quarta-feira, 15 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19788: Jorge Araújo: Ensaio sobre as mortes por afogamento no CTIG: Os três acidentes na hidrografia guineense (Parte III)

Foto 2 - Rio Corubal (Ché-Ché; 06Fev1969) durante a «Op Mabecos Bravios». Entrada e saída de viaturas na jangada que fazia a travessia do rio entre as margens sul e norte. [in P5866: Ainda o desastre de Cheche, em 6Fev1969 (5): uma versão historiográfica (?) (Luís Graça). Imagens do Arquivo Histórico-Ultramarino. Fonte: Carlos de Matos Gomes e Aniceto Simões - Os Anos da Guerra Colonial - Vol 10: 1969 - Acreditar na vitória. Matosinhos: QuidNovi. 2009, p 23 (com a devida vénia).


Foto 1 - Rio Corubal (Ché-Ché) – Jangada utilizada na travessia do rio. Foto de José Azevedo Oliveira; in P5920 “Ainda o desastre do Ché-Ché, em 6 de Fevereiro de 1969: Missão da Liga dos Combatentes resgata corpos”, e P15713 (com a devida vénia).

Foto 3 - Rio Corubal (Ché-Ché; 06Fev1969) urante a «Op Mabecos Bravios». Entrada e saída de viaturas na jangada que fazia a travessia do rio entre as margens sul e norte. [in P5866: Ainda o desastre de Cheche, em 6Fev1969 (5): uma versão historiográfica (?) (Luís Graça). Imagens do Arquivo Histórico-Ultramarino. Fonte: Carlos de Matos Gomes e Aniceto Simões - Os Anos da Guerra Colonial - Vol 10: 1969 - Acreditar na vitória. Matosinhos: QuidNovi. 2009, p 23 (com a devida vénia).



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974); 
coeditor do blogue desde março de 2018



ENSAIO SOBRE AS MORTES POR AFOGAMENTO DE MILITARES DO EXÉRCITO DURANTE A GUERRA NO CTIG (1963-1974): OS TRÊS ACIDENTES NA HIDROGRAFIA DA GUINÉ (PARTE III)



1. INTRODUÇÃO

Nos dois primeiros fragmentos – P19679 e P19710 – demos a conhecer alguns dos resultados globais já apurados neste projecto de investigação titulado de "ensaio" sobre o número de militares do Exército que morreram afogados nos diferentes planos de água existentes na Guiné, durante o conflito armado (1963-1974). 

Ainda que continuemos a expandir os campos de consulta fora do âmbito das fontes "Oficiais", a presente análise demográfica, quantitativa e qualitativa, reporta-se aos "casos da investigação" já coletados, onde se procedeu à sua organização estratificada em dois grupos (amostras): "corpos recuperados" e "corpos não recuperados", com identificação das suas respectivas Unidades.
No primeiro fragmento, a análise estatística foi apresentada com quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas, em função das variáveis categóricas ou quantitativas relacionadas com os objectivos de cada contexto. No segundo, o método seguido foi a representação gráfica de distribuição de frequências, simples e acumuladas, expressa através de gráficos de barras ou de gráficos circulares, metodologia que continuaremos a utilizar no presente.

Como complemento à introdução estatística, a que corresponde um segundo ponto em cada um dos fragmentos, serão descritas as causas, factos e resultados que fazem parte da "história" dos três principais acidentes na hidrografia da Guiné, como foram os casos ocorridos no Rio Cacheu, em 05Jan65, durante a «Operação Panóplia» [já abordado no P19710]; no Rio Corubal, em 06Fev69, na «Operação Mabecos Bravios», em Ché-Ché [a desenvolver na presente narrativa]; e no Rio Geba, no Xime, no âmbito de uma missão das NT, em 10Ago72 [a incluir no próximo poste].


2.  ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES POR AFOGAMENTO DE MILITARES DO EXÉRCITO DURANTE A GUERRA NO CTIG (1963-74) (n=144)

Recordamos que a análise demográfica que comporta esta investigação incidiu sobre os casos das mortes por afogamento de militares do Exército durante a guerra no CTIG (1963-1974), identificados nos "Dados Oficiais" publicados pelo Estado-Maior do Exército, elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


Quadro 1 – Distribuição de frequências segundo a relação entre as variáveis "ano das mortes por afogamento", "corpos não recuperados" e "corpos recuperados".

O estudo mostra que durante o período em análise (1963-1974) em todos os anos ocorreram mortes por afogamento. No final foram contabilizados cento e quarenta e quatro náufragos. Durante os doze anos em que decorreu o conflito, por quatro vezes (1/3) o número de mortes ultrapassou a dezena de casos, com destaque para o ano de 1969, onde os números ultrapassaram a meia centena, em consequência do «desastre da Jangada do Ché-Ché». Para esses valores globais muito contribuíram os "acidentes" nos principais rios da Guiné – Cacheu, Corubal e Geba – como foram os três casos referidos na introdução, equivalente a 40,3% (n=58). Quanto aos "corpos não recuperados", estes representam 43,8% (n=63), contra 56,2% (n=81) dos "recuperados". Sobre esta cifra não se consideraram os "corpos recuperados" no Ché-Ché, por desconhecimento do número exacto, ainda que no P6073 se refira que foram onze (23,4%).


Gráfico 1 – Distribuição de frequências segundo a relação entre as variáveis "mortes por afogamento e "corpos não recuperados"

Da análise global ao quadro e gráfico acima, verificou-se que nos anos 1963 (n=3), 1971 (n=8), 1973 (n=6) e 1974 (n=5), todos os náufragos foram "recuperados". Durante o segundo triénio (1966-1968), dos vinte e sete afogamentos, só três, um em cada ano, não foram "recuperados" (1,1%). Em sentido contrário está o caso do ano de 1969, pelas razões já analisadas anteriormente, com 96,1% (n=49).


Gráfico 2 – Distribuição de frequências segundo a relação entre as variáveis "Corpos recuperados! e "corpos não recuperados".


Gráfico 3 – Distribuição de frequências segundo a relação entre as variáveis "Posto" e "corpos recuperados".


3. OS TRÊS ACIDENTES NOS RIOS DA GUINÉ: CONTEXTO DE CADA UMA DAS OCORRÊNCIA


Gráfico 4 – Identificação dos anos em que ocorreram os acidentes nos rios da Guiné

Para a estruturação deste ponto, relativo a cada uma das três ocorrências identificadas no gráfico acima, foi relevante a consulta efectuada ao vasto espólio de informação disponível no blogue da «Tabanca». No caso particular do episódio da "Jangada do Ché-Ché", ocorrido no âmbito da «Operação Mabecos Bravios", existem algumas dezenas de referências, onde se cruzam os dois conceitos, por exemplo, as dos PDXXVI [P526]; P509; P5778; P5858; P5866; P5954; P6063 e P6073 (as mais antigas) e P12136; P18871; P19473 e P19474 (as mais recentes). Para além desse significativo contributo, e mantendo a metodologia anterior, os conteúdos utilizados neste capítulo têm por base os documentos "Oficiais", publicados pelo Estado-Maior do Exército, elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II, Guiné; Livros II; 1.ª Edição, Lisboa (2015).


3.1 - O CASO NO RIO CORUBAL EM 06FEV1969 = O SEGUNDO 

Vd. Fotos nº 1, 2 e 3 (acima)


Infogravura (Rio Corubal). No estuário do Geba (a Oeste) vem desembocar, entre a Ponta Varela e Gampará, um dos mais importantes cursos de água da Guiné, talvez mesmo o maior. É o Corubal (traço a vermelho). Este rio nasce a cerca de 160 kms da fronteira, no maciço de Mali, pertencente ao grupo de montanhas do Futa-Djalon, na sua parte norte, recebendo vários tributários importantes, até que entra no território da Guiné pelo norte de Cadé, servindo aí de fronteira entre Candica e os rápidos de Chibata. […] Inflecte então para oeste, passa através de alguns rápidos e vaus, desviando-se finalmente para noroeste até desembocar no Geba. Na parte inferior do seu curso, até ao vau de Ugui [onde há a possibilidade de passagem a pé através do rio, dada a sua escassa profundidade], é navegável. Aí fica a Tabanca de Xitole, na margem direita. Este rio tem para montante várias secções navegáveis por canoas, o que facilita as comunicações com o Forreá [Aldeia Formosa /Mampatá/ Chamarra] e as demais regiões ricas que atravessa. Contudo, os seus rápidos e secções de perfil diferenciado tornavam impossível a navegação por embarcações um pouco maiores.

Fonte: João Freire (2018) – A Colonização Portuguesa da Guiné (1880-1960): Contributos sobre o papel da Marinha - com dois apêndices sobre Cabo Verde e São Tomé e sobre a caça aos negreiros de Angola. Lisboa. Edição: Comissão Cultural da Marinha. Maio de 2018, p. 242.


3.1.1 - O CONTEXTO DA «JANGADA DO RIO CORUBAL» EM 06FEV1969

Na sequência do trágico acidente no Rio Corubal, em 06 de Fevereiro de 1969, uma das datas mais dramáticas vividas pelas Forças Armadas Portuguesas durante a Guerra do Ultramar, ou da Guerra Colonial, foi elaborado pelo Cmdt da CCAÇ 1790, Cap Inf José Alberto Ponces de Carvalho Aparício [hoje, TCor Apos.], um relatório [classificado de "NOTA"] do qual retirámos a seguinte passagem sobre a "história da Jangada" [vd. Foto nº 1, acima].

"Na Guiné [Bissau] nos anos 60 [do século passado] a travessia do Rio Corubal para a região do Boé era feita [como naquela data] junto à povoação do Ché-Ché onde durante a guerra se encontrava ali em permanência uma força militar de um pelotão de infantaria, reforçado com uma secção de morteiros 81 mm.

"Esta travessia era então obrigatória para a rendição das forças militares portuguesas estacionadas em Madina do Boé e Beli, e ainda para o reabastecimento daquelas forças que na época das chuvas (cerca de seis meses) ficavam completamente isoladas. Por isso, durante a época seca realizavam-se normalmente duas colunas por mês, cada uma escoltada por uma companhia reforçada com um pelotão de autometralhadoras "Fox" ou "Daimler" e com protecção aérea permanente. Cada Coluna era constituída por um elevado número de viaturas, cerca de 20 a 30, carregadas com munições e reabastecimentos.

"A travessia do Rio Corubal era então feita por uma jangada constituída por uma plataforma sobre duas canoas; um longo cabo ligando dois pontos fixos instalados em cada margem corria numa roldana instalada na plataforma; a impulsão necessária para mover a jangada erar dada pela força braçal dos militares puxando manualmente o cabo. Como segurança do movimento, uma embarcação "Sintex" com motor fora de bordo acompanhava lateralmente cada movimento de vaivém, pronta para qualquer emergência." (Op. Cit; 6.º Vol, p 353).



3.1.2 - ANTECEDENTES HISTÓRICOS QUE LEVARAM AO ABANDONO DAS FORÇAS INSTALADAS EM MADINA DO BOÉ E NO CHÉ-CHÉ

Com a chegada a Bissau, no início de Junho de 1968, do então Brigadeiro António Sebastião Ribeiro de Spínola [1910.04.11-1996.08.13], em substituição do General Arnaldo Schulz [1910.04.06-1993], são elaboradas pelo novo Governador e Comandante Militar da Guiné [promovido a General em 04Jul69], as primeiras directivas.

A primeira Directiva – a n.º 1/68, de 08Jun – tinha em vista a remodelação do dispositivo na região do Boé. Determinava a transferência do aquartelamento de Madina do Boé para local mais adequado, na região do Ché-Ché. Ordenava a recolha imediata a Madina do Boé do Destacamento de Béli, devendo ser destruídas as instalações e material que não fosse recuperável. Determinava, ainda, o reconhecimento da região do Ché-Ché, em ordem a escolher o local do novo aquartelamento, devendo satisfazer as seguintes condições: situar-se em "área-chave" da região do Ché-Ché, de modo a permitir o lançamento de acções dinâmicas na região do Boé e na margem norte do Rio Corubal. Se possível, que desse garantias de segurança à passagem deste rio no Ché-Ché (Ibidem. p.175).

Uma outra Directiva – a n.º 59/68, de 26Dez – mandava executar a manobra esquematizada na Directiva anterior – a n.º 58/68, de 16Dez – onde se determinava a execução de diferentes acções/missões no Sector Leste, entre elas: (i) - Exercer acções de reconhecimento, em ordem a detectar eixos de infiltração do IN na faixa fronteiriça com a República do Senegal e República da Guiné-Conacri até ao "marco 49" e a norte do Rio Corubal a partir deste "marco", com especial incidência nos regulados de Pachisse, Maná e Chanha. (ii) - Reforçar o efectivo das NT na ponte do Saltinho, com vista a garantir a defesa efectiva da ponte e a exercer acção dinâmica no regulado do Corubal. (iii) - Consolidar o esforço de autodefesa nas tabancas marginais da estrada Bambadinca-Xitole-Saltinho. (iv) - Retirar as forças instaladas em Madina do Boé e em Ché-Ché, minando e armadilhando as instalações para que possam ser utilizadas pelas NT em fase ulterior da manobra de contra-subversão. (…) (Ibidem. p 206).

Para a execução da manobra prevista nas Directivas acima mencionadas, foi organizada uma operação, designada por «Mabecos Bravios», a levar a cabo entre 02 e 07Fev1969. Para esse efeito foram mobilizadas as seguintes Unidades militares: CCaç 1790, CArt 2338, CCaç 2403, CCaç 2405, CCaç 2436, CArt 2440, 1 GC/CCaç 5, PMil 161, PAMetr "Daimler" 1258, PSap BCaç 2835, com APAR, as quais efectuaram uma escolta no itinerário Nova Lamego - Madina do Boé - Nova Lamego. (…) Na travessia do Rio Corubal, um acidente com a jangada que transportava forças de segurança da retaguarda provocou a morte de quarenta e sete militares das NT (2 sargentos, 43 praças e 2 Milícias). (Ibidem. p 353).

Sobre o desenrolar desta operação, no relatório acima citado, elaborado pelo Cap Inf José Carvalho Aparício [hoje, TCor Apos.], Cmdt da CCAÇ 1790, é referido o seguinte: 

"Em Fevereiro de 1969, após a decisão do Comando-Chefe da Guiné de abandonar todo o Boé – Beli já tinha sido abandonado meses antes retirando para Madina do Boé todas as forças ali estacionadas – foi desencadeada a operação "Mabecos Bravios" sob o Cmd do Agr 2957 [sedeado em Bafatá]. Uma enorme coluna com cerca de 50 viaturas pesadas escoltadas por duas CCaç's, e dois pelotões de autometralhadoras, e com apoio aéreo permanente, chegou a Madina do Boé na tarde de 05Fev69.

[Vd. Foto nº 2, acima]

[Antes] a esquadra de helicópteros simulou durante a tarde lançamento de forças nas colinas de Madina para tentar evitar as habituais flagelações por morteiros e canhões sem recuo. Durante toda a noite desse dia as viaturas foram carregadas com toneladas de munições, armamento pesado, e todo o equipamento e material aproveitável ali existente. Na manhã de 05Fev iniciou-se o movimento para o Ché-Ché, onde a coluna chegou no final da tarde desse dia. Por decisão do comandante da operação [TCor Hélio Augusto Esteves Felgas (1820.8.25-2008.6.23)], o número de dias previsto para a sua realização foi reduzido de vários dias, para libertar os meios aéreos empenhados; e a travessia do Rio Corubal iniciou-se logo de seguida, com inúmeras travessias efectuadas durante a noite com muitas dificuldades e problemas no embarque na jangada das viaturas carregadas ao limite." (Ibidem. pp 354-355).

[Vd. Foto nº 3]

O relatório refere ainda:
"Para a realização da operação de evacuação do Boé foi contruída uma jangada nova, maior que a anterior, com um estrado sobre três canoas. Em vez da corda inicial, o movimento da embarcação era garantido pelo "Sintex" com motor fora de bordo amarrado à jangada, do lado de jusante do rio, e operado por um sargento da Marinha requisitado para o efeito. A velha jangada esteve sempre acostada na margem direita. Nas travessias do rio durante a noite, com as viaturas foram também indo passando secções dos militares empenhados. No início da tarde de 06Fev69, na última e fatídica viagem, embarcaram a parte que restava dos militares das CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790, cerca de 80 a 90 militares. A meio do rio, uma aceleração brusca do motor do "Sintex" fez erguer a frente de bombordo da jangada, tendo sido dada logo ordem para reduzir a velocidade, a jangada fez o movimento pendular inverso, desta vez mergulhando ligeiramente no rio a frente de estibordo, as canoas ficaram cheias de água mas o tabuleiro ficou flutuando, com os militares a bordo com água pelos tornozelos. Chegados à margem direita, ao proceder-se à contagem constatou-se a falta de quarenta e sete militares das duas Companhias". (Ibidem. p 355). [sendo: 26 da CCAÇ 2405, 19 da CCAÇ 1790 e mais dois milícias, conforme se indica nos dois quadros abaixo]:





No final, o relatório refere que "o acidente em causa deu origem a um Auto de Corpo de Delito, e a longas e complexas averiguações, incluindo todos os aspectos da operação, que em 1970 terminaram em julgamento em Lisboa, no 3.º Tribunal Militar Territorial, que durou várias sessões e que terminou com a absolvição do único réu, o alferes miliciano comandante do Destacamento estacionado no Ché-Ché." (Ibidem. p 355).


3.1.3 - AS DECISÕES QUE FORAM TOMADAS PARA RECUPERAR OS CORPOS DOS MILITARES NAUFRAGADOS EM 06FEV1969 NO CHÉ-CHÉ

Em reunião de Comandos realizada em Bissau, o Comandante-Chefe Militar entregou ao CDMG [Comando de Defesa Marítima da Guiné] e ao CZAGCV [Comando da Zona Aérea da Guiné e Cabo Verde], com data de 19Fev, a Directiva n.º 16/69, determinando a realização de uma «Operação no Rio Corubal», constituída por quatro pontos, a saber:

1 – Confirmando a ordem verbal dada em reunião de Comandos, determino a realização de uma operação no Rio Corubal, com o fim de recuperar os corpos dos militares mortos no trágico acidente de 06Fev69, que se encontram à superfície das águas.

2 – A operação deve realizar-se na base do helitransporte de uma vaga de "Fuzileiros Especiais", fortemente apoiada por meios aéreos.

3 – Os corpos devem ser agrupados e enterrados no local, devendo as campas ser assinaladas com cruzes de ferro.

4 – Desejo ser helitransportado ao local, conjuntamente com um capelão para assistir à cerimónia fúnebre, e colocar nas campas e lançar ao rio coroas de flores com a legenda "A Pátria agradecida". […] (Ibidem. p 317).



Sobre esta "Operação", no P6073, como indicado no ponto 2, o camarada Rui Ferrão, acrescenta que "foi do seu Destacamento de Fuzileiros Especiais – o 10.º - que saíram duas secções, passados alguns dias [?], para o local do acidente, com a missão de recolher os corpos a boiar no referido rio. Dos 47 afogados, foram resgatados 11 cadáveres, que foram sepultados com todas as honras militares na margem do rio. Os restantes [?] ficaram dispersos pelo rio à mercê dos crocodilos e doutras espécies afins." […]

Entretanto, como complemento desta informação, o camarada Vítor Oliveira, ex-1.º Cabo Melec, BA 12 (1967/1969), na sua narrativa no P5853, a que chamou "O desastre do Cheche visto do ar", afirma no ponto 7º: "passados uns dias [?] com uma DO 27 o TCor Pilav Costa Gomes, um Ten Pilav, do qual não recordo o nome, e eu, sobrevoámos o rio e vimos cenas horríveis, os corpos a boiar e os crocodilos à volta deles. O TCor Pilav Costa Gomes entrou em contacto com os Fuzileiros para recolher os corpos. Creio que fizeram um pequeno cemitério próximo do Cheche onde colocaram os corpos."

Eis, em suma, algumas das memórias que fazem parte da "historiografia" deste trágico acidente, impregnado de dor e sofrimento, não só para os sobreviventes, como para todos os camaradas que nele estiveram envolvidos directamente, ou indirectamente, os familiares e amigos de todos aqueles jovens que pereceram nas águas do Rio Corubal.

[Continua]


Fontes consultadas:

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2015).

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
10Mai2019.
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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de abril de 2019 >  Guiné 671/74 - P19710: Jorge Araújo: Ensaio sobre as mortes por afogamento no CTIG: Parte II - Os três acidentes na hidrografia guineense

Guiné 61/74 - P19787: Parabéns a você (1617): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19769: Parabéns a você (1616): Fernando Valente (Magro), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Guiné, 1970/72) e Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1966/68)

terça-feira, 14 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19786: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (20): só no dia 25, sábado, identificámos 10 (dez) encontros, em diferentes pontos do país, de pessoal que esteve no CTIG, e que concorrem, saudavelmente, com o nosso, em Monte Real... Eis algumas das unidades: BART 1913, CCAÇ 1792, BCAV 490, 1ª C/BCAÇ 4616/73, BCAÇ 2928. Pel Art 27, Pel Mort 2297, ERec 2641, CCS/BCAV 2922, 1ª C/BCAÇ 4610/72, CCAÇ 3547, CCAÇ 3548, CCAÇ 1585, e pessoal de Bambadinca, 1968/72: CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12 ,CCS/BART 2917, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 53, Pel Caç Nat 63, etc.... Prazo de inscrições para Monte Real: até amanhã, 15, às 24h00.


A foto de família dos participante do X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 18 de abril de 2015. Este ano, em 25 de maio de 2019, há camaradas e amigos que vão estar no encontro das suas unidades ou subunidades, e que gostariam também de estar connosco em Monte Real. Mas ninguém tem o dom da ubiquidade. Foto de Miguel Pessoa (2015).



1. Eis a seguir uma lista com alguns dos encontros do pessoal do CTI Guiné que se vão realizar, sábado, 25 de Maio de 2019, pelo país fora, e de cuja notícia tivemos conhecimento... 

Decididamente,  não há calendário que chegue para todos nós (e os de Angola e Moçambique ainda são muitos mais, às dezenas): por exemplo, o nosso editor, Luís Graça, para estar em Monte Real nesse dia, vai falhar, com muita pena sua, o encontro, no Porto, do pessoal de Bambadinca, 1968/72: a sua companhia, a CCAÇ 2590 /CCAÇ 12  comemora os 50 anos, da partida para o TO  da Guiné, no "Niassa", em 24 de maio de 1969]

— Almoço comemorativo do 50º aniversário do regresso da Guiné dos Combatentes do BART 1913 (CCS, CART 1687, CART 1688 e CART 1689)>  



Quartel RAP2, rua Rodrigues de Freitas, Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Contacto: Avelino de Sousa, telem 914514489 
ou telef 229680720.

— Almoço-convívio comemorativo dos 50 anos do regresso dos combatentes  da CCAÇ 1792, Guiné 1967/1969 > 


Restaurante “Barriga Cheia”, em Barrô, Águeda. Contacto: ex-fur mil Pereira, 
telem 962313013.

— Almoço-convívio anual dos combatentes do BCAV 490, “Sempre em Frente”, Guiné 1963/1965 > 




Hotel Dona Inês, Rua Abel Dias Urbano, 12, Coimbra.

— Almoço-convívio dos Combatentes da 1ª Companhia, BCAÇ 4616/73, Guiné 1973/1974 >


  Antigo RI 16, em Évora. Programa: Às 10h30 descerramento de uma placa alusiva à companhia na porta de entrada 
do regimento, com cerimónia 
de homenagem aos mortos 
em combate. Contacto: 
Isabelinho,telem 917848483 
ou 919315617.

— Convívio anual dos Combatentes do BCAÇ 2928 (CCS, CCAÇ 2789, CCAÇ 2790, CCAÇ 2791 e CCAÇ 3328), e PEl Art 26, Pel Mort 2297, ERec 2641, Guiné (sector de Bula) 1970/1972 >  



Quinta do Mateus (Rua da República nº 255),
em Cacia, Aveiro. Concentração 
às 10 horas. Contactos: 
Manuel  Vinagre, telem 966912714; 
Bento Mendes, telem 929143080.

— Almoço-convívio dos Combatentes da CCSBCAV 2922, “À Carga!”, Guiné Jul 1970/Jun 1972 > 



Concentração no Cristo Rei, em Almada. 
Almoço em Sesimbra.

— Almoço-convívio dos Combatentes da 1ª Companhia do BCAÇ  4610/72, “Ratos de Encheia”, Guiné 1972/1974 > 



Restaurante panorâmico “Lago Verde” (junto à barragem do Cabril), em Pedrógão Grande. Contactos: Fernando Lima, telem 918434389; 
Manuel António Lopes, telef 229014974 
ou telem 912884641; 
Manuel Fernandes Monteiro, 
telef 223792348 
ou telem 968125677.

— Encontro-convívio comemorativo do 45º aniversário do regresso do pessoal das CCAÇ 3547, “Os Répteis de Contuboel”, e  CCAÇ 3548, “Os Panteras do Geba”, do BCAÇ 3884, Guiné (Bafatá) 1972/1974 >  



Local: Chaves.

— Almoço-convívio dos Combatentes da CCAÇ 1585, Guiné (Farim, Quinhamel) 1966/1968 > 



Buarcos, Figueira da Foz 
Contacto: Carlos Soares, 
telem 918245449.

- Almoço convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/72: CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), CCAÇ 12 (1969/71), CCS/BART 2917 (1970/72), Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 53, Pel Caç Nat 63, e outras subunidades adidas > 



Porto, Scala Palace, Praça Velasques, c/ missa na Igreja das Antas, 10h; e concentração na esplanada 
do café Velasques, 11 h. 
Contacto: Manuel Monteiro Valente,  
R Joaquim Lopes Pintor, nº 118, 1º Dto.,
 4405-868 Vila Nova de Gaia, 
telem 968849886.


2. Quanto ao nosso XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, vamos continuar a receber inscrições até quarta-feira, dia 15, às 24h00... 


Recorde-se que a inscrição são 35 "aéreos", com direito a:

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : Para as criancinhas, até aos 12 anos, são só 18 "aéreos"...

Para quiser ficar alojado no Palace Hotel Monte Real (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído: Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€

Inscrições a cargo de:

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email:carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220


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Guiné 61/74 - P19785: Em busca de... (297): 46 anos depois, o reencontro de Alberto D'Aparecida Couto com o amigo José Augusto da Silva Dias que o salvou de morrer afogado, no dia 30 de Abril de 1973, no rio Geba, em Bambadinca (Sousa de Castro)




1. Em mensagem do dia 6 de Maio, o nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74) dá-nos notícia do reencontro, ao vivo, no Barreiro, ao fim de 46 anos, entre o ex-1.º Cabo Atirador Alberto de Aparecida Couto e o Soldado Maqueiro José Augusto da Silva Dias da CCS do BART 3873.
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Nota do editor

Vd. último poste da série de 14 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19584: Em busca de... (296): O ex-1.º Cabo At Alberto de Aparecida Couto do Pel Caç Nat 54 já contactou com o seu camarada José Augusto da Silva Dias, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BART 3873 que o salvou de morrer afogado no rio Geba (Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P19784 Tabanca Grande (479): Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74... Radialista, jornalista e escritor, vive na Praia, Cabo Verde. Senta-se à sombra do nosso mágico poilão, sob o nº 790

Carlos Filipe Gonçalves. Foto da página do Facebook.
1. Resposta de Carlos Filipe Gonçalves ao nosso convite para integrar a Tabanca Grande (*)

Data: terça, 14/05/2019 à(s) 12:54

Olá, Luis:

É com emoção que acabo de receber e ler a tua resposta à minha mensagem. Afinal o mundo é pequeno, e conhecemo-nos todos ou então temos ligações que cruzam as nossas vidas.

Sou amigo do Manuel Amante desde os tempos do Liceu em Mindelo, encontrámo-nos na Guiné onde ele trabalhou comigo na Chefia da Intendência. O Manuel Amante concedeu-me uma entrevista para este livro que estou a escrever.

Conheço e bem o Leão Lopes, somos amigos. E, como bem dizes, sou sobrinho da Orlanda Amarilis, esposa de Manuel Ferreira, hospedava-me em casa deles em Linda Velha quando estive em Portugal a fazer a recruta em Tavira (CISMI) e Vendas Novas (EPA) porque entretanto fui reclassificado, depois fiz a especialidade em Leiria. Fui amanuense.
Capa do livro" Kab Verd Band"
(Praia, Instituto do Arquivo 
Histórico Nacional, 2006)
Olha, sou de Mindelo, S. Vicente, mas, vivo na Praia desde Agosto de 1975 até hoje. Sou jornalista, aliás antes da tropa, trabalhei na Rádio Barlavento em S. Vicente, depois ao chegar ao fim a guerra na Guiné, resolvi ficar para dar uma ajuda, pois havia falta de quadros, fui então para a rádio, estive lá um ano… Depois da Independência de Cabo Verde decidi voltar, cheguei à cidade da Praia em Agosto de 1975, onde continuei na rádio e iniciei assim uma carreira.

Fui estudar em França no INA, Instituto Nacional de Audiovisual (1980 a 1982). Cheguei a Director da Rádio Nacional de Cabo Verde (1986 a 1991), fundei mais tarde uma rádio privada, a Rádio Comercial, onde estive como director (1998-2013), finalizei a carreira e entrei na reforma.

Olha, a biografia na Wikipedia está certa e refere-se apenas à minha faceta de investigador da música, porque na verdade sou músico, as vicissitudes da vida me empurraram para o jornalismo e acabei por fazer programas sobre a música ao longo de anos, acabando por reunir num livro o trabalho realizado nesse campo.

Acabo de concluir um "Dicionário da Música de Cabo Verde" (650 páginas,  A4), que já está com o editor, talvez saia no final deste ano ou início do próximo… Justamente quando finalizei aquele livro (desde 2018) resolvi escrever as minhas memorias da rádio! Então, já conclui um livro sobre a Rádio Barlavento em S. Vicente, entrevistei muita gente e conto a história da invasão dessa emissora pelo PAIGC e levo o leitor a interrogações sobre as consequências da nacionalização e monopólio até hoje.

No seguimento, iniciei agora as minhas memórias da rádio na Guiné, desde a audição do PIFAS e da ERG, depois a minha entrada na Rádio Libertação, depois Rádio Difusão da Guiné e finalmente a minha vinda e carreira em Cabo Verde. Tenho muitas entrevistas ainda para fazer, que servem para confirmar as minhas memórias e as minhas descrições. Deus me ajude a chegar ao fim deste projecto.

Foi pois na procura de dados e outros testemunhos para o livro que encontrei o teu blogue e outros de muita utilidade e quis a sorte que tivéssemos este encontro. Já estou longo nesta missiva, mas como jornalista que sou, devo dizer, cito sempre as fontes, e isso é primordial porque dá credibilidade e é a chave de um bom jornalismo, aliás, bem como a apresentação de várias fontes e versões dos factos.

Aproveito desde já esta missiva para te enviar a minha história militar: Carlos Filipe Fernandes da Silva Gonçalves, Furriel Miliciano, nº 800048/71, iniciei em 3 de Janeiro de 1972 no CISMI em Tavira o curso de Sargentos Milicianos de Infantaria.

Pouco depois, na sequência de uma consulta no Hospital Militar em Évora, fui enviado para o Hospital Militar Principal em Lisboa, submetido à Junta e reclassificado para os Serviços Auxiliares, devido ao alto grau de miopia que tenho. Fui então enviado para Vendas Novas, onde decorria uma recruta para malta dos Serviços Auxiliares. Reclassificado Amanuense (antes era fotocine) fui para Leiria em 1 Julho de 1972 onde fiz a especialidade que findou em Setembro. Fui então colocado no Quartel General em Lisboa, em S. Sebastião da Pedreira, mobilizado para Guiné logo a seguir, embarquei no navio Uíge em final de Fevereiro de 1973 numa leva de militares em Comissão Individual de Serviço.

Cheguei a Bissau em 3 de Março, fui colocado no Quartel General em Santa Luzia, prestando serviço na Chefia da Intendência, o meu chefe Tenente Coronel Gonçalves Ferreira, na secção de Autos Viveres/Artigos de Cantina. O meu chefe foi o alferes Melo Franco.

Passei à disponibilidade a meu pedido em Bissau, em 29 ou 30 de Agosto de 1974. 2.ª Classe de comportamento, nunca fui admoestado nem tive qualquer castigo

Olha, vou 'scanear' umas fotos que tenho no quartel em Santa Luzia e enviarei com a brevidade possível.

Aquele abraço e Deus nos dê muita Saúde

Carlos Filipe Gonçalves
Jornalista Aposentado


2. Comentário do Luís Graça. editor:

Camarada, e novo grã-tabanqueiro: é uma felicidade cruzarmo-nos, nesta rede social que tem mais de 11 milhões de páginas, e junta amigos e camaradas da Guiné...

Já arranjei uma foto tua para te poder apresentar ao resto do pessoal.  Quando chegarem, publico as tuas fotos do tempo de Santa Luzia, Bissau, 1973/74.  E espero que nos contes algumas histórias desses tempos efervecentes do antes e do depois da independência da Guiné-Bissau (1974), mas também da tua terra, Cabo Verde (1975). 

Precisamos de fazer mais pontes, e uma delas é com Cabo Verde, terra a que nos ligam fortíssimos laços históricos, étnicos, linguísticos, culturais, musicais, afetivos... Sou fã da música de Cabo Verde, cujos sons passei aos meus filhos, quando eram pequenos. Um deles também é músico, além de médico, toca violino nos Melech Mechaya, banda de música klezmer que já atuou na tua terra, por ocasião do 20.º Festival Sete Sóis Sete Luas (2012). Estiveram, inclusive, na cidade da Praia, em 8/11/2012.

Passas a sentar-te à sombra do nosso mágico e fraterno poilão (não há tabanca sem poilão...), sob o n.º 790 (**). O teu nome passa a figurar na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande, na coluna estática do lado esquerdo do blogue. Lá encontrarás também o nome do Manuel Amante da Rosa. Desejo-te muita saúde e longa vida para poderes realizar os teus projetos literários. Vamo-nos encontrando por aqui, partilhando memórias (e afetos). E talvez para o ano na Praia.
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Guiné 61/74 - P19783: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (65): Pedido de autorização para citações a inserir no livro sobre a guerra colonial, de Carlos Filipe Gonçalves, jornalista, cabo-verdiano, que foi fur mil, na chefia da Intendência em Bissau, de março de 1973 a agosto de 1974

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Carlos Filipe Gonçalves, cabo-verdiano, escritor e jornalista:

Data: domingo, 12/05/2019 à(s) 15:00

Assunto: Pedido de Autorização para citações a inserir no livro de Carlos Gonçalves

Olá, Luís Graça:

Sou Carlos Filipe Gonçalves, cabo-verdiano, 68 anos fiz a tropa na Guiné, 3 de Março de 1973 a 31 de Agosto de 1974, como furriel, estava colocado na Chefia da Intendência em Bissau.

Estou a escrever um livro sobre as minhas memórias daqueles anos do fim da guerra na Guiné, porque constatei que em Cabo Verde, não se conhece nada do que por lá se passou. Há os relatos dos poucos cabo-verdianos que estiverem no PAIGC, mas que não passam de pequenas historias… não livros, não há nada sobre isso…

Bem, estou a escrever as minhas memórias e as dos outros através de entrevistas… Pelo caminho fiz pesquisas na Internet e encontrei este blogue, https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com, com informações de muitos acontecimentos que eu presenciei.

Ora, acho interessante utilizar citações de não mais de 3 ou 4 linhas para ilustrar com a citação da fonte. Venho pois pedir a tua autorização para utilizar esses pequenos extratos que serão devidamente acompanhados do link e titulo do blogue.

Se em Portugal, já se falou muito e já se debateu o que se passou na Guerra Colonial, é um verdadeiro paradoxo, tal nunca tem acontecido em Cabo Verde.

Agradeço desde já a tua colaboração, desejo-te saúde e felicitações por manter este blogiue, rico em informações sobre a Guerra na Guiné.

Melhores cumprimentos

Carlos Filipe Gonçalves

Jornalista Aposentado

2.  Resposta do nosso editor Luís Graça:

Camarada Gonçalves: sou um pouco mais velho, fiz a minha comissão de serviço militar, na Guiné, no leste, numa companhia da "nova força africana" do gen Spínola, de maio de 1969 a março de 1971. 

Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu. Tenho, de resto, aí alguns amigos, a começar pelo Manuel Amante da Rosa, que é do teu tempo. Tem cerca de 30 referências no nosso blogue e é membro, de longa data da nossa Tabanca Grande (tertúlia ou comunidade virtual dos amigos e camaradas da Guiné: são 789, neste momento, incluindo 72 que já morreram).  Foi também fur mil, QG/CTIG, Bissau,1973/74; é  embaixador plenipotenciário da República de Cabo Verde em Itáliadesde 16/1/2013, e agora também em Malta.

 Sou do tempo do Leão Lopes, que também passou por Bambadinca e pintou lá alguns quadros (retratos). Era do BENG 447, foi também furriel miliciano.. Deves conhecê-lo, foi ministro num governo de Cabo Verde. 

E, claro, tenho aí, em Cabo Verde, amigos que foram meus alunos, na Escola Nacional de Saúde Púlica da Universidade NOVA de Lisboa... Também o meu pai esteve no Mindelo,em 1941/43, na mesma altura do Manuel Ferreira (1917-1992)... Pelo que li na Net, és sobrinho da esposa do Manuel Ferreira...O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande|

De qualquer modo, sobre Cabo Verde, temos já cerca de 300 referências no nosso blogue.

Em relação ao que me pedes, estás a autorizar a utilizar o blogue como fonte (pública) de informação e conhecimento (*), Dos textos que utilizares citas a fonte, como mandam as boas regras da comunicação (jornalística e académica)... E depois, se possível, mandas-nos um exemplar do teu livro, quando for publicado, para fazermos a devida recensão e divulgação.

Por fim, fica aqui o convite para te juntares ao blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné... Preciso apenas de duas fotos tuas, uma do tempo da Intendência em Bissau e outra mais atual... Além de duas ou três linhas de apresentação da tua pessoa... Não sei se o que consta na Wikipéida a teu respeito, está correto... Para já, não refere o teu passado como militar do exército português.

Um alfabravo (ABraço), Luís Graça
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Nota do editor:

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19782: Convívios (893): Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 2796 (Gaviões de Gadamael) levado a efeito no passado dia 11 de Maio em Pedroso, Vila Nova de Gaia (Adolfo Cruz)



1. Mensagem do nosso camarada de armas Adolfo Cruz (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2796, Gadamael e Quinhamel, 1970-1972) com o rescaldo do Almoço/Convívio dos Gaviões de Gadamael, levado a efeito no passado dia 11 de Maio:

Caro Amigo Carlos Vinhal,
Votos para que estejas bem.

Gostaria que fizesses o favor de providenciar a publicação destas duas fotos no Blogue.
Grato, antecipadamente.

Abraço
Adolfo Cruz


Almoço/Convívio da CCAÇ 2796 - Gaviões de Gadamael

11 de Maio de 2019

Pedroso - Vila Nova de Gaia

Mais um Encontro/Almoço se realizou, graças ao esforço e dedicação dos habituais organizadores, Joaquim Ferreira, Manuel Fernandes e Manuel Soares, desta vez, com a presença de um ilustre convidado, o ex-CEME, General Rovisco Duarte.

É evidente a vontade manifestada por todos, no sentido da manutenção destes Encontros/Convívio.

Na foto, a partir da esquerda: ex-Alf Mil Alexandre Rodrigues, General Rovisco Duarte, ex-Alf Mil Joaquim Campinho, ex-Fur Mil Orlando Amaral e ex-Fur Mil Adolfo Cruz
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Nota do editor

Último poste da série de7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19754: Convívios (892): CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68): 19º Convívio, 51º aniversário do regresso à metrópole: Buarcos, Figueira da Foz, 25/5/2019 (Carlos Soares)

Guiné 61/74 - P19781: Notas de leitura (1177): "Portugal in Africa", por James Duffy, Penguin 1962 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Novembro de 2016:

Queridos amigos,
Estávamos em 1962 e os livros da Penguin davam volta ao mundo. Um norte-americano graduado em Harvard e conhecedor a fundo de Angola e Moçambique, escrevia um ensaio centrado nas duas grandes colónias portuguesas descrevendo os termos da colonização, as suas fragilidades, e pondo em relevo a mística imperial do Estado Novo.
Trata-se de um trabalho que carreava factos históricos irrefragáveis, deixando claro que se tinha entrado num período tumultuoso e que tudo previa que se tratava ao nível do império a morte de um sonho.
O livro de James Duffy é hoje obra para colocar no devido patamar dos trabalhos premonitórios, nem os fanáticos queriam recuar nem os anticolonialistas, naquele ano de 1962, previam minimamente o alastramento da guerra de guerrilhas e muito menos sonhavam com o esgotamento e a incapacidade de lhes dar resposta.

Um abraço do
Mário


Um livro icónico dos anos 1960: Portugal in Africa, por James Duffy

Beja Santos

Aí por 1963, começou a circular clandestinamente em vários meios universitários e oposicionistas ao regime um livro de um investigador diplomado em Harvard e profundo conhecedor das realidades de Angola e Moçambique: "Portugal in Africa", editado pela Penguin em 1962. O prefácio era assinado por Ronald Segal e abria com a ocupação do Estado da Índia em Dezembro de 1961, era o primeiro abalo do Portugal Imperial, um orgulho de uma missão civilizadora que apresentava resultados práticos deploráveis em matéria de desenvolvimento, saúde e cultura. A questão racial era um dos argumentos mais pesados do levantamento nacionalista africano, havia o indigenato, os assimilados, os civilizados, e a realidade era bem distinta da propaganda. As publicações do regime falavam em política de assimilação, tudo se teria iniciado em 1483 quando o rei Nzinga-a-Cuum mostrara abertura à civilização ocidental e o seu sucessor de Mbemba-a-Nzinga ou D. Afonso I adotara a religião cristã, era este o exemplo grandioso do Congo. Este império africano, sujeito a múltiplas cobiças de outras potências coloniais, ficou em dormência até ao século XIX, e muitas justificações foram dadas: domínio filipino, Guerra da Restauração, o surto brasileiro, a incapacidade demográfica em estar presente simultaneamente em todos os continentes. Com a Conferência de Berlim (1884-1885) e com a independência do Brasil, jogou-se a fundo a cartada africana, entre a monarquia constitucional em fase terminal, a I República e o Estado Novo. A mística imperial ganhou novo alento, cresceu o número de publicações de sensibilização imperial, a investigação científica cresceu exponencialmente, e as duas grandes colónias, Angola e Moçambique, cronicamente deficitárias, começaram a dar lucros com a crescente presença de empresas estrangeiras, a exploração dos diamantes e de outras riquezas de subsolo, a África do Sul e as colónias do domínio britânico na África Austral precisavam do desenvolvimento moçambicano. Mas as fraturas e mazelas iam sendo expostas. O relatório do Capitão Henrique Galvão era demolidor quanto ao trabalho forçado, iliteracia e falta de instituições de saúde. E nos anos 1950 os ventos da história puseram a mística imperial e a dita missão civilizadora em confronto com a ascensão dos nacionalismos.

James Duffy confessa que o seu estudo está centrado em Angola e Moçambique, só esporadicamente fala em S. Tomé, desconhece Guiné e Cabo Verde. A primeira parte está consolidada em dados históricos conhecidos, tudo começou com a conquista de Ceuta e a germinação do projeto henriquino. Em 1480 atingia-se o Cabo de Santa Catarina e é provável que se tenha chegado a S. Tomé. Analisa o interlúdio entre os descobridores portugueses e o Congo, foi uma experiência tão singular que será sempre a grande bandeira utilizada para a missão civilizadora naquela região da África Ocidental. Seguidamente descreve a colonização angolana em todas as suas fases até à Conferência de Berlim. Seguirá o mesmo itinerário para Moçambique, mostrando os antagonismos com as potências locais e as rivalidades que os interesses britânicos geravam. O estudo da missionação tem também relevo no livro, fala-se dos prazos da Coroa e também muito do comércio de escravos, Angola, como James Duffy observa era a grande placa giratória.

Entramos depois no período da penetração africana, Livingstone passa a ser o explorador estrangeiro que melhor conhece a presença portuguesa, graças à viagem transcontinental que fez, onde foi muito cáustico com a escravatura praticada pelos portugueses e que foi alvo de várias respostas. Temos a relação das viagens dos grandes exploradores portugueses, a análises das consequências de Berlim, o Mapa Cor-de-Rosa e o Ultimato Britânico. A penetração e ocupação de posições no território são feitas tanto em Angola como em Moçambique, à custa de sérios combates. Procura-se pelo paternalismo lançar as bases de uma política indígena, criar uma administração, faz-se a apologia da assimilação e miscigenação e exalta-se a mestiçagem. O trabalho forçado continua a existir e passa do século XIX para o século XX, o Regulamento para os contratos de serviçais e colonos nas províncias de África, de 1878, é praticamente ignorado. Os escândalos da deportação maciça de angolanos para S. Tomé foram denunciados tanto por estrangeiros como por portugueses. Por exemplo, Judice Biker, governador da Guiné publicou em 1903 um documento sobre os procedimentos sórdidos que levavam à caça de angolanos que iam de Benguela ao Novo Redondo para S. Tomé, eram contratos de cinco anos obrigatoriamente renovados. O autor dá informações sobre a industrialização, o investimento e o povoamento de todo este período fundamental, incluindo o Estado Novo.

Estamos agora no último capítulo, dedicado ao presente, volta-se a falar na nova mentalidade imperial, o III Império, os problemas raciais e o modo como eram contornados, o sistema administrativo, a cristianização feita por missões católicas e protestantes, a natureza do ensino. E assim chegámos à matéria escaldante que tornou este livro matéria proscrita. O desenvolvimento económico de Angola e Moçambique é ameaçado pelo surto nacionalista e pela evidência de que o Congo não ia ficar indiferente aos nacionalistas angolanos. O autor desvela todos os acontecimentos de 1961, os atos de barbárie praticados de parte a parte, concluía que a UPA era o movimento mais influente, muito mais influente que o MPLA. A política colonial portuguesa perdia apoios e o mais grave era a hostilidade clara da administração Kennedy. O discurso do Estado Novo endurece, entre 20 a 25 mil militares são mandados para Angola. O regime de Salazar avisa que a defesa da civilização ocidental está em jogo e brande o fantasma do comunismo. Salazar vai estabelecendo gradualmente alianças com a África do Sul e com os governos de minoria branca. Dá sinais de liberalização, abolindo legislação que se aproximava do trabalho forçado, estabelece a inspeção do trabalho no Ultramar, é abolido o trabalho compulsivo nas zonas algodoeiras. Por fim é abolido do regime do indigenato, teoricamente todos os angolanos e moçambicanos têm os mesmíssimos direitos que os metropolitanos. E assim se põe termo ao livro, lembrando que está tudo em aberto com os acontecimentos do Katanga, com a efervescência das Rodésias e a vitalidade dos movimentos nacionalistas na região.

Trata-se de um livro que despertou estrangeiros e nacionais para o amplo fenómeno da presença portuguesa em África, era o primeiro pano de fundo de uma história com centenas de anos e factos enevoados pela mística imperial.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19771: Notas de leitura (1176): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19780: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (19): 95 inscritos até domingo à noite, dia 12, incluindo o António Acílio Azevedo e Irene (Matosinhos), o Eduardo Moutinho Santos e a Maria José (Porto), o JERO (Alcobaça), o Vasco Ferreira (V. N. Gaia) e o Xico Allen (V. N. Gaia)... Precisamos de mais 5 para chegar aos 100 !!!... Prazo-limite de inscrição: quarta feira, dia 15, até às 24h00


Expedição Porto-Bissau, organizada por Xico Allen e A. Marque Lopes > 9 de abril de 2006 > Dia 5, De Roc Chico a Nouakchott, capital da Mauritânia...Um encontro amigável com sarauis e camelos... Fabulosa esta foto, de um  grande fotógrafo, o nosso Hugo Costa, filho de outro grande fotógrafo, o Albano Costa. O Hugo, juntamente com a Inês Allen, integrou esta viagem à Guiné, por terra, pelo deserto do Sara... O Xico Allen já perdeu a conta as vezes que já fez esta viagem. Dizem até que já é mais guineense do que português, tendo inclusive BI da República da Guiné-Bissau... Membro sénior da Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinhos, tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue. E vai estar, mais uma vez, no nosso Encontro Nacional, em Monte Real, no dia 25. 

Foto: © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


AS 95 INSCRIÇÕES NO XIV ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE (até domingo ao fim da tarde; últimas inscrições: quarta-feira, 15, até às 24h00)



Abel Santos - Leça da Palmeira / Matosinhos
Agostinho Gaspar - Leiria
Alfredo da Silva e esposa - Cabeceiras de Basto
Almiro Gonçalves e Amélia - Vieira de Leiria / Marinha Grande
António Acílio Azevedo e Irene - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António João Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Joaquim Alves e Maria Celeste - Carregado / Alenquer
António Joaquim Oliveira - Vila Nova de Gaia
António José Pereira da Costa e Maria Isabel - Mem Martins / Sintra
António Maria Silva e Maria de Lurdes - Sintra
António Martins de Matos - Lisboa
António Matos Peliteiro - Vila Nova de Famalicão
Armando Nunes Carvalho e Maria Deolinda - Sintra
Armando Pires - Algés / Oeiras
Arménio Santos - Lisboa



Destaque para:


António Acílio Azevedo [ex-cap mil, cmdt. 1ª CCAV/BCAV 8320/72 E CCAÇ 17, Bula e Binar, 1973/74; voltou à Guiné-Bissau, em "turismo de saudade; tem mais de 2 dezenas de referências no nosso blogue; membro da Tabanca de Matosinhos]

Carlos Cabral e Judite - Pampilhosa / Mealhada
Carlos Camacho Lobo - Maia
Carlos Pinheiro - Torres Novas
Carlos Silvério - Ribamar / Lourinhã
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos

Eduardo Jorge Ferreira e Maria da Conceição - Vimeiro / Lourinhã
Eduardo Moutinho Santos e Maria José - Bonfim / Porto
Ernestino Caniço - Tomar



Destaque para: 

Euardo Moutinho Santos [ex-alf mil, CCAÇ 2366 (Jolmete e Quinhámel) e cap mil graduado, cmdt da CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada); advogado, régulo da Tabanca de Matosinhos, tem 15 referências no nosso blogue; foto à direita, viagem à Guiné-Bissau,em 2017: o Eduardo Moutinho e o atual régulo de Jolmete, Cajan Seidi, foto de Eduardo Moutinho dos Santos / Manuel Resende, 2018 ]


Fernando Gouveia - Porto
Fernando Jesus Sousa e Emília Sérgio - Lisboa
Francisco Baptista - Porto

Helder Valério de Sousa - Setúbal

João Afonso Bento Soares - Lisboa
João Crisóstomo e Vilma - Nova Iorque (EUA)
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão e Lurdes - Oeiras
Jorge Picado - Costa Nova / Ílhavo
Jorge Pinto e Ana - Sintra
José Barros Rocha - Penafiel
José Domingos Marinho Arnoso - Vila Nova de Famalicão
José Eduardo Reis Oliveira (JERO) - Alcobaça
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Manuel Santos - Braga
José Pedroso e Helena - Sintra
José Ramos - Lisboa
Juvenal Amado - Lisboa



Destaque para:


José Eduardo Reis Oliveira (JERO)

[ex-fur mil enf, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66); jornalista e escritor; tem cerca de 150 referências do nosso blogue; membro sénior da Tabanca Grande e da Tabanca do Centro]

Lucinda Aranha e José António - Torres Vedras
Lúcio Vieira - Torres Novas
Luís Graça e Maria Alice Carneiro - Lourinhã
Luís Paulino e Maria da Cruz - Lisboa

Manuel António Areal da Costa - Santo Tirso
Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel dos Santos Gonçalves e Maria de Fátima - Carcavelos / Lisboa
Manuel Joaquim, José Manuel e Alexandra - Lisboa
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Manuel Lima Santos e Fátima - Viseu
Manuel Resende - S. Domingos de Rana / Cascais
Maria Arminda Santos - Setúbal
Mário Magalhães e Fernanda - Sintra
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa

Paulo Santiago - Aguada de Cima / Águeda

Rui Guerra Ribeiro - Lisboa



Vasco Ferreira - Vila Nova de Gaia
Vítor Ferreira e Maria Luísa - Lisboa
Vítor Vieira e esposa - Marinha Grande


Destaque para: 


Vasco Ferreira [ex-Alf Mil da CCÇ 4540, 1972/74;  a sua companhia era mais conhecida no TO da Guiné por ser mesmo "um caso sério";  andou por Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, entre 1972 e 1974; tem uma dezena de referências no nosso blogue;: foto ao lado, por ocasião do VI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 2011]

Xico Allen - Vila Nova de Gaia

domingo, 12 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19779: Agenda cultural (682): Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, IndieLisboa 2019: "De los nombres de las cabras", de Silvia Navarro e Miguel H. Morales, Espanha, 2019, 62': um documentário sobre a extinção dos Gaunches, o povo nativo das Canárias... Pode ser visto no cinema Ideal, Lisboa, quarta-feira, dia 15, às 22h00


Fotograma do filme de "De los nombres de las cabras". Cortesia de IndieLisboa - 16º Festival Internacional de Cinema, Lisboa,2-12 de maio de 2019



JÚRI DA COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS METRAGENS
FEATURE FILM INTERNATIONAL COMPETITION JURY

Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa / Feature Film Grand Prize City of Lisbon
(15.000 Euros)

DE LOS NOMBRES DE LAS CABRAS / ON THE NAMES OF THE GOATS
Silvia Navarro, Miguel G. Morales, Espanha, doc., 2019, 62′

“Pela sua rica e intrincada investigaçao do recente passado colonial pela interaçao com tempos antigos e tradiçoes das Ilhas das Canárias, através de imagens de arquivo escolhidas e montadas com perícia, do som de entrevistas e de uma paisagem sonora imersiva, o júri dá unamimamente o Grande Prémio Longa metragem Cidade de Lisboa ao documentário espanhol De los Nombres de Las Cabras de Miguel G. Morales e Silvia Navarro.”

Sinopse

Guanches é o nome dado ao povo nativo das ilhas Canárias, que vivia ainda na Idade da Pedra quando as ilhas foram ocupadas pelos castelhanos, acabando erradicados em menos de um século. Este hipnótico ensaio, integralmente composto por imagens de arquivo, parte dos registos sonoros de um arqueólogo que, nos anos 1980, recolheu testemunhos junto dos pastores locais com o desejo de conhecer melhor esse povo. Só que a dupla de realizadores desmonta os mitos coloniais do investigador e apresenta o complexo mapa de poderes com o qual se escreve o discurso histórico. Em estreia mundial no IndieLisboa.

Fonte: Indie Lisboa 2019

Este filme pode ser (re)visto quarta-feira, dia 15 de maio, às 22h00, no Cinema Ideal,  rua do Loreto, junto ao Largo Camões, Lisboa, metro Baixa-Chiado.

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19778: Blogpoesia (619): "Princesa do mar", "Deserto da existência..." e "Fogão de ferro a lenha", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Princesa do mar

Albas vestes lhe escorrem desde os ombros.
Fulgente diadema lhe coroa a cabeça iluminada.
Infindável coro celeste lhe entoa incessante seu hino de glória.
Sentada no seu trono alvinitente.
Rainha-mãe da noite da opulência.

Acompanha de longe as almas sonhadoras.
Dá a volta ao mundo até que nasça o sol e se faça o dia.
Mas nunca abandona o céu donde contempla o mar azul que, logo, vestirá de prata.

Berlim, 12 de Maio de 2019
12h47m
Jlmg

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Deserto da existência...

Sem ligação do homem ao Criador, a vida se torna num deserto.
Falta a água e a verdura da esperança.
Secam as fontes puras da justiça e da paz.
Desabam todos os sonhos no mar do desespero.
Fica-se escravo do dinheiro e do prazer a todo o preço.
Vai-se a graça da harmonia.
Chovem tempestades de sofrimento.
Secam todos os rios da amizade entre os homens.
Tolda-se de negro o horizonte
E, não há mais remédio para viver.

Só com a religação do homem a Quem lhe deu o ser, voltará a brilhar de novo o dom privilegiado da existência.
Tudo voltará a ser verdejante e a terra um mar de vida.

Ouvindo Death in Venice Full Album
Berlim, 10 de Maio de 2019
6h55m - dia fosco
Jlmg

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Fogão de ferro a lenha

Vi-o crescer, desde as chapas em folha, que o tio Tónio serralheiro talhou.
Com fornalha e caldeira.
Quatro discos em ferro.
Tapando o fogo.

Encomenda sonhada de minha Mãe.
Vi-a chegar, luzente e perfeito, cheirando a novo.
Foi uma festa.
Regada de vinho.

Em vez da lareira em pedra.
Onde ardiam cavacos,
bramindo lufadas de fumo, por debaixo da trempe.

Regalo e aconchego nas noites frias de Inverno.

Acabou-se a desculpa.
Cabrito assado, loiras batatas e arroz na caçoila.
Tudo ao alcance da Mãe.
Enquanto, em cima, na panela pesada,
se cozem as couves, com azeite e chouriço.
E, sentado no chão, com a lousa da escola, nas noites de inverno, se fazia os deveres que a professora mandou.

Berlim, 8 de Maio de 2019
9h42m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19747: Blogpoesia (618): "Extermínio das civilizações", "A voz do pensamento" e "Guardo para mim...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P19777: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (18): Quem dá uma boleia ao Mário Gaspar, a partir de Lisboa, para ele poder juntar-se a nós, em Monte Real, no dia 25 ?

1. Mensagem de Mário [Vitorino] Gaspar, com data de hoje, às 3h36
[ex-fur mil art MA da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68; tem cerca de 110 referências no nosso blogue: na vida civil, foi lapidadot de diamantes; e foi também cofundador e dirigente da associação APOIAR]

Caros Amigos Combatentes – muito especialmente da Guiné – mas também de Outras Colónias, Esposas, Filhos, Netos, Bisnetos.

Há quantos anos vou ao Almoço Anual do Blogue ? Talvez desde 2012?. Praticamente estacionei, mas com armas e bagagens, julgo ter reaprendido nestes anos, algo que esquecera.

Sucede que não me inscrevi no Almoço por não ter transporte. Tive uma experiência, indo de comboio mas não me atrevo a arriscar.

Quanto a escrever para o Blogue teria imenso gosto, até porque tenho textos prontos e com facilidade escrevia uns tantos. Estou carregado de doenças, não foi por mero acaso que me inscrevi nos Centros de Apoio Social (CAS) do IASFA, fui aceite sem cunhas, primeiro em Runa e também para o Porto. Ao Porto foi de visita.

Foi-me diagnosticada a Doença de Parkinson, e como Combatente, fiz-lhe frente mas tive um início que saí vitorioso mas tudo mudou e neste momento estou a perder. Para manter, no mínimo o cérebro em funcionamento necessito de me ocupar, mas está a ser difícil por ter muitas doenças e Consultas e Exames. 

Caí no ciclo das quedas, e foram já muitas as vezes que caí, numa das vezes nem sei como sobrevivi. Bati com a cabeça na parede e depois no chão e levei 9 pontos na cabeça. Como temos um Serviço Nacional de Saúde (SNS), fiz os Exames à cabeça e após me tirarem os pontos disseram que não valia a pena. 

Fui a um Médico, sem lhe contar nada, perguntou o que tinha acontecido. Respondeu de imediato para ir fazer o dito Exame e respondi que talvez por razões menos graves morreram-me amigos que também caíram e passado algum tempo foram vítimas mortais de embolias. Um deles foi na ginástica do colégio onde estudei.

O stress pós-.traumático é pior ainda que muitos Combatentes pensam. Os governos, esses que se governam em lugar de governarem, estão-se borrifando para os Combatentes. Deu uma notícia há pouco que vão ser aumemntados,

Envio algo que nunca vou denominar de Poesia. Aceito que digam ser prosa poética, poesia nunca. Julgo ter lá chegado algumas vezes. Unicamente lhes falta a alma.

Sobre o Almoço, podem inscrever-me se existir uma boleia, caso contrário não me inscrevam. Quero acrescentar que pretendo pagar a minha parte da gasolina.

Tenho umas novidades para lhes dar mas fica para depois.

Sempre tive grande facilidade de dar uma resposta oportuna, no devido momento. Não uso as armas que aprendi a manejar, não só na guerra como na vida.

Abraço à Tabanca

Mário Vitorino Gaspar

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19776: Tabanca Grande (478): José Ramos, ex-fur mil, Destacamento do STM do CTIG (1968/70), chefe do Posto do STM de Bafatá, sob o comando do então cap eng trms, João Afonso Bento Soares... Passa a ser o grã-tabanqueiro nº 789 e já marcou presença em Monte Real, no próximo dia 25...







Guiné > Região de Bafatá > Destacamento do STM (Serviço de Telecomunicações Militares) > Posto do STM de Bafatá > José Ramos, ex-fur mil trms

Fotos: © José Ramos (STM) (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do José Ramos, com data de 10 de corrente, 17h23

Caro Amigo Luís Graça: 

É com enorme prazer e satisfação, que venho responder ao seu amável e oficial convite para integrar a vetusta Tabanca Grande. 

Para tanto, envio os elementos pedidos: 

(i) o meu Nome é José Ramos, ex Furriel Miliciano do Destacamento do STM / Guiné 68-70, chefe do Posto do STM de Bafatá, sob o Comando do então Capitão Engº de Trms, João Afonso Bento Soares [, nosso grã-tabanqueiro nº 785]; 

(ii) o STM (Serviço de Telecomunicações Militares) destinava-se a apoiar as Forças do CTIG na área das Transmissões Permanentes, facultando ligações rádio e tegráficas de Bissau para a Metrópole e de Bissau para todos os comandos de Agrupamento, de Batalhão e COP;

(iii) a minha missão específica situava-se ao nível de Recepção e Envio de mensagens em morse, a partir do Posto de Bafatá que eu chefiava e que servia no local um Comando de Agrupamento, um Esquadrão de Cavalaria e um Batalhão de Caçadores.

Devido à importância funcional e estratégica destas três Unidades, o nosso posto era, logo a seguir ao de Bissau, o de maior tráfego de mensagens na Guiné, o que exigia grande esforço e dedicação de toda a equipa. 

Junto em anexo três fotos do meu tempo de Guiné e uma foto actual. 

Um grande abraço e até ao dia 25 de Maio,  em Monte Real.

José Ramos

2. Comentário do editor Luís Graça:

Zé, como camaradas que fomos, no TO da Guiné, tratamo-nos por tu. São, de resto, estas normas (facultativas) do nosso blogue. O tratamento por tu facilita a comunicação entre nós, nomeadamente pessoal miliciano e praças.

Por outro lado, verifico que estivemos no TO da Guiné, mais ou menos na mesma altura e na mesma região, a de Bafatá, tu entre 1968/70 e eu entre junho de 1969 e março de 1971.  A minha companhia, CCAÇ 12, africana, esteve ao serviço, como subunidade de intervenção, de dois batalhões sediados em Bambadinca: BCAÇ 2852 (1968/70) e BART 2917 (1970/72)... Seguramente que nos cruzámos em Bafatá, aonde íamos com regularidade (em lazer, em serviço, etc.).

Já temos, na Tabanca Grande, uma "morança" com a tabuleta "José Ramos", ex-1º cabo cav, EREC 3432 (Bula, 1972/74), Para não ocnfusão com a tua "morança", vou.te chamar José Ramos (STM) ou, em alternativa, José Ramos (Lisboa) ou ainda José Ramos (Bafatá)...  Mas, na volta do correio, podes sugerir outro nome: por exemplo, pôr uma apelido intermédio... Em qualquer altura podemos emendar, corrigir, neste caso, "desambiguar"...

Tu é que me dizes como queres ser conhecido na Tabanca Grande, sabendo à partida que já há um José Ramos, da arma de cavalaria... Uma vez que a antiguidade é um posto, também na Tabanca Grande, e sendo tu mais "periquito" (nestas andanças bloguísticas), temos de arranjar um solução de compromisso... O teu nome bai ficar, na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande, a  seguir ao José Ramos, como José Ramos (STM) (Vd. coluna estática, do blogue, do lado esquerdo.)

Quanto ao resto, és recebido de braços abertos por mim, demais editores, colaboradores permanentes e demais pessoal da Tabanca Grande: contigo passamos a ser 789 os grã-tabanqueiros, dos quais, infelizmente 72 já deixaram a terra da alegria... A sua presença, o seu nome, as suas fotos e hstórias continuam a ser um forte estímulo para prosseguirmos, ao fim destes 15 anos, a honrosa  missão de  partilhar memórias (e afetos) à volta da Guiné e das nossas comissões de serviço militar, entre 1961 e 1974.

Até Monte Real, sábado, dia 25 de maio!... Luís Graça