quarta-feira, 4 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18485: Bibliografia de uma guerra (88): Entender o pan-africanismo para melhor conhecer a guerra em África (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Janeiro de 2018:

Queridos amigos,
Os historiadores da descolonização portuguesa quando descrevem o pano de fundo em que germinaram os movimentos independentistas das colónias portuguesas privilegiam a formação ideológica desses quadro, designadamente em Lisboa, entre o pós-guerra e o fim da década de 1950, não esmiuçando a atração sentida, por muitos desses líderes, pelo fenómeno do pan-africanismo e as suas especificidades.
Julião Soares Sousa, na sua biografia de Amílcar Cabral, teve a preocupação de contextualizar como pai do fundador do PAIGC encontrou na fórmula da unidade Guiné-Cabo Verde uma resposta aos movimentos federativos que estavam a surgir em plena África Ocidental, em que a Guiné-Conacri e o Senegal se envolveram, embora tenha sido sol de pouca dura.
Vejo como da maior utilidade este olhar em relance sobre a germinação do pan-africanismo para melhor se entenderem que os ventos da história também sopraram de feição para catapultar o independentismo à ação direta. Como aconteceu, e com os resultados conhecidos.

Um abraço do
Mário


Entender o pan-africanismo para melhor conhecer a guerra em África (1)

Beja Santos

Em 1959, a renomada coleção "Que Sais-Je?" publicava um volume sobre o pan-africanismo. Vale a pena relê-lo, de forma sumária, para melhor conhecer o pano de fundo de tudo quanto veio acontecer no continente africano a partir dos anos 1950 e o seu impacto, direto e indireto, na organização dos movimentos independentistas das colónias portuguesas. Mais útil se torna a leitura se se tiver em consideração que a Conferência de Bandung ocorrera escassos anos antes. Esta conferência teve um papel simbólico ao manifestar solidariedade africo-asiática, depois, como se verá, o pan-africanismo seguiu a sua própria via, ocorreram acontecimentos vertiginosos sobretudo quando o Gana se tornou independente em Maio de 1957. Recorde-se que no final da II Guerra Mundial os únicos estados independentes africanos eram o Egito, a Libéria, a União Sul-Africana e a Etiópia. Depois da independência do Gana foi um corrupio de independências, a Líbia, o Sudão, Marrocos, a Tunísia e a Guiné-Conacri e previa-se logo para 1960 o Togo, os Camarões, a Serra Leoa e a Nigéria, bem como a Somália.

Em Julho de 1958, em Cotonou (Benim) o tema do pan-africanismo agitou-se no congresso constitutivo do Partido do Reagrupamento Africano. O pan-africanismo era já tema recorrente noutras conferências, nos motins de Léopoldville, no nascimento da união Gana-Guiné-Conacri, na criação da Federação do Mali… O mínimo que se pode dizer é que este fenómeno político tornara-se numa das forças mais importantes da vida africana.

No entanto, o pan-africanismo não nasceu em África, veio do Sul dos Estados Unidos e das Antilhas Britânicas, o que pareceu gerar confusões de ter havido um pan-africanismo britânico ou até mesmo um pan-africanismo francês. Houve sonhos à volta desta unidade que se previa para toda a África mediante federações de Estados diferentes, falava-se na época mesmo nos Estados Unidos de África. O tempo se encarregou de desfazer ilusões e equívocos, de todas essas tentativas federativas só ficou uma, a Tanzânia.

No início o pan-africanismo não passa de uma pura manifestação de solidariedade entre os negros de origem africana das Antilhas Britânicas e dos Estados Unidos da América. O pioneiro dos pioneiros foi Sylvester Williams, um advogado de Trinidad, que chegou a ser conselheiro dos chefes bantos da África Meridional. Em 1900, aquando da exposição universal de Paris, Williams tomou a iniciativa de convocar para Londres uma conferência para protestar o açambarcamento de terras africanas pelos europeus. Foi nesta reunião que pela primeira vez se soletrou a palavra pan-africanismo. Por esse tempo, desenhava-se nos Estados Unidos um movimento de emancipação de negros, é preciso encontrar a sua origem antes mesmo da guerra de Secessão (1861-1865), no movimento abolicionista. Pouco antes do fim da guerra da Secessão, o Congresso de Washington votou a emenda que permitiu abolir a escravatura em todo o território norte-americano. Os vencidos, os Estados do Sul, tinham um sistema económico inteiramente baseado na plantação e na mão-de-obra escrava. Libertos, sem qualquer formação técnica, nem utensílios, sem ajuda nem apoios de qualquer ordem, os antigos escravos viveram tempos extremamente penosos. Os brancos do Sul discriminaram-nos da vida política, foram os anos de terror em que pontificava o Ku-klux-klan.
É nesta atmosfera que vai emergir W. E. Burghardt du Bois, doutor da universidade alemã de Heidelberg, professor de sociologia na universidade Atlanta, um aristocrata.

 W. E. Burghardt du Bois

Os seus livros destinavam-se a uma elite intelectual negra. O norte-americano Booker Washington, fundador da National Business League era o mentor da ideia de que os negros, desprezados pelos brancos, deviam lançar-se nos negócios, de forma independente, o que mereceu o aplauso dos brancos do Sul, a iniciativa falhou enquanto a popularidade de du Bois crescia, este subordinou o problema do negro americano ao grande ideal do pan-africanismo, o problema era a cor, mas o combate dos negros não era nem nas Antilhas nem em África era nos Estados Unidos. Em 1908, com a ajuda dos brancos liberais, du Bois fundou a National Association for the Advancement of Coloured People, uma sociedade que juntava os elementos brancos hostis à segregação racial e os negros que se opunham ao programa de Booker Washington. A história veio confirmar que du Bois tinha um elevado sentido premonitório, foi um verdadeiro visionário. Ele preconizava coisas como esta, em 1920, acerca da mudança da carta política africana:  
“É evidente que, com vista ao desenvolvimento da África Central, o Egito deve ser livre e independente, na mesma via que leva a uma Índia livre e independente, enquanto Marrocos, a Argélia e a Tunísia e Trípoli devem manterem-se ligadas à Europa e modernizar-se na independência”.
A ligação dos negros americanos com as suas origens africanas é obra de du Bois. De facto, o movimento de repatriamento dos negros para a Libéria foi sobretudo animado pelos brancos e tomou uma dimensão de deportação dos negros que os Estados do Sul desejavam desembaraçar-se.

Outra figura a considerar é Marcus Garvey, um jamaicano demagogo, uma espécie de messias negro que extorquiu dinheiro aos seus seguidores para financiar os seus projetos delirantes. Fundou a Universal Negro Improvement Association com o objetivo de unir todos os negros num só povo, opunha ao racismo branco um verdadeiro racismo negro e fundou a sua própria igreja, a African Orthodox Church em que os anjos eram negros e o diabo branco. Durante um meeting monstro que teve lugar em 1920 no Liberty Hall de Nova Iorque, Garvey lançou a sua famosa “Declaração dos Direitos dos Povos Negros do Mundo”, preconizou o progresso de todos os negros a África, a mãe pátria. Mas tudo acabou mal.

Esse livrinho de que aqui temos vindo a fazer referência enumera os primeiros congressos pan-africanos desde 1919 até ao importante V Congresso Pan-Africano de 1945, que se realizou em Manchester, nele estiveram presentes Kwame Nkrumah, o primeiro dirigente do Gana, e George Padmore, importante conselheiro de Nkrumah, bem como Jomo Kenyatta, que virá a ser o senhor todo-poderoso do Quénia.

 Kwame Nkrumah, o primeiro dirigente do Gana

As resoluções deste congresso denunciavam sobretudo as divisões territoriais de África, a exploração económica colonial destinada a desencorajar a industrialização. Dirigiu-se uma declaração às potências coloniais referindo claramente a Carta do Atlântico e a necessidade de pôr termo ao colonialismo.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18464: Bibliografia de uma guerra (87): Walt, por Fernando Assis Pacheco (1937-1995), jornalista, tradutor, escritor e poeta (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18484: (Ex)citações (334): Beja Santos, em “observações” ao Post P18465 de 29 de Março, ultrapassando uma simples questão de compreensão ou interpretação do que está escrito no meu livro “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)”, procura desvalorizar o trabalho pondo em causa a sua eventual classificação como obra “historiográfica” (Armando Tavares da Silva)

1. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, historiador, com data de 3 de Abril de 2018, rebatendo algumas observações do nosso confrade Mário Beja Santos:

Caros Grã-tabanqueiros

Beja Santos (BS), em “observações” ao Post P18465 de 29 de Março[1], ultrapassando uma simples questão de compreensão ou interpretação do que está escrito no meu livro “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)”, procura desvalorizar o trabalho pondo em causa a sua eventual classificação como obra “historiográfica”. Assinalo porém, para quem desconhece, que aquele livro já foi apreciado pela Academia Portuguesa da História que o distinguiu com o “Prémio Fundação Calouste Gulbenkian 2016, História da Presença de Portugal no Mundo”.

Por outro lado BS faz uma observação relativamente a uma eventual falha da minha parte por não ter dado atenção ao quotidiano da Guiné visto por outros (refere o livro de Francisco Tabanez Ribeiro, livro posterior ao meu, e que, evidentemente, eu nunca poderia ter lido ou referido...). E continua, lançando a ideia de que “desajeitadamente” trago para discussão outros temas para “criar confusão”.

É evidente que esta “conversa” com BS não está a conduzir a qualquer fim útil e, por outro lado, também não interessa aos grã-tabanqueiros, não só pelo tom adoptado, como também pela dificuldade de ser ajuizada por a generalidade não ter lido o trabalho em toda a sua extensão. E por isso, por mim, aqui a encerro.

Mas como BS pretende que venha a público neste blogue um pequeno excerto do mesmo, designadamente o “Epílogo” (precisamente as três últimas páginas de um total de 825 páginas de texto), eu tenho o maior interesse em proporcionar a todos os grã-tabanqueiros a possibilidade da sua leitura, pelo que a seguir se reproduzem. Para complemento junto imagens de acontecimentos referidos naquele texto que tiveram lugar num tempo em que a Guiné vivia num clima de paz. Finalizo fazendo notar que, relativamente ao contido no último parágrafo sobre a quebra deste clima de paz, me refiro unicamente aos acontecimentos que tiveram lugar em Bissau em 1891, 1894 e 1915, e não a quaisquer outros.

Armando Tavares da Silva

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Beja Santos faz uma leitura e uma interpretação incorrectas do que está escrito em "A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)". Nunca aí se disse ter havido na Guiné “uma espécie de luta de classes entre o Governo/administração e os comerciantes”, ou mencionado algo que pudesse ser considerado uma tal “luta de classes”. Quanto a “alguns levantamentos”, faço-lhe ainda notar uma diferença que convém ter bem presente: o que “aconteceu na luta armada” é uma coisa, e o que “motivou a luta armada” é uma coisa totalmente diferente.

Mas vejamos o que está escrito na obra mencionada. O que nela se escreve, por exemplo, pela mão de Manuel Maria Coelho, é que uma “chamada política da colónia” tinha separado em dois grupos os seus habitantes, “nativos ou emigrados, quer da metrópole, quer principalmente de Cabo Verde, compreendidos os funcionários públicos e até os militares”. Podiam classificar-se “simplesmente [por] patriotas e antipatriotas”. Acrescenta Manuel Maria Coelho: “Aqueles eram os que se sentiam orgulhosos por que a Guiné seja, efectivamente e inegavelmente uma colónia inteiramente portuguesa; e estes – os antipatriotas – os que se sentiam morder de raiva por a nação portuguesa, o governo, não continuarem à mercê das condescendências e das tolerâncias de quem exercia na Guiné um poder tão extenso e tão profundo, que as vidas dos cidadãos, e principalmente das autoridades, estavam pendentes das intrigas, dos ódios e das aspirações desordenadas desses ambiciosos sem escrúpulos”.

No relatório da sindicância de que tinha sido incumbido por António José de Almeida (1917), na qual que se incluía a abertura de um “rigoroso inquérito sobre a vida pública da província para assim se esclarecerem tantas e tão variadas queixas que chegavam ao Ministério das Colónias”, o mesmo Manuel Maria Coelho escreve que no decorrer dessa sindicância apercebera-se do clima de intriga política e de interesses das várias facções de que se compunha a sociedade guineense. Verificara que a presença do elemento cabo-verdiano desempenhava aí grande influência. Era o pano de fundo sobre o qual tudo se tinha passado e que em parte o explicava (as operações de Teixeira Pinto em Bissau em 1915 e o seu rescaldo, incluindo as acusações que a este foram dirigidas). Entre esta presença Manuel Maria Coelho ressalta a do secretário-geral, Sebastião José Barbosa. E escreve: “Sebastião Barbosa é de Cabo Verde, ilha do Fogo [...] e como quase todos os cabo-verdianos, do Fogo, principalmente, não têm o menor amor a Portugal, procurando todos os que pela Guiné se encontram, com raras excepções, tomar conta desta província, de cuja administração se apoderaram e que querem conservar em seu poder como colónia de Cabo Verde, porque a não consideram colónia portuguesa”.

Vejamos ainda o que disse o governador Oliveira Duque relativamente às operações em Bissau em 1915: para as iniciar teve de “lutar fortemente contra más vontades, que encontrei até em funcionários altamente colocados, más vontades que atribuía e ainda atribuo ao desejo de que as coisas se mantivessem no pé de soberania fictícia em que estavam, e outras provenientes de animosidades pessoais conta o capitão Teixeira Pinto”. E sobre as acusações que a este foram dirigidas, escreve Oliveira Duque: “A reputação de cada um está na Guiné à mercê dos nossos inimigos Cabo-verdianos, Guineensese e também índios que, conjuntamente com alguns, raros, europeus pretendem fazer da Guiné um feudo para seu exclusivo usufruto, o que vejo com pesar que cada vez mais se aproxima do seu desiderato”. Mas recuemos a 1891 e vejamos o relato dos graves acontecimentos de Bissau desse ano, das diligências tendentes a compreender e explicar a sua origem e a subsequente procura da paz e harmonia, relato que está cheio de referências a “intrigas”, e procuremos a sua razão de ser. Estes acontecimentos foram precedidos e desenrolaram-se no clima de hostilidade entre as duas tribos papeis da ilha de Bissau, Intim e Antula. Ora o governador Gonçalves dos Santos estava convicto de que estas hostilidades se deviam às ”intrigas dos habitantes da praça”, que “formando dois partidos” entre os beligerantes ”alimentavam a guerra”. O mesmo governador dirá que “o gentio branco e mulato (filhos da ilha do Fogo, principal colónia em Bissau) estão [...] mancomunados com os gentios e grumetes para nos desrespeitarem e desacatarem a autoridade; e os estrangeiros colaboram neste vil procedimento”, fim para que se serviam de “intrigas de toda a ordem”. E na procura de nomes dos instigadores do clima de desconfiança, um grumete afirma que “se fossem só portugueses e não do Fogo os que estavam na praça, não havia nunca guerra, nem com os grumetes, nem com Intim”. Pode perguntar-se: houve aqui algum “levantamento”?

A terminar mencionemos as palavras de Vellez Caroço no seu relatório de 1921-22 referindo-se aos problemas e dificuldades que teve de enfrentar para fazer “o saneamento” da província. Com a “compreensão nítida do presente” e a “visão segura do futuro” escreve Vellez Caroço: “Cairei, prestando um serviço ao meu país, sacrificar-me-ei servindo a República, porque o embuste, a falsidade e o despotismo jamais voltarão a imperar na Guiné, e a obra metódica e persistente da desnacionalização desta rica província, que dia a dia se ia afirmando, teve aqui o seu termo. Como governador assim o espero, e como patriota assim o desejo”.

Vellez Caroço tocava aqui num ponto que outros que o antecederam já tinham sentido: a tentativa surda de afastamento da colónia da esfera de influência portuguesa. Ainda no mesmo relatório escreve Vellez Caroço: “Hoje já é vulgar ouvir na Guiné, entre o elemento cabo-verdiano, que nós somos estrangeiros”. E pergunta: O que seria se “por qualquer motivo esta colónia amanhã deixasse de estar debaixo do domínio português?” Por considerar que “a obra de desnacionalização [da] colónia era lenta, mas era contínua e persistente”, tornava-se necessário actuar para que não se continuasse a dizer que a Guiné portuguesa era “uma colónia de Cabo Verde”. E para isso era preciso mais atenção dos “compatriotas metropolitanos”, para que para a Guiné “lancem as suas vistas […] e para aqui venham trabalhar”. E, a propósito, nota que “o nativo da Guiné tem tantos direitos como o natural de Cabo Verde, e na sua colónia, até tem mais. Auxiliemo-los, pois, nesta simpática empresa. Façamos do guineense um cidadão português com plena consciência dos seus direitos e correlativos deveres”. Era um desejo patriótico do governador, porventura difícil de atingir.

Para finalizar e voltando às considerações de Beja Santos em que refere o “projecto de independência de que Amílcar Cabral foi a bandeira”, creio poder dizer ter esse projecto terminado com os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980. É bom perguntar-se: que motivação esteve na base destes acontecimentos e quais foram as suas consequências?

E os “grandes comentadores” que dislates é que cometem? É preciso é não ir atrás deles...

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PS: Veja-se o meu Post P17819 de 3-10-2017[2] no qual estas questões são afloradas e se constata que Beja Santos nos comentários à obra acima referida resumiu a duas linhas a presença de Manuel Maria Coelho na Guiné, na prática olvidando um período de tempo e de acção reflectidos em quase dois capítulos desta obra.

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Por ocasião das Comemorações de V Centenário da Descoberta da Guiné

Foto 1 - Durante a visita do Secretário de Estado Ruy de Sá Carneiro, os felupes ouvem as palavras do Governador Sarmento Rodrigues (3 de Fevereiro de 1947) 
(In Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, Número Especial, Outubro 1947)


Durante a visita do Chefe do Estado General Craveiro Lopes, Maio de 1955

Foto 2 - À chegada, passando revista à guarda de honra
Foto 3 - Dando entrada em Bissau

Foto 4 - Depois das boas-vindas, manifestação em Bissau

Foto 5 - Em Bafatá, entregando medalhas comemorativas 
(In: M. Henriques Gonçalves, “Jornadas na Guiné”, Lisboa 1955) 
(Digitalizações de exemplar na minha posse)


Por ocasião do VIII Centenário da Tomada de Lisboa

Foto 6 - O Chefe do Estado Marechal Carmona, recebendo os régulos da Guiné no Palácio de Belém (31.05.1947) (Diário de Notícias, 1.06.1947)

Foto 7 - Os régulos da Guiné, ostentando os seus albornozes e montando cavalos brancos, seguidos pelos guerreiros fulas, descendo a Avenida da Liberdade, no fecho do “Cortejo Histórico” comemorativo do VIII Centenário da Tomada de Lisboa (1.06.1947) (Diário de Notícias, 2.06.1947)
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Notas do editor:

[1] - Vd. poste de 29 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18465: (Ex)citações (332): Comentário do historiador Armando Tavares da Silva ao Poste 18460: Notas de leitura (1052) de Mário Beja Santos

[2] - Vd. poste de 3 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17819: Historiografia da presença portuguesa em África (95): A intriga política na Guiné, 1915-1917 (Armando Tavares da Silva, historiador)

Último poste da série de 3 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18481: (Ex)citações (333): Danças e contradanças da “clara certidão da verdade” (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18483: Tabanca Grande (460): Gina Marques, nossa grã-tabanqueira nº 769... E não era sem tempo... A Gina foi o anjo da guarda, a enfermeira, a mulher extraordinária e corajosa, que deixou tudo (incluindo o emprego) para trazer à alegria da vida o seu homem., o António Fernando R. Marques, ex-fur mil da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... Um caso de (e)terno amor.


Lisboa > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa >  2 de junho de 2011 > A Gina [Virgínia], o António Marques e o  José Carlos Suleimane Baldé (ex-1.º cabo da CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1969/74) na véspera de regressar a Bissau, depois umas férias de 15 dias, em Portugal, que ele não conhecia e com o qual sonhou uma vida inteira... Entre os muitos e generosos apoio que teve, contaram-se também os do casal Marques. (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


XXII Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Oitavos, Cascais, 19 de novembro de 2015 > Merece um prémio de lealdade e assiduidade este casal, o António Fernando Marques e a Gina.

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Recorte de "O Primeiro de Janeiro", 28 de novembro de 1970.

Um número da revista que deve ter chegado a Bambadinca, mas que o António Fernando R. Marques nunca deve ter lido... Em janeiro de 1971 estava internado no HM 241, em Bissau, em estado crítico. Por outro lado, a leitura da notícia (Felicidade e Forças Armadas") não podia vir mais a propósito: a carreira das armas, num país em guerra, deixava de ser atrativa... No ano letivo de 1970/71, a Academia Militar tinha aberto 463 vagas a que concorreram apenas 70 candidatos (15%)... Depois de um segundo concurso, acabaram por ser admitidos 77 candidatos, mas poucos escolheram a G3 como fiel companheira: mais de metade foi para engenharia e administração...


1. A Gina foi uma extraordinária companheira para o Marques ("o Marquês, sem acento circunflexo", como eu lhe chamava, ele que era a calma, a gentileza, a correção, a compostura, em pessoa)... Ela foi e é; ele era e é... felizmente estão os dois vivos, e são avós babados.  São, além disso, um inseparável casal, participando, de há muito, nos nossos convívios anuais ou mais regulares: do pessoal de Bambadinca, 1968/71, da Tabanca Grande, da Tabanca da Linha, etc.


A Gina foi uma extraordinária companheira do António, nomeadamente nos dois anos de "comissão militar" forçada que ele teve que fazer no antigo Hospital Militar Principal, na Estrela, em Lisboa, para onde foi evacuado, na sequência da mina A/C em que ambos, eu, ele e mais duas secções, caímos, no fatídico dia 13/1/1971, a menos de 2 meses do fim da nossa comissão, à saída do gigantesco reordenamento de Nhabijões (**)...

A Gina tem estado sempre ao lado do António, nos bons e maus momentos. E ajudou-o depois a criar e a desenvolver os seus próprio negócios, associados ao irmão mais velho. O casal vive hoje na Quinta da Torre, em Cascais. Ambos estão reformados, ou melhor, dedicam-se hoje a ajudar os filhos (um comandante da TAP e uma hospedeira de bordo) a cuidar dos netos...

É bom que se saiba isto, das "nossas mulheres que também foram à guerra"... E, por lamentável lapso meu, a Gina só agora entra para a Tabanca Grande, sentando-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 769 (****)... Devia ter entrado, no mínimo, em 2011, na altura em que faleceu a Teresa Reis, a esposa do Humberto Reis.


2. Conheço a Gina... desde os tempos de Guiné. De fotografia, claro... A mina em que eu caí, em 13 de janeiro de 1971, mais o seu noivo António Fernando R.  Marques haveria de aproximarmo-nos... graças também ao nosso blogue, à Tabanca Grande, aos nossos convívios ao longo destes anos todos. Se a memória não me atraiçoa, (re)encontrámo-nos em Fão, Esposende, em 1994, por ocasião do 1.º Encontro do Pessoal de Bambadinca de 1968/71.

Por coincidência,  estive na Sexta Feira Santa, em Esposende e em Fão, duas belas terras do distrito de Braga... Fui lá à procura da lampreia e dos "sabores do mar"... Perguntei pelo António Manuel Carlão, que chegou a ter um estabelecimento comercial, o "Café Juventude", onde almoçámos em 1994... Fechou entretanto. Disseram-me que era um retornado de África, natural de Mirandela, e conhecido na terra por Tony Carlão. Os sogros, António Bento e Zulmira de Jesus Eiras, também retornados, tinham  uma casa de fados, segundo me disseram, o conhecido restaurante "A Lareira", junto aos Bombeiros Voluntários de Fão  (, hoje com outra gerência). Um filho do Carlão e da Helena vive em Esposende. E uma filha era casada com o nosso leitor João Areias. O Carlão e a Helena era um dos poucos casais, metropolitanos,  que viviam em Bambadinca no nosso tempo (1969/71).

O António Fernando Marques, meu camarada da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), namorava a Gina e recebia, com regularidade, as suas "cartas de amor"... Namoravam-se e pensavam casar mal ele acabasse, com vida e saúde, a sua comissão no CTIG.

Creio que era o irmão mais velho que lhe mandava a revista  do reviralho, a "Seara Nova"... O número de janeiro de 1971 chegou tarde a Bambadinca, ele já não o leu. Estava em estado em coma, no HM 241, em Bissau... 17 dias em coma, a contar do fatídico dia 13 de janeiro de 1971.

Sei hoje, pelas conversas que vamos tendo,  que a vida não lhe fora fácil,  ao António Marques, sendo oriundo de famílias pobres, como aliás a maior parte de nós. Os filhos dos ricos não iam parar à Guiné... Era um camarada discreto e poupado, que não se metia em tainadas como alguns de nós... Não bebia, não jogava, deitava-se cedo... Tínhamos algumas afinidades, falávamos da situação política, éramos amigos e eu alinhei no mato com ele, bastantes vezes... mesmo não tendo um pelotão certo. Ele era fur mil at inf, do 4.º Gr Comb, comandante da 2.ª secção, eu costumava comandar a 3.ª secção, que não tinha, desde o início, comandante atribuído.

O António faz anos a 24 de agosto. E este ano o casal vai falhar o XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, em 5 de maio, porque o seu neto mais velho faz anos nesse dia... Creio que 15 aninhos. A Gina faz anos a 1 de abril,  o "dia das mentiras", queixava-se ela, há dias, no almoço da Tabanca da Linha. Ainda fui a tempo de pedir ao Carlos Vinhal para lhe fazer um postalinho de parabéns (***). E prometi, a mim mesmo, que desta vez é que ela iria entrar, "de jure", na Tabanca Grande. Porque "de facto" ela já era, há muito nossa, "grã-tabanqueira" (****).

Um beijinho, Gina. Bebo um copo à vossa saúde e ao vosso (e)terno amor. Sê bem vinda à Tabanca Grande. É apenas uma formalidade, é sobretudo a reparação de uma injustiça. O teu lugar é aqui, há muito. Luís
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Notas do editor:

(***) Vd. poste de 1 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18474: Parabéns a você (1411): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Esp do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73) e Gina Marques, Amiga Grã-Tabanqueira, esposa do António Fernando Marques

(****) Último poste da série > 30 de março de 2018  > Guiné 61/74 - P18471: Tabanca Grande (459): João Schwarz, novo grã-tabanqueiro, nº 768.

Guiné 61/74 - P18482: Parabéns a você (1413): Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74); António Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2406 (Guiné, 1968/70); Hernâni Acácio Figueiredo, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70) e José Eduardo Reis Oliveira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Guiné, 1963/65)




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Nota do editor

Último poste da série de 3 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18480: Parabéns a você (1412): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo TRMS do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

terça-feira, 3 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18481: (Ex)citações (333): Danças e contradanças da “clara certidão da verdade” (Mário Beja Santos)

1. Em mensagem do dia 2 de Abril de 2018, o nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), enviou-nos este seu artigo de opinião:


Danças e contradanças da “clara certidão da verdade”

Beja Santos

Importa previamente esclarecer que nunca deixei de tecer louvor ao levantamento laborioso que Armando Tavares da Silva (ATS) procedeu com a sua obra “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar, 1878-1926”[1], é um dos mais bem-sucedidos trabalhos de tratamento documental para um período que não atinge meio século. Expus as minhas críticas desde a primeira hora quanto a duas considerações de fundo que ele elabora, a meu ver sem nenhum fundamento: a contenda entre funcionários e comerciantes, podendo agrupar-se à primeira falange os militares; e a procura de analogias entre três graves tumultos que ocorreram na península de Bissau em 1891, 1894 e 1915 com os acontecimentos posteriores da subversão e luta armada, fenómeno, que a meu ver, nada tem a ver com a natureza das rebeliões que ATS refere.

Creio que já disse o suficiente para contestar qualquer validade à contenda entre militares e funcionários versus comerciantes e talvez proprietários agrícolas. Nunca houve compartimento estanque entre estes grupos sociais e parece-me desajustado trazer para a exemplificação o comportamento da Liga Guineense, que já foi estudada por historiadores como Leopoldo Amado, Peter Karibe Mendy e Philip Havik, entre outros. Esta Liga surgiu em 25 de dezembro de 1910, numa assembleia de “nativos da Guiné”, apresentava-se como uma associação escolar e instrutiva, impulsionou a criação de um Centro Escolar Republicano, uma iniciativa que coube a Bernardino Machado, e que teve um papel relevante na propaganda republicana, designadamente nos meios populares lisboetas. A Liga propunha-se trabalhar para o progresso e desenvolvimento da Guiné, era constituída por funcionários e comerciantes. O propósito de criar o Centro Escolar Republicano era o de fazer aparecer escolas para os filhos dos sócios e indigentes. A Liga só admitia nativos integrados num conjunto de categorias sociais: marítimos, artífices, grumetes, empregados de comércio e da indústria; o Centro integrava nativos da Guiné, cabo-verdianos e portugueses. A Liga irá ter um papel altamente polémico ao denunciar os desmandos praticados na península de Bissau, acusando formalmente Teixeira Pinto de ser o principal responsável por mortes e perseguições. Resta perguntar, com tal composição, como é que a Liga era movida por interesses obscuros ou até xenófobos. No seu artigo “Mundasson i Kambansa: espaço social e movimentos políticos na Guiné Bissau (1910-1994)”, publicado na Revista Internacional de Estudos Africanos, n.º 18-22, 1995-1999, Philip Havik dá a sua interpretação da Liga:
“O primeiro movimento que teve algum significado político no território da Guiné foi a Liga Guineense cuja criação seguiu a Proclamação da República em Portugal. A Liga Guineense cujos membros assumiram um papel de mediadores em conflitos no princípio do século XX era uma associação com fins marcadamente económicos e sociais, criada no seio do pequeno e restrito meio administrativo e mercantil de Bissau e Bolama” e o autor refere a sua ligação a deportados políticos, a cristãos ou grumetes, a figuras conotadas com oposição à política colonial seguida por governadores no decorrer da chamada pacificação. Eram movidos por interesses económicos e não o escondiam: reivindicavam uma redução de impostos e tarifas aduaneiras, chamavam a atenção para casos de corrupção no aparelho administrativo e para excessos no plano militar. Ficamos por aqui, dizendo sem ambiguidades que não se encontra um só fundamento para falar na existência de dois grupos distintos e em permanente contenda, como ATS insinua.

Questão mais graúda são as revoltas em Bissau e a sua analogia com a luta armada. Vamos pegar no que o autor escreve.
A páginas 223, descreve os acontecimentos em Bissau em 1891, os Papéis andam em polvorosa com os grumetes, os Balantas também se envolvem, o comandante militar da Guiné procura pôr ordem, a península de Bissau está em completo tumulto, sucedem-se as insubordinações, as negociações dos revoltosos não têm sucesso, só mais tarde é que se chega a uma modesta conciliação e precária, os revoltosos pedem perdão e as autoridades concedem.

A páginas 327, temos uma nova operação na ilha de Bissau (1894), o governador pede meios terrestres e navais, entra-se pelo território adentro, ataca-se Antula, novo pedido de perdão, novamente concedido, o governador estava a braços com outros problemas na Província.

Estamos agora com as operações de Teixeira Pinto que ATS descreve a partir da página 644, em 28 de abril de 1915 anunciam-se as operações em Bissau, descrição minuciosa. É nessa atmosfera que é dissolvida a Liga Guineense.

Para não cansar mais o leitor, e já que se reproduzem abaixo as duas últimas páginas do epílogo da obra de ATS, resta só perguntar a que propósito é que se encontram, demonstradamente, similitudes entre o que se passou na península de Bissau em 1891, em 1895 e em 1915, um quadro histórico bem definido, com os acontecimentos que se desenvolveram nomeadamente a partir de 1960 em toda a Guiné com a subversão que desencadeou a partir do segundo semestre de 1962 a sublevação da região Sul, alastrando para o Corubal e avançando para as matas do Morés, num quadro histórico totalmente distinto? Julgo são estas as duas questões essenciais sobre as quais querelei, e sobre as mesmas não pretendo emitir mais opinião.

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Notas do editor

[1] - Vd. postes de:

30 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17526: Notas de leitura (973): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

3 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17536: Notas de leitura (974): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

7 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17554: Notas de leitura (975): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (3) (Mário Beja Santos)

10 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17563: Notas de leitura (976): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (4) (Mário Beja Santos)

14 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17582: Notas de leitura (977): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (5) (Mário Beja Santos)

17 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17591: Notas de leitura (978): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (6) (Mário Beja Santos)
e
21 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17610: Notas de leitura (979): “a Presença Portuguesa na Guiné: História Política e Militar 1878-1926”, Caminhos Romanos, 2016 (7) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 29 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18465: (Ex)citações (332): Comentário do historiador Armando Tavares da Silva ao Poste 18460: Notas de leitura (1052) de Mário Beja Santos

Guiné 61/74 - P18480: Parabéns a você (1412): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo TRMS do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18474: Parabéns a você (1411): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Esp do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73) e Gina Marques, Amiga Grã-Tabanqueira, esposa do António Fernando Marques

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18479: Convívios (847): XXXV Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 9 de Junho de 2018, no Restaurante Santa Luzia - Fátima (Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf)

XXXV Encontro do pessoal da CCAÇ 2317

Dia 9 de Junho de 2018

Restaurante Santa Luzia - Fátima


Joaquim Gomes Soares (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel / Ponte Balana, 1968/70)




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Nota do editor

Último poste da série de 23 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18452: Convívios (846): Esteve magnífica a Tabanca da Linha: na 5ª feira, dia 22, no restaurante "Caravela de Ouro", em Algés, com a presença de 63 convivas, entre amigos/as e camaradas, uns periquitos, outros maçaricos e, a maior parte, vê-cê-cês... (Fotos de Manuel Resende) - Parte I

Guiné 61/74 - P18478: XIII Encontro Nacional daTabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 5 de Maio de 2018 (3): Lista dos primeiros 45 inscritos, de A a V, e da Maia a Beja...


Só em dois encontros (em 2012 e em 2015) é que fizemos o "pleno": atingindo as 200 inscrições (lotação máxima de salão de jantar Dom Dinis, do Palace Hotel Monte Real). Em 2016 ficámos perto: 194. (*)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)


LISTA DOS PRIMEIROS 45 INSCRITOS NO XIII ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE - 5 DE MAIO DE 2018, PALACE HOTEL MONTE REAL (**)

Abel Santos - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Acílio Azevedo e Irene - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Joaquim Alves - Malveira / Mafra
António Martins de Matos - Lisboa
Armando Pires - Algés / Oeiras

Carlos Cabral e Judite - Pampilhosa
Carlos Vinhal e Dina Vinhal - Leça da Palmeira / Matosinhos


David Guimarães e Lígia - Espinho

Hernâni Alves da Silva e Branca - Vila Nova de Gaia

João Francisco M. Antunes e Julieta - S. Domingos de Rana / Cascais
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Jorge Canhão e Maria de Lurdes - Oeiras
Jorge Pinto e Ana - Sintra
Jorge Rosales - Monte Estoril / Cascais
José Barros Rocha - Penafiel
José Casimiro Carvalho - Maia
José Miguel Louro e Maria do Carmo - Lisboa
José Saúde - Beja
Juvenal Amado - Amadora

Luís Graça / Alice Carneiro - Lourinhã
Luís R. Moreira e Irene - Sintra
Luís Paulino e Maria da Cruz - Algés / Oeiras

Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Manuel Lima Santos e Maria de Fátima - Viseu
Miguel Pessoa e Giselda Pessoa - Lisboa

Rogério Cardoso e Maria Teresa - Cascais

Virgínio Briote e Maria Irene - Lisboa
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Notas do editor:



21 de março de 2018 Guiné 61/74 - P18443: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 5 de Maio de 2018 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)

Guiné 61/74 - P18477: Notas de leitura (1054): Colóquio Internacional "Bolama Caminho Longe" (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Na década de 1990, no âmbito de uma iniciativa destinada a revitalizar a cidade de Bolama, realizou-se um colóquio internacional onde houve intervenções de muitíssima boa qualidade, tem todo o cabimento dar-lhes aqui guarida.
Neste texto refere-se concretamente a folha "Fraternidade", um caso admirável de solidariedade com as vítimas cabo-verdianas a sofrerem uma longa e penosa estiagem; e também a importância dos Gans, porventura o caso mais bem-sucedido de mestiçagem cultural que ocorreu na Guiné entre os séculos XIX e XX.

Um abraço do
Mário


Um importante evento cultural: 
Colóquio Internacional Bolama Caminho Longe

Beja Santos

Aqui funcionou o tribunal de Bolama, capital da Guiné

A publicação sobre o Colóquio Internacional "Bolama Caminho Longe", subintitulado "Bolama entre a generosidade da natureza e a cobiça dos homens" foi dada à estampa pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Guiné-Bissau, em 1996, tendo como coordenador o investigador Carlos Cardoso. É um documento extenso, com grane riqueza e pluralidade de opiniões. Vamo-nos cingir a duas intervenções da segunda parte, intitulada “Bolama e a sua contribuição na formação de uma consciência nacional”.

A primeira intervenção foi assinada por Benjamim Pinto Bull, trata-se de uma releitura da folha “A Fraternidade”, publicada em Bolama em 1883, iniciativa do cónego Marcelino Marques de Barros e Alfredo da Silva, que aparecem como signatários de uma peça dedicada ao eminente linguista português Adolfo Coelho. O que levou a esta publicação?

Havia fome em Cabo Verde e o Cónego tomou a iniciativa de sensibilizar toda a população da Guiné pedindo auxílio para as vítimas, assim apareceu em 31 de Outubro de 1883 esta folha A Fraternidade, Guiné a Cabo Verde. Folha destinada a socorrer as vítimas da estiagem. Tratava-se de uma folha de 4 páginas e a sua tiragem era um verdadeiro recorde para a Guiné, 10 mil exemplares, atenda-se igualmente ao número reduzidíssimo dos funcionários da Imprensa Nacional em Bolama, em 1883. A mensagem principal era a de partilhar a dor do outro.

Tratou-se de um empreendimento a todos os títulos inéditos, nele participaram portugueses e franceses, guineenses e cabo-verdianos, coisa nunca vista seis mulheres escreviam na folha, foi um ajuntamento e tanto: cónego, governador, chefes de serviços e pequenos funcionários, oficiais de alta patente ao lado de sargentos, um agente consular, gerentes de casas comerciais e pequenos comerciantes. E também coisa nunca vista, até não se atendeu muito à hierarquia, o Administrador do Concelho de Buba, Capitão António José Machado, não hesitou em reconhecer no seu depoimento a incapacidade do governo do reino para resolver o conflito entre Fulas e Mandingas.

O impacto material, os socorros financeiros, os agradecimentos são largamente documentados. Uma citação do que veio do Governo-geral da Província de Cabo Verde: “As estreitas relações e laços de amizade que outrora ligavam o distrito da Guiné a Cabo Verde não minguaram nem enfraqueceram com a sua separação. Disso dá uma prova frisante o ato humanitário e generoso dos habitantes da Senegâmbia portuguesa”.

Já demoradamente se falou no nosso blogue de uma das figuras mais prestigiantes da cultura guineense do século XIX, Marcelino Marques de Barros (1844-1929) a quem a Guiné e Portugal não tratam com o devido carinho, dada a monumentalidade da sua obra na evangelização e nas ciências sociais e humanas. Fez parte de comissões importantíssimas, foi o primeiro ensaísta da entidade guineense, poliglota em termos de línguas africanas faladas na Guiné, autor do primeiro dicionário português-crioulo, com 5420 palavras. João Dias Vicente escreveu um trabalho muito apurado subordinado ao título “Subsídios para a bibliografia do sacerdote guineense Marcelino Marques de Barros”.

Investigação igualmente importante é a de Filomena Miranda e intitulada “Grandes famílias luso-africanas guineenses ou Gans do século XIX: o seu papel na integração urbana de autóctones – subsídios para o seu estudo”. Gam é um termo usado no crioulo da Guiné-Bissau para designar a casa de uma determinada família. No século XIX e ainda no início do século XX o termo era usado para se referir às casas das grandes famílias luso africanas das praças na Guiné. Assim, até muito recentemente (anos 1950/1960) ouvia-se dizer Gam Pinto, Gam Martins, Gam Carvalho para se referir às casas de família de Pinto, Martins ou Carvalho (abro parêntesis para dizer que no regulado do Cuor havia e há Gam Gémeos, na orla do Geba Estreito, servia-me do ancoradouro para utilizar o Sintex na época das chuvas). Gam é portanto o termo usado para designar local, sítio onde vive determinada família.

Filomena Miranda analisa as grandes famílias das praças de Cacheu, Bissau e Bolama. Nas praças podiam-se encontrar dois tipos de famílias. Um, que ainda estava em termos culturais e económicos muito ligado às etnias de origem, caso das famílias dos “grumetes”, que viviam um processo de assimilação (o grumete, segundo alguns autores é o meio termo entre o cristão e o gentio). O outro, a grande família luso-africana que vivia no centro das praças, na sua grande maioria mestiços de autóctones com portugueses, cabo-verdianos e outros, apresentavam um acentuado grau de assimilação de valores europeus. A língua utilizada pelos membros da família era o crioulo.

O Gam terá as suas origens nos empreendimentos comerciais que se deram na Costa da Guiné a partir do século XV. Recorde-se a figura dos lançados ou tangomaus. Teixeira da Mota refere-se aos tangomaus como portugueses que viviam na Guiné à margem das leis, coabitando e cruzando-se com os nativos, e que deram origem aos chamados filhos da terra e que se deslocava com grande liberdade entre as populações africanas. As mulheres dos portugueses eram conhecidas por nharas, auxiliavam os seus parceiros nas transações, colaborando como intérpretes de línguas e culturas. O mesmo papel tiveram os seus filhos, chamados “filhos da terra”, os grumetes e os cristãos.

No século XIX, ao longo do Rio Grande de Buba desenvolveram-se feitorias que assentavam a sua economia na produção e exploração da mancarra. Os seus proprietários eram luso-africanos, portugueses e franceses que utilizavam trabalhadores de várias etnias, principalmente os mancanhas. É à luz deste panorama económico que os Gans se organizaram dando resposta ao sistema de exploração. O Gam integrava o páter-famílias, a mulher, os filhos, os “mininos di criaçon” e os empregados. Daí, como sublinha a autora, o importante papel social do Gam. Neste lugar funcionava a escola a que tinham acesso os autóctones na Guiné, convém recordar que as escolas públicas eram escassas e que as primeiras escolas femininas apareceram em 1881. Os Gans foram locais de educação e preparação de crianças guineenses que aos poucos iam fazendo a sua integração no meio urbano. Também deste modo se fermentou a mestiçagem cultural.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18469: Notas de leitura (1053): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (28) (Mário Beja Santos)

domingo, 1 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18476: Blogpoesia (561): "Alegria da Páscoa", "Desapareceram os deuses...", e "A sinfonia dos seres", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Alegria da Páscoa 

Era de festa o dia de Páscoa. 
Tocavam os sinos. 
Havia foguetes. 
Em cima da estrada 
E dos caminhos da aldeia, 
Semeavam tapetes às cores. 
Exalavam perfume as tenras flores. 
Se respirava a fundo e os olhos brilhavam. 
Havia sorrisos nos rostos em festa. 
Se estreavam os fatos, vestidos e as mantilhas da missa, 
Se adornavam as mesas com toalhas de linho. 
Bordadas com arte. 
Abundavam amêndoas e bolos. 
Se abriam as prendas que os padrinhos nos davam. 
E, na hora exacta, se recebia o compasso. 
Todos com opas, acompanhando a cruz. 
E Cristo, com manchas de sangue, num rosto a sorrir, 
Abençoava a família que lhes franqueava a casa. 
E o miúdo empinado, tocando a sineta, 
Seguia à frente anunciando a visita 
À casa mais próxima. 
Eram quilómetros feitos a pé. 
A alegria era tanta. 
Parecia divina… 

Berlim, 1 de Abril de 2018 
9h5m 
Jlmg

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Desapareceram os deuses…

Desapareceram há muito os deuses no universo.
Ficaram as estrelas brilhando e sorrindo.
Formam famílias.
As constelações.
Canteiros do céu.
O jardim rosáceo.
Que nos obriga a olhar para o alto.
Não vá cairmos nos abismos da terra.
Tela exposta, tecida em pontos de luz.
Abraçando a humanidade peregrina.
Queira ou não,
Rumo à eternidade.
Uma romagem que teve começo
E não mais acaba.
O mistério da nossa existência
Que nos mantém acesos e perplexos.
O tempo é a nave.
O mundo o mar…

Ouvindo Love Songs ao piano
Berlim, 2 de Abril de 2018
7h58m
Jlmg

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A sinfonia dos seres

No palco da existência se sentam os seres.
Cada qual na sua letra e melodia.
Fazem um coro colossal
Que soa certo e harmonioso.
Sem ensaios ou horas certas.
É o espontâneo.
Quem os rege é a Natureza.
Na sua infinita sabedoria.
Tem a queda para a regência.
Sem pauta ou lei.
Sua batuta toca fundo e instantânea.
Dá o ritmo num compasso variável.
Ao sabor da capacidade.
É agradável ouvir e ver.
Cada século tem o seu diapasão.
Desde o alaúde enigmático,
Na Antiguidade
Até à estrepitosa bateria,
Com guitarra eléctrica e viola baixa
Da nossa idade..

Berlim, 2 de Abril de 2018
11h24m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18458: Blogpoesia (560): "De mim ao infinito...", "As ladeiras...", e "A Praça do Giraldo", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18475: Efemérides (271): A minha Páscoa no mato, há 45 anos (José Claudino da Silva, ex-1º cabo cond auto, 3ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > 1973 > O José Claudino da Silva junto a cartaz d parede com os dizeres: "Páscoa Feliz, Os Serrotes, Fulacunda".

Foto: © José Claudino da Silva  (2017(. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Publicação do capº 53 do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva [foto atual à direita]
(i) nasceu em Penafiel, em 1950, de pai incógnito" (como se dizia na época e infelizmente se continua a dizer, nos dias de hoje);

(ii) foi criado pela avó materna;

(iii) reside na Lixa, Felgueiras;

(iv) é vizinho do nosso grã-tabanqueiro, o padre Mário da Lixa, ex-capelão em Mansoa (1967/68), com quem, de resto, tem colaborado em iniciativas culturais, no Barracão da Cultura;

(v) tem orgulho na sua profissão: bate-chapas, agora reformado;

(vi) completou o 12.º ano de escolaridade;

(vii) foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção);

(viii) tem página no Facebook; é avô e está a animar o projeto "Bosque dos Avós", na Serra do Marão, em Amarante;

(ix) é membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande.


2. Efeméries > A minha Páscoa de 1973

Acreditam que foi no Domingo de Páscoa que vesti o camuflado a primeira vez, após a chegada a Fulacunda, ou seja dez meses depois de estar na Guiné?

Apenas o tinha usado na viagem desde Bolama e foi para tirar fotos a 200 metros do quartel. Volto a referir: eu era um sortudo que, embora prisioneiro, estava a passar a comissão sem correr grandes riscos. Foi no Domingo de Páscoa que comecei a perceber que o meu lugar também era ao lado dos meus camaradas.

Se eu recebi bolo-rei no Natal, o Zé Leal recebeu amêndoas na Páscoa e dividimos mais uma vez irmãmente. Foi pena não chegar uma para cada um.

Decerto não me vão culpar por, precisamente no dia em que a Igreja celebra a ressurreição de Cristo, eu argumentar que nem Jesus Cristo estaria tantos meses sem ter uma mulher.


Se me acusam de pecar, experimentem com aquela idade só verem mulheres nas revistas. Uma coisa vos digo, embora ainda me faltasse cerca de um mês para vir de férias, o que entretanto ia escrevendo, hoje dá vontade de rir.

“Quando eu for podemos ir à festa do S. Gonçalo, Santo António, S. João e S. Pedro mas uma coisa te aviso já, não admito que esse António pai da Ana vá connosco, quero passear contigo livremente. Que ridículo dizer aos teus pais que por eu estar aqui 11 meses era perigoso deixar-te sozinha comigo. Somos suficientemente grandes para ter liberdade de ir a festas sozinhos”.

Acham que fomos? Nem pensar!

Sabendo o que sei e o que passei, não queria estar no lugar dos pais que tinham filhos na guerra colonial mas, convenhamos que também ter filhas não era nada fácil. Já me debrucei sobre este assunto e quanto mais leio, mais me apercebo de que muitos sonhos de namoro foram por água abaixo e muitos corações ficaram destroçados pela distância. Daí me referir ao cuidado que os pais tinham na liberdade que davam às filhas que namoravam com soldados. Era mesmo muito mau. Mas havia outra faceta.

A Páscoa passada pelos nossos familiares por exemplo.

“Meu amor dizes-me que tu e os teus pais passaram um dia de Páscoa muito triste! Devia ser pois teres um irmão em França, outro em Angola e eu aqui não é fácil de aguentar, infelizmente este é o nosso destino. Também a minha avó me tem dito que sem mim as festas anuais só lhe servem para chorar”.

Ao menos, havia sempre quem tivesse… madrinhas de guerra.

O meu amigo Silva arranjou uma. Começaram a escrever um ao outro, cada vez mais assiduamente, e enquanto umas paixões se desmoronavam, outras se iam solidificando. A dele foi uma dessas.

Passámos muitas noites juntos a fazer reforço, contava-me os sonhos que tinha quando regressasse. Penso que conseguiu mais do que imaginava. Lembro-me de lhe ter dado algumas dicas de namoro e referi-me à miúda, que conheceu por fotografias, de ser bonita. Estive com ele esta semana. Ainda está casado com a madrinha de guerra, é claro.

Excerto do manuscrito "Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)"
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P18474: Parabéns a você (1411): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Esp do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73) e Gina Marques, Amiga Grã-Tabanqueira, esposa do António Fernando Marques



A Gina Marques, nossa companheira da primeira hora, entra hoje para a Tabanca Grande, sentando-se no lugar n.º 769, à sombra do nosso poilão.
Será devidamente apresentada aos amigos e camaradas da Guiné. 
(LG)
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Nota do editor:

Último poste da série de 30 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18468: Parabéns a você (1410): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Esp do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alf Mil Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)