quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20539: Historiografia da presença portuguesa em África (195): A Guiné vista pelo seu primeiro governador, Pedro Inácio de Gouveia (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Janeiro de 2019:

Queridos amigos,

Estes relatórios dos primeiros governadores da Guiné são peças documentais de valor incalculável.

No caso vertente, Pedro Inácio de Gouveia deixa-nos aqui o primeiro relatório, ele foi o primeiro governador, entre 1881 e 1884, a ele se deve um texto esplêndido referente à viagem que o então Alferes Francisco Marques Geraldes fez a Selho, para resgatar um conjunto de mulheres raptadas em S. Belchior, no Geba.

É um documento que revela a situação de uma colónia que continua sem projeto, é uma feitoria e um entreposto em decadência, alerta o Governo para a presença crescente dos franceses no Casamansa, a colónia tem tropa deficiente e entusiasma-se a falar das potencialidades agrícolas.

Peço a atenção do leitor para três imagens do chão Felupe, que é o tema de eleição da doutoranda Lúcia Bayan e que gentilmente as cedeu e as comentou, uma bela intervenção que apraz agradecer e até pedir mais.

Um abraço do
Mário


A Guiné vista pelo seu primeiro governador, Pedro Inácio de Gouveia

Beja Santos

Desafetada de Cabo Verde em 1879, o primeiro governador da Guiné tomou posse em 1881 e enviou ao Ministro da Marinha e do Ultramar o seu primeiro relatório em 1882. É um documento de muito interesse, o brioso oficial da Marinha percebe-se estar entusiasmado, não esconde a penúria que envolve a sua administração, sente-se no dever de entrar em detalhes para que Lisboa compreenda que aquela colónia não passa de uma feitoria, está completamente subaproveitada e cercada pelos apetites coloniais franceses, daí o seu esforço de sensibilização. É um tanto formal, por vezes eloquente, é explicativo, não quer deixar nenhuma verdade na penumbra.

Ele escreve assim:

“A História da Guiné Portuguesa desde a sua fundação como Feitoria, depois como Distrito, até à sua autonomia como Província, não se faz num limitado campo de um relatório. A história política do território da Senegâmbia Portuguesa há-de fazer-se um dia com os elementos arrecadados no Arquivo do Ministério e outros dispersos na sede do Governo da Província de Cabo Verde.

O Arquivo da Província é o mais deficiente possível; os elementos escasseiam por toda a parte, e tudo é pobre em subsídios para a História da Guiné, desde o primeiro estabelecimento na antiga Praça em Bissau até à ocupação em Bolama. A Província que tenho a honra de administrar, o território que compreende a Senegâmbia Portuguesa, não está definido, não está limitado. Segundo as opiniões mais conspícuas, situar-se-ia ao sul do rio Gâmbia, o limite boreal, e ao austral em Cabo Verga, entre os rios Casamansa e Nuno. A Guiné, pela sua autonomia, foi dividida em quatro concelhos, com sedes em Bolama, Buba, Bissau e Cacheu, divisão que não foi sancionada pelo Governo de Sua Majestade.

O actual Concelho de Buba era no passado denominado de Bolola. Os pontos fortificados, partindo de sul para norte são: Bissau, Geba, Cacheu, Zinguinchor e Farim. As leis repressivas contra o infame tráfico de escravos, dificultando a sua exportação e a carência quase completa de mercado importador, puseram termo a este vil comércio. Na impossibilidade de comerciar em escravos, dirigiram-se as atenções europeias para os vastos campos incultos, e puseram ombros à agricultura, que então só era embrionária, compensando aliás generosamente os capitais empregados (da leitura deste parágrafo, compreende-se que a consideração do autor é dirigida ao desenvolvimento em geral do Império Português em África).

Enquanto a Guiné não for verdadeiramente conhecida, despida de temores devidos ao seu passado, enquanto as informações colhidas na metrópole não colocarem esta Província no seu verdadeiro pé, há-de vegetar e não viver, apesar das suas muitíssimas riquezas. Mandei confeccionar o recenseamento geral da população, através de mil dificuldades pelos atritos que tive de vencer”.

O documento é detalhado sobre o estado geral das infraestruturas e equipamentos, em dado momento o governador pormenoriza o estado da administração militar:

“A força militar da Província compõe-se do Batalhão de Caçadores 1 da África Ocidental e de uma Bateria de Artilharia. Em geral, a soldadesca é bastante eivada de vícios; nos angolanos predominam o da embriaguez e o crime de furto, nos cabo-verdianos a insolência e o desrespeito; os europeus são, talvez, os melhores, ainda que tragam já consigo uma bagagem pouco brilhante de faltas disciplinares. O angolano na paz não presta, em fogo é suportável, portando-se até com bravura; o cabo-verdiano, salvo excepções, é tímido e fraqueja no combate, pensa demais na família e arreceia-se pela morte. 

"O Batalhão, que veio transferido em condições muito más, por falta de quartel apropriado, sendo os soldados obrigados a dormir sob as árvores e comandados por oficiais que não tinham as verdadeiras noções do seu dever, ressentiu-se por muito tempo da pouca disciplina de então”.

Mostra-se muito preocupado com a efetiva colonização e explica ao Ministro o que pretende fazer para haver pacificação com os povos da Guiné e disciplina nas suas tropas:

“Posso garantir a V. Ex.ª que não há nada preferível para captar a confiança destes povos incultos a dar-lhes uma lição severa. Compreendem a força e entendem também a generosidade.

No princípio da ocupação de Bolama, quando a Guiné ainda era distrito, os Bijagós quando vinham a Bolama consideravam-se em país conquistado, e o saque era geral quando não havia a prevenção de fechar os estabelecimentos a tempo. Mais tarde, já na minha administração, sucedeu o que já tinha sucedido; os Bijagós vinham fazer o seu tráfico humilde e sisudamente já ninguém os receava; a pilhagem existia pela inversa, eram os soldados que roubavam os Bijagós, a ponto de não quererem estes vir a Bolama comerciar porque os interesses eram para a soldadesca, pelo furto de grande número de artigos.

A Bateria de Artilharia foi destinada a guarnecer as fortalezas da Província. O princípio era justo se a Província tivesse fortalezas. Bolama não carece delas; Bissau possui uma meio derrocada, que tem para mim o defeito de ter sido útil, está hoje a população da vila de S. José de Bissau sofrendo, sem necessidade, as consequências de uma aglomeração de gente e daquele espaço inutilizado em que as condições higiénicas da localidade são das piores possíveis; Cacheu possui apenas uns fortins desmantelados; Geba, semelhantemente; e só Buba e Farim é que têm um sistema de fortificação passageira.

A disciplina quanto a oficiais parece-me que devia ser o mais rigorosa possível, evitando-se que chegassem a oficiais superiores, ou mesmo a capitães, oficiais que têm estado na inactividade temporária por castigo, ou hajam cometido faltas que os obriguem à prisão”.

E depois destas considerações pormenorizadíssimas, o governador discreteia sobre a economia, fala das produções da Guiné ao tempo, a saber: mancarra, amêndoas de palma, arroz em casca, couros e goma. Dá informação de que o comércio estava todo entregue às casas francesas de Marselha e às situadas na Bélgica, o centro das operações era no Senegal, na Guiné estas casas comerciais apenas conservavam sucursais e os capitais lucrativos não eram empregados em benefício e para a prosperidade do território guineense.

Na continuação do seu relatório fala da administração da justiça, da instrução pública, da administração eclesiástica, chega mesmo a referir o número de freguesias, nove, e dotadas com seis padres, cinco dos quais eram missionários oriundos do colégio de Cernache do Bonjardim.

Revela-se muito inquieto com a situação existente no Forreá e a necessidade de proteger os Fulas-Pretos.

Este é o primeiro documento de um governador da Guiné, a Biblioteca da Sociedade de Geografia conserva outros documentos destes primeiros governadores, voltaremos ao assunto.

Honra-nos com imagens da vida Felupe a doutoranda Lúcia Bayan, que gentilmente oferece três fotografias do seu acervo e tece os seus comentários:

O chão Felupe, apesar de pequeno, tem características muito distintas, visíveis na instalação das tabancas, tipo de casas e na produção agrícola. Devido a estas características, os Felupe consideram o seu chão dividido em três zonas:


a) zona de mato (kajamutai) com 11 tabancas: Sucujaque, Tenhate, Basseor, Caroai, Varela Medina, Varela Iale, Catão, Cassolol, Edjatem, Budjim e Suzana.

Tal como o nome indica, esta zona tem muitas árvores, especialmente palmeiras e cajueiros, sendo por isso zona de produção de vinho de palma e de caju. As moranças são espaçosas e as casas com grandes varandas abertas. Há estradas e caminhos pelo que a comunicação entre tabancas é fácil e recorrente.


b) zona de areia (kassukai) com 5 tabancas: Edjim, Elalabe, Ossor, Bolor e Jufunco.

Esta é uma zona com poucas árvores, onde não há produção de vinho de palma nem de caju. Em vez disso, a população dedica-se à pesca e secagem de peixe e, na estação seca, produz tomate nas bolanhas. Estes produtos são depois vendidos nos mercados de Elia e Arame a mulheres que vêm propositadamente de Bissau. As moranças são menos espaçosas e as varandas das casas são fechadas com paus para diminuir a entrada de areia. Sendo zona de areia, o acesso é difícil, reservado apenas a carros com tração às quatro rodas. Por isso, não há estradas e a comunicação entre tabancas é feita essencialmente através de canoas.


c) zona da água (assumulô) com 3 tabancas: Arame, Elia e Jobel.

As duas primeiras tabancas estão situadas numa zona mista, isto é, com mato e água. Por isso, nestas tabancas há áreas de produção de vinho de palma e de caju. Jobel está totalmente situada na água. Esta tabanca é constituída por grupos de casas instaladas em pequenos montes que, durante a maré alta, parecem pequenas ilhas e algumas casas parecem mesmo assentes em palafitas. Em Arame e Elia, as moranças são muito dispersas. Na parte norte, zona de mato, a comunicação entre elas é feita por estrada e de canoa na parte sul, zona de água. Em Jobel a comunicação é feita apenas por canoa e depende das marés.

Fotos (e legendas): cortesia da doutoranda  Lúcia Bayan
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20519: Historiografia da presença portuguesa em África (194): A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (7): "As rotas da escravatura, 1444-1888”, por Jordi Savall (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20538: (in)citações (142): Homenagem aos nossos bravos "intendentes", Fernando Franco (1951-2020) e António Baía, os primeiros a falar-nos da tragédia de Cufar, de 2 de março de 1974


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné > Região de Tombali  > Catió >  Cufar > 2 de março de  1974 > Três fotos que documentam as brutais consequências do accionamento de duas minas, reforçadas, colocadas pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar e ao destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 (Cufar, 1973/74)...

A viatura, onde seguia o fur mil madeirense Pita da Silva e mais 1 militar do PINT 9288 e 3 civis, estivadores,   ficou completamente desfeita, tendo sido projectada a 100/150 metros (Foto nº 1)... Tiveram morte imediata o soldado caixeiro Rodrigo Oliveira Santos, mais os 3 guineeenses e houve 1 ferido grave, o fur mil Carlos Alberto Pita da Silva que, em consequência dos ferimentos sofridos, virá  a falecer no Hospital Militar de Bissau, duas semanas depois, a 17 março.

O soldado Rodrigo Oliveira Santos, de alcunha, o "Jeová", era natural da freguesia de Romariz, Vila da Feira; o furriel miliciano Pita da Silva nasceu no Funchal, Madeira.

Fotos (e legenda): © Fernando Franco (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Horror, impotência e luto (1)


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Horror, impotência e luto (2)



Guiné > Região de Tombali > Cufar > Porto do rio Manterunga > 2 de março de 1974 > Batelão ao serviço do BINT (Batalhão da Intendência, de Bissau), em chamas, depois de ter accionado uma mina reforçada.

Fotos obtida de "slides" do António Graça de Abreu, autor de Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (2007).

Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Mapa de Bedanda (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Cufar e do porto do rio Manterunga, afluente do Rio Cumbijã

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Foi a primeira vez, em 14 de outubro de 2006, na Ameira, por ocasião do nosso I Encontro Nacional, que eu ouvi falar da "tragédia de Cufar# (*)... O António Graça de Abreu chamou-lhe o "dia do Diabo" (**).

Foi no dia 2 de março de 1974, a um mês e meio do 25 de Abril... O 1º cabo aux enf António Baia, do PINT 9288,   assistiu a este episódio de guerra, "pura e dura"... Estava destacado em Cufar. O Fernando Franco, 1º cabo caixeiro, estava em Bissau.  O cmdt do PINT 9288, o alf mil João Lourenço, também estava em Cufar. Estes três camaradas entraram para a Tabanca Grande, o Baía e o Franco, logo em outubro  de 2006, o João Lourenço mais tarde, em maio de 2009 (***).

Foi o Franco e o Baia que, em conversa, na Ameira, me fizeram uma primeira descrição dos acontecimentos.  Depois o Franco mandou fotos: a foto nº 1, é impressionante, um jipe feito num rodilha, projetado a grande distância, na sequência da explosão de mina A/C reforçada...

Noutra das fotos pode ver-se a cratera originada pela explosão (Foto nº 3)... O Fernando Franco não sabia, na altura, se os dois soldados do seu pelotão que morreram, vieram ou não para o Continente, mas ele fez Guarda de Honra aos seus restos mortais, "até ao Hospital de Brá" [, HM 241].

Entretanto, um outra mina, reforçada com uma bomba da FAP (que não explodira, ao cair...), escondida no lodo, foi accionada por um batelão, ao atracar ao cais. O batelão, que levava carga da Intendência, incluindo bidões de combustível, pegou fogo e ficou destruído (Foto nº 2).

Houve vinte e tal mortos e desaparecidos, além de mais de um dúzia de feridos, todos civis, estivadores ao serviço da Intendência. (Estes mortos, sendo civis, não foram contabilizados como "mortos da guerra do Ultramar".)

Às vezes esquecemo-nos destes valorosos camaradas da Intendência que, à parte a fama (mas, quiçá, sem o competente proveito...) de nos  roubarem uma ou outra caixa de uísque ou de cerveja, também corriam riscos de vida nos seus destacamentos e nas viagens que faziam pelas rios e braços de mar da Guiné, acompanhando as colunas logísticas...

Nunca é demais lembrá-los (****)... Para mais, partiu, ontem, para a sua última morada, o "intendente" Fernando Franco, membro da Tabanca Grande da primeira hora, e que muitas saudades nos deixa,  a todos aqueles que, como eu, o  Carlos Vinhal, o Virgínio Briote e outros, o conheceram e que com ele conviveram, na Ameira, na Ortigosa, em Algés (na Tabanca da Linha)...

Fonte de informação: entrevista,  feita por LG, ao Fernando Franco a  ao António Baia, I Encontro Nacional da Tabanca Grande,  Montemor-o-Velho,  Ameira, 14 de Outubro de 2006...


2. O nosso "intendente" (, como eu gostava de chamar-lhe,) Fernando Franco esteve no BIG (Batalhão de Intendência Geral) em Bissau entre 1973 e 1974, numa CIAD (Companhia de Intendência de Apoio Directo).

Recordo que nos desencontrámo-nos no 10 de junho de 2006, em Belém, mas viemos a conhecer-nos, pessoalmente, na Ameira, a 14 de outubro de 2006.

No final de junho desse ano, ele já tinha feito a devida apresentação à nossa "tertúlia" (mais tarde, "Tabanca Grande"):

"Luís, conforme o pedido aqui vai uma fotografia de quando ainda era magro, em Bissau, onde estive, de 20 de abril 1973 a 11 de setembro 1974. Como podes ver pela data,  a minha unidade, CIAD, foi quase das últimas a sair da Guiné"... 

Enquanto ouvia o Adeus, Guiné... e o barco ou o avião não chegava... Na realidade, ele foi, a par do António Baía, outro "intendente", um dos últimos "soldados do Império".

A 4 de outubro de 2006, uns dias antes do nosso I Encontro Nacional, ele teve a gentileza de me mandar mais alguns dos seus dados curriculares:

(i) Fernando Alberto da Silva Franco nasceu em 1951 e foi criado em Lisboa, no bairro da Graça;

(ii) trabalhou e estudou de noite;

(iii)  na tropa, tirou a especialidade em Administração Militar;

(iv) embarcou para a Guiné como 1º Cabo Caixeiro (sic), integrado numa CIAD (Companhia de Intendência de Apoio Directo), em 20 de abril de 1973;

(v) a sua comissão foi até mesmo ao fim da nossa presença na Guiné: regressou a casa a 11 de setembro de 1974;

(vi) "casado há 32 anos", tinha  "um casal de filhos e mais recentemente uma netinha";

(vii) profissionalmente passara pela "área de escritório e contabilidade";  nestes últimos 16 anos, estivera na área dos camiões pesados (compras de material), "e actualmente  [, em 2006,] estou no desemprego, ou à espera da reforma";

(viii)  morava na altura, na Venda Nova, Amadora;

(ix) acabou de morrer  no IPO de Lisboa, no início deste ano.


3. Outro camarada da Intendência, que eu conheci em 14 de outubro de 2006, na Ameira, foi o António Baía,  1º cabo aux enf, no  PINT 9288.  

Era um grande amigo do Fernando Franco, cujo endereço de e-mail partilhava, na altura. Rezava assim a sua biografia:

(i) nasceu em Beja em 1951;

(ii)) trabalhou  como serralheiro até assentar praça na mesma cidade em janeiro de 1972;

(iii) de seguida foi tirar a especialidade de enfermeiro em Coimbra, acabando por seguir para a Guiné, em abril de 1973, integrado numa Companhia de Intendência, com sede em Bissau;

(iv) o seu pelotão foi destacado para Cufar (PINT 9288 – Cufar, Os Pioneiros, 1973/74);

(v) regressando a casa também  em 11 de setembro de 1974;

(vi) casado,  disse.nos [, em 2006,] que tinha "um rebento do melhor que se pode pedir",  filho Bruno;

(vii)  "profissionalmente e após findar o serviço militar", ingressara como funcionário no Ministério Justiça,  mas em 2006  já estava aposentado;

(viii) morava [, em 2006,]  nos Moínhos da Funcheira, Amadora.
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

16 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)

16 de novembro de  2006 > Guiné 63/74 - P1283: Os nossos intendentes, os homens da bianda (Fernando Franco / António Baia)

(**) Vd. poste de 12 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5258: A tragédia de Cufar, sábado, dia do Diabo, 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

Vd. também postes de:

21 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8933: Memória dos lugares (158): Cufar e o porto do rio Manterunga, extensão do inferno na terra : 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

22 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11610: Efemérides (126): "O dia em que Satanás andou à solta"! Cufar, 2 de Março de 1974 (António P. Almeida, Pel Rec Fox, 8870/72)

2 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12787: Efemérides (150): Cufar, 2 de março de 1974: Horror, impotência, luto... (Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)

2 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14314: Efemérides (181): Recordando o dia 2 de Março de 1974, dia de horror, impotência e luto em Cufar (Armando Faria)

(***) Vd. poste de 19 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4377: Tabanca Grande (145): João Lourenço, ex-Alf Mil do PINT 9288 (Cufar, 1973/74)

(****) Ùltimo poste da 20 de dezembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20473: (In)citações (141): Morreu a G3, viva a G3 (, substituída agora pela SCAR) (fotos de Jacinto Cristina, e versos de Albino Silva)

Guiné 61/74 - P20537: Parabéns a você (1737): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor:

Último poste da série de 7 de Janeiro de 2020 >  7 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20535: Parabéns a você (1736): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20536: O nosso blogue em números (64): em 2019, tivemos 5819 comentários, uma média de 4,9 comentários por poste... Voto para 2020: manter a média anual dos útimos 15 anos, que é de 4 comentários por poste!




Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. O número de comentários, em 2019,  num total de 5819 (excluindo todas as mensagens SPAM) foi  bastante superior ao ano anterior, cujo total não chegou aos 4 mil (Gráfico nº 6). A dividir por 1192 postes, temos uma média de 4,88 comentários por poste, no ano  que agora finda (Gráfico nº 7).

O nosso recorde é 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes,  com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente...  A partir daí, a participação dos nossos leitores terá vindo a diminuir, até 2018, ano em que parece iniciar-se uma tendência de recuperação.

No ano em que comemorámos os 15 anos de existència do blogue, registamos uma recuperação do nº comentários por poste, que se situou acima da média registada em 2015, que era de 4 por poste (**). Considerando os nossos 15 anos de existência (2004-2019), a média anual de comentários por poste anda pelos 4 (, em rigor, 3,9).

Os 80 339 comentários registados no nosso blogue estão "limpos" de SPAM (mensagens não desejadas, publicitárias e outras), que é uma das pragas com que tivemos de lidar no passado. O nosso servidor, o Blogger, tem um sistema muito eficiente de filtragem de mensagens não desejadas, na caixa de comentários, se bem que isso possa inibir ou desmotivar alguns leitores, menos familiarizados com este procedimento.

Só por curiosidade: até ao final de 2019, tivemos em rigor 149 mil comentários, dos quais, no entanto,  69 mil (c. 46,3%) eram "lixo" (SPAM), detetado pelo Blogger... Para efeitos do nosso movimento bloguístico, só conta os 80,3 mil comentários "limpos"...


2. Recorde-se que qualquer leitor, mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google, pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome. Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Nâo sou um robô"... 

O ideal é, pois,  usar a conta do Google (, basta só criar uma conta, o que é gratuito): quase toda a gente, hoje em dia, tem um endereço de @gmail... Os comentários dão mais vida ao nosso blogue!... E sáo a prova de que estamos vivos!
Recorde-se que uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores. Por outro lado, alguns leitores queixam-se de terem perdido extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto em word, à parte e no fim, fazer "copy & paste"... É mais seguro. 

Bom amo Vinte-Vinte, para os nossos leitores. com votos de que apareçam mais vezes, a comentar os nossos postes.

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Vd, postes anteriores:

5 de janeiro de  2020 > Guiné 61/74 - P20528: O nosso blogue em números (63): em 2019, o número de visualizações de páginas foi de 770 mil (, cerca de 2210 por dia)

4 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20525: O nosso blogue em números (62): em 2019 publicámos 1192 postes, uma média de 3,3 por dia... A nossa produção tende agora a estabilizar-se, depois de ter vindo a decrescer desde 2010 (, ano em que batemos o recorde, com 1955 postes, ou seja, cerca de 5,4 por dia)

Guiné 61/74 - P20535: Parabéns a você (1736): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20530: Parabéns a você (1735): Paulo Santiago, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20534: Notas de leitura (1253): Um relato que se vai aprimorando de edição para edição: Liberdade ou Evasão, por António Lobato (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Dezembro de 2019:

Queridos amigos,
A narrativa do Major Lobato melhora de edição para edição, estou consciente que este aprimoramento vem da reflexão a que ele tem procedido, o que dá um caráter mais intimista à história do seu cativeiro. E, no entanto, somos agarrados sem qualquer possibilidade de despegar a nossa atenção tão avassaladora, veja-se logo aquela aterragem que lhe salva a vida em condições excecionais:  

"O ponto de contacto com o solo confirma-me a justeza do planeamento, mas surge um imprevisto que do ar foi impossível de detectar - o terreno não é totalmente liso; sulcos profundos, espaçados metro a metro, cortam-no de lés a lés. É uma bolanha, terreno preparado para a cultura do arroz. Ao intradorso das asas do T-6 estão suspensas duas metralhadoras Browning, saliências que, ao entrar nos sulcos da bolanha, oferecem uma forte resistência ao deslizar do avião no solo. Atendendo a que este tipo de aterragem é feito com o trem recolhido, o entrar das metralhadoras num dos sulcos teve o efeito de arrancar instantaneamente as asas à aeronave. Fico sentado dentro de um charuto que rebola agora dentro de si mesmo, ao longo do terreno".

E assim vai começar o cativeiro, o mais longo cativeiro da guerra. Um relato superior, de um homem que soube superar a adversidade, que procurou fugir, mas que teve que esperar pela Operação Mar Verde para ser restituída a liberdade.

Um abraço do
Mário


Um relato que se vai aprimorando de edição para edição:
Liberdade ou Evasão, por António Lobato (1)


Beja Santos

António Lobato foi o mais longo cativeiro da guerra colonial. No prólogo das diferentes edições do seu livro, dá-nos uma síntese dos acontecimentos e da situação que viveu, nestes termos precisos:

“Em 1963, no céu português da Guiné, dois aviões da Força Aérea colidem na sequência de uma missão de ataque ao solo e após um deles ter sido atingido por projécteis inimigos.

Um dos aparelhos despenha-se em plena selva e o piloto morre; o outro, aterra de emergência numa bolanha e o piloto, depois de agredido à catanada pela população local é capturado por guerrilheiros do PAIGC e conduzido à vizinha República da Guiné Conacri. Aí, é-lhe facultado optar entre e deserção e a cadeia.

Optando pela fidelidade aos princípios do seu povo, é encarcerado na temível Maison de Force de Kindia, com o rótulo de criminoso de guerra.

Durante sete anos e meio é submetido a maus-tratos, subnutrição, isolamento e contínuas ameaças de morte pelos agentes de um governo pró-soviético chefiado por um dos maiores tiranos da África Ocidental – Sékou Touré.

Tenta três vezes a evasão, mas só na última consegue respirar, durante uma semana, o ar fresco da liberdade. Percorre cerca de noventa quilómetros em plena selva, atravessando a cadeia montanhosa do Futa Djalon em direção à Guiné Portuguesa. Ao sexto dia, é recapturado e reconduzido à prisão de onde partira.

Ao cabo de mês e meio de total isolamento, é transferido de prisão e libertado, tempos depois, durante a Operação Mar Verde, chefiada pelo Comandante Alpoim Calvão.

É por instâncias de familiares e amigos, por dever de cidadania e para comemorar os vinte e cinco anos do regresso à liberdade que hoje se propõe condensar em curtas páginas, não apenas os horrores, mas sobretudo algumas das vias possíveis de sobrevivência no meio hostil e o consequente enriquecimento da pessoa humana, quando, perante situações-limite, consegue vencer-se a si próprio”.

Não se irá aqui cotejar as inúmeras alterações introduzidas de edição para edição. O que se pretende relevar é a melhoria substancial da qualidade literária e a introdução de um processo intimista, em edição recente, António Lobato revela as estratégias de que se socorreu para que a tremenda solidão da clausura não o destruísse, pelo menos moral e psicologicamente.

Fala-nos da sua juventude transmontana em Paderne, como se alistou jovem na Força Aérea, depois temos o curso de pilotagem em S. Jacinto, a fase básica na Base Aérea n.º 1 em Sintra, em 22 de maio de 1958, um acidente quase que o ia matando, após dois meses de imobilização, e ao fim de cerca de oito meses de treino intensivo, ei-lo pronto para voar mais alto. Tem 21 anos e é-lhe confiada a tarefa e a responsabilidade de ensinar outros a voar. E, como ele escreve, em 1960 rebenta a guerra colonial.

 A Força Aérea não possui na Guiné qualquer tipo de estrutura. Em julho de 1961, em companhia de um outro camarada, seguirá para a Guiné em missão de soberania. Em 19 de setembro de 1961 descola pela primeira vez da pista de Bissalanca aos comandos de um T-6. Descreve com incisão e economia todos estes acontecimentos, casa-se, regressa à Guiné com a mulher e em 21 de maio de 1963 parte em missão para a Ilha do Como, um acidente obriga-o a uma aterragem de emergência, aterra no Tombali, é ferido e levado por guerrilheiros do PAIGC para território da Guiné Conacri.

Não é despiciendo observar como naquela região do Tombali há população afeta ao PAIGC e os guerrilheiros movimentam-se com certo à-vontade. A guerrilha tinha capturado um barco da Sociedade Comercial Ultramarina, de nome Bandim, transportará Lobato para o cativeiro. É bem tratado em Sansalé, tem feridas graves na cabeça e num braço. Seguem no Bandim até Boké. Segue-se um prolongado interrogatório. É interrogado, pretendem saber qual o regime político em Portugal, o que ele sabe da situação colonial, Lobato remete-se ao silêncio, depois de ter dado os seus dados militares, depois de uma longa viagem entra na Maison de Force de Kindia.  

“Entramos num hexágono aberto para o céu, com duas portas em cada um dos seis lados. Encaminham-me para a direita e indicam-me uma dessas portas, em ferro maciço, com o número 7 ao centro, encimada por uma grelha, feita em varão de diâmetro não inferior a 3 centímetros. Entro e a pesada porta fecha-se atrás de mim com aquele ruído sinistro das portas de todas as prisões do mundo. Dou quatro passos e chego ao fim do espaço de que posso dispor. Do lado direito, fazendo corpo com a parede e até dois terços de comprimento, ergue-se, até à altura de sessenta centímetros, um bloco maciço de cimento armado sobre o qual assenta um velho colchão de pano cheio de palha. Depreendo que é a minha cama. Não sei bem porquê, mas sinto um forte cansaço. Sinto-me deprimido como antes nunca me tinha sentido. Apetece-me chorar. Atiro-me para cima da palhaça e não consigo conter os soluços que me sufocam. Choro tudo o que tenho a chorar e adormeço no cume da infelicidade”.


Major António Lobato no programa Prós e Contras, em 2007, com a devida vénia

Segue-se a descrição do dia-a-dia, ele é o prisioneiro da cela n.º 7, falam-nos do currículo de Sékou Touré e como ele mantém o seu regime de terror; vamos saber como é a sua cela, a degradação a que vai ser sujeito, o início da sua luta para se manter corajoso. A condição física começa a dar sinais de ruína, como ele próprio comenta:  

“Porque não como uma boa parte das magras refeições, sinto que vou perdendo, lenta mas seguramente, toda a pujança da juventude; porque não me é fornecido qualquer tipo de medicamento, começa a ter fortes ataques de paludismo; porque a alimentação é pobre demais, a cárie dentária torna-se num flagelo; porque permaneço imóvel horas sem fim, começo a ter problemas de bexiga, a urinar pus e a sentir dores de barriga e cólicas insuportáveis. Os ataques de paludismo surgem a uma cadência semanal e manifestam-se por acessos de frio, que me obrigam a bater os dentes durante horas, seguidos de vagas de calor, que me deixam exausto e banhado em suor. As dores de dentes, por vezes são tão intensas que me perturbam a visão e provocam vómitos e tonturas próximas do desmaio. A degradação do meu estado físico, se, por um lado, é dolorosa e me perturba a mente, por outro, prende-me o pensamento ao corpo e não me deixa grandes hipóteses de fuga em busca de recordações bem mais amargas que as dores da carne”.


A última edição que conheço desta obra data de 2014, DG Edições, Linda-a-Velha.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20523: Notas de leitura (1252): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (39) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20533: O nosso blogue em números (64): em 2019 entraram apenas 18 novos membros da Tabanca Grande... Somos agora 801 (dos quais 77 falecidos)... Começa a ser difícil recrutar, doravante, novos membros à medida que a nossa idade avança... Já os amigos do Facebook são mais de 3 mil...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. No final de 2019, a Tabanca Grande contava com 801 membros, também designados como "grã-tabanqueiros" ou "tertulianos", sentados simbolicamente à volta de um sagrado e protetor poilão... 

Em 2018 eram 783, e em 2017 eram 765... Quer dizer que em cada um destes dois anos entraram 18 novos membros (Gráfico nº 3).(*)

Nestes últimos dois anos, a média mensal é, pois, de 1 admissão e meia...

 De 2009 (n=390) a 2012 (n=595), o crescimento médio mensal era alto (c. 5,7). De então para cá, esse indicador tem vindo a diminuir: de 2013 a 2019 é agora de apenas 2,3 por mês.

Comparando os últimos 7 anos (2012-2018), tivemos um média anual de c. 26,9 entradas para a Tabanca Grande.

Em 188 meses, ou seja, 15 anos e 8 meses da nossa história  tivemos em média, 4,26 novos membros por mês, o que é notável. (**)

2. Este ano que findou, tivemos menos "baixas" do que nos anos anteriores (2018 e 2017). Foram 4 os camaradas que "da lei da morte já se libertaram", e cuja memória vamos continuar a honrar e a manter viva:

Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)
Jorge Rosales (1939-2019)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)

Em 2018 e 2017 faleceram 18 camaradas. Chegados ao fim do ano de 2019, temos um total de 77 amigos e camaradas da Guiné entretanto falecidos, desde 2007, ano em que morreu o nosso primeiro grã.tabanqueiro, o José Neto (1929-2007). Nestes 77 incluí-se o mais recente, já falecido este ano de 2020, o Fernando Franco (1951-2020).

3. Em 2019 conseguimos alcançar a meta (desejada)  das 8 centenas de amigos e camaradas da Guiné. Mas começa a ser difícil recrutar, doravante, novos membros à medida que a nossa idade avança...

Não confundir, no entanto, membros da Tabanca Grande, formalmente registados (n=801), com amigos do Facebook, da nossa página Tabanca Grande Luís Graça. Hoje são 3033, o ano passado eram 2813. Entraram, portanto, 220.

O processo de adesão de uns e outros é diferente: o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné acolhe essencialmente ex-combatentes que estiveram no TO da Guiné, entre 1961 e 1974, e que querem partilhar memórias do tempo da sua comissão de serviço (fotos, histórias, depoimentos, etc.).

Por outro lado, o blogue tem um conjunto regras editoriais que os membros da Tabanca Grande têm de respeitar. No entanto, há uma série de "amigos do Facebook", ex-camaradas da Guiné, que bem poderiam integrar o nosso blogue... Para isso basta, contactar os editores por email, pedindo expressamente a sua entrada no blogue da Tabanca Grande [leia-se: como membros do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. 

Junto com o pedido, exige-se duas fotos (uma atual, à paisana, e outra do "antigamente", fardado) e duas linhas de apresentação: sou o fulano tal, estive na companhia tal, no período tal, passei pelos sítios tais e tais...
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Guiné 61/74 - P20532: In Memoriam (361): Fernando Alberto Silva Franco (1951-2020), ex-1.º Cabo Caixeiro do PINT 9288 (Guiné, 1973/74)

IN MEMORIAM


Fernando Alberto Silva Franco (1951-2020)

1. Ontem cerca da meia-noite, chegava às nossas caixas de correio a notícia há algum tempo esperada mas que não queríamos receber, enviada pelo Hélder Sousa:

Caros amigos 
Desta vez cabe-me cumprir o dever de informar do falecimento do Fernando Franco, homem do Blogue, participante no 1.º Encontro. 

Estava mal, a piorar desde há algum tempo e acabou por falecer no IPO em Lisboa. 
A notícia foi-me dada por um amigo comum o António Fernandes Costa (o "Tony" como eu lhe chamo desde que foi meu instruendo em Abril/Maio de 1970 no RTm no Porto e incorporando o Agrupamento de Transmissões mais tarde em Bissau).

O velório será amanhã, dia 6 de Janeiro a partir das 16:00 na Igreja de Benfica com funeral dia 7 de Janeiro com celebração às 13:30 na referida Igreja e saída do corpo para os Olivais às 14:00. 

Uma tristeza.
Hélder Sousa


2. Comentário do editor CV:

Vou ter saudades daquela voz cava a saudar: Olá, companheiro...

Desde que nos conhecemos na Ameira mantivemos um contacto permanente, à distância "vi" crescer a sua neta Mafalda (a Mafaldinha) e soube do nascimento dos seus dois netos, quase seguidos, e mais tarde de mais outro neto.

Ia-me dando conta das suas maleitas, as próprias da nossa idade, até que um dia me deu a trágica notícia de que padecia de uma doença terminal, com prazo de vida muito curto, estupidamente, digo eu, prognosticado cruamente por um dos médicos que o assistiu.

Encarou com alguma serenidade, pareceu-me à distância, a doença que o vitimava, mantendo a esperança de conseguir viver mais anos dos que lhe havia sido indicado.

Falei com ele a última vez no dia 31 de Dezembro passado e achei-o muito debilitado, mas longe de pensar que o seu fim estaria tão próximo.

Para a Guida, sua esposa; filhos; netos; irmão e demais familiares, deixo em meu nome pessoal as mais sentidas condolências, na certeza de que comigo estão os editores e a tertúlia do nosso Blogue, e em especial os camaradas que o conheceram pessoalmente.


3. Lembramos que o seu Corpo estará em Câmara Ardente hoje a partir das 16h00, na Igreja de Benfica e que o seu funeral será amanhã, dia 7, pelas 14h00, antecedido por Missa de Corpo Presente pelas 13h30.


4. Em preito de homenagem ficam aqui algumas fotos de Fernando Franco que seleccionamos:


Bissau, 1973

Bissau, 1973

Ameira, 2006 > I Encontro da Tertúlia > Fernando Franco e a sua inconfundível barba

Ortigosa, 2008 > Fernando Franco; David Guimarães e Carlos Marques Santos (também falecido recentemente)

Ameira 2006 > O Encontro dos Encontros > Fernando Franco escuta com a maior atenção o nosso baladeiro/fadista, grande camarada e amigo, Vacas de Carvalho.

Ortigosa, 2009 > Fernando Franco com o seu antigo Comandante, o ex-Alf Mil João Lourenço. De pé o camarada António Santos

Ameira, 2006 > António Baia, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro e Fernando Franco, ambos militares do PINT 9288

Lisboa, 10 de Junho de 2007 > Os camaradas Vacas de Carvalho, Fernando Franco e Hugo Moura Ferreira

Lisboa, 2008 > Minitertúlia do PINT 9288 > António Baia e Fernando Franco ladeados por dois camaradas de Pelotão

Ortigosa, 2009 > Fernando Franco com a sua Guida, com quem se fazia acompanhar sempre que participava nos Encontros Nacionais da Tertúlia.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20520: In Memoriam (360): Carlos Marques dos Santos (1943-2019): "O meu pai chegou, no último dia do ano, à sua última morada, onde agora descansa... Que 2020 me dê a coragem de aprender a viver sem ele...O vosso camarada faria hoje, 5ª feira, 77 anos... Ergam uma taça por ele!" (Inês Santos)

Guiné 61/74 - P20531: Efemérides (317): "Cantar & pintar os reis" na aldeia serrana de Pereiro, Cadaval, 5-6 de janeiro de 2016, com o Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge, João Batista, Esmeralda, Alice, Luís Graça e Dina...


Numa da casas da aldeia de Pereiro, que abre as suas portas a todos os "reiseiros", sejam os de dentro ou os de  fora... E são muitos, alguns "reiseiros" foram-no pela primeira vez, como eu e a Alice (na foto, à direita, em segundo plano), os "condes da Lourinhã".

Do lado esquerdo, de boné, por causa do frio da noite, o nosso saudoso camarada Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), o "visconde do Vimeiro",  um dos quatro camaradas, membros da Tabanca Grande, que perdemos em 2019, e cuja memória prometemos honrar e manter aqui viva:

Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Jorge Rosales (1939-2019)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)

Na foto, ao lado do Eduardo, está o nosso amigo comum João Tomás Gomes Batista, o "barão de Óbidos" (, engenheiro técnico agrícola, safou-se da guerra colonial, mas estagiou em Angola, enquanto aluno da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém; é natural do Bombarral, é empresário em Óbidos).


Faltava, na foto, o "marquês do Seixal",  Jaime Bonifácio Marques da Silva, nosso grã-tabanqueiro, que também alinhou nesta noitada, e que não ficou na foto por mero acaso; mas tínhamos a Dina, sua esposa, em primeiro plano, à direita, e a Esmeralda, sua irmã mais nova, ao centro.



O "duque do Cadaval", o Joaquim Pinto Carvalho, que é natural do Cadaval, fora também convidado (ou, melhor, "desafiado"), mas não pôde comparecer por razões de agenda. Os duques têm sempre agendas mais complicados do que os marquese, condes, viscondes e barões...

Foto: © Eduardo Jorge Ferreira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se a origem desta história que é bonita: na véspera de partir para a Guiné, em 1973, o Eduardo (, voluntário na FAP, foi ex-alf mil, da polícia área, BA 12, Bissalanca, 1972/74,) descobriu aqui essa tradição da serra de Montejunto: os BRM (os "bons reis magos") cantam-se, há muito, em duas aldeias, Avenal e Pereiro, do concelho de Cadaval (e, ao que parece, também, do outro lado da serra de Montejunto, na Ota, em Alenquer). 

Foi à aldeia de Pereiro, pela primeira vez, na noite de Reis, na véspera de partir para a Guiné.  Ficou encantado pelo calor humano e a a hospitalidade daquela gente serrana. E prometeu lá voltar, no regresso a casa, são e salvo.

Nestas duas aldeias serranas  do lado ocidental das faldas de Montejunto, Pereiro e Avenal, em todas as casas onde há vivos, e que abram as suas portas aos "reiseiros",  são feitas pichagens (hoje com spray e com moldes), com  as seguintes inscrições BRM ["Bons Reis Magos"] + estrela de David + ano. E, claro, cantam-se os reis, e abrem-se as adegas.


Há uns anos atrás, o Eduardo (que vivia em A-dos-Cunhados, Torres Vedras) voltara a Pereiro, conforme o prometido,  para o "cantar & pintar os reis"... E no início de 2016 desafiou alguns amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, de que ele era o régulo. 

Confesso que foi das noites mais lindas que passámos juntos, em vida dele.



Encontrámo-nos no Vimeiro, ao fim da tarde, do dia 5 de janeiro de 2016 (*). Jantámos no Restaurante Residencial Braga, e dali partimos para a serra (menos de 25 km, cerca de meia hora de carro)... Ao chegar a Pereiro, concluímos logo que  fora uma grandessíssima asneira jantar no Vimeiro: em dia de Reis, no Pereiro, come-se e bebe-se toda noite, anda-se em bando, de casa em casa, que as portas estão escancaradas!... Tudo à borla!... Só tem que se comprar o copo de barro, que anda ao peito, com uma fita (, vd. foto acima,) para não se perder!... É uma noite de fraternidade e de festa!...

Infelizmente, este ano o Eduardo já não foi à aldeia do Pereira "cantar e pintar os reis", como o fazia religiosamente todos os anos, desde do regresso da Guiné, "são e salvo"...  Este ano ele já não foi "reiseiro"... A morte surpreendeu-o, estupidamente, na Clínica da CUF em Torres Vedras, na sequência de uma vulgar cirurgia ambulatória!... Em 23 de novembro de 2019... Que raiva!... 


Este ano pensei em ti, meu "reiseiro", e tive pena de não ter forças (e oportunidade) para te substituir na aldeia do Pereiro, pegar no teu "testemunho" e honrar a tua memória (**)... 


Fica esta dívida por saldar, mas vamos ver se para o ano, a "nobreza" toda do Oeste, ou pelo menos os teus amigos e camaradas mais chegados, os "duques do Cadaval" (o Joaquim Pinto de Carvalho e a Céu), o "marquês do Seixal" (o Jaime Sikva) os "condes da Lourinhã" (, eu e a Alice), o "barão de Óbidos" (o João Batista), e outros mais, "nobres" e "plebeus", que se queiram juntar, conseguem "arranjar agenda" para te poder homenagear, em Pereiro, na noite de 5 para 6 de janeiro de 2021...  


Para Ribamar, em 12 de outubro de 2020, segunda-feira da festa de N. Sra. de Monserrate, já temos lugar marcado!... E até os "reis de Nova Iorque", o dom João Crisóstomo e a dona Vilma Kracun, virão de propósito, das luzes da ribalta, para se juntar a nó
s!... E tu não vais faltar, meu querido amigo e camarada Eduardo!... E a tua São também vai lá estar, e pelo menos um dos teus filhos gémeos (, o que estiver mais perto, o João, que o Rui está em Inglaterra, não é isso ?!).


2. Homenagem ao "reiseiro" Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)(*)



Em louvor dos "reiseiros" de Pereiro, Cadaval, Montejunto!


por Luís Graça


Que importa a noite fria de janeiro,
Se o desafio é ir a Montejunto,
Os Reis cantar na aldeia de Pereiro
E a amizade celebrar em conjunto?!

E a amizade celebrar em conjunto,
Homens e mulheres, velhos e moços,
E, se não houver salpicão nem presunto,
Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços.

Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços,
Que o Eduardo Jorge é o nosso guia,
Em voltando da Guiné com todos os ossos,
Prometeu que a Pereiro voltaria.

Prometeu que a Pereiro voltaria.
Lá nas faldas daquela bela serra,
As janeiras cantar com alegria,
Com mais alguns camaradas de guerra.

Com mais alguns camaradas de guerra,
Qual frio, qual carapuça, qual nevoeiro,
Viemos de longe cantar os reis nesta terra,
Que Portugal hoje chama-se Pereiro.

Que Portugal hoje chama-se Pereiro,
E tem da brisa atlântica um cheirinho,
Pode não haver, como no Norte, o fumeiro,
Mas há o branco, o tinto e o abafadinho.


Mas há o branco, o tinto e o abafadinho,
E quem canta e pinta os reis é reiseiro,
Nesta noite é rei, e não está sozinho,
O nosso Eduardo, grã-tabanqueiro.

Pereiro, Vilar, Cadaval
5-6 de janeiro de 2016. 
Revisto hoje, dia de Reis.


2. Excerto so sítio Câmara Municipal de Cadaval > Eventos >  Cultura > Cantar e Pintar de Reis



(...) O Cantar e Pintar de Reis é uma tradição originária das aldeias serranas do concelho do Cadaval (e também de Alenquer), que pretendia ser um voto para o novo ano, o qual, no calendário romano se inicia a 6 de janeiro.

Como manda a tradição, na madrugada de 5 de Janeiro (a partir das 22 h aprox.), um grupo munido de lanternas, pincéis e tintas voltará a percorrer as ruas das aldeias de Avenal e Pereiro, assinalando as casas com símbolos tradicionais, enquanto, atrás, segue uma multidão espontânea, reunindo comunidade e visitantes, cantando versos essencialmente alusivos aos reis Magos, bem como aos proprietários das casas que vão pintando. Em cada casa, far-se-á a habitual paragem para comer e beber. A festa durará, como sempre, até de madrugada e enquanto o público resistir.

É habitual no dia seguinte, realizar-se um “almoço de reis”, pelas respetivas coletividades locais.


Vale a pena participar, partilhando do espírito e do calor humano da população destas aldeias e contribuindo para manter viva esta tradição tão profundamente implantada no concelho do Cadaval. (...)


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16925: Manuscrito(s) (Luís Graça) (108): Com o Eduardo Jorge Ferreira, o Jaime Bonifácio Marques da Silva e outros amigos da Tabanca do Oeste, cantando as janeiras em Pereiro, nas faldas da serra de Montejunto


(**) Último poste da série > 6 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20419: Efemérides (316): Foi há 50 anos que desembarquei em Bissau: fomos para a guerra, privilegiámos a paz! (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

Guiné 61/74 - P20530: Parabéns a você (1735): Paulo Santiago, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Janeiro de 2020  > Guiné 61/74 - P20526: Parabéns a você (1734): João Meneses, ex-2.º Tenente FZE do DFE 21 (Guiné, 1971); Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil Art do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCAV 489 (Guiné, 1963/65)

domingo, 5 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20529: Blogpoesia (654): "Parecem pardais...", "Que sabemos nós?..." e "Clamor ao vento", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


Parecem pardais...

Esvoaçam ideias na mente.
Parecem pardais buscando um ninho.
Lhes abro as portas e poisam tão leves.
Vêm cansadas. Querem brilhar.
As lanço ao caminho.
Mensagens de paz.
Harmonia e justiça.
Corram o mundo tão seco e carente.
Sejam sementes.
Dêem fruto. Germinem.
Cubram de verde e de pão os campos famintos.
Regalem tristezas.
Reine a paz.

Berlim, 31 de Dezembro de 2019
9h7m
Jlmg

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Que sabemos nós?...

Que sabemos nós do Universo?
Desvendar os seus segredos é tarefa ingente que nunca atingirá o fim.
Que sabe a humanidade sobre a vida nas galáxias?
Dos átomos e das moléculas,
Suas leis, milimetricamente, respeitadas.
A teoria quântica e a de Einstein.
Centelhas ínfimas dum mundo imenso.
Por muito brilhantes, nos deixam na ignorância.
Qual o papel do homem no seio dele?
E, perante ele, que valor tem e capacidade o poder da nossa mente?
Com ela, fomos capazes de poisar na Lua e chegar a Marte, depois de dois milénios de reflexão.
Mas não sabemos como funciona e o verdadeiro papel da nossa consciência…

Berlim, 2 de Janeiro de 2020
20h30m
Jlmg

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Clamor ao vento

Brado ao vento invista sua fúria a afugentar o mal do mundo.
Um vendaval apague de vez a perversidade das consciências.
A violência dum tornado reduza a pó todos os castelos da corrupção na terra para que a justiça reconquiste, de vez, a humanidade.
Dissipe todas as núvens que obscurecem as inteligências dos poderosos e aviltam suas vontades.
Destroce todos os exércitos sanguinários que, pelo mundo, sacrificam a vida e os sonhos de inocentes.
Reine para sempre a paz e a bonança da prosperidade de todos os povos.

Berlim, 4 de Janeiro de 2020
9h21m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20509: Blogpoesia (653): "Noite de Natal", "Depois do Natal" e "Com açafates", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P20528: O nosso blogue em números (63): em 2019, o número de visualizações de páginas foi de 770 mil (, cerca de 2210 por dia)



Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)



1. O nosso blogue atingiu, no final do ano de 2019 (*), os 11,6 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de "visitas", o que não é exatamente igual a "visitantes"...), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger: 


(i) 1,8 milhões desde o início do blogue, em 23/4/2004 até maio de 2006;

 e (ii) 9,8, milhões, desde então até 31/12/2019 (Gráfico 2).

 Em 2019  são 770 mil,  10 mil mais do que em 2018.  De 2011 a 2019, temos um média anual de cerca de um milhão, ou pouco menos:  955 mil (**)

Importa recordar que, no início do blogue, no período de abril de 2004 a maio de 2010, tínhamos um outro contador; o saldo acumulado de visualizações de páginas não transitou automaticamente, a partir de maio de 2010. Quando o Blogger disponibilizou um contador, começou a contagem no zero....

Em 2018, tinhamos menos de 800 mil visualizações de páginas / visitas (, em rigor, 760 mil), o que dava  média diária de 2080. 

Em 2019, com um total de 770 mil visualizações, a média diária é ligeiramente superior: 2110 visualizações por dia / cerca de 88 por hora / cerca de 1,5  por minuto.

2. Não podemos desagregar este número pelos meses do ano. Mas sabemos que o movimento é variável conforme os meses, as semanas, os dias e as... horas (Gráfico nº 4).

Sabemos, pela experiência passada, que os dias com menor movimento são ao fim de semana (sábado e domingo) e aos feriados (, por exemplo, neste período, foi o Dia de Natal, o que registou menos visitas; em 2018, foi o último dia do ano).

E  os dias com mais movimento são os do início da semana (segunda e terça-feira). Também sabemos que, em geral, depois do almoço e depois do jantar há mais movimento, mas isso tende a mudar com a generalização  das Redes Sem Fio e da Internet móvel.


Gráfico nº 4 - Evolução diária das visualizações do blogue no período de 6/12/2019 a 3/1/2020 (à 19h30). Total de vizualizações: 76 288. Total de comentários: 391. As visualizações variavan entre as 7 917 (em 14/12/2019) (Máximo) e as 1040 (em 25/12/2019).

Fonte: Adapt de Blogger (4/1/2020, 19h00)

Guiné 61/74 - P20527: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (2): o elogio do arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club", restaurante e bar de tapas, Praia da Areia Branca, Lourinhã


Lourinhã > Praia da Areia Branca > O Arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club"




Lourinhã > Praia da Areia Branca >  O elogio do Arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club"


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em fevereiro de 2018, já lá vão quase dois anos, inaugurámos uma nova série: "No céu não há disto...Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande"... 

Com muita pena minha, vejo que os nossos "vagomestres' andam falhos de inspiração ou, mais provavelmente, "cansados da guerra"... Como nós todos!... Esperavam-se sugestões, para a construção do roteiro gastronómico da Tabanca Grande... Mas não vieram. Fartos de coer "estilhaços de frango" ou "esparguete de cavala" estamos nós...

Lembrei-me desta série porque há dias, no último dia do ano, levei os meus cunhados do Porto, o Gusto e a Nitas,  a visitar a Quinta da Bacalhoa -. Adega / Museu + Palácio,  logo de manhã, às 10h00, e no regresso fomos comer um peixinho grelhado (garoupa e linguado) no "Baluarte de Sado" (*)...

Às vezes, a nota da "segunda vez" não é tão boa como a da "primeira"... Neste caso, repito o elogio que fiz no poste que inaugurou esta série (*)..

2. O que me traz aqui hoje, quase dois anos depois, é um  "arroz de lingueirão", que comi num  restaurante da minha terra, daqueles todos envidraçados que agora crescem como cogumelos ao longo da nossa costa... Neste caso, junto à foz do Rio Grande, na Praia da Areia Branca, na Lourinhã, "capital dos dinossauros".

Chama-se, algo pomposamente, "100 Pratus - White Sand Club"... Nem é rigorosamente um "restaurante", mas mais um bar de tapas e saladas, que também serve  refeições de faca e garfo, no interior e na esplanada...Tem página no Facebook, lincar aqui:

Confesso que ultimamente sou fã da "comidinha" do "100 Pratus"... Simples, caseira, apetitosa, bem apresentada e bem servida, em qualidade e quantidade...E a preços perfeitamente razoáveis, Além de ser um dos meus locais preferidos para a cavaqueira de sábado de manhã, com os meus amigos de tertúlia, e de ter gente a servir, amabilíssima, simpática e professional, e, ainda, de ter uma localização privilegiada, à beira mar, é já também uma surpreendentemente agradável referência em termos de restauração. 

Nos últimos tempos já lá comi dois pratos muitíssimo bem confeccionados; uma cachupa (que bem merecia uma morna!) e uma feijoada de choco... E ontem, sábado, comi um arroz de lingueirão que se soube pela vida, como se costuma dizer por aqui!... 

Enfim, foram três "pratus" de chapa 100!..A minha forma de apreço e gratidão é,. muitas vezes, a de escrever umas quadras populares, ou até um soneto, na toalha de mesa de papel ou até no guardanapo. E foi o que fiz ontem, e que hoje aqui reproduzo.

Tenho duas expressões para elogiar as nossas fabulosas comidinhas portuguesas, do tempo das nossas mães e avós, e que alguns restaurantes, incluindo alguns da nossa querida terra, conseguem "replicar"... Uma dessas expressões, usava-a com o meu velho pai, quando o levava a almoçar, já estava ele, com a minha mãe, num lar: "Coma, pai, que no céu não disto!"... (Sem ofensa, para os crentes)... Outra expressão que eu uso, para fazer uma elogio às nossas comidinhas, seja em casa ou no restaurante, é a seguinte: "Ó Avilez, não tens cá disto ?!"... (Sem ofensa, para o grande "chef" Avillez...).

Elogio do arroz de lingueirão do "100 Pratus"

1

Mas que arroz divinal,
O de lingueirão, do "100 Pratus",
Por aqui não há igual,
Nem argumentos contra factos.

2
Parabéns à cozinheira,
Vou cá voltar outra vez,
Isto é comida caseira,
Disto não tem o Avillez.

3
Com cebolinha, cremoso,
Sem areia, nem uma pontinha,
Podia estar mais caldoso,
Diz a minha Alicinha.

4

Para mim, estava perfeito,
Comi que nem rei nem duque,
E prometo, logo que der jeito,
Pôr um "gosto" no Facebook!



Luís Graça (Lourinhã),
Praia da Areia Branca,
Restaurante "100 Pratus",
4/1/2020, 14h30


PS1 - Já lá pus um "gosto" no Facebook do "100 Pratus"... E deixei lá estas quadras. Aliás, deixei lá o manuscrito com as quadras...É  uma forma de praticar a arte do  dom de dar, receber e retribuir... Devo acrescentar o que me disse  a gerência: fazem o arrozinho de lingueirão, sempre que há matéria-prima, lingueirão fresco, na praça. Por acaso hoje havia, vi-o nas bancas da praça da Lourinhã a 11,99 € o quilo. A cachupa é também quando calha, uma vez por mês... Mas o melhor é consultar a respetiva página do Facebook. O prato do dia é anunciado na véspera.

PS2 - Declaração de conflito de interesses: não sou dono, nem sócio, nem amigo do dono do restaurante...Nem   nenhum familiar ou amigo meu trabalha no "100 Pratus"... Sou apenas cliente, quando lá vou, em geral ao fim de semana, à Praia da Areia Branca, Lourinhã. É um dos meus locais de tertúlia.

Guiné 61/74 - P20526: Parabéns a você (1734): João Meneses, ex-2.º Tenente FZE do DFE 21 (Guiné, 1971); Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil Art do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCAV 489 (Guiné, 1963/65)



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Nota do editor_

Último poste da série de 1 de janeiro de 2020 >  Guiné 61/74 - P20518: Parabéns a você (1733): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira - Penafiel