quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22878: In Memoriam (424): Alberto Tavares de Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)... Natural de Vale de Cambra, onde era muito estimado, destacou-se como poeta e homem de teatro


Foto nº 1 > Alberto Bastos


Foto nº 2 > Alberto Bastos e Eduardo Jorge, ambos de perfil


Foto nº 3 > Eduardo Jorge e Alberto Bastos: falando seguramente da Guiné... Com paixão...


Foto nº 4 > Alberto Bastos e Eduardo Jorge (de costas)

Lourinhã > Vimeiro > 12 de maio de 2019 > O Alberto Basto em almoço de convívio com os nossos camaradas e grã-tabanqueiros Eduardo Jorge Ferreira (1953-2019) e Joaquim Pinto de Carvalho. Tratava-se do 39º aniversário da Associação Recreativa e Cultural do Vimeiro (ARCV), de que o nosso saudoso Eduardo Jorge era então dirigente...(Infelizmente morreria dali a escassos meses, a 23/11/2019).  

"Empatizaram logo um com o outro!", diz o Joaquim Pinto Carvalho que apresentou o Alberto ao Eduardo. "Era um homem da palavra, do teatro, da poesia... Rapidamente improvisava um verso e o declamava....Íamos a casa um do outro com alguma regularidade. Tenho vários livros dele, autografados, com dedicatória ao 'irmão' Joaquim"... No livro de poesia <i>Alguém<</i> (Chiado Editora, Lisboa, 2008, 156 pp.), escreveu-me: 'Ao meu especial amigo Joaquim A. Pinto de Carvalho com a magia  dos 'bons velhos tempos'. O autor, (assinatura ilegível), 07/10/2009".

Fotos (e legendas): © Joaquim Pinto Carvalho (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Morreu, no primeiro dia do ano de 2022, o nosso camarada  Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73). (*)

A triste notícia foi-nos dada pelo Joaquim Pinto de Carvalho, ex-alf mil at inf.  CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda), 1971/73, nosso grã-tabanqueiro nº 633 (**)

Pertenciam ao mesmo batalhão, o BCAÇ 3852, e eram amigos do peito, há meio século. Estiveram em Mafra juntos e acabaram por ser mobilizados para a Guiné e para a mesma unidade. O Joaquim e a Maria do Céu estavam desolados. Telefonei, de imediato ao Manuel Gonçalves, igualmente membro da nossa Tabanca Grande (nº 776), que também conhecia o Alberto Bastos, sendo do mesmo batalhão (***). Também o João Marcelino o conheceu. Telefonei igualmente ao Joaquim Costa, da CCAV 8351.

É nossa intenção, em honra da sua memória, integrá-lo na Tabanca Grande, a título póstumo, no caso de termos o OK da sua viúva, a fisioterapeuta e empresária Trindade Bastos. Procuramos também uma foto sua do tempo da tropa e da guerra. Será o primeiro representante da CCAÇ 3399 no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 

Poeta, desde menino e moço, foi ele o autor da letra do hino do BCAÇ 3852, datada de  12/6/1971, reproduzida no seu livro de poesia <i>Alguém</i> (LIsboa, Chiado Editora, 2008, pp. 125/126.

É também autor do poema "Na estrada do Cumbijã", dedicado ao cap mil Vasco da Gama, comandante da CCAV 8351 (Cumbijã, 1971/73), "Os Tigres do Cumbijã" (, já publicado no poste P3640), e reproduzido, a pp. 138/139, no recentíssimo livro  do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina (Guiné, 1972/74") (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 2021).

2. R eprodução de notícia do jornal "on line" "A Voz de Cambra" (com a devida vénia...)


ATUAL > Morreu Alberto Bastos, o encenador, ator e escritor de Vale de Cambra

Janeiro 3, 2022  Cristina Maria Santos

Tinha 72 anos, mais de 50 dedicados à escrita e ao teatro, onde representou mais de 200 papeis diferentes. Alberto Bastos faleceu no primeiro dia do ano de 2022.

Alberto Bastos contava mais de meio século de carreira, com um percurso marcado por várias atuações no teatro, mas também era reconhecido pela sua veia humorística fora dos palcos.

Alberto Tavares de Bastos nasceu em S. Pedro de Castelões e escrevia desde a adolescência. Publicou os livros de poemas “Bailam Flores”, em 1999; “Um Grito na Noite dos Tempos”, em 2000; e “Alguém, em 2008. Publicou a sua primeira obra de teatro “Palco da Vida”, em 2006 e a “A Máscara”, em 2015.

Alberto Bastos pisou o palco pela primeira vez aos 12 anos, em 1960, no salão da fábrica “Almeida & Freitas”. “Foi o meu batismo artístico e lembro-me de rir muito e tremer”, recordou Alberto Bastos ao Voz de Cambra, em 2020.

De 1975 a 1978, fez parte do elenco cénico do Grupo Recreativo e Cultural de Cavião e, a partir de 1993, integrou o Grupo Cénico da Associação de Promoção e Desenvolvimento de Castelões (APDC), onde foi ator e habitual encenador.

Participou em vários eventos do concelho, como; “Rusga à Sra. da Saúde”; “…da Lusitânia ao Foral”; “Queima do Galhofeiro”; Carnaval de Vale de Cambra, mas também em iniciativas em concelhos limítrofes, como por exemplo: Viagem Medieval em Terra de Santa Maria e a Feira Medieval de S. João da Madeira.

Entre muitas representações, em 2016, encenou a peça “Volfrâmio – Suor o deu, miséria o levou”, um trabalho de longa pesquisa, onde entrevistou alguns idosos que sobreviveram ao drama de outrora. “Não abandonei a arte e tenho no prelo uma nova peça em três atos, cuja publicação terá lugar quando a presente situação pandémica do país se desvanecer. Esta obra, ficará disponível para quaisquer grupos cénicos que queiram levá-la à cena”, explicou.

 O “professor Alberto bastos”, como era habitualmente chamado, aproveitou para agradecer a todos quantos o reconheceram nesta vida artística.

“Bem hajam, todos aqueles que me acompanharam ao longo deste longo percurso e ao público maravilhoso que nunca me regatearam aplauso e crítica. Obrigado”, concluiu

No primeiro dia do ano de 2022, Vale de Cambra lamenta e despede-se do artista que marcou o teatro no concelho.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22866: In Memoriam (423): Jorge Cabral (1944-2021): cerimónias fúnebres, na Igreja do Lumiar, Lisboa, hoje, a partir das 17h00 (Pedro Almeida Cabral)

Guiné 61/74 - P22877: Historiografia da presença portuguesa em África (297): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Março de 2021:

Queridos amigos,
A narrativa de Senna Barcelos, neste período posterior à Restauração, dá-nos conta das tremendas dificuldades da presença portuguesa na Guiné. Franceses e ingleses vão-se assenhoreando de porções importantes da Senegâmbia. Há mercadores em Cacheu que ditam a lei, vexam e chegam mesmo a prender o capitão-mor; a hostilidade dos autóctones é permanente, exigem tributos e prendas. Os da ilha de Santiago repontam, querem direitos alfandegários, não os deixando a Cacheu. Em Lisboa, não se sabe muito bem o que fazer quanto à criação de um presídio em Bissau. As companhias criadas para potenciar o comércio não vão durar muito tempo. E Senna Barcelos não perde oportunidade em exibir decisões régias inapropriadas, mostrar a cáfila de incompetentes e corruptos nos lugares de governação e nos negócios. Esta memória que o oficial da Marinha enviou à Academia das Ciências é uma peça fundamental no pioneirismo da historiografia guineense e permite vislumbrar, quase a olho nu, a ligação comercial, mormente no tráfico negreiro, entre a Guiné e Cabo Verde.

Um abraço do
Mário



Um oficial da Armada que muito contribuiu para fazer a primeira História da Guiné (2)

Mário Beja Santos

S
ão três volumes, sempre intitulados Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada, oficial distinto, condecorado com a Torre e Espada pelos seus feitos brilhantes no período de sufocação de sublevações em 1907-1908, no leste da Guiné. O levantamento exaustivo a que procede Senna Barcelos é de relevante importância e não há nenhum excesso em dizer que em muito contribuiu para abrir portas à historiografia guineense. Comenta factos com muita franqueza, não se escusa de dizer que o reinado de D. João V foi altamente prejudicial a Cabo Verde e à Guiné. É profundamente crítico também com a escolha de muitos governadores, fala com imenso à vontade de rapinas e corrupção. Inicia o seu trabalho no século XV, pouco nos detivemos aí, fomos diretamente para esse penoso período da Restauração que ele investigou com imenso cuidado, nunca escondendo que estávamos muito lentamente a sair de uma decadência profunda agravada pelo período filipino e que o cerco à Senegâmbia Portuguesa dava sinais inquietantes, franceses e ingleses infiltravam-se em territórios anteriormente ocupados por Portugueses. Comerciantes estrangeiros mercadejavam à socapa, impunha-se construir boas posições fixas, e falava-se na Fortaleza de Bissau. Igualmente este período vê aparecerem duas tentativas de criação de companhias de comércio, a de Cacheu e a de Grã Pará e Maranhão.

Enquanto nos confrontávamos em território europeu com a Guerra da Restauração, a presença francesa e inglesa é uma constante. O governador da Guiné e Cabo Verde, Veríssimo de Carvalho, alerta para o facto de os franceses quererem levantar uma feitoria da Real Companha de França em Bissau. É deste tempo que data a ideia de construir uma fortaleza em Bissau, o rei local, Bacampolco, concedia licença, em Bolor, igualmente se construía uma outra fortaleza.

Senna Barcelos é minucioso na denúncia de trafulhices, basta ler o que se segue:
“O capitão-mor era acusado de juntamente com Ambrósio Vaz, Bibiana Vaz de França e o feitor da fazenda Manuel de Sousa Mendonça prenderem à saída da missa o Capitão-Mor Oliveira, desterrando-o para Farim, onde esteve recluso num escuro corredor da casa de Bibiana durante 14 meses”. Fez-se uma sindicância, provou-se haver mais culpados, aplicaram-se punições e o autor comenta: “Cacheu estava num perfeito caos; a sua população constava de 12 pessoas, entre brancos e mulatos. Os capitães-mores que acumulavam o cargo de feitor da fazenda deixariam de o exercer quando se deu maior jurisdição a António de Barros Bezerra, porém este continuou a exercê-lo, deixando de escriturar os livros dos rendimentos reais; este mau exemplo seguiu o novo feitor, persuadido talvez que não encontraria oposição como Barros Bezerra, também partidário da ricaça Bibiana Vaz”.

A investigação de Senna Barcelos oscila em permanência na descrição de factos em Cabo Verde com os acontecimentos passados na Guiné. Em 1692 o rei decidiu que se construísse a Fortaleza de Bissau e o autor comenta: “Desde o século XV que os portugueses comerciavam em Bissau, alcançando do régulo, com engodo do negócio, o poderem levantar uma feitoria ou casa-forte para guardarem suas mercadorias. Muito antes de 1604 havia em Bissau algumas casas, porém nessa data, aparecendo ali os primeiros religiosos, catequizaram e converteram à nossa fé muitos pretos, que vieram reunir-se aos portugueses, tornando mais importante a povoação”.

Em 21 de dezembro de 1695 publicou-se legislação autorizando o Conselho Ultramarino a encarregar a Companhia de Cacheu e Cabo Verde da administração da fábrica da fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Bissau. A legislação estabelece os procedimentos: a Companhia de Cacheu e Cabo Verde pagaria a despesa, contribuindo igualmente os de Cabo Verde, tudo constaria dos livros de receita; da fortaleza haveria um capitão-mor e as embarcações que saírem da Ilha de Bissau poderão livremente vir por outro qualquer porto deste reino; a Companhia de Cacheu e Cabo Verde teria a incumbência do pagamento da folha dos oficiais da fazenda, guerra e presídio da dita ilha, etc. O rei confirma em 7 de março de 1696 este contrato.

E regressamos à descrição de atropelos e sobressaltos:
“Em 24 de Março de 1697 dizia o Capitão-Mor de Cacheu, Vidigal Castanho, que em 17 de Agosto de 1696 intentara o rei dos Mandingas, de Canicó, circunvizinho à população de Farim, dar nesta um assalto para a destituir de moradores e forros cristãos, que eram muitos, e roubar-lhes ao mesmo tempo as suas fazendas. Para este intento entrou manhosamente na povoação, envolto numa certa capa de amizade, dizendo que vinha visitar os brancos, para que a empresa lhe fosse mais fácil, pois que contava que a sua gente cairia no dia seguinte repentinamente, e a tomada da povoação se realizaria sem grande custo.
Para que esta traição não ficasse sem ser explicada, conseguiu arranjar um conflito, tentando amarrar um negro forro e cristão, o que não levou a efeito por acudirem os brancos, que lho tiraram das mãos; e como o rei empregasse resistência, auxiliado por dois filhos seus e por um dos seus soldados, foram estes mortos e aquele preso.
Estava assim declarada a guerra à povoação. Poucos eram os elementos para a sua defesa contra uma invasão de milhares de gentios, que representados por diversas tribos, mais ou menos aparentadas, não tinham compromisso algum, nem com o governo de Cacheu, nem tão-pouco com os moradores de Farim para socorrerem os moradores”
.

Seguem-se as peripécias, pede-se auxílio ao capitão-mor de Cacheu, este arma expedição, destrói-se a principal povoação dos Mandingas, os Balantas auxiliam os brancos, mas não se conseguiu chegar às aldeias Mandingas dada a quantidade de chuva. O autor comenta que a povoação de Farim era aberta, os moradores sofriam vexames sem conta e eram obrigados a pagar tributos ao rei de Canicó. O capitão-mor de Cacheu deixou Farim em estado de se defender, mandou construir baluartes e pôs artilharia.

Segue-se a descrição de um outro episódio, o autor prima pelos detalhes truculentos:
“Em 16 de Dezembro de 1715 fora nomeado governador Serafim Teixeira Sarmento, tomou posse a 6 de Abril do ano seguinte. E para Ouvidor nomeou-se Braz Brandão de Sousa em 11 de Novembro de 1717.
Estando o Senado da Câmara a governar pelo falecimento do Governador Calheiros, foi nomeado o Coronel António de Barros Bezerra. El-rei confirmou a nomeação em 2 de Agosto de 1716, ano em que se concedeu novamente aos navios que fossem a Cacheu não despacharem na alfândega de Santiago. Os resultados desta ordem inconveniente não se fizeram esperar. Como os rendimentos diminuíam, levantou-se o funcionalismo a protestar por falta de vencimentos, e neste sentido representou o governador que o atraso se devia à tal diminuição.
Em 19 de Outubro de 1717 recomendou-se em carta ao Capitão-Mor de Cacheu, António de Barros Bezerra, para evitar o comércio, que os moradores de Geba faziam em Bissau, de cera, marfim, escravos e coiros, com os estrangeiros, causando enormes prejuízos aos direitos reais, e fazer todo o possível para aqueles moradores derivarem o seu comércio para Cacheu, pagando ali os direitos. O capitão-mor respondeu não lhe ser possível obrigá-los a vir ali comerciar, e nem tão-pouco aos de Bissau, porque todos eram levantados, e quando algum manifestava desejos de vir a Cacheu mandava primeiro pedir seguro enquanto ali estivesse, para não o prenderem, e como se achavam todos seguros pelo rei de Bissau o qual não queria que fossem molestados, zombavam das ordens passadas pelos capitães-mores e nem respondiam a elas, por isso que se sentiam fortalecidos pelos gentios, bem conhecedores da pouca força de que dispúnhamos. O capitão-mor lembrava como melhor alvitre a reedificação da fortaleza de Bissau outra vez, porque com ela se evitaria o comércio que os franceses estavam fazendo. Concordou-se com a reedificação da fortaleza, mas o Conselho Ultramarino discordou com o fundamento de que Portugal não tinha meios para conservar e sustentar o presídio e também pela inconstância dos negros e reis de Bissau, motivos por que tinha el-rei mandado demoli-lo. O Conselho Ultramarino recomendava que todas as atenções deviam ser dadas a Cacheu que era a principal praça da Guiné e D. João V concordou com o parecer do Conselho Ultramarino"
.

É sem dúvida um período de franca decadência. Vamos agora dar atenção ao período de 1750 a 1777 correspondente ao reinado de D. José.

(continua)


Bibiana Vaz, grande negociante de Cacheu
Pormenor da Fortaleza de Cacheu
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22853: Historiografia da presença portuguesa em África (296): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22876: Efemérides (360): Os 50 anos da Corrida de São Silvestre no Saltinho, 1971/72 (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), com data de 2 de Janeiro de 2022, que nos traz uma reportagem da corrida de São Silvestre no Saltinho, passagem de ano de 1971 para 1972, já lá vão exactamente 50 anos.


São Silvestre no Saltinho

Na passagem de 71 para 72, ou seja, há exatamente meio século (Santa Maria, Mãe de Jesus, o tempo que já lá vai…), encontrava-me eu na CCAÇ 2701, no Saltinho, para onde fora destacado, em serviço de diligência, sete meses atrás.
Tal como em Bambadinca, onde fizera inicialmente um estágio de cerca de três meses por conta dos Serviços de Informação Militares, não houve ceia especial e, muito menos, réveillon. Mas, no primeiro dia daquele “prometedor” Ano Novo, ao toque de alvorada, toda a gente se levantou de um pulo para participar na Grande Prova de Atletismo de São Silvestre, que tinha a respetiva partida marcada para as nove da manhã, na tabanca de Sinchã Maunde Bucô.
Era uma prova com apenas cerca de 10 km, aberta a militares e civis com assento na região, com prémios apetecíveis para os cinco primeiros classificados. Não seria, pois, de estranhar a fartura de candidatos que acorreu ao ponto de partida, conforme nos documenta, embora sem zoom, a foto n.º 1 de um qualquer repórter desconhecido.
Mas, interessante, interessante, seria reunir agora os mesmos atletas e pô-los a repetir a corrida de há cinquenta anos atrás.

Lá ao fundo, em Madina Bucô, toda a gente preparada para a partida (o jipe, ao volante do qual está o Capitão Carlos Clemente, fará as vezes dos batedores da polícia)
Estes dois ciclistas (o Migueis, à civil, e um dos professores da CCAÇ2701) funcionariam como uma espécie de diretores/controladores da corrida.
O carro da comunicação social, com especial destaque para a RTS (Rádio Televisão do Saltinho). O bigodinho preto e os rayban são do Furriel Miliciano Faria (Transmissões)
Frente do carro-vassoura com meros acompanhantes da corrida (os desistentes da prova vinham na traseira da viatura, que outro lugar não mereciam); com uma folha de papel na mão, o 1.º Cabo Escriturário Simão (entretanto falecido).
Posto de controlo na linha de chegada, à entrada principal do aquartelamento (o Alves, furriel miliciano vagomestre, está sentado à mesa, pronto a verter para o papel os nomes dos atletas por ordem de chegada; de pé, a seu lado, e de AVP1 no ouvido, o Damas (Transmissões); e à frente, mais duas figuras das Transmissões, cujo nome, de momento, não me ocorre; à esquerda, sentadinho atrás do ensonado cão de guarda, o 1.º Sargento Picado, já falecido (está sepultado em Aveiro, sua terra-natal, segundo creio).
Chegada dos segundo e terceiro classificados da prova. O vencedor foi o 1.º Cabo Cosme, do Pelotão de Caçadores Nativos 53, de que não tenho imagens (com um treinador como o Alferes Paulo Santiago…)
Na imagem, um dos tais "diretores/controladores” da prova (curiosamente, apesar de se deslocar em bicicleta, chegou depois de todos os outros - areão no piso, justificar-se-ia). Se repararmos bem, estava toda a gente de tacha arreganhada, falta saber onde estava a piada: atrás do Migueis, o 1.º Cabo Lourenço; na berma da estrada, dois homens das Transmissões, o 1.º Picado (calça escura) e alguns miúdos da população do Saltinho.
Traseira do carro-vassoura à chegada, com os desistentes da prova a meio-caminho, se tanto.
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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22768: Efemérides (358): Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes, Lisboa, 19 de outubro de 2021 (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Guiné 61/74 - P22874: "Alfero Cabral ca mori": Lista, por ordem numérica e cronológica, das 94 "estórias cabralianas" publicadas (2006-2017) - Parte I: de 1 a 19



Guiné 61/74 > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71) > Um intelectual das Avenidas Novas de Lisboa no meio dos Mamadu > Jorge Cabral, ex-alferes miliciano de artilharia, comandante desta unidade ao tempo do BCAÇ 2852 e do BART 2917.


Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 ou 1970 > "O 1º Cabo Monteiro, já falecido. Às costas, um pequenino Alfero Cabral " (JC)... 

A par da tragédia, a guerra da Guiné foi também um peça do Teatro do Absurdo... Jorge Cabral teve o grande talento e o especial mérito de nos mostrar, com um toque de genial humor, esse outro lado da guerra, que era o nosso quotidiano de gente com um grão de saudável loucura que nos ajudou a sobreviver ao "non-sense", o não-sentido de tudo aquilo que ali fomos obrigados a representar ou viver...

Fotos (e legendas): © Jorge Cabral (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Os restos mortais do Jorge Cabral (Lisboa, 1944 - Cascais, 2021) ficam doravante no cemitério do Lumiar. Mas o "alfero Cabral ca mori", o "Alfero Cabral" não morreu... Ficará connosco, na Tabanca Grande,  e as suas "estórias cabralianas"  estarão aqui, ao alcance de um clique, sempre que as quisermos (re)ler...

Temos 94 "estórias cabralianas" publicadas, numeradas de 1 a 94. A primeira foi publicada em 6/1/2006 e última em 16/1/2017. Só parte destas "estórias" foram publicadas em livro, em vida do autor (*).  Por outro lado, lançado em plena pandemia o livro não chegou a muitos dos seus leitores e admiradores.
 
Perdõem-me a imodéstia, mas fui eu quem descobriu, acarinhou, alimentou ... esse filão de humor do mais fino quilate que são as "Estórias Cabralianas"... O título, se não erro, também foi sugestão minha, que o "alfero" logo agarrou.

Mês a mês, desde os princípios de 2006, com maior ou menor regularidade, como quem paga uma dívida a um amigo, o Jorge lá me foi mandando o seu material ... Sempre lacónica nos seus emails, dizia-me: Sai estória, aqui vai estória, para desanuviar, para desopilar... 

Uma estória aqui, outra estória acolá (sem h, como fazia questão de sublinhar, que era para ninguém as confundir com a "realidade" e levar a sério o estoriador)... E, nesse ritmo de produção artesanal a que ele nos habituou, lá a chegou  às 64 ao fim de cinco  anos...(A nº 64 foi publicada em 9/11/2010)... A uma média, portanto, de doze por ano, 1 por mês...

2006 - 16 | 2007 - 15 | 2008 - 12 | 2009 - 14 | 2010 -    7  || Subtotal= 64.

Depois,  a produção tornou-se mais espaçada, a partir de 2011 (, cicno por ano, em média):

2011 -  5 |   2012 -  6 |  2013 -  8 | 2014 - 2 | 2015 - 5 | 2016 - 2 | 2017 - 2 || Subtotal = 30.
 

Eram short stories (ou micro-contos) que lhe vinham à cabeça e que ele passava a papel e depois a computador, entre duas aulas na Universidade ou duas audiências em tribunal. Um género literário que ele cultivava como ninguém... 

Enfim, eram sempre um belíssimo pretexto para falar da sua querida Guiné e das suas gentes com quem ele, de resto, continuava a privar de perto, na Universidade Lusófona: agora filhos de ministros, de combatentes da liberdade da Pátria, ou descendentes das mais puras estirpes das aristocracias fulas, mandingas ou manjacas...

E da Guiné ele só falava com (com)paixão e ternura, através dessa criação única, e que já entrou na galeria dos imortais da blogosfera, que é o nosso "Alfero Cabral", o seu "alter-ego", romântico, apaixonado, arrebatado, esotérico, excessivo, quixotesco, rocambolesco, pícaro, delicado, temerário, extravagante, poético, sensível, absurdo... Só não é brigão nem fanfarrão, mas tem uma vaga costela do pipi das Avenidas Novas e do Vavá, misturada com a máscara do furtivo irã do pensamento mágico que poisava nos poilões das tabancas balantas (Bissaque, Mero, Santa Helena, Nhabijões...).

Desconcertante, sempre, o nosso "Alfero"!... Recordo-me de, há uns anos atrás, ele ter-me perguntado, com o ar mais sério deste mundo,  se não queria comprar, a meias com ele, a Tabanca de Finete:
- Estás a ver, a bolanha, o Rio Geba, a rede preguiceira, uma bajuda para te enxotar as moscas!... O que é que um homem quer mais quando chega a SEXA ?!

Noutra ocasião, confidenciou-me que tinha de voltar a Fá... Porquê ?
- Deixei lá uns escritos importantes, escondidos num buraco tapado por um tijolo, no alto do depósito de água, que ainda lá continua de pedra e cal!...

Nunca o ouviu queixar-se da triste sina, à boa maneira dos tugas, nem esconjurar Deus, Alá ou os irãs, sempre sabendo pelo contrário tirar o melhor prazer e sábios ensinamentos de cada momento: 

"(...) Aqui estou novamente a falar dos meus tempos da Guiné. Tempos que não foram nem os melhores, nem os piores da minha existência. Foram sim, diferentes. Como se naquele período, eu tivesse vivido numa galáxia distante, onde fui outro Jorge, se calhar mais real, se calhar mais autêntico… Claro que essa experiência me marcou e muitas vezes aquele Alfero regre ssa e faz das suas… como aliás o prova a história de hoje. (...)

Por outro lado, sempre discreto mas atento, paisano de corpo e alma, filho degenerado, desconjuntado na farda de "Alfero do Mato" que lhe enfiaram pela cabeça abaixo:

(...) "Caros Amigos, hesitei muito em mandar mais uma estória. Ainda por cima sobre esquentamentos... Mas que raio de ex-combatente sou eu, que não falo da guerra? Pergunto-me, às vezes, se lá estive? Parece que sim. Um ano em Fá, outro em Missirá (acreditem, o mesmo do Beja Santos...), doze dias em Bambadinca, e dezoito na Ponte do Rio Undunduma. Conheci muito pouco e sempre de passagem. Enxalé, Xime, Mansambo e Xitole, de partida para operações. De Bafatá, o Teófilo e as Libanesas, mais umas damas simpáticas que trabalhavam na horizontal... à entrada da cidade. Não transitei por Bolama. Nem tive IAO. De rendição individual passei em quinze dias dos cafés da Av de Roma para a Ponte do Rio Undunduma...

"Confesso que nunca percebi muito da guerra... Fui apenas um simples Alferes de Mato, que comandou Destacamentos e alinhou em todas as operações para as quais o Pel Caç Nat 63 foi escalado. Mas se não percebi então, hoje ainda percebo menos... Estou porém agora a tentar aprender no Blogue!" (...)

Logo a seguir ao seu 77º aniversário (, em 6/11/2021), falando ao telemóvel e sentindo-se um pouco mais animado (depois do "grande ronco" que foi a ida à porta da sua casa, no Monte Estoril, de um numerosa representação das suas antigas alunas, as suas queridas "almas"), ele ainda me prometeu uma derradeira "estória", a propósito de um contacto de alguém da Guiné-Bissau... Já não teve, infelizmente forças para a escrever e ma mandar...
 
Está na altura de as ler, quem as não conhece. Ou de as reler, quem as já leu no devido tempo mas mas precisa de refrescar a memória... Curiosamente, só a partir de 2008 é que os nossos leitores começaram a deixar comentários nos postes desta série...  Por exemplo, a "estória nº 29" (poste P2334, de 16/12/2007) (**), uma das mais conhecidas e populares (, tendo batido o recorde,  com um total até agora de 1738 vizualizações), não tem um único comentário...

Vamos reparar essa injustiça. É a melhor forma de homenagearmos o seu autor e nosso já saudoso camarada Jorge Cabral.


2. 
Lista das estórias cabralianas, por ordem numérica e cronológica - Parte I: De 1 a 19:


20 de Abril de 2007 > Guiné 63/7 4- P1682: Estórias cabralianas (1): A mulher do Major e o castigo do Alferes (Jorge Cabral)

(...) Quando de Missirá me deslocava a Bambadinca, seguia sempre a mesma rotina. Primeiro visitava o Bar do Soldado, até porque aí tinha que liquidar as despesas alcoólicas efectuadas pelo meu Soldado Ocamari Nanque, que se encontrava preso. (...)

23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1688: Estórias cabralianas (2): O rally turra (Jorge Cabral)

(...) Numa tarde de tédio convenci o motorista da viatura existente em Missirá, um humilde Unimog, a dar um passeio. Pretendia visitar o Enxalé, seguindo pela estrada de Mato Cão, pela qual não passava qualquer veículo há muito tempo. (...)


23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1689: Estórias cabralianas (3): O básico apaixonado (Jorge Cabral)

(...) O Pel Caç Nat 63 esteve quase sempre em Destacamentos. Comigo em Fá e Missirá. Antes no Saltinho, e depois no Mato Cão. Para os Destacamentos eram mandados os especialistas que a CCS [do Batalhão sediado em Bambadinca] não queria. Assim, tive maqueiros que não podiam ver sangue, motoristas epilépticos e até um apontador de morteiros cego de um olho. Tudo boa rapaziada, aliás! (...)

18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P437: Estórias cabralianas (4): o Jagudi de Barcelos.

(...) Dos quatro Comandantes de Bambadinca que conheci, apenas o Polidoro Monteiro me mereceu consideração. Dos outros nem vou dizer o nome, e de dois a imagem que guardo é patética . Assim, no rescaldo do ataque ao Batalhão, lembro o primeiro, à noite, de G-3 em bandoleira, pedir-nos:- Se houver ataque, acordem-me (...).

23 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P454: Estórias cabralianas (5): Numa mão a espingarda, na outra...

(...) Penso que, já em 1971, apareceu no Batalhão [de Bambadinca], um Alferes de secretariado, corrido de Bissau, por via de uns dinheiros. Chegou acompanhado de uma dama, sobre a qual corriam os mais variados boatos. Dizia-se, calculem, que ela tinha sido uma prenda de aniversário ao Alferes, enviada pelo pai, milionário do Porto. (...)

13 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - P605: Estórias cabralianas (6): SEXA o CACO em Missirá

(...) Poucos dias faltavam para o Natal, e a tarde estava quente. Todo nu no meu abrigo, fazia a sesta, quando sou despertado por enorme algazarra misturada com os ruídos do helicóptero.-Alfero, Alfero, é Spínola! - gritam os meus soldados (...).

17 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - P620: Estórias cabralianas (7): Alfero poi catota noba

(...) Finda a comissão, calculem (!), fui louvado. O Despacho do Exmo. Comandante do CAOP Dois referia, entre outros elogios, a minha “habilidade para lidar com a tropa africana e populações”, a qual me havia “granjeado grande prestígio”. Esquecido, porém, foi o essencial – evitei a dezenas de Bajudas o repúdio matrimonial e a consequente devolução do preço. Essa tão meritória actividade, sim, teria merecido, não um simples louvor, mas uma medalha (...).

13 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - P690: Estórias cabralianas (8): Fá Mandinga no Conde Redondo ou o meu Amigo Travesti

(...) Na década de 80, dava aulas nocturnas numa Escola na Duque de Loulé e costumava descer a Avenida para tomar o Metro. Eis que uma noite, me vejo perseguido por um Travesti que me grita:- Meu Alferes! Meu Alferes! Alferes Cabral!... Tomado de terror homofóbico parei, negando conhecer a criatura, de longas pernas e fartíssimos seios. (...)

20 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - P707: Estórias cabralianas (9): Má chegada, pior partida

(...) Com destino à Guerra, viajei no Alfredo da Silva, quase um cacilheiro, durante doze dias. Em primeira classe, sete oficiais e uma dona puta em pré-reforma habitavam um ambiente de opereta, jantando de gravata, com a estafada dama na mesa do comando. Depois havia a valsa… Cheirava a mofo, a decadência, ao fim do Império (...).

3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P836: Estórias cabralianas (10): O soldado Nanque, meu assessor feiticeiro

(...) Desde que cheguei, e durante o primeiro ano, o Pel Caç Nat 63, foi pluriétnico. Mandingas, Fulas, Balantas, Manjacos, Bigajós, estavam representados. Pluriétnico e plurirreligioso, com um Manjaco, Pastor Evangélico, um Marabú Mandinga Senegalês, vários adoradores de muitos Irãs, e até alguns crentes na Senhora de Fátima, vivendo todos em Paz ecuménica, sob a batuta do Alferes agnóstico com tendências panteístas, que pensava que nada o podia surpreender (...).


4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto

(...) À noite, após o jantar, nós os nove brancos do Destacamento, continuávamos à mesa, conversando. Falávamos de tudo, mas principalmente de sexo, mascarando a nossa inexperiência, com o relato de extraordinárias aventuras que assegurávamos ter vivido. O nosso motorista havia até desenhado num caderno as várias posições, indagando de cada um:- E esta, já experimentaram? (...)

20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor

(...) No dia seguinte a ter ocupado Fá Mandinga, apresentaram-se no quartel as lavadeiras, cinco ou seis bajudas, todas alegres e simpáticas. Uma, Modji Daaba, chamou-me logo a atenção pelo seu porte e beleza. Bonita de cara e perfeita de corpo, possuía um ar nobre e altivo que me cativou. Imediatamente a contratei como minha lavadeira exclusiva, tendo acordado uma remuneração superior na esperança de algumas tarefas suplementares… (Periquito, ainda não sabia, que com as bajudas mandingas era praticamente impossível ir além de algumas carícias peitorais…). (...)


28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1128: Estórias cabralianas (13): A Micá ou o stresse aviário (Jorge Cabral)

(...) Terminada a especialidade de Atirador de Artilharia, permaneci como aspirante, em Vendas Novas, na respectiva Escola Prática. Aí me atribuíram variadas funções, Justiça, Acção Psicológica e Cultural, Revista Literária, etc, etc, pelo que quase nunca fiz nada. Quando me procuravam num lado, estava sempre no outro…Na Justiça, creio que apenas dei andamento a um processo, enviando uma deprecada para Angola, a perguntar se o Furriel Patacas possuía três mãos. (...).



24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1313: Estórias cabralianas (14): Missirá: o apanhado do alferes que deitou fogo ao quartel (Jorge Cabral)

(...) Julgo que aconteceu em Março [de 1971]. O dia decorrera em Alegria. Chegara a Missirá uma arca frigorífica a petróleo, oferta do Movimento Nacional Feminino, e cedo começaram as libações.Seriam três ou quatro da manhã, sou abruptamente despertado. Tiros (?). Rebentamentos (?). Fogo! Saio do abrigo nu, e deparo com meio quartel a arder.Ataque nunca podia ser! O Tigre [Beja Santos] já estava na Metrópole, Missirá era agora um oásis de paz, vigorando um tácito pacto de não-agressão (...).

14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1344: Estórias cabralianas (15): Hortelão e talhante: a frustração do Amaral (Jorge Cabral)

(...) Chamavam-lhe, os africanos, o furriel Barril, não sei se pela sua compleição física, se por via da fama e do proveito que ganhara como bebedor quotidiano e calmo. Estou a vê-lo ao serão, bebendo à colher, com paciência e estilo, enquanto o alferes declamava, e o maqueiro Alpiarça escrevia a uma das dezenas das madrinhas de guerra. (...)


14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1369: Estórias cabralianas (16): As bagas afrodisíacas do Sambaro e o estoicismo do Sousa

(...) Aos Domingos vestíamo-nos à paisana e dávamos longos passeios à volta da parada, imaginando praças, avenidas, ruas, adros de igreja e até estações de comboio. Depois entrávamos na Cantina e invariavelmente pedíamos 'Um fino e tremoços' (...).


10 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1419: Estórias cabralianas (17): Tirem-me daqui, quero andar de comboio (Jorge Cabral)

(...) Creio que foi em Fevereiro de 1971, que em Missirá, recebi a ordem de Bissau – um dos furriéis passava a ser Professor, com dispensa de toda e qualquer actividade operacional. Ponderada a situação, optei pelo Amaral , cujo porte rechonchudo e as maçãs do rosto vermelhuscas, lhe davam um ar prazenteiro e bonacheirão, nada condizente com as funções de comandante de secção combatente (...).


26 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1463: Estórias cabralianas (18): O Dia de São Mamadu (Jorge Cabral)

(...) Entre os dez militares metropolitanos do Destacamento de Missirá, apenas o Alferes era do Sul e de Lisboa – um rapaz de Alvalade, passeante da Praça de Londres e frequentador do Vává. Todos os outros, furriéis, cabos, e adidos especialistas, vinham do Norte ou das Beiras. (...).


18 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1534: Estórias cabralianas (19): O Zé Maria, o Filho, Madina/Belel e um tal Alferes Fanfarrão (Jorge Cabral)

(...) Bambadinca era então para o Alferes, feito nharro de Tabanca, a Cidade. Para lá ir, fazia a barba, aprumava o seu único camuflado apresentável, munia-se de alguns pesos e, acima de tudo, preparava o relim verbal sobre ficcionadas aventuras operacionais, que iriam impressionar o Comandante. Antes de entrar no Quartel, habituara-se a abancar no Gambrinus local, o tasco do Zé Maria, bebendo, petiscando e conversando. Um dia encontrou o Senhor Zé Maria, muito preocupado. O filho adolescente que estudava em Lisboa, ia chumbar. (...)

(Continua)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22873: O nosso blogue em números (73): no "annus horribilis" de 2021, o número de visualizações de páginas foi de cerca de 900 mil, tendo atingido um total de 13,3 milhões



1. O nosso blogue atingiu, no final do ano de 2021 (*), os c. de 13,3 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de "visitas", o que não é exatamente igual a "visitantes"...), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger: 

(i) 1,8 milhões desde o início do blogue, em 23/4/2004 até maio de 2006;

e (ii) c. 11,5   milhões, desde então até 31/12/2021 (Gráfico 2).

 De 2011 a 2021, temos um média anual de cerca de um milhão de visualizações.

Importa recordar que, no início do blogue, no período de abril de 2004 a maio de 2010, tínhamos um outro contador; o saldo acumulado de visualizações de páginas não transitou automaticamente, a partir de maio de 2010. Quando o Blogger disponibilizou um contador, começou a contagem no zero....

 Tal como no  "annus horribilis" de 2020, com mais pessoal em casa, devido ao confinamento, tivemos em 2021 cerca de 900 mil visualizações, o que dá uma média de 2466 visualizações de página por dia, cerca de 103 por hora, 1,7 por minuto,,, Melhor do que em 2020 (*)




Gráfico nº 3 - Evolução das visualizações de página ao longo do ano de 2021
Fonte: Blogger (2022)


2. Achamos que não vale a pena desagregar este número pelos meses do ano. Mas sabemos que o movimento é variável conforme os meses, as semanas, os dias e as... horas (Gráfico nº 3):  por exemplo, houve vários picos, em 2021, com valores acima das 5 mil  visualizações diárias em janeiro (dia 8), fevereiro (dia 2), maio (dia 8), junho (dia 29) e outubro (dias 17 e 20).

Sabemos, pela experiência passada, que os dias com menor movimento tendiam a ser ao fim de semana (sábado e domingo) e aos feriados,,,

No ano de 2021, foi o dia 7 de agosto  o que registou menos visitas (em rigor, visualizações) (n=1058); e o maior foi o de 20 de outubro com 28 213 visualizações...

E os dias com mais movimento, nos anos anteriores, eram os do início da semana (segunda e terça-feira). Também sabíamos que, em geral, depois do almoço e depois do jantar havia mais movimento, mas isso já tendia a mudar com a generalização das Redes Sem Fio e da Internet móvel. E agpora com o Teletrabalho... Não temos informação, desagregada, para confirmar, hoje, esse comportamento dos nossos visitantes. (**)

(Continua)

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Notas do editor:

(*) 5 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21735: O nosso blogue em números (67): no "annus horribilis" de 2020, o número de visualizações de páginas foi de cerca de 800 mil, tendo atingido um total de 12,4 milhões

Guiné 61/74 - P22872: Notas de leitura (1405): "Descobrimento Primeiro da Guiné", por Diogo Gomes; Edições Colibri, Junho de 2002 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2018:

Queridos amigos,
A todos os títulos, a quem se interessa por este período da alvorada dos Descobrimentos Portugueses e do início da presença portuguesa na Guiné, é de recomendar esta obra que tem dois peritos com nome feito, Aires Nascimento e Henrique Pinto Rema, este sobejamente conhecido no blogue, pois fez-se largas referências ao seu incontornável livro sobre a História das missões católicas na Guiné. Diogo Gomes de Sintra, parece dado assente, narrou a Martim Behaim este espantoso relato, em tantos pontos coincidente com a descrição do projeto henriquino feito por Zurara. É uma narrativa com cunho muito próprio, fala-se das Canárias, Madeira e Açores, da Gâmbia, de Cantor, de Tombucutu e do Rio Geba. E parece também historicamente seguro que depois do massacre de Nuno Tristão e companheiros, o Infante D. Henrique e mais tarde o Infante D. Fernando e depois D. Afonso V curaram de usar uma política de diálogo e cooperação com as populações africanas. Com resultados assinaláveis, como se sabe, passou a prosperar o tráfico negreiro.

Um abraço do
Mário



Descobrimento Primeiro da Guiné, por Diogo Gomes de Sintra

Beja Santos

Diogo Gomes de Sintra faz obrigatoriamente parte da relação da literatura de viagens em torno da costa da Guiné, da Senegâmbia, entre outras paragens, já que na sua narrativa refere as ilhas da Madeira, dos Açores e das Canárias e mesmo o descobrimento do arquipélago de Cabo Verde. A edição crítica de Aires A. Nascimento e a introdução histórica de Henrique Pinto Rema enriquecem esta publicação a cargo da Edições Colibri, junho de 2002. Atenda-se ao que se escreve na contracapa: “Diogo Gomes de Sintra, almoxarife desta vila, é um dos homens da casa do Infante D. Henrique, por ele enviado em expedições de descobrimento. É o único navegador desse círculo a legar-nos apontamentos de memórias das navegações. A razão das suas notas envolve relações com Martin Behaim (da Boémia). Não tem sido pacífica a atribuição da autoria do texto que Diogo Gomes escreveu para o alemão e que nos ficou em testemunho do célebre Manuscrito Valentim Fernandes. (…) A nova edição, atendo-se aos critérios filológicos mais estritos, recupera na sua espontaneidade de testemunho escrito em latim para um estrangeiro, revelando particularidades menos atendidas anteriormente. Paralelo à Crónica da Guiné de Zurara, o texto de Diogo Gomes preserva o testemunho e as reações de um homem que tomou parte na aventura dos mares ocidentais”.

Oiçamos Pinto Rema:
“Estamos perante um dos primeiros textos dos Descobrimentos Portugueses. Mais tardio que a Crónica da Guiné de Zurara, e certamente sem a dimensão dela, constitui uma fonte histórica ímpar, pois nele a experiência conta mais do que o purismo da língua latina ou do que a retórica de gabinete. Enunciado o seu relato em primeira pessoa, Diogo Gomes de Sintra entrega-se na espontaneidade de quem não precisa de elaborar construções discursivas para deixar entender como vibra com a sua própria experiência”. Mais adiante, e sempre a propósito da autoria do texto, já que se cruzam os nomes de Diogo Gomes com Martim Behaim e Valentim Fernandes, observa ainda Pinto Rema: “Aduzem alguns autores que apenas Martim Behaim, e não Diogo Gomes, teria formação para escrever um texto em latim. Não parece que ao germânico se possam atribuir qualidades que faltassem ao sintrense”. Pinto Rema não tem quaisquer dúvidas de que a autoria da obra é de Diogo Gomes de Sintra, abonando a seu favor a expressão em primeira pessoa, os lusismos, impossíveis para autores estrangeiros, e a maneira como o autor se refere em eventos em que participou, para já não falar nas ligações ao Infante D. Henrique e a interpretação que faz das razões que levaram o Infante aos Descobrimentos. Ele foi testemunha ocular, reteve pormenores de iniludível valor: as trocas entre negros e portugueses na feitoria de Arguim; ouro proveniente de Tombucutu por troca; no Rio Grande ele próprio comprou seda, algodão, dentes de elefante e malagueta; no rio Gâmbia andou à procura de ouro em troca de tecidos e atingiu Cantor, que lhe deu informações sobre as caravanas de ouro. Exprime com clareza as razões que presidiam à ação do Infante, as comerciais, a procura de estabelecer relações com o Preste João, o estabelecimento de feitorias e a possibilidade de evangelização, ou seja, corrobora o que escreveu Zurara.

Passando ao conteúdo: ele principia pela conquista de Ceuta em 1415; refere as explorações marítimas de reconhecimento além do Cabo Bojador, e assim se chega à região da Costa da Guiné. Vale a pena dar de novo a palavra ao Padre Henrique Pinto Rema:
“Ao atual território da República da Guiné-Bissau, segundo a opinião geralmente aceite até há cinquenta anos, chega, em 1446, o navegador Nuno Tristão, que por segunda vez é mandado à Costa da Guiné. Os Sereres e os Barbacins receberam os cristãos com setas envenenadas, mataram-nos a todos e fizeram a caravela em pedaços. Anos depois, segundo recorda o autor, o rei Nomimans, isto é, o mansa (rei) de Nomi, presenteou Diogo Gomes com uma âncora da caravela destruída. O navegador gaba-se de ter sido o primeiro cristão que firmou com aqueles africanos um tratado de paz.
Segunda outra opinião, só em 1456 terá sido atingido o território da atual Guiné-Bissau. Nomeiam-se os mareantes italianos (ao serviço do Infante D. Henrique) Luís de Cadamosto, Antonioto Usodimare e escudeiros do Príncipe, em três caravelas, e Diogo Gomes, João Gonçalves Ribeiro e Nuno Fernandes da Baía, em outras três caravelas. Cumpriam ordens do Infante de avançar o máximo para o Sul. Diogo Gomes menciona o rio de S. Domingos, hoje com o nome de rio Cacheu, e o rio Fancaso ou Rio Grande, hoje com o nome de Rio Geba.
O relato de Diogo Gomes testemunha as tentativas de encontro pacífico dos portugueses com outras raças e religiões”
.

O padre Rema lembra ainda que esta obra se insere numa série de textos que se completam e explicam mutuamente: a Crónica dos Feitos da Guiné, de Zurara, Viagens de Luís de Cadamosto e de Pedro de Sintra, o Esmeraldo de Situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira, o Itinerarium, de Jerónimo Munzer e a miscelânea do Códice Valentim Fernandes.

O texto de Diogo Gomes de Sintra é do estilo narrativa, abre com o plano henriquino e as viagens do seu tempo; usa um estilo muito pessoal, diz Ptolomeu se enganou acerca da divisão do mundo, os navegadores descobriram que era tudo diferente, havia terra habitada por negros e “então grande multidão de gente que custa a acreditar; a parte meridional está coberta de árvores e de frutos, ainda que os frutos sejam de natureza fora do comum e as árvores sejam de tal grossura e tão altas que não dá para crer. Sem mentir digo que vi uma grande parte do mundo, mas nunca vi coisa semelhante a esta”; refere as viagens de Nuno Tristão, como se navegou diretamente até Cabo Verde (ponto continental de África), até à região dos Sereres, onde foram trucidados; descreve a viagem em que chegaram à Guiné, passaram o rio de S. Domingos e o rio Grande, aqui se parou, “E não passámos além por causa das correntes de mar. E quando veio a maré vazante aconteceu-nos o mesmo que antes e assim tivemos que regressar aonde tínhamos saído. Tomámos terra num lugar perto da praia. Fomos ali e descobrimos uma terra espaçosa cheia de feno. Naquele campo, vimos mais de cinco mil miongas (espécie de antílopes) como se diz na língua dos negros, são animais um pouco maiores que veados. Ali vimos saírem de um pequeno rio, coberto de árvores, cinco elefantes. Descobrimos na praia do mar muitas tocas de crocodilos. E regressámos às naus”; seguem-se outros relatos, que envolvem a Gâmbia, Cantor, Tombucutu, Arguim; fala do eterno Infante D. Henrique e das expedições armadas ao tempo de D. Afonso V, com idas às Canárias, Açores e Madeira. Um relato deslumbrante, mais um documento precioso para estudar a alvorada da presença portuguesa na Costa da Guiné.

Costa da África e da Guiné até à ilha de São Tomé (Fernão Vaz Dourado, 1571) (ANTT, Lisboa).
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22861: Notas de leitura (1404): Joaquim Costa, "Memórias de guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina. Guiné: 1972/74", Rio Tinto, Gondomar, Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp. - Parte I: "E tudo isto, a guerra, para quê ? Não sei"...

Guiné 61/74 - P22871: Parabéns a você (2021): António Ramalho, ex-Fur Mil Cav da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22857: Parabéns a você (2020): Adelaide Barata Carrêlo, Amiga Grã-Tabanqueira

domingo, 2 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22870: O nosso blogue em números (72): afinal, nem tudo correu mal... Em mais um "annus horribilis", o de 2021, publicámos 1140 postes, o que está dentro da média dos últimos cinco anos...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)



1.  Bom ano de 2022, caros/as leitores/as!... Livre da maldito SARS-CoV2 e suas variantes...

E nós começamos por vos "massacrar" com o nosso "relatório & contas"... Não é nenhum imperativo legal, como no caso das empresas, mas gostamos de ter "memória", e estes dados estatísticos, para além da prestação de contas (aos membros da Tabanca Grande, a quem nos lê, a quem nos comenta, a quem nos escreve, a quem nos divulga, a quem nos segue, a quem nos acarinha...), também servem para memória futura. (*)  

Em boa verdade, à força de ouvir, ver e ler quase há dois anos (desde março de 2020), a estatística da pandemia de Covid-19, os nossos leitores ficaram, compreensivelmente, com alergia ou intolerância aos números...

Mas é já uma tradição, esta, a da prestação de contas do nosso blogue, logo no princípio do ano seguinte, com a publicação de estatísticas do nosso movimento bloguístico durante o ano anterior (**).

E começando pelo Gráfico nº 1, vê-se que "ainda estamos vivos", depois de quase 18 anos a "blogar"... Enfim, apesar dos problemas de saúde de alguns de nós, e do desaparecimento de outros, apesar das restrições impostas pela pandemia (, mais um ano em que as nossas tabancas não puderam abrir postas...), podemos no mínimo dizer  que "nem tudo correu mal", face às perspetivas pessimistas que se adivinhavam... Ou seja: segurámos o barco...

Recorde-se que o nosso blogue nasceu timidamente, e por acaso, em 23/4/2004... E nesse ano só se publicaram... quatro (!) postes. Ninguém, seguramente, previa a sua longevidade: 18 anos na Net é uma "eternidade... 


2. O número de postes publicados, durante o ano de 2021, mais outro  "annus horribilis" que se seguiu ao anterior, foi de 1140, ligeiramente inferior ao de  2019 (n=1157) e de 2018 (n=1187), mas ainda assim um bocado abaixo do ano passado (n=1202), e muito mais abaixo dos números dos melhores anos (2009-2014).

O número de postes dos últimos cinco anos (2017-2021) situa-se agora nos 1194, abaixo portanto dos 1200. 

O nosso record, inultrapassável, foi o ano de 2010, em que atingimos um valor máximo de 1955 postes publicados (!).

A média anual dos melhores seis anos (2009-2014) foi de 1735 postes, também impossível de alcançar nesta fase da vida, descendente, do nosso blogue... Já não temos a mesma genica, a mesma saúde, a mesma motivação... E muitos de nós já esgostaram as "memórias" do seu baú... Enfim, o blogue já não pode ter a mesma frescura, o mesmo encanto dos melhores anos (. grosso modo, até 2014).

Valha-nos, aos menos, os "periquitos" que têm entrado (e os novos que irão entrar em 2022)... Esperemos que possam compensar as "pesadas baixas" que temos tido nos últimos anos e, em particular, nestes dois últimos... 

A nossa gratidão a quem, em 2021, alimentou o nosso blogue, mandando-nos material para publicar!... Seria impossível listar todos os "autores" dos 1140 postes publicados. Bem hajam! (LG)
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P22869: Tabanca dos Emiratos (7): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte II (B): A Presença dos Países da CPLP: Angola, Moçambique e Timor-Leste (Jorge Araújo)

 


“APONTAMENTOS” DA «EXPO 2020»

(DUBAI - 01Out2021 / 31Mar2022) 


PARTE II (B)

A PRESENÇA DE PAÍSES DA CPLP 

(Guiné-Bissau / Cabo Verde / São Tomé e Príncipe / Angola / Moçambique / Timor-Leste)



Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver neste momenyo em Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos.


3. – FOTOGALERIA DESTE “APONTAMENTO” (*)

(Continuação)



Foto 11 – «Expo’2021». Edifício do Pavilhão de Angola.


Foto 12 – Pavilhão de Angola. Espaço com diversos objectos de artesanato.


Foto 13 – Pavilhão de Angola. Espaço de animação musical.

Foto 14 – Pavilhão de Angola. Espectáculo musical com Gelson Castro.


Foto 15 – «Expo’2021». Pavilhão de Moçambique. Entrada principal do pavilhão.


Foto 16 – Pavilhão de Moçambique. Parede com vários quadros de proeminentes figuras nascidas em moçambique: o de Eusébio da Silva Ferreira “Rei Eusébio” (1942-2014) e o de José João Craveirinha (1922-2003), Prémio Camões de 1991


Foto 17 – Pavilhão de Moçambique.


Foto 18 – «Expo’2021». Pavilhão de Timor-Leste. Entrada principal do pavilhão.


Foto 19 – Pavilhão de Timor-Leste. Imagem de promoção turística 
com estátua do Cristo Rei, em Dili.


Foto 20 – Pavilhão de Timor-Leste. Manequim masculino com vestes tradicionais.



Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Continua…



Termino esperando que este segundo apontamento de “reportagem” da «EXPO’2020» (*) tenha sido do vosso agrado.

Votos de um óptimo ANO de 2022, com muita saúde.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

01Jan2022

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Nota do editor:

(*)  Vd.postes anteriores da série:

10 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22706: Tabanca dos Emiratos (5): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte I: Uma das melhores exposições de sempre, sob o triplo lema da Sustentabilidade, MObilidade e Oportunidade (Jorge Araújo)