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domingo, 23 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25677: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo da BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte II

 

Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O ten cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o alf médico Vilar e o alf mil Paulo Santiago, cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho) e depois instrutor de milícias (no CIM de Bambadinca)  com um crocodilo juvenil  do rio Geba... 

Foto tirada em novembro ou dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá  > Sector L1 (Bambadinca) > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O alf mil Joaquim Mexia Alves, posando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé. 

Foto (e legenda): © Joaquim Mexia Alves  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão >  Pel Caç Nat 52 (1973 /74) >   Vista do Rio Geba e bolanha de Nhabijões, a partir do "planalto" do Mato Cão.  Foto do último cmdt do Pelotão, alf mil  Luís Mourato Oliveira.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Em 1 de julho de 1971, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, junho 1970/maio 1972), era a seguinte dispositivo das NT no Sector L1 (Zona Leste), no que diz respeito aos Pel Caç Nat 52, 54 e 63

  • Pel Caç Nat 52 >  Fá Mandinga;
  • Pel Caç Nat 54 > Bambadinca;
  • Pel Caç Nat 63 > Missirá (reforçado por 1 Pel Mil 202 / CMil 1) e a seguir Mato Cão

Maio 71

Op Triângulo Vermelho - 4 e 5mai71

Na região de Enxalé-Cuor, sector L1, foi feito um patrulhamento por forças de 3 GComb/CArt 2715 (Xime), CCaç 12 (Bambadinca), CCP 123 (Bissalanca) e 1 Pel Caç 54 (Bambadinca). 

O lN flagelou as NT, causando 2 mortos e 9 feridos e sofrendo 4 mortos.

Destruídas 12 tabancas, 20 moranças e meios de vida. Capturado 1 elemento armado com esp "Mauser" e documentos diversos.

Agosto 71

28ago71

- Um grupo IN estimado em cerca de 10 elementos flagelou com LROCK, RPG-2 e ARMAUTLIG, de Mato Cão, o barco “Manuel Barbosa” causando 8 feridos graves, e 9 feridos ligeiros.

- Pelas 14,50 horas uma Secção do Pel Caç Nat 52 iniciou a progressão em meio auto com destino a Finete onde se juntaria uma Secção do Pel Mil  201.

- Às 15,10 horas, em [BAMBADINCA 4C2-84], a viatura Unimog 411 de matrícula “ME-18-93” accionou uma mina A/P reforçada, com a roda da frente do lado direito, ficando completamente destruída e provocando ferimentos na quase totalidade dos elementos das NT que nela seguiam, nomeadamente no 2º cabo atirador Nhaga Maque do Pel Caç Nat  52 que veio mais tarde a falecer em Bambadinca como consequência dos ferimentos recebidos.

- Após o accionamento da mina o sold cond Manuel Castro Ribeiro Silva   da CCS/BART 2917 mas destacado no Pel Caç Nat 52, assumiu o Comando da Secção, instalando os seus companheiros e montando um dispositivo de segurança à viatura com os elementos mais válidos após o que se deslocou a Bambadinca, transportando aos ombros um dos feridos, a fim de avisar as NT sedeadas neste aquartelamento.

- Imediatamente se deslocou de Bambadinca uma Secção da CCAÇ 12 (acompanhada de um enfermeiro e macas) que se encarregou do transporte dos feridos de Finete, para onde as milícias desta tabanca, que imediatamente acorreram ao local do acionamento da mina os tinham já transportado, para Bambadinca.

- Num reconhecimento feito posteriormente não foi detectada a colocação de mais qualquer engenho explosivo, tendo-se no entanto detectado em [BAMBADINCA 4C7-74], vestígios de instalação em emboscada de um Grupo IN estimado em cerca de 10 elementos, o que vem confirmar declarações de milícias em Finete que dizem ter ouvido alguns tiros.

Novembro  71

2-7nov71

Op Tareco Vilão I

(Desenrolar da acção)

- No dia 2 de novembro pelas 8,30 horas os 2 Gr Comb da CCAÇ 12 (Bambadinca) deslocaram-se em meios auto de Bambadinca  para o Porto (fluvial) de Bambadinca de onde em meios fluviais [barco sintex], prosseguiram para Mato Cão, onde chegaram cerca das 21,00 horas.

- Substituíram então, no local, os Gr Comb  da CCAÇ 12 empenhados na Op Tudo Vale , montando uma rede de emboscadas nos trilhos de acesso mais provável do IN ao Destacamento de Mato Cão, garantindo a segurança com a colaboração do Pel Caç Nat  63, do pessoal que procede à instalação daquele Destacamento.

- No dia 3 pelas 13,30 horas, um Grupo IN estimado em cerca de 40 elementos flagelou com RPG-2 e Arm Aut Lig de [BAMBADINCA 1H97-61], apoiados por RPG-7 e Mort 82, o estacionamento de Mato Cão,  causando 2 feridos graves e 8 ligeiros.

- As NT reagiram imediatamente obrigando o IN a retirar, com baixas prováveis.

- Feito reconhecimento à área de instalação IN,  detectaram-se vestígios de IN ter aproximado e retirado na direcção de Chicri, tendo-se encontrado vários vestígios de sangue.

- No dia 6 pelas 16,55 horas, um Grupo IN não estimado flagelou da direcção de Chicri o estacionamento de Mato Cão e as forças de segurança ao mesmo, durante 5 minutos com Mort 82 e LRock.

- As NT reagiram prontamente pelo fogo de Mort 81 obrigando o IN a retirar.

- Posteriormente o 20º Pel Art (Xime) bateu os trilhos prováveis de retirada.

- Não foi feita uma conveniente batida imediata por, após os tiros de artilharia, ter anoitecido sendo a visibilidade muito fraca.

- No dia 7 pelas 6,45 horas quando o Pel Caç Nat 63 explorava o contacto havido ao anoitecer do dia 6 reconhecendo a mata a Norte de arame farpado detectaram a cerca de 600 metros do mesmo, numeroso Grupo IN estimado em 50 elementos que ali se encontrava emboscado.

- As NT imediatamente abriram fogo, tendo o IN,  ao sentir-se descoberto, reagido com RPG-2, RPG-7, Mort 60 e Arm Aut Lig  ao mesmo tempo que um outro Grupo IN localizado mais para Norte e a uns 500 metros do primeiro, começou a flagelar o estacionamento de Mato Cão  com Mort  82 e RPG-7.

- As NT imediatamente exploraram o contacto manobrando pelo fogo e movimento obrigando o IN a retirar.

- Apesar da pronta e enérgica reacção do Pel Caç Nat  63,  o IN conseguiu ao fim de cerca de um minuto quebrar o contacto em virtude do Pelotão ter esgotado as munições de MorT 60 e dilagrama que transportava consigo, cujo consumo foi maior do que seria de prever num contacto deste tipo em virtude do LGFog. 8,9 cm não ter funcionado.

- Remuniciado, o Pel Caç Nat 63 prosseguiu na batida tendo encontrado abandonado no terreno um morto, armado de pistola CESKA ZBROJOVKA m/1927, de origem checa, identificado por documentos que possuía como sendo Mário Campos, e uma granada de RPG-7.

- Foram ainda detectados vestígios e vistos elementos IN arrastando mais cinco corpos de elementos feridos ou mortos pelas NT.

- Entretanto, primeiro, os Mort 81 do Destacamento e posteriormente o 20º Pel Art /BAC 7  (10,5 cm) (Xime) batiam os itinerários previsíveis de retirada tendo o Pel Caç Nat  63 verificado que alguns dos impactos de artilharia se situavam sobre o trilho seguido pelo IN e nas suas imediações encontrava-se muito sangue.

- Neste contacto as NT sofreram 3 feridos graves e 9 (um civil) ligeiros sendo um ferido grave e 3 ligeiros proveniente do contacto directo com o IN e os restantes como consequência da flagelação ao estacionamento.

- No dia 7 pelas 14,30 horas, os 2 Gr Comb  da CCAÇ 12,  após serem substituídos no local pelas NT empenhadas na Op Tareco Vilão II II, iniciaram progressão em meios fluviais [Barco Girassol] para Bambadinca, permanecendo o Pel Caç Nat  63 e uma Secção do Pel Mil  202 em Mato Cão, onde chegaram cerca das 16,00 horas

Fonte: História do BART 2917, de 15nov1969 a 27mar1972, mimeog, 182 pp. (Cópia, em formo digital, gentilmente cedida por Benjamim Durães)



Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bambadinca (1955) > Escala de 1/50 mil > Detalhes: posição relativa de Bambadinca, Nhabijões, Mato Cão, Missirá, Sancorlá e Salá. O PAIGC só mandava (alguma coisa), a partir de Salá... tendo "barracas", mas a noroeste, na zona de Madina / Belel). Já no OIo havia a "base central" de Sara Sarauol... O destacamento, mais a norte de Bambadinca, no setor L1. era Missirá, guarnecido por um Pel Caç Nat (52 ou 63, em diferentes períodos) e um pelotão de milícias... Vários camaradas nossos, membros da Tabanca Grande, andaram por outros sítios, "pouco recomendáveis"... A Madina/ Belel (que já não vem neste excerto do mapa) ia-se uma vez por ano, na época seca...para dar e levar porrada.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25497: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (24): Recuperando, para a história, o programa do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez, algures no sector de Bendanda, no triângulo Iemberém, Cadique e Cananime, na margem direita do Rio Cacine > Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008) > Domingo, de manhã, 2 de Março de 2008 > Visita ao Cantanhez > Antigo Acampamento Osvaldo Vieira (reconstituído, para os visitantes) ...  Um grupo de jovens, rapazes e raparigas, que cantaram o Hino da Guiné-Bissau no início da cerimónia...

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez , algures no sector de Bendanda, no triângulo Iemberém, Cadique e Cananime, na margem direita do Rio Cacine > Simpósio Internacional de Guiledje  (Bissau, 1-7 de março de 2008) > Domingo, de manhã, 2 de Março de 2008 > Visita ao Cantanhez > ntigo Acampamento Osvaldo Vieira (reconstituído, para os visitantes)... Os tempos já eram  outros... As populações do Cantanhez, e nomeadamente as que apoiaram abertamente a luta do PAIGC (os nalus e os balantas), pareciam assumir o seu passado, com orgulho, com dignidade, sem arrogância....


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez , algures no sector de Bendanda, no triângulo Iemberém, Cadique e Cananime, na margem direita do Rio Cacine > Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau. 17-março de 2008) > Domingo, de manhã, 2 de Março de 2008 > Visita ao Cantanhez > Antigo Acampamento Osvaldo Vieira (reconstituído, para os visitantes) ...   Dpisdos convidados estrangeiros, portugueses: o cor cav 'cmd' ref e escritor Carlos Matos Gomes e o Prof Doutor Luís Moita (1933-2023) , vice-reitor da UAL - Universidade Autónoma de Lisboa, e antigo fundador e dirigente do CIDAC.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Visita dos participantes do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março de 2008) > 2 de Março de 2008 > As instalações da televisão comunitária Massar. Na foto, a Alice Carneiro. Massar, em dialecto nalu, quer dizer estrela. Do logótipo da TV Massar faz parte o mítico Nhinte-Camatchol.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > 
 Visitaao Cantanhez dos participantes do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março de 2008) > 2 de Março de 2008 >O Zé Teixeira, no tchon nalu, em pleno Cantanhez, no meio de duas mulheres da população local. Belíssimas, gentis e vistosas mulheres tandas ("todas bem  produzidas",  diria o nortenho do Zé Teixeira), de porte altivo e de grande dignidade. (Na carta de Cacine, a toponomia é Jemberem, a norte de Madina de Cantanhez... Hoje todo o mundo diz e escreve Iemberém. De resto, um dos afluentes do Rio Cacine é o Rio Iemberem... Será que terá havido um erro dos nossos cartógrafos ou uma gralha tipográfica ?...Iemberém foi local onde a comitiva do Simpósio Internacional de Guileje pernoitou dois dias... Fica em plemo coração do Parque Nacional do Cantanhez.)

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > 1 de Março de 2008 > Saltinho, na Estrada Bissau - Mansoa - Bambadinca-Saltinho - Quebo - Gandembel - Guileje. Paragem no Saltinho, no Clube de Caça, para tomar um segundo pequeno-almoço reforçado. Que a viagem é longa até ao Guileje (chegada prevista às 12h30), no âmbito do programa social do Simpósio Internacional Guiledje Na Rota da Independência da Guiné-Bissau... Enquanto se come, pode-se ouvir em silêncio, na margem direita do Rio Corubal, a água que corre nos rápidos do Saltinho. Na volta, quis ir ver os rápidos de Cusselinta.
No Saltinho, o Patrick Chabal (1951-202 foi dar uma volta para ver mais de perto o Corubal, o único verdadeiro rio da Guiné, como defendia o seu biografado, o Amílcar Cabral.
 
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Contabane > Sinchã Sambel > 3 Março de 2008 > "Eu, o Pedro Lauret com o régulo Suleimane Baldé, régulo de Contabane, e outros habitantes da tabanca"


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palce > 3 de Março de 2008 > "Abertura do Simpósio, tendo ao meu lado esquerdo, o jornalista do Correio da Manhã, José Carlos Marques; à direita, um dos
ex-militares de Guiledje, o Sérgio Sousa; à minha frente, pelado como eu, o cubano Ulisses Estrada" (1934-2014).

Fotos (e legendas): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali >  Guileje > 19 de março de 2018 > Resto de munições e antiga placa toponímica "Parada Alf[eres] Tavares Machado, que em 2010 fazia partedoconjunto do Núcelo Museológico Memória de Guiledje.

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa > 6 de Setembro de 2007 > Da esquerda para a direita, Nuno Rubim (1938-2023), Carlos Scharwz (Pepito) (1949-2014) e Luís Graça (n.1947). Para o Pepito, o nosso blogue fez a confluência de pessoas, memórias, sentimentos, ideias e afetos, tornando possível a realização, em Março de 2008, em Bissau, do Simpósio Internacional de Guilrdje...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Através do Arquivo.pt conseguimos recuperar o programa do Simpósio Internacional de Guiledje , há muito perdido... Trata-se de uma captura de 10 de julho de 2009, às 8:43. 

Originalmente estava alojado em http://www.adbissau.org/guiledje/programa (url entretanto descontinuado). 

Recordamos que o Arquivo.pt  é "uma infraestrutura de investigação que permite pesquisar e aceder a páginas da web arquivadas desde 1996. O principal objetivo é a preservação da informação publicada na Web para fins de investigação." E em especial na Web em português.

Pensamos que não foi este o programa definitivo ou a versão definitva do Simpósio Internacional de Guileje (ou Guiledje, na grafia da organização). Havia nomes a confirmar. Houve alterações de última hora. Os cabo-verdianos, por exemplo,  acabaram por não comparecer (ainda estava no poder o 'Nino' Vieira, foi a justificação que ouvi em Bissau, nessa altura, em que as sequelas do golpe de Estado de 14 de novembro de 1980  ainda estavam vivas na mémória de parte da "nomenclatura" do PAIGC, de origem cabo-verdiana). 

Recordo-me de ter havido também uma intervenção do biógrafo de Amílcar Cabral, o pof. Patrick Chabal, entretanto falecid0 (1951-2014).  (O seu nome, por exemplo, não consta desta versão do programa; ele participou também  na visita  a Guileje.)

Mas dos participantes (incluindo moderadores) abaixo listados, há uma série impressionante de nomes que já não estão entre nós... Cito alguns, de memória: além do francês Patrick Chabal, os guineenses Pepito, Roberto Quessangue, Nelson Dias, Salifo Camará ("rei dos nalus", régulo de Cadique) e Leopoldo Amado; os portugueses Coutinho e Lima, Luís Moita,  Nuno Rubim;   o cubano Ulises Estrada...., sem esquecer o 'Nino' Vieira (que fazia parte apenas da comissão de honra e recebeu em audiência, à última da hora, fora do programa oficial, um grupo de estrangeiros, portugueses, cubanos, brasileiros, um francês e outros)...

São elementos informativos que seria  uma pena perderem-se e ficam agora disponíveis para documentar e reforçar a história do Núcleo Museológico Memória de Guiledje e a necessidade de o revitalizar.  

São úteis também para a nossa propria memória enquanto Tabanca Grande. E sobretudo imprescindíveis para celebrarmos  a grata memória do Pepito, que foi  quem concebeu, planeou  e coordenou a realização desta irrepetível e histórica iniciativa.  Embora sempre discreto, ele foi a "alma" deste grande encontro, que juntou os "inimigos de ontem". Nada de parecido foi feito nos outros dois antigos teatros de operações (Angola e Moçambique).

Do ponto de vista organizativo, o Simpósio  foi um enorme "ronco", duvido que na Guiné-Bissau se tenha entretanto realizado, nos anos a seguir,  outro evento com o mesmo  sucesso: teve a participação de mais de 6 dezenas de estrangeiros e de muitos mais guineenses (algumas centenas, quer nas visitas ao Cantanthez quer em nas sessões em Bissau).  Só foi pena que os cabo-verdianos tenham desistido de aparecer.


Chegada dos Participantes vindos da Europa

  • 15h25: chegada e acolhimento no Aeroporto Osvaldo Vieira de Bissau;
  • 17h00: instalação nas diversas unidades hoteleiras onde os participantes vão ficar instalados.


  • 17H30: Entrega dos documentos e programa final

| 20h30: Jantar em conjunto, num restaurante da cidade |



Visita ao antigo quartel de Guiledje


  • 7h00 – Partida para Guileje, com paragem no Saltinho (9h30)


  • Paragem na ponte de Balana (11h00)


  • Paragem no antigo quartel de Gandembel (11h30)


  • Paragem no "Corredor de Guiledje" (12h00)


  • Paragem no quartel de Guiledje (12h30) e visita


  • Almoço na antiga pista de helicópteros (14h00)


  • 16h00 - Paragem em Medjo e Tchim-Tchim Dari
  • 18h00 - Chegada a Iemberém: acolhimento e jantar




7h30 - Pequeno-almoço
8h30 – Visita a Iemberém:


Centro Materno-Infantil


Rádio Comunitária Lamparam + Televisão Comunitária Massar



  • 9h30 – Encontro com ex-combatentes do PAIGC e ex-milicias portuguesas
  • 12h00 – Partida para o porto fluvial  de Canamine (na margem direita do rio Cacine) com paragens:

(i) num antigo acampamento do PAIGC em Cantanhez

(ii) na Mata de Cantanhez para apreciar a última floresta sub-húmida da Guiné-Bissau

| 13h30 - Almoço em Canamine |



  • 15h30 – Eventual visita de barco a Cacine
  • 17h00 – Regresso a Iemberém

| 20h00 - jantar | 21h00 – Manifestação cultural das diferentes etnias da zona |



  • 7h30 - Pequeno-almoço em Iemberém
  • 8h30 - Regresso a Bissau com possibilidade de paragem em Gadamael-Porto, para os que manifestarem interesse.
  • 13h30 - Almoço em Bissau
  • 17h00 – Sessão solene de Abertura do Simpósio, na Assembleia Nacional Popular


Moderador: Roberto Quessangue (Presidente da AG da AD)

  • Visita à Exposição “Guiledje” 
  • Alocução de Isabel Nosolini Miranda, Coordenadora do Simpósio: Preservação da memória de Guiledje: objectivos, acções previstas, aspectos metodológicos e estado actual da Investigação. Alocução do Representante da População de Guiledje (a indigitar)
  • Alocução de Sr. Embaixador de Cuba na República da Guiné-Bissau
  • Alocução de Sr. Embaixador de Portugal na República da Guiné-Bissau
  • Alocução de S. Excelência o Presidente da República de Cabo Verde (por confirmar)
  • Alocução de S. Excelência o Presidente da República da Guiné-Bissau (por confirmar)
  • 18h30 – Final da Sessão
|20h00 - jantar | 


(na Assembleia Nacional Popular)


Painel 1 > Guiledje e a Guerra Colonial/Guerra de Libertação

Moderador: João José Monteiro (Universidade Colinas de Boé)

  • 9h00 - 9h30: Leopoldo Amado (historiador guineense) – Génese e evolução do sentido estratégico-militar do corredor de Guiledje no contexto da guerra de libertação nacional.
  • 9h30 - 10h00: Agnelo Dantas (cabo-verdiano, ex-comandante militar do PAIGC) e Manuel Santos (guineense, ex-comandante militar do PAIGC) – Amílcar Cabral e a componente militar do PAIGC: achegas para a compreensão dos meandros estratégicos e tácticos da guerra de libertação nacional.
  • 10h00 - 10h30: Carlos Matos Gomes – (Coronel do Exército Português) – Guiné 1973 – Quando os portugueses perceberam que chegara o fim.
| 10h30 – 11h00: Pausa-Café |
  • 11h00 – 11h30: Alfredo Caldeira e Victor Ramos, Fundação “Mário Soares” – A operação “Maimuna” no Arquivo Amílcar Cabral.
  • 11h30 – 12h00: Ulisses Estrada (ex-militar e diplomata cubano) – Internacionalismo cubano e a participação de Cuba no esforço da guerra de libertação da Guiné-Bissau.
  • 12h00 – 13h00: Debate
| 13h00 – 14h30: Almoço |
  • 15h00 – 15h30: Coutinho Lima, (Coronel do Exército Português na reserva e ex-comandante do COP 5) – Factores considerados para tomar a decisão da retirada das forças militares e da população, do aquartelamento de Guiledje: relato histórico do ex-Comandante do COP 5
  • 16h00 – 16h30: Pedro Lauret, (Capitão-de-mar-e-guerra do Exército Português na situação de reforma) – A Marinha no Teatro de Operações da Guiné. Guileje Gadamael, Maio Junho de 1973, o papel da Marinha.
  • 16h30 – 17h00: Sandji Fati (Tenente-Coronel do Exército da Guiné-Bissau) – Subsídios para a História Militar da guerra de libertação no sul da Guiné-Bissau.
|  17h00 – 17h30: Pausa-Café | 
  •  17h30 – 18h00: Eduardo Costa Dias (Professor Titular do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresas - ISCTE, Portugal) – Papel e influência das dinâmicas sócio-religiosas e políticas nos movimentos de libertação nacional na África Ocidental: o caso da Guiné-Bissau.
  • 18h00 – 19h00: Debate
|  20h30: Jantar | 



(na Assembleia Nacional Popular)

Painel 2> Guerra Colonial/luta de libertação nacional: problematização conceptual, contextualização histórica e importância historiográfica.

Moderador: Leopoldo Amado

  • 9h00 – 9h30: João Medina (Professor Catedrático da Universidade de Lisboa) – A Literatura Portuguesa sobre as derradeiras Guerras Coloniais em África (1961-1974) como documento histórico acerca do fim do Império.
  • 9h30 – 10h00: Josep Sánchez Cervelló (Professor Titular de História Contemporânea da Universidade Rovira I Virgili de Tarragona, Espanha) – A relação dialéctica entre o PAIGC e o MFA e o seu papel na caída do Estado Novo Português.
  • 10h00 – 10h30: Leonardo Cardoso (historiador guineense, INEP) – Alcance histórico de “Guiledje” no contexto geral da luta de libertação Nacional e independência da Guiné-Bissau.
  •  10h30 – 11h00: Pausa Café
  • 11h00 – 11h30: Julinho de Carvalho (caboverdiano, ex-comandante militar do PAIGC) – A importância estratégica de Guiledje no contexto geral da manobra militar do PAIGC e do Exército português na Guiné.
  • 11h30 – 12h00: Fernando Delfim da Silva (guineense, político e filósofo) – A guerra-fria e os condicionalismos político-ideológicos da acção militar do PAIGC na guerra de libertação nacional.
  • 12h00 – 12h30: Julião Soares Sousa (historiador guineense) – Guiledje no horizonte político e militar de Amílcar Cabral em 1972: contribuição para o estudo de uma projectada ofensiva em tempos de guerra de libertação.
  • 12h30 – 13h30: Debate
| 14h00 – 15h30: Almoço |

Painel 3 > O pós-Guiledje: efeitos, consequências e implicações político-militares do assalto ao aquartelamento

Moderador: Mamadú Djau (Director do INEP)

  • 16h00 – 16h30: Luís Moita (Professor Catedrático e Vice-Reitor da Universidade Autónoma de Lisboa) – Fundamentos e originalidade táctico-estratégicos da acção político-militar de Amílcar Cabral e do PAIGC no contexto dos movimentos de libertação do Terceiro Mundo.
  • 16h30 – 17h00: Óscar Oramas (Ex-embaixador de Cuba na República da Guiné-Conakry) – Contribuição e participação cubana na luta de libertação nacional da Guiné-Bissau: dados, números e factos.
 | 17h00 – 17h30: Pausa Café |
  • 17h30 – 18h00: Nuno Rubim (Coronel e ex-combatente português no aquartelamento de Guiledje) – A batalha de Guiledje: uma tentativa de reconstituição histórica em dioramas.
  • 18h00 – 18h30: Luís Graça (Doutorado em Sociologia/Saúde Pública e dinamizador do maior site dos antigos combatentes portugueses da Guiné) – Cerco de Guiledje: a experiência traumática vivenciada a partir do Quartel de Guiledje.
  • 18h30 – 19h00: Luís Reis Torgal – (Professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) – Colonialismo, Anticolonialismo e identidade nacional: reflexões metodológicas para o estudo da história da Guiné.
  • 19h00 – 19h30: Debate
| 20h00: Jantar | 21h30: Sarau Cultural | 



(na Assembleia Nacional Popular)


Painel 4 > Guiledje: Factos, Lições e Ilações(depoimentos e testemunhos de elementos da população, dignitários, testemunhos presenciais, régulos, ex-combatentes do PAIGC e ex-milícias africanas do Exército português)

Moderadora: Isabel Buscardini 
(Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria)

  •  9h00 - 9h30: Úmaro Djaló (Comande Militar do PAIGC) – A minha experiência de guerrilheiro e de comandante no Sul da Guiné-Bissau: achegas para a História de Guiledje.
  • 9h30 - 10h00: Buota Na N’ Batcha (Comandante Militar do PAIGC) – A acção dos bi-grupos e dos corpos de Exército do Sul na guerra de libertação nacional: o caso do assalto ao aquartelamento de Guiledje.
  •  10h00 - 10h30: Joãozinho Ialá (ex-guerrilheiro do PAIGC) – Memórias do Assalto ao Quartel de Guiledje, Gandembel e Balanacinho.
  • 10h30 - 11h00: Francisca Quessangue (Enfermeira do PAIGC) – Os aspectos sanitários-logisticos do PAIGC no assalto ao quartel de Guiledje

| 11h00 - 11h30: Pausa Café | 

  • 11h30 - 11h50: Fefé Gomes Cofre (ex-guerrilheiro do PAIGC) – O meu testemunho sobre o assalto ao Quartel de Guiledje.
  • 11h50 - 12h10: Salifo Camará (Régulo de Cadique) – O papel das populações civis na guerra de libertação no Sul e no assalto ao aquartelamento de Guiledje.
  • 12h10 - 12h30: Camisa Mara (ex-milicia do Exército português) – A vida no Quartel de Guiledje
  • 12h30 - 12h50: Cadjali Cissé (ex-guerrilheiro do PAIGC) – A minha participação no Assalto a Guiledje
  • 12h50 - 13h10: A designar (condutor) – A minha experiência no transporte de munições e mantimentos

| 13h30 - 15h00: Almoço |


Painel 5 > As Iniciativa de Cantanhez e de Guiledje na óptica do desenvolvimento económico e social e sua correlação com o imperativo da salvaguarda da memória histórica da guerra.

Moderador: Nelson Dias (Representante da UICN)

  • 15h30 - 16h00: Carlos Schwarz Silva (guineense, agrónomo) e José Filipe Fonseca (guineense, agrónomo) – O desenvolvimento económico e social na zona de Guiledje: AD e dinâmicas de participação e organização comunitárias.
  • 16h00 - 16h30: Tomane Camará (AD) – (guineense, agrónomo) – Evolução das características ecológicas da zona de Guiledje: antes, durante e depois da guerra.
  • 16h30 - 17h00: Alfredo Simão da Silva (guineense, geógrafo, Director do Instituto de Biodiversidade e Áreas Protegidas) – Imperativos de Desenvolvimento Sustentável e da Conservação da Natureza: Princípios e práticas no caso de Cantanhez
| 17h00 - 17h30: Pausa Café |
  • 17h30 - 18h00: Hugo Monteiro (sociólogo, Universidade Colinas de Boé), A intensa guerra de que o Sul da Guiné-Bissau foi alvo explica o seu ténue desenvolvimento relativamente às outras regiões do país?
  • 18h00 - 19h00: Debate
|  20h30: Jantar | 



(na Assembleia Nacional Popular)

Moderadora: Isabel Nosolini Miranda (Presidenta da AD)


  • 9h30: Sessão solene de Encerramento

(i) Alocução do Representante dos participantes caboverdianos
(ii) Alocução do Representante dos participantes portugueses
(iii) Alocução do Representante dos participantes cubanos
(ivc) Leitura do Documento final do Simpósio (Resoluções Finais)
(v) Alocução de S. Excelência o Senhor Primeiro-Ministro do Governo 
da Guiné-Bissau
(vi) Alocução de Encerramento do Simpósio por S. Excelência o Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular da República da Guiné-Bissau.

  • 10h30 - Final dos trabalhos do Simpósio

| 12h30-almoço | 16h30- Partida dos participantes |

(Revisão / fixição de texto: LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de maio e 2024 > Guiné 61/74 - P25488: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23) : Camisa Mara, o guardião e guia deste projeto, votado ao abandono depois da morte do Pepito, em 2014... Aqui recordado numa peça da agência Lusa.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25011: Efemérides (424): Há dois anos que partiu o nosso amigo e camarada Jorge Cabral (1944-2021) (Paulo Santiago, Águeda)


Foto nº 1


Foto nº2

Foto (e legenda): © Paulo Santiago  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Foi há dois anos, em 28 de dezembro de 20121, que deixou a Terra da Alegria o nosso camarada e amigo, Jorge Cabral. Tinha acabado de fazer 77 anos. O Paulo Santiago recordou esse dia triste na sua págiu do Facebook e publicoiu duas fotos com ele.


Postagem do Facebook do Paulo Abrantes Santiago | 28 de dezembro de 2021 | 21:39

JORGE ALMEIDA CABRAL...

O meu amigo/camarada Cabral morreu hoje após uns meses de sofrimento.

Sentia uma especial ligação ao Jorge, ligação que teria origem no facto de ambos termos comandado Pelotões de Caçadores Nativos, ele o 63 eu o 53.

Nos últimos anos,juntamente com outros camaradas, almocámos várias vezes em Lisboa e arredores.
Apareceu o cancro,os nossos contactos passaram a ser via telemóvek, o último na passada 5ª feira, e a voz já pressagiava o fim.

DESCANSA EM PAZ JORGE CABRAL.

Na 1ª foto o Cabral à direita, camisa branca com riscas

[ao seu lado eswuerrdo, o Armando Pires, em frente, o J. L. Vacas de Carvalho, o filho do ex-ten cor inf João Polidoro Monteiro, que comandou, entre outros, o BART 2917, Bambadinca, 1970/72;  e o Paulo Santiago] (LG)
 

Na 2ª foto o Cabral à esq, ao centro de camisola azul [ao seu lado direto, o Armando Pires e do lado esquerdo, o Paulo Santiago; em frente do Armando Pires, o Carlos Matos Gomes: ao lado deste, um camarada, que não identificamos] (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - 25001: Efemérides (423): Foi há dois anos, em 28/12/2021, que o "alfero Cabnal" deixou o "palco da vida"... Foi ele quem disse, respondendo a uma pergunta do puto Sitafá, que o "Natal só existe quando mora no mais fundo de nós"...

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24771: Ataques ou flagelações com foguetões 122 mm: testemunhos (5): Quem mente, o Paulo Santiago ou a "Maria Turra" ? Ainda a flagelação a Aldeia Formosa, no fim de semana de carnaval de 1971


Página 1 de um documento de 2 pp, do PAIGC, "Acções do PAIGC: Artilharia"

Fonte: Portal Casa Coum |  Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 07198.168.083 | Título: Acções militares do PAIGC - Fevereiro de 1971 | Assunto: Acções militares do PAIGC - Fevereiro de 1971. Artilharia. Emboscadas, minas, assaltos. | Data: Fevereiro de 1971 ! Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Militar / Comunicados de Guerra 1971. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral  

Citação:
(1971), "Acções militares do PAIGC - Fevereiro de 1971", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40307 (2023-10-19) 

Edição e reprodução neste blogue. com a devida vénia...


1. Nem sempre a "Maria Turra" (Amélia Araújo,  angolana, que hoje, ainda a ser viva, será "uma simpática velhinha", a viver em Cabo Verde,  com os seus quase 90 anos) dizia "mentiras" ou "só mentiuras"... 

Seguramente que este comunicado do PAIGC (vd. documento acima) passou pelos microfones da Rádio Libertação (um potente emissor oferecido pelos suecos), que emitia a partir de Conacri... E deve ter sido lido e relido por ela...

Em todas as guerras as "Marias Turras", de um lado e do outro,  contam contos e acrescentam-lhe uns pontos...  A propaganda faz parte da guerra, de um lado e do outro. Senore fez e é com mais mais importante... 

Neste caso, o PAIGC diz que atacou ou flagelou com o sistema "Grad" (foguetões 122 mm), em fevereiro de 1971, seis localidades e/ou aquartelamentos, incluindo Quebo (ou Aldeia Formosa), no dia 20...

Há uma pequena discrepância na data, na versão do Paulo de Santiago (*), quando confrontada com a da "Maria Turra": 20 ou 22 de fevereiro de 1971? A terça feira de carnaval desse ano foi a 23 de feveriro, portanto a segunda foi a 22, domingo 21, sábado 20... 

Na versão da "Maria Turra", Quebo / Aldeia Formosa foi atacada com o "Grad" a 20 (sábado) e a 22 (segunda feira) com "artilharia" (canhão s/r, morteiro...).

Dia  6, Gadamael: "Grandes destruições; ao fugir do quartel, o inimigo caiu numa emboscada e teve muitas baixas" (sic);

Dia 7, Encheia;

Dia 12, Catió;

Dia 20, Quebo: "todos os obuses atingiram o objectivo" (sic);

Dia 21, Susana; "o inimigo ao fugir do quartel, caiu numa emboscada, sogrendo muitas baixas" (sic);

Dia 25, Cabuca. 

Na altura ainda estava em Aldeia Formosa, sede do Sector S2, BCAÇ 2892, rendido em 26 de agosto de 1971, pelo BCAÇ 3852

A CECA (2015) (**) não faz especial referência a esta flagelação a Aldeia Formosa, com o "Grad" (a 20) e com  "artilharia" (a 22/2/1971)... (Refere, sim, 4 flagelações com foguetões 122 mm em agosto de 1971, certamente de boas vindas aos "periquitos" do BCAÇ 3852 e de despedida ao "velhinhos" do BCAÇ 2892)...

De qualquer modo, o Paulo Santiago estava lá, a 12 km de distância, nesse fim de semana de carnaval de 1971, e viu os "Katyusha" a passar sob o céu do rio Corubal, e a "Maria Turra", essa, estava em Conacri, a mais de 400 km... 
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(**) Vd. Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 6º volume: aspectos da actividade operacionaç Tomo II: Guiné, Livro III, Lisboa: 2015.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24770: Ataques ou flagelações com foguetões 122 mm: testemunhos (4): Paulo Santiago, cmdt Pel Caç Nat 53 e formador de milícias (Saltinho e Bambadinca, 1970/72): na 2º feira de carnaval de 1971, contei 3 dezenas de foguetes, lançados em grupos de quatro; o alvo (falhado) era Aldeia Formosa

1. Comentário do Paulo Santiago ao poste P24743 (*), contributo para a nova série " Ataques ou flagelações com foguetões 122 mm: testemunhos" (**):

Na segunda-feira de Carnaval de 1971 (***), houve um baile na Escola situada junto do quartel do Saltinho. Naquela data, andava agarrado a uma espécie de bengala, a coxa direita com uma dúzia de pontos devido a um acidente com morteiro 60, de que julgo ter falado há anos atrás.

Fiquei pelo bar do quartel.

Não sei precisar a hora, ouvi umas "saídas" e agarrado à "bengala" saí do bar, acontecem mais saídas e vejo uns rastos de foguetes,  seguidos de rebentamentos. Aldeia Formosa a ser flagelada,  pensei. Mais rastos de foguetes, saíam em grupos de quatro, e contei mais de três dezenas.

Havia comunicações directas com Aldeia Formosa, através de AVP 1, ou AN-PRC 10, o que me levou a ir ao abrigo das Transmissões para saber se o ataque era para aquela sede de batalhão. Acontece que de lá estavam a inquirir se era o Saltinho a ser flagelado.

Passados poucos dias veio info a dizer que tinha sido utilizada, pela primeira vez, a arma Katyusha, também conhecida por "orgãos de Estaline" utilizada na II Grande Guerra.

Verificou-se uma completa ineficácia da arma.Na Guiné não havia concentração de tanques, nem grandes aglomerados populacionais junto das fronteiras.

P. Santiago

12 de outubro de 2023 às 02:00


[ Foto acima, â esquerda : Legenda: Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Sinchã Sambel > Fevereiro de 2005 > A viagem de todas as emoções, o regresso de Paulo Santiago à Guiné, em Fevereiro de 2005. o Paulo Santiago  foi amdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72, e instrutor de mílícias em Bambadinca; é engenheiro técnico agrícola reformado; natural de Águeda, é um histórico da Tabanca Grande]

(Seleção / revisão e fixação de tecto /negritos: LG)
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2. Comentário do editor LG:

Paulo, sabemos que os primeiros foguetes ou foguetões 122 mm foram lançados em outubro de 1969 c0ntra Bedanda e depois Bolama...

Sem querer entrar em polémica (o nosso blogue náo serve para isso, mas para partilhar informação, conhecimentos, experièncias, emoções dos antigoscombatentes do TO da Guiné...) temos de confirmar a posse, ou não, por parte do PAIGC, de sistemas de lançamento múltiplo destes foguetes autopropulsionados ("Katyusha", na gíria soviética, para o foguete; BM-13 ou 21 para o sistema de lançamento, assente sob o capô de uma viatura pesada).

Que o PAIGC já tinha, antes de 1971, o sistema Grad (ou "jacto do povo"), isso está documemtado. Os foguetes que no carnaval de 1971 tu viste sob os séus do rio Corubal em grupos de 4 (e contaste mais de 30), só podiam ser lançados de uma rampa sobre o capô de viatura tipo BM-13 (m/1941, estreada na II Guerra Mundial) ou modelo posterior.

Pergunto: será que esta flagelação, contra Aldeia Formosa, foi feita nas proximidades da fronteira, a partir do território da Guiné-Conacri ? (Aldeia Formosa e Saltinho distavam 3 km entre si, e outros tantos em relacão à fronteira, em linha reta).
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Notas do editor:


(**) Em princípio, 22 de fevereiro de 1971... Há outra versão deste "história":


(…) Em 21 de Janeiro de 1971 , aí pelas 21.00 horas, entra um militar da CCAÇ 2701 pelo bar de Sargentos e Oficiais e informa, meio esbaforidamente, que um dos sentinelas está a avistar uma pequena luz numa curva do Corubal, situada aí a uns 500 metros na margem oposta à do quartel.

 (…) Chegou-se à conclusão que as granadas estavam a cair em zona entre Saltinho e Quebo (Aldeia Formosa)  e a arma era desconhecida. Passados alguns dias veio informação do Com-Chefe: naquele ataque falhado a Aldeia Formosa, o IN tinha utilizado pela primeira vez foguetes Katyusha, também conhecidos por Órgãos de Estaline (…)