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sábado, 2 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12236: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (32): Segurança alimentar: aposta na produção da tapioca em substituição do arroz está a ser um sucesso


Vídeo (7' 39''). Alojado em You Tube > ADBissau [Reproduzido com a devida vénia; repare-se na música, que é do grande, promissor e malogrado músico José Carlos Schwarz  (Bissau, 1949-Havana, 1977)]



A TVK foi premiada no Festival Internacional Agrofilm 2013, realizado na Eslováquia, de 30 de Setembro a 4 de Outubro de 2013, com o Osiris FAO Prize, pela realização do filme "Tapioca, fonte de nutrição e apoio na economia familiar".

Apresentaram-se a concurso 158 filmes, dos quais foram pré-selecionados apenas 50. O júri internacional considerou que se tratava de "um filme bem estruturado em termos pedagógicos, simples e com boa mensagem",  concebido na perspectiva do desenvolvimento sustentado.

Segundo se pode ler na página dos nossos amigos da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, "o prémio Osíris, patrocinado pela FAO, é uma estatueta do Deus egípcio que representa a 'encarnação das forças da terra e das plantas' ".

 Os jovens técnicos da TVK, assim como os seus formadores (Tina Lobo, formadora em guionismo; Andrzej Kowalski, que esteve na origem da criação de todas as televisões comunitárias da Guiné-Bissau, formador de operadores de câmara; e  Assimo Baldé, que assegurou a formação em jornalismo televisivo) são um motivo de orgulho para a ONG AD  que está de parabéns, juntamente com os seus colaboradores: 

"Para a AD é um orgulho ter apostado nestes jovens e ter contribuído para levantar alto o nome da Guiné-Bissau, no meio dos outros países premiados, como a Alemanha, China, Israel, Polónia, Espanha, Irão, Hungria, Eslovénia, Eslováquia e Republica Checa".

Os amigos portugueses da Guiné-Bissau e da AD - Acção para o Desenvolvimento, reunidos sob o poilão da Tabanca Grande, ficam também orgulhosos desta distinção e solicitam ao Pepito que faça chegar à jovem equipa da TVK uma palavra de apreço e de incentivo!


A ONG AD iniciou há dois anos o processo de vulgarização de transformação da mandioca em tapioca, com a colaboração da UICN (National Committee of the Netherlands) na zona norte e a SOLSOC (Solidarité Socialiste) na zona sul.

"A simplicidade de procedimento de transformação e sobretudo a qualidade do alimento que deixa os consumidores de 'barriga cheia', explica o aumento da sua produção agrícola e a opção por este produto em vez do arroz. Depois de uma fase inicial de teste para a apreciação da resposta dos agricultores à tecnologia e às qualidades nutritivas da tapioca, a AD passou à fase de difusão em pequena escala em polos espalhados em certos locais".

Garantido o sucesso,  passa-se agora a outra fase, a da vulgarização em larga escala em todas as zonas onde a AD intervém.

Belo trabalho, Pepito e colaboradores. Vocês merecem as nossas palmas!
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12083: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (31): testemunho gravado em Gadamael, a história do Oh! Alexandre, que conheceu o alf mil Manuel Vaz, da CCAÇ 798, bem como o pessoal da CCAÇ 1659, os Zorba

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7727: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (3): 9 e 10/12/2009, em busca do dari (chimpanzé), em Farim e Madina do Cantanhez...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um dari (chimpanzé) descendo uma árvore...




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Outra foto do  dari (chimpanzé) a descer a árvore...

 Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, com relativa abundância com o macaco fidalgo (fatango) (fotos a seguir)....


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > O fatango, um autêntico acrobata...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 9 de Dezembro de 2009 > 15h50 > O macaco fidalgo...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h00 > Uma das belas árvores, seculares, do parque...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h36 > A exuberância da vegetação do parque...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h06 >  Com mais de 100 mil hectares, este parque é muito importante, segundo o IBAP - Instituto da Biodiversidade e das Areas Protegidas, com sede em Bissau: 

"Grande diversidade da fauna e da flora com a existência de várias florestas húmidas onde se destacam sobretudo as essências raras e únicas, tais como: copaifera, salicaunda, 'pau' miseria, mampataz, 'pau' de veludo, tagarra, faroba de 'lala' e outras. Ainda alberga diferentes espécies de fauna  (elefante, búfalo, baca branco, sim-sim, chimpanzé, macaco fidalgo, porco de mato), entre outros: é reconhecido por WCMC como um dos 9 sitios importantes do ponto do vista da bioiversidade.  Cantanhez é igualmente uma das 200 eco-regiões mais importantes do mundo identificadas pela  WWF."


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 >9h34 > Restos da refeição (mangas) de um ou mais daris...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez >  Cananima > 9 de Dezembro de 20090 > 18h05 > Uma aldeia de pescadores frente a Cacine, situada na margem direita do Rio Cacine... Não existia no tempo da guerra...

Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação das notas, quase meramente telegráficas, do diário de viagem à Guiné, do João Graça, acompanhadas de algumas das centenas fotos que ele  fez, nas duas semanas que lá passou (*)... 

Nos  cinco primeiros dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) vamos encontrá-lo, como médico, voluntário,  no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém

 Ao 5º dia, 9 de Dezembro de 2009,  tentou, pela primeira vez, mas em vão, ver o "despertar" dos chimpanzés do Parque Nacional do Cantanhez, em Farim. Conseguiu "apanhá-los", com a sua Nikon D60, reflex, no dia seguinte de manhã, em Madina...

Nalguns casos, por serem de todo ilegíveis ou fazerem referências muito pessoais a terceiros, optei por assinalar com parênteses rectos e reticências [...] essas partes do diário... Noutros casos, acrescentei, também dentro de parênteses rectos [   ], algumas notas da minha lavra,  decorrentes das nossas conversas sobre esta viagem (memorável, para ele)... As notas dos primeiros dias foram escritas à noite, à luz da pilha, em Imemberém, depois de um dia extenuante com dezenas de doentes nas consultas [L.G.].




Dia 5 – 9/12/2009, 4ª feira,  Iemberém

5.1 . 3º  dia de consultas – Visita aos chimpanzés.

5.2. Levantámo-nos às 5h00. Viagem até à terra da Cadi, Farim [do Cantanhez], onde estariam os chimpanzés.

5.3. Afinal não estavam em grupo. Vimos formigas a picarem o nosso corpo.

5.4. Fomos dois jipes: Cadi [, grávida de 7  meses], Antero e eu;  motorista, Alexandre, Joana e Zeca [, guia do Parque].

5.5. Ficámos à espera dos chimpanzés na casa da Cadi: Pai, ex-combatente [do PAIGC, Abdu Indjai], mostrou-me  [a sua prótese, foi amputado de uma perna durante a guerra colonial]; avó, velhinha, 70 anos, que me ofereceu um cesto para a minha mãe e outro para a Rita [, minha namorada].

5.6. Seis/sete miúdos com leishmaniose. Amanhã falar com Vera, Enf[ermeira do Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém].

5.7. Voltámos a Iemberém às 10h30. Pequeno-almoço com Alex e Joana [dois investigadores portugueses].

5.8. Tabató, aldeia de músicos perto de Bafatá. Tenho que lá ir.

5.9. Consultas no Centro de Saúde: inicialmente não havia ninguém, mas foram chegando. 12/13 doentes, só 2 graves/urgentes. Escrevi cartas para a Enf Vera [, brasileira,], que não estava lá.

5.10. Um doente [que fez parte do] Batalhão Operação Mar Verde [, possivelmente, fuzileiro especial, do DFE 21].
[…]

5.12. Viagem [para visita às instalações da Televisão Comunitária Massar, em Iemberém…]. Termiteiras, árvore gigante, aldeia de pescadores [, Cananima], galhofa na viagem!

5.13. Amarildo aguardava-me na TV Massar. Cheguei atrasado 40 minutos. Pela 3ª vez! Gostou da ideia, vai-se fazer o vídeo [comunitário].

5.14. Jantar na casa da Joana, em Madina.

5.15. Vídeo do Zeca […].

5.16. Anedota [, contada pelo Zeca]: João tinha uma mulher e esta mais dois amantes: Vida e José. Quando João estava fora, [ela] avisava-os e iam para sua casa fazer ‘brincadêra’.
Um dia a mulher tinha chamado os 2 amantes com receio de que um deles não aparecesse. Nisto, João voltou sem avisar.

Primeiro, Vida bate à porta. ‘Brincadêra’. Depois bate o 2º, [José]. Vida, pensando que era o João, esconde-se no tecto do quarto. O 2º bate à porta, afinal não era o João. [Mais]‘brincadêra’.

Um 3º bate à porta, [desta vez era o ] João. O outro, José, mete-se debaixo da cama. João entra. Deita-se na cama [e exclama]:
- Ai, vida!

[O Vida, julgando-se descoberto, justifica-se:]
- Não sou  o único, não sou o único! Ah, também há um [outro] debaixo da cama!...


10/12/2009, 5ª feira, Iemberém

6.1. 4º dia de consultas. Viagem Iemberém-Bissau.

6.2. Pai muçulmano, filha com Sida. Não voltou ao Centro de Saúde. Vai morrer em breve.

6.3. Abcesso craniano drenado.

6.4. Despedidas: Vera, Amarildo, Zeca, Cadi, Domingos, Abdulai.

6.5. Visita,  de manhã,  aos chimpanzés, em Madina. Desta vez apanhámo-los.

Continua


[Fixação / revisão de texto / selecção e edição de fotos: L.G.]

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:

28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7686: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (2): 6/12/2009, domingo, 1ª consulta, um baptizo muçulmano, um casório católico, uma visita a uma fábrica de caju... 7/12/2009, 2ª feira: 1º dia de consultas. 42 doentes à porta do C.S. Materno-Infantil de Iemberém

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7180: (In)citações (22): Era uma vez...Três TVês Comunitárias: Klelé (Bairro de Quelélé, Bissau), Massai (Iemberém, Cantanhez) e Bagunda (S. Domingos, Região de Cacheu)




Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semanaTítulo da foto:  Festival Quilombola em Cacheu > Data de publicação:  3 de Outubro de 2010 > Data da foto:  2000 > Palavras-chave: História e Cultura > Legenda: 

"De Cacheu para o novo mundo, Brasil, Caraíbas e América do Norte, milhares de escravos foram levados, há mais de 400 anos, para trabalhar nas grandes plantações agrícolas, especialmente de cana-de-açúcar e algodão. Esta fortaleza testemunhou o embarque desses negros, no porto de cais que se situa ao lado, muitos dos quais não aceitaram ser escravos e, no Brasil, decidiram fugir e criar as suas zonas libertadas, os Quilombos. Em Novembro deste ano, um grupo de cerca de 30 quilombolas (*) regressa às origens e vem visitar a terra dos seus avós, indo de seguida à cidade da Praia em Cabo Verde, local onde os escravos eram vendidos e partiam em várias direcções"(AD).... E seguramente que a TV Bagunda, televisão comunitária de São Domingos, vai lá estar para registar e divulgar esse (re)encontro histórico, emocionante,  das gentes do Cacheu com os "quilombas" (LG)...

Foto: AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) (com a devida vénia...)




Télévisions communautaires et sécurité alimentaire en Guinée Bissau, de Thierry Michal. Um vídeo de 10' 02''



Uma história que, desta vez, não tem que ser triste, só porque passada num dos países mais pobres do mundo... Como é que uma ONGD, local, a AD - Acção para o Desenvolvimento, onde trabalham amigos nossos, como o Pepito, a Isabel Lévy, o Domingos Fonseca,  o Tomani  Camará, e outros,  criou 3 (três) televisões counitárias no seu país com o objectivo de apoiar a sua acção  em prol dfe três objectivos: (i) segurança alimentar; (ii) preservação do ambiente; e (iii) valorização das culturais locais.


Neste filme produzido pela Federação Nacional dos Vídeos dos Países e dos Bairros,  Fédération nationale des Vidéos des Pays et des Quartiers, no quadro de uma missão de estudo na Guiné-Bissau, o nosso amigo Pepito é longamente entrevistado (em francês). Fala-nos, com grande entusiasmo,  da importância dessas televisões locais, postas ao serviço da cidadania, do desenvolvimento integrado, da extensão rural, da luta contra a degradação ambiental, da protecção e promoção da saúde, da literacia, da identidade cultural e da preservação da memória. 

Clicar aqui para visualizar o vídeo:

http://www.vimeo.com/15948009





Do relatório de actividade da AD - Acção para o Desenvolvimento, respeitante ao exercício de 2009, destacamos a seguinte informação sobre as três televisões comunitárias, a TVK [, Klelé,], em Bissau,  TVMassai, no Cantanhez, e TVBagunda, em São Domingos (pp. 9-11).


(...) 2. As Televisões Comunitárias ao serviço do desenvolvimento local

Trata-se de uma iniciativa da AD que tem 8 anos de existência e que se vemafirmando de forma gradual, apesar das reservas iniciais que muitos lhe apontavam. A Oxfam Novib foi o único parceiro que aceitou correr o risco na procura desta nova forma de comunicação.

Em 2009, elas acabaram por ocupar um lugar incontornável na informação, comunicação e produção de DVD para as comunidades locais do nosso país, começando a ser reconhecidas pela qualidade dos seus serviços e pelob impacto das suas produções, especialmente na difusão de técnicas de vulgarização, no resgate da cultura nacional e na recolha de testemunhos históricos da luta pela independência da Guiné-Bissau.

As três televisões comunitárias promovidas pela AD têm características diferentes e usam métodos de comunicação diversificados.

A TVKlélé, a mais antiga, criada em Setembro de 2001, assume-se como uma televisão “ambulante” organizando sessões na comunidade do bairro de Quelélé em Bissau (22.000 habitantes), ou noutros locais do país, como Canchungo, por exemplo. São emissões pontuais (não diárias), com uma periodicidade mensal em que a população é convocada a participar na apresentação de uma emissão de rua, da qual constam vários programas: noticiário das actividades da comunidade, um spot ou mensagem sobre a higiene, saúde ou agricultura, uma parte cultural (vídeo-clip ou dança e canto tradicional ou pequena peça de teatro) e finalmente o tema forte que irá ser o motivo de debate comunitário. Escolhe-se sempre um assunto que esteja na ordem do dia da preocupação das pessoas: comercialização dos produtos, falta de água, funcionamento das escolas públicas, higiene e saneamento urbano. 


À volta deste tema, a TVComunitária produz um filme de 20 minutos onde coloca o problema sob vários ângulos: quais são os problemas existentes? Qual a posição dos diferentes interesses em causa (mulheres, comerciantes, poder local, etc.)? Quais os desafios e eventuais soluções preconizadas? O filme pretende criar as condições de informação e sensibilização para que todospercebam o alcance do problema e possam participar activamente na discussão. Após a apresentação do filme-documentário sobre o tema central, abre-se uma fase de debate em câmara aberta, isto é, em que todos os que estão a assistir à emissão o possam seguir numa tela gigante onde se revejam e vejam os diferentes intervenientes. Isto ajuda normalmente a aumentar a consciência de que se trata de uma questão colectiva e que exige a intervenção e responsabilização individual para a sua solução. Por outro lado, criam-se dinâmicas de acção e de entre-ajuda nos diferentes grupos sociais da comunidade.

Se a TVK é sobretudo uma televisão periurbana, já as outras duas,a TVMassai, de Cantanhez e a TVBagunda,  de S.Domingos, são rurais, funcionando diariamente com o sistema “clássico” de emissões por ondas hertzianas, atingindo um raio de cerca de 15 Km. As emissões têm uma duração de 2 horas diárias, sendo o mesmo programa apresentado durante uma semana, isto é, só de 7 em 7 dias é que se faz um novo programa. No entanto, há a preocupação diária de introduzir o noticiário da televisão nacional oficial, para
que a população tenha conhecimento do que se vai passando a nível nacional.

Nestas televisões, porque rurais, são apresentados um maior número de programas agrícolas e ambientais referentes a novas tecnologias de simples utilização que podem ser vulgarizadas a nível local, como também de sistemas de cultura praticados pelos agricultores de referência, isto é, aqueles que praticam técnicas mais modernas e eficazes. Os programas de resgate das culturas das etnias da região são uma constante, permitindo dar a conhecer e valorizar as que são pouco conhecidas ou que estão em vias de desaparecimento. Outro dos temas motivantes é o da recuperação da história local de cada uma das etnias e da história nacional. A captação destas emissões é feita através de postos colectivos nas tabancas, normalmente nas Escolas de Verificação Ambiental (EVA), que dispõem de um sistema de postos de recepção que funcionam a energia solar.

Para a produção dos programas emitidos em cada uma destas TV, cada uma delas dispõem de: um pequeno estúdio de montagem áudio-visual, dotado de  equipamento muito simples de captação de imagem, sendo os filmes produzidos com recurso a uma mesa de montagem “Casablanca”; um núcleo de cerca de 10 jovens da comunidade, a maior parte dos quais são estudantes que, em regime de voluntariado e após várias formações técnicas e jornalísticas, fazem os guiões, recolhem as imagens e produzem osfilmes (eles são formados para desempenharem o papel de animadores comunitários); “actores” recrutados entre a população local para os filmes devulgarização.

A estreita ligação com a AD enquanto associação de promoção do desenvolvimento, assegura que a vulgarização obedeça a critérios de prioridades agrícolas e garanta uma coerência na sua apresentação, evitando-se que elas caiam do céu sem serem acompanhadas pelos técnicos que estãoa trabalhar no terreno com os pequenos agricultores. 

Exemplos mais recentes de produtos DVD destas TV comunitárias: (i) combate à mosca da fruta nos citrinos e mangueiros; (ii) introdução de novas tecnologias amigas do ambiente e que aligeiram o trabalho das mulheres: fogões de cozinha melhorados “numo” que permitem reduzir drasticamente o consumo de lenha e o abate de árvores da floresta;  (iii) sal solar “minda” que reduz o trabalho das mulheres e recorrem ao sol como única fonte de energia; (iv) fabrico de carvão pelo método “mate”, que produz carvão de melhor qualidade e com maior duração de consumo; (v) repovoamento comunitário do mangal e do cibe; (vi) higiene pessoal e colectiva com acento tónico no bom uso da água; (vii) prevenção e tratamento das doenças mais comuns como a malária, cólera, diarreia.

Todos estes produtos DVD assentam numa perspectiva de sensibilização dos destinatários e de demonstração clara de como e o que fazer, utilizando-se diferentes formas: através das emissões da TV Comunitárias (nas escolas EVA ou na esquina das ruas no caso da TV ambulante); projecções em seminários técnicos, encontros de agricultores ou reuniões comunitárias nas tabancas; na formação dos vulgarizadores, agentes locais de desenvolvimento e professoresn das EVA.

Vários aspectos merecem uma profunda reflexão e intervenção para se obterem melhores performances destas televisões:

(i) do ponto de vista técnico há que encontrar uma melhor solução para os emissores (frequência irregular e avarias frequentes), a existência de técnicos de manutenção-reparação competentes e de sistemas de videomontagem que se avariem com menos frequência e não deixar muito tempo os receptores parados devido a pequenas avarias (antena deslocada, fusível queimado, etc.); 

(ii) do ponto de vista de direcção da televisão, há que encontrar soluções e incentivos para ter à frente delas jovens com uma maior visão e perspectiva do desempenho futuro que as televisões virão a ser chamadas a desempenhar, concilindo com o facto de todo o pessoal trabalhar em regime de voluntariado; 

(iii) do ponto de vista da produção de conteúdos, há que haver uma maior articulação entre os técnicos da AD e os jornalistas das televisões para a concepção de programas agrícolas, assim como formações específicas para os jornalistas ligados aos aspectos culturais;

(iv) no que concerne ao acompanhamento e avaliação do funcionamento das televisões, há que constatar que ela não se faz de forma sistemática e consequente, mas apenas aleatoriamente e sem consequências práticas para a rectificação dos erros ou lacunas. 

Começa a ser importante conhecer o universo das pessoas atingidas, o funcionamento dos postos de recepção nas tabancas, o interesse que cada tema desperta nos diferentes grupos sociais, o impacto no seu bem estar e vida em geral, as sugestões e críticas da
comunidade.

A imaginação, a força de vontade, o empenho e a melhoria constante dos conhecimentos das pessoas que dirigem, fazem funcionar ou apoiam as rádios e televisões comunitárias vão empurrando para mais longe os limites das TV comunitárias.(...)
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Nota de L.G.: 


Último poste desta série > 27 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7179: (In)citações (21): Os irmãos Turpin, José e Eliseu, "verdadeiros filhos da Guiné" (Luís Graça)

(*) Segundo o Dicionário Houaiss (2003), o quilombo (o termo é de origem angolana) era um sítio, no Brasil, onde se escondiam os escravos fugidos. Com o tempo, os quilombos tornaram-se comunidades autónomas. Em geral, ficavam no mato, na selva ou na montanha, longe dos centros urbanos. A essa gente foragida dava-se o nome de quilombolas.O mais célebre terá sido o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, símbolo da resistência  dos afrobrasileiros ao esclavagismo no período colonial. Vd. entradas na Wikipédia.