Fotos (e texto): © Adelaide Carrêlo (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Adelaide Carrelo | 10/08/2016
Assunto - A viagem pela minha Guiné
Bom dia, Luís,
Adorei ver o meu BU (*), hoje logo de manhã!!!
Seguem 2 fotos minhas (agora que já me conheces), uma com 8 anos e a
outra actual.
Um beijinho
PS - Vou fazer mais uma selecção das fotos da minha viagem, para te enviar. As próximas são de Bafatá.
2. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*):
A viagem continua de Buba até Bafatá por estradas de terra molhada pelas chuvas que caem sem pejo, escondendo o alcatrão de outrora [fotos nºs 3 e 4].
Tudo começou quando o meu filho nos disse que tinha sido selecionado para trabalhar na TESE em Bafatá. Foi como um relembrar daquilo que nunca vi mas sabia que não poderia ser muito diferente de Nova Lamego há quarenta e quatro anos atrás. Muito estranho este sentimento, não tive medo de o deixar partir. Claro que em condições diferentes de quem partiu para lá durante a Guerra.
Senti Bafatá como uma “mãe” que me iria substituir por um tempo que parecia infindável.
A esperança de voltar a pisar esta terra renasce. Durante este tempo as lembranças começam a tornar-se cada vez mais frequentes e o filme “Bafatá Filme Clube” foi a melhor estrada para entrar nesta cidade (**).
Ao seguir na estrada vermelha, vieram-me ao pensamento os militares que cruzarem esta floresta, sem saber para onde iam mas com a certeza do regresso. Pensamentos perdidos no verde da paisagem, atentos a cada passo que podia ser fatal.
Em Bafatá revi o sr. Dinis [, foto nº 2], que conheci em Nova Lamego, na altura tinha uma escola de condução que permanece ainda hoje em Bafatá [, foto nº 1]. Ele lembrava-se muito bem dos meus pais, e de nós os três ainda meninos.
Foi com as lágrimas nos olhos que abracei este senhor que tem pela Guiné um amor incondicional, fez tropa na Guiné, veio à Metrópole casar e voltou com a esposa, D. Célia, até hoje. Habituaram-se e ter e a perder, como todos os Guineenses.
Neste sítio também não há pressas. Os dias sucedem-se às noites e o tempo passa devagar. Realmente a adaptação do ser humano é impressionante. Quando a noite cai e a escuridão nos envolve, os nossos olhos passam a ver como os felinos. Só a partir das 20h00 quando a luz mortiça nos ilumina, bebemos um café no “Ponto de Encontro”, na companhia da D. Célia (sempre a sorrir) e do sr. Dinis, mas inexplicavelmente durante o dia não sentes a falta desta cafeína que pensas não poder passar sem ela.
Cá tudo nos falta, até aquilo que não existe. Quando observo as atitudes de muita gente que reclama por tudo e por nada, só penso “uma semaninha na Guiné, fazia-te bem ao corpo e à alma”.
Continuamos a viagem...
A esperança de voltar a pisar esta terra renasce. Durante este tempo as lembranças começam a tornar-se cada vez mais frequentes e o filme “Bafatá Filme Clube” foi a melhor estrada para entrar nesta cidade (**).
Ao seguir na estrada vermelha, vieram-me ao pensamento os militares que cruzarem esta floresta, sem saber para onde iam mas com a certeza do regresso. Pensamentos perdidos no verde da paisagem, atentos a cada passo que podia ser fatal.
Em Bafatá revi o sr. Dinis [, foto nº 2], que conheci em Nova Lamego, na altura tinha uma escola de condução que permanece ainda hoje em Bafatá [, foto nº 1]. Ele lembrava-se muito bem dos meus pais, e de nós os três ainda meninos.
Foi com as lágrimas nos olhos que abracei este senhor que tem pela Guiné um amor incondicional, fez tropa na Guiné, veio à Metrópole casar e voltou com a esposa, D. Célia, até hoje. Habituaram-se e ter e a perder, como todos os Guineenses.
Neste sítio também não há pressas. Os dias sucedem-se às noites e o tempo passa devagar. Realmente a adaptação do ser humano é impressionante. Quando a noite cai e a escuridão nos envolve, os nossos olhos passam a ver como os felinos. Só a partir das 20h00 quando a luz mortiça nos ilumina, bebemos um café no “Ponto de Encontro”, na companhia da D. Célia (sempre a sorrir) e do sr. Dinis, mas inexplicavelmente durante o dia não sentes a falta desta cafeína que pensas não poder passar sem ela.
Cá tudo nos falta, até aquilo que não existe. Quando observo as atitudes de muita gente que reclama por tudo e por nada, só penso “uma semaninha na Guiné, fazia-te bem ao corpo e à alma”.
Continuamos a viagem...
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Notas do editor
(*) Último poste da série > 10 de agosto de 2016 > ó o BU [um chimpanzé, ou "dari", em crioulo, que ] vivia em cativeiro numa reserva natural em Buba
(*) Último poste da série > 10 de agosto de 2016 > ó o BU [um chimpanzé, ou "dari", em crioulo, que ] vivia em cativeiro numa reserva natural em Buba