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sábado, 11 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26377: Humor de caserna (94): "Ó meu alferes, telefone à minha mulher e diga-lhe que morri a pensar nela!" ... Ou para o que davam as sezões!... (Alberto Branquinho, "Cambança Final", 2013)

Alberto Branquinho (n. 1944, Vila Foz Coa), advogado e escritor, a viver em Lisboa desde 1970; ex-alf mil, CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), tem 140 referências no nosso blogue; é autor das notáveis séries "Contraponto" e "Não venho falar de mim,,, nem do meu umbigo".

Tem, pelo menos, 8 títulos publicados, desde 2005 a 2023.

Não foi apenas um grande operacional, como oficial miliciano, numa companhia como a CART 1689, a quem foi atribuída a Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, em julho de 1967, como também é um dos melhores cronistas desta guerra, no género do humor picaresco.

 Para além do toque sempre subtil de humanidade, que ele sabe dar às suas histórias, é um mestre no uso da ironia fina. Numa escala de a 1 a 5, dou 4,5 pontos a este genial microconto: em escassa página e meia,  ele descreve magistralmente, numa só pincelada, o clássico quadro clínico das "sezões" (*) que nos apanharam a todos, no mato, e faz um retrato-robô, a corpo inteiro, do soldado português que tanto é bravo na guerra como é um pinga-amor, piegas, emocionalmemnte frágil, trágico-cómico, quando agarrado à cama de uma improvisada enfermaria do mato, chamando pela mãe ou pela mulher quando pensa que vai morrer... (LG)


"Ó meu alferes, telefone à minha mulher e diga-lhe que morri a pensar nela!" ... Ou para o que davam as sezões!

por Alberto Branquinho



− Ó meu alferes, o Angelino quer falar consigo.

O Angelino era um rapaz franzino, mediador de conflitos, sempre a tentar conciliar mesmo aquilo que parecia inconciliável. Mas, para tentar conciliar os desavindos,  não utlizava linguagem contida, cuidada. Pelo contrário, as suas tentativas  para conciliar as partes em confronto passavam por uma linguagem agressiva, insultando, até, os que estivessem a quezilar.

Estava, agora,  prostrado na cama, naquela espécie de enfermaria, que tinha uma porta de ligação para o quarto do furriel e do cabo, enfermeiros. Estava com paludismo. Era a sua primeira experiência.

Depois dos picos de febre, na área dos quarenta graus, vómitos, diarreia, tonturas, que o faziam gritar "Ai, que vou morrer!",  vinham os arrepios e estremeções que abanavam a cama como se estivesse a haver um terramoto.  A seguir, ficava de tal modo prostrado que parecia morto. Era aquela sensação de fim de mundo, apocalíptica, instalada na cabeça.

Quando recuperava da prostração e sentia que as tonturas iam regressar, agarrava-se aos ferros da cama para evitar ser arrastado, de novo, no rodopio infernal, que só existia dentro da sua cabeça. Regressavam, então, os vómitos.

Porque estava a demorar mais do que o habitual, o furriel enfermeiro estava preocupado e desejava, do fundo da alma, que houvesse um médico.

Depois de quatro (ou cinco?) dias de cama, começou, finalmente, a recuperar, a reter líquidos, a comer sopa. Parecia estar a estabilizar, mas sentia-se prostrado, sem forças. O furriel comunicou, então, ao capitão que o Angelino estava a melhorar e não seria necessário transportá-lo para a sede do Batalhão [BART 1913, Catió, S3]

Foi já nesse estado que o Angelino ouviu dizer que o alferes Abreu  iria nesse dia na Dornier [DO-27] para Bissau, para passar férias na Metrópole.

− Meu alferes, o Angelino quer falar consigo. 

O alferes mandou parar o Unimog à porta da "enfermaria". Saltou do carro, entrou e demorou uns segundos a adaptar-se à luz interior. Sentou-se na cama.

− Então, pá, isso está melhor ?!

As mãos do Angelino procuraram as do alferes, enquanto no rosto, macilento, barbudo, corriam duas lágrimas.

− Ó meu alferes, telefone à minha mulher e diga-lhe que morri a pensar nela. Para este número.

O alferes não telefonou. O Angelino não morreu. Quando o alferes regressou, o Angelino, envergonhado, evitava encontrar-se com ele. 

In: Fonte: Excertos de Alberto Branquinho  - "Paludismo". In: Cambança final: Guiné, guerra colonial:  contos.  Lisboa,Vírgula,  2013, pp. 193/194.  (***)


(Título,  revisão / fixação de texto, itálicos: LG)  (Com a devida vénia ao autor e à  editora) 

_____________________

Notas do editor LG:

(*) A forma sezões é [feminino plural de sezão].

sezão (se·zão)
nome feminino

1. [Medicina] Acesso de febre, intermitente ou periódica, precedido de frio e de calafrios. (Mais usado no plural.)

2. [Medicina] Doença infecciosa causada por parasitas do sangue do género Plasmodium, transmitida ao homem pelo mosquito anófele. (Mais usado no plural.) = IMPALUDISMO, MALÁRIA, PALUDISMO

"sezões", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/sez%C3%B5es.

(**) Último poste da série > 10 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26369: Humor de caserna (93): o guardador das vacas do Enxalé que violou... a bezerrinha do furriel enfermeiro (João Crisóstomo, ex.afl mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)

(***) Alguns dos "microcontos" do autor, aqui publicados recentemente nesta série:

12 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25936: Humor de caserna (74): " O "Biró-lista", atirador de... morteiro (Alberto, Branquinho, "Cambança final", 2013, pp. 105-107)

22 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25866: Humor de caserna (70): um "tuga"... (de)composto, ou uma estória pícara num almoço fula (Alberto Branquinho, autor de "Cambança final", 2013)

27 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25689: Humor de caserna (68): Passa-palavra, furriel Canhão à frente! (Alberto Branquinho)

17 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25652: Humor de caserna (67): O Spínola teria-se-ia desmanchado a rir, se fosse vivo, e tivesse lido esta história do cabo Abel, contada aqui, em versão condensada, pelo nosso Alberto Branquinho

13 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25636: Humor de caserna (66): Fidju di bó... ou a língua afiada das mulheres guineenses (Alberto Branquinho)

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26000: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (25): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte IV




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 4_ Igreja Paroquial de N. Sª. de Catió.

 

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço >Foto 19 >Escola primária oficial na avenida, foto tirada da torre da Igreja.



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 38 > "Na rua frente ao Bar Catió, os conterrâneos Furriel Parquedista Josué e Fur Mil Condeço".


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 37 > "Furriel Pára-quedista Josué e Fur Mil Condeço, conterrâneos, no interior do Bar Catió".


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) Quartel > Álbum fotográfico do Victor Condeço Foto 24 > No bar antigo de sargentos, os Fur Mil Condeço, Fausto, Arménio e o barman Cabo Valadares".


Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - "Foto nº 9 > Porto interior de Catió no rio Cadime, depois do trabalho a merecida banhoca"


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) Quartel > Álbum fotográfico do Victor Condeço Foto 19 > "O Fur Mil Victor Condeço no varandim da velha messe de sargentos".


Fotos (e legendsa): © Victor Condeço (2010).Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 



1. São fotos do álbum do nosso querido e saudoso amigo e camarada Victor Condeço (Vitinho, para os amigos de Catió), um dos históricos da nossa Tabanca Grande: sentou-se à sombra do nosso poilão em 3/12/2006.

Era natural do Entroncamento. Não o conhecemos pessoalmente. Falámos com ele, ao telefone, algumas vezes, uns meses antes da morte o levar.

Era uma homem discreto, afável e prestável, que colaborou connosco, de diversas maneiras, e que adorava o nosso e seu blogue.

Tem 6 dezenas de referências no nosso blogue. 14 anos depois, da sua morte,  estava na altura de revisitar o seu álbum, com belíssimas fotos da linda vila de Catió, e dos arredores (Ganjola, Cufar...), que ele meticulosa e carinhosamente  deixou organizadas,  por áreas temáticas e e devidamente legendadas... Estão dispersas no nosso blogue.

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domingo, 15 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25945: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (24): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte III



Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 25 - No novo Bar de Sargentos em 1968. De pé os Fur Mil Pires, Mendonça, Laurentino (do serviço Foto Cine de Bissau), Condeço e Cabrita Gonçalves; em baixo o Teixeira e o Gil".



Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 18 - Os Fur Mil Viriato Dias e Mendonça no varandim do velho edifício da messe de sargentos".



Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 11 - O Fur Mil Vitor Condeço sentado na raiz do Poilão, tendo por fundo o edifício do comando".  



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Vila > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 8 > No centro da Rotunda, da esquerda para a direiuta, tyrês furriéis miliciano, o primeiro, de cujo nome não me lembro, o Cabrita Gonçalves e oV. Condeço, com casas tipicamente coloniais por fundo"


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) > Catió - Porto exterior > Foto 3 > "Cais do porto exterior de Catió no Rio Cagopere. Da esquerda para a direita, os  fur mil Cabrita Gonçalves, Machado e Mendonça,  e o civil sr. Barros.



Guiné > Região de Tombali > Catió >CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)  > Rio Ganjola na cambança para o Destacamento, o militar em primeiro plano é o srgt  Gaio, do Pelotão de Morteiros 1209



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto Interior > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 7 > "O porto interior de Catió., no rio Cadime, fazia parte dos nossos passeios de Domingo".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto Exterior > Álbum fotográfico do Victor Condeço> Foto 2 > "Lancha de Fiscalização Canopus no porto exterior de Catió, no rio Cagopere, afluente do Cobade. Da esquerda para direita no cais, o fur mil Machado, o civil sr. Barros e o filho, o fur mil Victor Condeço, e o fur mil Viriato Dias; em cima o fur mil Mendonça, um marinheiro africano e o Comandante da lancha".




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto Interior > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Foto 8 >" Porto interior de Catió no rio Cadime, em dia de reabastecimentos. Em primeiro plano o fur mil Condeço em passeio dominical, no porão o sarg Dias e outros trabalhavam"

Foto (e legenda): © Victor Condeço (2010).Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 



1. São  fotos do álbum do nosso querido e saudoso amigo e camarada Victor Condeço (Vitinho, para os amigos de Catió),  um dos históricos da nossa Tabanca Grande: sentou-se à sombra do nosso poilão em 3/12/2006. 

Era natural do Entroncamento.  Não o conheci pessoalmente Falei com ele, ao telefone, algumas vezes, uns meses antes das morte o levar.  

Era uma homem discreto, afável e prestável, que colaborou connosco, de diversas maneiras, e que adorava o nosso e seu blogue.

Tem 6 dezenas de referências no nosso blogue.  14 anos depois, estva na  altura de revisitar o seu álbum, com belíssimas fotos da linda vila de Catió, e dos arredores (Canjola, Cufar..:),  meticulosamente organizadas por áreas temáticas e e devidamente legendadas...  Estão dispersas no nosso blogue.

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Nota do editor:

Postes anteriores  da série  > 25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25880: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (22): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte I

12 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25937: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (23): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte II

domingo, 25 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25880: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (22): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte I



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió > Quartel > Foto nº 34 > "Fur mil Condeço junto de um dos obus de 14 cm, que iriam substituir os obuses de 8.8 cm [fevereiro de 1968]" (os do tempo do Pel Art do alf mil art  José Álvaro Carvalho, o "Carvalhinho" da ilha do Como, e que esteve em Catió 14 meses, ao tempo do BCAC 619).



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Um aspeto parcial do quartel



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Parada do quartel


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel >  "Vista aérea da Rotunda e Avenida de Catió antes de 1967. O edifício à esquerda na foto era a escola primária que em 1967 já tinha sido modificado".



Guiné > 
Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 6 > Porta de Armas



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 34 > "Rua do Bar Catió, à direita as lojas e residência do Sr. José Saad, depois o Bar com a bomba em frente, a seguir o telheiro dos jogos de ping-pong e matraquilhos e por fim o muro do quartel".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 16 > "Uma vista tirada da Rotunda, onde se vê uma DO-27 sobrevoando a zona do quartel, à direita a zona da antiga messe de oficiais e a antena dos Correios à esquerda".





Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió >  Vila > Foto nº 21 > "Fur mil Victor Condeço em frente da habitação do administrador, ao cimo da avenida".

 

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió > Quartel > Foto nº 16 > "Lavadeiras à porta da camarata de sargentos, do lado direito vê-se parte do bar de sargentos".






Guiné> Região de Tombali > 
Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Cerimónia militar em Fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG (Comando Terriorial Independente da Guiné), atribuída em julho de 1967, com a presença das entidades civis e população.


Foto 32  do álbum fotográfico do Victor Condeço (1943-2010) > "Militares, civis da administração, correios e comerciantes. Da esquerda para a direita, [?], de costas o Cap Médico Morais (1), o comandante, ten cor Abílio Santiago Cardoso (2), quatro funcionários dos Correios e Administração (3), os comerciantes Srs. José Saad e filha (4), Mota (6), Dantas e filha (5), Barros (7), depois o electricista civil Jerónimo (8), e o alf capelão Horácio  Fernandes (9)".

E o editor LG acrescentou: " Falta aqui o comerciante Manuel de Pinho Brandão... O que se terá passado ? Não foi convidado ? Estaria presente mas não ficou nesta fotografia ? Por outro lado, sabemos que os pais do Leopoldo Amado ( Mateus Teixeira da Silva Amado e Cipriana Araújo de Almeida Vaz Martins Amado) passaram por Catió. O pai foi funcionário dos correios... Poderá ser algum destes civis...

"Ao canto superior direito pode ler-se a seguinte inscrição: 'A nossa intervenção em África é resposta a um desafio que nos lançaram e a afrontas que não podemos esquecer' ". (E a propósito, de quem seria o autor da frase ?)

Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. São  fotos do álbum do nosso querido e saudoso amigo e camarada Victor Condeço (Vitinho, para os amigos de Catió),  um dos históricos da nossa Tabanca Grande (ou "tertúlia", como dizíamos inicialmente): sentou-se à sombra do nosso poilão em 3/12/2006. 

Era natural do Entroncamento. Infelizmente a morte levou-o cedo. No mesmo dia, 18 de junho de 2010, em que  levoun outro grande ribatejano e português, o escritor José Saramago (1922-2010), prémio Nobel da Literatura (1998).

Não o conheci pessoalmente Falei com ele, ao telefone, algumas vezes. A última, na véspera do início do seu tratamento no IPO... Foi tudo tão rápido, tão brutal... Começou a ter sintomas da doença que o vitimou, a partir de fevereiro de 2010. Lúcido e corajoso, sabia o que tinha, em mail de 10 de maio... A última vez que falei com ele, foi justamente no início do mês de junho. Estava apreensivo e ansioso, ia começar no dia seguinte o tratamento de radioterapia no IPO... Tarde de mais... 

Era uma homem discreto, afável e prestável, que colaborou connosco de diversas maneiras: disponibilizando fotos de Catió; fornecendo elementos sobre a família Pinho Brandão, em resposta a um pedido da nossa amiga Gilda Pinho Brandão; ajudando guineenses da diáspora, filhos de Catió, como o Suleimane Silá; desejando-nos as Boas festas de Natal e Ano Novo mas também respondendo amavelmente às dúvidas e inquietações da Marisa Tavares, filha do Júlio da Silva Tavares, o Madragoa.

Tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue. Está na altura de revisitar o seu álbum, com belíssimas fotos da linda vila de Catió, meticulosamente organizadas por áreas temáticas e e devidamente legendadas... Mas também dos arredores: Ganjola, Cufar... Estão dispersas no nosso blogue, mais uma razão para para as revisitar, reeditar e mostrar, mais de 15 anos depois...

Um dos seus grandes amigos era o Benito Neves,  ex-fur mil atirador da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), membro da nossa Tabanca Grande desde abril de 2007, natural .de Abrantes,  bancário reformado (e que tive o privilégio de conhecer pessoalmente, por feliz coincidência, no restaurante A Lúria, em São Pedro de Tomar, em 2013.)

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24921: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (20): 10 de Junho (Só para Patriotas)


1. Em mensagem do dia 30 de Novembro de 2023, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), reapareceu volvidos três anos, enviando-nos esta Boa memória da sua paz, intitulada "10 de Junho (Só para Patriotas)".


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 18

10 de Junho
(Só para Patriotas)


Há um grupo de ex-combatentes da Guerra do Ultramar que se vem reunindo mensalmente em alegres convívios, usufruindo de excelentes “provas” de gastronomia, enriquecidos com admiráveis programas de lazer e de cultura. Neles se cimentaram grandes laços de amizade, solidariedade e camaradagem.

Chama-se “O Bando do Café Progresso” e deve a sua formação a um pequeno grupo de jovens que frequentava assiduamente o “Café Progresso” (o mais antigo do Porto), especialmente no período anterior ao seu ingresso no serviço militar e sua consequente mobilização para a Guerra do Ultramar. Por coincidência passaram maioritariamente pelo mesmo percurso (Caldas, Mafra, Vendas Novas, Tavira, Santarém, Espinho e… Guiné).

Muito mais tarde, o Facebook promoveu a reaproximação de uns e a adesão de outros. Quem fomentou mais a afirmação do grupo foi o saudoso Jorge Portojo. Os membros do “Bando” tratam-se por tu, convivem como irmãos, sem distinção militar, social, clubística, profissional e académica. Cada um vai-se integrando ou afastando livremente, conforme a sua disposição para adaptação à camaradagem, amizade, solidariedade e tolerância. Graças a isso, e a mais de uma dúzia de anos de vivências regulares, temos um bom núcleo de base de grande confiança e amizade. Aqui, ninguém impõe nada, nem é obrigado a nada. Apenas tem de se sentir bem sem chatear ninguém.

Portugal não respeita o dia da sua Independência. Deve ser o único país do Mundo que não festeja o dia da sua independência!

Há quem diga que na “corte” da nossa Capital nunca foi nem será aceite que a fundação de Portugal tenha sido antes da conquista de Lisboa aos mouros.

Graças à grandeza do Camões (muito anterior ao Eusébio, Ronaldo, José Sócrates e Pinto da Costa), os portugueses vêm assinalando a data da sua morte como ponto alto da nossa portugalidade.

E chegou mais um 10 de Junho. Nada de novo: uma descentralizaçãozita das cerimónias para o interior do País e para junto das comunidades lusas de emigrantes no estrangeiro, garantindo assim a participação popular, mais pura e mais patriótica. Oportunidade única para se mostrar alguns adereços locais, mais políticos, mais medalhas discutíveis, mais fardas de vários tipos, incluindo algumas orientadas pela anquilosada/estatizada/Salazarenta Liga dos Combatentes. Mesmo assim, temos vindo a assistir a desfiles de figuras do poder, suas selfies e seus discursos vergonhosamente desenquadrados da importância solene que este Dia de Portugal exige.

Nós, “Bandalhos” do “Bando”, que sempre nos honramos da Pátria que defendemos, que além da Guerra, nos preocupámos e lutámos pela dignidade, honra e solidariedade dos nossos Camaradas, infelizmente pouco conseguimos e muito nos desacreditámos.

Prevalece, isso sim, o espírito “Bandalho”, que nos proporciona a boa ambiência, a amizade e a óptima camaradagem. E sempre manteremos o sentido patriótico com orgulho e muito respeito.


10 de Junho de 2023

Sem políticos, sem fardas, sem desfiles e sem medalhas, o “Bando” poisou, mais uma vez (a 10.ª), na lindíssima povoação de Crestuma,

Concentrados no Miradouro deslumbrante do Largo da Igreja, pelas 12h00 fizemos a Romagem ao Cemitério onde foi depositado um lindo ramo de flores. O Romualdo Silva complementou a Homenagem aos ex-Combatentes locais, enaltecendo a sua prestação militar, espirito de sacrifício e dever patriótico, na defesa do seu País e da sua comunidade.

Seguimos para as instalações do Clube Náutico de Crestuma, onde tivemos a oportunidade de conhecer um dos principais clubes da Canoagem Portuguesa.
Na montra de Troféus do C. N. Crestuma, deparamos com o Troféu Olímpico, que é atribuido ao clube desportivo de maior destaque no período dos 4 anos de Ciclo Olímpico
Como Fundador e Primeiro Presidente (e Honorário) desta Colectividade, “deixaram-me” fazer o papel de Guia. O Clube (propriamente dito) estava ausente, a participar em Provas de Canoagem na Catalunha.

Subimos para a Esplanada, onde prosseguiu o nosso 10 de Junho “à nossa maneira”.
Ali, quase debruçados sobre as águas do Rio Douro, envolvidos numa belíssima paisagem e acarinhados pelo aconchego das nossas queridas, resolvemos homenagear (finalmente!) as nossas Madrinhas de Guerra
Ainda entretidos a “decidir opções” perante a excelente mostra das entradas, o Ricardo Figueiredo já aproveitava para citar Camões, a referência ao dia e o expoente máximo da nossa cultura.
“Eternos moradores do Luzente
Estelífero polo e claro acento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento”


E referiu:
“…Ao longo da nossa história, muitos foram os exemplos de dedicação, altruísmo e coragem de militares que, em cumprimento do dever, sublimaram as suas capacidades ao serviço de Portugal. Foram heróis que connosco partilharam o quotidiano das suas vidas. Afinal, homens simples, capazes de feitos extraordinários.
Ao percorrermos a nossa memória, lembramo-nos dos cerca de 10.000 portugueses mortos e de mais de 54.000 feridos em combate e aí revemos os nomes de familiares e amigos.
E recordamos também aqueles que, ao longo de 9 séculos, deram a vida por Portugal.
Fomos Combatentes!
Somos ex-Combatentes!
Fomos soldados de excepção. Fizemos da distância e da saudade um desafio a vencer, aceitámos a falta de recursos como razão para a iniciativa e para a adaptabilidade fizemos da juventude o tempero da camaradagem.
E é desta lembrança de uma camaradagem fortalecida em tempos difíceis de guerra que resultam os nossos sentimentos de saudade.
Lembramos os nossos camaradas que sobreviveram e os que recentemente da lei da morte se passaram para outra dimensão.


Lembramos:
Jorge Portojo,
Carlos Peixoto,
Armando Santos,
Barreto Pires,
José Valente,
António Piteira,
Francisco Alen
Henrique Azevedo
Carneiro de Miranda
Manuel Maia
…”

Após o minuto de silêncio, procedeu-se à distribuição dos Diplomas de Homenagem às Madrinhas de Guerra, entregues pelos seus próprios afilhados. A nossa geração não esquece.

E a pedido, o Ricardo também leu:

Ex.mas Madrinhas de Guerra
Camaradas Combatentes
Desde miúdos, que nos habituámos a respeitar o 10 de Junho, como Dia de Camões, Dia da Raça. Dia de Portugal.
Era neste dia que se enalteciam os maiores feitos dos Portugueses!
Dia consagrado aos nossos heróis!
Vimos jovens, robustos, firmes, inteiros ou estropiados, garbosamente fardados.
Vimos pais, mães e filhos, vestidos de negro.
Vivos ou mortos, os nossos valorosos Combatentes estavam ali, orgulhosamente, para Honra e Glória da nossa Pátria.
Eram respeitados como a expressão máxima do nosso heroísmo.
Os tempos foram mudando, os combatentes foram esquecidos e as Cruzes de Guerra foram substituídas por grandes e abundantes Comendas.
Agora, os heróis são outros. São experts da política, da economia, da vigarice, do marketing e do chico-espertismo.
Curiosa e vergonhosa a situação reinante.
É que muitos deles (nós também), aguardam da verdadeira Justiça, a desejada e demorada condenação!
Volvido meio século da nossa história, nós, a geração que tudo sofreu,
A geração que em tudo acreditou,
A geração que sempre trabalhou,
Sente-se agora algo envergonhada pela situação a que chegamos.
Sem força, física e anímica, resta-nos a razão moral que nos alimenta vida fora.
Muito fizemos!
Mas muito deixamos por fazer!

É por isso, que, volvido tanto tempo, ainda vivemos preocupados com desejados acertos da nossa História.
Hoje, mais uma vez, lembramos o 10 de Junho, através de uma singela Homenagem.
A Homenagem às nossas Madrinhas de Guerra.
Sem elas, a guerra teria sido outra.
Sem elas, não teríamos vivido a Paz e o Amor.
Sem elas, não valeria a pena viver!
Obrigado Madrinhas de Guerra!
Obrigado Madrinhas no Amor!
Vós sois a razão da nossa existência.
VIVAM ÀS NOSSAS MADRINHAS !!!
VIVA PORTUGAL !!!


Uma inédita e muito singela Homenagem que provocou momentos de grande emoção e ainda de …muito amor.

Foram Homenageadas as seguintes Madrinhas de “Bandalhos”:

Gilda Ferreira - de - José Ferreira
Virgínia Teixeira - de - Jorge Teixeira
Carminda Cancela - de - Jose Manuel Cancela
Margarida Peixoto - de - Joaquim Peixoto
Cândida Rainha - de - Ricardo Figueiredo
Almerinda Freire - de - José Freire
Constantina Silva - de - Fernando Silva
Rosário Guimarães - de - Manuel Cibrão Guimarães
Amélia Fonseca - de - Luis Bateira
Maria Inês Sá - de - Manuel David Sá
Isabel Encarnação - de - João Encarnação
Emília Silva - de - Romualdo Silva
Maria Anjos Ramalho - de - Alberto Moura
Júlia Gomes - de - Isolino Gomes
Eulália Oliveira - de - António Pimentel
Maria de Fátima Carvalho - de - Antonio Carvalho
Umbelina Carneiro - de - Joaquim Carneiro
Constança Lopes - de - António Moreira
Fátima Sousa - de - José António Sousa
Maria José Costa - de - José Sousa
Conceição Claro - de - Damião Carneiro
Fátima Anjos - de - Francisco Baptista
Ana Maria Marques - de - António Duque Marques
Quina Carmelita - de - Manuel Carmelita
Assunção Paupério - de - Rogério Paupério
Constança Maria - de - António Gonçalves
Manuela Campos - de - Eduardo Campos
Fernanda Soares - de - Alberto Godinho
Luísa Lopes - de - José Manuel Lopes

Dia de emoções fortes
No 10 de Junho destes “guerreiros”, o Amor sempre prevalece.
Alimentados os corações, há que abastecer o estômago com a “Paella do Marques”, complementada com mais umas lambarices.
Tudo bem regado com bebidas escuras, brancas e outras e bem-humorado, com destaque para a animação da dupla “Ricardo e Carneiro” e para o grupinho das “Tecedeiras de Crestuma”
Os animadores Ricardo e Carneiro
Grupo das “Tecedeiras de Crestuma”
Já o dia ia longe e ainda “restavam” vários Bandalhos, pacificamente “colados” à terra, quietinhos, quentinhos e em sonolenta recuperação.

“Estes guerreiros são bons
C´o copito no punho
Clamam em vários tons
Pureza no 10 de Junho”


Silva Da Cart 1689
José Ferreira da Silva

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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE AGOSTO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21260: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (19): O Sousa da Ponte… de Pedra