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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19358: Agenda cultural (667): Apresentação do livro de viagens "Regy", da autoria de Fernando Gouveia, e palestra sobre poesia por Regina Gouveia, dia 12 de Janeiro de 2019, a partir das 15h30, no Clube Fenianos Portuenses, junto à Câmara Municipal do Porto

C O N V I T E


1. No próximo dia 12 de Janeiro de 2019, pelas 15h30, no Clube Fenianos Portuenses, junto à Câmara Municipal do Porto, o nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70) irá apresentar o seu livro Regy, em torno das muitas viagens que tem feito ao longo da sua vida, quase sempre acompanhado da sua Regy (Regina).

Pelas 16h30, Regina Gouveia, sua esposa e nossa tertuliana, irá falar da poesia em geral e da sua obra em particular.

Aqui fica o convite endereçado especialmente à tertúlia da Tabanca Grande residente no Grande Porto.

Capa do livro de viagens "Regy", de Fernando Gouveia




 Recorte de jornal com uma passagem do livro
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19340: Agenda cultural (666): Apresentação da Obra Poética de Vital Sauane - “Mundo di Bambaram”, dia 28 de Dezembro, pelas 18h00, no Centro de Exposições de Odivelas, Rua Fernão Lopes, 2675-348 Odivelas

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16599: Inquérito 'on line' (74): as primeiras 41 respostas: 20 dos nossos leitores estiveram no mato com familiares nossos, não guineenses: esposas (13) ou esposas e filhos (7)... O prazo termina em 20/10/2016, 5ª feira, às 6h52, e era bom que chegássemos às 100 respostas...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > Convívio no bar de sargentos, em meados de 1970: ainda estávamos em "lua de mel", os "velhinhos" da CCAÇ 12, e os "piras" do BART 2917, aqui representados pelo 2º Comandante, maj art José António Anjos de Carvalho, sempre fardado, hoje cor art ref, e o 1º srgt art Fernando Brito (1932-2014)...

As senhoras: à direita do Brito, a Helena, mulher do alf mil at inf António Manuel Carlão, do 2º Gr Comb da CCAÇ 12 (o casal vive hoje em Fão, Esposende); à direita do Anjos de Carvalho, a esposa do major art, Jorge Vieira de Barros e Bastos (mais familiarmente conhecido por Bê Bê, era o major de operações do comando do BART 2917; hoje cor art ref);  e à sua direita, Isabel, a esposa do José Alberto Coelho, o fur mil enf da CCS/BART 2917 ) (o casal vive hoje em Beja). 

Não me parece que tivesse sido o jantar de Natal, ou coisa parecida: nessa altura, as relações com o major art Anjos de Carvalho, a três meses de acabar a nossa comissão, eram muito tensas... A CCAÇ 12, como companhia de intervenção, africana, estava adida ao comando do setor L1.

Inclino-me mais para uma festa de anos, talvez do 1º Brito, que era de facto um "senhor 1º sargento", e que matinha com a malta da CCAÇ 12 uma "relação muito especial"...  A festa terá ocorrido nos  primeiros tempos, após a chegada do BART 2917 a Bambadinca, que veio render o BCAÇ 2852 (1968/70)... (Pede-se ao pessoal da CCAÇ 12 e da CCS/BART 2917, para completar as legendas.)

Mas, na altura, estas eram as três senhoras, brancas,  que existiam no quartel de Bambadinca (, não contando com a senhora professora do ensino primária, caboverdiana, que raramente era vista, mas que vivia dentro das nossas instalações militares, no edifício da escola, a dona Violete da Silva Aires). E não havia miúdos, a não ser os da escola e da população local... Os militares guineenses (da CCAÇ 12 e outras subunidades, como os Pel Caç Nat que estiveram connosco) em geral eram casados e tinham consigo as famílias mas fora do arame farpado, vivendo em Bambadinca ou em Bambadincazinho.

No tempo do BCAÇ 2852, e até ao ataque a Bambadinca, em 28/5/1969, julgo que pelo menos estava lá três senhoras, a começar pela  a esposa do comandante, o ten cor inf Manuel Maria Pimentel Bastos (também conhecido seu "nick name", Pimbas), já aqui bastas vezes evocado pelo seu amigo e admirador Mário Beja Santos. O tenente SGE Manuel Antunes Pinheiro, chefe da secretaria do Comando do BCAÇ 2852, também lá teria a esposa até essa data. E creio que também  a esposa do médico, David Payne.

O Torcato Mendonça confirma: "Bambadinca era uma maravilha para nós [, CART 2339, Mansambo, 1968/69]. Vivia-se lá um clima de tranquilidade e de bom convívio. Para isso contribuía o Comandante e vários militares. Como a segurança era boa, estavam lá as esposas do comandante, do médico e do tenente da secretaria".

Foto: © Vitor Raposeiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Leiria  > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de junho de 2009 > Os nossos grã-tabanqueiros Regina Gouveia e Fernando Gouveia, um adorável casal, transmontano, do Porto, que fez uma comissão na Guiné (Bafatá, 1968/70).

Recorde-se que o Fernando Gouveia, hoje arquiteto reformado,  foi alf mil Pel Rec Inf, Comando de Agrupamento 2957, Bafatá(1968/70) na altura em que era comandado pelo Cor Hélio Felgas, já falecido.

A Regina Gouveia é escritora com obra feita e publicada.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados.



I. INQUÉRITO 'ON LINE':  "NO MATO NO(S) SÍTIO(S) ONDE EU ESTIVE, NA GUINÉ,
HAVIA FAMILIARES NOSSOS"...


As primeiras 41 respostas

1. Sim, esposas (não guineenses) > 
13 (31%)

2. Sim, esposas e filhos (não guineenses)  > 
7 (17%)

3. Sim, familiares guineenses (sem ser das milícias)  > 
8 (19%)

4. Não, não havia  > 
18 (43%)

5. Não aplicável: não estive no mato > 
0 (0%)

6. Não sei / não me lembro  > 
0 (0%)


O prazo termina em 20/10/2016, 5ª feira, às 6h52.  O inquérito admite até duas respostas: por exemplo 1 e 3; 2 e 3.

Resposta a ser dada diretamente no nosso blogue, no canto superior da coluna da esquerda.



II. Comentário do editor:

Na decisão de levar ou não levar a família para o teatro de operações, deviam pesar muitos fatores... Não era uma decisão fácil, no final da década de 1960, nove anos depois de ter começado a guerra colonial... Sobretudo para os militares do quadro, alguns já com 3 comissões de serviço (se contarmos com a Índia, Macau, Timor)... 

É verdade, dirão alguns,  que foi a "vida" que escolheram, os oficiais e os sargentos dos três  ramos das forças armadas portuguesas... Por razões logísticas e de segurança, era mais difícil aos militares do exército levarem, para o mato, as famílias, as esposas sem filhos ou as esposas com filhos...

Mesmo assim, dependia da companhia (CCS ou unidade de quadrícula, região, localidade, acessibilidade, instalações, segurança relativa,  etc.). Não me lembro de ver famílias de militares, não guineenses, nas unidades de quadrícula do BCAÇ 2852 e do BART 2917, no setor L1: Xime, Mansambo, Xitole, Saltinho (que depois passa para o setor L5)... Muito menos em destacamentos onde as condições hoteleiras eram deploráveis...

Para os jovens milicianos, furriéis e alferes, "just married", acabados de casar, ou que casavam a meio da comissão, ainda sem filhos, era uma decisão aparentemente mais fácil, lógica e natural, mas não isenta de riscos, sobretudo se o militar fosse um operacional... Também não terá havido muitos "operacionais" com as esposas no TYO da Guiné, memso em Bissau (por ex, tropas especiais).

Apesdar da "milicianização" e "africanização" da guerra,  ninguém estava à espera de fazer uma guerra que iria durar 11/12/13/14 anos... Sobretudo entre os militares de carreira, ninguém estava preparado para estar muitos anos longe da mulher e dos filhos (e com estes a crescer)... Mas esse foi o cenário em que viveram muitas famílias portuguesas ao longo dos séculos, desde os Descobrimentos: uma viagem de ida e volta à Índia podia demorar 2 anos...

Faltam-nos testemunhos dos homens e mulheres que cresceram com os pais, militares, em comissões de serviço em África... Salazar, que não era casado nem tinha filhos, nunca poderia saber avaliar os custos (emocionais, afetivos, etc.) que a "guerra do ultramar" também teve para os militares  e as suas famílias, os homens (e as mulheres) que a fizeram (e a sofreram)...
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sexta-feira, 21 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12876: Blogpoesia (381): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XII): Nunca se está completamente vestido sem um sorriso (Fernando Gouveia)




Poema de Fernando Gouveia (2014)


1. Mensagem do Fernando Gouveia, associando-se à nossa iniciativa de celebrar o Dia Mundial da Poesia, uma maratona que já vai longa...


Luís:

Esperando que ainda vá a tempo de ser hoje publicada, neste Dia Mundial da Poesia, junto envio um poema construído sobre uma frase de uma canção de Little Orphan num musical da Broadway.

Como o poema tem laivos de Poesia Concreta vai como imagem e assim deve ser publicado.

Um abraço.

Fernando Gouveia 



Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > Os então novos membros da nossa Tabanca Grande, Regina e Fernando Gouveia, um adorável casal, transmontano, do Porto, que fez uma comissão na Guiné (Bafatá, 1968/70). O Fernando foi Alf Mil Pel Rec Inf, Comando de Agrupamento 2957, Bafatá (1968/70) na altura em que era comandado pelo Cor Hélio Felgas, já falecido.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

Úlrtimo poste da série > 21 de março de 2014 >  Guiné 63/74 - P12875: Blogpoesia (380): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XI): Alberto Branquinho / Jorge Cabral / José Manuel Lopes (Josema)

Guiné 63/74 - P12863: Blogpoesia (372): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (III): Dois poemas do último livro, "Entre margens", Lua de Marfim Editora, 2013 (Regina Gouveia)

1. Regina Gouveia

Caro Luís Graça

Aí vão dois do meu novo livro “Entre margens",   editado em 2013. Um, implicitamente, tem a ver com a guerra colonial , o outro não

Ab, Regina Gouveia

Cais

por Regina Gouveia

Na janela, a cortina rendada.
Através dela, navios que demandam o cais,
outros que partem.
Lenços brancos acenam da amurada
outros respondem acenando de terra.
Entre uns e outros, oceano e guerra.
Navego no navio da memória
delida pelo tempo, esse cavalo alado.
Na janela, cada dia mais puída a cortina rendada.
Através dela já não vislumbro
o inexistente cais, outrora imaginado.



Regina Gouveia, Bafatá, c. 1969/70.
Foto: Fernando Gouveia


(…) Com raiva, o poeta inicia a escrita como um rio desflorando o chão (…) Mia Couto


As rugas, no rosto, cavaram-nas lágrimas
a escorrer dos olhos que de amor choraram.
Os leitos dos rios, cavaram-nos águas,
violando os solos por onde passaram.
O poeta, um dia, juntou águas, dores,
lágrimas, amores
e fez poesia.

Fonte: Gouveia, R. - Entre Margens. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2013.

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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12862: Blogpoesia (371): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (II)...Três poemas do 'Zorba' Mário Gaspar (CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

sábado, 26 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9099: (Ex)citações (159): O nosso mundo está a encolher (Fernando Gouveia)


1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 24 de Novembro de 2011:

Caro Carlos
Estou a quebrar o meu segundo período de silêncio (não quarentena como da outra vez), pois para tudo é necessário algum repouso, para refazer ideias.

Quanto ao tecer considerações sobre o blogue, o número de postes ou de visitas ao mesmo, repetirei o que disse na minha primeira comunicação ao Luís Graça: “já tenho que ler até ao fim da minha vida”.

Mais do que comemorar os dez mil postes ou os três milhões de visitas, quero dar o meu contributo para os onze mil postes e os quatro milhões de visitas com o “artigo” que se segue e que, desde já, gostaria que fosse comentado pelo Prof Luís Graça, pois é a ele que estes assuntos dizem respeito.

Um abraço.
Fernando Gouveia
P.S. – Brevemente apresentarei “contas” das vendas do Na Kontra Ka Kontra.


O NOSSO MUNDO ESTÁ A ENCOLHER

Quando no ano passado (daqui a dias terei que dizer “há dois anos”…) regressei da minha visita à Guiné, passados quarenta anos de lá ter estado, comentei com os meus familiares e amigos que, em Bafata, quando visitei a minha casa e o quartel do Comando de Agrupamento, ainda a funcionar como quartel, achei tudo muito mais pequeno. No quartel, os pés direitos e a platibanda do telhado pareceram-me mais baixos; os compartimentos, nomeadamente o meu antigo quarto, muito mais pequenos. A minha casa, que na altura a achava de dimensões normais, pareceu-me minúscula, tal como a varanda, onde, muitas vezes estive sentado e me sentei de novo, agora.

Sensação estranha. Pareceu-me que tudo tinha encolhido.

Não esquecendo o que se passou segui em frente. Mas eis que há dias fiquei surpreendido com um artigo que li numas “Seleções da Reader’s Digest” de Fevereiro de 1949, extraído da publicação ”The Christian Science Monitor”, que junto a seguir.


Tudo isso é então normal. Mais descansado fiquei…
Ainda na sequência de tudo isto relembrei um poema do livro “Magnetismo Terrestre” (Fevereiro de 2006) de Regina G.


BIG-BANG

Na minha infância, o Universo estendia-se
do Castelo até às Eiras, envolvendo a Praça
e o Cabecinho onde ficava a minha escola.
À volta eram ladeiras que velavam o sono do rio
lá no fundo. Era assim o meu mundo
que, para mim, era maior que o infinito
e que em cinco linhas aqui ficou descrito,
contrariando assim, à evidência,
uma das conjeturas da ciência.
Desde o seu Big-Bang
o meu Universo contrai-se, não se expande.


2010 - Edifício dos quartos dos oficiais do Comando de Agrupamento.

2010 - Um jagudi em cima da que foi a minha casa.

2010 - Na varanda da minha antiga casa.

Um abraço a todos
Fernando Gouveia
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8794: Agenda Cultural (154): Exposição de fotos e lançamento do Livro Na Kontra Ka Kontra de autoria do nosso camarada Fernando Gouveia, ocorridos no dia 13 de Setembro de 2011, na Casa da Cultura Mestre José Rodrigues, em Alfândega da Fé

Vd. último poste da série de 24 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9092: (Ex)citações (158): Homenagem aos nossos mortos não tem data! É quando um homem quiser! (António Matos)

sábado, 21 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8307: Agenda Cultural (124): Na Kontra Ka Kontra, a blogonovela de 49 episódios, passada na Guiné, em Portugal, no Brasil, entre 1969 e 2010, agora publicada em livro, a apresentar em Monte Real (4 de Junho) e no Porto, Espaço Vivacidade (7 de Julho) (Fernando Gouveia / Luís Graça)








Capa e contracapa do livro Na Kontra Ka kontra (Encontros e desencontros). Porto: edição de autor. 2011.  Dedicatória autografada ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.






A. Duas mensagens de 11 do corrente, enviadas pelo nosso querido camarada Fernando Gouveia [, foto à esquerda, com a esposa,  Regina Gouveia, ambos membros do nosso blogue, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria,  IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, 20 de Junho de 2009 ]:


(i) Luís, grande guru desta verdadeira irmandade personalizada pela Tabanca Grande e respectivo blogue: 

Como muitos camaradas, já por várias vezes referi que durante quarenta anos andei esquecido da Guiné e da guerra, e só agora fui infectado, como que por um vírus informático,  que, pelo menos comigo, não é da estirpe guerreira mas tão só daquela outra, ligada ao continente africano e sua gente. 


Pediste-me para escrever, para o blogue, meia dúzia de histórias e já lá vão cerca de quarenta. 

Revisitei a Guiné o ano passado e como tenho dito, “sabendo o que sei hoje, arrepender-me-ia para sempre se não tivesse ido”.  

Na sequência dessa visita surgiu, como por todos já é sabido, NA KONTRA KA KONTRA.  Muitos camaradas gostaram da estória, o que muito me sensibilizou. Também me incentivaram a continuar, com vista à publicação em livro. Assim o fiz. 


Agora, indo ao que verdadeiramente interessa, é preciso tratar da colocação dos livros junto dos leitores, tanto mais que o produto da venda se destina integralmente às crianças da Guiné-Bissau (ver carimbo na capa do livro). 


Como é sabido, actualmente é muito complicada a parte da distribuição. Quer distribuidores, quer livrarias só aceitam autores consagrados.  Assim sendo, penso fazer várias apresentações do livro, entre grupos de amigos, de camaradas, etc. Como primeira apresentação, entendo que não podia deixar de ser, a virtual, no blogue da Tabanca Grande. 

Venho pois pedir-te que consigas algum do teu pouco tempo disponível e sejas tu próprio a fazer essa primeira apresentação. Como deves entender, seria muito importante que acontecesse antes do nosso almoço anual em Monte Real, onde, mais informalmente teria lugar a segunda apresentação. 

Termino, dizendo-te que ainda não perdi a esperança que NA KONTRA KA KONTRA atinja o objectivo para que foi escrita [, a televisão]. 


Um grande abraço. 


Fernando Gouveia 



PS – Segue um livro pelo correio. 

(ii) Luís: Em complemento do e-mail anterior pedia mais o seguinte:

1 – Que indiques onde, a partir de agora, no Porto, se pode adquirir o livro.



Rua Alves Redol, 364-B, Porto 


 (traseiras do edifício com o nº 376/372)

(Telefone 220937093)


 2 – Que no mesmo espaço irá ser feita uma apresentação do livro, no próximo dia 7 de Julho,  pelas 17 h, que coincidirá com a abertura de uma exposição de fotografias do mesmo autor (oportunamente serão dados mais pormenores).



Um abraço

Fernando Gouveia
(Ex-Alf Mil Rec e Inf, Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70)


B. Comentário de L.G.:

Prometo escrever uma breve apresentação da obra, tal como ela merece, ela e o seu criador. Reli de um fôlego os 49 episódios que foram publicados diariamente, de segunda a sexta, no nosso blogue, durante semanas. Fico feliz por o Fernando Gouveia ter aceite a nossa sugestão de transformar esta originalíssima história de guerra e de amor em livro.  História (ou guião de um possível filme ou telenovela) que ele escreveu "debaixo da adrenalina acumulada durante a minha visita à Guiné-Bissau, em Março de 2010" (sic)-

Garantiu-me ele que os custos de produção ficaram por 3 euros e picos por exemplar, tendo o livro sido impresso em Espanha!!!... Tenciona vender o livro, com um preço de capa muito acessível, revertendo todas as receitas líquidas para um projecto de apoio às crianças da Guiné... Uma primeira apresentação pública (e venda directa) será feita por ocasião do nosso VI Encontro Nacional, em Monte Real, 4 de Junho próximo. 

Até lá, prometi escrever-lhe uma nota de leitura da obra, agora em livro, de 160 pp., profusamente ilustrado com fotos  do autor (dos anos 1968/70 e de 2010). O Fernando, como se sabe, foi Alf Mil Rec e Inf, em Bafatá (1968/70), tendo pertencido ao Agrupamento nº 2957, co0menado pelo então Cor Hélio Felgas.

A hora é de dar os parabéns ao promissor escritor que agora passa a concorrer lá em casa... com a consagrada Regina Gouveia. E é também a hora  de fazer votos para que alguém do cinema ou da televisão se "apaixone" por esta história, tal como me aconteceu a mim e a muitos de nós, leitores do blogue e fãs dos Na Kontra Ka Kontra, isto é, da vida que é feita de encontros e desencontros.

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Nota do editor:

Último poste da série  > 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8303: Agenda cultural (123): Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné"


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5874: Agenda cultural (60): Exposição de fotografia de Fernando Gouveia, no Instituto das Artes e Ciências - Porto (Regina Gouveia)

1. A nossa tertuliana Regina Gouveia, em mensagem de 23 de Fevereiro de 2010 vem-nos dar conhecimento da inauguração da Exposição de fotografia "MEMÓRIAS PARALELAS DA GUERRA COLONIAL, GUINÉ 1968/70", Reportagem fotográfica de seu marido e nosso camarada, Fernando Gouveia.

Esta exposição vai estar patente ao público de 26 de Fevereiro a 12 de Março no Instituto das Artes e Ciências, na Praça de Carlos Alberto, na Invicta Cidade do Porto.



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Nota de CV:

Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5805: Agenda Cultural (58): Do Carnaval de Lazarim, Lamego, a Guileje, Região de Tombali... Quem se lembra do pirotécnico Hélder da Costa, da CCAÇ 2617 ? (Luís Graça)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5556: Blogues da Nossa Blogosfera (30): Do caos ao cosmos, extensão de Reflexos e interferências (Regina Gouveia)

1. Mensagem de Regina Gouveia com data de 27 de Dezembro de 2009:

Aos meus amigos
Tenho já um segundo blogue, mais intimista, em que, mantendo a ligação à ciência, publicarei textos e imagens mais pessoais.

Poderão aceder em http://docaosaocosmos.blogspot.com/

Um abraço a todos com votos de um 2010 muito feliz
Regina Gouveia

Este blogue é como que uma extensão do blogue http://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/. Será um blogue mais intimista onde partilharei convosco textos e pinturas, de minha autoria e não só... (RG)


2. Comentário de CV:

Cara Regina, já visitei o seu novo Blogue, ainda em início de vida.

Porque tudo o que tenha a ver com a Guiné-Bissau é para nós motivo de interesse, não resisto a transcrever um dos primeiros postes que lá encontrei. Faço-o com a devida vénia e porque sei que não se zanga connosco.


Telejornal

Vejo o Telejornal no canal dois
A apresentadora fala da BSE, de clonagem, do Kosovo e, logo depois,
de um acidente no Cais do Sodré e da instabilidade na Guiné.
E eu empreendo no tempo uma viagem...
O Braima, a Binta, o Adrião, onde andarão neste momento?
Conheci-os em Bafatá, há muito tempo, iam buscar o "cume" no fim da refeição.
Recordo os seus olhos vivos de crianças pele negra, dentes alvos, sem igual
os passos apressados quando o vento anunciava em breve um temporal
Eu era aluna e eles mestres do crioulo de que mal guardo lembranças.



Das mulheres, recordo as suas vestes fossem mulheres grandes ou "bajudas"
no tronco, eram em geral desnudas, presos na cinta panos coloridos
que, de compridos, chegavam quase ao chão.
Algumas eram de tal modo belas que pareciam extraídas de telas
Recordo, servindo-me o café, o Infali com aquele seu olhar tão doce e triste
talvez o ar mais triste que eu já vi. Será que o café ainda existe?
Recordo aquele condutor, o Mamadu mostrando com orgulho o seu menino
Que terá feito deles o destino?
Recordo os passeios na estrada do Gabu os mangueiros, os troncos de poilão,
a mesquita, o mercado, a sensação de paz que tudo irradiava,
apesar do obus de Piche que atroava, apesar da maldição da guerra
cujo espectro por cima pairava.
Recordo ainda o cheiro e a cor da terra, o Colufe e o Geba sinuosos
onde canoas esguias deslizavam, recordo macaquitos numerosos
que entre os ramos das árvores saltavam enquanto que lagartos, preguiçosos,
ao sol, pelos caminhos se espraiavam e uma miríade de insectos buliçosos
ao nosso redor sempre volteavam.
Recordo o batuque daquele casamento. Na foto ficou bem impresso o momento
em que o dançarino fazia um mortal numa fantástica expressão corporal
Foi lá na Ponte Nova, naquela tabanca onde de azul se coloriam panos
que as mulheres usavam em volta da anca e que desciam quase até ao chão.
Tudo isto se passou há muitos anos.
A apresentadora fala agora em danos causados por uma longa estiagem
e mostra uma desértica paisagem.
Eu regresso da minha viagem e tento organizar o pensamento.
O telejornal está quase no final. Deve seguir-se a previsão do tempo.

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5378: Blogoterapia (133): Falando do povo da Guiné-Bissau... e alguns poemas (Regina Gouveia)

Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5398: Blogues da Nossa Blogosfera (29): Portal Guerra Colonial Portuguesa: novas publicações (Jorge Santos)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5378: Blogoterapia (133): Falando do povo da Guiné-Bissau... e alguns poemas (Regina Gouveia)

1. Mensagem da nossa tertuliana Regina Gouveia*, com data de 28 de Novembro de 2009:

Caro Luís Graça
Com a saída e apresentações do livro**, juntamente com gripe A nos netos, dispersei-me um pouco e não sei se cheguei a mandar um texto para publicação no Blog.
Envio-o agora. Se já recebeste, desculpa a duplicação.
Um abraço
Regina Gouveia



Nha Fala

NHA FALA é uma parábola sobre a voz (...) A fala de Vita é a fala da África (...)
Quis contar esta história por meio de uma comédia musical para mostrar a vitalidade deste continente. A música é o melhor modo de expressão dos africanos
”.
(Flora Gomes)


Se há no Porto espaços em que me sinto bem, um deles é o Clube Literário. Mesmo quando os eventos não me atraem muito, tenho sempre o rio em frente para deleite do olhar. Mas foi mais que isso na Semana Cultural dedicada à Guiné Bissau.

Terça feira, 17 de Novembro, bar do Clube, encontro sobre Contos tradicionais da Guiné-Bissau.

Já há muitos anos adquiri um livro de contos guineenses pelo que os contos não constituíram uma novidade. Um sociólogo guineense fez uma análise sobre os mesmos, o que foi minimamente enriquecedor. Sempre com um fundo moral, nos contos figuram muitos animais entre eles o lobo, egoísta e agressivo, a lebre e a tchoca, símbolos de esperteza. Figuram também animais solidários que emprestam os seus olhos a outros animais cegos, e animais ingratos que depois de recebidos os olhos tentam apropriar-se deles para sempre

Enquanto o encontro decorria, um tocador dedilhava um cora. Cora é um instrumento de cordas, tradicional dos povos mandingas da África Ocidental. Construído a partir de uma meia cabaça fechada por uma cobertura de pele, e com um braço que sustenta até 25 cordas, é o instrumento que acompanha os trovadores errantes, um misto de poetas e cronistas. O seu som, belíssimo, pretende reproduzir o de uma ave

Sexta feira, 20 de Novembro, auditório do Clube, projecção do filme "Nha Fala" de Flora Gomes. Fantástico. Lembrando um pouco Kusturica, Flora Gomes busca, através da personagem Vita, um rumo para um povo que, para renascer, precisa de cortar com uma parte do passado

A banda sonora, muito bem conseguida, como que proclama a importância da música na cultura africana

Embalada pela música africana viajo no tempo….

Dezembro de 1969, visita de Spínola a Bafatá.

Acompanha-o a mulher, Helena Spínola, a quem é oferecida uma recepção, enquanto o marido trata de assuntos que ali o levaram. Para a recepção são convidadas as mulheres dos militares.

Fui colocada perante um dilema. Estar presente seria como que uma conivência com uma guerra sem sentido, que sempre abominei.
Faltar significaria perder um espectáculo que, provavelmente, jamais iria ter oportunidade de ver. A balança pesou para este segundo lado.

Dirigi-me à casa do Administrador onde estava Helena Spínola na varanda, acompanhada por várias senhoras. Como não conhecia ninguém isolei-me a um canto. Helena Spínola, muito gentil, veio ter comigo e integrou-me no grupo. Em breve a música africana ecoava no ar. Marimbas, guitarras, coras, tambores, num inesquecível festival de sons.

E outros sons me assomaram agora à memória: os sons dos tambores num choro (funeral) bem perto de minha casa, os sons de um batuque num casamento e os sons dos guizos nas pernas e nos braços de uma criança.

Foi numa tabanca perto de Bafatá. A criança estava ao colo da mãe que, orgulhosa, ma estendeu para eu pegar nela ao colo. Emocionada peguei na criança, que ao ver-se fora dos braços da mãe começou a gesticular, perninhas e bracinhos em grande agitação. Do tilintar dos guizos emergia uma espécie de toada que tornou mágico o momento

A música é o melhor modo de expressão dos africanos (Flora Gomes)

Mas a estas imagens e a tantas outras recordações que deixaram em mim marcas indeléveis, associam-se outras que já não deveriam existir no século XXI. Refiro-me ao programa “Dar a vida sem morrer” apresentado por Catarina Furtado.

E apesar de tudo ainda continuam a cantar. Que força é essa amigo…

Vi-te a trabalhar o dia inteiro, construir as cidades pr'ós outros, carregar pedras, desperdiçar muita força pra pouco dinheiro.
Vi-te a trabalhar o dia inteiro. Muita força pra pouco dinheiro (…)

Sérgio Godinho, Que força é essa

Em 2005, a propósito das comemorações do 30.º aniversário da independência do seu país, Mia Couto quando proferia na Suiça, uma conferência subordinada ao tema: “No passado, o futuro era melhor?” disse a dada altura:

- Em 1975, nós mantínhamos a convicção legítima mas ingénua de que era possível, no tempo de uma geração, mudarmos o mundo e redistribuirmos felicidade. Não sabíamos quanto o mundo é uma pegajosa teia onde uns são presas e outros predadores.

Ao ver a situação da Guiné-Bissau nos dias de hoje, sei que o futuro com que sonharam no passado era bem melhor que o futuro que lhes estava reservado. Tal como nos contos, o povo continua solidário capaz de dar os olhos, mas há sempre lobos predadores egoístas e sem escrúpulos.

Ao escrever estas palavras lembrei-me de três poemas que de certo modo, põem o dedo na ferida.

Hipocrisia

Lactarius deliciosus. Não sei se foi Lineu quem o nome lhes deu.
Eu, no meio do pinhal, com gestos suaves, subtis, vou-as colhendo uma a uma.
São as sanchas, frágeis, delicadas, como que envergonhadas,
por baixo da caruma.
Chapéu e pé em tom alaranjado, já em pequenina, a medo, eu as colhia
pois sabia que mesmo ali ao lado, outros cogumelos, alguns muito mais belos,
teciam seus ardis. Insidiosos, perigosos, escondem em si a muscarina,
a psilocibina, tanta, tanta toxina, tantas vezes fatal.
Tal qual a hipocrisia nos humanos, desumanos, antes eu diria,
que enchem a boca com a democracia e a globalização, visando um mundo novo,
enquanto vendem armas para matar o povo que subjugam pela exploração.

Regina Gouveia, Magnetismo Terrestre
***

Tchador

Déboras, Irinas, Svetlanas ucranianas, sul- americanas, não importa.
Partiram em busca de uma porta que lhes desse acesso a melhores vidas.
e acabaram ludibriadas, iludidas, nas mãos de proxenetas.
São traficadas são exploradas, vezes sem conta são violadas
e quando, apesar de jovens, acabadas, são abandonadas, jogadas nas sarjetas.
Sandras, Bintas, não importa o nome, a vida deu-lhes até hoje violência e fome.
Aquela com onze anos, tão menina, de uma outra menina já é mãe.
Por certo é a primeira boneca que ela tem. E nos olhos, em vez de ódio
e de revolta, uma lágrima solta, enquanto embala a filha com amor.
Aquela outra ali é argelina, talvez a "pietá" que correu mundo.
Nos olhos um desgosto tão profundo, maior que o próprio mundo.
E aquelas outras das quais não vejo o rosto que, se doentes, não podem ser tratadas, que são impuras, se desvirginadas, que se forem violadas
poderão por castigo ser queimadas?
O que dirão os seus olhos por baixo do tchador?
Humilhação? Desgosto? Resignação? Rancor? Talvez revolta?
Se eu um dia usar tchador por meu querer acreditem que não é para me esconder
é só para tentar não ver tanta injustiça, tanto horror,
tanto fanatismo, tanta dor, neste mundo cruel à nossa volta.

Regina Gouveia em Reflexões e Interferências
***

Pai Natal

Pai Natal, acabo de perceber que não és imparcial
A alguns meninos deste tudo e a outros não deste nada
Será que perdeste a morada, não estava a tundra gelada,
ou estava a rena cansada?
No Natal que logo vem, pensa bem pois não pode ser assim.
Ou dás presentes a todos ou não os dás a ninguém. Nem a mim.

Regina Gouveia em Ciência para meninos em poemas pequeninos
***

E já que o Natal se aproxima, termino desejando a todos um Bom Natal
Regina Gouveia
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5276: Agenda Cultural (45): Semana Cultural da Guiné-Bissau, 16 a 20 Novembro, no Clube Literário do Porto (Regina Gouveia)

(**) Vd. poste de 25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5341: Agenda Cultural (48): Lançamento do livro Era uma vez... Ciência e Poesia no Reino da Fantasia, de Regina Gouveia (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 30 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5377: Blogoterapia (132): Fotos, recordações e divagações (Juvenal Amado)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5341: Agenda Cultural (48): Lançamento do livro Era uma vez... Ciência e Poesia no Reino da Fantasia, de Regina Gouveia (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira, com data de 21 de Novembro de 2009:

Camaradas.
Ontem fui ver o filme "Nha fala" do Flora Gomes ao Clube Literário do Porto, integrado na Semana Cultural da Guiné-Bissau, onde enconterei a Regina e Fernando Gouveia, membros das nossas tabancas; da Grande e da Pequena.

Convidou-me para o lançamento do seu livro "Ciência para meninos em poemas pequeninos" que se vai verificar no referido clube Literário do Porto, no próximo dia 1 de Dezembro.

Parte do produto das vendas vai ser entregue à associação "Mão amiga"
Peço para o colocardes em relevo nos nossos blogues.

Abraço fraterno
José Teixeira


CONVITE




O Clube Literário do Porto (Rua Nova da Alfândega, 22) convida para o lançamento do livro "Ciência para meninos em poemas pequeninos" da autoria de Regina Gouveia, ilustrado por Nuno Gouveia. Editado pela GATAfunho, será apresentado pelo Professor Manuel Rangel, no dia 1 de Dezembro, pelas 17h00, no Auditório do CLP, e contará, para além da autora, com as presenças de Ana Paula Faria, representando a Editora, e do ilustrador.

(30% dos Direitos de Autor serão destinados às crianças da Guiné-Bissau, através da Ajuda Amiga)



Regina Gouveia é licenciada em Físico-Químicas e Mestre em Supervisão.

Professora aposentada, tem colaborado como voluntária com várias Bibliotecas, nomeadamente Almeida Garrett e S. Lázaro, no Porto, divulgando a ciência e a poesia, junto dos mais pequenos.

Em 2005, foi agraciada com a Comenda da Ordem da Instrução Pública e premiada com o prémio Rómulo de Carvalho.

Tem vários livros publicados, um de ficção e todos os outros de poesia.
Ultimamente tem-se dedicado à literatura infantil.
O seu livro de poesia infantil “Era uma vez… Ciência e poesia no reino da fantasia”, editado pela Campo das Letras, é recomendado no âmbito do Plano Nacional de Leitura.

O seu último trabalho para crianças “Ciência para meninos em poemas pequeninos", Editora Gatafunho, é agora apresentado.

Ambos os livros são ilustrados por Nuno Gouveia, filho da autora.
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Notas de CV:

Vd. poste último poste de Regina Gouveia de 15 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5276: Agenda Cultural (45): Semana Cultural da Guiné-Bissau, 16 a 20 Novembro, no Clube Literário do Porto (Regina Gouveia)

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5335: Agenda Cultural (47): Lançamento do livro do Manuel Maia, dia 9 de Dezembro, em Matosinhos (José Manuel Dinis)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5262: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (16): O baptismo de fogo da Regina, ou um Capitão não é um Capitão

1. Mensagem de Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70, com data de 10 de Novembro de 2009:

Caro Carlos:
Mais uma estória para a série A Guerra Vista de Bafatá. Parece grande mas é por causa das fotos. Se a publicares, agradecia que mantivesses a sequência texto/fotos, pois está tudo interligado. As fotos só terão sentido dessa maneira.

Ainda outro assunto: Tenho reparado que algumas frases que tenho mandado em itálico não aparecem postadas dessa maneira. Penso que isso terá mais a ver com a NET e que não chegará aí o dito itálico. Se me pudesses dizer algo sobre isso muito agradecia, pois nesta estória a parte em itálico das legendas reporta-se à correspondente parte do texto.

Desde já agradeço.

Um abraço.
Fernando Gouveia


A GUERRA VISTA DE BAFATÁ

15 – O meu (dela) baptismo de fogo, ou um Capitão não é um Capitão

Duas notas prévias:

1 - Esta estória, como sempre autêntica, é toda da minha inteira responsabilidade, apenas coloco a narrativa na voz da minha mulher, por ter sido por ela vivida. Só lamento não ser ela própria a contá-la pois imprimir-lhe-ia uma melhor qualidade e sobretudo uma sensibilidade que eu não conseguirei exteriorizar.

2 - Os versos incluídos são de Sérgio Godinho, da faixa Fotos do Fogo do CD Tinta Permanente.



Nos anos sessenta não havia a liberdade de que agora usufruímos. Recordo, como exemplo, que quando era professora em Braga para adquirir certas revistas, consideradas de esquerda, como os Cadernos Gedoc e a Seara Nova, ia ter com um livreiro meu conhecido que mas entregava já devidamente embrulhadas e fora das vistas dos demais clientes.

Toda essa falta de liberdade trazia como consequência que as notícias relevantes, ou não chegavam a ver a luz do dia, ou eram deturpadas pelos homenzinhos do lápis azul. Quero com isto dizer, que qualquer notícia menos favorável ao regime vigente e oriunda da Guiné, e não só, vinha sempre por caminhos enviesados, logo, tanto podia ser mais ou menos verdadeira, como redondamente falsa.

Um dia, de 1969, com o meu marido na guerra, na Guiné, chegou-me aos ouvidos, por intermédio de uma amiga em quem depositava bastante confiança, que a Província tinha sido tomada pelos guerrilheiros nacionalistas. Penso que nessa altura seria o culminar de outras notícias, em surdina, referindo alguns reveses das nossas tropas (dezenas de mortos no Ché Che, etc.) em contraponto com a habitual falta de informação estatal sobre a verdadeira situação.

Coincidência das coincidências: Já há alguns dias que não recebia os habituais aerogramas do Fernando, meu marido, e cúmulo dos cúmulos, telefonando de imediato para o Comando de Agrupamento, onde ele se encontrava, uma telefonista (pois nessa altura as ligações passavam por várias), disse-me que de momento não era possível estabelecer a ligação com a Guiné pois havia um corte nas comunicações. Pânico, desespero, raiva… entorpecimento. Penso que passei por todos os estados de alma possíveis.

Com uma troca de telegramas tudo se esclareceu. Tinha havido apenas uma avaria nas comunicações.

Foi um pouco debaixo desta tensão que fui duas vezes à Guiné passar umas temporadas com o Fernando.

Da primeira, fui passar as minhas férias de Agosto e Setembro. O Fernando estava em Bissau à minha espera e acabámos por ficar instalados em casa duns amigos, a família Taveira, situada junto ao Estádio de Futebol, não longe do bairro do Pilão.

Por volta da uma da manhã estávamos já no primeiro sono quando fomos acordados, ao que pensei, por três ou quatro fortes rebentamentos ali muito perto. Sentados na cama não ouvimos mais qualquer ruído estranho e nem dentro de casa os nossos anfitriões deram sinais de si. Estranho… Ainda pensei que seria o meu baptismo de fogo, como na tropa se dizia.

Logo o Fernando me foi dizendo que deviam ser os obuses a fazer tiro para o outro lado do rio Geba, para a zona de Tite. Como já me tinha falado nos obuses de Piche que até se ouviam em Bafatá, fiquei mais calma. Soube depois que me dera aquela explicação para me acalmar pois acreditava serem rebentamentos na cidade, a primeira flagelação a Bissau. Também depois me disse que não ficou preocupado connosco pois achava que a tropa toda que estava na zona de Bissau resolveria a situação. Assim eu, na ignorância, e ele com mais de um ano de Guiné adormecemos novamente.

Na manhã do dia seguinte perguntamos ao senhor Taveira, que já tinha saído à rua, se sabia o que tinha acontecido. Resposta breve:

- Já não é a primeira vez que os Fuzileiros vêm fazer desacatos no bairro do Pilão e desta vez rebentaram lá umas granadas…

Mais tarde, em Bafatá, viemos a saber que o Geneneral Spínola mandou esses Fuzileiros para uma operação de oito dias na ilha de Como.

Destas estadias na Guiné já dei conta em estórias anteriores. Vivi lá momentos inolvidáveis. A África, sempre a África, os odores tão característicos, o vermelho da terra de tom tão singular, a pureza das gentes, o olhar e o sorriso das crianças, o colorido das vestes, o verde das matas, os pescadores nas suas canoas, o transbordar dos rios na época das chuvas, as tempestades diárias mas belas com o seu relampejar ao longe.

Chega-te a mim
mais perto da lareira
vou-te contar
a história verdadeira

A guerra deu na tv
foi na retrospectiva
corpo dormente em carne viva
revi p’ra mim o cheiro aceso
dos sítios tão remotos
e de corpo ileso
vou-te mostrar as fotos
olha o meu corpo ileso

………..
………..

Foto 1 > O vermelho da terra de tom tão singular. Na tabanca da Rocha em frente à minha casa. Atrás de mim era a casa do Cap. protagonista desta estória.

Foto 2 > A pureza das gentes. Tabanca da Rocha (foi a partir deste momento que ficámos a saber, eu e o Fernando, que os bebés africanos nasciam completamente brancos e só depois iam escurecendo.

Foto 3 > O olhar e o sorriso das crianças. Na tabanca da Rocha em Bafatá.

Foto 4 > O colorido das vestes. No Mercado de Bafatá.

Foto 5 > O verde das matas. Algures entre Bafatá e Candemba Uri.

Foto 6 > Os pescadores nas suas canoas. No rio Geba em Bafatá.

Foto 7 > O transbordar dos rios na época das chuvas. Na ponte do rio Colufe com a água a chegar aos meus pés.

Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados.


…………
…………
O meu baptismo de fogo
não se vê nestas fotos
tudo tremeu e os terremotos
costumam desfocar as formas

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Álbum das fotos fechado
volto a ser quem não era
como a memória, a primavera
rebenta em flores impensadas
num livro as amassamos
logo após cortadas
já foi há muitos anos
e ainda as mãos geladas


Na segunda ida à Guiné fui passar as férias de Natal de 1969. Mais uma vez fiz escala na ilha do Sal em Cabo Verde e mais uma vez tive aquela sensação estranha ao sair do avião: A terrível humidade, que trespassando a roupa tornava todo o corpo pegajoso. O Fernando já me tinha marcado um lugar no Dakota desse dia pelo que, e já não sendo periquita, iria sozinha ter com ele a Bafatá. Quando já estava a entrar para o avião, aparece um oficial de patente algo elevada, que em atitude nada elevada foi dizendo que eu não podia embarcar pois ele e a esposa, mesmo sem marcação, tinham que ir sem falta.

Mais tarde vim a saber que era o actual Comandante do meu marido, Coronel Neves Cardoso. Telefonei ao Fernando, tendo ele vindo nesse mesmo Dakota ter comigo. No mesmo dia fomos para Bafatá, penso que num quadrimotor Eron, civil.

Chegados lá à tarde, o Fernando foi trabalhar para o Agrupamento e eu fiquei a rever o que foi a nossa primeira casa. Parte da tarde passei-a à conversa com as crianças já minhas conhecidas, o Carlos o Adrião e a Angelina e entreguei-lhes os presentes que trouxera.

Perto da nossa casa, na tabanca da Rocha morava agora um casal, um Capitão e a esposa. Esse Capitão estava lá há pouco tempo pois em Setembro não o tinha visto por lá. Numa atitude simpática convidaram-nos para jantar com eles essa noite.

Como o Fernando trabalhava todos os dias até às oito da noite fui mais cedo para a casa do senhor Capitão.

Seriam umas sete e meia quando se começaram a ouvir rebentamentos. O Capitão foi à rua e logo tornou a entrar dizendo que pelo som das explosões e porque se viam os rastos das granadas e dos projecteis tracejantes, estariam a atacar Bafatá. Disse que se ia a apresentar no quartel e que nós as duas fechássemos tudo e nos agachássemos junto de uma parede mestra.

Ali estava eu agora, com o meu baptismo de fogo. Desta vez era a sério. Um Capitão é um Capitão. Era pois um ataque e o Fernando não estava ali. Em nossa casa ele tinha um pequeno arsenal, para uma possível defesa, ali só uma parede mestra…

Às oito aparece o Fernando, nas calmas, pois tinha trabalhado até essa hora, pôs-nos à vontade e foi-nos dizendo que não tinha sido nenhum ataque a Bafatá mas sim ao aquartelamento da tabanca de Geba, distante uns dez quilómetros. O meu marido já tinha assistido a vários.

Para a semana, por falar em Geba e outra vez na primeira pessoa, vou contar a minha ida lá, propositadamente para olhar na cara o que achava que seria um nazi fugido depois da segunda guerra mundial. Poder-me-ia ter saído muito caro….

Até para a semana camaradas.
Fernando Gouveia
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5232: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (15): Uma estória de faca e alguidar

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4749: Álbum de memórias de Bafatá, 1968/70 (2): A vida é feita de pequenos nadas (Regina Gouveia)



1. No decorrer do IV Encontro Nacional do nosso blogue, em 20 de Junho passado, na Quinta do Paul, Ortigosa, Luís Graça convidou a Regina Gouveia, esposa do nosso Camarada Fernando Gouveia (Alf Mil Pel Rec Inf - Comando de Agrupamento 2957 -, Bafatá, 1968/70), a escrever para o nosso blogue histórias desse tempo.

Respondendo ao desafio eis mais uma bem simples e bonita:




A vida é feita de nadas

A vida é feita de nadas
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caiadas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira ;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.

Bucólica, Miguel Torga

Nos últimos tempos, mais concretamente a partir do momento em que o meu marido se tornou membro da Tabanca Grande, várias memórias da Guiné têm vindo a emergir à tona do consciente, volvidos que são cerca de quarenta anos. Algumas são pequenos nadas mas a vida é feita de nadas…

Verão de 1969. Bafatá. Enquanto o Fernando está no quartel eu tento ocupar o meu tempo. Acompanham-me entre outros, Hemingway, Jorge Amado, Eça, Fernando Pessoa, António Gedeão, Manuel Bandeira.

Para além da leitura, a música: Mozart, Beethoven, Korsakov, José Afonso, Chico Buarque, no meu leitor de cassetes de fraca qualidade…

Há também as crianças que, começando por vir no fim da refeição para levar o muito que sobrou (o quartel envia-nos excesso de comida), criaram o hábito de aparecer várias vezes ao longo do dia. Com elas aprendo algum crioulo que infelizmente já esqueci.

Há ainda um dos filhos dos vizinhos, com os seus quatro anitos, que aparece logo pela manhã (O “alfer” já foi?) mas que regressa a casa sempre que pressente aproximar-se a hora do Fernando chegar, seja para almoçar, seja ao fim do dia (vou embora; o “alfer” está a chegar). Nunca consegui perceber estas reacções do miúdo.

Talvez em casa ouvisse comentários negativos à tropa, não sei… Um dia, varria eu a varanda, ele chegou e comentou de imediato: Hoje até pareces uma senhora…

Ao fim da tarde, quando o Fernando regressava do quartel, passeávamos. Vêm-me à memória a Tabanca da Ponte Nova, o Geba, a ponte sobre o Colufe, a piscina, a estrada de Bambadinca, a estrada do Gabu, a vereda junto à mãe de água…

À noite, sempre que possível, o cinema. Se o Fernando estava de serviço acompanhava-o até ao agrupamento. Foi aí que conheci o Cabo Gomes.

Rodeado de livros, aproveitava todos os momentos livres para se preparar para o exame do então 5º ano liceal.

Converso com ele e apercebo-me de que as suas maiores dificuldades residem na Física e na Matemática. Passo a ajudá-lo diariamente.

Na última sessão de ajuda, quando em fins de Setembro me preparo para regressar à metrópole, propõe-se pagar-me as lições. Se algum de nós tivesse que pagar algo, era eu a si. Ajudou-me a preencher o meu tempo fazendo aquilo de que tanto gosto - ensinar, muito em particular, ensinar Física.

Regresso próximo do Natal. O Gomes espera-me com uma prenda que ainda conservo. Uma folha seca onde, por entre as nervuras, estão gravados o meu nome e o do Fernando.


No dia 24, como habitualmente, o soldado (não me recordo do seu nome, apenas sei que era da Beira Alta) chegou com o almoço. À despedida desejei-lhe bom Natal.

Não conseguiu conter as lágrimas que começaram a rolar-lhe pela face. A senhora desculpe mas hoje, particularmente, sinto muitas saudades da minha mulher e da minha menina. Já vai para dois anos que as não vejo.

Senti-me muito mal. Ali estava eu, privilegiada, a passar o Natal com o meu marido, após uma curta separação de dois meses e meio. Imaginei, apesar de na altura ainda não ter filhos, quão dura deveria ser para ele aquela separação.

Ainda o dia 24. À noite o Tenente Coronel Teixeira da Silva apareceu em nossa casa. Era uma pessoa muito afável. Como era também professor de Física conversávamos muitas vezes sobre essa área. Mas nessa noite a conversa foi essencialmente sobre a falta de sentido daquela guerra.

A dada altura reflectíamos sobre o pouco que, como colonizadores, tínhamos feito pelas colónias em geral. Recordo-me que então contou um episódio interessante. Numa das comissões tinha estado em Timor onde, em todo o território, havia 8 quilómetros de estrada (creio que era esse o número).

Um americano que, entretanto encontrou lá (já não sei por que razão), comentou: Os portugueses não estão aqui há cerca de 400 anos? Se tivessem feito 1 km de estrada por ano, já existiriam 400 km…

Num dos dias que se seguiram ao Natal, estando eu sentada na varanda, passou uma idosa que muito simpaticamente me cumprimentou, numa algaraviada por vezes ininteligível. A dada altura percebi que me perguntava qualquer coisa relacionada com néné.

Respondi: Cá tem néné. Pôs um ar muito pesaroso e com uma voz triste repetiu Cá tem néné. Seguiu rua afora e lá longe ainda a ouvia repetir. Cá tem néné… Cá tem néné…

Eis alguns dos pequenos nadas que fui encontrar perdidos no labirinto da memória.

Regina Gouveia

Foto: Regina Gouveia (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. primeiro poste da série em: