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sábado, 6 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22694: Os nossos seres, saberes e lazeres (475): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (23): No Palácio Almada recomeçou a independência de Portugal (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Outubro de 2021:

Queridos amigos,
Menino e moço acompanhei a minha mãe a estas instalações para comprar fardamento da Mocidade Portuguesa, a instituição tinha igualmente um serviço de solidariedade para livros de estudo. A pandemia tem dificultado uma vida intensa de conferências e até apresentação de livros, está agora em curso a retoma, com o desconfinamento. Tenho beneficiado do alfarrabista nos baixos do Palácio e não descuro trazer ao seu interior amigos de vários procedências que se maravilham com a magnificência do interior, os vestígios do palácio quinhentista e a narrativa dos conjurados que daqui partiram no dia da Restauração. O Palácio dos Condes de Almada ganha pela localização, teve à sua beira o Hospital de Todos-os-Santos, em frente, a Igreja de S. Domingos, a dos casamentos reais, saíam os sentenciados da Inquisição, para cima temos o Convento da Encarnação e a Calçada de Santana, com os seus mistérios, ali teria vivido e morrido Camões e num beco viveu uma criança chamada Amália Rodrigues. A Sociedade Histórica da Independência de Portugal tem tido um papel vigoroso na cultura portuguesa, e a Comissão Portuguesa da História Militar aparece associada a apoios à investigação e ao estudo da nossa multissecular história militar, com os limitados meios de que dispõe.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (23):
No Palácio Almada recomeçou a independência de Portugal


Mário Beja Santos

Fazia parte do ensino obrigatório, a exaltação da conjura de aristocratas que se reuniram no Palácio Almada e daqui partiram para o Terreiro de Paço, em 1 de dezembro de 1640, para derrubar a monarquia dual, como aconteceu, e os jovens filiados na Mocidade Portuguesa celebravam o feito na Praça dos Restauradores, ao som de um hino com letra de Mário Beirão.

Chama-se Palácio dos Condes de Almada ou Palácio da Independência, foi adquirido pela colónia portuguesa do Brasil em 1940, fizeram-se alterações, uma delas é bem patente nos baixos, hoje a estas arcadas correspondem vários estabelecimentos, no passado houve para aqui comes e bebes e até loja de mercearia. É um edifício seiscentista, remodelado no século XVIII. Da construção quinhentista subsistem duas enormes chaminés e dois portais no patamar da escadaria que conduz ao andar nobre. Entre outras coisas, nos tempos recentes, foi sede da Mocidade Portuguesa, aqui funcionou a Associação dos Deficientes das Forças Armadas, funcionam hoje neste amplo espaço a Sociedade Histórica da Independência de Portugal e a Comissão Portuguesa da História Militar. Por razões diversas, merece a nossa visita: para visitar um dos locais onde os conjurados se reuniram, particularmente a partir do mês de outubro de 1640; é admirável o espaço do pavilhão de que restam vestígios, há lá uma fonte quinhentista, os painéis dos azulejos mostram deterioração; e espanta o visitante a proximidade do Palácio à Muralha Fernandina.

Há um ponto dos baixos do Palácio onde faço constante peregrinação, é um alfarrabista onde adquiri um livro de um poeta popular intitulado "Missão Cumprida", alguém que combateu na Guiné entre 1963 e 1965, com base neste terno relato fui construindo o livro a quatro mãos "Nunca Digas Adeus às Armas"; também ali encontrei um outro livro maravilhoso, "Comandante Hussi", a história de uma criança guineense que percorria as linhas da frente durante a guerra civil de 1998-1999 e que tinha saudades da sua bicicleta; e outras coisas que me ajudaram a fazer outros livros ou de puro lazer, é com muito orgulho que aqui se mostram os baixos remodelados em 1940.


Entrada da Rua das Portas de Santo Antão, os baixos do Palácio da Independência
As marcas da atualidade deste monumento nacional

Curiosamente, o Palácio Almada sofreu poucos danos em 1755, deu para recolher alguns doentes que se encontravam na vizinhança, no Hospital de Todos-os-Santos. As instalações serviram para guardar arquivos, para sede do Tribunal da Relação, aqui viveram oficiais do exército inglês no tempo das Invasões Francesas, a família Almada, que apoiava D. Miguel, retira-se para o Alto Minho, tiveram os seus bens confiscados; também aqui viveu Almeida Garrett; e foi emergindo o sentimento patriótico de celebrar o 1.º de Dezembro; neste espaço também houve movimentações no 5 de Outubro de 1910, aqui se pôs quartel, depois a família Almada arrendou o Palácio a vários inquilinos, nessa altura, nos baixos do Palácio funcionava café e mercearia. Naturalmente que todo este património conheceu deterioração, que afetou muitíssimo os azulejos.

E chegou a hora da intervenção da colónia portuguesa do Brasil, logo passou a funcionar a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, vamos ver como há necessidade de fazer muitas obras para suster as inclemências do tempo, impõem-se com caráter de urgência restauros neste primoroso monumento nacional.

Portanto o Palácio situa-se a norte da Igreja de S. Domingos, a nascente liga às Escadinhas da Barroca, a norte termina o espaço dos seus antigos jardins na Muralha Fernandina e a poente dá para a Rua das Portas de Santo Antão. A frontaria principal do Palácio tem uma cortina de gradeamento em semicírculo. A fachada principal é sóbria, com portal seiscentista emoldurado com o brasão de armas dos Almadas e Avranches. A fachada lateral, na Rua das Portas de Santo Antão, tem sete janelas de sacada e é apoiada numa rígida arcaria.


Vestígios do palácio quinhentista são duas portas manuelinas, restauradas e ao fundo foi colocado um alpendre. No corredor da escada de acesso ao pátio superior, assim como à volta da base dos bancos e servindo de rodapé no alpendre, no pátio superior, encontram-se vários azulejos do século XVII em azul e branco. As duas chaminés são magníficas, tem no seu interior funcionado um restaurante (ora encerrado devido à pandemia), temos de um lado os serviços da Sociedade Histórica e do outro o Salão Nobre. A azulejaria é extremamente rica, mesmo no pátio superior, que dá acesso à Comissão Portuguesa de História Militar e ao jardim, azulejaria é coisa que não falta. E é um belíssimo espetáculo ver a Muralha Fernandina e olhar para o Convento da Encarnação. Há mesmo um painel com a reunião dos conjurados: D. Antão de Almada, D. Miguel de Almeida, Francisco de Melo, Pedro de Mendonça e João Pinto Ribeiro.
Uma belíssima imagem da escadaria que dá acesso ao piso superior onde se erguem as duas chaminés, vestígio do palácio quinhentista
Tudo a pedir com urgência intervenção, duas imagens que falam por duas mil palavras
Ao fundo a Muralha Fernandina

Em 1940 foram feitas obras de reintegração, acompanhadas de inúmeras alterações. O pátio principal foi desafogado, desemparedou-se a escadaria do lado direito, ao cimo desta escadaria existiam duas salas cobertas que ligavam o corpo norte ao sul, onde existe o Salão Nobre do Palácio. Hoje mantém-se a escadaria, mas o corpo de ligação é agora um patamar descoberto. O portal duplo do lado esquerdo do pátio não é original do Palácio, tendo sido lá colocado nas obras do século XVIII. Entrando pelo duplo portal, vê-se uma escada interior que ocupa mais do dobro do que é existente no mesmo local, antes de 1940.

Sala do Diretório da Sociedade Histórica da Independência de Portugal
Uma bela fonte sob a vigilância de um anjo
Grande plano da fonte adossada à Muralha Fernandina

Também as quatro janelas grandes do Salão Nobre que comunicam com o interior do pátio são de 1940. O Salão Nobre comportava apenas a janela central e as duas adjacentes da frontaria principal do Palácio. Hoje tem quatro janelas para o Largo de S. Domingos. O seu teto seria de abóbada, bem diferente do atual. Oiço referências ao Museu da Independência, mas não lhe consigo pôr a vista. Será porventura um sonho de difícil concretização, reunir arquivos e documentos da época, obras de arte e de decoração, porventura com ligações aos quarenta conjurados. Mas é tudo especulação, ignoro se há condições para tal museu, o que neste momento é urgente são as obras de restauro, por isso se deixam imagens do reboco em mau estado e azulejos dentro de molduras de humidade, e alguns deles já extraviados.
Que venham obras de consolidação, é um belíssimo palácio e faz parte integrante da nossa História, a regente espanhola foi posta com dono, ter-se-ão seguido os 28 anos mais duros da vida dos portugueses. Para que conste.


Salão Nobre do Palácio

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22672: Os nossos seres, saberes e lazeres (474): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (15) (Mário Beja Santos)

domingo, 26 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17179: Agenda cultural (549): Integrada no 17.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, dia 29 de Março de 2017, pelas 15 horas, apresentação dos livro "Além do Bojador" e "O Malinké", da autoria de Manuel Fialho, editora 100 Luz, no Palácio da Independência, em Lisboa (Manuel Barão da Cunha)

Apresentação de livro no Palácio da Independência
Com a devida vénia a Estados d'Alma

 


Em mensagem do dia 19 de Março de 2017, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, dá-nos notícia da apresentação de mais dois livros no Palácio da Independência, integrada no 17.º Ciclo de Tertúlias Fim do Império.




17.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO LISBOA 

PALÁCIO DA INDEPENDÊNCIA

DIA 29 DE MARÇO DE 2017

"Além do Bojador, Na Guerra de Libertação da Guiné, a História Pré-colonial da África Ocidental". Romance; Ed 100 Luz, 2008, 2.ª ed 2013, do Engenheiro Manuel Ribeiro FIALHO (1942, Moura, manuelfialho@yahoo.com, 962 631 328); 

e

"O Malinké, Na diáspora pós-revolução, o perigo brasileiro e o abismo africano", romance, editor Dr. Carlos Pedro e Superintendente Pedro Teles.

Sobre o autor:
Manuel Mariano Fialho nasceu em 1942, em Moura. É engenheiro mecânico, tendo servido, como alferes miliciano, na Guiné, 1969/71; e trabalhado, posteriormente, no Brasil e com países da África Ocidental, o que lhe permitiu ter experiência para escrever dois excelentes romances sobre esta temática: "Além do Bojador, na guerra de libertação da Guiné, a História pré-colonial da África Ocidental", editora 100 Luz, 2008 e 2013, 507 pp; e "O Malinké, na diáspora pós-revolução, o perigo brasileiro e o abismo africano", editora 100 Luz, 2015, 364 pp, cujo narrador é um franciscano que foi capelão militar.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17161: Agenda cultural (548): Lançamento do 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional, Tomo II - Guiné, Livros I, II e III da obra "Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África", a ter lugar no próximo dia 18 de Abril de 2017, pelas 15h30, no Aquartelamento da Amadora da Academia Militar