terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18195: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulo 19 e 20: "Podemos casar à vontade e em cinco anos temos dinheiro para comprar uma casa"


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) >   O Dino, no rio  Fulacunda, junto ao "porto fluvial"...


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) >   Montando segurança próxima do "porto fluvial": o morteiro 81, na margem direita do rio Fulacunda...

Fotos (e legendas): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva:

Nasceu em Penafiel, em 1950, foi criado pela avó materna, reside hoje em Amarante. Está reformado como bate-chapas. Tem o 12.º ano de escolaridade. 

Foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção). Tem página no Facebook. É membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande .
Sinopse:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;

(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da Via Norte à Rua Escura.

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau,

(vi) fica mais uns tempos em Bissau para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vii) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM parea Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos', os 'Capicuas", da CART 2772;

(viii) Faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos;

(ix) é "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe";

(x) a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(xi)  Dino, o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que  aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xii) faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda...



2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capº 18: Os substitutos

[O autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. ]



19.º Capítulo > AS DIFERENÇAS RIDÍCULAS

Dois. Apenas os dois sargentos tinham experiência de guerra. Era com eles que eu mais convivia, devido às minhas tarefas que, afinal, não eram tão simples, como inicialmente me pareciam. Mas para já falemos de outras coisas.

Todos os oficiais eram milicianos, incluindo o capitão, comandante da unidade. Os alferes e furriéis idem. A princípio, não me apercebi do que isso significava, mas depressa compreendi que os conhecimentos de guerra de guerrilha, que era o que se passava nas oficialmente designadas Províncias Ultramarinas, eram praticamente nulos, por parte de quem nos comandava. Creio que sabiam tanto da guerra como eu de escrever à máquina e de contabilidade. Paciência! Iríamos aprender tudo juntos.

Havia, porém, uma coisa que relatei por escrito mais tarde. Todos eles tinham nome. Sr. Alferes tal…, Sargento tal…, Furriel tal… logo, eram muito mais importantes. Acresce que a separação hierárquica, que eu aprendera na recruta, se acentuou no palco de batalha.

Ora, o Cabo de Reabastecimento… EU, tive de conviver com uma situação no mínimo estranha, atendendo ao local onde estávamos.

A messe de oficiais podia requisitar, por meu intermédio, um determinado número de produtos. A messe de sargentos podia fazer o mesmo, ou não, dependendo dos gostos. Para a cantina não podia requisitar, digamos, certos produtos, pois não éramos todos iguais. Mas o pior era que não podia confidenciar aos meus camaradas que determinados produtos só eram destinados aos chefes. Que se lixe! Nós também não gostávamos de bebidas finas, nem de, por exemplo, anchovas.

Em resumo, neste aspecto, acreditem ou não, pensei que essa situação podia dar azo a uma certa indisciplina, por não haver igualdade de direitos num campo onde importava que houvesse um grande espírito de corpo. Felizmente, para todos, nunca ocorreu qualquer ato de insubordinação.

A desculpa que eu dei foi que furriéis e oficiais queriam ter coisas diferentes para nos mimar e um Whisky velho, um Gin Beefeater ou um licor Drambuie ou Tia Maria, eram o ideal. De vez em quando, precisávamos de ser animados. Quando isso acontecia, pensava que era um privilégio que estava reservado aos chefes, o de dar-nos um mimo… e não estranhava!

Que raio! Até eu me armei em dono da loja! E era um merdas dum cabo.

Vamos lá preparar-nos para ir buscar os mantimentos que o barco vem amanhã e é a primeira vez que a responsabilidade de receber os artigos encomendados é minha.

Confesso que gostei de ir ao rio no primeiro reabastecimento da nossa responsabilidade. Tínhamos aprendido a picar a picada e a fazer a segurança ao longo da margem, como documento na foto.

O rio era de maré e a água salgada. Foi a primeira vez que vi tal. Por isso, tínhamos de ser rápidos a descarregar o barco, antes que a maré baixasse. Além de que podíamos ser atacados a qualquer momento. Nunca tive medo nem o vi nas caras dos meus camaradas, nessas operações. Inclusive, aproveitava para dar uns mergulhos.

“Vou mandar-te fotos do rio de Fulacunda. Eu e o Zé Leal parecemos cachopos a brincar na praia um dia ainda te vou trazer aqui”.

Mesmo nas situações em que as Berliets ficaram atoladas dava para rir. Afinal, desatascar viaturas tinha sido uma das minhas competências na instrução. Até sabia lidar com o bloqueio ao diferencial.

Tinha-se alterado a rotina. A guerra haveria de chegar mais tarde e nós, no dia seguinte, íamos receber o pré. Seria a primeira vez, como combatentes em África.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > Capa do jornal de caserna, mensal, "O Serrote", edição nº 1, 1973, editado pela 3ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74). Diretor: alf ml [Jorge] Pinto.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 
20.º Capítulo > UM DESEJO A LONGO PRAZO

Felizmente, eu já percebia de contabilidade e embora me repita por citar o que escrevia naqueles dias, o aerograma que escrevi no dia 5/9/1972, para a minha namorada, devia ter sido uma lição para toda a vida e eu, estupidamente, estou a relê-lo apenas hoje, 13/9/2017, 45 anos e 8 dias depois:

“Vamos ver se consigo juntar 300$00 por mês. Se fizer isso, em 20 meses são 6.000$00. Mando 700$00 para a minha avó. Ela deve poupar para mim, cerca de 400$00 que são 8.000$00. O total são 14.000$00. Como penso que quando regressar devo ganhar 140$00 por dia. Em 12 meses a 26 dias por mês, dá 43.680$00. Se gastarmos 2.000$00 por mês são 24.000$00. Poupamos 19.680$00 por ano. Podemos casar à vontade e em 5 anos temos dinheiro para comprar uma casa. Mesmo que tenhamos filhos eles serão fortes e robustos não nos darão muitas despesas.” (**)

Caríssimos leitores, não era necessário saber contabilidade para fazer estas contas. Como digo, não voltei a ler este texto até hoje. Lamento imenso não o ter feito. De facto, casei com a minha namorada. Temos dois filhos fortes e robustos, fiz uma casa e até tenho uma neta mas não segui o conselho que dava a mim mesmo. Talvez o adulto sexagenário tenha cometido o erro de não respeitar os compromissos de um jovem de vinte e poucos.

Faltavam ainda, pelo menos, 22 meses de comissão. Planeava o futuro e muitos dos meus camaradas faziam o mesmo. Creio que era inconscientemente uma maneira de sentir que tínhamos esse futuro.

No dia seguinte, fui convidado pelo alferes [Jorge] Pinto para participar na criação do jornal da companhia. ["O Serrote"] (***)
- Com poesia ou outras coisas - disse-me ele.

Agora sim, ia enfrentar algo muito perigoso. Ao escrever, corri muitos mais riscos do que estar numa guerra. Contudo, até comecei com um fervoroso orgulho patriótico. Que, creio, não foi publicado.

Exército imenso
Incontrolável numeroso
O das mães da terra portuguesa
Que embalam no regaço
Com doce singeleza
Futuros defensores
Dum nome glorioso


Mulheres que chorais
O pranto dá tristeza
Dá dor sem ter fim
Dá saudade sem igual
Os soldados não morrem
Podeis ter a certeza
Quando caem heróicos
Pelo nosso Portugal
A sua alma ressoa em nós
Como nos reza
E o seu nome
Soa em timbres de crista


(Continua)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18164: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulo 18: Os substitutos dos 'Capicuas' [CART 2772]

(**) Em 1972, estes valores, em escudos, representariam hoje o seguinte (em euros);

300$00 = 69,74 € (mas em 1974, já com forte inflação, valeriam apenas 48,89 €)

6.000$00 = 1394,77€  (977,74€, em 1974)

24.000$00 = 5.579,07€ (3.910,97€, em 1974)

Fonte: Pordata > Portugal > Conversor

(***) Vd. poste de 18 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12467: Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte VII): Como é que a malta pssava os 'tempos livres'...

Guiné 61/74 - P18194: Convívios (835): Vai realizar-se no próximo dia 18 de Janeiro mais um convívio da Magnífica Tabanca da Linha, no Restaurante "Caravela de Ouro", em Algés (Manuel Resende)


Vai realizar-se no próximo dia 18 de Janeiro, quinta-feira, com início às 13 horas, mais um convívio da Magnífica Tabanca da Linha, o 35º, no Restaurante "CARAVELA DE OURO",  em Algés. 

Esperamos que mais uma vez seja do vosso agrado. 
Podem comparecer a partir do meio dia, para assim terem tempo para alguma conversa.

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E M E N T A

APERITIVOS:
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel - Bolinhos de bacalhau Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e presunto 

SOPAS: 
Creme de legumes - Creme de marisco 

PRATO DE PEIXE:
Bacalhau à Minhota 

SOBREMESA:
Salada de fruta ou Pudim Café 

BEBIDAS:
Vinho branco e tinto (Ladeiras de Santa Comba-vinho da casa) 
Águas - Sumos - Cerveja 

PREÇO POR PESSOA - 20.00€ (Crianças dos 5 aos 10 anos pagam metade) 

Restaurante "Caravela de Ouro"

Localização: 
Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés (Jardim de Algés, junto à marginal) 

Inscrições até às 24 horas do dia 15 para: 

Jorge Rosales 914 421 882 - jorge.v.rosales@gmail.com 

Manuel Resende 919 458 210 - manuel.resende8@gmail.com 

ou dizendo "vou" ao convite do Facebook no nosso grupo.

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INSCRITOS: lista provisória

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Nota do editor

Último poste da série de 4 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18043: Convívios (834): Almoço de Natal e inauguração do Museu da Tabanca dos Melros, dia 9 de Dezembro de 2017, na Quinta dos Choupos

Guiné 61/74 - P18193: Manuscrito(s) Luís Graça) (136): Não sigam a "estrela" dos outros, mas a vossa... E, por favor, não deixem morrer a vossa luz interior, a luz da vossa "estrela", a dos talentos, das emoções, dos afetos, das memórias...

1. Amigos/as, camaradas: Passou-se o Natal, passou-se o Ano Novo, passaram-se os Reis, e já lá vamos, em velocidade de cruzeiro,  a caminho do... futuro.

Pelo meio, morreu um amigo que me era muito querido, o psiquiatra Álvaro Andrade de Carvalho (*).  Uma morte "anunciada", mas sempre dolorosa para a família e amigos. Estivemos, eu e a Alice, com ele ainda no dia 19 de dezembro, no Hospital do Mar. O seu exemplo de coragem e dignidade na doença também nos reconforta. Mas, como soi dizer-se, a vida continua para os que cá ficam...

Muitos de vós mandaram-me, por email e telemóvel mensagens de boas festas na quadra festiva que agora finda. Alguns inclusive tiveram a gentileza de me telefonar. Não consigo agradecer a todos/as de maneira personalizada.

Algumas das mensagens enviadas para a caixa do correio do blogue deram inclusive lugar a postes publicados na série "Feliz Natal 2017 e Melhor Ano Novo 2018"

A todos/as, agradeço, em meu nome, em nome da minha família e em nome de toda a Tabanca Grande. A pensar em todos/as vós, deixo-vos uma "prendinha", esquecida no meu "sapato"... Espero que ainda possa ser útil e sobretudo inspiradora a leitura deste "manuscrito"...


2. Feliz Natal de 2017 e Melhor Ano Novo 2018 para todos os amigos e camaradas da Guiné

O Natal é tempo de "regressão"... Já não digo no sentido de querermos voltar, simbolicamente, ao seio materno (, numa arremedo de leitura freudiana), mas pelo menos de retorno à infância, às memórias da infância, às cores e sabores do tempo em que éramos crianças (... e éramos felizes, diria o Fernando Pessoa), no tempo em que o Pai Natal ainda não tinha 'assassinado' o Menino Jesus…

E repare-se: o que é "magia" (e continua a ser, de acordo com a nossa cultura judaico-cristã) é a "estrela" que guia os reis magos até à gruta de Belém... E a "magia" da estrelinha que veio do Oriente, guiando os reis magos, acaba por ofuscar o acontecimento central, que é o "milagre do nascimento" de um menino, feito deus, pobrezinho, entre palhinhas, rodeado de uma mulher, que o deu à luz, de um homem, pai adotivo, de uma vaca e de um burro que o aquecem ...

A “magia” não é propriamente o "milagre" do nascimento do menino Jesus… O que hoje  nos "ofusca" é a "indústria da festa" (o brilho e o ruído mediáticos, as “luzes da ribalta”...) e não a festa... O que nos atrai, como borboleta tonta, é a “estrela”, e não a história maravilhosa de um deus que se fez homem para nos salvar, a todos nós, homens, independentemente da cor ("raça"), sexo (homem ou mulher), nacionalidade (judeu ou estrangeiro), condição (livre ou escravo)...

O que nos fascina, dois mil a anos depois, ainda é a “estrela”... A "estrela" (as luzes, as iluminações de ruas, o "glamour" das grandes superfícies comerciais, o consumo, a fama, o sucesso, a glória como sucedâneos da eternidade...) é o que nos "cega”, a nós, putos e graúdos... Já é não a “inocência”, o maravilhoso dos contos da nossa infância, o nascimento de um deus que se fez homem para nos salvar... E o que nos deprime, logo no dia 2 de janeiro, é que o raio da humanidade é mesmo "suicidária", não se quer nem se deixa "salvar"... nem “curar”, nem aceita que “cuidem de si”…

Amigos/as, camaradas:

Que o ano de 2018 seja um bom ano,
se não puder ser o melhor,
para cada um e para todos vós.

Na vida e no trabalho, no amor e na amizade,
não precisamos de seguir a “estrela" dos outros,
precisamos sobretudo de ser autolíderes.
As escolas e os gurus da gestão andaram décadas,
desde o Século das Luzes,
a tentar ensinar-nos que que é preciso seguir a “estrela”,
o “líder” (aquele que vai à frente , mostrando o caminho),
e que só pode ser um “iluminado”…

Não há “iluminados”…
Sigam a vossa luz interior,
não deixem apagar a vossa luz (dos talentos, das emoções, dos afetos, das memórias…).

Afinal, hoje sabemos que não há “ciência”... sem “sapiência” (sabedoria)… (**)


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz >  Qta de Candoz > O nosso azevinho (Ilex aquifolium)... Planta rara, autóctone, em risco de extinção... Tem vindo a ser recuperada na nossa quinta... ao longo dos anos.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O Natal das crianças que já fomos (e somos)…  


por Luís Graça 

Em todos os Natais nasce a esperança
De que p’ró ano o mundo seja melhor,
E de qu’haverá um novo portador
Da mágica mensagem de… mudança.

E a gente senta-se à mesa, na crença,
De que já nasceu o novo salvador,
Com ele a cura para toda a doença,
Tudo rimando com paz… e amor.

Qu’importa se a gente não lê a História,
E, se a lê, p’lo Natal faz a limpeza
Desta nossa seletiva memória.

Deixemos, pois, à solta, essas crianças,
Que já fomos, e co’elas a luz, acesa,
Das nossas melhores e doces… lembranças!


Lisboa, 19/12/2017
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Notas de leitura:

(*) Vd. poste de 5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18177: In Memoriam (310): Álvaro Andrade de Carvalho (Lourinhã, 14/8/1948 - Lisboa, 4/1/2018): médico, psiquiatra, gestor de saúde, meu conterrâneo, meu condiscípulo, meu amigo de infância, meu amigo para sempre... O funeral é no sábado, às 14h00, na sua terra natal (Luís Graça)

(**) Último poste da série >  1 de janeiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18162: Manuscrito(s) (Luís Graça) (135): Bons augúrios para 2018!

Guiné 61/74 - P18192: O nosso blogue em números (48): Quem é que nos lê ou visita? Em 2017, foi sobretudo gente oriunda de Portugal (42,3%), EUA (23,9%), Brasil (6,4%), França (4,5%) e Alemanha (4,4)%)... Mas também Reino Unido, Rússia, Polónia, Espanha e China (, num subtotal de 5%)... O "resto do mundo" representa 13,5%... Não há um PALOP no "top ten"... mas sabemos que temos leitores em Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola...


Gráfico 4A - O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande... A principal origem dos que visitam o nosso blogue (2/3) é Portugal (42,3%) e os EUA (23,9%)... Segue-se, à distância, o Brasil (6,4%), a França (4,5%) e a Alemanha (4,4%). No mundo globalizado, somos vistos em todo o lado, da Rússia à China, da Espanha ao Reino Unido...

Fonte: Blogger (2018)




Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. O nosso público leitor (ou melhor, quem nos visita e visualiza as nossas páginas), deve ser em grande parte lusófono, oriundo dos seguintes países (Gráfico 4) (*):

Portugal - 42,3%
EUA - 23,9%
Brasil - 6,4%
França - 4,5%
Alemanha - 4,4%

Seguem-se depois  o Reino Unido, a  Rússia, a Polónia, a Espanha e a China com um subtotal de 5%... Os restantes 13,5% cabem ao resto do mundo...

Esta estrutura não se modificou praticamente em nada  quando comparamos os números de 2017 e 2016 (**):

Comparando o ano de 2016 com 2015 (valores colocados entre parênteses retos), já o ano passado concluíamos que continuavam a ser os mesmos cinco países principais, em termos de origem dos nossos leitores ou visitantes. Portugal em 2016 tinha perdido peso relativo, à custa dos EUA:

Portugal:  41,9% [47,6%]
EUA: 24,9% [17,1 %]
Brasil: 6,8% [8,2%]
Alemanha: 4,6% [4,8%]
França; 4,3% [4,8%]

Nenhum PALOP (país africano de língua oficial portuguesa) aparece, nos últimos 3 anos, na lista dos "top ten" (dez mais), muito embora saibamos que o nosso blogue é seguido nomeadamente em Cabo Verde, Guiné e Angola. Sabemos que nos PALOP o grau de penetração da WEB ainda é baixo. Em todo o caso, Cabo Verde chegou a figurar no "top ten" em 2013 (***).

O do resto do Mundo ganha algum peso (relativo), em 2017, quando comparado com os dois anos anteriores:

2015: 13,2%
2016: 12,6%
2017: 13,5%

Recorde-se que o Brasil foi destronado do 2.º lugar (***),  pelos EUA,  a partir de 2014... Os EUA tinham 7,6% do total em 31/12/2013,  e têm hoje quase um 1/4...

Esses números têm algum significado: como dizia o Hélder Sousa há dias, "o Blogue está vivo e recomenda-se e os números assim o demonstram. Compete-nos alimentá-lo. E isso é tarefa de cada um". (****)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 8 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18190: O nosso blogue em números (47): o nº de visualizações de páginas /visitas em 2017 foi de 800 mil (média diária: 2192)... Em 2018, vamos continuar a "blogar" até quando "todos" quisermos e pudermos...

(**) Vd. poste de 7 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16928: O nosso blogue em números (40): No final de 2016, atingimos um total de 9,3 milhões de visualizações... Quem nos visita, vem sobretudo de Portugal (41,9 %), EUA (24,9 %), Brasil (6,8 %), Alemanha (4,6 %) e França (4,3%)

(***) Vd. poste de 8 de janeiro de  2014 >  Guiné 63/74 - P12557: O nosso blogue em números (33): Um em cada cinco dos nossos visitantes vem do Novo Mundo (Brasil, EUA e Canadá)... Cabo Verde é o 10º país do nosso "top ten"... Atingimos os 5,3 milhões de visualizações, 12500 postes, 3500 descritores... e somos 636, os membros da Tabanca Grande... (Luís Graça)

(****)  Vd. poste de  7 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P18191: Parabéns a você (1372): Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18187: Parabéns a você (1371): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18190: O nosso blogue em números (47): O número de visualizações de páginas / visitas em 2017 foi de 800 mil (média diária: 2192)... Em 2018 vamos continuar a "blogar" até quando "todos" quisermos e pudermos...



1. O nosso blogue atingiu, no final do ano de 2017 (em rigor, até 7/1/2018) (*), a cifra de 10,1 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de "visitas", o que não é exatamente igual a "visitantes"...), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger: 8,3 milhões, desde maio de 2010, a que acrescem mais 1,8 milhões desde o início, em 23/4/2004.  (Gráfico 3).

Importa recordar que, nesse período de abril de 2004 a maio de 2010, tínhamos um outro contador; o saldo acumulado de visualizações de páginas não transitou automaticamente; a partir de maio de 2010, quando o Blogger disponibilizou um contador, começou a contagem no zero...).

Em 2017, tivemos portanto 800 mil visualizações de páginas / visitas, o que dá uma média diária de 2192. Não podemos desagregar este número pelos meses do ano. Mas sabemos que o movimento é variável conforme os meses, as semanas, os dias e as... horas.

Por exemplo: a contagem (automática) de hoje, às 12h40  era a seguinte:

Visualizações de páginas de hoje
1 776
Visualizações de página de ontem
3 181
Visualizações de páginas no último mês
72 525
Histórico total de visualizações de páginas
8 303 022
Seguidores

Fonte: Blogger > Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Estatísticas

A representação gráfica do movimento desde período (o último mês, desde  10 de dezembro de 2010) é so seguinte:


Gráfico 3A - Nº de visualizções de páginas de 10/12/2017 a 8/1/2018 (Fonte: Blogger)

Interpretando o gráfico: o dia com mais visualizações (3731) foi o 5/1/2018, sexta-feira, e o dia com menos visualizações (1186) foi o 15/12/2018, também sexta-feira. Sabemos, pela experiência passada, que os dias com menor movimento são ao fim de semana (sábado e domingo) e os dias com mais movimento são os do início da semana (segunda e terça-feira).


2. Constatamos, da leitura do Gráfico 3, que o nosso blogue continua a ter um número constante de leitores/visitantes, com uma média de 1 milhão desde 2011... Mas esta média é enganadora, devido ao peso que o ano de 2016 teve no total de visualizações: nesse ano tivemos um número absolutamente anormal de visualizações (1,7 milhões), por razões que só podem ser imputadas à atividade de robôs de pesquisa... 

Na realidade, só num mês, o de setembro de 2016, tivemos mais de 950 mil visualizações... Sem este "oulier", a média desse ano deveria andar nos 800 mil, que é a nossa média anual normal (nos últimos 7 anos)...

De qualquer modo, em 2016 tínhamos batido o  recorde de visualizações / visitas: 1,7 milhões, em 13 anos de existência do blogue. O segundo melhor ano tinha sido o de 2014, com 1,5 milhões. (**)

Não nos esqueçamos, em todo o caso, apesar da entrada de novos membros da Tabanca Grande (34 em 2017), sofremos a "saudável" concorrência de outros blogues e sobretudo do Facebook. Muitos dos nossos grã-tabanqueiros têm as suas páginas do Facebook e têm que as "alimentar", sobrando menos tempo para a leitura do blogue.

Para continuar atrativo, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné tem que continuar focado na Guiné e na nossa experiência de guerra, no período de 1961/74. É difícil captar novas audiências, para lá do universo dos ex-combatentes da guerra colonial (e da Guiné, em particular); mas pode-se fazer (e estamos a fazê-lo...) um esforço para trazer novos autores, com documentação interessante para publicar (fotos, histórias, relatórios, etc.). 

Uma fonte a continuar a explorar (e sobretudo a aproveitar melhor) é a nossa página no Facebook, Tabanca Grande Luís Graça que conta já 2618 amigos (mas uma boa parte não são "elegíveis",  como membros do nosso blogue, já que não são ex-combatentes do TO da Guiné).

Tal como costumamos dizer no início de cada ano, não fazemos promessas,  para o ano de 2018, mas vamos continuar a "blogar" até quando a Tabanca Grande, os seus editores, colaboradores, autores e leitores, puderem e quiserem. 

O que importa é que 2018 nos continue a trazer boa matéria-prima (textos, fotos, vídeos, comentários, etc.) para fazer bons postes e enriquecer o nosso já riquíssimo património de memórias... As memórias de uma geração de bravos combatentes que souberam fazer a guerra e a paz no TO da Guiné. (***)

___________

Notas do editor:

(*) Vd. pposte de 7 de janeiro de 2018 >  Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)

(**) 7 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16928: O nosso blogue em números (40): No final de 2016, atingimos um total de 9,3 milhões de visualizações... Quem nos visita, vem sobretudo de Portugal (41,9 %), EUA (24,9 %), Brasil (6,8 %), Alemanha (4,6 %) e França (4,3%)

(***) Último poste da série >  8 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18189: O nosso blogue em números (46): postes (1262) e comentários (4100) publicados em 2017

Guiné 61/74 - P18189: O nosso blogue em números (46): postes (1262) e comentários (4100) publicados em 2017






Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1.  O número de postes publicados até 31/12/2017, segundo o apuramento feito pelo nosso coeditor Carlos Vinhal,  foi de 18136. Em 2017,  publicaram-se 1262 postes... O número de postes anuais tem vindo a decrescer desde 2010 (Gráfico 1).

Para a produção e divulgação das estatísticas do ano de 2017, o Carlos Vinhal mandou-me os seguintes elementos:

Postes publicados em 2017: 1262, assim distribuídos por editor:

Carlos - 667
Luís - 585
Eduardo - 10

O Gráfico 1A mostra a distribuição dos postes por meses (sendo o melhor o dezembro, com 130 postes, e o pior, como é habitual, o agosto, o "mês das férias", com 77 postes).

 A média foi de 105 postes/mês,  ou seja,  3,45/dia.






Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018) 


2. O número de comentários atingiu, no final do ano de 2017, um total de 70700. O número de comentários tem vindo a decrescer desde 2010 (Gráfico 2).

O número médio de comentários por poste, em 2017, é o mesmo (3,2) do ano de 2009 (Gráfico 2A).  O recorde é 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários,  respetivamente..

Os 70700 comentários registados no nosso blogue estão "limpos" de SPAM  (mensagens não desejadas, publicitárias e outras), que é uma das pragas com que tivemos de lidar no passado.  O nosso servidor, o Blogger, tem um sistema muito eficiente de filtragem de mensagens não desejadas, na caixa de comentários, se bem que isso possa inibir ou desmotivar alguns leitores, menos familiarizados com este procedimento.

Recorde-se que uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

3. Já em tempos o nosso camarada e grã-tabanqueiro António J. Pereira da Costa, comentou nestes termos, com o seu proverbial bom humor,  este aparente desinteresse dos nosso leitores, traduzido pelo redução, em termos relativos e absolutos, do número de comentários (**):

(...) "Parece-me que o período de 2011 - 2013 foi o mais fértil em comentários/participação no blog.
Que se pode concluir daqui?

Por mim diria que começamos a "arrumar a casa". Passado o momento em que todos tínhamos muitas opiniões para dar, entrou-se num período em que vemos claramente e sem ressentimentos ou ódios vesgos o que se passou.

As histórias que vivemos estão contadas e, como são sempre as mesmas por serem verdadeiras, será difícil que surjam novas. Claro que os "periquitos"  que surgirem têm obrigação de se chegar à frente com as suas histórias...

Poderá haver também uma certa falta de temas "fracturantes". Serão bem-vindos desde que não sejam saloios e demagógicos. Por exemplo, aquela coisa dos "filhos do vento".

Não há nada como uma boa discussão alicerçada em factos e interpretações honestas.

A idade poderá pesar mas, para se pensar e escrever na "computadeira", não é necessário ser-se um gandátletista...

Claro que há concorrência "desleal" do Facebook, aquela coisa tonta onde pomos as fotos do nosso prato no Restaurante "O Coelho Zarolho" ou as gracinhas dos nossos netos ou bisnetos, e que não tem piada nenhuma. Mais uma que os americanos nos impingiram (como a pastilha elástica) e que nós consumimos.

A propósito quem é que tem bisnetos? Oh Luís, lança lá um inquérito, mas não vale responder NS/NR!" (...)-

Esperemos que este ano haja mais comentários  a estes números e sugestões de melhoria da qualidade do blogue...que não é meu, é de todos nós, sublinhe-se, mais uma vez 

Afinal,  "a brincar, a brincar", já lá vão 14 anos que andamos a "blogar", 14 anos a celebrar no dia 23/4/2004, ou melhor, no dia 5/5/2014, ´sabado, e que nos voltamos a reunir em Monte Real,  Leiria, no nosso encontro anual, o XIII Encontro Nacionalda Tabanca Grande (, que se realia todos os anos, desde 2006).

Como diria o Jorge Araújo, "14 anos é obra, camaradas"... 14 anos que também fazem parte da nossa vida, no tempo e do espaço que nos calhou em sorte: a vida de "ontem" (no TO da Guiné, repartida por rios, braços de mar, bolanhas, lalas, matos, florestas-galeria, céus, picadas, pontas, tabancas, destacamentos, aquartelamentos...), e a vida de "hoje" (que também não é fácil para os ex-combatentes).______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7  de janeiro de 2018 >  Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)

(**) Vd, poste de 9 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16934: O nosso blogue em números (41): No final de 2016, atingíamos um total de 66 600 comentários (mais 5200 do que em 2015)... O número médio de comentários por poste é ligeiramente inferior a 4... Os nossos leitores continuam a vir ao blogue, a ler-nos e comentar-nos, não obstante o sistema, nada amigável, do Blogger, que filtra o SPAM

Guiné 61/74 - P18188: Notas de leitura (1030): A Guiné-Bissau, os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980 e um relatório do CIDAC de Dezembro do mesmo ano (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Abril de 2016:

Queridos amigos,
Este relatório do CIDAC fala sem complexos de um diagnóstico da doença que estava a vitimar o regime de Luís Cabral. Doença que todos viam e que a todos comprometia. É por vezes radical, excessivo e injusto, quando fala da carga deletéria dos "pides" e "comandos", pondo tudo no mesmo saco, ainda por cima antes e depois da independência da Guiné-Bissau. Vale a pena insistir que não dispomos de nenhum documento válido sobre o alegado comprometimento dos comandos em golpes de Estado.
É um relatório que diagnostica os principais problemas e que, curiosamente, segue de perto a argumentação expendida por um ideólogo do PAIGC ao tempo, Hélder Proença. Documento em que se insiste que continuava por perceber qual o projeto político do Movimento Reajustador, como se iria ver mais tarde não passava de um projeto da tomada do poder, nunca iriam aparecer diretrizes políticas claras para a estafada reconciliação e para a resolução dos problemas prementes do país, que persistem.

Um abraço do
Mário


A Guiné-Bissau, os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980 e um relatório do CIDAC de Dezembro do mesmo ano

Beja Santos

O CIDAC tem um longo historial de cooperação com a Guiné-Bissau, antes e depois do 25 de Abril. Após os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980, em que um autointitulado Movimento Reajustador apeou Luís Cabral da direção do PAIGC, uma delegação do CIDAC visitou Cabo Verde e a Guiné tendo produzido um detalhado relatório acompanhado de conclusões. Procede-se a seguir, e abreviadamente, ao alinhamento das principais linhas do documento.

Em jeito de diagnóstico, são referidos os seguintes pontos: esvaziamento das estruturas partidárias, com crescente dificuldade na mobilização popular; para compensar a crise na mobilização das massas, a direção do PAIGC teria reforçado as suas posições autoritárias, recorrendo a medidas de forte censura e ao endurecimento da Segurança (esta praticava tortura e prisões indiscriminadas). De igual modo, observava-se condescendência em relação aos crescentes privilégios da camada dirigente, incluindo a acumulação de erros na política económica. Era patente o descontentamento popular, agravado pelas roturas de abastecimento, o que tinha originado uma situação de fome no país que estava a atingir um ponto explosivo. Aristides Pereira alertara há pouco, e severamente, para tais situações no decurso de uma reunião do Conselho Superior de Luta. Também as FARP já escondiam o descontentamento com a nova hierarquização e a perpetuação dos baixos salários, eram visíveis grandes tensões entre os militares. Mas há dois pontos que não se podem ignorar. Em 10 de Novembro a ANP aprovara uma nova Constituição do país, e os debates tinham sido altamente polémicos, sobretudo à volta das seguintes matérias: ausência de uma referência expressa à obrigatoriedade do Presidente ser cidadão guineense, a concentração de poderes no Presidente, a admissão da pena de morte e as discrepâncias, consideradas negativas e inferiorizantes, em relação à Constituição de Cabo Verde. Por outro lado, assistia-se a um cesarismo em que Luís Cabral despachava direta e exclusivamente os assuntos dos Negócios Estrangeiros, os da FARP e da Segurança, que passavam completamente à margem do primeiro-ministro Nino Vieira. Tudo conjugado, tinham-se avolumado pressões à volta o comandante de Nino para que ele assumisse as suas responsabilidades. A fazer fé no relatório, estaria, por parte de Luís Cabral, a ser preparada uma ação para prender Nino, possivelmente a 16 de Novembro, festa de aniversário da FARP.

Passando aos acontecimentos de 14 de Novembro, vejamos a sua sequência. Foram dadas instruções para deter todos os dirigentes como medida de precaução e para libertar os presos políticos, foram interrompidas as comunicações com o exterior. O único foco de resistência efetivo veio da parte do homem forte da segurança, Buscardini que, cercado, provavelmente se suicidou. Entre os factos relevantes do desencadear dos acontecimentos, há a registar a insólita intervenção de Rafael Barbosa na rádio. Este autoproclamou-se líder e desencadeou um movimento de regozijo nos bairros de Bissau. O seu discurso na rádio foi interrompido por ordem do Conselho de Revolução. Três horas depois discursa Nino. Rafael Barbosa gozava manifestamente de grande popularidade. Deu-se também uma dinâmica anti-cabo-verdiana, manifestou-se descontroladamente, porventura por razões que tinham vindo a ser recalcadas desde a independência: ressentimentos que remontam ao período colonial; desigualdades de condições entre cabo-verdianos e guineenses que pertenceram aos quadros do funcionalismo ultramarino no que respeitava a aposentações e reformas. Mais se adianta no relatório que existiam ao tempo na Guiné-Bissau cerca de 200 funcionários cabo-verdianos em postos de responsabilidades no aparelho de Estado, e escreve-se: nem a Guiné-Bissau pode prescindir destes quadros nem Cabo Verde tem a capacidade para os absorver.

Numa segunda fase do golpe, divulga-se a sigla “Movimento Reajustador”, reafirmando sempre a permanência da linha política de Amílcar Cabral e chega-se a convidar Aristides Pereira a vir até Bissau. Com o maior mediatismo possível, fez-se a denúncia dos fuzilamentos dos guineenses e mostraram-se valas comuns, denúncia que terá provocado um autêntico e sincero traumatismo coletivo.

O Movimento Reajustador, à data da elaboração do relatório do CIDAC ainda não tinha revelado claramente qual o projeto político que o corporizava. A expressão reajustador tornou-se rapidamente simpática, incluía nos seus objetivos prioritários o combate às injustiças, a determinação em resolver a crise económica, em satisfazer as necessidades mais prementes do povo, e não deixando de propor a revisão do processo da unidade Guiné-Cabo Verde. A adesão ao movimento foi maciça e espontânea, quer dos poderes regionais (a exceção do presidente do Comité de Estado do Gabu) quer da população quer mesmo da generalidade dos quadros dirigentes. O relator carateriza este movimento como uma revolução nacionalista e populista que não evitou o despoletar de reações racistas contra os mestiços. Para tranquilizar toda a classe política afeta ao PAIGC, foi proclamada uma linha política de continuidade e fidelidade às orientações do PAIGC, particularmente às do III Congresso. Sékou Touré reconheceu o regime escassas horas depois da sua implatanção, enviou a Bissau uma forte delegação governamental e fez uma oferta de mantimentos de primeira necessidade. Podem-se explicar estas atitudes pelas seguintes razões: antigo contencioso pessoal de Sékou Touré contra Luís Cabral, fundado em preconceitos racistas, e um recente conflito fronteiriço tinha azedado as relações entre os dois regimes, à volta de uma zona de águas territoriais onde prosseguiam as prospeções petrolíferas.

A posição oficial cabo-verdiana foi de condenação, trocaram-se cartas ao mais alto nível, o seu conteúdo dava para perceber que a rotura caminhava para o irreversível. O relator não deixa de apontar os aspetos que ele considera negativos: prisão de Luís Cabral, bem como a de alguns membros do Conselho Superior de Luta e de Conselho Executivo de Luta; a indefinição da direção política; a condenação emocional dos fuzilamentos e da descoberta de valas comuns não podia iludir que os “pides” e os “comandos” tinham sido os maiores criminosos ao serviço de opressão colonial, “mesmo depois da independência”; os ataques a Aristides Pereira, envolvendo-o na responsabilização por desvios; a libertação e a intervenção espalhafatosa de Rafael Barbosa; o bloqueamento das estruturas supranacionais do PAIGC.

Mas já na fase das conclusões, comenta-se que a reação nacionalista só terá frutos políticos positivos se for acompanhada pelo combate às forças de orientação política antipopular, comentando-se também que deve ser analisado o frequente apelo ao retorno ao país dos guineenses no estrangeiro, particularmente os quadros técnicos incluindo aqueles que têm estado organizados em movimentos de oposição ao PAIGC como a FLING e a UPANG. A este respeito diz-se que não se pode esquecer que estas organizações representam interesses bem específicos de camadas privilegiadas. O comunicado público do CIDAC apela à libertação dos atuais presos políticos, justificando: “A libertação dos detidos seria um passo fundamental para o diálogo interno e externo, além de não parecer fundamentado que continuem presos os camaradas que, sem prejuízo de erros e desvios, dirigiram as lutas de libertação e de reconstrução nacional, no momento em que são acolhidos e integrados elementos da oposição”.
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18175: Notas de leitura (1029): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (16) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18187: Parabéns a você (1371): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18182: Parabéns a você (1370): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

domingo, 7 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)


Infogravura: Jorge Araújo (2018)


1. Mensagem de hoje, às 16h57, do Jorge Araújo, nosso próximo coeditor, a entrar para a equipa em data a anunciar:

Caro Luís,

Boa tarde.

Quis o destino que fosse eu a ser contemplado com mais este número redondo de visualizações / visitas ao nosso blogue - o 8.300.000 (oito milhões e trezentos mil), gravado às 15h34 do dia 7 de janeiro de 2018.

Para o caso de o quereres divulgar, aqui vai ele.

Aproveitei para fazer uma pequena estatística, comparando-o com o anterior. (*)

Assim, o aumento de 100.000 (cem mil) visualizações corresponde a um período de 47 dias, o que dá uma média de 2.140 visitas diárias.

É obra...(**). [Considerando o nosso histórico, temos um total de 10,1 milhões de visualizações / visitas, desde que o blogue foi criado, em 23/4/2004.]

Um abraço. Jorge Araújo.
 PS - Neste período, foram apresentados mais 4 grã-tabanqueiros: em 28/12/2017,  entrou o nº 765; o total de amigos e camaradas da Guiné, membros da nossa Tabanca Grande, é agora de  704 vivos e 61 falecidos.
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Notas do editor

Vd. também os postes:


Guiné 61/74 - P18185: Blogues da nossa blogosfera (89): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (8): "Quando vens ao meu encontro"


Do Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos estas duas publicações da sua autoria.


QUANDO VENS AO MEU ENCONTRO

ADÃO CRUZ

© ADÃO CRUZ

Quando vens ao meu encontro para lá da ponte que leva aos restos das paredes onde vivo, quando trazes contigo um resto de lume daquela tarde incendiada da nossa ilusão, fico preso aos ponteiros de um relógio em desacerto, nas horas amargas da solidão.

Ainda há nos teus olhos pequenas estrelas de magia que levam os meus para lá do tempo, de onde regressam cegos como os teus lábios secos.

Não há palavras para me sentir perto do teu rosto, nem são oásis as falésias ou as fendas do deserto, nem são de acerto as horas do sol-posto.

O poema de outrora desnuda-se a si mesmo, dentro dos restos das paredes onde vivo.

Mesmo assim, quando trazes contigo a cinza daquela tarde incendiada, fico a pensar se foi ontem o amanhã… ou se ainda há horas de verdade nas entrelinhas da secura.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18157: Blogues da nossa blogosfera (88): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (7): "A caverna luminosa do poeta" e "Ao fim da tarde"

Guiné 61/74 - P18184: Blogpoesia (547): "O primeiro poema...", "Começou a viagem", e "Despedida do passado", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


O primeiro poema...

Sem casca nem gema, pégo na pena.
Procuro abrir a porta fechada.
Mudo de chave. Ensaio e tento.
E em remoinho me bailam ideias.
De repente, há um vulto que chega.
Uma pomba com uma prenda no bico.
Desato-lhe os laços.
Abro a caixa.
Um papelinho de bordos doirados,
dobrado em quatro.
Sustenho o ar.
O estendo e fico a lê-lo, primeiro para mim:
Medito. Vem do além.
- Não temas. Avança. Confia.
Lança-te à água.
Deixa esta margem.
Pró lado de lá.
De longe, tudo assume a forma
e ganha sentido.
O essencial avulta.
O acessório se esvai e reduz.
A distância e a luz fazem brilhar.
Surgem os tons.
O claro e o escuro.
As cores.
Palpita a vida nos seres.
Uma brisa leve e fresca se solta. O silêncio bafeja.
A alma sobe e medita.
A verdade do ser.
O passado se esquece.
Olha-se além.
Se rasgam caminhos.
Em passadas seguras no chão,
O futuro acontece e se escreve.

Berlim, 1 de Janeiro de 2018
10h39m
Jlmg

************

Começou a viagem

Começou a viagem. Sem destino marcado.
Vamos todos, mundo afora.
Um mar de incertezas.
Ronca o motor.
Depósito cheio.
Se sobe e se desce.
Um dia. Uma noite.
Um dia. Uma noite.
Trabalha e descansa.
Viver é fugir com a sorte.
A morte, real ou aparente,
Se esquece que espera.
Sem bagagem. Sem armadura.
O motor acelera ao sabor da luz e do gosto de viver.
A esperança é a brisa. Refresca e consola.
A sede se mata e renasce.
O dia tem cor. A noite só é negra sem sonho.
Às vezes, cair acontece.
Se chora e se ri. E se colhe.
A marcha prossegue. Sem conta nem dúvida.
Se trava e acelera. Conforme o declive.
A mente sadia repara e conduz.
Um veto. Olhar o passado.
O que conta é o passo da hora que vem.
Para todos é assim. É lei…

Berlim, 2 de Janeiro de 2018
7h57m
Jlmg

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Despedida do passado

Foram ínvios os seus caminhos.
Nasceu no sítio ou no tempo errado.
Menino prendado se abalançou ao sonho que despertou na sua mente e foi.
Deixou o seu torrão.
Arrostou de frente como outro qualquer os dissabores da vida.
Afinal, tudo não passava duma quimera.
Eram falsas as pessoas.
Se revelou um palco a vida onde singra só quem é arrogante.
Frustrações atrás de frustrações.
Solidão e desespero foram a calda azeda em que cresceu.
Até que atingiu o seu limite.
E desapareceu do palco.
Abandonou a cena.
Aí errou. Em vez de trocar de campo,
Onde imperasse a natureza,
Em estado mais puro,
Despiu a camisola e lançou-se, sózinho, ao mar do mundo.
Rumo a um objectivo incerto e indefinido.
Insegurança e crueldade.
Sobreviver em cada dia e assegurar o futuro da melhor maneira, foi sua ventura.
Respeitando sempre sua identidade.
E, assim foi.
Hoje, o passado é uma fonte de pesadelos.
Uma tormenta diabólica em cada noite.
Por fim, livrou-se dela, com uma catarse profunda ao seu percurso.
Juntou tudo, fez um monte, chegou-lhe o fogo.
Ao cabo de umas horas, tudo era cinza.
E assim, ficou mais leve para viver a vida, instante a instante.

Ouvindo Sibelius, sinfonia nº 6
Berlim, 6 de Janeiro de 2018
6h25m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18156: Blogpoesia (546): "Diante duma tela em branco...", "As obreiras do Natal...", "Fábrica da amizade..." e "Último dia...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18183: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VIII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (3)


Foto nº 808 A > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos no mar de Varela (1)


Foto nº 808  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos o mar de Varela (2)


Foto nº 809 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos no mar de Varela (3)


Foto nº 25 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (1)


 Foto nº 25 A > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (2)


Foto nº 25 B > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (3)


Foto nº 806  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...   Acesso à praia de Varela (1)


Foto nº 807 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...   Acesso à praia de Varela (2)


Foto nº 810 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (1)


Foto nº 810 A  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (2)

[... hoje com graves problemas de erosão; em 20 de Setembro de 2009, o nosso saudoso amigo Pepito escrevia-nos a dizer o seguinte, ilustrado por uma foto.  "Varela – o mar está a avançar assustadoramente. Foto tirada em 21 de Junho de 2009. O areal terminal da praia de Varela tem vindo a diminuir anualmente a uma média de perda de costa de 8 metros por ano, provocando a queda das construções inacabadas de uma hipótese de Hotel que nunca chegou a ser e que viu ser 'engolido' pelo mar cerca de 8 milhões de dollars de um estranho investimento. Em certas zonas, o material destruído fica no areal da praia e causa enorme perigo para quem a utiliza, podendo ser ferido por ferros e outro material metálico que se vai gradualmente escondendo debaixo da areia. O mais preocupante é a ausência de alternativas e soluções para minimizar os efeitos da subida da água do mar e da erosão que provoca".]


Foto nº 810 B  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (3)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):

As fotos, de 801 a 817 (bem como a 25),  fazem parte da minha colecção especial e do capítulo ‘perdidos no rio’ [, de que publicamos três postes, sendo este o último] (*)

Foi uma missão que o nosso novo comandante, após a evacuação do meu comandante inicial, tenente coronel Saraiva, ter sido evacuado por ferimentos em combate, não encarou bem comigo, nem eu com ele, e então deu-me como missão ir comandar um sintex até Susana para carregar alguns mantimentos, pois o nosso aquartelamento [, em São Domingos,] estava sem nada, após uma tempestade tropical ter destruído quase tudo o que era perecível.

Até uma vaca viva veio no pequeno barco. Só que no regresso, e após uma visita a Varela, uma praia lindíssima mas abandonada, quando regressamos passados uns dias, o piloto perdeu-se naquele emaranhado de dezenas de rios e braços de rio, e sem rádio – nem telemóvel, naquele tempo... – fomos parar a uma aldeia indígena felupe, muito atrasada, nem sei o nome, e por lá ficamos.

Até ser dada a nossa falta,  por lá ficamos a esperar até de manhã. Veio um heli e localizou-nos e fomos encaminhados para um local onde o piloto já conhecia melhor, e assim chegamos a São Domingos, a salvo, de sermos comidos vivos, pelos felupes ou pelos jacarés…

Este episódio não consta na História da Unidade, pois soube mais tarde que o comandante de batalhão,  tenente coronel Renato Xavier, ficou aflito, por ter dado esta responsabilidade a um oficial não operacional, e assim, apesar de todos tomarem conhecimento, nunca foi divulgado nem escrito, foi um sonho ou pesadelo. Mas não me lembro de ter ficado amedrontado.

Ficaram as várias fotos que tenho desta aventura no Norte da Guiné, e na fronteira com o Senegal até Cabo Roxo, que visitamos também. Não foi tudo mau, mas poderia ser!

Deu tempo para conhecer também o estuário e foz do rio Cacheu, muito maior do que o Tejo. Uma coisa deslumbrante, pois estamos quase em cima do Atlântico e o clima é muito melhor.
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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

6 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (2)

5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18178: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VI: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (1)

Guiné 61/74 - P18182: Parabéns a você (1370): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18179: Parabéns a você (1369): Paulo Santiago, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)