quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21711: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (36): Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes; Fernando Chapouto, ex-Fur Mil; Jorge Picado, ex-Cap Mil; Prof Armando Tavares da Silva, Historiador e António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil

1. Mensagem de Boas Festas do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes com data de 25 de Dezembro de 2020:

Para os voluntariosos administradores e colaboradores desse magnífico blogue, a começar pelo Luís Graça, aqui vai o nosso postal de Boas Festas!



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2. Mensagem do nosso camarada Fernando Chapouto, (ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 1426, 1965/67, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda com data de 24 de Dezembro de 2020:

Desejo que tenham um Santo Natal e um Feliz Ano Novo na companhia de toda a família


Abraço
Fernando Chapouto

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3. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1, Teixeira Pinto, e CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa e da CART 2732, Mansabá, 1970/72) com data de 24 de Dezembro de 2020:

Amigo Luís
Votos de Feliz Natal e um Melhor 2021 é o que desejo para Todos Vós, com muita saúde e esperança em melhores dias, para voltarmos aos convívios.

Abraça-vos o Ilhavense
Jorge Picado


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4. Mensagem do Prof Armando Tavares da Silva, historiador, com data de 24 de Dezembro de 2020:

Os meus votos de Feliz Natal e de Bom Ano Novo para o Grande Impulsionador de um importantíssimo blogue.

Abraço do
Armando

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5. Mensagem do nosso camarada António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17, Bula e Binar, 1973/74, com data de 30 de Dezembro de 2020:

Agradecido pela amizade, endereço a todos os sinceros votos de um Ano de 2021, bem melhor que este que está a terminar.
Muita saúde e paz para todos.

Um forte abração
António Acilio Azevedo

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Nota do editor:

Último poste da série de 30 de Dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21707: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (35): Patrício Ribeiro, entre margens, do Mansoa ao Vouga

Guiné 61/74 - P21710: Fichas de unidades (14): CCAÇ 2753, "Os Barões do K3" (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72)

Ficha de unidade > Companhia de Caçadores nº 2753

Identificação:  CCaç 2753 [Tem mais de 3 dezenas de referências no blogue]

Unidade Mob: BII 17 - Angra do Heroísmo

Cmdt: Cap Mil Art João Domingues da Rocha Cupido

Divisa: "Noblesse Oblige"

Partida: Embarque em 08Ag070; desembarque em 17Ag070

Regresso: Embarque em 26Jun72




Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, ficou colocada em Brá (Bissau), a fim de se integrar no dispositivo e manobra do COMBIS em substituição da CCaç 2445, com um pelotão destacado em Safim e João Landim, onde substituíu idêntico efectivo da CArt 2520, colaborando na segurança e protecção das instalações e das populações da área.

A partir de 30Nov70 e até 17Dez70, substituída dias depois pela CCaç 2754, deslocou um pelotão por semana para Mansabá, a fim de integrar o dispositivo e manobra do COP 6, com vista à segurança e protecção da continuação dos trabalhos de asfaltagem da estrada Mansabá-Farim.

A partir de 21Dez70, em substituição da CCaç 17, assumiu a responsabilidade do destacamento de máquinas de Bironque e, em face do andamento dos trabalhos, em 13Jan71, do destacamento de Madina Fula.

Em 02Mar71, instalou-se em Saliquinhedim [K3], para onde já seguira um pelotão em 15Fev71, assumindo a responsabilidade do subsector então novamente reactivado.

Em 22Fev72, foi substituída em Saliquinhedim pela CCaç 3 e foi transferida para Mansabá, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em 23Fev72, em substituição da CArt 2732, no mesmo sector do COP 6.

Em 24Mai72, foi rendida no subsector de Mansabá pela CArt 3567, permanecendo, no entanto, nesta zona de acção em reforço da guarnição local até 19Jun72, após o que recolheu a Bissau a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações:

Tem História da Unidade (Caixa n." 85 - 2." Div/c." Sec, do AHM). (**)

Excerto de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), p. 391

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 22 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21472: Fichas de unidades (13): CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli, Madina do Boé, 1966/68)... E recordando algumas das melhoras fotos do alentejano Manuel Coelho, que foi fur mil trms de "Os Tufas"

(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1403: Histórias de Vitor Junqueira (6): A açoriana CCAÇ 2753: uma família, uma unidade feita à medida

Guiné 61/74 - P21709: Historiografia da presença portuguesa em África (245): Guiné, o seu primeiro grande relato no século XIX: O Capitão-de-Fragata da Real Armada, José Joaquim Lopes de Lima (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Fevereiro de 2020:

Queridos amigos,
Tratando-se de um relatório, que tinha todos os requisitos para ser sensaborão, fora pedido a este Cavaleiro da Torre e Espada, que governara possessões no Oriente e era um emérito administrador colonial, que esmiuçasse números de gentes e negócios, a grande surpresa é a sua capacidade descritiva, documentou-se a sério e momentos há em que tudo leva a crer que sai do seu punho uma joia da literatura de viagens, e num bom português do tempo.
Recorde-se que este oficial da Armada percorreu as parcelas do Império, consagrou-lhe seis volumes, sendo o primeiro dedicado a Cabo Verde e suas dependências na Guiné Portuguesa, ainda estamos distantes da autonomização de 1879. Um belo documento, de consulta obrigatória para qualquer curioso ou investigador da Guiné.

Um abraço do
Mário


Guiné, o seu primeiro grande relato no século XIX:
O capitão-de-fragata da Real Armada José Joaquim Lopes de Lima (1)

Mário Beja Santos

José Joaquim Lopes de Lima foi Oficial da Armada e Administrador Colonial com vasto currículo, governou a Índia e Timor e Solor, entre outras responsabilidades. Cavaleiro da Torre e Espada, membro do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, a Rainha D. Maria II, deram-lhe uma incumbência graúda, que ele abraçou, dando à estampa seis volumes que a pretexto da estatística das possessões portuguesas revelou um emérito plumitivo, um viajante curioso e documentado. O primeiro volume é dedicado a Cabo Verde e às suas dependências na Guiné Portuguesa. Tanto quanto sabemos, e independentemente de na época ser publicada a memória sobre a Senegâmbia Portuguesa, de Honório Pereira Barreto, outra joia narrativa e peça historiográfica incontornável, o relato de Lopes de Lima é o primeiro grande documento sobre a Guiné do século XIX, recorde-se que a data de publicação é 1844. Vejamos como ele descreve o clima guineense:
“No continente da Guiné o calor é muito mais intenso do que nas ilhas: as chuvas são infalíveis, e começam nos fins de maio, acompanhadas de fortíssimas trovoadas, precedidas de um negrume assustador. As chuvas são copiosíssimas durante duas ou três horas, no fim das quais o vento solta novamente ao NE e dentro em pouco fica a atmosfera limpa e o tempo sereno: no mês de Agosto acabam estas trovoadas, e há neste e no de Setembro chuvas mansas e aturadas durante dias inteiros, acompanhadas de ventos brandos do Sul: desde Outubro até Maio reina o Nordeste quase sem interrupção, e a Este se chama ali o tempo seco. Em toda a Província é grandemente nociva a exposição ao sol, mas muito mais ainda o suportar parado a cacimbada da noite”.

De seguida, orienta a sua atenção para as produções naturais:
“Aquelas que se podem esperar de um solo bem que argiloso e fértil, por toda a parte alagadiço e salitroso, possuído por povos bárbaros no estado da Natureza, faltos de precisões, indolentes, aferrados a más rotinas, e independentes das nossas leis, e dos nossos usos – são certamente bem pouco variadas; e mesmo assim não deixa de ser importante o trato destes portos, mantido na sua maior grossura pelas remessas de géneros do interior – Geba e Farim; porque os Mandingas, em cujo território estes Presídios estão situados, são povos mais industriados, essencialmente mercadores, mais civilizados que os da beira-mar.
Tratarei porém primeiramente das produções desta região marítima, vizinhas de Bissau, Cacheu e Zinguinchor – esse país baixo e lodoso aonde não surge um só monte, uma colina, e aonde apenas se encontra como raridade algum terreno enxuto no interior dos rios e alguma praia de areia na costa do mar. As ocupações agrícolas destes povos são quase exclusivamente a cultura do arroz e a criação do gado: apenas o gentio Papel vizinho das duas Praças de Bissau e Cacheu, e os Banhuns, vizinhos a Zinguinchor, granjeiam um pouco de feijão, painço e algumas frutas para consumo destas praças.
Todo o arroz desta região é miúdo, quebrado e de má vista, conquanto não tenha mau sabor. O mais escuro, e mais feio, e mais barato de todo o arroz desta costa é o arroz Felupe.

Todo o gado vacum em Guiné é mui pequeno mas bem nutrido, e de um pelo muito denso e comprido, os seus couros são muito estimados no comércio.
As outras mercancias, que vem engrossar ali o trato com negociadores estrangeiros, são dádivas quase espontâneas da natureza, que tão azinha as franqueia a este povo sáfaro nos montes e costas, sem outro trabalho que colhê-las às mãos e trazê-las ao mercado: cera, marfim, tartaruga, azeite de palma.
A cera criam-na no mato inúmeros enxames de pequenas abelhas que colmeiam nas tocas das árvores, de onde as mulheres e meninos as vão brutalmente expulsar com fogo e tomar-lhes a cera.
O marfim é o despojo dos elefantes que monteiam nos matos, principalmente nas terras do sertão, de onde vem a maior cópia dele; o seu preço varia segundo a grandeza do dente.
As tartarugas só se pescam nas ilhas dos Bijagós e daí vem a casca, que é muito mais grossa, e em cascos muito maiores que a das ilhas de Cabo Verde.
O azeite de palma é grosseiramente extraído do fruto da palmeira de dendém, é procurado para as saboarias e outras composições químicas.
Vem igualmente ao mercado pequenas porções de algodão apanhado nos algodoeiros que brotam espontaneamente por toda a parte; e algum incenso, grosseiramente extraído da árvore que o produz.
Nas férteis e verdejantes margens dos caudalosos rios da Guiné, formados de mangues, e cobertas de verdura, nas suas extensas várzeas, nas suas densíssimas florestas, o instruído naturalista teria em que consumir meses, e anos, se a vida lhe durasse, poderia compor em Botânica uma flora riquíssima e dar muitas espécies novas à Zoologia; mas de toda esta riqueza ainda não explorada, apenas apresentarei o pouco que é geralmente conhecido no trato comum dos que lá habitam.”

(continua)

José Joaquim Lopes de Lima (1797-1852)
Bolama, Palácio do Governo, 1900
Duas imagens tiradas do blogue Projeto Guiné-Bissau Contributo, com a devida vénia

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21681: Historiografia da presença portuguesa em África (244): "Fernão Gomes e o monopólio do resgate da Guiné", no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa de Maio e Junho de 1938 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21708: Álbum fotográfico de José Carvalho (3): A CCAÇ 2753, ”Os Barões”, e o K3 (II e última Parte)


 Foto nº 9 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753  (1970/72) >  K3 >  Jantar de inauguração da messe de oficiais e sargentos. Da esquerda para a direita; Furriéis Milicianos Chambel Prates, JoãoTavares, João Serralha, Manuel Moutinho, Alf Mil Ramires, 1º Sargento Leão, Alferes Milicianos Vitor Junqueira, Cândido Pereira, Furriéis Milicianos Alfredo Silveira, [elemento não identificado],  Enf Almerindo Carvalho, Manuel Tavares [, elemento não identificado], e, de costas,  2º Sargento Manuel Mexia



Foto nº 8 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753  (1970/72) > K3 >    Elementos da CCaç 2753 na margem sul do Rio Cacheu: em 1º plano Alf Mil Ramires, José Carvalho, Vitor  Junqueira, Fur Mil A. Silveira e Pedro; em 2º plano, Fur Mil António Tonhá e 1º Cabo Cond [Ildeberto] Medeiros


Fotos (e legendas): © José Carvalho (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Álbum fotográfico do José Carvalho > 
CCAÇ 2753 - ”Os Barões” e o K3 (II e última parte) (*)

José Carvalho: (i) ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 
(ii) médico veterináruio; 
(iii) vive no Bombarral]

 

 A companhia,  também apelidada “Os Açorianos" [Foto nº 8, acima], enceta um conjunto de trabalhos na área da reabilitação das edificações, melhorando consideravelmente a zona da cozinha, da cantina, casernas e construindo a messe de oficiais e sargentos, com zona de refeições e bar.  [Foto nº 9, acima]

Também deixámos um espaço com piso cimentado, dedicado à prática do voleibol e ainda a escola ficou com a “cara lavada”.

 Em Maio de 71, o COP 6 passa a ser comandado por um homem e militar notável, o Major de Cavalaria António Valadares Correia de Campos.

Operacionalmente,  “Os Barões” tinham já angariado um estatuto de boa reputação operacional, nas diversas situações em que estiveram envolvidos, pelo que,  com o novo comandante do COP 6, foram-lhe atribuídas missões mais exigentes e complexas.

Durante a permanência no K3, a companhia realizou múltiplas operações em conjunto, particularmente com a 27ª Companhia de Comandos, mas também com forças paraquedistas [, BCP 12],  a CCaç 2732 e outras.

Realizou várias operações, helitransportadas, igualmente por via fluvial com desembarques de LDM, em vários locais na margem sul do rio Cacheu.

No conjunto destas operações, “Os Barões” não registaram qualquer vítima mortal, tendo um ferido grave (mina A/P) e alguns ligeiros. O IN sofreu considerável número de baixas confirmadas, bastantes feridos, destruição de acampamentos, várias capturas de armamento, até de combatentes e de população sob o seu controlo.

Vários foram os louvores do Comando e,  numa das operações face aos resultados obtidos, com número assinalável de baixas ao IN, com captura de elevada quantidade de armamento (armas e munições), destruição de várias moranças, celeiro e recuperação de população controlada pelo IN, deslocou-se ao terreno, o General Comandante Chefe, António de Spínola, para felicitar o comandante das forças da CCAÇ 2753.

Do jornal "Nhau" publicaram-se somente 5 números, todos enquanto permanecemos no K3 e hoje sorrio quando observo a frase "Visado pela censura", seria provavelmente uma pequena provocação...

Admitindo o Comandante Chefe encontrar, ao comando das NT, um oficial de patente mais elevada, ficou surpreso quando o Alf Mil Vitor Junqueira se lhe apresentou como comandante das forças no terreno, naquele dia. Em muitas outras situações de sucesso, este valente e corajoso oficial miliciano foi o actor principal! [O Vitor Junqueira é membro da nossa Tabanca Grande desde a primeira hora, vive em Pombal, tem cerca de 90 referências no nosso blogue.]

A companhia revelava um elevado espírito de corpo, grande capacidade operacional, elevada disciplina em combate e uma sólida camaradagem entre os seus elementos.

Em Outubro de 1971 o Comandante da Companhia, Cap Mil Art João Domingos da Rocha Cupido, escreve no número 4 do jornal da companhia, "Nhau", o porquê da designação de “Os Barões”.
Assim escreve a dada altura:

”(...) Ao longo de já catorze meses de comissão, não há dúvida que os soldados da 2753, pela forma como reagiram a todo o esforço que lhe foi pedido, como reagiram a todas as contrariedades, como encararam com toda a confiança as missões mais arriscadas, mostraram bem as suas qualidades, mostraram bem a sua nobreza, mostraram bem que merecem o nome de “Os Barões, mas a nobreza, nobreza de carácter, acarreta obrigações, cria responsabilidades. Eis pois o lema da companhia: A Nobreza Obriga”


Uma página (a 2 ?) da  "Nhau", revista da CCAÇ 2753", nº 4, outubro de 1971. Diretores: alf mil Carvalho, fur mil Silveira... Destaque o editorial "Noblesse Oblige", assinado pelo cap mil J. Cupido.


«

Foto nº 10 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753  (1970/72) > Madina Fula >     O Alf Mil José Carvalho (à esquerda) com o Cap Mil Art João Cupido, na véspera da mudança da CCaç 2753 para o K3, na estrada, em frente ao destacamento de Madina Fula.



Durante a permanência de “Os Barões” no K3, o IN perdeu alguma iniciativa ofensiva, malgrado as informações de reforços de efectivos e armamento pesado, na região do Morés, reagindo sempre fortemente às frequentes penetrações das NT, em zonas de refúgio e acampamentos. 

Saliquinhedim, por sua vez, sofreu algumas flagelações com morteiro 82 e canhão S/R, a última das quais no dia 1 de Janeiro de 1972. 



Foto nº 11 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753  (1970/72) >  K3 >  Início da noite de 31 de Dezembro 1971 > 1º Srgt Leão, Fur Mil Chambel Prates, Fur Mil Mec Auto Francisco Godinho, Fur Mil Pedro, Sold. Corneteiro (barman da messe) Manuel dos Santos, [, elemento não identificado], eu, Fur Mil José Faia e, ao fundo Sold Reis.



O IN reagiu á provocatória noite de passagem de ano, em que um grupo da CCaç 2753 foi festejar o Novo Ano, na zona de Madina Fula, com disparos de armas ligeiras, após o “Toque de Silêncio”, executado pelo nosso corneteiro, o saudoso Manuel dos Santos. [Foto nº 11]

A artilharia de Farim, resolvia estas situações, com as nossas indicações, dos prováveis locais de origem dos ataques.

Na fotografia com que termino este álbum, estou com vários elementos do meu pelotão na parada, com uma gazela abatida, a quando da realização de uma coluna auto a Mansabá.[Foto nº 12]

O animal atravessou a estrada, umas dezenas de metros à frente da primeira viatura (, uma Berliet, ) onde eu ia, e com um único tiro de G3, incrédulo,  vi o animal tombar, a cerca de 100 metros da estrada. Recuperada e colocada na viatura, ainda mais incrédulo fiquei quando verifiquei que a bala tinha
atingido a gazela no pescoço, junto à base do crânio. Garanto que não é história de caçador…




Foto nº 12 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753  (1970/72) > K3 >    Alguns elementos do 2º Pelotão. A partir da esquerda: Roberto Mendonça, eu, Barbosa, Santos Carvalho, [, elemento não identificado], [elemento não identificadio], ”Faial”, Freitas, [elemento não identificadi],  Grilo, Bettencourt e José Estrela

Em finais de Fevereiro de 1972 deixámos o K3 e novo desafio esperavanos em Mansabá!




Bombarral, José Pimentel de Carvalho, 2020
  [, médico veterinário  e novo membro da Tabanca Grande, nº 807]
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Guiné 61/74 - P21707: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (35): Patrício Ribeiro, entre margens, do Mansoa ao Vouga

Cartão de Boas festas do Patrício Ribeiro (entre Bissau e Águeda)
 


1. Mensagem de Patrício Ribeiro 

[, português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.; tem também uma "ponta", junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugindo da pandemia de Covid-19: é o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem uma centena de referências o nosso blogue]


Data: terça, 29/12/2020 à(s) 18:18
Assunto: Boas Festas
 

Luís,

Das margens do Rio Vouga / Mansoa.

Envio o meu cartão de Boas Festas para todos.

E que não tenham problema de saúde, especialmente de ácido úrico...

Abraço

Patrício Ribeiro

IMPAR Lda - Energia 
https://www.imparenergia.com/home

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Guiné 61/74 - P21706: (Ex)citações (381): Confirmo, por consulta à minha caderneta militar, que embarquei no T/T Niassa em 24/11/1971 e desembarquei em Bissau em 29/11/1971 (Ramiro Jesus,ex-fur mil cmd, 35ª CCmds, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73))


Copia de folha da caderneta militar de Ramiro Jesus, ex-fur mil cmd, 35ª CCmds (Guiné, 1971/73)


Excerto do poste P21649 (*)


1. Mensagem de Ramiro Jesus, ex-fur mil 'comando', 35ª CCmds (Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)

Data - sexta, 18/12, 19:55 
Assunto . Confirmação

Boa tarde, Luís e restantes companheiros, ex-camaradas d'armas.

Não quero que entendam isto como uma atitude arrogante do género "eu é que sei", mas, depois das minhas indicações acerca das anomalias verificadas na publicação original da minha mensagem do dia 15 do mês corrente, que fizeram o favor de publicar, reparei que - acredito eu - para contrariar dados de registo histórico, obtidos em arquivos oficiais. e que, por isso, deviam ser de absoluta confiança, sentiram necessidade de mencionar «segundo...», neste caso, o meu testemunho, por causa das datas de partida e chegada à Guiné, da minha companhia.

Ora, eu, que considero que tenho tido boa memória e que me defino a mim mesmo como doentiamente organizado (a ponto de me repreender a mim próprio, por dar tantos passos desnecessários), senti necessidade de comprovar que podem estar tranquilos quanto a possíveis atropelos a verdades históricas, pois, como prova o anexo, que envio, de registos constantes da minha Caderneta Militar, as datas correctas são as que indiquei - partida a 24 e chegada [a Bissau] a 29/11/71.


Entretanto, envio também outro anexo, obtido noutro blogue (Ditadura de Consenso, do Aly Silva) onde me vou informando do que se passa naquela que foi temporariamente a nossa terra e que pode servir para desanuviar um pouco este ambiente pandémico em que vivemos.

E pronto. Renovo os votos de Boas-Festas para todos e envio um Abração para cada um dos mais de 800 convivas da Tabanca.

Obrigado! (**)
Ramiro


PS: Só "reagi" hoje, porque estive três dias no "mato", definição que ainda uso para indicar que fui/vou à minha aldeia.


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(**) Último poste da série > 19 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 – P21659: (Ex)citações (380): Mensagens Natalícias de antigos combatentes. Realidades de guerra. (José Saúde)

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21705: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (78): CoBrA - Operação Goa: novo álbum de Banda Desenhada: testemunhos precisam-se sobre a Invasão de Goa em 1961, nomeadamente dos ex-prisioneiros de guerra


Anexo B: exemplo de página já desenhada  
do novo álbum de BD (Banda Desenhada) / novela gráfica


CoBrA: Operação Goa

"Esta é uma obra de ficção, em forma de novela gráfica, 
que narra as manobras e artimanhas do CoBrA, 
agência secreta liderada pelo controverso Jorge Jardim, 
que eventualmente levam à resolução da situação 
dos prisioneiros Portugueses detidos em Goa 
após a derrota no conflito militar de 1961 com a India."


1. Mensagem de Marco Calhorda < mcalhorda@gmail.com >

Date: segunda, 28/12/2020 à(s) 16:00
Subject: CoBrA: Operação Goa


Boa tarde,

Antes de mais, espero que tenham tido um bom natal.

Neste preciso momento, eu e o meu parceiro criativo (Daniel Maia – https://danielmaia-art.blogspot.com/) estamos na fase de pré-produção de uma novela gráfica sobre a Invasão Indiana de Goa de 1961 - https://cobraop.com/

Junta-se sinopse [Anexo A] mais  exemplo de página já desenhada [Anexo B]  e gostaríamos de adicionar testemunhos de pessoas que tenham vivido a situação "na pele" [Anexo C].

Eu já me socorri imensas vezes do vosso blogue para fazer pesquisas, incluindo a invasão de 1961, operação Mar Verde, etc., e gostaria de saber se era possível fazer-se um post a solicitar testemunhos (diretrizes em  Anexo C) sobre a Invasão de Goa.

Alguns desses testemunhos seriam posteriormente incluídos no livro como material de apoio e contexto. O fator humano faz com que o publico sinta a história de uma forma mais vivida, real.

Como eu não sou militar, nem participei na Guerra Colonial, assumi que não podia seu eu próprio a fazer tal post. Posso solicitar a vossa assistência por favor?

Fico, desde já, grato pela vossa atenção. Se precisarem de mais esclarecimentos, coloco-me a disposição para vos enviar mais informação ou fazer um zoom/WhatsApp.

Com os melhores cumprimentos,

Marco Calhorda

Anexo A > CoBrA: Operação Goa > Sinopse

Goa, 1961.

Os ventos da descolonização começam a soprar. Portugal está presente na India há mais de 450 anos mas tem uma crescente dificuldade em defender um território situado a mais de 8 mil quilómetros de distância da Metrópole. 

Por um lado, os recursos materiais e humanos são escassos. Por outro, um governo sob uma orgulhosa administração Salazarista que se recusa a adaptar aos novos tempos.

Suportado pelo sentimento internacional do pós-guerra que promove a
autodeterminação de múltiplas nações e, consequentemente, a desintegração dos velhos impérios, o governo nacionalista de Jawaharlal Nehru dispõe de um contexto favorável para anexar Goa à India e assim terminar o processo de integração territorial que havia começado em 1954 com a anexação de Dadra e Nagar Haveli, até então também territórios Portugueses. 

Acresce também o facto de que a India tinha sofrido uma humilhação militar com a China na disputa da zona fronteiriça de Ladakh, pelo que a anexação de Goa serviria o propósito de recuperar algum prestígio político junto da população Indiana.

É neste contexto que o CoBrA (Comissariado contra a Brutalidade Animal) entra em ação nos momentos que antecedem a invasão de Goa pelas forças da União Indiana.

Agência secreta de cariz fortemente Lusitano, leia-se com escassez de meios e
recursos sofisticados, mas abundante em criatividade e técnicas pouco ortodoxas, ao jeito do desenrascanço Português, o CoBrA é responsável pelo planeamento e execução de uma série de atividades clandestinas extremamente audazes em 3 distintos continentes, tudo com o intuito de fortalecer a fraca posição negocial do estado Português nas futuras negociações com a India para definir o futuro de Goa.

Baseada em eventos históricos sobre a invasão de Goa, esta é uma obra de ficção que narra a intervenção do CoBrA, agência secreta liderada pelo controverso Jorge Jardim, para forçar a abertura de canais de comunicação entre os vários intervenientes desta estória, na coação dos poderes políticos, incluindo os Portugueses, a abandonarem considerações imediatistas e oportunismos cínicos em prol do bemestar dos seus cidadãos e, finalmente, no engendrar do repatriamento dos prisioneiros Portugueses detidos em Goa.


Anexo C > Notas para testemunho

Guiné 61/74 - P21704: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (34): Moncorvo resiste; os Moncorvenses resistirão (Paulo Salgado, ex-Alf Mil Inf)

Moncorvo > Ano da graça de 2020 > Taberna do Carró > Cabrito com feijão e vagens e cogumelo também ajuda a resistir os moncorvenses,  garante o Paulo Salgado, nesta bela crónica que serve igualmente para ele (e a São) fazer a "prova de vida"...


Fotos (e legendas): © Paulo  (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor dos livros, "Milando ou Andanças por África", "Guiné, Crónicas de Guerra e Amor" e "7 Histórias para o Xavier", com data de 27 de Dezembro de 2020:


Meus Caros Camaradas,

Moncorvo resiste; os Moncorvenses resistirão

Ao ler o belo trecho do Mário Beja Santos sobre Lisboa resiste[1], mas também nós resistiremos: Mil alegrias natalícias para todos vós, numa prosa escorrida, como é seu timbre, coberta de sentimentos e de intensas vivências, senti-me um pouco lisboeta, talvez o da arraia-miúda de Fernão Lopes, o do palaciano Eça, o do oriental Cinatti, também o do austero Herculano, o do criativo Garrett, o do imenso Pessoa bebendo o seu café e fazendo de poetas muitos, com os seus heterónimos, e revejo o Teatro Nacional onde o Tiago Rodrigues faz um papel de elevado nível, e ouço as castanhas quentes e boas cantadas pelo Carlos do Carmo, e relembro os bons malandros do Zambujal, e faço a subida, a pé, ao Castelo, e a ida à outra margem num cacilheiro com a minha mulher – decerto pouco é para quem vai a Lisboa pouquíssimas vezes e, quando passam três quatro dias, logo me apetece meter no alfa, de regresso. Cá em cima, depois e de novo, a necessidade de respirar Lisboa. Um provinciano é o que sou…

E vieram-me à ideia, em catadupa, tantas peripécias e tantas sensações e percepções. Com o Beja Santos, algumas de grande intensidade emotiva, as que tivemos na nossa deslocação ao Olossato em 1991, o reencontro do Mário com o Jaquité, o seu arqui-inimigo em Missirá – ali, num abraço, mais de vinte anos depois. Assistimos a este encontro, a minha mulher, Maria da Conceição, a minha filha, de quinze anos, a Paula, e eu…Inolvidável. 

Dava um poema, para além do que já escreveu o Mário Beja Santos. Mas hoje, como tentativa de resposta, falo de Torre de Moncorvo. Torre de Moncorvo resiste. E os moncorvenses resistirão. Encostados à Serra do Reboredo, hematítica e sobranceira, e protegidos pela igreja, monumental igreja, enriquecida por uma figueira que teima em manter-se na fachada, presa pelas raízes, matriz cuja história está prenhe de episódios, os moncorvenses ainda se passeiam e conversam na praça, a oval Praça. 

Resistirão às manobras deste bitcho carêto (este vírus, assim lhe chamo em homenagem aos carêtos da aldeia de Podence), agora travestido, como resistiram às investidas dos castelhanos em tempos da crise de 1383-85, fazendo o mais belo alardo das tropas de João I, e como resistiram às migueladas contra os pedristas.
Vista parcial do Castelo
Vista da Praça (na alturas das festas)
Igreja matriz

O que ajuda os moncorvenses? A releitura do poeta Campos Monteiro com os seus versos fora de moda e romances vários – ele, cujo busto espreita a Praça, poeta, romancista, médico, jornalista e político, a subir do Pocinho para riba. 

Também a obra de Martins Janeira, um dos mais eminentes japonólogos e romancista. 

Também, para mim, sobretudo, a poesia do grande jornalista Rogério Rodrigues, nosso conterrâneo, com quem tive o privilégio de conviver e de trocar ideias tantas, e que, ele, o Lelo Brito e o Fernando Assis Pacheco construíram um excelente documento sobre a Vila. 

Também relembrar os amigos que comigo andaram no Colégio Campos Monteiro, fundado por Ramiro Salgado em 1936, o primeiro colégio misto no distrito, porventura do País, não sei.

E o que nos ajuda mais? Sim, passear pela Vila, pela parte velha, mirar a porta do Castelo, o que foi a sinagoga, ir Rua da Misericórdia abaixo, e passar na Porta da Vila, espreitar a Casa da Roda, visitar o museu de fotografia, o museu de arte sacra. E, particularmente, a igreja da Misericórdia, medieval, imponente na sua singeleza. Volver ao centro, descendo as escadas do Castelo, caminhar até à igreja (que era para ser sé), entrar e ouvir o Nelson Campos contar a história do monumento nacional e, tendo vagar, dar uma espreitadela, demorada deve ser, para olhar a história do ferro no respectivo museu, que o mesmo historiador conta meticulosamente. Tempo de encher a ‘alma’.
Poeta Campos Monteiro no Largo do Castelo
Igreja - interior

Mas há mais, meus amigos: a partição da amêndoa, a visita ao museu da oficina vinária. Também é imperioso degustar as amêndoas cobertas da D. Dina (um dos 7 doces de Portugal) e, sendo hora do almoço, ficar pela Taberna do Carró ou ir ao Lagar. Tempo de temperar o corpo. Mens sana in corpore sano.
Partição da amêndoa
Fabrico manual da amêndoa coberta

Haverá tempo de, à tarde, subir à Serra do Reboredo e, junto à Santa Leocádia, avistar uma paisagem deslumbrante sobre o Vale da Vilariça, estendendo a vista até Bornes. Descansar a vista pelos lagos do Baixo Sabor é valiosa alternativa.
Vista dos Lagos do Baixo Sabor

Um abraço. Quando puderdes, por ausência do bitcho carêto, vinde a Torre de Moncorvo. Sereis bem recebidos. Avisado, serei cicerone. E o Mário Beja Santos tirará, se lhe der a vontade, que dá, algumas fotos que emoldarão a sua prosa sobre esta Vila.

Entretanto, Boas Festas para todos. Neste ano de pandemia. E resiliência.
Paulo Salgado
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Notas do editor:

[1] - Vd. poste de 15 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21647: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (8): Lisboa resiste, mas também nós resistiremos: Mil alegrias natalícias para todos vós (Mário Beja Santos, ex-Alf Mil)

Último poste da série de 27 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21700: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (33): Desde o ar fresco do Círculo Polar Ártico... (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)

Guiné 61/74 - P21703: Álbum fotográfico de José Carvalho (2): A CCAÇ 2753, ”Os Barões”, e o K3 (Parte I)



Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 > Em finais de Abril de 1971, estava concluída a ligação, por estrada alcatroada, Farim-Mansabá... Finalmente, a população podia   deslocar-se de Farim (ao fundo), para vários destinos,  até Bissau, com maior segurança


Foto nº 6 >  Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 > Asfaltagem  da estrada Farim-Mansabá, à entrada do K3. Heliporto, edifício do comando, zona dos chuveiros, enfermaria


Foto nº 5 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 >   Construção da estrada Farim - Mansabá > Centenas de trabalhadores no final do dia de trabalho, recebendo géneros alimentícios (sal e arroz) antes de serem transportados para Mansabá.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K> Auto tanque do BENG 447 que accionou mina anti-carro, colocada na facha lateral da nova estrada, utilizada para a circulação de viaturas, envolvidas nos trabalhos do novo troço.



Foto nº 2 > Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 > Edifiício do Comando


Fotos (e legendas): © José Carvalho (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem, com data de 28 do corrente,  do camarada José Carvalho [, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72); médico veterináruio, a residir no Bombarral]:
 
Caros Amigos Luís e Carlos,

Os meus votos de Boas-Festas e um Ano Novo, que nos devolva a normal vivência, com Paz e Saúde, para vós e Família. São igualmente os meus votos, para todos membros da Tabanca Grande.

Envio-vos em anexo um texto, complementado com fotos do tempo em que os “Barões” passaram por Saliquinhedim / K3 e que poderá ter algum interesse para os que antes, durante e depois, por lá passaram.

Deixo ao vosso inteiro critério a sua publicação.

Com amizade, abraço do
José Carvalho


2. Álbum fotográfico do José Carvalho  > CCAÇ 2753 - ”Os Barões” e o K3  (Parte I )


No 3º dia de Março de 1971, a CCAÇ 2753 deixa o destacamento provisório de Madina Fula (*) e ocupa as instalações militares de Saliquinhedim, mais conhecidas por K3, por se situarem ao Km 3 da margem sul do Rio Farim, afluente do Rio Cacheu, ficando Farim na margem oposta.[Há 100 referências ao K3 no nosso blogue,]

Nessa mesma data, uma mina A/C, destrui um autotanque do BENG 447, causando quatro feridos, sendo dois graves.[Foto nº 1, acima].

As novas instalações onde permanecemos cerca de um ano, eram de “muitas estrelas”, face às que a companhia desfrutou, nos anteriores três meses.

Contudo as construções eram bastante precárias, com telhados de zinco, muito ondulados e esburacados, que se repartiam por vários locais em redor de uma edificação dita do Comando (secretaria, quartos dos oficiais e posto de transmissões). [Foto nº 2, acima]



Foto nº 3 >   Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 > Memorial ao Cap Mil Inf Corte - Real, cmdt da CCAÇ 1422, 
morto em combate, em 12/6/1966


Em frente da referida construção, a parada, com um memorial ao Capitão  [Mil Inf Dinis] Corte-Real, Comandante da CCaç 1422, que terá sido o primeiro  Capitão,  vítima da guerra na Guiné, a poucas centenas de metros do quartel. [Foto nº 3].



Foto nº 4 >   Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 >   Telheiro/cozinha, com o forno ao lado esquerdo


A estrada Mansabá - Farim dividia o quartel, ficando o edifício do comando, o heliporto, as casernas, a enfermaria, a cantina e a messe de oficiais e sargentos de um lado e um telheiro com um forno de lenha
apelidado de cozinha, a escola, a zona de oficinas auto, e um terreiro com balizas de futebol, do outro lado.

A primeira noite no K3, jamais saiu da minha memória, pois foi com grande satisfação que voltei a dormir numa cama, com a sensação de alguma protecção, que nos era dada pelas frágeis paredes e cobertura com troncos de palmeiras, encimada por folhas de zinco.

O telheiro que cobria o forno, na realidade o local onde se preparava a alimentação para quase duas centenas de seres humanos, era aterrador. Quem nos sucedeu encontrou condições muito mais aceitáveis. [Foto nº 4]

A CCAÇ 2753, integrada no COP 6, toma a responsabilidade do Sub - Agrupamento B, que englobava outros efectivos;

1 Pelotão da CCAÇ 2549
1 Sec AML/ERec 2641
1 Pelotão Milicias  (nº 282)
1 Sec Mort./ Pel Mort 2116
1 Sec Sap./ Pel. Sap/BCaç 3832

A missão da CCaç 2753 mantinha-se com a segurança próxima e imediata dos trabalhadores e máquinas, envolvidas nos trabalhos de reabertura da estrada, até à margem do rio Cacheu e a protecção da população de Saliquinhédim, na maioria Fula, que rondava as 200 pessoas.


Foto nº 5 >  Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2753 >  Destacamento do K3 > Centenas de trabalhadores no final do dia de trabalho, recebendo géneros alimentícios, (sal e arroz) antes de serem transportados para Mansabá

Missão da CCÇ 2753:

(i) Ocupa, organiza e defende a povoação e quartel de Saliquinhedim:

(ii) Executa e apoia a Autoridade Administrativa de Farim, no sub-sector atribuído;

(iii) Intersecta com carácter de continuidade, por acção combinada de patrulhamentos ofensivos e emboscadas, os movimentos do IN do Biribão para o Morés, entre o Bironque e Colimansacunda;

(iv) Executa à ordem do comando do COP  6, em coordenação com outras forças, acções ofensivas em áreas fulcrais de intervenção (Biribão - Ionfarim - Irabato - Colimansacunda - Madina Fula – Madina Madinga - Tiligi, etc.) e também segurança a frequentes colunas auto, dada a grande
movimentação das populações no itinerário Farim - Mansába, depois de cinco anos inactivado;

(v) Garante o funcionamento do Posto Escolar Militar de Saliquinhedim.

Em finais de Abril de 1971, a estrada chegou à margem sul do rio Farim / Cacheu,  ficando restabelecida a ligação Mansabá - Farim. [Foto nº 7, acima]

A partir da conclusão dos trabalhos de construção da estrada, a CCAÇ 2753, passou a ser a única força militar no K3.

 (Continua)



Guiné > Região do Oio > Carta de Farim (1954)  > Escala 1/50 mil) >  Pormenor: localização de Saliquinhedim / K3, entre o Olossato e Farim. (Não confundir com o verdadeiro Olossato, que fica a sudoeste de Farim, e que está localizado na carta de Binta.)

Infografia; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2011)

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