quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17736: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (12): O enfermeiro (Costa), o atirador (Nascimento) e o armas pesadas (Soares): uma partida... de Carnaval



Guiné > Região de Bafatá > Setor L12 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/70) >  José do Nascimento em Madina Colhido (à esquerda) e o fur mil enf Costa (à direita) [Augusto Tavares Ribeiro Costa]



Guiné > Região de Bafatá > Setor L12 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/70) > Saída  para o mato, o fur mil at José Nascimento (à esquerda) e o fur mil enf Costa (à direita) [Augusto Tavares Ribeiro Costa, de seu nome completo, já falecido].



Guiné > Região de Biombo > Quinhamel  > CART 2520 >   José do Nascimento como Costa à direita


Guiné > Região de Bafatá > Setor L12 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/70) > Hora do jantar


Guiné > Região de Bafatá > Setor L12 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/70) > No cais em construção, o José Nascimento (à direita) e o Costa (à esquerda)



Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 2520 (1969/70) > 1º srgt Vaz à direita, furriéis Soares e Nascimento à esquerda. [O Manuel Soares era fur mil armas pesadas.]



Fotos (e legendas): © José Nascimento (2017). Todos os direitos resevados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Nascimento (ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) com data 17 de junho último:


Aos camaradas da Tabanca Grande, ao Carlos Vinhal e em especial ao Luis Graça.

Muitos dos combatentes esquecem ou ignoram os especialistas que também estiveram no Ultramar Português, como é o caso dos mecânicos, condutores, transmissões e enfermeiros. Alguns foram autênticos heróis no desempenho das sua missão, como é o caso do furriel enfermeiro Costa, de seu nome completo Augusto Tavares Ribeiro Costa, infelizmente já não pertencendo ao mundo dos vivos, a quem dedico esta pequena história, embora noutro contexto. Estávamos com três ou quatro meses de comissão e os intervenientes são: O Costa. o Nascimento e o Soares.


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Uma agradável surpresa:  Manuel Viçoso Soares (hoje empresário, no Porto), ex-fur mil armas pesadas, ma mesa com o  Fernando Sousa (exº cabo aux enf, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) (e que vive  na Trofa)... O Manuel Soares ia ter o encontro da sua companhia, CART 2520 (Xime e Quinhamel, 1969/71) em 20 de maio, em Almeirim. Na mesma mesa, ficou o nosso editor, Luís Graça.  O Manuel Soares ficou convidado para integrar formalmente a nossa Tabanca Grande.

Foto: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



2.  Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (12) >O Costa, o Nascimento e o Soares.




À memória de Augusto Tavares Ribeiro Costa, ex-fur mil enf


Augusto Costa era o furriel responsável pela equipa de enfermeiros da CART 2520. Além de cuidarem do estado de saúde do pessoal da Companhia, também faziam tratamentos à população do Xime, tais como pensos e injecções. Um médico não faria melhor.

Quando chegou à Guiné este especialista já tinha mais de dois anos de experiência como enfermeiro em Hospital Militar.

Uma divisão de uma antiga quinta de um ex-fazendeiro alemão acolhia a enfermaria de que era responsável, sempre apetrechada com os equipamentos possíveis e os armários com os medicamentos necessários, por isso clientela não lhe faltava, a seringa manejava com perícia, com as agulhas suturava as feridas. Todos foram tratados com grande desvelo e cuidado.

Numa outra divisão mesmo em frente à enfermaria habitava o José Nascimento, furriel. A sua especialidade era de atirador, pertencia ao 3º. pelotão da CART 2520, quando chegou à Guiné já tinha quase ano e meio de serviço militar. Preferia ter que correr para um abrigo em caso de ataque inimigo e residir com mais algum conforto e privacidade neste compartimento.

No abrigo virado para a bolanha do Xime e para a estrada de acesso ao rio Geba, morava o Manuel Soares, furriel e operacional de armas pesadas. Pertencia ao 3º. pelotão da CART 2520, também com vários meses de serviço militar cumprido antes de chegar à Guiné e desde sempre granjeando da amizade dos outros camaradas. Jogava à defesa e, como o seguro morreu de velho e cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, dava preferência a um abrigo em caso do inimigo resolver atirar com algumas ameixas.

Com alguma frequência o Nascimento enfiava-se na enfermaria, conversava e assistia a alguns tratamentos. Outras vezes era o Costa que procurava dialogar e deixar correr o tempo. Devido a esta proximidade não foi difícil estabelecer uma grande amizade e também alguma cumplicidade.

Uma noite, já tinha escurecido havia algumas horas, o silêncio do quartel era apenas cortado pelo roncar do gerador eléctrico, quando em serviços diferentes e por mero acaso os dois se encontram. Depois de uma troca de palavras lembraram-se de fazer uma "partida" a um camarada, apesar do Carnaval ainda demorar a chegar.

A "vítima" foi escolhida. Dirigidos à enfermaria foram preparados os adereços, seguiram depois para o objectivo. Sob a luz ténue do abrigo e resguardado pelo mosquiteiro o sacrificado dormitava a ganhar forças para combater as agruras do dia e da semana seguintes.

Quando é levantado o mosquiteiro, o Soares vê na sua frente o seu camarada de pelotão, de braço ao peito e a cabeça envolta em ligaduras tintas de sangue, (na realidade não passava de mercurocromo). De olhos escancarados, completamente surpreendido pergunta:
- O que aconteceu?
- Fui passar ronda e caí numa vala, amanhã vais sozinho com o pelotão para a ponte -foi a resposta, (o pelotão iria sem alferes e sem o outro furriel para o rio Udunduma no dia seguinte.)

À entrada do abrigo ficou um expectador atento ao desenrolar dos acontecimentos. A cena saíra perfeita, o Costa mijava-se a rir.

Na manhã do dia seguinte o Soares dá de caras com o Nascimento completamente são que nem um pero e pronto para seguir viagem, mas quem pagou pela brincadeira foi a sua mãe, que a milhas na Metrópole pedia a Deus a protecção para o seu filho ausente na Guiné. Ao percebar que tinha caído que nem um passarinho, em tom áspero o Soares, furriel, solta um impropério:
- Ah filho da puta e eu que não dormi nada a noite inteira!

Para todos os camaradas da Tabanca Grande, um grande abraço

José Nascimento

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17111: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (11): Enxalé, a outra margem do Geba

Postes anteriores:

19 de novembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16737: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (10): A música das nossas vidas: "Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle Isabelle, mon amour"... ou o braço de ferro entre o fur mil Renato Monteiro e o nosso primeiro Vaz, cuja amada esposa se chamava Isabel e vivia a 5 mil km de distância, em Vila Real, Portugal...

23 de setembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16518: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (9): "Rã Teimosa", a última Operação da CART 2520

17 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15870: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (8): Quem não se lembra do antigo ditado que diz: "em tempo de guerra não se limpam armas"

13 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15742: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (7): O Soldado João Parrinha, natural de Cabeça Gorda, Beja

14 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15490: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (6): A Bandeira

27 de julho de 2015 Guiné 63/74 - P14936: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (5): Idas a Bafatá para comprar vacas

24 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14517: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (4): Primeiro dia no Xime

31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14422: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (3): Eu e o malogrado fur mil mec auto Joaquim Araújo Cunha, da CART 2715, em Amedalai, em junho de 1970, de bicicleta a pedal

14 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14362: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (2): Viagem até Mansambo

10 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14341: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (1): Os Cabos também faziam Planos de Operações

Guiné 61/74 - P17735: Os nossos seres, saberes e lazeres (228): De Valeta para Bruxelas: Para participar na Primavera, visitar uma cidade muito amada (8) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 11 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Tudo se conjugou para que depois de uma férias em Malta houvesse um retorno a Bruxelas, três dias apressados, que se saldaram em encontros amigos e programas admiráveis.
Primeiro, o enamoramento por uma arquitetura invejável de Arte Nova, Arte Deco e período seguinte, a economia belga estava pujante e as casas e monumentos refletiam tal prosperidade.
De Namur seguiu-se para Mariemont, tarde mais aprazível não podia ter acontecido, com a visita a um museu de um colecionador que podia ter sido um rival de Gulbenkian. E à despedida mostram-se cerejeiras ornamentais, nunca o viandante entendeu porque é que estas árvores não abundam nas nossas cidades, já que temos os faiscantes jacarandás, de grande porte, podíamos espalhar pelas ruas estas cores tão risonhas.

Um abraço do
Mário


De Valeta para Bruxelas: 
Para participar na Primavera, visitar uma cidade muito amada (8)

Beja Santos

Qualquer turista que arribe a Bruxelas e que circule pelos bairros mais centrais não pode deixar de ficar surpreendido com a quantidade e qualidade de edifícios Arte Nova e Arte Deco. Há mesmo programas específicos para visitar algum do património mais valioso, caso do museu Horta, que foi residência e ateliê do arquiteto Victor Horta, um os expoentes máximos da Arte Nova, somos surpreendidos por mosaico, vitrais, pinturas murais, artes decorativas, mobiliário da época, há outros museus como Alice e David Van Buuren e há visitas guiadas pelas ruas. Surpreende depois a majestade de certa arquitetura do início dos anos 1950, a Bélgica ainda é então uma importantíssima potência económica, dispõe do Congo, a cidade enxameia-se de galerias, vistosas como templos. Veja-se esta entrada da Galeria Ravenstein, que já conheceu melhores dias, é uma peça de grande beleza, cercada de escritórios em série.


Sempre que o viandante percorre o centro histórico dá uma saltada à Catedral de Santa Gudula, um colosso de pedra de gótico triunfal, que foi alvo de muitas intervenções, é impressionante pela sua harmonia, por uma construção que lhe facilita a luminosidade, e toca ainda mais pela cuidada sobriedade dos seus eixos, mostra-se o seu órgão, aqui mesmo, não há muito tempo, o viandante viu e ouviu o mágico Trevor Pinnock, cravista sem rival, a executar obras-primas de Bach.


O viandante detém-se junto da imagem ícone da catedral, há muito que promete a si mesmo procurar saber algo sobre Santa Gudula, o que não o faz, neste caso não importa, a imagem é muito bela e dá mesmo para interrogar como é que transcende tão forte espiritualidade sendo tão ofuscante a folha de ouro, que devia constituir um sério obstáculo, já que este espaço é comedido no luxo e na ostentação. Prossigamos.


Foi-se primeiro a Namur, o viandante tem ali uma amiga há muito mais de 30 anos, depois de ter servido um rico almoço avisou que íamos até Mariemont, o viandante andou perto, já esteve em La Louvière, no tempo da Europália Rússia, foi ali que se deslumbrou com os cartazes da propaganda soviética no tempo do culto de Estaline, vai feliz e contente, sabe que a sua amiga é useira e vezeira em bons programas. O parque circundante do museu real de Mariemont é espaçoso, por ali anda gente de todas as idades, há sombras acolhedoras, o elemento floral está sempre presente, como se ilustra.




Mas que museu é este? Um rico industrial de nome Raoul Warocqué deu em colecionador apaixonado, um tanto eclético: arte egípcia, Grécia e Roma antigas, uma manifesta devoção pela história e arqueologia da região, muito fascínio pelo Extremo Oriente, pela porcelana de Tournai, um grande bibliófilo. Quando aqui se entra logo nos alertam que este domínio de Mariemont tem história ilustre, foi fundado no século XVI por Maria da Hungria, servia de residência a governadores, aqui se deu acolhimento a Carlos V ou Luís XIV. E apontam para as ruínas do castelo, que era ponto alto destes 45 hectares de domínio. O museu foi inaugurado em 1975, desenhado cuidadosamente para nos encaminhar para a contemplação de todas estas jóias de arte, ver-se à légua que o senhor Warocqué se sentia deslumbrado pela arte egípcia, pelo classicismo, pelos primores da arte oriental.



O viandante tem de vez em quando que recordar que usa uma câmara modesta, o seu flash é proibido em telas e peças sensíveis, daí, na hora da despedida deste tão belo museu se ter registado um busto que qualquer museu não se importaria de acolher.


E assim acabou o penúltimo dia em Bruxelas. Não há melhor despedida do que mostrar as cerejeiras ornamentais que pululam em Watermael-Boisfort, onde o viandante tem um ponto de partida e de chegada, é de uma enorme impressão este colorido de feição orientalizante, pois são cerejeiras japónicas, cercadas de construções com quase um século de existência. Amanhã, último dia, haverá ainda uma deambulação pedestre dentro de bosques e a visita à exposição de Pierre e Gilles, no Museu de Ixelles, e depois ala morena que se faz tarde, pega-se na bagagem e vai-se até Zaventem. Até á próxima.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17713: Os nossos seres, saberes e lazeres (227): De Valeta para Bruxelas: Para participar na Primavera, visitar uma cidade muito amada (7) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17734: Tabanca Grande (445): José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017), o mítico comandante Pombo... Nosso grã-tabanqueiro, a título póstumo, fica connosco, à sombra do nosso sagrado poilão, sob o nº 752



Magnífica Tabanca da Linha > Restaurante Oitavos, estrada do Guincho, Qta Marinha, Cascais > 23 de julho de 2015 > Um foto de grupo: da esquerda para a direita: 1.ª fila: Zé Rodrigues, Luís Graça, António Matos Martins,  Avelar de Sousa e Manuel Resende; 2.ª fila, Juvenal Amado, Manuel Joaquim, José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017), o nosso "comandante Pombo" (assinalado a amarelo), e a sua filha mais nova, a Maria João Pombo Rodrigues

Foto: © Manuel Resende (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



FAP > s/l > s/d (anos 50) > Da esquerda para a direita: (i) em pé: Pombo Rodrigues, Velhinho, Valla, Moura Pinto, Lemos Ferreira, Tinoco, Moutinho, e Graça Faria; (ii) em baixo, mesma ordem: Lourenço, Rodrigues Pereira, Licínio Soares, Patrício, Cartaxo e Rego de Sousa. [Poste 26 de fevereiro de 2014 > Voo 3065]


FAP > Esquadrilha do F-86, "Sabre"  > Junho de 1956 > Da esquerda para a direita: (i) de pé, alf Moreira, ten Ramiro, alf Neves Oliveira e Aj Tércio;  (ii) De cócoras, fur Pombo (, então com 22 anos), fur Pessanha, 2º sarg Moutinho, fur Carvalheira. ["Só por curiosidade. O Carvalheira era mais antigo que eu. Foi punido e atrasou a promoção. Um dia ele ao comandar uma parelha de F-84 em que eu era o asa, foi fazer umas passagens baixas em Famalicão e houve queixa. Naquele tempo era a doer"]...

Fotos do álbum de Fernando Moutinho, da incorporação de 1951,  cap pil, residente em Alhandra [Poste 3 de março de 2014 > Voo 3075]


Fotos  (e legendas): © Fernando Moutinho / Blogue Especialista da  Base Aérea 12, Guiné 65/74 (2014). Todos os direitos reservados, (Fotos reproduzidas com a devida vénia...)





Cascais > Estrada do Guincho > Oitavos > Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 >José Luís Pombo Rodrigues (Bucelas) e a sua filha mais nova, Maria João Rodrigues Pombo: "Adoro-te, meu pai e meu comandante!".

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Família, amigos e camaradas disseram hoje o último adeus ao comandante Pombo (*). Tinha 83 anos, feitos em 3 de junho último. Tive o privilégio de falar com ele, duas ou trêz vezes, não na Guiné mas já cá e só muito recentemente.  A primeira vez foi  em 3/2/2015: a filha, Maria João, ligou-me e passou-lhe o telemóvel. Ela tinha ido com o pai a uma consulta médica. Ela informou-me que o pai tinha regressado do Brasil, para onde fora viver, em Maricá, perto do Rio, em agosto de 2010.

Tinha sido entretanto operado no hospital da Força Aérea ao fémur e fizera fisioterapia, voltara a andar. E já estava reformado.

Ao telefone. o nosso camarada, José Luis Pombo Rodrigues, popular e carinhosamente conhecido como o comandante Pombo, começou por falar-me dos problemas de saúde que o preocupavam então, e que terão motivado o seu regresso a Portugal. Transmiti-lhe os nossos votos de rápidas melhoras, em nome dos amigos e camaradas da Guiné.  epois disso, recuperada a saúde, ele arranjaria, por certo, disposição para passar à escrita muitas das suas histórias e memórias da FAP e da Guiné. e partilhá-las connosco.

Nunca nos encontrámos pessoalmente na Guiné, embora no tempo em que eu lá estive (CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, maio de 1969/março de 1971), o comandante Pombo já fosse uma figura conhecido e até lendária. Aliás, eu transmiti-lhe (e reforcei) essa ideia, que pode ser colhida pela leitura do nosso blogue de cuja existência ele tomou conhecimento pela filha.

O Pombo é era então tenente ou capitão pil, reformado, já não posso precisar o posto. Tinha feito, segundo bem percebi, 4 comissões na Guiné. Voltara há pouco para Portugal, vivia então  em Bucelas, sendo grande amigo do major gen paraquedista Avelar de Sousa, que passou pelo TO da Guiné, integrando o BCP 12, como comandante da CCP 123 (1970/71), e foi ajudante de campo, entre 1976 e 1981, do gen Ramalho Eanes, 1º presidente da república eleito democraticamente no pós 25 de abril. E esse fato é relevante para se perceber a influência, discretíssima, que o comandante Pombo terá tido na libertação do ex-1º primeiro ministro da Guiné-Bissau, Luís Cabral, depois do golpe Estado do ‘Nino’ Vieira em 1980. (**)

O comandante Pombo privou com os dois, o Luís Cabral e o 'Nino0 Vieira. Dos dois era incluive "amigo". Ao ‘Nino’ Vieira tratava-o mesmo  por tu. E o Pombo continuou a ser o comandante Pombo, depois da independência da Guiné-Bissau. Terá havido um acordo entre as novas autoridades de Bissau e o governo português para que ele ficasse na Guiné... O PAIGC não tinha pilotos (muito menos Mig ou outros aviões). O comandante Pombo pilotava o pequeno Falcon que fora oferecido ao Luís Cabral, já não sei por quem. Este gostava muito dele, cmdt Pombo, e sempre que viajava com ele trazia-lhe uma garrafa de.. champagne.

Depois veio o golpe do ‘Nino’ e o Luis Cabral ficou preso na Amura… Sem cinto, por alegadas razões de segurança!... O comandante Pombo foi visitá-lo e encontrou-o sem cinto, com as calças na mão, numa situação humilhante para um ex-chefe de Estado… Diziam-lhe, os seus carcereiros, que era para ele não poder fugir. Achando essa uma situação indigna, o Pombo foi falar ao seu amigo ‘Nino’, que lhe deu razão…

Mais tarde o Pombo moveu as suas influências, junto do seu amigo e camarada Avelar de Sousa… O presidente Ramalho Eanes, como é sabido publicamente, exerceu forte influência junto de ‘Nino’, no sentido de obter a libertação de Luís Cabral que, primeiro, foi para Cuba e mais tarde para Portugal, onde virá  a morrer, no antigo Hospital do Barro, em Torres Vedras, em 30/5/2009.. Ramalho Eanes e Luís Cabral tinham muita estima mútua.

Mas, e contrariamente ao boato que corria na Guiné, no tempo da guerra colonial, o comandante Pombo não estava feito com os “turras”… E a prova disso é que umas das aeronaves (não era um Cessna, era uma outra avioneta tipo DO 27…) foi perseguida por dois mísseis Strela, já depois do último avião da FAP ter sido abatido…

Ele contou-me os pormenores ao telemóvel: deve ter sido, deduzo eu, por volta de março ou mesmo abril de 1974, um ano depois do aparecimento dos Strela. O comandante Pombo vinha de Bissau para Farim, na “carreira normal” dos TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa)… O PAIGC conhecia o horário e os apontadores do Strela estavam à espera da aeronave nas imediações de Farim…

Havia a indicação de que a guerrilha queira mesmo cortar todas as ligaçãoes aéreas como nordeste da Guiné. Deve ter havido falhas na segurança militar, nas imediações da pista de aviação… Para iludir os guerrilheiros, o comandante Pombo vinha coma sua avioneta a baixa altitude e a baixa velocidade. como mandavam as egras de segurança emitidas pela FAP no período pós-Strela. Mas antes de chegar ao destino ele fez inteligentemente uma mistura de combustível que não deixava rasto, isto é, "fumaça"… E, antes de aterrar, terá feito uma manobra de subida, na vertical, seguida de um voo a pique…

Foi o que eu percebi, desculpem-me se o relato é tecnicamente grosseiro… Mesmo assim não se livrou de ver passar-lhe, por perto, dois Strelas que lhe vinham dirigidos…Conseguiu, por fim,  aterrar em segurança… "Não ganhei para o susto: os auscultadores saltaram-me da cabeça!" ...

Esta é umas das suas muitas  histórias  de piloto lendário, desde a famosa "Missão" (1961)...

No final da nossa conversa, reforcei mais uma vez o convite para ele se sentar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande e nos poder contar, na primeira pessoa, estas e outras histórias da sua longa vida na Guiné… Infelizmente a doença que o perseguia, não lhe deu tréguas...

Troquei vários emails om a filha Maria João e inclusive arranjámos ainda maneira de nos encontrarmo-nos e conhecermo-nos pesssoalmente  na Tabanca da Linha, no verão de 2015.

O comandante Pombo esteve depois muitos anos no antigo Zaire em Kinshasa a trabalhar como piloto da companhia Sicotra Aviation (aviões de carga). Trabalhou ainda em Angola antes de ir para o Brasil em 2010. 

 2. Mas o que o munca foi, isso não, o comandante Pombo,  foi "piloto privativo" do Sékou Touré, a seguir à independência da Guiné-Bissau, como chegou a constar por aí... Esse boato foi desmentido pela filha. Nas conversas que tive com ele, apercebi-me apenas que tinha pilotado o pequeno Falcon da presidência da Guiné-Bissau, tendo estado ao serviço do Luís Cabral e depois do 'Nino"... E que nessa condição chegou a levar várias vezes o presidente de São Tomé e Príncipe,  isso sim,  no avião que era do Luís Cabral e que e este emprestava  ao seu amigo são-tomense...

O que muita gente também não sabia (eu incluído…) é que o comandante Pombo era um orgulhoso sobrevivente da “Operação Atlas”, a primeira (e única) travessia Monte Real – Bissalanca, feita pela Esquadra 51/201 (BA 5), constituída por aviões F-86F “Sabre”, realizada em agosto de 1961… Era então um jovem 1º sargento piloto, com 27 anos...

Recorde-se que no dia 8 de agosto de 1961, oito F-86F "Sabre" descolaram da BA-5 para dar início a uma longa viagem que os levaria até Bissalanca (!)... Os aviões escolhidos para a missão foram os seguintes 5307, 5314, 5322, 5326, 5354, 5356, 5361 e 5362. A missão foi executada com êxito, os 8 aviões aterraram em Bissalanca no dia 15 de agosto. Segundo informação do blogue dos nossos camaradas "Especialistas da BA 12, Guiné, 65/74", o Pombo terá levado para Bissalanca o F-86F "Sabre" 5314. Essa história, quase épica,  já foi aqui contada, no nosso blogue.(**)

Chega ao fim a vida terrena, aventurosa, do nosso camarada José Luís Pombo Rodrigues. Segundo informação do Miguel Pessoa, ele teria 84/85 anos. O Manuel Resende soube, por um dos filhos, que o comandante Pombo tinha nascido a 3/6/1934.  Completara, portanto, este ano os 83 anos. 

Na noticia da sua morte, domingo, dia 3, escrevemos o seguinte:

"O comandante  Pombo tem já cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue. Por proposta do fundador, administrador e editor do blogue, Luís Graça, ele passa doravante a integrar, a título póstumo, a nossa Tabanca Grandem sob o nº 752. Enfim, é uma figura lendária dos céus da Guiné e muitos de nós guardam dele uma grata recordação." Por questões de tempo, só hoje formalizamos o processo. O cmdt Pombo continuar a voar connosco nas nossas histórias e memórias. (***)



O Cmdt Pombo aos comandos do seu Cessna dos TAGP,  c. 1972/74 
 (Foto de Álvaro Basto, 2008)




3. Condolências publicadas no nosso blogue e na página do Facebook da Tabanca Grande até às 18h de hoje, por amigos e camaradas da Guiné:

 (i) António Graça de Abreu:

Com o CAOP 1, dei-lhe apoio na pista de Teixeira Pinto, em 1972/73, voei com ele na Guiné, de Bissau para Catió, já em 1974. Era um excepcional piloto e excelente pessoa. Reencontrei-o no ano passado, numa conferência que fiz na Associação da Força Aérea, na Avenida do Aeroporto, Lisboa. Selámos então um último abraço. Descança em paz, meu Amigo.

(ii) Carlos Matos Gomes 

Voei com ele várias vezes pela Guiné... de noite e de dia... nunca percebi como cheguei com ele aos comandos dum Piper (julgo dos TAG?) numa noite a Mansabá... Partilhámos noites em Bissau... histórias que morrerão connosco. Não o vi desde o regresso da Guiné, em 74, mas nunca o esqueci... É mais uma lenda que desaparece nos céus. Os meus pêsames à família.


Muita gente que passou na Guiné-Bissau tem uma história com o Comandante Pombo. Para a família enlutada os meus sentidos pêsames

(iv) Fabrício Marcelino:
Aqui deixo o meu profundo pesar pelo falecimento do Com.Pombo.Tive o privilégio de estar com ele na Base Aérea 5, em Monte Real. Era de facto um piloto destemido e muito competente.Que repouse em paz e, condolências à família deste grande camarada de armas.

(v) Francisco Baptista;

Os meus sentidos pêsames à família do Comandante Pombo que em 1970 ou 1971 me transportou na sua avioneta, numa viagem inesquecível entre Buba e Bissau, grande parte dela a sobrevoar a baixa altitude o rio Grande de Buba. Que descanse em paz e que voe alto.

(vi) Hélder Valério:

Camaradas: Não sei bem o que dizer. Sei, isso sim, que tem sido um corropio de amigos e conhecidos que têm partido recentemente. A tristeza não deixa de nos apoquentar, mesmo sabendo-se, de certeza certa, que esta 'partida' nos está reservada a todos a qualquer momento.
Mas isto assim, 'não se faz'. O Comandante Pombo chegou até nós fez relativamente pouco tempo e por isso pouco deu para se conviver. Mas as suas histórias são suficientes para que a sua memória perdure.

À família enlutada, os meus pêsames. À Maria João, filha dedicada, as minhas saudações e os votos para que consiga superar a perda dolorosa.
(vii) Juvenal Amado:
Lamento o desaparecimento do camarada que tive o grato prazer de conhecer pessoalmente.
Para a família enlutada os meus mais sentidos pêsames. Até sempre.

(viii) Luís Gonçalves Vaz
Os meus mais sentidos pêsames para toda a família do Sr. comandante Pombo, pela perda do seu ente querido. Que estas palavras possam servir de algum conforto nesta hora tão terrível.

(ix) Maria Arminda Santos.
Snto muito o desaparecimento deste camarada e amigo, o Comandante Pombo Rodrigues, com quem eu e várias das enfermeiras Paraquedistas, voaram na Guiné, nas missões de evacuações de feridos.
Não esqueço o carinho e camaradagem que sempre nos dispensou.
Na impossibilidade de estar presente no seu funeral, envio por este meio,as minhas condolências á sua família, principalmentea á sua filha. Desejo para o amigo Pombinho (como era por nós tratado), o descanso eterno.

(x) Tabanca Grande [Luís Graça]

Maria João:  é devastador perder um pai ou uma mães. Sei da ternura que a Maria João tinha pelo seu pai. Conheci os dois num convívio da Tabanca da Linha, em Oitavos, Guincho, Cascais, em junho de 2015«.

Neste momento, espero que as melhores memórias do seu pai a ajudem a fazer o luto.  Faço questão de, a título póstumo, o juntar a esta grande comunidade virtual que são os amigos e camaradas da Guiné. O seu pai foi um lenda dos céus da Guiné e será sempre recordado com muito apreço, gratidão e ternura por muitos de nós. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz é o jovem que aparece no foto de grupo, com o seu pai, em Bubaque, Páscoa de 1974, do lado esquerdo...

Se a Maria João tiver uma pequena nota biográfica do pai, incluindo o ano do seu nascimento. ficar-lhe-ia grato pelo seu envio, quando puder...

Um grande beijo filial: os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são.

E ainda condolências de:  António Pimentel,  Belarmino Sardinha, David Guimarães, Delfim Rodrigues, Diniz Sousa e Faro, Gualter Pinto, Henrique Castro, Joaquim Pombo, Jorge Félix, José António Rosado, José Botelho Colaço,  José Marcelino Martins, José Quintas, José Ramos, Manuel Augusto Reis, Manuel Resende,  Ricardo Figueiredo, Rui Anibal Ferreira Silva e mais cerca de duas dezenas e meia de pessoas.
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Guiné 61/74 - P17733: Tabanca Grande (444): António Clodomiro Silva Castro, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4942/72 (Jemberém e Barro, 1973/74)

Povoação de Barro
Foto: © A. Marques Lopes

1. Mais um camarada se perfila na nossa Tabanca, desta vez o ex-Fur Mil Inf António Clodomiro Silva Castro da CCAÇ 4942/72 que palmilhou Jemberém e Barro nos anos de 1973 e 1974. Passa a ocupar o lugar 753.º da nossa Tertúlia.

Mensagem do nosso novo camarada e amigo tertuliano com data de 3 de Setembro de 2017:

Olá Luís,
Embora não te conheça pessoalmente, é como se conhecesse o teu passado (uma parte) visto que temos um passado comum na Guiné.
Descobri o vosso blogue no passado mês de Agosto, onde deixei um comentário relativo à CCAÇ 4942(1) a que pertenci.
E agora penso que poderei contribuir com algumas fotos e histórias dessa passagem que não esquecemos.
Deixo aqui os meus dados e fico a aguardar a minha inscrição para poder publicar.
António Clodomiro Silva Castro, ex-Furriel Mil. na CCAÇ 4942/72 - Companhia Independente formada no BII 19, na Madeira, e que passou pela Guiné entre Janeiro de 1973 e Setembro de 1974.
Depois do treino operacional esteve instalada em Jemberém e depois em Barro.

Com os melhores cumprimentos
António Castro

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(1) - Aqui fica o comentário deixado pelo António Castro no Poste Guiné 63/74 - P4812: Contributo sobre a CCAÇ 4942/72 (António J. Sampaio) (2): "Os primeiros dias"

Não sei se este blogue ainda mexe, mas deixo aqui o meu comentário.
Amigo Vítor Negrais, o que aqui ficou escrito é pura verdade. Andamos juntos nesta tarefa difícil de levar uma companhia formada por homens, e trazê-la inteira de volta - e conseguimos! Mesmo com a falta de um comandante unificador, nós alferes e furriéis milicianos que lidávamos de perto com os homens que comandávamos, sempre tivemos um controlo e disciplina totais. Mas eles também sabiam que fazíamos tudo o que estava ao nosso alcance por eles, pois estávamos no mesmo barco.
Compreendo a visão do amigo e então capitão António Sampaio, vindo de fora, de quem curiosamente a minha recordação é pouca, mas lembro-me que quando substituiu o anterior comandante foi de facto um alívio e uma grande serenidade.
Quando relembro estes factos ocorridos há mais de 40 anos, dou-me conta que a memória vai-se encarregando de ir apagando alguns pormenores e até a sequência fica meia confusa, mas os factos mais importantes estão gravados a fogo.

Um abraço a todos aqueles que me reconhecem, mesmo aqueles de quem eu já mal recordo os nomes, mas o Alferes Lima era o meu comandante de pelotão - o 3.º, o Alferes Vítor Negrais o comandante do 2.º pelotão, o Alferes Pires, o comandante do 4.º pelotão e o do 1.º era um "Operação Especiais" cujo nome já falha.

António Castro
Ex-furriel mil.
6 de agosto de 2017 às 12:18

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2. Comentário do editor

Caro António Castro,
Como vês, o Blogue ainda funciona embora precisemos de malta "nova" para reactivar o registo de memórias e fotos. Muitos de nós andamos por aqui quase desde a criação desta página, destinada especialmente aos antigos combatentes da Guiné, e já nos vai faltando assunto.

Camaradas como tu, que nos vão descobrindo e gostam do que lêem, serão o garante da manutenção da vitalidade deste repositório de recordações de um tempo indesejado mas que fez parte da nossa vida enquanto jovens.

Prometes, tens de cumprir, enviar fotos e textos sobre a tua passagem pela Guiné, de um período em que a incerteza era muita, quer pela dureza da guerra quer pelo tempo que mediou a passagem desde o 25 de Abril até à passagem do testemunho ao PAIGC, e regresso a Portugal com a certeza do dever cumprido.

Temos apenas seis entradas sobre a CCAÇ 4942/72 pelo que ficas com a missão de aqui relatares os factos que achares mais importantes da história da tua Companhia, enriquecidos sempre que possível com as fotos que religiosamente guardaste estes anos todos.

Em nome da tertúlia e dos editores, deixo-te um abraço de boas-vindas.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17723: Tabanca Grande (443): Estêvão Alexandre Henriques, natural da Lourinhã, ex-fur mil mec radiomontador, CCS / BCAÇ 1858 (Catió, 1965/67)... Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 751, em dia de aniversário natalício... Está de duplos parabéns!

Guiné 61/74 - P17732: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (20): Págs. 153 a 160

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17719: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (19): Págs. 145 a 152

Guiné 61/74 - P17731: Parabéns a você (1310): José Marcelino Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 4 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17728: Parabéns a você (1309): Armor Pires Mota, ex-Alf Mil Cav da CCAV 488 (Guiné, 1963/65); José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73) e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil Art da CART 2339 (Guiné, 1968/69)

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17730: Blogues da nossa blogosfera (78 ): "A Minha Cave", de Renato Monteiro: Os gatos pretos, brancos e amarelos...("texto dedicado ao meu amigo Luís Graça")


Guiné > Região de Baftá > Contuboel > A dolce vita dos dois primeiros meses (ou nem chegou a tanto...)  de comissão, passados no Centro de Instrução Militar de Contuboel... Luís Graça (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Renato Monteiro (CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969; e  CART 2520, Xime e Enxalé, 1969/70), em passeio pelo rio Geba, em junho ou julho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o rio Geba... Nunca soube quem nos tirou esta foto... fabulosa.  [Talvez o Cândido Cunha, o "Canininhas", sugere o barqueiro (*)]... Levei 40 anos a tentar recordar-me do nome do barqueiro (**)...

Foto (e legenda) © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto do Renato Monteiro, disponível no seu blogue "A Minha Cave" 

28 de julho de 2017 > Os Gatos Pretos, Brancos e Amarelos

Texto dedicado ao meu amigo Luís Graça (***)

De tão densa a floresta, mal o sol penetra. Escura como a galeria funda de uma mina. Húmida e lúgubre, por vezes, apavora!

E que dizer dos ramos e mais ramos espinhosos que nos rasgam a pele? Das ardilosas covas abertas, pelas quais se pode desaparecer para sempre? Das ciladas dos animais? Sobretudo dos gatos brancos, pretos e amarelos, que, eriçados, soltam mios e mostram as garras, quando não se ocultam atrás dos troncos, das pedras e da folhagem. Os que nunca se abstêm de espiar, tanto os nossos gestos, como as nossas falas caladas.

Mesmo assim, não desistimos de cantarolar uma letra infantil que conta a história de um cão felpudo e sem abrigo, abandonado pelo seu dono por um amor havido a uma mulher… E enquanto os mochos, nas copas das árvores, piam, piam incansavelmente, lembrando viúvas a chorar, nós continuamos adiante, sem evitar os espinhos mais agudos, que nos deixam a sangrar. Mas, por muito exânimes, voltamos a repetir cada vez mais alto a cantilena, onde entra a história do cão abandonado… sem que alguma vez os gatos pretos, brancos e amarelos, nos percam de vista e, eriçados, mostrem as garras e espiem, espiem

Apenas a memória do sol nos ilumina um pouco. A estrela que ainda mantém as suas marcas no nosso corpo, sobretudo nas mãos humedecidas, a fecharem-se e a abrirem-se, instintivamente, detendo e largando as ambições de outrora….


Só bem mais tarde, a inesperada clareira de um extenso lago, acaba por nos obrigar a interromper a marcha. E é, então, aí que os gatos pretos, brancos e amarelos, quais guardiões do fogo do inferno, logo se dispõem em volta, tornando impossível romper com aquele anel odioso de felinos! Apenas nos resta a oportunidade de matar a sede e quase fazer ruir o céu, ao cantarmos, de novo, a história aprendida na nossa infância.

Impensável é que, nesse instante, os gatos pretos, brancos e amarelos, fossem levados a distender as patas dianteiras, recolher as garras, inclinar as cabeças redondas, deixando-se, por fim, adormecer…

Quartel de Penafiel, 24- 10 - 1968
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(*) Vd. poste de 23 de junho de  2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

(**) Vd. também poste anterior, 23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

(***) Último poste da série > 24 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17276: Blogues da nossa blogosfera (77): Alda Cabrita, em 24/4/2015, à conversa com o gen trms ref Pena Madeira: uma história com h pequeno dentro da História com H grande, a colocação do cabo de transmissões no Posto de Comando do MFA, na Pontinha... (Uma homenagem à arma de transmissões: a não perder, amanhã, às 21h00, na RTP1, o documentário "A Voz e os Ouvidos do MFA")

Guiné 61/74 - P17729: Notas de leitura (993): “A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, por Tomás Medeiros, althum.com, segunda edição revista, 2014 (1) (Mário Beja Santos)

A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral, por Tomás Medeiros


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Aquando da primeira edição, aqui se fez referência a este trabalho. Esta segunda edição comporta alterações, quem se interessa pela temática tem a ganhar com esta nova leitura.
Temos poucos biógrafos de Amílcar Cabral em língua portuguesa: Julião Soares Sousa (o mais importante), António Tomás, Daniel Santos e Tomás Medeiros, a despeito de numerosíssimas referências em ensaios, estudos e até trabalhos sobre a história do movimento de libertação na Guiné.
As reflexões de Tomás Medeiros têm uma singularidade: concentram-se num jovem de cultura cabo-verdiana que triunfou nos estudos em Lisboa no exato momento em que a problemática da descolonização preocupava estas jovens elites africanas. E há o pensamento de um líder inflado por um sonho utópico que acabou por matar o seu criador: a unidade Guiné-Cabo Verde, uma bela consigna para juntarem a melhor mão-de-obra revolucionária e o mais destrutivo explosivo para juntar no mesmo país gente que não esqueceu o passado, tantas vezes doloroso.

Um abraço do
Mário


A verdadeira morte de Amílcar Cabral (1)

Beja Santos

Tomás Medeiros é nome incontornável no movimento anticolonial português. Conviveu de perto com os futuros líderes dos movimentos de libertação e tem sobre os mesmos uma ideia sobre o seu valor e a importância do seu desempenho. Acompanhou e fez um estudo aturado do pensamento e obra de Amílcar Cabral. O seu trabalho intitula-se “A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, Tomás Medeiros, althum.com, segunda edição revista, 2014. Já aqui se fez referência à primeira edição, acabo de comprovar que esta revisão dada a público inclui elementos importantes para a ponderação da vida e obra do mais consagrado dos líderes revolucionários africanos das colónias portuguesas.

Tomás Medeiros começa por enquadrar o tempo histórico após a II Guerra Mundial e traça a emergência da descolonização, da negritude, revela com rigor esse novo estado de espírito das elites africanas a estudar nas universidades europeias. Medeiros vinha de S. Tomé e aproximou-se desses estudantes do Império que ganhavam notoriedade, caso de Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Francisco Tenreiro. Segundo nos diz na introdução, pretendia ir muito mais longe nas suas investigações mas foi apanhado por doença prolongada e diz que o que hoje se publica constitui a síntese de um projeto que precisa de ser desenvolvido a longo prazo.

Recorda que a juventude de Amílcar Cabral ficou indelevelmente associada a Cabo Verde, um ambiente africano arquipelágico particular, com fomes cíclicas, dentro de uma intelectualidade crioula que se exprime sem equívocos na sua iniciação poética, atravessada pelo modernismo e um naturalismo de cariz africano.

Segue-se a descrição de Lisboa em 1945, aonde chega o estudante de agronomia que vem com o firme propósito de ser um bom poeta e de aprender o que for necessário para lutar contra as crises de Cabo Verde, não terá sido por acaso que foi atraído desde cedo pela erosão dos solos. Convive, mas com distâncias, com o MUD Juvenil, lê afincadamente, e discute com o mesmo afinco, o que lhe cai às mãos sobre colonialismo, africanidade e sopros da descolonização. Vai emadurecendo e quando regressa a Cabo Verde em 1949 mostra um grande entusiasmo em palestras radiofónicas sobre soluções para o problema das secas. Enquanto tira a licenciatura no Instituto Superior de Agronomia frequenta os diferentes espaços por onde transitam os estudantes africanos das diferentes colónias. Medeiros refere a Casa dos Estudantes do Império, o Centro de Estudos Africanos, na residência da família Espírito Santo, no primeiro andar do n.º 37 da Rua Actor Vale, ali para os lados da Fonte Luminosa, por ali circulam Alda do Espírito Santo, Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Agostinho Neto, Francisco Tenreiro.

Concluído o curso, parte em 1952 com a mulher para a Guiné, leva na bagagem uma série de trabalhos de agronomia, de valor científico: o problema da erosão dos solos; contribuição para o estudo da região de Cuba (Alentejo); o conceito de erosão – projeto para o estudo dos solos em Cabo Verde. Revela-se um funcionário público metódico e inovador, publica na imprensa local as sínteses das atividades que desenvolve sobretudo em Pessubé, uma estância experimental agrícola onde surgem algumas maravilhas. O seu nome aparece ligado a um projeto da Associação Desportiva e Recreativa dos Africanos, não aceite pelas autoridades. Terá tido encontros com os dirigentes do MING – Movimento de Independência da Guiné, que tinha à frente os nomes de Rafael Barbosa, Aristides Pereira, Fernandes Fortes, Abílio Duarte, e alguns mais. O MING, no dizer de Aristides Pereira era um movimento que não andava. Entretanto, vão crescendo nos países limítrofes organizações políticas que vão sendo conhecidas e discutidas na Guiné Portuguesa.

Em 1955, a sofrer de paludismo, regressa a Lisboa. Tomás Medeiros assegura que Amílcar Cabral esteve na Guiné em 1956 e 1958, o que Julião Soares Sousa contesta, Cabral não terá assistido à fundação do PAI e era impossível em 1958 ele ter passado pela Guiné. Cabral esteve a trabalhar em Angola na cartografia de solos, o seu trabalho foi muitíssimo apreciado, é um trabalho que ele abandona em 1959. Em Angola, escreve propaganda anticolonial e colabora na redação do manifesto que leva à fundação do MPLA. É o tempo em que toma decisões de fundo, parte para a clandestinidade. As diferentes organizações ligadas à luta de libertação criam o MAC – Movimento Anticolonial, o desempenho de Cabral é decisivo. Em Setembro de 1959 regressa a Bissau, no rescaldo dos acontecimentos de 3 de Agosto. Tiram-se ensinamentos de que não há condições para a luta urbana, são fundamentais militantes que precisam de ser recrutados no interior da Guiné. A estratégia do partido fica definida: luta armada para a obtenção da liberdade nacional. Cabe a Cabral desenhar o diagnóstico que irá levar à formulação estratégica: uma parte da direção estará no exílio, em Conacri, a outra parte dirige a sublevação e o envio dos novos quadros para Conacri. Logo no seu primeiro diagnóstico, Cabral enuncia que a vanguarda é caracteristicamente pequeno-burguesa, mais tarde este raciocínio será desenvolvido numa frase ainda com consonância explosiva: a pequena burguesia revolucionária deve ser capaz de se suicidar como classe para ressuscitar como trabalhador revolucionário, inteiramente identificado com as aspirações mais profundas do povo a que pertence.

Os contornos da luta armada que Medeiros refere acompanham de perto tudo aquilo que é hoje conhecido e considerado. E depois aborda o problema da unidade Guiné-Cabo Verde, e cita Cabral: “Nós na Guiné e nas ilhas de Cabo Verde somos as mesmas gentes, temos a mesma língua e temos o mesmo partido". Noutro registo, deve-se a Cabral a seguinte apreciação: “Somos pela unidade africana, à escala regional ou continental como meio necessário para a construção do progresso dos povos africanos, para garantir a segurança e a continuidade deste progresso (…) A liquidação total do colonialismo e das suas sequelas, a conquista prévia da independência nacional de cada país ou colónia, a transformação das estruturas económica e sociais e a aproximação das novas estruturas criadas nos países, deverão, na nossa opinião, constituir a base fundamental da realização da unidade africana”.

(Continua)

Em maré de sorte, este achado na Feira da Ladra, um mapa da Guiné, presumivelmente de trabalhos cartográficos aí pelos anos 1930. Envolvida pela Senegâmbia, o que leva a querer que a colónia francesa do Senegal ainda não se distingue da colónia britânica da Gâmbia. Quem vê este mapa é capaz de pensar que mais de metade do país era ocupado por Fulas, vejam com atenção. No Sul, preponderavam os Biafadas, o que não era totalmente incorreto, os Fulas tinham empurrado os Biafadas para o Litoral, os Nalus e os Sossos, por exemplo, tinham pouca expressão. Não há uma só referência a Mandingas nem a Papéis, parece que essas etnias eram puros epifenómenos. E vale a pena estudar a toponímia. Do que me foi dado ver e viver, na região centro-leste Goli corresponde a Porto Gole, Malafo era nome de rio mas não de povoação, Enxalé fica em frente ao Xime. Em frente a Bambadinca vêm referidas povoações inexistentes em 1960: Sambel Nhanta, que fora a sede do régulo do Cuor, tinha desparecido, Caranque Cunda era um pequeno lugar, que fora importante para acantonar as tropas macuas, em 1908, mas rapidamente perdeu importância. E Checibá talvez seja Madina. Podemos questionar se houve tantas migrações em escassas décadas. O ponto assente é que este mapa tem muitíssimo pouco a ver com a Guiné que conhecemos. O mapa terá sido produzido pelo Istituto Geografico de Agostini – Novara: talvez queira significar que os padres italianos já estavam a caminho.

Beja Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17718: Notas de leitura (992): Relatório científico do Aspirante de Artilharia Wilmer Delgado Pinto para o Mestrado em Ciências Militares na Especialidade de Artilharia, Academia Militar, 2014 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17728: Parabéns a você (1309): Armor Pires Mota, ex-Alf Mil Cav da CCAV 488 (Guiné, 1963/65); José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73) e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil Art da CART 2339 (Guiné, 1968/69)



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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17724: Parabéns a você (1308): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro

domingo, 3 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17727: In Memoriam (304): Faleceu o Comandante Pombo, José Luís Pombo Rodrigues, uma figura lendária dos céus da Guiné. As cerimónias fúnebres terão lugar segunda e terça-feira, no Carregado e Póvoa de Santa Iria (Manuel Resende / Maria João Alves Pombo Rodrigues)


Comandante José Luís Pombo Rodrigues
Foto: Manuel Resende

IN MEMORIAM

O nosso camarada Manuel Resende, através de contacto telefónico, deu conhecimento ao Blogue do falecimento do Comandante José Luís Pombo Rodrigues.

Contactada a sua filha Maria João, pela Magnífica Tabanca da Linha, foi-lhe remetida a seguinte mensagem:

Estimados amigos, 

Cumpre informar das cerimónias fúnebres do Capitão José Luís Pombo Rodrigues:

Segunda-feira - Velório a partir das 12 horas nas capelas mortuárias do Centro Paroquial do Carregado, Rua Vaz Monteiro, 55 - Carregado. 

Terça-feira - Missa das 10h30 às 11h na Igreja Paroquial do Carregado e posterior cremação às 12 horas no crematório da Póvoa de Santa Iria - a cerca de 20 minutos de carro - Rua Quinta da Piedade, 13, - 2625-099 Póvoa de Santa Iria. 

Maria João Alves Pombo Rodrigues


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bubaque > A esposa do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, os três filhos mais novos e o Capitão Pombo, na pista de Bubaque na Páscoa de 1974...  O da ponta esquerda é o nosso amigo e grã-tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz.

Foto: © Henrique Gonçalves Vaz.


O Comandante Pombo Rodrigues com a sua filha Maria João.


Dois Gloriosos Malucos da Máquinas Voadoras, TGen António Martins de Matos e Comandante Pombo Rodrigues.

Fotos: © Manuel Resende

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Comentário do editor CV:

À amiga Maria João Pombo Rodrigues, filha do Comandante Pombo Rodrigues, assim como à restante família, a tertúlia e os editores deste Blogue deixam o seu abraço solidário e apresentam os mais sentidos pêsames.

O comandante Pombo tem já cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue. Por proposta do fundador, administrador e editor do blogue, Luís Graça, ele passa doravante a integrar,  a título póstumo, a nossa Tabanca Grandem  sob o nº 752.  Enfim, é uma figura lendária dos céus da Guiné e muitos de nós guardam dele uma grata recordação. Falta-nos saber o ano em que nasceu, para completar o processo da sua inscrição na Tabanca Grande
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17700: In Memoriam (303): Faleceu António Pedro Carneiro de Miranda da CART 1689/BART 1913. O seu funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Agosto, pelas 18h45, na Igreja de S. Pedro, em Amarante (José Ferreira da Silva / Alberto Branquinho)

Guiné 61/74 - P17726: Blogpoesia (527): "Calhamaço..."; "Ricochete da natureza..." e "Desembecilhar a desordem...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Calhamaço…

Já faz um calhamaço o livro da minha vida.
Cada dia é uma folha que eu rabisco.
Encetei há pouco o quarto capítulo.
O da infância tem caligrafia pura em traço fino.
Revela cores e tons de sol nascente.
Se desfaz em luz.
Cheira a campo e mar.
Seu perfume é das flores e maresia.
Nele se cinzelou a minha alma.
Seu código foi a fraternidade e a boa
vizinhança.
Depois veio o da escola. Com tantos vícios.
Modelação insensível, à sombra de intenções malsãs.
Como a da competição e a adoração da força.
A do quanto mais se tem melhor.
Sem importar o como.
A seguir o da tropa. Com suas paradas de obediência à força.
Onde o gatilho era o valor supremo.
Depois veio o da vida. Mar tumultuoso. Com tantos ventos.
O naufrágio é a ameaça constante.
Agora, viver é fazer de conta e reler atrás…

Café Castelão, em Mafra, 29 de Agosto de 2017
Vê-se gente com guarda-chuva aberto…
Jlmg

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Ricochete da natureza…

Parece serena dormindo.
Assiste calada. Cala e regista.
Tolera com tino.
Quando se passa da escala,
Se levanta mostrengo,
No bojo do mar.
Urra. Estrebucha.
Assusta inclemente.
Arrasa e inunda.
Inferniza de fogo,
Searas, aldeias e matas.
Vira terror.
Ninguém a atice.
Tem garras de fera.
Arrosta potente o forte e o fraco.
Açoita, dizima
E fica sempre por cima.
Ninguém se meta com ela…

Café Castelão em Mafra, 1 de Setembro de 2017
8h52m
Jlmg

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Desenvencilhar a desordem

Quando sopram os ventos da desordem, tudo se ensarilha.
Num instante se instala a confusão.
O desencontro. O desalinho.
Trocam-se os caminhos. Os destinos certos ficam por alcançar.
O desespero alastra sobre as almas.
A constância dos confrontos.
Por tudo e nada.
A paciência morre e a guerra vem.
A ordem gera a paz e a harmonia.
A beleza emerge e tudo banha.
Surge o gosto por viver.
Frutificam as boas iniciativas e boas obras.
As almas bailam de alegria.
Festejam-se os sucessos e aniversários.
Sobram espaços para o lazer.
O calor do amor aquece os corpos de desejos.
Viver é doce e o tempo parece a eternidade.

Ouvindo o 4.º concerto de Beethoven em piano por Hélène Grimaud
Tapada de Mafra, 2 de Setembro de 2017
7h54m
dia de sol
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17705: Blogpoesia (526): "Por vielas e azinhagas..."; "Cada dia uma flor..." e "Três anos da minha vida...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728