nossa companheira (mais uma: a faca de mato) no quotidiano das aventuras e imponderáveis no CTIG.

A faca de mato da imagem supra  [, foto nº 1] foi utilizada na sequência do episódio ocorrido em 10 de agosto de 1972 [vai fazer quarenta e quatro anos] com o meu grupo de combate [o 1.º da CART 3494] no rio Geba, e que foi baptizado como «o naufrágio no Rio Geba».

Citação extraída do P10246.

[…] “Fazendo uso da faca de mato, que usávamos presa ao cinturão, procedemos ao corte de alguns troncos dos arbustos existentes na zona, arremessando-os na sua direcção, visando facilitar a mobilidade nos últimos metros da tortura. Os pequenos troncos, porque foram colocados entre os corpos e o tarrafo, funcionando como estrado, acabariam por provocar ligeiros ferimentos, particularmente no peito e zona abdominal, devido às suas saliências”. […]


A faca de mato servia, ainda, para gravar a nossa assinatura [ideogramas] em locais por onde passámos, nomeadamente árvores, como é o exemplo acima.[, foto nº 2]


Boa semana.

Um abraço. Jorge Araújo.

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16337: Inquérito 'on line' (62): Para que servia a faca de mato ? Em 80 respostas (provisórias), 31% diz que nunca teve faca de mato; para 41% era um objeto multiuso, para 33% um abre-latas e para 25% uma ferramenta de sapador... O prazo de resposta termina amanhã, 28, às 20h38... Mesmo em férias, esperamos chegar às 100 respostas

Guiné 63/74 - P16340: Convívios (763): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte II - (E)ternos namorados (fotos de Manuel Resende)


Foto nbº 15 > O sempre simpático e elegante casal de Paço de Arcos, Carlos Alberto Cruz e Irene


Foto nº 16 >  O sapador Luis R, Moreira e companheira Irene


Foto nº 17  > O António Fernando Marques e a Gina, as pessoas mais encantadores da Torre da Marinha


Foto nº 18  > O casal mais "strelado" do mundo: Miguel e Giselda Pessoa


Foto nº 19 > Os inseparáveis Jorge Canhão e Maria de Lurdes, que vivem em Oeiras


Foto nº 20 > Zé Carioca e esposa Ilda


Foto nº 21 > Os já fregueses da Tabanca da Linha, Manuel Lema Santos e esposa Maria João


Foto nº 22 > Arlindo Clérigo, pára ferido no inferno de Gadamael e evacuado para a Metrópole, e a sua companheira Ermelinda 


Foto nº 23 > Caras conhecidas... Carlos Carronda Rodrigues, cor ref (Algueirão) e esposa Manuela.

Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro, Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés) > 26º convívio da Magnífica Tabanca da Linha (*)

Fotos: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como escreveu no poste anterior o cronista-mor da Tabanca da Linha, o Zé Manel (Matos Dinis) no seu estilo irreverente e bem disposto (*):

"(...)  Importante, importante, é a possibilidade para confraternizarmos, para nos expressarmos com alegrias e risadas, e gritos, se alguém, algum dia, alguém se lembrar disso".

E lembra que "foram várias as caras novas, malta que pareceu integrar-se com facilidade, o que vem provar que há coisas importantes que nos unem" (*)...

Como sempre não faltaram os casais... Aqui vai uma seleção, a partir das fotos do Manuel Resende, dos (e)ternos namorados da Tabanca da Linha. Até à rentrée!...

PS - Pedimos desculpa por não saber identificar todos os participantes que aparecem nas fotos (Partes I e II)...
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