quarta-feira, 16 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22288: Consultório militar do José Martins (67): “Companhias de Caçadores Especiais” - Unidades de Infantaria criadas em 1959, que iriam ter como missão principal, a defesa das Províncias Ultramarinas - Parte I


O nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), em mensagem de 14 de Junho de 2021, enviou-nos mais um dos seus trabalhos de pesquisa histórica, desta vez dedicado às antigas Companhias de Caçadores Especiais, as primeiras Unidades militares a serem enviadas para a Guerra do Ultramar no início dos anos sessenta.


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22284: Consultório militar do José Martins (66): Implementação do Estatuto do Antigo Combatente - Actualizações

Guiné 61/74 - P22287: Facebok...ando (64): O transporte de gado vivo: embarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca, em 1973 (João Lourenço, ex-alf mil, cmtd PINT, Cufar, 1973/74)

 

Guiné > Zona Leste > Região Bafatá > Bambadinca > Rio Geba Estreito > Porto Fluvial > 1973 > "Transporte de carne" (sic)... com as vacas em grupo de três presas pelos chifres, erguidas pela autogrua Galion.  Como se pode, ver por comparação com a foto a seguir, de 1968/69, o transporte de gado vivo parece que não melhorou muito, em 4/5 anos... Bem pelo contrário... Foto da  
página do Facebook do João Lourenço, com a devida vénia.

Foto (e legenda): © João Lourenço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O  João Lourenço, membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de maio de 2009, foi alf mil int, cmdt do trágico PINT 9288, Cufar, 1973/74. Tem 12 referências no nosso blogue

Esta imagem (a de cima) fala por si... Era nestas condições (hoje, chocantes) que se fazia o transporte de animais vivos...

Bambadinca era um importante porto fluvial, no rio Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. Tinha um destacamento de intendência desde junho de 1966. Por terra e por rio, chegavam aqui os abastecimentos para todo o Leste (regiões de Bafatá e de Nova Lamego). A sua importância era absolutamente estratégica, mas nunca foi posta em causa pelo PAIGC.


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Porto fluvial de Bambadinca, no Rio Geba Estreito... Embarque de vacas, utilizando a cilha (técnica mais morosa)... (Do outro lado do rio,  era a bolanha de Finete e o caminho para Missirá, o destacamento mais avançado do Setor L1 na região do Cuor.)

Foto do álbum do nosso camarada José Carlos Lopes, que era fur mil, amanuense do Conselho Administrativo (CA) da CCS... Não se percebe muito bem se é um embarque ou desembarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca...  É mais provável tratar-se de um embarque. A zona leste fornecia gado vacuum para outras partes da Guiné, incluindo o "ventre" de Bissau (onde o bifinho com batatas fritas e ovo a cavalo era o prato favorito da tropa que vinha do "Vietname", sinónimo de "mato & porrada".) (***)

Foto: ©  José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Ficha de unidades > Batalhão de Intendência da Guiné

Identificação: BINT  (Tem 6 referências no nosso blogue)

Crndt: Maj SAM Carlos Gonçalves Ferreira
Maj SAM António Monteiro
Maj SAM Augusto Soares Pinheiro
Maj SAM José Maria Teixeira
Maj SAM António Monteiro Alves dos Santos
Maj SAM António Avelino de Abreu Parente
Maj SAM António Madeira Peste
Maj SAM António Alberto Bravo Ferreira
Maj SAM Emídio José Brandão dos Santos Marques

2.° Cmdt (, só  a partir de 1Ago67): 
Cap SAM Manuel de Oliveira Rego
Cap SAM José Luís de Sousa Jorge
Cap SAM António José Calvo de Almeida Pereira
Cap SAM Manuel António Duran dos Santos Clemente
 
Início: lJun64 | Extinção: 140ut74

O BlNT  foi criado com base em QO aprovado por despacho ministerial de 21Nov63 e englobou uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito, então constituídas, e os destacamentos de Intendência (4), então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 2Jun66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 1Jan67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.

Em 1Abr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 1Set68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de A/D, Companhia de Intendência de A/G, e Pelotões de Intendência, tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01Ago73.

Nesta situação, forneceu o apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes.

Ministrou também instrução de formação de especialistas de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.
Em 140ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC, o batalhão foi desactivado e extinto.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), pp. 675/676
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(***) Vd. poste de 8 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10774: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1): Embarque de vacas no porto de Bambadinca

Guiné 61/74 - P22286: Historiografia da presença portuguesa em África (267): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (4) (Mário Beja Santos)

Instalações da Sociedade de Geografia antes de vir para a Rua das Portas de Santo Antão


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Outubro de 2020:

Queridos amigos,
 
Uma coisa é acompanhar atentamente o que se publica nos sucessivos boletins da Sociedade de Geografia nesta fase de arranque; outra é a entrada dentro das propostas, das sugestões, beber o teor dos comentários dos associados. Prevalecem os temas africanos, já heróis consagrados, Serpa Pinto e Capelo e Ivens. Luciano Cordeiro vai à Conferência de Berlim mas não transpira nas atas das sessões qualquer comentário. Esta figura tutelar da Sociedade de Geografia também não esconde críticas, diz para quem o ouve que a Sociedade de Geografia não foi ouvida sobre a questão do Casamansa e do rio Nuno, e diz estar amargado com a cedência de Ziguinchor, onde sempre tremulara a bandeira portuguesa. 

Outros temas vêm à baila, é o caso do padroado português no Oriente, e fala-se muito em negócios, era indispensável instalar comércio por onde tinham andado os grandes exploradores portugueses. Nem uma palavra sobre a Convenção Luso-Francesa de 1886, que definiu as fronteiras da Guiné Portuguesa. E há mesmo um associado, como consta deste texto, que diz desabridamente que se deve dar à França a Guiné em troca de uma porção do norte de Cabinda. Era assim que se passavam as coisas enquanto se cimentava o nosso império africano.

Um abraço do
Mário



O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (4)

Mário Beja Santos

Os primeiros dez anos de vida da Sociedade de Geografia de Lisboa conduzem-nos à aspiração das camadas sociais que apostavam com entusiasmo no levantamento do III Império Português, o do Oriente era então um amontoado de pequenas parcelas, o Brasil tornara-se independente, havia que ocupar África, conhecê-la e defendê-la da cobiça de outras potências, a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, a Itália, os bóeres da África do Sul, e até mesmo Leopoldo da Bélgica, sonham em fazer recuar as possessões portuguesas. 

A leitura das atas das sessões destes primeiros anos permite conhecer o que estes homens sugerem, que ideologia possuem, como funciona este grupo de pressão constituído por membros da aristocracia, políticos influentes, cientistas, financeiros, comerciantes e, a diferentes níveis, muitos curiosos. Quando se chega a 1885, fala-se muito de África, mas também há ecos de outras parcelas do Império. Logo em 5 de janeiro, alguém anuncia que o padroado português do Oriente estava em perigo: 

“Este padrão das nossas glórias, que por si só constitui o elogio do nome português em todo o Oriente, se se perdesse o temporal havia ainda o espiritual”

E quem assim proclama vai apresentar uma proposta que a ser aprovada devia tramitar para o Governo, considerar o padroado português como uma glória nacional, o Governo de Sua Majestade devia constituir uma comissão para inventariar os bens, e lembrar ao governo que a Inglaterra pretende abocanhar o padroado. 

Quem vai lendo as atas espera saber da boca de Luciano Cordeiro que participou na conferência internacional sobre a questão do Zaire o que ali se passou, mas não há menção. Em fevereiro, houve eleições e o presidente é António Augusto de Aguiar, Luciano Cordeiro voltou ao convívio das sessões, desenvolvidamente temos descrita a receção triunfal de Capelo e Ivens, serão alvo de uma sessão solene em 1 de outubro desse ano no Real Teatro de São Carlos, haverá grandes elogios do Ministro da Marinha e do Ultramar, Capelo e Ivens fazem uma comunicação em que descrevem o que observaram entre Moçâmedes e Quelimane. Ivens entregou à Sociedade de Geografia a bandeira da expedição. E o Rei D. Luís entrega-lhes medalhas de ouro pelos seus eminentes serviços à Ciência e à Pátria.

Os interesses económicos estão atentos a estas explorações e numa sessão com data de 19 de outubro um dos participantes apresenta uma proposta para que se organize uma companhia mercantil destinada à exploração comercial da zona atravessada pelos exploradores Capelo e Ivens.

Um outro dado curioso do que se passa nestas sessões é que se apreciam possíveis trocas de colónias. Nessa mesma sessão de 19 de outubro o sócio Sr. Ferreira de Almeida sugere que se cedesse parte da Senegâmbia por igual território ao norte de Cabinda, cedência que deveria incluir o Forte de São João Baptista da Ajuda. E está escrito textualmente: 

“Que a Guiné não tem importância política nem comercial, apesar de todos os sacrifícios que já ali temos feito; o comércio é francês, as condições climáticas péssimas, o gentio é feroz e o acesso da costa não é fácil. Enquanto que em Cabinda e Molembo e regiões para o norte a França não tem relativamente a mesma preponderância comercial, ali imperam as nossas relações comerciais”

Apura-se que uma fração da comunicação dos oradores propende, cada vez mais, para os negócios. No entanto, são insistentes os comentários relativamente ao que deve ser a ocupação portuguesa em África e alguém profere a seguinte observação: 

“A política de bom-senso consistirá no aproveitamento da tradição histórica, quando ela nos servir para alguma coisa”

Outro acontecimento de monta é a consagração de Luciano Cordeiro, ele é reconhecido por todos como o dínamo. O secretário perpétuo não tem papas na língua, em dado momento diz que a Sociedade de Geografia não fora havida nem achada sobre as cedências do Casamansa e do rio Nuno e deplorava profundamente o que se passava com a entrega de Ziguinchor.

Em 1886, o sócio Sr. António Rodrigues Chicó traz para debate não um tema africano, mas Goa, tece os seguintes comentários:

“A província de Goa, em especial as Velhas Conquistas, têm uma população densa, e os seus habitantes, seja pela posição topográfica e influência do clima, seja mesmo por qualquer razão que não se tem podido conhecer, são excecionalmente dotados de inteligência e aptidão para ciências e artes, e favorecidos do génio aventuroso e empreendedor, com grande facilidade de se aclimatarem nas regiões das mais inóspitas, com tudo prova exuberantemente o grande número dos filhos de Goa que está espalhado pelas cinco partes do mundo, exercendo com proficiência toda a sorte de misteres; mas infelizmente o ensino das ciências e artes em Goa está na proporção inversa das vantagens naturais dos habitantes e o qual, por necessidade, vão procurar fora do país.

Se Portugal destinar uma pequena verba, do muito que nesta província se esbanja, para montar aqui escolas de ciências e artes práticas, mandando da Europa todo o pessoal docente, cuidadosa e escrupulosamente escolhido, e não por favoritismo, e oferecer transporte aos que, competentemente habilitados, quiserem ir tentar fortuna em África, em poucos anos se estabelecerá uma corrente de importante emigração, que muito facilitará a colonização e exploração de África.

No intuito de ser útil ao meu país natal e de ver melhorada a situação desta província, que infelizmente jaz num deplorável estado de apatia e estacionamento, enquanto que os nossos vizinhos da Índia britânica marcham a passos rápidos na senda do progresso e da prosperidade material e moral, aproveitei a ocasião em que fui chamado pelo excelentíssimo Visconde de Paço de Arcos, para fazer parte de uma comissão com o fim de elucidar o governo acerca dos melhoramentos e reformas que o país carece para o seu progresso material e moral”.

E deplora que os projetos que apresentou não receberam apoio da dita comissão.

Ficamos igualmente a saber que o Príncipe Alberto do Mónaco andava a estudar afincadamente a história natural açoriana, e diz-se que o Príncipe, no maior sigilo, andava a estudar a corrente do Golfo. Estamos agora em junho de 1886, aprecia-se o parecer da comissão africana a uma proposta do Sr. Carlos de Mello, reconhece-se a pertinência de fazer uma nova exploração geográfica e travessia entre as regiões meridionais das nossas províncias de Angola e de Moçambique, completando, nuns casos, e noutros iniciando o reconhecimento de diversas bacias e ligações hidrográficas situadas entre as duas costas que tinham sido percorridas por Capelo e Ivens.

Deduz-se nas entrelinhas dos debates que os interesses britânicos e alemães não estavam a ser beliscados pelas explorações portuguesas. O parecer da comissão africana é perentório: é reconhecido a conveniência e a oportunidade de se continuar a exploração geográfica entre a província de Angola e Moçambique.

O número de associados alarga-se e as questões científicas também, chega-se mesmo a apresentar uma comunicação em que um sócio desmonta a fantasia de existir um rito judeu de abafar os moribundos. Em outubro aprecia-se o parecer da comissão africana acerca da colonização do sul de Angola e insiste-se em aperfeiçoar a cartografia africana.

Estamos perto do final do ano, em 13 de dezembro, no Real Teatro de São Carlos há uma receção e conferência dos excelentíssimos sócios do Sr. Serpa Pinto e Sr. Augusto Cardoso, chefes da expedição científica ao lago Niassa. Na ocasião entrega-se a Serpa Pinto uma medalha de honra concedida por ocasião da sua exploração da travessia de Benguela a Durban.

No novo ano mantém-se como presidente da Sociedade de Geografia o Conselheiro António Augusto de Aguiar e em abril desse ano há uma comunicação do Dr. Lisboa Pinto, delegado das cristandades da Índia e Ceilão, o tema tem a ver com as reclamações relativamente à última concordata e aos interesses portugueses no Oriente. Em dado passo diz: 

“Os católicos de Igatpuri e Bossaval, na procuração de plenos poderes que me passaram dizem o seguinte: ‘Esquecidos pelo soberano padroeiro, desprezados pelo arcebispo de Goa, ignorados também pelo amantíssimo Pontífice que rege a igreja de Deus, aos constituintes de V. Ex.ª encarem o nosso desespero’”.

E, mais adiante:
 
“Os meus constituintes de Ceilão, vendo que eram baldadas as suas esperanças e desatendidas as suas mais ardentes súplicas, trazem hoje fechadas as suas igrejas e capelas, não tendo quem os confesse, quem os ajude a bem morrer, nem quem encomende as suas almas depois da morte”.

(continua)

O Rei D. Carlos I na abertura da convenção de 1905 da Sociedade de Geografia de Lisboa, Sala Portugal
Cerimónia no tempo da Monarquia presidida pela rainha D.ª Amélia, na Sala Portugal
Presidente da República, na sua visita à Sociedade de Geografia, perante o Padrão de Diogo Cão
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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22268: Historiografia da presença portuguesa em África (266): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22285: Em busca de... (314): Camaradas da minha CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74), o Coelho (de Alcobaça), o Rosete (de Cantanhede), o alf mil Quintela (de Torres Vedras) (Eugénio Ferreira, ex-1º cabo, 2º pelotão)


Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Cafal, intinerário Cadique-Jemberém, e rios Cumbijã e Cacine. Sobre Cafal Balanta, temos mais de 3 dezenas de referências no blogue.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


1. Comentário, de 13 de junho de 2021 às 21:32, assinado pelo Eugénio Ferreira, ao poste P12020 (*)

Boa tarde, caro camarada Sr. Luís Graça:

Sendo eu Combatente no Ultramar,  na Guiné,  em Cafal Balanta, pertencendo à companhia de Caçadores CCAÇ 4544/73,  desconhecia que afinal existe um grupo de combatentes que se reúnem em confraternização realizando alguns almoços para isso!!!

Eu que já tinha andado pelo Facebook,  procurando pessoal, companheiros desse tempo,  e de minha Companhia... Recordo o nome de guerra de alguns deles,  como o Coelho,  próximo de Alcobaça,  o Rosete,  próximo de  Cantanhede,  o alferes Quíntela...  (ainda tive convívio com ele aqui em Torres Vedras onde morava, é que eu moro também na região).

Eu que não me apresentei,  sou o 1.º Cabo Ferreira,  do 2.º pelotão,  enfim gostaria saber algo mais de como aderir a este grupo de convívio.

Meu email: ecoimbra52@gmail.com
Muito obrigado
Eugénio Ferreira

2. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro Ferreira:

Obrigado pelo teu comentário. Como camaradas de armas que fomos, aqui tratamo-nos por tu. Para mais, és meu vizinho, segundo percebi: eu vivo na Lourinhã, depois de há um ano e picos. Deixa-te, portanto, lá de tratamentoos cerimoniosos...

Respondendo ao teu apelo (**), tenho o grato prazer de te informar que há dois representantes da tua CCAÇ 4544/73, aqui no nossa Tabanca Grande (que reune até ao momento 840 camaradas e amigos da Guiné, entre vivos e mortos): 

(i) o António Agreira, ex-fur mil de transmissões: apresentou-se, aqui na "parada da Tabanca Grande", há dez anos atrás (***), e tem desempenhado o papel de dinamizador dos vossos convívios,; vou-te mandar, por email, o contacto do Agreira;

(ii) o outro camarada é o João Nunes açoriano, também ex-fur mil: vê aqui a sua foto e a sua apresentação à nossa Tabanca Grande (****);

O ex-alf mil António Alfredo Quintela, que de facto vive em Santa Cruz, Torres Vedras, também já passou por aqui (*****).

Quanto ao Coelho, de Molianos (ou Moleanos), Alcobaça, vê aqui o poste do nosso camarada António Eduardo Ferreira (******).

Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!... 

Ficas convidado para te juntares à nossa malta, basta para o efeito mandares as duas fotos da praxe: uma do antigamente, e outra mais atual. Boa saúde, longa vida, e não percas o próximo convívio da tua CCAÇ 4544/73.


3. Ficha de unidades > Companhia de Caçadores n.º 4544/73 (tem 17 referências no nosso blogue)

Identificação:  CCaç 4544/73
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Crndt: Cap Inf Carlos Alberto Duarte Prata
Cap Art José Manuel Salgado Martins
 Partida: Embarque em 23Set73; desembarque em 23Set73 | Regresso: Embarque em 8Set74


Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 40ut73 a 1Nov73, no CMl, em Cumeré, seguiu em 4Nov73 para Cafal, no sul da Guiné, região de Tombali, Cantanhez (vd. infografia acima),  a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3565.

Em 4Dez73, assumiu a responsabilidade do subsector de Cafal, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4614/72 e depois do BArt 6520/73, com a missão de efectuar a reabertura do itinerário Cadique-Jemberém, de actuar sobre as linhas de infiltração inimigas e efectuar a segurança e protecção das populações e construção de aldeamentos.

Em 20Ago74, após desactivação e entrega do aquartelamento de Cafal ao PAIGC, recolheu temporariamente a Bolama, seguindo em 30Ago74 para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 114 - 2.ª Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), p. 424.


(****) Vd. postes de:



terça-feira, 15 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22284: Consultório militar do José Martins (66): Implementação do Estatuto do Antigo Combatente - Actualizações


O nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), em mensagem de 14 de Junho de 2021, enviou-nos as actualizações sobre a Isenção de Taxas Moderadoras no acesso ao SNS, consagrada no Estatuto dos Antigos Combatentes.


Actualizações:

Há precisamente um mês, foi publicada no blog um texto sobre as actualizações, à data, das medidas já concretizadas e previstas no Estatuto do Antigo Combatente (https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/04/guine-6174-p22103-consultorio-militar.html), sendo um dos pontos a isenção de taxas moderadoras.

3 - Isenção de Taxas Moderadoras

Em 6 de Abril último, foi assinado o protocolo entre e MDN e o Ministério da Saúde. Já obtive a confirmação de que esse benefício já se encontra em vigor, uma vez que o SPMS – Serviço Partilhado do Ministério da Saúde, já fez a anotação nas fichas pessoais dos utentes. Como é válido para todos o SNS, presumo que a utilização dos actos nesse sistema, já estejam validados.

Pessoalmente já recolhi a informação, junto da Unidade de Saúde Familiar que me dá assistência que, na minha ficha médica, já se encontra a indicação de que estou isento, não só na assistência a doenças crónicas, mas em todas as consultas solicitadas.

Por outro lado pode ler-se, em:
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/noticia?i=antigos-combatentes-isentos-do-pagamento-de-taxas-moderadoras

O que se transcreve:

Antigos Combatentes isentos do pagamento de taxas moderadoras

Já se encontra em vigor a isenção do pagamento de taxas moderadoras no acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os antigos combatentes, bastando apenas a apresentação do cartão de utente ou do cartão de cidadão, em qualquer deslocação a uma unidade de saúde.

Esta isenção, inserida num conjunto de outras medidas de natureza social e económica, consagradas no Estatuto do Antigo Combatente na Lei n.º 46/2020, de 20 de agosto, estende-se a viúvas ou viúvos dos antigos combatentes, bem como àqueles que se encontrassem a residir em união de facto reconhecida judicialmente, à data do falecimento do antigo combatente.

Num trabalho de articulação entre o Ministério da Defesa Nacional e o Ministério da Saúde para operacionalizar esta medida, foi recentemente assinado um protocolo, entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), a Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS) e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E. P.E (SPMS), que permite garantir a isenção de pagamento de taxas moderadoras nas consultas, exames complementares de diagnóstico e nos serviços de urgência do SNS, bastando aos beneficiários, de forma simplificada, apresentar o cartão de utente do SNS ou o Cartão de Cidadão, onde consta o número de utente de Saúde.


Porém, caso algum Combatente verifique que, tendo direito à isenção, a mesma não se encontre averbada deverá, de acordo com informação veiculada pela Liga das Combatentes e com origem do MDM, informar rapidamente o endereço electrónico dgrdn.expediente@defesa.pt, para esclarecimento do caso.
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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22162: Consultório militar do José Martins (65): Ao Povo de Moscavide reconhecido à tropa do RI 7 no 28 de Maio de 1926

Guiné 61/74 - P22283: (De)Caras (172): Pepito, o amigo sportinguista (Carlos Fortunato, ex-fur mil trms CCAÇ 13, "Os Leões Negros", Bissorã, 1969/71, e presidente da direção da ONGD Ajuda Amiga)


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato, (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 13, "Os Leões Negros", Bissorã, 1969/71, e presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga):

Luís
Tenho-me lembrado mais frequentemente do nosso falecido amigo, o Pepito, porque o Sporting esta época arrasou e isso seria uma grande alegria para ele.

Quando do seu falecimento escrevi o texto que envio em anexo, que era para integrar um livro de memórias, mas que não se concretizou e que poderiamos publicá-lo no blog. Juntem uma foto minha com ele se acharem bem.

A primeira fase do projeto da construção da escola em Nhenque pela Ajuda Amiga, está nos seus acabamentos finais, terminando este mês, depois farei um pequeno texto e enviarei fotos da mesma, mas fica ja aqui mais uma vez o nosso agradecimento pelo apoio dado a esta obra, que também é vossa.

Esperemos que a consignação do 0,5% do IRS nos ajude a concluir a mesma, relembramos que o nosso NIF é o 508617910. As fotos do andamento da construção estão no site da Ajuda Amiga http://www.ajudaamiga.com

Um grande obrigado a todos pelo empenho e dedicação que têm dado ao blog e um alfa bravo romeo alfa charlie oscar.

Carlos Fortunato
Ex-Furriel da CCaç 13 (1969-1971)
Presidente da Direção da Ajuda Amiga


Guiné-Bissau > Bissau > C. 2006 > Pepito (1949-2012) e Carlos Fortunato

Foto: © Carlos Fortunato (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pepito, o amigo sportinguista

A minha amizade com o Pepito foi algo que me honrou e me marcou, porque são raros os homens com as suas qualidades, e não digo isto apenas por dizer, a sua obra na AD fala por si, relembro apenas um episódio que se passou entre nós, para mostrar a sua grandeza e amizade.

Um dia ofereci-lhe uma carrinha de caixa aberta que comprei na Guiné-Bissau, para me poder deslocar durante as curtas estadias que ali faço (3 semanas uma vez por ano ou de 2 em 2 anos), ele poderia fazer dela o que quisesse, era dele, o que lhe pedia era que, enquanto estivesse na sua posse e operacional, me disponibilizasse a mesma quando eu ali me deslocasse, pois era difícil alugar carrinhas.

A carrinha estava legalizada, o seu estado era impecável, tinha tido uma grande reparação, parecia nova, ficar proprietário dela seria, para qualquer um, uma tentação, no entanto a resposta do Pepito foi negativa, não aceitou, e apesar de ter muito trabalho ofereceu-se para ficar responsável pelo seu aluguer, e por assegurar a sua manutenção, colocando o dinheiro deste aluguer no banco em meu nome.

Não aceitei a sua oferta amiga, porque não era minha intenção sobrecarregá-lo com trabalho, mas não pude deixar de admirar o seu desprendimento pelos bens materiais.

O Sporting era o nosso tema de brincadeira e quando lhe disse que não tinha clube, "batizou-me" de sportinguista, e confessou-me que quando via o Sporting jogar se exaltava e vivia aqueles momentos com uma estranha intensidade.

Um dia uns amigos animistas,  na fé de o protegerem, convidaram-no a ir ao anoitecer fazer uma cerimónia secreta, junto a um poilão sagrado, o Pepito aceitou, curioso em conhecer esse ritual.

A cerimónia envolveu um banho, mas nesse dia jogava o Sporting e, atrasado para o jogo, o Pepito vestiu-se à pressa sem se enxugar, ficando a camisa toda molhada.

A esposa, Isabel, ao ouvir a sua entrada em casa, foi à sala saber dele, e conhecedora da sua paixão pelo Sporting, quando o viu assim todo molhado a olhar para a televisão, pensou que era devido ao jogo, e admirada por o ver já naquele estado, exclamou:
- Já começou! - e saiu da sala, porque,  se já estava assim, as coisas não estavam a correr bem, e o melhor era deixá-lo sozinho.

O Pepito contou-me esta história a rir, comentando:
- Não sei explicar o porquê de ficar assim. No resto das coisas, no dia a dia, isso nunca acontece.

Por isso Pepito, aqui fica um "VIVA O SPORTING!".

J. Carlos M. Fortunato
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22280: (De)Caras (137): Manuel Maurício, fur mil, chefe da equipa do BENG 447, que fez a construção das instalações do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700 (1970/72)

Guiné 61/74 - P22282: Manuscrito(s) (Luís Graça) (203): Museu de pedra








Marco de Canaveses >Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz, 19 de maio de 2021 > Vinha de vinho verde > Muro de suporte







Marco de Canvaveses > Vila Boa de Quires > Obra do Fidalgo >
 "Apesar de nunca ter sido terminada, e de estar em ruínas, a imponente fachada da casa de Vila Boa de Quires é suficiente para determinar a imponência e monumentalidade do projecto, iniciado por António de Vasconcelos Carvalho e Meneses. Não é certa a data do início da construção, que deverá ser balizada entre 1740 e 1760, muito embora a gramática decorativa do alçado principal, já rocaille, se inscreva na segunda metade da centúria" (Fonte: Património Cultural)


Museu de pedra


Tens um fascínio pela pedra, 

não pelas pedras.

Do latim, "petra".

Não rima com nada a pedra,

nem é coisa que medra.

Não cresce não mingua a pedra.



Não, não gostas  da pedra da pedreira em estado bruto.

É preciso saber extraí-la, renomeá-la e reordená-la.

Não resistes à beleza da pedra "in su situ",

o muro da vinha ou a fachada da Obra do Fidalgo.

Fascinam-te as ruinas, cobertas de musgo e líquenes

mas não de heras que escondem a pedra.

As ruínas escondidas 

por detrás dos grossos carvalhos e castanheiros.



A pedreira ou a mina a céu aberto deprime-te.

Não suportarias o buraco do ozono depois da implosão da terra.

Não há beleza petrificada.

Há apenas a beleza da pedra humanizada,

há apenas a pedra trabalhada, talhada, cortada, recortada.

há apenas a pedra lascada, aparada, esculpida.



Não percebes nada de minas e pedreiras.

Mas já estiveste a 700 metros de profundidade no interior da terra

numa mina "underground".

O que esmaga é o silêncio, seguido das explosões

dessa substância explosiva formada pela nitroglicerina e areia

e a que os mineiros chamam dinamite.



Não, não é o fogo adormecido que te encanta na pedra,

mas a pureza rugosa e fria  da sua superfície.

Gostas de todas as pedras, 

e em especial do granito de Alpendurada,

a pedra com que há séculos suportamos os socalcos da terra de Candoz.

E que sustenta o carvalho, o castanheiro, o sobreiro,  a vinha, a vida.



Não amas o mármore,

muito menos o dos cemitérios.

Os humanos gostam de descobir na pedra as marcas do tempo,

a patine do tempo,

a pedra que fala,

a pedra que canta,

a pedra que chora,

a água a cair na pedra,

o fio de água da mina a burilar a pedra.



Por detrás de um muro de pedra há lendas e narrativas.

Há mouros e mouras, 

encantados, desencantados ou ainda  por desencantar.

Há trabalhos (es)forçados. 

Sangue de batalhas antigas.

De Tongóbriga à ponte do Arco sobre o rio Ovelha.



E sobre a pedra põe-se a toalha de linho,

o pão e o vinho sobre a mesa.

E a cebolinha do talho comida com sal,

no tampo da mesa de  pedra.

Acompanhe-se com vinho tinto verde,

bebido em caneca de porcelana.



A pedra, é preciso pô-la a falar,

com o escopro.

com o martelo.

com o cinzel.

Os velhos canteiros da Rota do Românico sabiam fazê-lo.



Gostarias de saber um dia  construir um muro de granito,

outrora a 60 euros o metro cúbico.

Mas nada sabes desta arte antiga,

só sabes que gostas das pedras dos muros de Candoz, 

sobrepostas, calafetadas, calçadas.

Gostarias de saber calçar uma pedra de mais de uma tonelada,

com mais de vinte vezes o peso do teu corpo.

 

Não invejas a eternidade da pedra, 

limitas-te a fotográ-la,

para  a poderes rever antes de  morrer.

 
Luís Graça

Candoz, 23 de maio de 2021. Revisto em 21 de julho de 2023.

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22238: Manuscrito(s) (Luís Graça) (202): Parabéns, régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo!

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22281: Recortes de imprensa (118): "Mísseis uniram Enfermeira 'Pára' e Piloto-Aviador" - Especial Guerra Colonial - Revista de Domingo do Correio da Manhã de 13 de Junho de 2021

Com a devida vénia ao jornal Correio da Manhã, publicamos o artigo (texto) da jornalista Manuela Guerreiro com o título "Mísseis uniram Enfermeira 'Pára' e Piloto-Aviador", que tem como sub-título "Giselda Antunes e Miguel Pessoa sobreviveram a incidentes distintos após os aviões serem atingidos. Casaram quando a guerra acabou", publicado na Revista de Domingo do dia 13 de Junho de 2021.

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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE ABRIL DE 2021 > Guiné 61/74 - P22143: Recortes de imprensa (117): A RTP evoca os 60 anos da guerra colonial / guerra do ultramar

Guiné 61/74 - P22280: (De)Caras (171): Manuel Maurício, fur mil, chefe da equipa do BENG 447, que fez a construção das instalações do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700 (1970/72)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  "O pessoal nativo contratado para as obras. Nesta foto podem ver-se 22 elementos trabalhadores nativos, uns pedreiros e outros serventes. Ainda se visualizam 2 elementos brancos, talvez o soldado Franco e o 1º cabo Domingos Pires."
 


Foto nº 2 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72)  >  Os serventes, recolhendo areia para um Unimog."

Foto nº 3 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Os pedreiros, rebocando as paredes de uma caserna, com a supervisão do Maurício. Em 1.º plano encontra-se o Vítor Rodrigues."



Foto nº 4 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  10 de dezembro de 1970 > "Em primeiro palno o furriel Maurício. Ao fundo, a construção do edifício dos Comandos. Os pedreiros já levantaram as paredes e os carpinteiros trabalham na construção do telhado"



Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Uma caserna em construção"... Não há guindaste, e os andaimes são improvisados...



Foto nº  6 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Construção da messe. O soldado Franco e o furriel Maurício.


Foto nº 7 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício, agarrado ao 'aguadeiro' da obra,  e tendo a seu lao, de pé, o condutor Calado. Veem-se também blocos da obra e um aspecto da tabanca ao fundo”.


Foto nº 8 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício sobre um abrigo,  vendo-se ao fundo a construção de uma caserna".... O teto era feito de troncos de cibe, assentes sobre bidões cheios de terra...


Foto nº 9 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Acidente no trabalho: a equipa de enfermagem, constituída pelos enfermeiros Santos e Cunha, entram em acção. O condutor Rodrigues assiste ao tratamento. A vítma: o furrile Maurício".



Foto nº 10 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  Descascando batatas: da esquerda para a direita, cozinheiro Machado, "Bolinhas", cozinheiro Torre, cozinheiro Euclides, desconhecido, furriel Maurício, Terraço e Miguel Teixeira"



Foto nº 11 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício colocando carta ou aerograma ma caixa do correio".


Foto nº 12 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Maurício e Leandro"



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Os furriéis Maurício e Barbosa em ameno passeio de jipe".



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  29 de janeiro de 1971 > Local: instalações sanitárias... Em dia deanos , o Maurício, à esquerda com o comdutor Luís Maria; do lado direito, o Vieira e "Fafe" assistem...

Fotos (e legendas). © Manuel Maurício (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Fernando Barata / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Fernando Barata, ex-alf mil inf,  CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), nosso grã.tabanqueiro da primeira hora, coimbrão, criou em 2007 (e tem mantido até hoje, sempre ativo e produtivo) o blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72). Está associado ao nosso blogue, que acompanha diariamente.

Foto à esquerda: 2013, aos 65 anos. De seu nome completo, Fernando Manuel Madeira Mendes Barata, foi o comandante do 2.º Pelotão. Natural de Canas de Senhorim (concelho de Nelas, ainda...), vive em Coimbram, desde que passou à "peluda".  Trabalhou na Rank Xerox, Quintino Velho - Desp. Oficiais, Comissão de Coordenação da Região Centro. É licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.  ]
  
 
É um caso extraordinário de dedicação, persistência e camaradagem. São raros os exemplos, na Net, de longevidade de páginas e blogues, nas redes sociais, dedicados a uma unidade ou subunidade que tenha passado pelo CTIG... Houve um "boom" de criação de blogues, a seguir ao aparecimento do nosso (em 2004)... Mas, passados uns tempos, o entusiasmo e a curiosidade vão definhando, a maior parte das vezes por falta de colaboração (em textos, fotos e outros documentos) do pessoal. 

Em 15 anos, o Fernando Barata (com o seu coeditor  Ricardo Lemos, ex-fur mil mec) publicou até 839  postes. No ano em curso, foram 35, Considerando osúltimos 14 anos dá  uma média anual de 57,4 postes (Mínimo, 37 em 2016: máximo, 136, em 2012). Em suma, são cerca de 5 postes por mês. Só é pena que o blogue não tem uma lista de descritores ou marcadores, de modo a facilitar a pesquisa.



Manuel S. Maurício, ex.fur mil, BENG 447 (1970/72).
Professor do ensino básico reformado. Vive na Ericeira, Mafra.
É da colheita de 1948,faz anos a 29 de janeiro, É um "dulombiano",
por adoção.
  
2. Há dias chamou-nos a atenção a história da construção do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700. Com a devida vénia aos editores e ao autor das fotos  (Manuel Maurício, ex-fur mil, BENG 447, Bissau  Dulombi, 1970/72), vamos reproduzir parte do poste P473, de 18 de agosto de 2013, editado pelo Fernando Barato (*), dado o seu interessante documental, mas também em homenagem aos nossos anónimos 'engenheiros' que fizeram o seu melhor para nos dar algum conforto e segurança nos nossos 'resorts turísticos'...


O Maurício chegou a Dulombi no dia 17 de Junho de 1970 com a missão de construir o aquartelamento de Dulombi, projectado com duas casernas, um edifício de comando, um depósito de géneros, um refeitório, uma messe, uma central eléctrica, quatro postos de sentinela mais conhecidos por torreões, assim como o saneamento básico,  incluindo fossa séptica com três compartimentos. 

Quando chegou a Dulombi já lá se encontrava o soldado Franco,  pertencente ao Batalhão de Engenharia, o BENG 447, o qual já tinha dado início às construções, visto que uma cópia do projecto do aquartelamento já se encontrava na nossa Companhia, a CCAÇ 2700.

O soldado Franco era um militar oriundo do Algarve e estava a cumprir a 2.ª Comissão devido a problemas disciplinares por ter tido um grave acidente com uma viatura do exército. Tendo sido condenado a prisão militar, esta foi substituída por uma segunda Comissão. Na altura deveria ter cerca de 27 anos e era pedreiro, como profissão militar.

 Chegado a Dulombi, o Maurício deu início efectivo a todo o projecto, recrutando pessoal nativo. Este pelotão de pessoal nativo era constituído por cerca de 20 a 40 indivíduos, dependendo das necessidades temporais. Havia duas classes de contratados: os serventes e os pedreiros

Os serventes tinham como missão retirar areia e cascalho das proximidades de Dulombi, fazer os blocos para a construção de edifícios e ajudar os pedreiros nas suas tarefas. Era um trabalho árduo e mal pago. Ganhavam cerca de 30 pesos por dia (equivalente a 27 escudos da metrópole, a preços de hoje, cerca de 8 euros).

Os pedreiros eram os operários melhor remunerados. Tinham como missão construir os edifícios erguendo as paredes, fazer o chão, executar a rebocagem com massa das casernas e outros edifícios, entre outras funções especializadas. Ganhavam entre 40 (=36 escudos) a 60 (=54 escudos) pesos por  dia (10,6 e 15,9 euros, respetivamente), conforme a sua experiência. Os valores mensais pagos aos nativos eram definidos pelo Maurício. 

De salientar que o Maurício dependia directa e hierarquicamente do Batalhão de Engenharia 447, através do alferes da Zona. O batalhão de Engenharia foi criado em 1 de Julho de 1964, como unidade da guarnição normal da Guiné, tendo integrado todos os elementos de engenharia existentes na Guiné, nomeadamente a Companhia de Engenharia 447, mobilizada no Regimento de Engenharia 1 (Pontinha – Lisboa), que era constituída por, além do Comando, 1 Pelotão de Equipamento Mecânico, 2 Pelotões de Sapadores e 1 Pelotão de Pontoneiros, sendo este pelotão que garantia a ligação fluvial por barco em diversos pontos. 

O BENG 447 destacou elementos para colaborar na execução e/ou reparação das estruturas de aquartelamentos (edifícios, electrificação, depósitos de água), construção de estradas e formação de pessoal local nas especialidades de pedreiro, carpinteiro, canalizador, electricista e operador de máquinas de terraplanagem. Foi extinto em 14 de Outubro de 1974 com a entrega das instalações e equipamento. 

O Manuel Maurício tinha como funções: 
  • Requisitar pessoal
  • Estipular vencimentos, que eram pagos através da secretaria de Dulombi
  • Coordenar todo o trabalho inerente às obras
  • Requisitar materiais e ferramentas
 O furriel Maurício era coadjuvado pelo 1.º cabo Domingos Manuel Pires que, além desta função, exercia as funções de carpinteiro. O Manuel Maurício desembarcou em Bissau no dia 14 de Junho de 1970, seguindo para Dulombi passados três dias. Permaneceu em Dulombi até finais de Outubro de 1971, regressando à base, o Batalhão de Engenharia, aquartelado em Bissau. Regressou à Metrópole no dia 12 de Julho de 1972. (**)

[ Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de edição deste poste P22280:  LG]
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Notas do editor:

(*) Vd. Blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72) > 18 de agosto de 2013 >  P473: Relíquias fotográficas do Manuel Maurício