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domingo, 2 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26449: As nossas geografias emocionais (38): Sítios em Bissau que faziam parte do no nosso roteiro dos comes & bebes: Restaurante Pelicano, Café Bento, Cervejaria Somar

 


Guiné > Bissau > s/d (c. 1970) > Restaurante Pelicano e vista da marginal (hoje Av 3 de Agosto=... Foto de autor desconhecido, e do domínio público, reproduzida provavelmente de revista de turismo ou brochura de propaganda da província da Guiné Portuguesa. Também podia ser um "postal ilustrado" da época... "Guiné Melhor" remete para a polìtica spinolista (1968/73)... De qualquer modo, a imagem nunca pode ter sido criada em 1960, como diz a Wikidata: o Pelicano foi inaugurado em finais de 1969... Cortesia de Delcampe / Wikidata.

Guiné-Bissau > Bissau > 1996 >  "Pelicano,  Restaurante, Bar, Night Cub"... Um quarto de século depois da sua inauguração (em finais de 1969) já tinha alguns sinais de decadência e degradação... Em 1970 era" o melhor café-esplanada de Bissau", diz o autor da foto, o Humberto Reis, ex-fur mil OE, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... (Ninho de camarão era uma das suas especialidades, mas também as ostras com lima e priripiri; vários militares trabalhavam aqui como empregados de mesa)... O fotógrafo voltou ao "local do crime" em 1996...Fica na marginal (antiga Av Oliveira Salazar, hoje Av 3 de Agosto), no enfiamento do Baluarte da Puana do Forte da Amura, à direita da estátua do Diogo Cão (que foi derrubada).

(Foto "capturada", sem menção de autor, pela página do Facebook da Society for Promotion of Guinea-Bissau, uma ONG, com sede emBissau, mas de origem brasileira.)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Bissau > s/d >  "Pelicano" > Foto de autor desconhecido, reproduzida na página do Facebook da Society for Promotion of Guinea-Bissau (criada em 2018) (as fotos capturadas por esta página não tem menção de autor, o que é n0 mínimo estranho).

Vd. aqui a localização exata do Restaurante Pelicano (na Mapcarta)

Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República, rebatizada  em 1975) >   2001 >  À esquerda a Pensão D. Berta ou Pensão Central... A saudosa Berta de Oliveira Bento, cabo-verdiana radicada na Guiné Bissau há várias décadas, faleceu  em 2012, aos 88 anos. Não deixou filhos, mas tinha muitos amigos. O edifício ficava a seguir à Catedral de Bissau, do lado esquerdo de quem desce, da antiga Praça do Império até ao Geba... 

Guiné-Bissau > Bissau > 2001>  Bomba da GALP... Era aqui o antigo Café Bento ou a famosa 5ª Rep do nosso  tempo..  Ficava na esquina da Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana, com a Av da República (hoje Av Amílcar Cabral). O posto de combustível da GALP era então único na Bissau Velha. A sede da delegação da RTP África também ficava aqui perto.

O Café Bento era um dos nossos locais de convívio preferidos. Tantos os gajos da PIDE como do PAIGC tinham lá os seus "ouvidos" (informadores)... Curiosamente, era um bom alvo para um ataque terrorista... o que nunca chegou felizmente  a acontecer (por medo ou bom senso do IN).


 Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Praceta junto ao Forte da Amura (construção militar setecentista), por detrás do Zé da Amura, que ficava na rua Capitão Barata Feio (hoje, Rua 24 de Setembro)... Confunde-se, ainda hoje,  o Zé da Amura com o Café Bento (que ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana).

Fotos (e legendas): © David Guimarães (2001). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Bissau > Café Bento > c. setembro de 1972 >  
Foto tirada na esplanada do café Bento, local de encontro não só para quem prestava serviço na cidade, mas também para muitos que pelas mais variadas razões passavam por Bissau

Era cerca de meia noite quando a foto foi tirada, estávamos todos muito animados… Os três que estão trajados à civil não eram da minha aldeia, Moleanos, com o posto de primeiro sargento enfermeiro prestavam serviço no hospital militar de Bissau. O que está com o copo na mão era nosso vizinho, de Alcobaça, o primeiro sargento Canha.

Dos que estávamos com farda militar, o do centro era eu, Jerónimo, a primeira vez que vim de férias, o  outro, a seguir ao Canha,  era o Inácio (António Ferreira da Silva Inácio, pertencia à polícia militar, o único da nossa aldeia que passou todo o tempo de comissão em Bissau); e o último da direita era o Faustino (José Fernando Pimenta Faustino, de seu nome completo, assentou praça em em agosto, era soldado condutor auto, embarcou, em rendição individual, para a Guiné em 12 de março de 1971, no navio Uíge; esteve seis meses em Teixeira Pinto, CAOP 1, o resto da comissão foi passado em Bissau; veio uma vez de férias à metrópole; regressou por via aérea a de fevereiro de 1973).

Foto do álbum do António Eduardo Jerónimo Ferreira, (Évora de Alcobaça, Alcobaça, 15 de maio de 1950- Moleanos, Alcobaça, 19 de outubro de 2023) (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Cobumba e Bissau, 1972/74) 

Foto (e legenda): © António Eduardo Ferreira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > Novembro de 1968 > Avenida do Império e ao cimo o Palácio do Governador. Foto tirada perto do café Bento (?)...


Guiné > Bissau > Abril de 1968  > O Virgílio Teixeira, "na esplanada do  café  Bento, o  sítio mais emblemático da cidade"...



Guiné > Bissau > Junho de 1968 > "No café Bento – a 5ª Rep – com mais alguns camaradas numa noite quente e húmida. Sou o segundo a contar da direita, de óculos escuros, a acender um cigarro".

Fotos do álbum  do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69);

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guine > Bissau > s/d (c. 1969) > "Eu e o Valdemar, salvo erro na Solmar, em Bissau"... Foto do Abílio Duarte (x-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); faz parte da Tabanca Grande desde 27/8/2010; tem mais de 7 dezenas de referências no blogue; está reformado como bancário do BNU - Banco Nacional Ultramarino; vive na Amadora)


Foto (e legends): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luía Graça & Camaradas da Guiné.]



Guiné > Bissau > Finais de fevereiro ou princípios de março de 1969 > > O Valdemar Queiroz na Solmar. Foto do seu álbum (foi fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70), membro da Tabanca Grande desde 16 de fevereiro de 2014; tem  200 referências no nosso blogue, de que é um leitor atento e comentador assíduo).


Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luía Graça & Camaradas da Guiné.]





Planta de Bissau (edição, Paris, 1981) (Escala: 1/20 mil)


1. Caros leitores: agora temos que descobrir mais fotos e histórias do Restaurante Pelicano, do Cafe Bento, da Cervejaria Solmar  (*) e de outros sítios do nosso roteiro dos "comes & bebes" em Bissau (e, já agora,  arredores: Nhacra, Quinhamel, Cumeré...). 

Tudo isto faz parte das nossas geografias emocionais (**), da nossa memórias dos lugares, boas e más...

Estas "geografias" de Bissau são apenas emocionais. a "Bissau Velha" que conhecemos, já náo existe ou está irreconhecível... O que resta de pé é património dos guineenses, só têm a ganhar de o souberem preservar... 

A história faz-se também  com as sucessivas camadas dos vestígios do passado, sinalizando a passagem de diferentes povos... Lisboa é um exemplo, desde o calcolítico  aos romanos e aos árabes... Bissau era uma cidadezinha colonial, antes de se  tornar capital (destronando Bolama), desenhada a regra e esquadro no tempo da I República, que era tão colonialista como o Estado Novo... 

Não vamos branquear nem escamotear o passado...Bissau tem hoje outras marcas, novas arquiteturas pós-modernas, pós-coloniais, mas também neocolonialistas... Em todas há a marca da passagem e da interação de diferentes povos, épocas, poderes, assimetrias, ideologias, mitos...

Este exercício de exorcismo da memória pode ser patético, ou até infantil, saudosista... Chamem-lhe o que quiserem... Não estamos preocupados com o p0liticamente correto... Somos apenas um blogue de partilha de memórias (e de emoções). Náo somos historiadores. 

______________

Notas do editor:

(*) 31 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?

(**) Último poste da série > 30 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26442: As nossas geografias emocionais (37): A Fulacunda do meu tempo (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)

domingo, 24 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26187: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (8): uma viagem, de avioneta, nos TAGP, de São Domingos a Bissau, em 22/2/69, custava 224 escudos (ou "pesos"), o equivalente hoje a 70 euros (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Guiné > Bissau > TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) > Cópia de bilhete de passagem, de S. Domingos para Bissau > 22 de fevereiro de 1969 > Avião: Dornier > Passageiro: Virgílio Teixeira > Valor pago: 224$00. Foto do álbum de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM; CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e S. Domingos, 1967/69).


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Patacão (em crioulo), massa, graveto, grana, carcanhol, guita, milho, maçaroca, cheta, caroço, arame, arjã, cacau, pastel, vil metal, tusto, cobres, prata, lecas, nota preta, pilim, massa, papel, aquilo-com-que-compram-os-melões... enfim, dinheiro! (como é prolixa, polissémica, rica, ao menos, a nossa língua).
 
Ora cá está um tema sobre o qual toda a gente, leia-se os antigos combatentes, pode aqui falar. E temos  de resto falado, embora de maneira avulsa... E muito irregularmente. O que valia o dinheiro  no nosso tempo, o que recebíamos, o que gastávamos, e em quê...

Reorganizámos os postes sobre o patacão, uniformizando os títulos, de acordo com a série, que já existia no início do blogue, "Cem pesos, manga de patacão pessoal"... 

São já uns tantos postes, os publicados, que merecem ser relidos, revisitados, citados comentados, acrescentados (*).

Por este precioso documemto, acima reproduzido,  que o Virgílio Teixeira guardou (foto de bilhete de viagem nos TAGP, de  São Domingos para Bissau, em linha reta é uma distância muitoenor do que os cerca de 125 km por estrada), ficamos a saber  que uma voltinha de Dornier (para apanhar o avião da TAP em Bissalanca, para a Metrópole) custava 224 escudos. 

A preços de hoje,  224 escudos (do BNU) seriam 78 euros... Como se tratava de "pesos" da Guiné, teríamos que aplicar a taxa de desvalorização de 10% (praticada no comércio de Bissau de então, 100 pesos valiam 90 escudos da metrópole). 

Portanto, grosso modo, eram 70 euros o bilhete de avioneta... 

224 escudos ou " pesos" era caro...Eram 10 dias do "per diem" de um militar (24,5 escudos por dia  para a alimentação).

O que se comprava mais com 224 escudos da Guiné em 1969 ?  Duas garrafas de uísque velho...Dez almoços em Bafatá (bife com batas fritas e ovo a c cavalo).

Era, enfim, o equivalente, mais ou menos, a   quanto se podia perder ou ganhar numa noite de lerpa (200 / 300 escudos em média, disse aqui o Humberto Reis, há 18 anos atrás). Ou a 90 maços de cigarros SG Filtro! (**).

Em suma, cem pesos já eram manga de patacão, pessoal !...

___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8845: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (7): Os produtos e as marcas que não havia em Lisboa... ou eram "proibitivos" - Parte VI (Magalhães Ribeiro/José Colaço)

(**) Vde. poste3 de 28 de julho de 2005 > Guiné 63/74 - P129: Cem pesos, manga de patacão, pessoal ! (1): quanto se gastava e em quê... (Luís Graça / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Luís Carvalhido / Sousa de Castro)

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26156: In Memoriam (517): José Manuel Amaral Soares (1945-2024), ex-fur mil sapador MA, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); morava em Caneças, Odivelas




José Manuel Amaral Soares (1945-2024)


1. Por intermédio do Humberto Reis, nosso colaborador permanente (e meu vizinho de Alfragide), tive ontem a triste notícia da morte, no passado dia 10, de mais um nosso camarada e amigo, o José Manuel Amaral Soares (1945-2024), ex-fur mil sapador minas e armadilhas, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)

Soubemos, pela notícia da agência funerária, que a cerimónia fúnebre se realizou no passado dia 11 de novembro, pelas 15:30, tendo sido antecedida de velório e de missa de corpo presente. O corpo saiu depois da capela mortuária da igreja de Caneças, para o cemitério local.

 família enlutada transmitimos ainda, em tempo, os nossos votos de pesar e a nossa solidariedade na dor. O Soares vai ficar aqui também connosco, à sombra do nosso simbólico e fraterno poilão. Queremos honrar a sua memória e lembrarmpo-nos dos bons e maus momentos qiue passámos juntos. Por lapso, ele não passou a figurar na lista alfabética da nossa tertúlia, logo em abril de 2005, como deveria ter acontecido pelas nossas regras. Ingressa agora, a título póstumo, na nossa Tabanca Grande. com o nº 895.

O Soares residia em Caneças, concelho de Odivelas, e estava doente há já alguns tempos, o que não o impediu de ir ao último convívio da malta de Bambadinca, em Vila Nova de Azeitão, no passado dia 25 de maio, de cadeira de rodas, amparado pela filha (**)

Em Bamdadinca, estivemos juntos cerca de 10/11 meses  (entre julho de 1969 e maio de 1970). As nossas instalações eram comuns, incluindo a messe e o bar de sargentos. 

Muito mais assíduo do que eu nos convívios do pessoal de Bambadinca do nosso tempo, encontrámo-nos também algumas vezes em vários locais do país: por exemplo, em Lisboa, na Casa do Alentejo (2007) (***), em Castro Daire (2009), etc. 




Vila Nogueira de Azeitão > 25 de maio de 2024 > Restaurante Típico Manuela Borges> 28º almoço-convívio do pessoal de Bambadinca de 1968/71 (BCAÇ 2852, CCÇ 12 e outras subunidades). A organização coube ao João Gonçalves Ramos (ex-sold radiotelegrafista, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, jun 69/ mar 71).Sentados, da esquerda para a direita: Fernando Calado (CCS/BCAÇ 2852) (Lisboa), Gabriel Gonçalves (CCAÇ 12) (Lisboa). Silvino Carvalhal (CCS/BCAÇ 2852) (V.N. Famalicão), e o José Manuel Amaral Soares (CCS/BCAÇ 2852) (Caneças / Odivelas).(**)

(Foto gentilmente cedidas pelo Humberto Reis, tirada por um fotógrafo da organização. Edição e legendagem complementar: Humberto Reis e Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2024)


Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS / BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > O ex-fur mil sapador, MA,  CCS / BCAÇ 2852, José Manuel Amaral Soares.


Foto ( legenda): © Luis Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > A organização coube ao Fernando Calado, coadjuvado pelo Ismael Augusto, ambos alferes da CCS/BCAÇ 2852 (1968/71). 

Aqui na foto o Ismael Augusto e o José Manuel Amaral Soares, ex-furriel mil sapador, ambos da CCS / BCAÇ 2852. O primeiro vivia em Lisboa (trabalhou na RTP como engenheiro e gestor;  e era na altura consultor e docente universitário nas áreas da multimédia). O Soares, por sua vez, vivia em Caneças.(***)

Foto ( legenda): © Luis Graça (2007). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. O Zé Manuel Soares foi dos primeiros camaradas a aparecer no blogue. No poste P5, de 20 de abril de 2005 (****), publicámos a sua convocatória para o convívio desse ano, do pessoal de Bambadinca 1968/71 (de que ele era o organizador, como já o tinha sido em anos anteriores):



"Guiné, Bambadinca 68/71. 

"Companheiros: Desejo que estejam de saúde assim com os vossos familiares. Vamos mais uma vez realizar o nosso almoço anual a fim de convivermos, matarmos saudades e ainda relembrarmos aqueles bons e menos bons momentos que cimentavam a nossa amizade; de tal forma que passados 37 anos sentimos ainda um grande prazer de estar juntos, ainda que por breves horas.

"Por tudo isto, camaradas, no próximo dia 11 de junho espero por todos na Baixa de Faro, junto ao Jardim Manuel Bivar, pelas 10.30 horas. 

"Vamos aí fazer a nossa concentração para que, depois das habituais formalidades, possamos seguir para o Cais da Porta Nova e às 11.00 horas embarcar até à Ilha Deserta. Durante o percurso vamos apreciar a bela paisagem da magnífica Ria Formosa. 

"Quando forem 13.00 horas iniciaremos o nosso alomoço, composto apenas por produtos do mar. O preço por pessoa é de 48 euros com viagem de barco incluída.  As crianças dos 5 aos 11 anos pagam 50%, portanto 24 euros.

"Camaradas, a vossa confirmação tem que ser feita até ao dia 1 de junho, impreterivelmente, com cheque cruzado para José Manuel Amaral Soares (...). Para toda ajuda, telemóvel 96 242 80 53".


3. Além destas referências no blogue, há uma do tempo de Bambadinca, que nos é particularmenmte cara pelas fotos de camaradas daquele tempo e dos nossos quartos. As fotos foram-nos enviadas pelo nosso muito querido e saudoso amigo e camarada de Coimbra, o Carlos Marques Santos (1943-2019), ex-fur mil, CART 2339 (Mansambo, 1968/69) (*****)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 >  Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) >  "Na primeira fila, veem-se os Furriéis Oliveira e Soares. Na 2.ª fila, eu (Marques dos Santos) mais o furriel Carlos Pinto... A foto foi tirada pelo furriel Rei (Cart 2339), meu inseparável companheiro de férias. No interregno das nossas férias aconteceu o desastre do Cheche – Madina do Boé, em 6/2/1969, onde também a CART 2339 esteve envolvida com material auto e apoio logístico"

O Humberto Reis veio depois completar o nome dos dois camaradas que apareciam em primeiro plano: à direita, o  José Manuel Amaral Soares,  ex-furriel mil sapador de minas e armadilhas, CCS / BCAÇ 2852; e à esquerda, o "ranger" Fernando Jorge da Cruz Oliveira (hoje a viver em Fernão Ferro, Seixal). Quanto ao Carlos de Oliveira Pinto, era  radiomontador  (morou depois no Porto onde se formou em engenharia).




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) >  "Aqui, já com o furriel Rei na 1.ª fila",

Comentário de LG: "Como se pode ver pelas fotografias, não se passava sede no Hotel de Bambadinca e, a avaliar pela decoração das paredes dos quartos, os seus hóspedes tinham uma permanente ligação (espiritual, estética, mágica, poética, erótica...) com o mundo das "fadas"  que povoavm os seus sonhos ou ajudavam a climatizar os seus pesadelos,,, Além disso, supremo luxo, tinham direito a lençóis brancos, lavados, e até a frigorífico elétrico"...




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > O Carlos Marques Santos em trânsito para Mansambo, depois da licença de férias na metrópole. (*****)


Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


Acrescenta o Humberto Reis em relação a esta última foto: "(...) pode ver-se um frigorífico que eu comprei quando os velhinhos da CCS / BCAÇ 2852 se vieram embora e ficou para a malta da CCAÇ 12 que depois mudou para o meu quarto".

Comentário de LG:

 "Um frigorífico (para mais  elétrico), naquelas paragens e naquele contexto, era um verdadeiro luxo! 

"O nosso (o do Humberto, que ele compartilhava com a malta do quarto, como eu e o Tony Levezinho) só funcionava à hora do almoço e à noite, quando estava ligado o gerador... Foi depois revendido aos periquitos que nos vieram render, em finais defevereiro de 1971. 

"E julgo que terá chegado, heroicamente, até à hora da partida do último soldado português na Guiné. Provavelmente terá sido oferecido a um camarada do PAIGC. Por falta de energia eléctrica, terá morrido ingloriamente no montão de lixo que deixámos em Bambadinca, a começar pela tralha da guerra, incluindo obuses 14...

"Um felizardo do mato, com direito a férias (nem que fosse em Bissau, também conhecida por guerra do ar condicionado), ia de barco, civil, a partir de Bambadinca, ou apanhava uma LDG no Xime ou, ainda, uma boleia, de helicóptero ou de Dornier, DO 27 (o que era mais difícil, por causas das prioridades, do elevado custo do transporte aéreo e sobretudo do factor C - a cunha).

"A sede da CCS / BCAÇ 2852, a que a CCAÇ 2590/CÇAÇ 12 estva adida, em Bambadinca, funcionava como hotel para os militares em trânsito, oriundos dos aquartelamentos e destacamentos do setor (em especial, Xime, Mansambo, Xitole, Missirá e Fá Mandinga) ou até de outros setores da Zona Leste (Bafatá, Gabu, Galomaro...).

"Comparadas com as do Xime, Mansambo ou Xitole, as instalações para oficiais e sargentos em Bambadinca eram as de um hotel de cinco estrelas... Daqui que a malta de Bambadinca (CCS / BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades) procurava sempre 'desenrascar'   os alferes e furriéis milicianos em trânsito... 

"Mais do que cumplicidade corporativa, havia solidariedade para com os camaradas que viviam em piores condições do que nós... De resto, havia sempre camas vazias, nomeadamente da malta operacional que frequentemente dormia no mato ou estava destacada fora de Bambadinca (como era o caso da CCAÇ 12)." (...)


(*****) Vd. postes de:

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25987: O nosso álbum de memórias de... Taviráfrica - Parte I: quase todos nós, "tavirenses", temos uma relação de amor-ódio em relação àquela terra e àquele quartel...


Foto nº 1 > Tavira > CISMI > Julho de 1968 > A chegada ao quartel da Atalaia dos novos instruendos do 1º Ciclo do CSM, vindos de todo o país, num comboio ronceiro. Fila do pessoal para receber fardamento. Foto do Fernando Hipólito, gentilmente cedida ao César Dias e ao nosso blogue.

Esta cena podia passar-se também à porta do RI 5, nas Caldas da Rainha. Esta rapaziada, chamada pela Pátria para cumprir o serviço militar obrigatório (em tempo de guerra...), em finais da década de 1960 já tem um outro "look", a começar pelo vestuário... Tem outras habilitações literárias, outra  postura...

Presume-se que as belas cabeleiras, à moda dos "Beatles", já tinham ficado ingloriamente no chão do barbearia lá da terra ou, "in extremis",  de Tavira... Muitos fotam tosquiados à máquina zero, suprema humilhação para um jovem da época!... Não, já não é a mesma malta que parte, de caqui amarelo e mauser, para defender as Índias & as Angolas, uns anos antes ... O velho Portugal onde tínhamos nascido, estava a mudar, lenta mas inexoravelmente. E a nova geração, a nossa geração, nascida no pós-II Guerra Mundial,  já não estava disposta a suportar os mesmos sacrifícios dos seus pais e irmãos mais velhos.


Foto (e legenda). © Fernando Hipólito (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: logue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 2 > Tavira > Quartel da Atalaia > CISMI > Parada > Outubro de 1968 >"Os 'galardoados' com a especialidade de atirador de infantaria que tinham acabado a recruta integrados no 6º Pelotão da 3ª Companhia" > Da esquerda para a direita, de pé:

(i) Estrela (1), Fonseca (2), Pereira (3), João (4), Torres (5), Chichorro (6) e Joaquim Fernandes (7) (futuro fur mil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

(ii) Santos (1a), Chora (2a), Salas (3a), Paulo (4a), Loureiro (5a), Saramago (6a)

Foto (e legenda): © Eduardo Francisco Estrela (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 3 > Bilhete de identidade militar do César Vieira Dias, sold do CSM nº 197356/68, emitido em 16/7/1968. Ao alto do lado esquerdo,  há um nº, o 847,  escrito a lápis, que deveria  corresponder ao  número interno do CISMI, atribuído ao César Dias na recruta...

Foto (e legenda): © César Dias (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 4 > Tavira >  CISMI >  1972 >  António Alves da Cruz,  em farda nº 3, junto às salinas, tendo o antigo Convento das Berrnardas ao fundo....


Foto nº 5 > Tavira > CISMI >  4ª Companhia >  3º Pelotão >  16/6/1972 >  Salinas... O antigo Convento das Bernardas ao fundo... O António Alves Cruz, atirador de infantaria, em farda nº 2


Foto nº 6 > Tavira > CISMI > 4ª Companhia > 3º Pelotão > 16/6/1972 > Salinas... O antigo Convento das Bernardas ao fundo... Um pelotão com 38 elementos...


Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz  (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 7 > Tavira > CISMI > 1968 > O César Dias, natural de Torres Novas (á esquerda) e o António Branquinho, filho de Évora (à direita)... Ambos foram parar à Guiné... O Branquinho à CCAÇ 2590 (mais tarde, em 18/1/1970, CCAÇ 12) (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).

Foto: © César Dias (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 8 > Tavira >  CISMI > 1968 > 3ª companhia (instrução de especialiade: Atirador de infantaria) > O Branquinho é o 3º da primeira fila a contar da direita... O Levezinho é o 3º da 2ª segunda, a contar também da direita. Não consigo identificar o Fernando Hipólito.



Foto nº 8A > Tavira >  CISMI> 1968 > 3ª companhia (instrução de especialidade: Atirador de infantaria) > Lado esquerdo do grupo


Foto nº 8B >Tavira > CISMI> 1968 > 3ª companhia (instrução de especialidade: Atirador de infantaria) > Lado direito do grupo > O Branquinho é o 3º da primeira fila a contar da direita... O Levezinho é o 3º da segunda fila, a contar também da direita. "Na foto 8B quase identifico todos, foram meus camaradas na recruta no 7º. Começando á direita o aspirante Coelho que tinha sido nosso também na recruta, depois um desconhecido, depois o Levezinho, depois o Hipólito e mais um desconhecido. Em baixo:à direita o Simões Santos (já falecido), depois o Freitas, depois o Branquinho, e o Quarteira. Estes que identifiquei foram do 7º pelotão da 3a companhia incluindo o Aspirante Coelho que conseguiu granjear a simpatia de todos." (César Dias).

Fotos: © Fernando Hipólito (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 9 > Tavira > CISMI > 1968 > Pormenor do jantar do dia  do juramento de bandeira. (1)... O Tony Levezinho, visto de perfil, tendo em frente (lado direito da foto, a olhar para a máquina) o César Dias, que por sua vez tem à sua direita o Fernando Hipólito... Os três tiveram destinos diferentes: o Hipólito foi para Angola, o Levezinho e o Dias para a Guiné, um para Bambadinca e outro para Mansoa


Foto nº 9A >Tavira > CISMI > 1968 > Pormenor do jantar do dia  do juramento de bandeira... (2)
 


Foto nº 10 >Tavira > CISMI > 1968 > 3º Turno > Desfile do juramento de bandeira...  3ª Co,mpanhia (identificou o Humberto Reis)



Foto nº 10A >Tavira > CISMI > 1968 > Desfile do juramento de bandeira... "2º Pelotão da 3ª Companhia do 3º turno de 1968.Eu estou na 3ª fila, em 1º plano, com óculos escuros que usava desde 1965. Alguém consegue identificar mais algum elemento? Agradeço a ajuda" (Comentário de Humberto Reis)


Foto nº 10B >Tavira > CISMI > 1968 > Desfile do juramento de bandeira > "Humberto Reis, deves estar a fazer confusão, na foto nº 10 assinalado a amarelo é o Filipe pois o pelotão que está a desfilar é o 7º, ele também usava óculos." (César Dias)

Fotos (e legendas): © César Dias (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 11> Tavira > CISMI > Quartel da Atalaia > 1968 >  "Há 49 anos dava entrada no CISMI - 4.ª companhia. Deixo de lado as coisas menos boas para olhar com ternura o tempo de juventude. Foto: regresso da Semana de Campo. À excepção do cabo miliciano (...) todos os recrutas são naturais de S. Miguel - Açores. 

Da esquerda para a direita: Carlos Alberto Pereira Rangel; José Luís Vasconcelos Botelho; cabo miliciano; Domingues e eu, Carlos Cordeiro [saudoso membro da nossa Tabanca Grande, 1946-2018; fez a sua comissão em Angola, como fur mil at inmf, no Centro de Instrução de Comandos, 1969/71 ].

Fonte: Facebook > Grupo dos Antigos Militares do CIQ-CISMI, Tavira e QG Évora > Carlos Cordeiro > 17 de janeiro de 2017 (com a devida vénia..:)






Foto nº 12 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 > CCAÇ 12 (1969/71> c. 1970 > 2º Grupo de Combate > Estrada Bambadinca-Xime > Destacamento da Ponte do Rio Udunduma > Da esquerdapara a direita: oTony (Levezinho) e o Humberto (Reis) sentados na "manjedoura"... Era ali, protegidos da canícula, por uma chapa de zinco, à volta de uma tosca mesa de madeira, entre duas árvores, com vista sobre o espelho de água do rio Udunduma, afluente do Geba..., era ali que tomavámos em conjunto as nossas refeições, escrevíamos as nossas cartas e aerogramas, jogávamos à lerpa, bebíamos um copo, matávamos o tédio e os mosquitos... Já ninguém se lembrava que tudo começara, para os "infantes",  em Tavira ou Caldas da Rainha..

Na imagem, o Tony (Levezinho), à esquerda, segurando uma granada de LGFog de 3.7. À direita, o Humberto Reis, o nosso "ranger"... e fotógrafo. O 2º Gr Comb ficou, cedo, entregue aos dois furriéis, Levezinho e Reis... O alf mil António Carlão, oriundo do CSM, foi destacado... para a equipa de reordenamento de Nhabijões ( a gigantesca tabanca, ou aglomerado de tabancas, de maioria balanta, onde a rapaziada do PAIGC se dava ao luxo de entrar e sair quando lhe apetecia...).

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]-



1. Pediu-me o Humberto Reis algumas fotos de Tavira, e nomeadamente do CISMI, onde ele fez recruta (a especialidade foi tirada em Lamego). O meu vizinho de Alfragide e antigo camarada da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), e colaborador permanente do nosso blogue (mais: um dos históricos do nosso blogue), passa agora uma boa parte do ano no Algarve. E há dias calhou passar por Tavira e vieram-lhe... as "saudades".


Fiz-lhe uma primeira seleção de fotos (e de postes) sobre Tavira, com destaque para o CISMI (Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria) que funcionava no Quartel de Atalaia. (O CISMI foi criado em 1939 e extinto em 1989.)

Ninguém sabe ao certo quanto sargentos milicianos formou aquele centro de instrução durante a guerra do ultramar / guerra colonial. Muitos e muitos milhares, a maior parte atiradores de infantaria.  Muitos de nós passámos por lá. E quase todos temos uma relação de amor-ódio em relação àquela terra e àquele quartel.

Como em tudo na nossa vida, houve coisas boas e más...Cada um de nós fará o balanço, o deve e o haver... A verdade é que alguns de nós já voltaram lá, em "romagem de saudade", ao "local do crime"... Masoquistas ? Nem por isso,  a Taviráfrica também foi uma aventura... (Por analogia com a "Máfrica", Mafra, EPI, a grande fábrica de oficiais milicianos de infantaria, chamo Taviráfrica a Tavira...).

Para o Humberto (e os demais leitores) fizemos uma primeira seleção dos inúmeros postes que temos no blogue sobre Tavira (n=77) e o CISMI (n=58)...  

Temos muitos "tavirenses" na Tabanca Grande, o quer dizer que Tavira (ou a Taviráfrica) era uma boa porta de entrada para a Guiné.... O nosso convite para revisitar Tavira, o CISMI, o quartel da Atalaia, a carreira de tiro, e os arredores,  é também uma forma de avivar memórias, coisa que só faz bem aos nossos neurónios. 

Todos os comentários serão bem vindos, Será uma pena a malta levar para o outro mundo as lembranças desse tempo e lugar...


Lembranças de Taviráfica, do CISMI e do quartel da Atalaia  -  
Parte I


Listagem de postes: data, númeiro, título, autor(es), link

15 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25746: (De)Caras (301): Quem seria o instruendo nº 821, do 3º turno de 1968, 3ª Companhia de Instrução, Centro de Instrução de Sargentos Milicianos (CISMI), Tavira ? Pergunta ao César Dias, que era o nº 847/3ª, desse turno (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/07/guine-6174-p25746-decaras-301-quem.html


28 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24595: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (1): Das salinas de Tavira ao CTIG


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2023/08/guine-6174-p24595-album-fotografico-do.html

27 de abril de 2021 > Guiné 63/74 – P22145: Estórias avulsas (105): Pequeno almoço às 2 horas da manhã (Joaquim Ascenção, ex-Fur Mil Arm Pes Inf, CCAÇ 3460, Cacheu, 1971/73)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/04/guine-6374-p22145-estorias-avulsas-105.html

31 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21719: (Ex)citações (382): Tavira, CISMI, por quem nenhum de nós morreu de amores... (João Candeias da Silva / Carlos Silva / Luís Graça)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/12/guine-6174-p21719-excitacoes-382-tavira.html


28 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21702: (De)Caras (167): o ten inf Esteves Pinto (1934-2020), que foi instrutor de alguns de nós no CISMI, em Tavira, e que morreu no passado dia 18, com o posto de cor inf ref



14 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20732: Memória dos lugares (402): Tavira, o CISMI, e Cacela A Velha... (Eduardo Estrela, ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


13 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20728: Em busca de... (302): instruendos do CISMI, Tavira, a tirar a especialidade de atiradores de infantaria, 6º Pelotão / 3ª Companhia, outubro de 1968: "Eu, o Torres, o Joaquim Fernandes, o Loureiro e o Saramago fomos todos para o CTIG...mas dos outros gostava de saber do paradeiro"... (Eduardo Francisco Estrela, ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71; vive em Cacela)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/03/guine-6174-p20724-em-busca-de-302.html

2 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19736: (Ex)citações (352): In illo tempore, o Alferes José Cravidão, no CISMI de Tavira (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2019/05/guine-6374-p19736-excitacoes-352-in.html

1 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17532: O nosso livro de visitas (191): Américo Santos, ex-Fur Mil TRMS, retratado, enquanto recruta do CSM, em foto publicada no nosso Blogue (Américo Santos, Fur Mil TRMS / César Dias, Fur Mil Sap Inf)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2017/07/guine-6174-p17532-o-nosso-livro-de.html

25 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13330: In Memoriam (191): António Manuel Martins Branquinho, natural de Évora (1947-2013), ex-fur mil at inf, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Para que a sua memória não fique na "vala comum do esquecimento"


3 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12673: Manuscrito(s) (Luís Graça) (18): Gostei de voltar a Tavira (Parte I): A estação da CP

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/02/guine-6374-p12673-manuscritos-luis.html


24 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12770: CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, Tavira, 1968: Guia do Instruendo (documento, de 21 pp., inumeradas, recolhido por Fernando Hipólito e digitalizado por César Dias) (5) : Quinta e última parte (pp. 19-21): O jornal "Atalaia" , a rádio "CISMI"... e as 29 capelas e igrejas de Tavira

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/02/guine-6374-p12770-cismi-centro-de.html


5 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12678: Manuscrito(s) (Luís Graça) (19): Gostei de voltar a Tavira (Parte II): O quartel da Atalaia (ex-CISMI -Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria)


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/02/guine-6374-p12678-manuscritos-luis.html


5 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12678: Manuscrito(s) (Luís Graça) (19): Gostei de voltar a Tavira (Parte II): O quartel da Atalaia (ex-CISMI -Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/02/guine-6374-p12698-manuscritos-luis.html



Tavira > Quartel da Atalaia > Antigo CISMI, hoje RI 1 > 1 de fevereiro de 2014 > Belo exemplar da nossa arquitetura militar, fica situado na Rua Isidoro Pais. Imóvel classificado como de interesse público, segundo o excelente síio da Câmara Municipald e Tavira

 O Quartel da Atalaia, um dos mais antigos do país, foi começado a construir em 1795, sob o reinado de D. Maria I. Mas a sua construção foi entretanto interrompia e só retomada em 1856 devido á conjuntura nacional desfavorável (ida da corte para o Brasil, invasões napoleónicas, revolução liberal de 1820, guerra civuil de 1828-1834, etc.). 

"Com a extinção das Ordens Religiosas, é entregue ao exército o antigo Convento de Nossa Senhora da Graça, que alguns de nós também conheceram. O Quartel da Atalaia, ainda por concluir, serviu ainda de hospital das vítimas de peste de cólera que se abateu sobre a cidade (e grande parte do país, a começar pela capital) em 1833, em plena guerra civil. 

Em boa verdade o edifício só ficará concluído  nos primeiros anos do século XX, sendo  então para lá transferida a guarnição de Tavira. Sofreu alguns alterações funcionais em 1950, 1954 e 1970.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Alguns comentários 

(i) Eduardo Estrela:

Sobre Tavira, e o sítio onde fizemos os fogos, no último trimestre de 1968, escreveu o Eduardo Estrela o seguinte comentário ao poste P20732:

(...) "Bom dia Luís! É uma alegria enorme ouvir falar da nossa terra com tanto carinho e amor. Obrigado pelas tuas palavras elogiosas. Façamos votos que haja coragem de preservar a autenticidade desta parte do Algarve denominada Sotavento.

Seguindo o percurso da EN 125, no sentido Tavira-Vila Real Sto. António, passamos Conceição de Tavira e, cerca de 3 km mais á frente, há uma estrada à direita que vai ter ao sítio do Lacem. Foi neste sítio, local de confluência dos concelhos de Tavira e Vila Real, que fizemos os fogos reais, numa arriba sobranceira á ria e ao mar. Dista de Cacela Velha em linha recta, mais ou menos 1 km.

O fabuloso tasco da Fábrica era do Costa, onde se comiam todas as iguarias da Ria, com a particularidade de saberem divinalmente. O Costa era compadre do meu sogro, pois era padrinho de baptismo duma das minhas cunhadas. 'O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande.' (...)

14 de março de 2020 às 13:13


(ii) Manuel Carvalho:

Também andei por Tavira no verão de 67,  3º turno  de Armas Pesadas de Infantaria. Tenho algumas memórias do dia em que fizemos fogo para a ilha de Tavira a partir da costa.O comandante de companhia  era o capitão Madeira, natural de Cabo Verde,  e de Pelotão era o alferes Chumbinho,  exigente mas que nos tratava, com respeito, por "senhor instruendo".

Quando íamos iniciar o fogo de canhão sem recuo 10,6 vimos que estavam na zona dois barcos pequenos com um pescador cada. o Chumbinho disse que resolvia o problema com uma canhoada e resolveu embora um oficial superior que lá estava tivesse dito "não me arranje problemas",

Ainda hoje me rio com a cena dos dois homens a remar cada um para seu lado e nem a recolha do material fizeram. 

Na ilha havia um silvado que foi incendiado com uma granada de fósforo e depois apagado com uma normal que atirou areia para cima do lume.Alguém pôs um burnal velho atrás do canhão para vermos o efeito e vimos que não é lugar para se estar.

Também fui dos que escolheram Armas Pesadas a pensar que ficaria mais resguardado mas tinha uma secção distribuída como qualquer Atirador e muitas vezes o Pelotão todo, é a vida.


(iii) Henrique Cerqueira

Tavira... Já aqui comentei que foi a minha pior experiència de vida militar.

Conto assim um pequeno episódio logo na minha receção a Tavira.

Viemos em 1971 os recentes recrutas das Caldas da Rainha para Tavira tirar a especialidade. Como chegamos a Tavira por volta das 21:00 horas já não havia jantar para a malta e então muito "convenientemente" para o exército foi-nos excecionalmente permitido licença de sair até á meia-noite.

Lá formamos uns grupinhos e fomos aos cafés tentar aconchegar o estômago. Num dos cafés alguém da malta tinha no saco uma lata de salsichas e toca a perguntar ao dono do café se nos podia aquecer a lata e nos fornecer pão para acompanhar.

O dono (que por acaso era um Sargento como em quase todo o comércio da altura estava nas mãos de sargentos ou oficiais do Q.P.)então ele logo disse muito solicitamente que sim senhor e que entendia a nossa causa (falta de dinheiro).

Lá comemos as salsichas e torradas de pão de forma e uns sumitos. No final o tal "simpático dono" debita-nos doze cachorros quentes. Nós reclamamos... e a seguir fomos passar o resto da noite á prisão do quartel e fomos obrigados a pagar os tais cachorros.

O Sargento até era do quartel e por mero acaso também tinha uma tasca quase em frente ao quartel que mais tarde vim a descobrir que alguma comida do refeitório era estrategicamente desviada para os petiscos que lá vendiam aos instruendos ...logo se vê.

Enfim naquela altura a maioria dos civis comerciantes ou não viviam as custas dos instruendos e não tinha pejo nenhum em explorar a malta. Em alguns casos até os pais com filhas casadoiras as enfiavam pelos olhos dentro da malta . Não sei se lembram dos "Casamentos de Parada" tão famosos em Tavira.

Pra juntar á "Festa" a grande maioria dos oficiais e sargentos de instrução em Tavira eram desumanos e desrespeitadores (isto para ser brando nos adjetivos ). Creio que hoje em dia será diferente, mas para mim Tavira nunca mais em termos pessoais.

4 de fevereiro de 2014 às 12:29


(iv) José Marcelino Martins


Saudades de Tavira e do Rio Séqua.

4 de fevereiro de 2014 às 14:41


(v) Luís Graça

Henrique: Obrigado pelo teu comentário... Dois meses e meio, em Tavira, na tropa, em finais de 1968, não dão para viver e guardar na memória grandes peripécias, paixões, amizades, acontecimentos galvanizantes, figuras marcantes, lugares...

A instrução era puxada, e o corpinho ressentia-se...

Lembro-me do meu comandante, o tenente Esteves, um típico militar da época.. lembro-me de ouvir falar do Robles e do Trotil, mas não sei se ainda lá estavam nessa altura...

Lembro-me isso, sim, de um filho da puta de um alferes instrutor, dos vellhinhos, algarvio, que nos humilhava, obrigando-nos a chafurdar na merda da feira do gado, enquanto namorava, à janela,, uma gaja da terra...

Lembro-me do idiota do comandante do RI1 (coronel do tempo da guerra do Solnado...) que nos proibiu a inauguração de uma exposição (documental) sobre a a II Guerra Mundial com o argumento, tonto, de que para guerra já bastava a nossa, lá no ultramar...

Lembro-me da velha e anafada prostituta, andaluza, de olho azul, que morava perto do quartel da Atalaia, e que tirava os três aos infantes...

Lembro-me da amázia (?) de um sorja ou de um tenente qualquer que nos acompanhava nos exercícios de campo, vendendo-nos sandochas e bebibas... Acho que tinha uma carroça... 

Tavira era triste como era triste o meu/nosso país em 1968... Não sei se lá chorei, mas devo ter rangido os dentes, algumas vezes. De raiva...

Dos "casamentos na parada" ouvi falar, mas não sei se era lenda... Nunca assisti a nenhum, ou então nunca liguei... A verdade é que aquelas miúdas, de sangue fenício, romano e bérbere, eram verdadeiros "lança-chamas"...

Concordo com o teu juízo: os nossos instrutores, na tropa, na época, estavam longe de ser as melhores pessoas do mundo... Acho que merecíamos muito mais e melhor, aqueles de nós a quem calhou, na rifa, a fava da Guiné... Alguns eram mesmo uns pobres diabos, sádicos, prepotentes, mesquinhos, fanfarrões, boçais, incultos... que nem para soldados básicos eu os queria na Guiné...

4 de fevereiro de 2014 às 21:44

(vi) Henrique Cerqueira


Camarada Luís Graça: retratas na perfeição tudo aquilo que se passava na altura. E olha que não me queixo da dureza da verdadeira (?) instrução, mas tão somente de pessoas e te digo mais que houve mais cenas de desumanidade praticadas por instrutores nossos.

Uma das muitas que me aconteceu foi por exemplo em plena serra do Caldeirão eu estar com tanta fome que de noite arrisquei uma sortida junto da cozinha de campanha e apanhei uma terrina com patas de galinha e pescoços (penso que aí no sul lhe chamam de pipis?) que eram para as petiscadas dos tipos e vai daí comi aquilo tudo mesmo cru .

Já para não voltar a falar de humilhações praticadas por oficiais milicianos e sargentos durante essas noites de semana de campo. Ainda hoje com 64 anos e bem vacinado contra comportamentos erróneos eu me arrepio todo e ao ler o teu comentário eu me emocionei.

Infelizmente eu associo Tavira as esses comportamentos selváticos que na altura se praticavam em alguns dos quarteis que nos deveriam transformar em Homens preparados para defender o país. Mas não o fizeram e nada ,absolutamente nada me ensinaram que pudesse aproveitar para a vida militar. Ou seja talvez me tenham apurado muito mais o meu instinto de sobrevivência ,daí eu já ter escrito mais que uma vês que na Guiné eu tudo fiz para "viver e sobreviver ".

Quem quiser que entenda como melhor achar. Luís, desculpa lá mas isto hoje deu mesmo para o desabafo. (...)

4 de fevereiro de 2014 às 22:06


PS - Em relação aos casamentos na parada eu penso que era no sentido figurado. Mas na verdade a malta era obrigado a casar por ordem militar e em Tavira quando os paizinhos se iam queixar que as suas "donzelas" tinham sido "desonradas" por este ou aquele instruendo. Aconteceu pelo menos com dois camaradas meus. Daí se dava o nome de "Casamento na parada".

Agora um aparte. As miúdas Algarvias da altura até que eram tentadoras, lá isso eram .

4 de fevereiro de 2014 às 22:15

(vii) César Dias:

Luis, também eu estive 6 meses em Tavira, recruta na 3ª Companhia e na especialidade de Sapador na 2ª Companhia, e pelos vistos estivemos no mesmo turno, com o tal tenente Esteves do qual me recordo como se divertia ao anunciar á sexta feira os cortes nos fins de semana "o militar é a parte válida do povo e como tal não há fim de semana para ninguém". Eu penso que ficámos retidos algumas vezes porque foi nessa altura que Salazar caiu da cadeira. Sobre esse Alferes, lembro-me que era Algarvio e também dava instrução de provas fisicas ao meu pelotão, deves-te lembrar do meu pelotão, pois andavam todos com um estropo de corda ao ombro, fazia parte da farda. Tudo o que referes avivou-me a memória já muito fraca, mas foi a parte de Tavira que conheci. (...)

4 de fevereiro de 2014 às 23:58


(viii) José Manuel Lopes:

Estive em Tavira, 3 meses. Recordo os bons e maus momentos que lá passei, o alferes Luz, algarvio, que nos deu cabo do coiro e do juizo.

Recordo que estive 3 meses sem ver o meu Douro, meus pais e irmãos, no principio com a desculpa que a Régua era muito longe, e quando o comboio lá chegasse estava na hora de apanhar o de regresso.(ainda havia comboios), depois porque aprendi a gostar do Algarve, das sua praias, da agua quente daquele mar, das lindas meninas queimadas pelo sol e até porque melhorei muito o meu ingles aprendido no liceu. Foi bom e há...!? ainda não tinha 20 anos!!!