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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26100: (In)citações (267): Memorando sobre a Escola São Francisco de Assis, em Timor, entregue ao primeiro-ministro Xanana Gusmão através do embaixador Dionísio Babo Soares, representante do país nas Nações Unidas (João Crisóstomo)



Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >  O João Crisóstomo com Xanana Gusmão:
 e "a expressão de surpresa deste por ver a Escola São Franciscoo de Assis em páginas do  blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné"…



Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >  O João Crisóstomo, à direita, com 3 timorenses, da esquerda para a direita: 
(i) Luís Guterres, embaixador de Timor Leste em Washington;  (ii) Dionísio Babo Soares, embaixador de Timor nas Nações Unidas;  e (iii) uma senhora, possivelmente a ministra da educação do govermo de Xanana Gusmão


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo  (2024). Todos os direitos reservados 
[Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


João Crisóstomo, um "advogado de causas 
justas e solidárias"


1. Mensagem de João Crisóstomo, com data de 4 do corrente, dando conta aos amigos de Timor da correspondência trocada com o embaixador timorense nas Nações Unidas, Dionísio Bobo Soares, depois do encontro que teve em Nova Iorque, em 23 de setembro último,com o primeiro-ministro Xanana Gusmão.

Sabemos que o embaixador Dionísio Babo Soares já encaminhou para o seu governo o memorando, feito pelo João Crisóstomo, na sua qualidade de sócio da ASTIL,  sobre a ESFA - Escola São Francisco de Assis. Fazemos votos para que estas diligências tinham um fim feliz, por mor das crianças de Liquiçá, Manatti / Boebau.


(i) Senhor Embaixador Dionísio Babo Soares, Representante de Timor Leste nas Nações Unidas Nova Iorque, 4 de Outubro de 2024

Creio que os dias de grande azáfama nas Nações Unidas devem ter passado ou pelo menos estarão agora reduzidos a programas menos prementes que lhe permitam já um pouco de merecido descanso. Por isso permito-me enviar o que segue, conforme acordado por Vossa Excelência depois do encontro com o Senhor Primeiro-Ministro Xanana Gusmão.

Minha esposa Vilma associa-se a mim na certeza da nossa amizade e apreço pela sua atenção e os nossos respeitosos cumprimentos.

João Crisóstomo


(ii) Ex.mo Senhor Embaixador Dionísio Babo Soares

Mais uma vez o meu "Muito muito Obrigado" pela oportunidade e convite que nos permitiu encontramo-nos de novo no dia 23 de setembro, o que me permitiu ainda o encontrar-me com Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro Xanana Gusmão (*), Embaixador Luís Guterres, Senhora Elisabeth Exposto e tantos outros que fizeram desta ocasião um dia extraordinário.

Como sabe,  aproveitei a ocasião, e em boa hora o fiz, para pedir a sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro Xanana Gusmão o favor da sua ajuda para a escola S. Francisco de Assis (por coincidiência hoje, dia 4 de outubro, é o dia de S. Francisco de Assis na Igreja Católica).

Conforme instruções do senhor Primeiro-Ministro, junto uma sinopse do que julgo ser o que Sua Excelência tinha em mente nas instruções que me deu:
 
  • A Escola S. Francisco de Assis é uma escola construida em 2017 nas montanhas de Liquiçá por iniciativa de alguns amigos de Timor Leste em Portugal e Estados Unidos, que para isso fundaram uma organização de solidariedade, a ASTIL (Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste ). 
  • Esta escola foi inaugurada a 19 de Março de 2018.
  • A "Escola S. Francisco de Assis, Paz e Bem” está localizada no Município de Liquiçá, Suco de Leotalá, povoação de Boebau e lugar de Manati.
  • A Escola S. Francisco de Assis está integrada na rede escolar do Ministério de Educação de Timor Leste com o número 36. 
  • O seu objectivo é providenciar às crianças de Manati /Boebau que por razões de distância e outras não têm acesso a escolas, os programas escolares instituídos pelo ministério de Educação de Timor Leste para os graus pré-escolar e ensino básico.
  • A Escola preocupa-se em formar os seus alunos no quadro dos valores universais e da cultura timorense, com especial ênfase para o ensino da língua e cultura portuguesa com  destaque para a música.
  • Quando em plenbo funcionamento a escola tem capacidade para 180 alunos, contabilizados nos dois períodos matinal e vespertinos.
  • Dadas as limitações e dificuldades ainda existentes a escola desde a sua inauguração tem funcionado e providenciado cada ano ensino apenas para 80 a 85 alunos.

Todos os encargos e despesas de construção, manutenção, ensino e outros relacionados têm até ao momento sido suportados essencialmente pelos membros da ASTIL e amigos.

A ASTIL tem neste momento 85 sócios. Deve-se a esta o seguinte :

(i) Construção da "Escola S. Francisco de Assis, Paz e Bem”, localizada no Município de Liquiçá, Suco de Leotalá, povoação de Boebau e lugar de Manati.

(ii) Construção de uma casa/residência, T3, para uso dos professores.

(iii) Construção de uma cozinha. (Esta porém como está é pequena demais e precisa de ser remodelada para maior eficiência.)

(iv) Um muro, que neste momento está ainda em vias de construção para proteção da escola e dos alunos

(v) Fornecimento de todo o equipamento escolar incluindo todo o mobiliário.

(vi) Fornecimento de formação gratuita , em média de 84 alunos, do ensino pré-escolar e ensino básico.

(vi) Pagamento das compensações, até ao momento a três professoras e um responsável de manutenção da escola. O seu bom funcionamento porém é mais devido ao sentido de solidariedade do que pelos benefícios derivados por emprego.

(vii) Os uniformes ( fardamento) e materiais escolares têm sido totalmente gratuitos.

À ASTIL se deve ainda :

(viii) A construção de uma casa /residência T3 para um antigo comandante de guerrilha em Ailok-Laram, já falecido em 2021,  que tinha uma grande família, mas que vivia em grandes dificuldades.

(ix) O fornecimento de ajuda a crianças pobres através dum programa de apadrinhamento criado pela ASTIL. Neste momento 41 crianças são ajudadas por membros da ASTIL, famílias portuguesas ou de origem portuguesa a residir no estrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos.

(x) Ajuda a dois jovens universitários, um de Liquiçá , que se licenciou em Gestão na Indonésia, e uma jovem, também de Boebau, que, graças também à ajuda da UNPAZ, se licenciou em Relações internacionais. Esta jovem é agora uma das professoras nesta escola S. Francisco de Assis.

A presente situação desta escola, mesmo nas condições presentes,  não é sustentável indeterminadamente. Temos feito vários contactos, nomeadamente com o Senhor Dr. Roger Soares, coordenador das escolas CAFE de Timor Leste.

A "Escola S. Francisco de Assis Paz e Bem “ para que possa continuar a funcionar precisa agora da ajuda das entidades oficiais de Timor Leste, especialmente na concessão de professores acreditados, para que possa funcionar e providenciar o ensino e ajuda a estas crianças.

O mentor e motor principal desta escola é o professor Rui Chamusco , cujos contactos são  (...).

Se achar que precisa de mais algo por favor não hesite em me contactar ou diretamente ao professor Rui Chamusco. 

João Crisóstomo (**)

(Revisão / fixação de texto para efeitos de publicação deste poste: LG)
___________________

Notas do editor

(*) Vd.poste de 24 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26072: (In)citações (266): Será que é desta ?... Se Xanana Gusmão não vai à nossa Escola nas montanhas de Liquiçá, a nossa Escola vai ter com ele em... Nova Iorque (João Crisóstomo)

(**) Último poste da série > 26 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26082: (In)citações (267): Não às armas nucleares e às mudanças climáticas: carta do Papa Francisco e o testemunho dos Hibakusha (os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki), cuja organização, a Nihon Hidankyo, acaba de receber o Nobel da Paz de 2024 (João Crisóstomo, Nova Iorque)

sábado, 26 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26082: (In)citações (267): Não às armas nucleares e às mudanças climáticas: carta do Papa Francisco e o testemunho dos Hibakusha (os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki), cuja organização, a Nihon Hidankyo, acaba de receber o Nobel da Paz de 2024 (João Crisóstomo, Nova Iorque)

1. Mensagem de João  Crisóstomo, o "nosso embaixador" em Nova Iorque e o nosso "régulo"da Tabanca da Diáspora Lusófona, conhecido ativista de "causas sociais " (como Foz Coa, Aristides Sousa Mendes, Timor Leste...).

Data segunda, 14/10/2024, 12:14 

Assunto - Uma carta do Papa Francisco e o Nobel da Paz de 2024
 
Meus caros,

Há muito que eu sinto que temos de “tocar os sinos a reboque” antes que seja tarde demais (*), O Comité do Prémio Nobel parece concordar comigo.

Estou a enviar isto a toda a gente a que eu possa chegar. Façam disto o que bem entenderem. Sei que "não é nenhum assunto da Guiné”, mas se alguma vez o pior acontecer nem mesmo a Guiné vai escapar. É um assunto de todos e cada um de nós.

Um grande abraçø
João

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Uma carta do Papa Francisco e o Nobel da Paz

O Nobel Committee acaba de anunciar que o Prémio Nobel da Paz 2024 foi atribuído a Hihon Hidankyo (**), a organização japonesa que tem lutado pela eliminação das armas nucleares.

Este prémio veio mesmo no momento certo, como sucedeu em 1996 quando a luta pela independência de Timor Leste recebeu renovada energia pela atribuição deste prémio.

De facto é difícil compreender a indiferença e apatia quase geral com que o problema das armas nucleares é tratado, quando da solução deste problema depende a nossa própria sobrevivência e a do nosso planeta.

A proliferação de armas nucleares, em vez de ser objeto de diálogo e conversações visando uma redução agora e num futuro a sua eliminação, tem aumentado em número de armas nucleares e de países que as possuem.

Situações como as no Médio Oriente, Ucrânia, Coreia do Norte em que os governantes fizeram e continuam fazendo ameaças sobre um eventual uso de armas nucleares,  exigem um despertar de consciências e esforços visando a sua eliminação progressiva até à sua eliminação completa. Antes que uma situação sem controle, antes que um lunático seja ele político, militar ou mesmo religioso,  com acesso ao botão vermelho,  resolva pressioná-lo.

Se o que temos presenciado é já horrível, imaginemos uma situação, comece ela onde for, no Médio ou Extremo Oriente ou qualquer parte do mundo em que armas nucleares fossem usadas. Muito provavelmente o mundo inteiro no espaço de algumas horas será transformado num inferno a nível global. Nada mais horrível do que o desespero de uma morte pelo fogo; mas se nada se fizer para que isso nunca suceda é muito provável que mais cedo ou mais tarde seja mesmo esse o destino de todos nós, o destino da humanidade.

Nessa altura tudo será tarde demais.

No ano passado ao ouvir palavras ameaçadoras em várias regiões de conflito, resolvi juntar a minha inquieta voz às daqueles que tem lutado por uma solução. Uma inesperada situação de saúde não me permitiu fazer muito. Mas o que fiz foi o suficiente para me aperceber de que existe muita gente preocupada e ansiosa pela falta de iniciativas e esforços direcionados na solução desta grande ameaça que paira sobre todos nós.

A rapidez com que recebi uma resposta do Papa Francisco a quem me dirigi também, mostra o seu grau de preocupação:

 "Estamos preocupados com as catastróficas consequências…que poderiam resultar de qualquer tipo de uso de armas nucleares", diz o Papa Francisco na sua carta de cinco de Fevereiro deste ano, para logo a seguir acrescentar: "O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações"....

A quem me ouvir eu peço que não ignorem este apelo do Papa e de muitos outros indivíduos responsáveis com indiferença. Embora eu não saiba a melhor maneira de acção, permitam-me sugerir que uma das maneiras de fazer ouvir a nossa voz - e fazendo-o sermos influentes no nosso destino - , é a de contactarmos, se possível por escrito, os nossos dirigentes , a nível local, nacional ou mesmo mundial. Dirijo-me especialmente à gente nova a quem desafio a serem os nossos lideres neste movimento.

Não receiem fazê-lo porque na maioria dos casos eles ouvem quem os procura e por vezes até esperam estes contactos que lhes permitam agir com confiança.

Este Prémio Nobel da Paz pode ajudar a que as vozes de senso comum sejam ouvidas e prevaleçam. E não esqueçamos nunca que "o destino da humanidade (…) está nas nossas mãos e nas das novas gerações."

João Crisóstomo

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A carta que recebi, a 5 de fevereiro de 2024, do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin em nome do Para Francisco é como segue: ( a tradução é minha)

« Sua Santidade o Papa Francisco recebeu a sua carta de 1 de janeiro passado, e pediu-me para lhe agradecer o ter dado a conhecer a sua preocupação com problemas relacionados com a sobrevivência da humanidade, devido às mudanças climáticas e ao potencial perigo das armas nucleares.

A Santa Sé está profundamente comprometida a convencer/estimular a comunidade internacional a tratar efetiva e responsavelmente estes problemas . O Papa Francisco está convencido de que, 'somos todos uma só família. Não há fronteiras ou barreiras, políticas ou sociais, atrás das quais nos podemos esconder e, muito menos ainda, não há espaço para a globalização de indiferença (Laudato si’, n.52).

No que diz respeito às mudanças de clima (… a transição para um “ net- zero” precisa de ser grandemente acelerada. …).   Estamos num ponto critico: sem uma mudança nos modelos de consumo e produção, assim como da forma de vida, esta transição será muito vagarosa. Nesta perspetiva , temos de nos comprometer connosco mesmos a promover uma educação para uma ecologia integral, e é essencial o envolvimento da juventude.

No que diz respeito a armas nucleares, posso garantir-lhe que o Santo Padre não se poupa a esforços para promover um mundo livre de armas nucleares. (…) 

 Estamos preocupados com as consequências humanitárias e ambientais catastróficas que poderiam resultar de qualquer uso de armas nucleares. 

 (…) Estamos também preocupados pelas consequências negativas que resultam dum continuo clima de medo, falta de confiança e de resistência, gerados pela simples posse das armas.

O envolvimento da juventude é também importante no processo de não proliferação e do desarmamento nuclear.

O destino da humanidade e do nosso planeta está nas nossas mãos e nas das novas gerações, que irão 'passar a pasta' a outras gerações. Conforme nos foi mandatado por Deus, é nossa responsabilidade assegurar um futuro digno de ser vivido. Para conseguir isto , temos de ter coragem de mudar de rumo e evitar roubar a esperança às novas gerações.(…)"

(Assinado) , Pietro Parolin
_____________

Notas do editor:


(**) The Nobel Prize > Press Release > The Nobel Peace Prize

(...) O Comité Norueguês do Nobel decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2024 à organização japonesa Nihon Hidankyo. 

Este movimento popular de sobreviventes da bomba atómica de Hiroshima e Nagasaki, também conhecido como Hibakusha, acaba de receber o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar,  através de depoimentos de testemunhas, que as armas nucleares nunca deverão ser utilizadas novamente. 

Em resposta aos ataques com a bomba atómica, em Agosto de 1945, surgiu um movimento global cujos membros trabalharam incansavelmente para aumentar a consciencialização sobre as consequências humanitárias catastróficas da utilização de armas nucleares. 

Gradualmente, desenvolveu-se uma norma internacional poderosa, estigmatizando a utilização de armas nucleares como moralmente inaceitável. Esta norma ficou conhecida como “o tabu nuclear”. O testemunho dos Hibakusha – os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki – é único neste contexto mais amplo. (...)

 (tr. do inglês, Google translate / LG)

Fonte:   Press release. NobelPrize.org. Nobel Prize Outreach AB 2024. Sat. 26 Oct 2024. 

<https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2024/press-release/>

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26072: (In)citações (266): Será que é desta ?... Se Xanana Gusmão não vai à nossa Escola nas montanhas de Liquiçá, a nossa Escola vai ter com ele em... Nova Iorque (João Crisóstomo)



Foto nº 1 > Timor > Díli > 2017 > Xanana Gusmão, João e Vilma 
 


Foto nº 2 > Timor > Díli > 2017 > Ramos Horta, João e Vilma 


Foto nº 3> Timor > Díli > 2017 > Mari Alkatiri, João e Vilma 


Foto nº 4 > Timor > Díli > 2017 > Rui Maria Araújo, 
Primeiro Ministro nessa altura. João e Vilma


Foto nº 5 > Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >  Com Xanana Gusmão:
 "a expressão de surpresa por ver a Escola em páginas dum blogue sobre a Guiné"…



Foto nº 7 > Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > Protestei, mas o Xanana foi mais teimoso e insistiu em ajudar.( Fez-me lembrar uma experiência semelhante em que Elie Wiesel fez questão de me ir abrir as portas quando eu carregava duas cadeiras.)



Foto nº 8 > Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >   
Eu e Xanana:  Se for desta que a Escola arranja professores, 
esta foto vai ficar numa parede…



Foto nº 9> Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >  
Com Luís Guterres, Embaixador de Timor Leste em Washington; 
Dionísio B. Soares, Embaixador de Timor nas Nações Unidas; 
uma senhora, não tenho a certeza ,mas penso 
que é Dulce Soares, ministra da cultura; e eu.



Foto nº 10> Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 >   
Embaixador Luís Guterres; o nosso Embaixador de Portugal 
em Washington Francisco Duarte Lopes; 
Xanana; eu, a Vilma e...uma senhora que foi-me apresentada 
mas não me lembro quem é (ai o que faz a velhice…).



Foto nº 11> Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > 
 Xanana autografando o livro 
para o Rui Chamusco (que vive na Lourinhã)



Foto nº 12 > Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > 
 A dedicatória do Xanana:  "Para Rui Chamusco:Muito agradecido
pela escola que construiu em Timor Leste!... 
Muita amizade. Xanana, NY, 23 setembro 2024"

O último livro de Kay Rala Xanana Gusmão
(O Meu Mar, O Meu Timor)

 

Foto nº 6> Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > 
Xana, a Vilma e eu... Ele fifcou contente pelo livro “LAMETA” 
que lhe entreguei: que nunca tinha recebido 
o primeiro que lhe enviei… o que me leva a concluir 
que outros assuntos também nem sempre chegam 
aos seus destinos…


Fotos (e legenda): © João Crisóstomo  (2024). Todos os direitos reservados 
[Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do João Crisóstomo, o "embaixador" da nossa Tabanca Grande em Nova Iorque, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ativista de causas sociais, etc.

Data - terça, 24/09/2024, 20:00
 Assunto - Será desta ? 


Caro Luís Graça (c/c Rui):


Será desta?


Como sabes tem sido longa a nossa luta para conseguirmos professores acreditados (oficializados) para a escola de S. Francisco de Assis em Timor Leste (*). Temos batido a todas as portas em Portugal e em Timor Leste, mas a solução tem-se mostrado elusiva. 

Em vários casos estes esforços têm sido feitos em encontros e contactos pessoais; em outros casos quando um contacto pessoal tem sido possível, a situação tem sido dada a conhecer através de assessores que sempre garantem que os nossos pedidos chegarão aos destinatários. Não sei se chegam ou não. A verdade é que temos ficado sempre esperando!.

Embora eu tivesse estado com vários líderes em 2017, quando fui a Timor Leste pela primeira vez, nessa altura o projecto da escola apenas existia na mente do casal Glória e Gaspar Sobral e do Rui Chamusco. Este havia-me falado dessa ideia , mas eu ainda não tinha ido às montanhas e não fazia ideia da situação e que necessidade desta escola era tão premente.

Encontrei-me nessa altura com Xanana, 17 anos depois do nosso último encontro em Nova Iorque: um encontro muito agradável, direi mesmo uma experiência extraordinária. 

Como sucedeu com Mari Alkatiri, que tinha sido Primeiro Ministro quando Xanana foi Presidente na primeira administração após a independência de Timor Leste , ou com Ramos Horta e com Rui Maria Araújo, que era o Primeiro Ministro nessa altura. Mas nesta altura o projecto da construção duma escola ainda não existia sequer na minha mente.

Os nossos esforços, especialmente por parte do Rui Chamusco que já foi a Timor Leste cinco vezes (**), têm sido razão de muita frustração. Tenho uma admiração enorme por este homem que não desiste, com uma perseverança contagiante que leva os outros a continuarem e a não perderem a esperança. E tem sido esta perseverança dele que me tem motivado a não desistir também.

E, assim de repente, apareceu uma oportunidade que eu não esperava: o Embaixador de Timor Leste nas Nações Unidas, Dionísio Babo Soares, com quem há tempos me encontrei, mandou-me uma mensagem: que o atual Primeiro Ministro de Timor Leste, Xanana Gusmão, em Nova Iorque por ocasião da Assembleia Geral da ONU, ia lançar um livro sobre o mar de Timor “My sea, my Timor”... e se eu estava interessado em aparecer.

Primeiro eu não via razão para ir: depois do acidente que tive há meses decidi ter mais cautela e tenho-me limitado apenas ao mesmo necessário. Mas logo refleti : porque acredito em contactos pessoais como o melhor meio de se conseguirem resultados (como no caso de Aristides de Sousa Mendes e o “Dia da Consciência” junto do Vaticano que tentávamos desde 2004, mas que apenas começou a receber a devida atenção depois dum encontro pessoal com o Secretário de Estado), logo me lembrei que sendo ele agora Primeiro Ministro,  seria uma boa ocasião para tentar falar com ele pessoalmente sobre a escola S. Francisco de Assis…

E mesmo em cima da hora decidi ir. Não tinha tempo para preparações , mas tinha à minha frente alguns posts do nosso blogue sobre as crónicas do Rui Chamusco que tinha acabado de imprimir. São várias centenas já, pois que eu, não sendo letrado em coisas digitais, imprimo tudo o que acho de especial interesse. Apanhei duas ou três folhas onde aparecem a escola e as crianças da escola e levei-as comigo.

Quando cheguei, o Xanana tinha também acabado de chegar. E estava ainda cá fora, muito efusivo a cumprimentar outras pessoas quando nos viu e reconheceu. E até eu fiquei surpreendido pelos abraços e receção calorosa que nos deu. 

E lembrou aos presentes que nos tínhamos encontrado aqui em Nova Iorque no ano 2000. Com receio de não ter oportunidade de falar com ele mais tarde, como sucede muitas vezes nestes casos, logo lhe disse se podia falar com ele sobre um assunto que achava importante, uma escola nas montanhas de Timor Leste, ao mesmo tempo que lhe mostrava essas folhas do nosso blogue. 

Ficou surpreendido,  pensando ser engano : “Mas… como é? … esta escola é na Guiné?"… 

Explicada a razão de que Timor Leste era também assunto importante para os “camaradas e amgos da Guiné" e quantos lessem este blogue, aceitou a explicação. Solícito, ao ver a minha bengala até fez questão de me ajudar a subir as escadas …

E depois de termos cumprimentado alguns convidados presentes que já conhecíamos e outros que nos foi apresentando, foi ele que me me levou para um banco mais afastado "para falarmos melhor”.

Antes de prosseguirmos para o “momento de lançamento do livro",  mandou chamar o Embaixador de Timor-Leste nas Nações Unidas (o mesmo que nos convidou para este evento) a quem instruiu para colher as informações pertinentes sobre este assunto.

Já depois do lançamento, eu pedi-lhe a sua assinatura no livro que queria enviar ao Rui Chamusco. Logo que cheguei a casa apressei-me a chamar o Rui a quem dei conhecimento de tudo e dum livro que tenho aqui para ele, devidamente autografado pelo Xanana.

Fico esperançado que não tenha sido uma conversa em vão! 

Será desta? (**)

João
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PS - Como não sei fazer melhor, aqui vão algumas fotos, com as devidas legendas, se as achares pertinentes e quiseres usá-las.

Legendas:

As primeiras quatro fotos foram tiradas em 2017 durante a nossa primeira visita a Timor Leste.

1 > c/ Xanana | 2 >c/  Ramos Horta | 3 >  >  c/ Mari Alkatiri |  4 > Até parece anedota com Rui Maria Araújo, Primeiro Ministro nessa altura.

As oito seguintes foram tiradas ontem (23 de setembro de 2024).

5 > Podes ver a expressão de surpreza do Xanana por ver a Escola em páginas dum blogue sobre a Guiné…

6 > Ficou contente pelo livro “LAMETA” que lhe entreguei: que nunca tinha recebido o primeiro que lhe enviei… o que me leva a concluir que outros assuntos também nem sempre chegam aos seus destinos…

7 > Protestei, mas ele foi mais teimoso e insistiu em ajudar.( Fez-me lembrar uma experiência semelhante em que Elie Wiesel fez questão de me ir abrir as portas quando eu carregava duas cadeiras).

8 > Se for desta que a escola arranja professores, esta foto vai ficar numa parede…

9 > Com Luís Guterres, Embaixador de Timor Leste em Washington; Dionísio B. Soares, Embaixador nas Nações Unidas; (não tenho a certeza ,mas penso que é Dulce Soares, Ministra da cultura).

10 > Embaixador Luís Guterres; o nosso Embaixador de Portugal em Washington Francisco Duarte Lopes; Xanana e (???) (a senhora foi-me apresentada mas não me lembro quem é;  ai o que faz a velhice…).

11 > Xanana autografando o livro para o Rui Chamusco.

12> A página com a dedicatória...

(Revisão / fixação de texto: LG)

___________

Notas do editor:

(*) 17 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25950: (In)citações (261): tudo o que temos pedido é que forneçam professores devidamente acreditados para a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), nas montanhas de Liquiçá, Timor Leste (João Crisóstomo, Nova Iorque)

(**) Vd.postes de:



segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25971: In Memoriam (510): António Rodrigues (1940-2024): (i) um mordomo da elite portuguesa dos mordomos da elite de Nova Iorque, que era natural da Batalha; (ii) um grande ativista de causas sociais (cofundador do LAMETA); e sobretudo (iii) "o meu irmão mais velho que eu nunca tive"! (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3  


Foto nº 4


Foto nº 5 


Foto nº 6


Fotos (e legendas): ©  João Crisóstomo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo: 


Data - 23 set 2024 01:16 

Caro Luís Graca,

Desculpa o atraso. Tem sido um dia difícil.

Para o nosso querido amigo António Rodrigues, nascido na Batalha em 4 de setembro de 1940, acabaram-se as suas muitas batalhas (*): 

  • primeiro,  a de Foz Coa ; 
  • depois a de Timor Leste (que tem para com ele um grande débito de gratidão, pois nunca foi reconhecido);
  •  e a de Aristides de Sousa Mendes, cuja casa recebeu, especialmente dele, a primeira reparação em 2004. (**)

Embora fosse uma reparação temporária, que consistiu em tapar um enorme buraco no telhado, (um trabalho que três “contractors" acharam era impossível de execução ) e que ele conseguiu fazer quase sozinho. 

Foi reparação uma provisória (ao fim de sete anos o telhado começou a ruir outra vez) mas que foi o suficiente para evitar que a casa inteira ruísse completamente antes da reparação que viria a ter lugar nestes últimos anos e que foi agora inaugurada no dia 19 de Julho, como sabem bem.

Foi durante sua vida como um lutador e herói. Paz à sua alma.

Ele faleceu esta manhã (22 de Setembro) depois de longa doença resultado duma queda. Estava num estabelecimento para "long-staying treatment“ na Barreira, nos arredores de Leiria. Alguns dos seus amigos entre os quais minha esposa Vilma e eu nos contamos, fomos vê-lo, mais do que uma vez, quando em férias em Portugal.

O António nasceu e cresceu na Batalha, numa famíla numerosa de 13 irmãos. Aos 13 nos foi para Lisboa, procurando vida melhor : logo arranjou trabalho ca casa do Dr. António Judice B. Silva, presidente do Banco Lisboa e Açores. De noite estudava e fez a 4ª classe e o 2º  ano do liceu. 

E logo começou a sua vida de motorista e mordomo trabalhando para gente abastada , começando pela famíia Patino.

Cumprido o tempo militar em Braga, RI 8 e depois na base aérea nº 5 em Monte Real, voltou para a família Patino, mas logo percebeu que tinha de sair de Portugal se queria "vencer na vida”.

Primeiro foi para Paris onde se encontravam já alguns dos seus irmãos, e aí viveu algum tempo antes de resolver vir para os Estados Unidos. Mas não esqueço as experiências que ele me contou, de quando vivia em Paris que, na minha opinião, o moldaram para o resto da vida e que de alguma maneira explicam a sua sempre presente vontade de ajudar a toda a gente que ele encontrava precisando de auxílio.

À noite, contava-me ele, passava muitas vezes na zona onde se encontrava o consulado português. E tentava ajudar indivíduos que tinham passado as fronteiras a pé, enganados por passadores que tinham ficado com os seus dinheiros ... e por ali se encontravam, procurando trabalho ou alguém que os ajudassem.

Numa ocasião encontrou três indivíduos, cheios de sede bebendo água na fonte pública; para logo se aperceber que esses três indivíduos andavam à procura dum seu irmão. Que quando chegassem a Paris, assim lhes haviam recomendado que procurassem esse seu irmão … Esse encontro marcou-o.

Mas Washington e Nova Iorque eram o seu sonho. Veio e depois de uns tempos em Washington veio para Nova Iorque e começou a trabalhar para Morris Bergreen, de quem me lembro bem. Era frequente suceder os mordomos precisarem de auxílio para ocasiões especiais nas casas onde trabalhavam e de repente a minha ajuda começou a ser pedida também. A minha experiência de mordomo para a Senhora Onassis (Jaqueline Kennedy Onassis) era apreciada e foi assim que comecei a conhecer os mordomos portugueses de Nova Iorque.

Logo me apercebi que os mordomos portugueses eram a elite dos mordomos e os mordomos da elite de Nova Iorque. Facto que me me veio a ser de ajuda preciosa nas causas e envolvimentos em que me meti , pois muitas vezes era através deles que eu conseguia chegar às pessoas que pela sua influência podiam "fazer a diferença". O que sucedeu muitas vezes como sabe. Mas tudo começou pelo António Rodrigues.

Até ao ano 2000 ele trabalhou como mordomo para o banqueiro Edmond Safra, que o estimava muito. A sua morte repentina e trágica , vítima dum incêndio no Mónaco, causado por um mordomo, abalou-o profundamente e ele resolveu deixar tudo e voltar para Portugal. E não quis voltar mais.

Quando eu ia a Portugal o António acompanhava-me muitas vezes aos meus “encontros", fossem eles familiares ou encontros de camaradas da Guiné e portanto é natural que alguns camaradas nossos ainda se lembrem dele. Por isso se quiseres fazer uma menção dele no nosso blogue, não será de todo impertinente.

Junto algumas fotos que te poderão ser úteis, se quiseres aproveitar alguma. Eu sei que as minhas fotos são de pouca qualidade. Talvez encontres muito melhores de outras fontes que até já terão aparecido no blogue.

Se escreveres algo, podes então dar a conhecer que hoje mesmo providenciei uma "missa de sétimo dia”, para o próximo domingo, como segue:

Info: sobre a "missa de 7º dia”:

Próximo domingo, dia 29 Setembro às 10.30 AM

Endereço:

na Igreja de S. Cyril, 62 St. Marks' Place em Nova Iorque.



É uma pena que muitos dos seus colegas destas lutas já tenham partido. Agora somos todos “voluntários" na linha da frente, com boa ou má vontade…

Para os que ainda cá estamos, convidamos quem puder a participar nesta missa. Depois da missa podemo-nos reunir no salão para um café , um pequeno refresco ou talvez mesmo só um abraço de mutuo apoio. Por mim preciso bem dele.

Crescido no meio de uma família numerosa, em que eu fui o único rapaz , ele foi para mim aqui nos Estados unidos "o meu irmão mais velho" que eu nunca tive. Sei bem que tenho muitos “irmãos" em Portugal como felizmente tenho ainda aqui. Mas... custa tanto tanto perder um amigo!


Um grande abraço,

João
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Legendas: 

As 1ª e 2ª fotos não precisam legenda: elas falam por si. 

 A 3ª foto foi tirada no 10º aniversario da paragem da barragem: no meio o então dono dos vinhos “Ervamoira” cuja quinta ia ficar completamente submergida pelas águas da planeada barragem. 

A 4ª: na Casa do Passal em Setembro de 2004: início de remoção do lixo, ainda antes de começarmos a pensar sequer em reparar o telhado.

Foto nº 5: para o nosso casamento (meu e da Vilma)  ele veio a Nova Iorque.

Foto nº 6: Capa da brochura Lameta : na foto, eu e ele muma manifestação contra a ocupação de Timor pela Indonésia. 



S/l> S/d (c. 1996-2006) > O então presidente da República Jorge Sampaio, tendo à sua esquerda o João Crisóstomo e à sua direita o António Rodrigues. Foto do arquivo de João Crisóstomo (2015) 


Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz, nº 11, Carnide >  Dia da Consciência, 17 de junho de 2015, celebrado em Lisboa: sessão de homenagem a Artistides de Sousa Mendes, por ocasião dos 75 anos da sua decisão histórica  (1940-2015)

Na foto, da esquerda para a direita:

  • a Alice Carneiro;
  • o João Crisóstomo:
  • uma amiga do João (que vive em Leiria);
  • o António Rodrigues (que vive na Batalha, e é também ativista de causas sociais, foi ele com o João quem salvou da ruina completa a Casa do Passal, em 2004 (**); emigrou para os EUA em 1967, depois de ter feito o serviço militar na Base de Monte Real, como voluntário na FAP);
  • a Mariana Abrantes de Sousa (outra grande ativista da causa de Aristides de Sousa Mendes, igualmente da diáspora lusitana nos EUA):
  •  e a esposa do António Rodrigues

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25929: In Memoriam (509): Rui Baptista (1949-2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1971/74)

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25950: (In)citações (261): tudo o que temos pedido é que forneçam professores devidamente acreditados para a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), nas montanhas de Liquiçá, Timor Leste (João Crisóstomo, Nova Iorque)




João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusõfona
e amigo de Timor Leste. Foto: LG (2017)


1. Email enviado por João Crisóstomo, na sequência de comentário ao poste P25944 (*)

Data - 15 de setembro de 2024, 08:51

Caros Rui Chamusco  e Luís Graça,


Nem sempre leio, mas hoje vi, li e tive de desabafar (*) (...). São 01.24 da manhã de 15 de setembro. Não consigo dormir e resolvi buscar o computador, talvez alguma leitura amena no nosso blogue, como as peripécias narradas pelo Jorge Cabral ou outras me trouxessem o sono.

E ao deparar com esta crónica do Rui, resolvi lê-la para “lembrar”; ao fim e ao cabo também cheguei a ir e estive em Timor (em 2017 e 2018), onde , perante a situação de que o Rui me tinha falado e que confirmei, pensei poder continuar a ajudar: a minha experiência e contactos que ainda mantinha desde os tempos da luta pela independência poderiam com certeza ajudar, pensava eu.

Mas hoje, em vez de uma leitura amena, deparei com o contar duma situação que tem sido uma constante desde esses dias em 2018 até hoje. Raiva, tristeza, saudades, frustração, não sei qual deles maior, foi o que experimentei agora.

De alguma maneira quase me sinto culpado, pois que na altura sonhei e falei do muito que se poderia fazer para ajudar aquelas crianças esquecidas e aquelas gentes tristemente ignoradas nas montanhas de Liquiçá; alimentei tantas esperanças ao Rui, ao Gaspar e à Glória e a tanta gente boa em Portugal, e não só, que perante o nosso entusiasmo resolveram dar também a sua ajuda. E de alguns não foi só ajuda financeira como a de oferecerem-se e irem a Timor Leste. E agora passados seis anos ainda continuamos lutando pela mera sobrevivência duma única escola. Como é triste!

Mas como poderia eu, como poderíamos nós esperar tão pouca resposta por parte daqueles que em Timor Leste, em Portugal e em outras partes do mundo (como na Guiné), desta situação e outras semelhantes, se deviam ocupar?

Se razões de consciência, solidariedade e mesmo justiça não os motivam, então que cumpram o dever e obrigações dimanadas pela situação de poder ou de privilégio em que se encontram agora ou tiveram no passado se ainda agora podem ser influentes.

Os deveres inerentes à consciência e solidariedade são deveres permanentes e não devem ser coisas acidentais e temporárias na nossa vida.

Tenho acompanhado outros projectos semelhantes na Guiné e S.Tomé, aqui descritos no nosso blogue. Que são para mim sempre motivos de motivação, não só pelo simples facto de existirem, como pelo facto de serem motivo de tanto interesse por parte de todos nós que por lá andamos e conhecemos o que era e o que ainda é.

No caso de Timor admiro a boa vontade de tantos que nunca lá estiveram mas que inspirados pelo Rui e outros continuam ajudando, persistindo em fazer bem.

Bem hajam! Eu não acredito em milagres, mas, mesmo na minha muita desilusão, ainda teimo em persistir, esperando sempre por um milagre.

João Crisóstomo

PS - Esqueci-me de dizer que tudo o que temos pedido é que, que forneçam professores devidamente acreditados para esta escola, uma vez que agora já há uma escola construída e uma residência para professores nestas montanhas onde as crianças, que são tão timorenses como as crianças que vivem em cidades ou em locais com mais facilidades e que têm sorte de terem pais mais afortunados, parecem ou foram completamente esquecidas. (**)

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sábado, 31 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25899: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (9): O amor mora em Queens: Vilma (esloveno-americana) e João (luso-americano) (Recorte do jornal "Dnevnik", 5 de julho de 2024)


 



Ljubezen v Queensu: Vilma in João | Love in Queens: Vilma and João | O amor mora em Queens: Vilma & João


1. Recorte (e fotos) do jornal "Dnevnik" , Liubliana, Eslovénia, 5 de julho de 2024. Artigo de Nik Erik Neubauer, que acompanhou o casal Crisóstomo, Vilma e João, desde a sua casa, em Queens, Nova IOrque, em viagem de férias, até à terra da Vilma, Brestanica, na Eslovénia, aproveitando o ensejo para contar o seu feliz reencontro há 13 anos atrás. Amigos desde 1971, João e Vilma estiveram sem notícias um do outro até 2011. Casaram-se em 2013.  Com a ajuda do Google Translate, traduzimos e adaptámos a versão inglesa do artigo (gentilmente disponibilizado pelo João). E que reproduzimos aqui, com a devida vénia. (LG)


I met Vilma Kračun and João Crisóstomo over coffee in the community space of the Slovenian church in Manhattan. When I introduce myself and tell them what I'm doing in New York, João tells me: "Today you will have lunch with us!"

Conheci   a Vilma Kračun e o João Crisóstomo  a tomar um café,  no espaço comunitário da igreja eslovena em Manhattan. Quando me apresentei e contei-lhes o que estava a  fazer em Nova York, o João disse-me logo: "Hoje você vai almoçar conosco!" (*)

 In a few minutes we are already driving to their house in Queens, and at the same time I get a short tour of the sights of Manhattan. I am most amazed by the tall and narrow skyscrapers, 

Em poucos minutos já estávamos a ir de carro para a  casa deles em Queens, e ao mesmo tempo que eu  ia fazendo  uma visita guiada aos pontos turísticos de Manhattan. O que mais me impressionava eram os altos e estreitos.arranha-céus 

Vilma laughs and says: "We call them cigarettes!". They tell me that they drive everywhere by car, because they feel that the subway is not adapted for elderly people, but at the same time, according to them, it can also be dangerous and you never know who you will run into.

A Vilma ri-se e diz-me: “Chamamo-lhes cigarros!”. Dizem-me que vão para todo o lado de carro, porque acham que o metro não é apropriado  para gente  idosa, e ao mesmo tempo, segundo eles, também pode ser perigoso,  nunca se sabendo com quem se vai deparar nos corredores.

When I enter their house, which somewhow reminds me of terraced houses in Koseze, I am surrounded by walls full of photos, documents, handwritten notes and newspaper articles from all over the world. Their love story went around the world and was published in many media.

Quando entro na casa deles, que de alguma forma me lembra as casas geminadas de Koseze, vejo-me cercado por paredes cheias de fotos, documentos, notas manuscritas en recortes de  artigos de jornais de todo o mundo. A sua história de amor deu a volta ao mundo e foi publicada em muitos meios de comunicação.

The couple met in 1971 and then reunited four decades later in 2011. They had met in London, where Vilma was working as an au pair and he as a waiter, after which they lost touch when João moved to New York. Together with his then-partner, he tried to find a lost friendship until 1997, when he and his then-wife broke . And from then on he continued to do it alone. He sent letters to her address, but they always bounced back.

O casal conheceu-se em 1971 e reencontrou-se quatro décadas depois, em 2011. Eles timha-se conhecido  em Londres, onde Vilma trabalhava como "au pair gitl"  e ele como porteiro de hotel, após o que perderam o contato um do ouytro quando o  João se mudou para Nova York.  Junto com sua então companheira, mãe dos seus filhos, ele tentou reencontrar uma amiga perdida até 1997, altura em que  se separaram, ele e a sua  esposa. E a partir daí ele continuou à procura da Vilma, mas agira sozinho. Enviou cartas para o endereço dela, mas foram sempre devolvidas.

He also tried to use all his many acquaintances to reunite with Vilma. He continued looking for her when he worked as a butler for people from high circles of American society, including Jacqueline Kennedy Onassis. He also tried to contact Vilma through a friend, Ramos Costa who was then the Portuguese Ambassador in Yugoslavia, but this was also unsuccessful, as Vilma had moved to Paris in the meantime. On Valentine's Day, in 2011, his then sister-in-law, who lived in Toronto, called him and told him that she had found Vilma on Facebook.

Ele também tentou usar a sua rede de contactos pessoais e sociais  para descobrir  a Vilma. Ele continuou a procurá-la quando trabalhava como mordomo para pessoas de alta sociedade americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis. Tentou também contactar a Vilma através de um amigo, Ramos Costa, então embaixador de Portugal na Jugoslávia, mas também não teve sucesso, uma vez a Vilma tinmha-se entretanto mudado para Paris. No Dia dos Namorados, em 2011, uma cunhada do João, que morava em Toronto, ligou-lhe econtou que havia encontrado a Vilma no Facebook.

João immediately called her and Vilma answered him in the middle of the night at two in the morning. In the following weeks and months, they spent hours and hours on the phone, talking and getting to know each other. A year later, João came to Vilma in Paris. "When he arrived, I felt as if I had known him all my life. He hugged me as tightly as the Portuguese do and I thought my heart would burst from all the emotions." 

João ligou-lhe  imediatamente. A Vilma atendeu a chamada, eram duas da madrugada...  Nas semanas e meses seguintes, eles passaram horas e horas ao telefone, conversando e conhecendo-se melhior. Um ano depois, o João veio ter com a Vilma a Paris. "Quando ele chegou, senti como se o conhecesse desde sempre. Ele abraçou-me com tanta força como os portugueseso fazem, e pensei que o meu coração fosse explodir de t
anta emoção." 

Vilma had already started to fall in love with Joao during all the conversations on the phone, while he primarily wanted to find his good friend: "I don't like to lose friendships, which are our greatest treasure in life. But when we hugged then it was really like love at first sight." On the two-hours journey to a border town in Switzerland, they also told each other in person everything that they had not been able to do over the phone before. Soon after, they moved to New York and got married.

Vilma já havia começado a apaixonar-se  pelo João ldurante as primeiras  conversas mantidas ao telefone, enquanto ele queria principalmente encontrar a sua boa amigo: "Não gosto de perder amizades, que são o nosso maior tesouro na vida. Mas quando nos abraçámos então foi realmente amor à primeira vista." Na viagem de duas horas até uma cidade fronteiriça na Suíça, eles também contaram um ao outro pessoalmente tudo o que antes não tinham conseguido fazer por telefone. Logo depois, mudaram-se para Nova York e casaram-se.


João's unyielding character is also manifested in many humanitarian purposes. He was involved and influential in preventing the construction of a dam in Portugal that would have caused the destruction of Stone Age drawings in the Portuguese town of Vila Nova de Foz Côa. In 1998, UNESCO listed the area as a World Heritage Site. Rupert Murdock, an Australian businessman and media magnate, for whom he occasionally worked as a butler helped him, by recommending him to the editor of the “Times of London” one of the many publications he owned. For his role in rallying the international media to this campaign to save the Fozcoa Engravings he was thanked for his efforts by the then Prime Minister of Portugal, today's Secretary General of the United Nations, António Guterres.

O carácter determinado  do João também se manifesta em muitos propósitos de cariz humanitário. Teve envolvimento e influência na campanha contra  a construção de uma barragem em Portugal que teria causado a destruição de gravuras da Idade da Pedra em Vila Nova de Foz Côa. Em 1998, a UNESCO classificou  a área como Patrimônio Mundial. Rupert Murdock, empresário australiano e magnata da comunicação social, para quem trabalhou ocasionalmente como mordomo, ajudou-o, recomendando-o ao editor do “Times of London”, uma das muitas publicações que possuía. Pelo seu papel na mobilização dos meios de comunicação internacionais para esta campanha para salvar as Gravuras de Foz Coa, foi objeto de apreço e gratidão   pelo então Primeiro-Ministro de Portugal, hoje Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

He also played an important role in the independence of East Timor, by his contacts with Patrick Kennedy, Bill Clinton and Nelson Mandela and other leaders and key people in world affairs.

 Desempenhou também um papel importante na independência de Timor-Leste, através dos seus contactos com Patrick Kennedy, Bill Clinton e Nelson Mandela e outros líderes e pessoas-chave na política internacional. 

He was also influential in his contacts with the international media, the US Senate and the Clinton administration. His desire to help, whenever he felt his involvement could be useful, led him to collect signatures of support for the release of three American hostages from Colombia in 2008. He is always tireless in his efforts, forced sometimes due to time zones differences to stay up all night on the landline to contact influential people from around the world.

Ele também foi influente nos seus contatos com os órgãos de comunicação a níve internacional,.  o Senado dos EUA e a administração Clinton. A sua vontade de ajudar, sempre que sentiu que o seu envolvimento poderia ser útil, levou-o a recolher assinaturas de apoio à libertação de três reféns americanos da Colômbia em 2008. É sempre incansável nos seus esforços, obrigado às vezes, devido a diferenças de fuso horário, a ficar acordado a noite toda, ao telefone fixo,  para entrar em contato com pessoas influentes de todo o mundo. 


At the moment João and and Vilma are on a visit to Slovenia, visiting her hometown in Brestanica.

They will soon go to Portugal, where a ceremony will be held on July 19 when the former home of the portuguese diplomat Aristides de Sousa Mendes, after long repairs and reconstruction will be reopened by the President of Portugal .


This new renovated home, now transformed into a Museum will be the new headquarters of the Day of Conscience.

Neste momento João e Vilma estão de visita à Eslovênia, visitando  da Vilma cidade natal, Brestanica. (**)

Irão em breve para Portugal, onde será realizada uma cerimónia no dia 19 de julho, quando a antiga casa do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, após um longo restauro e  reconstrução, será reaberta pelo Presidente de Portugal. (***)

Esta nova casa renovada, agora transformada em Museu, será a nova sede do Dia da Consciência. 

The “Day of Conscience” was first publicly remembered in 2004 by João Crisóstomo with dozens of events in 21 countries around the world to commemorate the day ( 17 of June 1940) when Aristides de Sousa Mendes, against the express orders of Lisbon, but in accordance with his conscience, began issuing as many visas as he could, many thousands of them, to Jews and other refugees during the Second World War.

O “Dia da Consciência” foi recordado publicamente pela primeira vez em 2004 por João Crisóstomo com dezenas de eventos em 21 países de todo o mundo para comemorar o dia (17 de Junho de 1940) em que Aristides de Sousa Mendes, contra as ordens expressas de Lisboa, mas em de acordo com a sua consciência, começou a emitir tantos vistos quanto pôde, muitos milhares deles, para judeus e outros refugiados durante a Segunda Guerra Mundial. 

During His General Audience on June 17 2020 Pope Francis, following long and perseverant efforts by João Crisóstomo, founder of this project, recognized the great humanitarian diplomat Aristides de Sousa Mendes and the “Day of Conscience”.

Durante a Audiência Geral de 17 de junho de 2020, o Papa Francisco, após longos e perseverantes esforços de João Crisóstomo, fundador deste projeto, reconheceu o grande diplomata humanista Aristides de Sousa Mendes e o “Dia da Consciência”.


(Tradução, adaptação, revisão/fixação de texto, tíitulo, itálicos e negritos: LG)
 (Com a devida vénia...)
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Notas do editor:


(*) Últimos cinco poste da série >
29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25893: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (8): Mensagem enviada ao Blogue pelo ex-Alf Mil Rogério Parreira do BENG 447 (Guiné, 1968/70)


29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25891: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (7): ... E vamos lá estar, no Porto, na Casa da Música: Orquestra Médica Ibérica, Concerto solidário, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00

27 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25888: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (6): Lançamento do livro "A Pesca da Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores", de Arsénio Chaves Puim, dia 29, 4ª feira, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto.

26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25884: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (5): Tabanca do Algarve, com o con inf ref Manuel Figueiras (Tavira e CCS/BCAÇ 2852), o Humberto Reis (CCAÇ 12), e dois camaradas do TO de Moçambique (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

15 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25843: Verão 2024: Olá, nós por cá todos bem (4), um bom livro, de sabor camiliano, o último do Joaquim Costa, para se ler na praia, no pinhal ou na esplanada, de trás para a frente e de frente para trá


(**) Vd. postes de

25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo
26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25883: Tabanca da Diáspora Lusófona (25): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - II (e última) Parte (Rui Chamusco / João Crisóstomo)


(***) Vd. poste de 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (442): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)