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terça-feira, 10 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26906: (In)citações (273): Envelhecer... com dignidade ?!? (Joseph Belo, José para os "tugas")









O José Belo, no seu melhor...


Foto: © José Belo  (2025. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. Mensagem de Mr. Joseph Belo  (José para os "tugas") que, tem como Deus, o dom da ubiquidade (a par da arte da camuflagem), conseguindo estar ao mesmo tempo 
 pelo menos em 3 ou até mais sítios (Lapónia / Suécia, Estocolmo / Suécia, Key West / Florida / USA, Tabanca Grande...).  

O que muito nos apraz. O seu sentido de humor, a sua sabedoria de cidadão  do mundo, a sua capacidade de "destilar" e beber o melhor da cultura  dos povos com  quem tem lidado, a sua resiliência, ...,. enriquecem também a nossa Tabanca Grande, ajudam-nos a lidar melhor com as nossas diferenças (reais ou imaginárias),  tornam-nos mais tolerantes e até mais empáticos... 

Tenho aprendido com ele, sobretudo, a capacidade de saber ouvir...  Deus deu-nos o sentido do ouvido, mas não nos ensinou a saber ouvir...o outro. 

No Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (que continua a fazer sentido celebrar... com amor & humor), fica aqui o seu pequeno contributo para que a nossa tertúlia continue a ser um elo de ligação entre nós e as nossas "sete partidas"... (E a cumprir mais um ano de calendário: fizemos 21 anos, no passado 23 de abril, sem pompa nem circunstância...).

Gosto da imagem das 7 partidas... Isto quer dizer também que chegámos (quando conseguimos chegar) às mais desvairadas partes do mundo... Não foram 7 partidas, e 7 chegadas. Chegámos, ficámos, voltámos a partir, demos um oontributo importante para a universalidade da cultura humana.. Isto quer dizer também que ficámos mais ricos depois de chegar do que antes de partir...Ricos, em termos mais imateriais do que materiais. 


Data - sábado, 7/06, 11:57 (há 3 dias)
Assunto - Envelhecer...com dignidade ?!? (*)


Logicamente o blogue sofre os inexoráveis “atritos” relacionados com a passagem das já muitas décadas.

O envelhecimento dos participantes, a somar-se a uma diminuição da popularidade dos blogues em geral (e a queda em convenientes “evitar balançar o barco” ) poderá levar a uma diminuição de “militância”.

A aparente incapacidade de muitos de, por saudáveis minutos, não levarem as opiniões próprias (ou alheias) demasiado “a sério",  acabará por contribuir para alguns dos afastamentos.

Os já quase cinquenta anos de afastamento das realidades portuguesas do dia a dia talvez acabem por contribuir para uma mais “desinibida apreciação”, seja ela desde Key West/Florida ou do extremo norte sueco.

Talvez.

Um abraço
J. Belo


2. O pretexto do comentário acima foi o comentário, abaixo, que eu fiz há uns dias ao poste do Zé Teixeira  (*):

Zés, Josés, Zé Teixeira, Zé Belo: andamos a blogar há mais de 20 anos (desde 2004, ano que praticamente não conta, publicámos "apenas" 4 postes")... 

Este poste do Zé Teixeira é o P26888 (!)...Publicamos, em média, mais de 1300 postes por ano... Todos os dias (!), como se fosse um jornal diário, o nosso blogue muda de cara, há sempre "coisas novas", mais interessantes ou menos interessantes, que chamam a atenção do leitor...

Ao fim de 20 anos, há naturalmente um "cansaço bloguístico"... Já fizemos pelo menos 10 "comissões na Guiné", cada uma de 2 anos... Não há "tuga" nem "turra" que aguente!... 

Tudo isto para dizer que é uma pena o texto intimista do Zé Teixeira passar um pouco ao lado, na voragem dos dias... Merecia ter, pelo menos, uma boa meia dúzia de comentários... Há uns anos atrás tê-los-ia... Desculpas ? Estamos "velhos e cansados"... Não vale a pena arranjar desculpas !...

O Zé Belo, distante, enigmático, lapónico..., interpelou-nos, mais um vez com uma questão existencial: "Será possível regressar de onde nunca se chegou para o que já não existe?"... 

A esta hora da manhã, sem tomar o meu pequeno almoço ("uma salada de banana, maçã reineta ou pera rocha, morangos, nozes da Califórnia e iogurte grego"... + um café!), não me atrevo a sequer a equacioná-la... quanto mais a tentar respondê-la... Mas mexe com a gente..., mexeu comigo!...

Como mexeu a leitura, a primeira que fiz hoje (e só hoje!, às 7 da manhã), da reflexão, pungente, do Zé Teixeira:

"A guerra nunca acaba, fica connosco"... 

Levei um murro no estômago vazio!...Revi-me em grande parte na história de vida do Zé, o seu percurso foi o de muitos de nós... Um calvário doloroso que cada um de nós, antigos combatentes, percorreu... antes, durante e depois da Guiné....Solitário!...

Mesmo nos momentos mais exaltantes das nossas vidas, pessoais, familiares e coletivas, tivemos de pôr entre parênteses a p*ta da guerra que fomos obrigados a fazer e da qual regressámos com um sentimento, pesado, opressivo... Regressámos com vida, mas, muitos de nós, com a "morte na alma"... Cumprimos o "dever para com a Pátria! (!)" (que está sempre acima dos regimes políticos), ou seja, pagámos-lhe o "imposto de sangue" que ela nos exigiu... Retomámos o nosso lugar (que já não era o mesmo!), continuámos a ter o direito de viver aqui e agora, mesmo que muitos também tenham optado por seguir os caminhos da diáspora (e de "novos exílios", como o Zé Belo)...

Zé Teixeira, está lá tudo. De facto, a guerra nunca acaba, fica connosco. Nenhum de nós faria melhor. E arrematas com um sorriso e uma nota de esperança e de fé, reveladores da tua grandeza humana... Por outras palavras, e parafraseando o Pablo Neruda, disseste o que é importante: "Confesso que vivi"...(Horrível, ou pelo menos "chato", é chegar à porta do São Pedro, de mãos vazias, sem nada para negociar...).

C/ um alfabravo fraterno, Luís

_________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 5 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26888: (In)citações (272): "A guerra nunca acaba, fica connosco" (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)

terça-feira, 3 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26876: Questões politicamente (in)corretas (60): Afinal o "tuga" também jogava xadrez no CTIG (José Belo /António Graça de Abreu / Carlos Vinhal / José Botelho Colaço / Ernestino Caniço / Eduardo Estrela)



Guiné > Bolama > CIM - Centro de Instrução Militar > 1969 > CCAÇ 2592 (futura CCAÇ 14) > O fur mil Eduardo Estrela a jogar zadrez com o seu camarada Abel Loureiro.



Mensagem do Eduardo Estrela, a propósito do poste P26873 (*):

Data - 2 jun 2025 10:32;

Bom dia, Luís!

Nós também jogávamos xadrez.

Como prova anexo uma fotografia tirada ainda em Bolama. À esquerda estou eu e na direita o Abel Loureiro que foi Fur Mil na minha companhia.

Para além da lerpa, abafa e outros que tais, também se jogava xadrez.
A qualidade da fotografia não é a melhor, mas sei que vais conseguir melhorar a mesma.

Grande abraço
Eduardo Estrela


Foto (e legenda): © Eduardo Estrela (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Suécia > Estocolmo >7 de maio de 2017 > Jogando xadrez (em grande formato) no Kungsträdgården" (o "Jardim do Rei"), parque muito conhecido e central em Estocolmo. 

Link enviado ontem pelo Joseph Belo.


Foto: © Tommy Gerhad (2017) (com a devida vénia...)


1. Afinal, o "tuga" também jogava xadrez, no CTIG... Comentários ao poste P26873 (*):


(i) António Graça de Abreu

Em Cufar, 73/74,  joguei muitas vezes xadrez com o alferes Eiriz, o oficial das Transmissões no nosso CAOP 1. Normalmente era depois do jantar, na nossa pequeníssima messe de oficiais, ao lado do gabinete do capitão miliciano Dias da Silva, comandante da CCaç 4740.

Logo ao lado tínhamos as valas para onde mergulhávamos em caso de ataque do PAIGC. No meu caso, naquela maravilhosa colónia de férias, Cufar sur Cumbijã, aconteceu quatro vezes. Não nos deixavam jogar xadrez em paz.

António Graça de Abreu
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 13:10:11 WEST


(ii) Carlos Vinhal

Não me lembro de na nossa messe se jogar xadrez, os jogos mais vulgares eram as damas, a lerpa, o king e o rummy, este muito parecido com o bridge, ao que sei. Os mais solitários jogavam paciências de cartas. Tínhamos também uma mesa de ténis para destilar as gorduras (?).

Cá fora jogava-se a bola no campo de futebol ou contra as paredes dos dormitórios, onde havia alguém a centrar a bola e outros a cabeceá-la, conforme a habilidade que tinham, para uma baliza imaginária, onde estava um guarda-redes de ocasião.

Eu nunca fui grande jogador de cartas, mas uma noite aventurei-me a jogar lerpa. Ao fim de pouco tempo tinha já perdido 100 "paus". O 1.º Rita chegou-se a mim e disse-me: "Vinhal. deixe-me ocupar o seu lugar".

Ao fim de algum tempo, tinha ele ganho já uma boa maquia, levantou-se e discretamente deu-me os 100 pesos que havia perdido. Aceitei o dinheiro e a lição e, nunca mais na minha vida joguei cartas a dinheiro.

Carlos Vinhal
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 13:57:25 WEST


(iii) José Botelho Colaço


No Cachil, CCAÇ  557, havia quem jogasse Damas: ganhar um jogo ao capitão Ares era caso raro. Mas como diz o camarada Graça Abreu, também no Cachil por vezes o jogo era interrompido pelo som das costureirinhas do PAIGC a quererem entrar: Não no jogo; mas sim no aquartelamento. 

Abraço Colaço.
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 14:04:44 WEST

(iv) Ernestino Caniço

Enquanto estive em Mansabá (na primeira metade de 1970 ) joguei muitas vezes xadrez com o ex-capitão Carreto Maia, cmdt  da CCAÇ 2403. Os jogos eram no bar de oficiais (preferencialmente junto ao balcão, que era feito de cimento e pedra,  se bem lembro), que obviamente poderia proporcionar alguma "proteção". Não me lembro de quem era o tabuleiro nem a sua origem. Registo que não tinha ar condicionado como na Amura em Bissau.

Abraço,
Ernestino Caniço
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 17:10:16 WEST

 (v) Eduardo Estrela

Jogar à batota na messe?

Nunca o fiz! Somente no abrigo e com muito recato. E,  quando não havia batota, havia xadrez e paciências.

A propósito, mandei pela manhã um mail ao Luís com uma foto dum jogo de xadrez.

Grande abraço
Eduardo Estrela
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 19:17:30 WEST

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 2 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26873: Questões politicamente (in)corretas (59): Porque é que os "turras" jogavam xadrez e os "tugas" não ? (José Belo, Suécia)

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26873: Questões politicamente (in)corretas (59): Porque é que os "turras" jogavam xadrez e os "tugas" não ? (José Belo, Suécia)



PAIGC > Algures numa "barraca" > s/d (c. 1970) > Um partida de xadrez entre Júlio Carvalho ("Julinho") e Valdemar Lopes da Silva,  cabo-verdianos.  Observadores: "Tchifon" e Cláudio Duarte, também cabo-verdianos. A caixa do tabuleiro tem a inscrição "svenska schack" (em sueco, "xadrez sueco")... Uma oferta da Suécia  com amor ao PAIGC...  A foto deve ser c. início dos anos 70. Em primeiro plano, uns óculos de sol e a ponta de uma arma (talvez uma Kalash, russa)

 (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

Fonte: Casa Comum | Instituição:Fundação Mário Soares e Maria Barroso | Pasta: 05222.000.141 | Título: Júlio de Carvalho, Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes | Assunto: Os combatentes cabo-verdianos Júlio de Carvalho [Julinho], Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes [da Silva] jogando xadrez numa base do PAIGC | Data: 1963 - 1973 | Observações: Valdemar Lopes da Silva foi professor no Centro de Instrução Política e Militar (CIPM) do PAIGC, a partir de 1970 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral | Tipo Documental: Fotografias


Citação:
(1963-1973), "Júlio de Carvalho, Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43496 (2025-5-31)

(Reproduzido com a devida vénia...)



1. Comentário do José Belo, o (e)terno régulo da Tabanca da Lapónia de Um Homem Só (oficial do exército dos "tugas", e jurista na Suécia,  reformado):


Data - domingo, 1/06/ 2025, 23:02
 
Assunto - Fronteira cultural ?

Caro Luis

A caixa da fotografia é de facto uma caixa de xadrez de marca muito conhecida na Suécia.

Eram muitos, e diversos, os fornecimentos efectuados pela Suécia ao PAIGC.

Curiosamente, em talvez milhares de fotografias dos Camaradas da Guiné por nós observadas, não existe uma única com um tabuleiro de xadrez.

Matraquilhos, póquer  de
 dados, damas, lerpa, e talvez uma pseudossofisticada partida de bridge no Clube Milar de Santa Luzia em Bissau ou … em resguardados Comandos de Batalhão.

Mas, xadrez? Ficaria para os “turras”? 

Abraço do J. Belo
 
2. Comentário do editor LG:

Zé Belo, boa pergunta, melhor observação (**)... "Fronteira cultural ?"...

Eu sei que o xadrez era cultivado na Suécia com grande entusiasmo ... Na guerra, nos sítios por onde passei, não me lembro de facto de ver um tabuleiro de xadrez... Mas isso não faz ciência... O mais vulgar eram os jogos de cartas, a "vermelhinha", a lerpa, a sueca, o king, talvez o bridge... 

Nunca gostei de jogar cartas... Alegava sempre que era daltónico, não sabia distinguir as copas das espadas...Também não me lembro de ver tabuleiros de damas nos nossos quartéis... (O meu pai, que era um excelente jogador de damas, aprendeu em Cabo Verde, quando lá foi  "expedicionário", em 1941/43)...

O Movimento Nacional Feminino podia oferecer um tabuleiro (de xadrez, de damas)... Se calhar nunca ninguém pediu à Cilinha (*)...Não sei se Salazar gostava de xadrez...Sei que gostava da Cilinha... E a Cilinha gostava de nós... E nós gostávamos da Guiné... Estivemos lá 13 anos, em pré-guerra e em guerra. E continuamos a gostar:  a prova é este blogue que já fez 21 anos em 23 de abril passado...

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26702: Boas amêndoas e melhores Páscoas de 2025 - Parte I (José Belo, Key West, Florida, EUA / Luís Graça, Tabanca de Candoz)





Fotos: Joseph Belo (2025)




1. Mensagem de Joseph Belo (Key West, Florida, EUA)


Data - 18 abr 2025 16:30

Assunto - Páscoas Felizes  

Para ti e restantes Camaradas da Guiné os Votos de Páscoa Feliz com uma receita de folar do "deep south" dos States, o Sul profundo dos EUA.

Um abraço de despedida do J. Belo.

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, José. Já estávamos com saudades tuas. Ainda bem que temos a Páscoa e o Natal para trocarmos  uns brindes. Estou em Candoz, Marco de Canaveses (a terra onde nasceu a Carmen Miranda,em 1909, tendo morrido em 1955, em Beverly Hiils, Califórnia). 

Além do famoso anho assado com arroz de foro, come-se o "pão-de-ló", húmido, feito só com ovos caseiros... É uma das especialidades dos Doces do Freixo - Casa dos Lenteirões, cuja origem remonta a 1819... 

Troco galhardetes contigo. É um "cheirinho" da tua terra, natal, Pátria, Mátria, Fátria... E da nossa Tabanca Grande. Espero que não hibernes agora mais seis meses...Com os ursos de pé de guerra na Gronelândia, até os da Lapónia já sairam do buraco. Nós, por cá, não temos desses, mas temos outros. Cuida-te...Que eu já mandei o meu velho camuflado da Guiné para a lavandaria...


Típico pão-de-ló da Páscoa, Doces do Freixo - Casa dos Lenteirões, Marco de Canaveses...

Foto: Luís Graça (2025)

quarta-feira, 19 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26597: Manuscrito(s) (Luís Graça) (267): No dia do pai... Aos nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas... a quem nunca tratámos por tu



Luís Graça, Quinta de Candoz (2011)



Gâmbia > Bathurst > 1953 > Comemorações da entronização da Rainha Isabel II, de Inglaterra (n. 1926) > Foto da seleção de futebol da Província Portuguesa da Guiné:

(i) De pé, da esquerda para a direita, Antero Bubu (Sport Bissau e Benfica; capitão), Douglas (Sport Bissau e Benfica), Armando Lopes (assinalado a vermelho,  pai do nosso amigo Nelson Herbert) (UDIB), Theca (Sport Bissau e Benfica), Epifânio (UDIB) e Nanduco (UDIB); 

(ii) de joelhos, também da esquerda para a direita: Mário Silva (Sport Bissau e Benfica), Miguel Pérola (Sporting Club de Bissau), Júlio Almeida (UDIB), Emílio Sinais (Sport Bissau e Benfica, Joãozinho Burgo ( Sport Bissau e Benfica) e João Coronel (Sport Bissau e Benfica).

No 1º jogo, a seleção da Guiné ganhou à seleção da Gâmbia por 2-0, com golos de Joãozinho Burgo (falecido há 6 anos em Portugal 22/1/2019); no 2º jogo, as duas seleções empataram 2-2 (com golos, pela Guiné, de Mário Silva e Joãozinho Burgo). Antiga colónia inglesa, a Gâmbia acederá à independência em 1965.

Legenda de João Burgo Correia Tavares: vd. livro Norberto Tavares de Carvalho - "De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita", Porto, edição de autor, 2011, p. 4

Armando Lopes (também conhecido como o "Búfalo Bill") fez o seu serviço militar no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, em 1943, na altura em que também lá estava, como expedicionário, o meu pai, meu velho e meu camarada, Luís Henriques; ambos nasceram em 1920 e,  naturalmenmte, já faleceram os dois, o meu, em 2012, o pai do Nelson Herbert,  em 2018. Ambos tinham igualmente uma paixão pelo futebol... 

Foto: © Armando Lopes / Nelson Herbert (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º Cabo n.º 816/42/5, da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI. 23... Tem a data de 18 de Outubro de 1943 e na legenda refere ser "recordação de S. Vicente"                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra de Lume > 1º Batalhão Expedicionário do RI 11  (Setúbal) > 1ª
Companhia > 1942 > 
 pai do nosso camarada Augusto Silva Santos.


Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]







Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques " [, 1º cabo inf, 3º Companhia, 1º Batalhão, RI 5, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 1941/43, entretanto integrado no RI 23]. Nasceu (1920) e morreu (2012) na Lourinhã.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 >  c. 1941/44 > RI 23 >  O sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988), 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, que partiu para Cabo Verde no T/T Mouzinho em 18/7/1941, juntamente com o Luís Henriques (ambos eram do mesmo regimento e batalhão). Esteve lá dois anos anos e dez meses.



Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Os nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas... teriam mais de 100 anos, se fossem vivos... No Dia do Pai, dá-me uma saudade danada... 

Lembremo-nos deles... Tal como os nossos filhos se lembram de nós, agora tratando-nos por tu:

 "Obrigado, pai, por tudo o que me tens dado (...). Gosto muito de ti e quero-te cá por muitos mais anos. A tua inteligência, empatia e  jogo de cintura, quero levá-los sempre comigo" (...). 

Escreveu o meu filho no dia de hoje. Espero que vocês, camaradas,  também tenham recebido palavras bonitas como estas... Nêm têm que ser verdadeiras, apenas bonitas. E sobretudo reveladoras da gratidão filial. Para eles, seremos sempre os melhores pais do mundo... Eu gosto que eles me tratem por tu... Desde sempre.


Tuteio ou tratamento por tu

por Luís Graça

Aos nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas...


Fiquei com pena da fräulein Tina Kramer, antropóloga,
entretanto entronizada como  nossa tabanqueira,
a quem, chegada da austera e luterana Germânia,
lhe impuseram o tratamento por tu,
como se fora uma praxe de gangue.

Depois desta receção da Tabanca Grande,
ela deve ter ficado confusa, quiçá perturbada e até intimidada,
ao pensar que os camaradas da Guiné,
antigos combatentes,
são todos uma cambada de velhos malucos
a quem saltou a caixa dos pirolitos...

"Portugueses, pocos, pero locos"
(diria ela se fosse uma altiva castelhana,
daquelas que vinham casar com príncipes portugueses,
futuros donos de Portugal, dos Algarves e de além-mar em África,
na mira de acertar em cheio no jackpot)...

Tu próprio detestavas a palavra fräulein,
nunca trataste nenhuma colega ou amiga alemã por fräulein...
Podes a estar a ser injusto, mas tem, para ti, 
uma conotação pejorativa, prussiana, militarista...
Como teria se tu a tratasses por menina Tina Kramer,
como nos bons velhos tempos do Portugal dos nossos pais e avós
Ao menos, tratemo-la, não por miss (cheira-te a babydoll)
mas por bajuda,
que é mais doce, mais crioulo, mais luso-tropical…


E tu Zé Belo, luso-lapão, agora "amaricano",
sujeito a ser deportado pelo Tio Sam,
tuga da diáspora outrora na terra 
onde o cidadão tratava o cidadão por tu....
bem sabes que não foi preciso fazermos uma revolução
à moda dos sovietes de Petrogrado,
nem do Grande Irmão Urso Sueco,
nem dos Camaradas (salvo seja!) do PAIGC, do MPLA ou da FRELIMO...
(Lembram-se das milhares de anedotas
que se contavam do camarada, salvo seja!, Machel,
e da sua mania de reeducar e recuperar o diabo branco colonialista
com o trabalho manual na machamba?!)...

Com o 25 de Abril,
a distância social e afetiva,
a começar na família, entre pais e filhos,
foi encurtada,
e o tratamento por tu impôs-se sem ser por decreto...

Com tanta naturalidade (ou só aparente ?)
que a gente nem sequer se questiona hoje
sobre o quando, o como e  o porquê...
(Alguns questionam-se, e têm toda a liberdade para o fazer,
viva a liberdade que só pode ser livre.)

Em contrapartida, foi retomado
(ou nem sequer foi interrompido)
o tratamento, tradicional,
aparentemente mais distante e formal, de você,
de pais para filhos,
de esposa para esposo,
em certas famílias,
em certos meios sociais
(que tu não vais adjectivar,
porque não gostas de adjetivar os outros,
e fazes um esforço por respeitar todas as diferenças,
mesmo as mais difíceis de engolir).

O tecido social é isso mesmo,
é um pano, de trapos, de linho, de algodão, de serapilheira, de seda,
que se puxa conforme o frio, as pernas e as mãos,
as chagas, as misérias e as grandezas de cada um…

Os nossos filhos, pelo menos os teus, tratam-nos por tu,
mas tu tratavas os teus pais à moda antiga...
quando eles ainda eram vivos.
Ainda eras do tempo do respeitinho-que-era-muito-bonito!

Há algum mal nisso,
nessa coisa dos filhos tratarem agora os pais por tu ?
São apenas mudanças de paradigma
na convivialidade sociofamiliar,
diria o sociólogo de serviço, que já não há,
descartado pela mãe de todas as crises...

Tu, o Hélder Sousa, o Nelson Herbert,
o Luís Días, o Augusto Silva Santos,
foram capazes de tratar os vossos velhos,
o Luís Henriques  (1920-2012),
o Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001),
o Armando Lopes (1920-2018),
Porfírio Dias (1919-1988),
o Feliciano Delfim Santos (1922-1989),
veteranos da II Guerra Mundial,
expedicionários em Cabo Verde,
com a ternura da expressão
“Meu pai, meu velho, meu camarada”

Liberdades ou libertinagens bloguísticas, 
dirão os sisudos dos  críticos…
Daqui a uns anos
(esperas bem que não, cruzes canhoto!...)
voltaremos a tratar-nos com distância e reverência,
quiçá por Vossa Senhoria,
meu fidalgo, meu amo,
como no tempo da(s) outra(s) senhora(s)…

Tu sabes que o tratamento por tu,
republicano, económico, frugal, com duas letrinhas apenas,
o tratamento à romana na Tabanca Grande,
nem sempre era fácil nem natural, em 2004/2005,
quando começámos a blogar
para mais num país, ainda bastante estratificado,
em que se continuava a usar e a abusar dos títulos,
nomeadamente no Estado, nas empresas e demais organizações,
onde o trabalho era pouco e a distância grande,
tão grande como a rede clientelar:
senhor presidente, senhor doutor, senhor engenheiro, senhor prior...

Nunca foi nem o é ainda hoje:
tiveste a prova disso, há uns anos atrás
,
numa das memoráveis quartas feiras
do almoço semanal da 
Tabanca de Matosinhos,
quando cumprimentaste um a um a meia centena de convivas...
Boa parte, já teus velhos conhecidos e amigos...
mas ainda havia gente que se retraía,
invocando a educação que tiveram,
o desconhecimento do outro,
a falta de intimidade e de convívio,
a distância física (sempre são 300 km entre Lisboa,
a capital do reino,
onde o Paço tem Terreiro,
e o Porto é a capital do trabalho,
onde o povo tem o São João e o alho porro)...

Quando impuseste  (passe o termo...)
o tratamento por tu no blogue,
entre camaradas da Guiné,
quiseste  deliberadamente fazer o curto-circuito
entre as distâncias militares, hierárquicas, do passado
e as eventuais distâncias sociais e profissionais, do presente...
Hoje consideras uma honra poder ser tratado por tu
por um camarada da Guiné,
independentemente do antigo posto,
da idade, da naturalidade, da nacionalidade, da cor da pele,
ou da atual posição na sociedade portuguesa...
E vice versa:
consideras um privilégio poder tratar por tu
um homem ou uma mulher
que aceitam os valores e as regras do jogo do nosso blogue...

Há sobretudo uma cumplicidade (saudável) entre nós,
que não seria possível se aqui, no blogue
e nos convívios da Tabanca Grande,
e das demais tabancas que entretanto foram aparecendo,
se a gente continuasse a tratar-se 
como em casa, na escola, na tropa, no parlamento:
"Sua benção, meu pai, meu amo...
"Dá-me licença, vossa senhoria, meu capitão ?...
"Como vai, senhor Doutor ?...
"Vossa Excelência, senhor engenheiro,
permite-me que eu discorde da sua douta opinião ?
"O meu furriel é que sabe,
mas o vagomestre é que dormia com a mulher… do Baldé
quando o Baldé ia para a Ponte do Rio Udunduma...
"E, você, nosso instruendo, ó sua besta quadrada,
não sabe que a Pátria é hermafrodita,
é pai e mãe ?
"Ó meu tenente,
é mais do que isso, é Pátria, é Mátria, é Frátia!"...

Para que o tu continue a escrever-se com duas letrinhas apenas,
o tu de pai, de tuga, portuga, 
irmão, cidadão…
o tu de companheiro, camarada, amigo, 
O tu do abraço, do alfabravo, do quebra-costelas,
o tu de Tango Uniform...
e não se torne o tu
de intumescência, da tumefacção, 
da turbulência, da estupidez, da intolerância…
nestes dias de Charlie Romeo India Sierra Echo,
da CRISE que continua dentro de momentos...

 ©  Luís Graça (2012). (**)

Revisto em 19/3/2025, dia do Pai...
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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26460: Humor de caserna (100): A piçada do general: "Ó nosso alferes, qual bicha, qual carapuça!... Saiba que no exército português não há bichas e muito menos de pirilau!"... (disse ele para o ten mil José Belo, sendo o 1º cabo mil Carlos Silvério testemunha)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > S/l > s/d > Progressão em coluna apeada, "coluna por um",  "fila indiana" "bicha de pirilau"...

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



A 'piçada' do general

por Carlos Silvério


 Quando o 1º cabo miliciano atirador de cavalaria Carlos Silvério (hoje nosso grão-tabanqueiro nº  783) passou pelo RI 5, Caldas da Rainha, como monitor de recruta do CSM (Curso de Sargentos Milicianos), entre setembro e dezembro 1970 (4º turno), lembra-se de ter conhecido o José Belo, então alferes ou tenente miliciano,  acabado de regressar da Guiné...


Carlos Silvério, ex-fur mil at cav,
 
CCAV 3378 (Olossato e Brá, 1971/73);
vive hoje na Lourinhã
Um belo dia apareceu lá um senhor general que quis certificar-se da excelência da formação dada aos futuros sargentos milicianos... E fez questão de supervisar (do latim, "supervidere", ver de cima...)  uma das aulas práticas dadas pelo instrutor José Belo... 

Às tantas, falando da sua experiência como combatente no TO Guiné, em 1968/70, o instrutor usou a expressão "bicha-de-pirilau"...

Parece que o general ficou "piurso", saltou-lhe a mola e deu uma valente reprimenda ("piçada") ao oficial, à frente dos instruendos (o que, como é sabido, não é regulamentar nem elegante):

- Ó nosso alferes, qual bicha, qual carapuça!... Saiba que no exército português não há bichas e muito menos de pirilau!... Os nossos militares, aqui na metrópole ou nos teatros de operações do Ultramar, na Guiné, em Angola ou em Moçambique, andam  em coluna por um !... Ponha isso no seu dicionário!...

O Carlos ficou sem perceber  por que é que o senhor general foi aos arames com a expressão "bicha-de-pirilau"... Seria uma reacção... h
omofóbica?...

Afinal, "pirilau",  no português (informal) de Portugal, é sinónimo de órgão sexual masculino, pénis, pilinha, piloca. (Os brasileiros dizem bilau)...


José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381,
Ingoré, Buba, Aldeia Formosa,
Mampatá e Empada, 1968/70;
vive hoje nos EUA
Já o termo "bicha" começa por referir-se ou estar associado a qualquer objecto que, pelo seu feitio ou movimento sinuoso, dá ideia de um réptil, e por extensão, qualquer animal de corpo comprido e sem pernas (como a minhoca, por exemplo).... 

 Na linguagem informal é usado para designar uma fila (ou fileira) de pessoas, umas atrás das outras, em geral esperando a sua vez de serem atendidas, para obter um bem ou serviço, etc. (por ex., a bicha do pão, das vacinas, do trânsito)...

"Bicha-de-pirilau" é uma expressão que, infelizmente, ainda não está grafada pelos nossos lexicógrafos, muito cautelosos e conservadores. Tal como, aliás,  a correspondente  expressão técnica ("jargão") usada pela tropa : "coluna por um" refere-se  à formação de uma tropa, em que os elementos (que podem ser homens ou viaturas) são colocados um atrás do outro, seguidamente, guardando entre si uma distância regulamentar.   (Mas também  há colunas por dois, por três, etc.)

A expressão "bicha-de-pirilau" era corrente na Guiné, tal como "fila indiana" (originalmente, o modo como os índios da América progrediam  no seu território, em situações de caça, patrulha ou guerra).

A história tem a sua piada, sobretudo pela reação intempesttiva do senhor general inspetor, de ouvido mais sensível ou então demasiado purista da língua portuguesa e/ou do jargão militar.

(Recolha, revisão / fixação de texto: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20668: Em bom português nos entendemos (25): Bicha de pirilau... Expressão da gíria militar do nosso tempo, ainda não grafada nos dicionários... Será que continua a incomodar o senhor general?

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26458: (In)citações (261): Guiné que foi vossa/nossa, mas que hoje, sendo vossa/vossa, é bem mais nossa do que antes (José Belo, Estocolomo, setembro de 1981)





José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampaté e Empada,
1968/70); cap inf ref, "capitão de Abril"; jurista, autor da série "Da Suécia com Saudade" (de que se publicaram 90 postes); vive na Suécia há mais de 4 décadas e,  mais recentemente, nos EUA; membro da Tabanca Grande desde 2007; régulo da Tabanca da Lapónia; tem 260 referências no nosso blogue; faz hoje anos (*).
 

Um hino à Guiné que nós conhecemos

por José Belo (**)


- Guiné!, ... dos pântanos, das bolanhas, dos mosquitos e das febres.

- Guiné!, ...  da mata onde havia momentos em que todos os ruídos paravam. Não se afastavam ou diminuíam, antes tudo se calava abruptamente, como se os seres vivos tivessem recebido uma ordem. Ouviam-se então coisas impossíveis.... O soprar húmido do vento, o suor dos nossos camuflados, a atividade frenética dos insetos, e mesmo, o batimento do nosso coracão.

- Guiné!, ... dos escravos, das revoltas nativas, das muralhas do Cacheu, que lá estavam quando cheguei, e lá ficaram ao partir.

- Guiné!, ... dos Fulas, dos Mandingas, noites de luar, falando dos avós dos avós, de outros chãos onde nunca houvera fome, dos pastores que no céu escuro guardam os milhões de estrelas.

- Guiné!, ... dos Balantas, símbolo pujante da Africa que luta, que trabalha o seu chão, mas que também se sabe divertir. (Ah, velha aguardente de cana!)

- Guiné!, ... dos Biafadas, dos Nalus, dos Papéis, dos guerreiros Felupes bebendo vinho de palma pelo crânio dos inimigos vencidos.

- Guiné!, ... do matriarcado Bijagó.

- Guiné!, ... de Bubaque... miragem de guerra!

- Guiné!, ... da praia de Varela, copacabana sem casas, sem gente, mas na qual num dia solarengo do princípio dos anos sessenta, Brigitte Bardot (pasme-se!) tomou um bom banho de mar.

- Guiné!, ... das bajudas de mama firmada, lavadeiras de tantas lamas e,  porque não?, também de algumas águas bem cristalinas

- Guiné!, ... de Bissau, vilória perdida. Cidade feita de... avenida única....pouco mais! Da cerveja gelada, das ostras grelhadas com molho picante, dos mininos vendendo mancarra em coloridos alguidares de esmalte. Das tascas, dos restaurantes (?)que serviam gostoso chabéu que o Joaosssssinho Manjaco tão bem preparava!

... Bissau das muralhas do Forte da Amura. Lembrança constante de um...estar pelas armas!

... Bissau da piscina em Clube de Oficiais, mas também Bissau do Hospital Militar.

... Bissau,  os minutos que valiam oiro... roubados à morte que esperava no mato!

- Guiné!, ... da violência, da guerra tribal... dividir para governar!

- Guiné, ... do Comando Africano, jovem herói, usado e abusado, para matar os seus em guerras não suas.

- Guiné!, ...  de Amílcar Cabral, que, com humildade, soube ouvir os gritos de um Povo.

- Guiné!, ...  onde General destemido tentava tapar com mãos nuas os buracos nos diques, pretensiosamente levantados aos maremotos da História. Saberia ele? Saberíamos nós?... quando o víamos chegar aos locais mais perigosos da luta, visitar, interessado, os feridos, que olhávamos o... último dos Comandantes de Africa, num Portugal que jamais seria o mesmo?

- Guiné!, ... onde o Império acabou por ruir!

- Guiné!, .... de um círculo. Dos amigos. Dos inimigos. Dos amigos inimigos. E, mais tarde, dos inimigos amigos!

- Guiné!, ... de muitas e tão duras lições!

- Guiné!, ... do lendário comandante Nino, temido chefe guerrilheiro, que, depois de Presidente, coloca os seus filhos em colégio... do Porto!

- Guiné!, ... terra vermelha de argila e sangue! Da estrada de Buba a Aldeia Formosa, de Aldeia Formosa a Gandembel.

... Terra que abraçámos com violência, quando contra ela nos comprimíamos em chão de emboscadas!

... Terra que comungámos no pó e saliva que nos enchia a boca em rebentamentos de minas!

... Terra regada com tantas lágrimas de saudade, de dramas pessoais, de frustrações e de dor... a juntarem-se às vossas... de povo africano mártir!

- Guiné!, .... de Mampatá, tabanca perdida na selva, onde, tão longe de tudo e de todos, acabámos por... nos encontrar!

- Guiné que foi vossa/nossa, mas que hoje sendo vossa/vossa, é bem mais nossa do que antes.

Um "Maioral", José Belo.

Estocolmo, Setembro de 1981 (***)

(Revisão / fixação de texto: LG)

Guiné 61/74 - P26457: Parabéns a você (2347): Capitão Inf Ref José Belo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2381 (Os Maiorais) (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)

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Nota do editor

Último post da série de 29 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26437: Parabéns a você (2346): Luís Graça, Fundador, Administrador e Editor deste Blogue, ex-Fur Mil API da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Vírgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM da CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e S. Domingos, 1967/69)

sábado, 4 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26344: O nosso blogue em números (101): a nossa pequena Guiné-Bissau ficou, em 2024, no 10º lugar dos países que mais nos visitam...



Figura 1 - Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,  2024 (n=1,2 milhões):   distribuição do número de  visualizações de páginas por país.  Portugal aparece em 1º lugar, com 25,3 % do t0tal, seguido dos EUA (18,8%)...Em 10º lugar, vem a nossa pequena Guiné-Bissau (0,8%), à frente de países europeus como a França, a Suécia, o Reino Unido, a Espanha...

Fonte: Blogger (2024)



Figura n º 2 - 
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,  de 2010 a 2024 (n=14 milhões): Mapa-múndi com a distribuição do número de  visualizações de páginas. Embora muito pouco percetível, há um pontinho nos Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné-Bissau...

Fonte: Blogger (2024)




Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)




1. Em 2024, a nossa pequena Guiné-Bissau  era o 10º país com maior de visualiações de páginas do nosso blogue (n=9,25 mil visualizações).

Apraz-nos registar que a Guiné-Bissau, em 2023, com 7,4 mil visualizações  (1,1%),  vinha em 12.º lugar, na lista dos países onde tínhamos leitores ou visitantes.

Temos, naturalmemnte, Portugal em 1.º lugar, mas a perder peso relativo, em relação aos anos anteriores: 219 mil visualizações em 2023, menos de 1/3; 303 mil em 2024, representando apenas um 1/4 do total (1,2 milhões).

Na lista dos "vinte mais" (ou "top 20"), não há, em 2024, mais nenhum país lusófono para além de Portugal, Brasil e Guiné-Bissau (representam 28,6%, menos seis pontos percentuais do que no ano anterior)...

Em todo o caso temos que admitir que o nosso público leitor, lusófono, é mais vasto, havendo camaradas nossos um pouco por toda a parte, na diáspora, dos EUA à Europa... (embora isso seja menos provável nos países asiáticos).
 
Suécia volta a ficar num modesto 12.º lugar...o que se pode explicar pela saída, para os States, do nosso querido José Belo e as suas renas...

A única consolação, para o nosso régulo da Tabanca da Lapónia, é que a Suécia continua em 6.º lugar, à frente do Reino Unido, Hong Kong, Singapura e.... Rússia,  quando se analisam os dados relativos ao total acumulado de visualizações, por país, desde maio de 2010 até ao final de 2024 (n=14 milhões). À sua frente, vêm Portugal, EUA, Brasil, Alemanha e França (Figura 2). 
 

(Continua)
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Nota do editor LG:

Último poste da série > 3 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26340: O nosso blogue em números (100): cerca de 1,2 milhões de visualizações páginas em 2024 (da parte de 4,76 mil visitantes)

sábado, 21 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26297: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (9): ...God Jul Och Gott Nytt År ...para os amigos e camaradas (José Belo, "Lappland near Key West")


Votos de Feliz Natal e Bom Novo Ano para Amigos e Camaradas com um abraço do J.Belo (*)



Captain Joseph Belo

O luso-sueco José Belo (com  257 referências no nosso blogue, membro da Tabanca Grande desde 8 de março de 2009): foi alf mil inf da CCAÇ 2381, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, é capitão do exército português reformado (poderia ser hoje coronel, se tivesse lutado pelo seu direito à reconstituição da carreira militar); hoje jurista, com família sueca, vive na Suécia (e cada vez mais nos States) há mais de 4 décadas; autor, entre outras, da série "Da Suécia com saudade".



1. Mesmo longe  (se bem que, quase sempre, ao alcance de um clique...), o José Belo não se esquecu de nós... Ele tem andado retirado. desde há um ano e tal (mais exatamente desde 16/9/2023) , das nossas lides bloguísticas...Luso-lapão, aprendeu a "hibernar", o que é uma boa técnica de sobrevivência de alguns mamíferos como o urso...

Há dias (no princípio deste mês), escrevi-lhe reencaminhando um pedido de um jornalista (cujo nome omito, por razões de privacidade) que estava a escrever um artigo sobre " a curiosa e pouco explorada história de António da Cunha Sotto Maior, um diplomata português que viveu os últimos 30 anos do século XIX em Estocolmo, como encarregado de negócios/embaixador"...

Na sua pesquisa sobre este exótico "tuga", o jornalista  cruzou-se me com um texto editado no nosso blogue  (https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/02/guine-6174-p21917-da-suecia-com-saudade.html) que "conta parte desta história, da autoria de José Belo, cujo contacto não consegui encontrar".

2. Mandei ao José Belo uma curta, telegráfica mensagem, dando-lhe conhceimento do interesse do jornalista português: 

"José: O que é feito de ti ? Estamos sem notícias tuas há meses/anos/séculos...Achas que podes responder a este pedido do jornalista J...?...

"E diz-nos que está tudo mais ou menos bem contigo... Saudinha. Um alfabravo, Luis".

3. Respondeu-me de imediato, no dia 3, às 08:15

"Caro Luís

Como se diz nos States…'No News is Good News!'  (**)

Com o centro de gravidade cada vez mais situado no extremo sul dos Estados Unidos,  outras prioridades vão-se esbatendo.

Para verdadeiramente se ler 'O Livro',  há que voltar as páginas e, não menos, encerrarem-se capítulos.

Quanto ao e-mail recebido,  em nada mais poderei contribuir para o trabalho do sr.Jornalista.

Alguns “dizia-se”,”julgava-se”, "pensava-se”, que em nada dão garantias de poder-se assinar por de baixo.

Será talvez importante ,por bem definir a maneira de estar de Souto Maior, o 'dito' por ele frequentemente usado: 'A vida mais não é que uma loucura e……as loucuras dançam-se !'

Com votos de boa saúde um grande abraço do J.Belo."


3. Comentário do editor LG:

God jul och gott nytt år!... Que bom ver-te por cá, Zé Belo, no nosso "presépio". Acredita que já tínhamos saudades tuas. 

Como prometido, aqui tens o teu "cartanito" de Boas Festas na montra grande do blogue... 

Vejo que te tornaste ainda mais sábio nos States, agora entregues a uma perigosa parelha.... a do mata-e-esfola.

 Obrigado por partilhares, com os teus amigos e camaradas, o teu "Livro".  Que só deve voltar ao pó da estante quando escreveres "The End"... O último capítulo faz tudo para as calendas gregas... Mas a gente quer-te desejar saúde e longa vida, para ti e para tod0s nós, que merecemos tudo, e não só aquilo que Deus dá ao justo e ao pecador...

Uma lição de vida, camarada (e bom amigo), afinal há duas coisas que nunca perdeste, nem o teu  humor de queirosiano de "estrangeirado",  nem o teu Norte, mesmo que agora vivas mais longe... do outrora teu vizinho Pai Natal, o mesmo é dizer, das tuas renas e da tua "tabanca". Luís
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(**) Uma boa notícia é não haver notícias... (que nas notícias más correm céleres).