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sábado, 16 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24964: Em louvor das nossas LDG (Lanchas de Desembarque Grandes) Classes Alfange e Bombarda




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) >  Xime > c. 1969/70 >  LDG 105 NRP Bombarada  > Desembarque no porto fluvial do Xime de uma mais ou companhias de "piras", destinados ao Leste. Fotos do álbum do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mimanuense do conselho administrativo do comando do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Fotos (e legendas): © José Carlos Lopes(2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. As nossas LDG (Lanchas de Desembarque Grande) levaram-nos a muitos sítios. E em segurança. Inspiravam confiança. Levaram-nos ao Xime e a Bambadinca, na zona leste. Levaram-nos a Buba, na região de Quínara. Levaram-nos ao sul, a Cacine, nas região de Tombali, levaram-nos, no Norte, aos aquartelamentos ao longo do rio Cacheu... 

Muitas dezenas de milhares de homens tiveram o seu contacto com a guerra, na sua "viagem em LDG"... Contrariamente às lanchas mais pequenas, as LDP e as LDM, as LDG só mais raramente eram atacadas ou flageladas. Os guerrilheiros do PAIGC tinham medo do seu poder de fogo: 2 metralhadoras OERLIKON MK II 20 mm (1965), mais tarte, em 1973, substituídas por 2 peças BOFFORS, antiaéreas, de 40 mm, à semelhança da LDG 105 NRP Bombarda, mais moderna (1969).

Estranha-se, em todo o caso, que o PAIGC nunca tenha tentado, com uma certeira canhoada, meter uma LDG ao fundo...

Para além, deste armamento (que metia respeitinho, a quem estivesse emboscado na orla da mata ou do tarrafe,  a tripulação da LDG costumava levar um morteirete ou morteiro  60 mm com que batia zonas suspeitas (por exemplo, a margem sul do rio Geba, entre a foz do Rio Corubal e a Ponta Varela, quando vinha de Bissau para o Xime, ou no mato Cão, quando seguia até Bambadinca; estes eram os locais mais que prováveis, no rio Geba,  para o IN desencadear ataques ou flagelações às nossas embarcações, quer civis quer militares)...


LDG 101 NRP Alfange. Foto do Museu de Marinha, gentilmente disponibilizada pelo Manuel Lema Santos, engenheiro, nosso camarada, 1º ten RN, 1965/72, criador e editor do blogue Reserva Naval]


2. O ex-fuzileiro Miguel Cunha já aqui contou uma história divertida à pala do morteirete ou morteiro 60 mm que eles usavam na LDG 101 (*):

(...) "Fiz várias escoltas nas LDG e principalmente na Alfange, ao Xime e a Cacine. Era comandante o 1º tenente Malhão Pereira.

Tenho uma história passada a bordo da Alfange.

Nas anteparas da lancha, mais ou menos a meio, existia, de cada lado, um fundo de bidão com areia para servir de apoio ao prato do morteiro de 60 mm.

Julgo que as tropas [do Exército] que transportávamos, pensavam que os bidões com areia era para urinar. E alguns fizeram-no, de certeza. O pior foi quando o comandante mandou fazer umas morteiradas de protecção. Com o coice do prato do morteiro na areia, ficámos a cheirar a urina o dia todo!

Miguel Cunha, Fz 996/68, Cia 10 Fz, 1969/1971.  (---)



3. Mas pergunta-se:  para lá da tropa (fuzileiros, "infantes" e outros, como milícias, familiares de tropa africana, e seus animais domésticos), o que é que a LDG costumava levar mais, de Bissau até ao Xime  (ou, ao contrário, do Xime a Bissau)? Ou até mesmo de Bissau a Bambadinca, nessa época, que as LDG também chegavam ao  porto fluvial de Bambadinca, pelo menos até finais de 1968 (depois começaram a ficar só pelo Xime...

Há camaradas nossos que estiveram no leste que fizeram esta mesma viagem, mas que desembarcaram em Bambadinca, e não no Xime, tendo feito portanto o percurso, mais penoso, pelo Rio Geba Estreito, cheio de curvas e contracurvas (e entre elas, as do temível Mato Cão)....

Satisfazendo a curiosidade de alguns leitores, pode-se dizer que as LDG que navegavam no Geba,  levavam  tudo e mais alguma coisa... Tudo o que era preciso, à ida,  para um homem se instalar no "buraco" que lhe tido cabido em sorte... Como  não havia estradas para o leste (em 1969 apenas havia um troço alcatroado, Bambadinca-Bafatá,. e a estrada Mansoa-Bambadinca esta interdia), a grande via de comunicação com o leste era o Rio Geba...

Homens e material iam e  vinham nas embarcações militares e civis...  Neste caso, a LDG - Lancha de Desembarque Grande foi posta ao serviço do exército, para transporte de tropas e material, muito mais vezes do que em operações anfíbias, com os fuzileiros...

Quando se amplia as nossos fotos com pessoal metido no fundo de um LDG,  dá para ver alguns pormenores insólitos... No bojo da LDG, na carga que é transportada, v
vê-se de tudo um pouco, numa "desordem" indescritível:
  • tubos de bazuca, 
  • espingardas G3,
  • cunhetes de munições.
  • jericãs,
  • camas, 
  • outras peças de mobíliário,
  • colchões.
  • fardos de mantas,
  • malas de viagem,
  • baus,
  • sacos,
  • caixotes 
  • viaturas (Unimog, Berliet, etc.)
  • máquinas da engenharia, 
  • e até... uma cabra!... 

Quem fez este "cruzeiro", como nós (**), lembra-se que pela manhã, aproveitando a maré, estava a embarcação a LGD 101)  de saída do porto de Bissau... O calor e a humidade já eram insuportáveis pelo que os "piras" começavam, logo à saída do cais, a "avacalhar o sistema", ou seja, a infringir a disciplina, o decoro e a segurança militares... No caso da foto acima, já não "piras!" que vão para o mato, mas "velhinhos" que vão para Bissau... Daí a descontração e alguma... bagunça!

Nas fotos a seguir veem-se militares em tronco nu; outros aproveitam para matar o tempo (e aliviar a alguma tensão), sentando-se numa improvisada mesa de jogo, a jogar às cartas (?) e a beber ums bejecas... (Ainda não se usava o termo "bejeca")...  Em todo o caso, estava-se longe da ideia de "cruzeiro turístico", Geba acima, Geba abaixo...








Guiné > Rio Geba >  Fevereiro de 1970 > Viagem Xime-Bissau >  LDG 101 NRP Alfange > Entre outras tropas levava o pessoal do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), que terminva a sua comissão no setor L (Bambadinca), e era comandado pelo alf mil cav Jaime Machado. Iriam regressar à metrópole em abril de 1970, no mesmo T/T Niassa em que tinha vindo.

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4.  A Classe Alfange foi uma classe de lanchas de desembarque grande (LDG) o serviço da Marinha Portuguesa.

Os navios desta classe foram construídos nos Estaleiros Navais do Mondego (Figueira da Foz), com um projeto baseado na Classe LCT-4,  de origem britânica. 

Pelo seu deslocamento superior a 400 toneladas, os navios foram classificados, pela Marinha Portuguesa, como "lanchas de desembarque grandes (LDG)".

As lanchas destinavam-se a ser empregues na Guerra do Ultramar em missões de reabastecimento logístico, de transporte de tropas e em operações anfíbias, sobretudo em apoio dos Fuzileiros. Foram empregues nos teatros de operações de Angola e da Guiné Portuguesa.

Em 22 de novembro de 1970, a LDG 104 NRP Montante (classe Alfange) e a LDG 105 (classe Bombarda) fizeram parte da força naval portuguesa envolvida na Operação Mar Verde (invasão e Conacri), transportando tropas de desembarque  (comandos guineenses e opositores ao regime de Sékou Turé

As LDG foram batizados com designações de armas medievais (Ariete, Alfange, Cimitarra. Montante). 

Terminada a Guerra do Ultramar, os navios foram cedidos a Angola e à Guiné-Bissau. (...)

Unidades:


Nº de amura /  Nome  /  Comissão em Portugal / Observações
  • LDG 101 NRP Alfange 1965 - 1974 Cedida a Angola
  • LDG 102 NRP Ariete 1965 - 1975 Cedida a Angola
  • LDG 103 NRP Cimitarra 1965 - 1975 Cedida a Angola
  • LDG 104 NRP Montante 1965 - 1974 Cedida à Guiné-Bissau

Ficha técnica > Classe Alfange

Nome: Classe Alfange
Construtor(es): Estaleiros Navais do Mondego
Lançamento: 1965
Unidade inicial: NRP Alfange
Unidade final: NRP Cimitarra
Em serviço: 1965 - 197
Operadores: Portugal | Guiné-Bissau | Angola

Características gerais
Tipo: Lancha de desembarque
Deslocamento: 480 t
Comprimento: 57 m
Boca: 11,8 m
Calado: 1,2 m
Propulsão: 2 motores diesel 1 000 hp 2 veios
Velocidade: 10,3 nós
Sensores: Radar de navegação DECCA
Armamento: 2 peças de 20 mm (1965) | 2 peças de 40 mm (1973)
Tripulação/Equipagem: 20
Carga: 270 t

Fonte: Adaptado de Wikipedia > Classe Ariete 


Bissau > Cais da Marinha > Setembro de 1968 > LDG 101 NRP Alfange > Transporte de um Pel Art com destino a Piche, por via fluvial até  Bambadincas (rio Geba)


Bissau > Cais da Marinha > Setembro de 1968 > LDG 101 NRP Alfange > Peças de artilharia 11.4 ao lado de garrafões de vinho...


Rio Geba (Estreito)  > Bambadinca > Setembro de 1968 > LDG 101 NRP Alfange no porto fluvial de Bambadinca, com um Pel Art com destino a Piche (que depois seguiu, em coluna motorizada, Bambadinca - Bafatá- Nova Lamego - Piche)

Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca)  > Xime > 1969 > LDG 105 NRP Bombarda no cais fluvial do Xime

Fotos (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Em 1969, entraram  ao serviço da Marinha as LDG Classe Bombarda, mais comprida e deslocando mais tonelagem.

Nome: Classe Bombarda
Operador: Portugal
Unidade inicial: NRP Bombarda (1969)
Unidade final: NRP Bacamarte (1985)
Lançamento: 1969
Em serviço: 1969 - 2014

Características gerais

Tipo: Lancha de desembarque
Deslocamento: 652 tonelada
Comprimento: 56 metro
Boca: 11,8 m
Calado: 1,9 m
Propulsão: motores diesel de 910 hp 2 veios
Velocidade: 10 nós
Armamento:  2 peças de 40 mm (LDG 201 e LDG 203) | 2 peças de 20 mm (LDG 202)
Tripulação: 20
Passageiros : 1 batalhão de fuzileiros navais
Carga.  9 carros de combate ou 10 camiões de 6 t


Guiné > Região de Quínara > Buba > 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) > 4 de setembro de 1974 > A LDG 105 NRP Bombarda abicada em Buba

Foto (e legenda): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24815: Excertos dos melhores escritos de António Eduardo Ferreira (1950-2023), ex-1º cabo cond auto, CART 3493 / BART 3873 (Mansambo, Cobumba e Bissau, 1972/74) - Parte V: o sentinela, o 1º cabo mecânico Santos, que afinal confundiu gazelas com 'turras' junto ao arame farpado..


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá  > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O alf mil Torcato Mendonça (1944-2021) junto a um obus 10,5 ou 105 mm. Em 1972/73, ao tempo da CART 3493,  já não havia artilharia (obus 10,5) em Mansambo, apenas uma esquadra de morteiro 81, do Pel Mort 2268. (No subsector de Mansambo, além da CART 3493, jan 72/mar 73, havia um Pel Mil, 0 308,  em Candamã.)

Foto (e legenda): © Torcato Mendonça  (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 


Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento de Mansambo, construído de raiz pela CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69).  Situava-se perto da estrada   Bambadinca -Xitole, à direita (assinalada a tracejado, a amarelo). 

Dentro do perímetro do aquartelamento, situava-se o heliporto, à esquerda, assinalado a vermelho (na foto). A zona envolvente estava  completamenmte desmatada.  Havia só uma grande árvore ao fundo,  à entrada do aquartelamento, numa saída  que dava acesso à bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole, com Bambadinca (a norte) (lado esquerdo) e o Xitole (a sul) (lado direito da foto).  

Em 1960, havia dois  obuses 10,5, um de cada lado,  à esquerda e à direita. Ao fundo vê-se uma mancha,  à esquerda do trilho de entrada,  que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a horta da CART 2339. A fonte ficava à direita da foto onde se veem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo.  

Em 1973, o PAIGC deslocou parte das suas forças, da chamada Frente Xitole, para o sul, aliviando a pressão sobre o sector L1, em geral, e Mansambo, em particular, incluindo a estrada Bambadinca-Xitole (que chegou a estar interdita entre finais de 1968 e setembro de 1969). Em 5 de abril de 1973, a CART 3493 será transferida para Cobumba, na região de Tombali, passando a integrar o COP 4  (com sede em Cufar).
 
Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

Foto (e legenda): ©  Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. Série com pequenos excertos dos melhores postes do António Eduardo Jerónimo Ferreira (1950-2023) (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Cobumba e Bissau, 1972/74) (*).

O nosso camarada era natural de Moleanos, Alcobaça. Na tropa e na guerra era mais conhecido por Jerónimo. Lutou quase 20 anos, desde 2004, contra um cancro. Criou o blogue Molianos, viajando no tempo, em data difícil de precisar (c. 2013/2014).

A pequena história aqui contada não é virgem... Uns  anos antes, c. 1969/70, em Bambadinca,  houve um soldado básico, que estava, certamente por castigo, num dos postos de vigia à noite, e que provocou um  enorme alarido, ao começar a gritar  que estava uma manada  de  "elefantes" junto  ao arame farpado... 

Este nosso camarada de Mansambo, o 1º cabo cabo mecânico Santos,  viu, não uma manada de elefantes mas de gazelas à cata da mancarrra, semeada pelo pessoal da tabanca dos guias e picadadores (não havia população) e despejou-lhe um carregador de G3 em cima, mas com tanto azar que não acertou em nenhum bicho... Se tivesse acertado, seria bem pior: comia bife, no dia seguinte, ao almo9ço, e uma porrada ao jantar...

Uma história pícara aqui contada pelo 1.º cabo condutor auto Jerómimo (**), e que vem enriquecer o anedotário da nossa guerra...


Parte V: O sentinela, o  1.º cabo mecânico Santos, que afinal confundiu gazelas com turras junto ao arame farpado...

(...) Certa noite em Mansambo, o cabo mecânico fazia reforço num posto de vigia que ficava próximo do heliporto (vd. foto nº 2, acima). 

Quem o conhecia, o Santos, sabia bem como era o seu comportamento, sempre pouco preocupado com o que pudesse acontecer.

Em Mansambo no nosso tempo não era permitido fazer fogo quer fosse de noite ou de dia. Naquela noite tudo decorria com normalidade como era costume, até que o Santos viu entrar na primeira vedação de arame que circundava o aquartelamento uma manada de gazelas e vai disto, sem pensar na confusão que iria arranjar, despejou o carregador na direção dos pobres bichos que naquela noite pensavam ir ter uma refeição especial ao mondar a mancarra que o pessoal da Tabanca tinha semeado entre as duas vedações, mas ficaram-se só pelo susto.

Com aquele despertar toda a rapaziada supôs ser ataque junto ao arame,  nós que até nem sabíamos o que isso era (nunca aconteceu enquanto tivemos em Mansambo), foram perguntar ao Santos o que é que ele tinha visto. Ele. com aparente convicção, disse que tinha visto homens junto ao arame e por isso tinha disparado nessa direção.

Mesmo sem resposta ao fogo do Santos por parte do inimigo, a ordem foi para bater toda a zona e, a reação ao suposto inimigo, foi de tal ordem que as nossas munições de armas pesadas ficaram quase esgotadas (vd. foto nº 1).

No dia seguinte foi feita uma coluna a Bambadinca para repor o material em falta e certamente para dar mais pormenores acerca do sucedido ao Comando do Batalhão (o BART 3873). 

Só passado algum tempo, é que o Santos disse o que na verdade tinha acontecido, viu as gazelas,  disparou e tinha que arranjar maneira de sair daquela situação, e assim se safou,  inventando essa pseudoaproximação do inimigo ao arame.(...)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos: LG)
___________

Nota do editor:


(**) Vd. poste de 6 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10043: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493) (2): Gazelas em Mansambo

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24798: As nossas geografias emocionais (10): O fontenário de Bambadinca de 1948, de que quase ninguém... já se lembra(va)!


Foto nº 1 > Guiné >  Zona leste :- Região de Bafatá > Bambadinca > O fontenário, de 1948 (melhoramento do tempo do governador Sarmento Rodrigues, tal como outros espalhados pelo interior da Guine) , em foto de 1964... Enviada pelo nosso camarada Libério Lopes, que foi 2º sarg mil inf da CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65), portanto um dos nossos veteranos, natural de Penamacor,  aqui na foto sentado ao lado de uma linda bajuda bambadinquense. 

Foto (e legenda): ©t Libério Lopes (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Fotos nºs 2 e 3 : Guiné >  Zona leste :- Região de Bafatá > Sctor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, José Carlos Lopes no cimo da famoso fontenário de Bambadinca... 

Poucos fotógrafos deram contam  deste equipamento (que hoje pode ser considerado um onumento, de resto parece-nos tem traço de arquiteto, talvez do GAC - Gabinete de Arquitectura Colonial). E, no entanto, milhares e milhares de homens em armas passaram ao seu lado... É uma construção dos anos 40 (conforme inscrição, visível na foto: 1948).  O Zé Carlos Lopes, pelas suas funções,  tinha que dar fé desta construção, uma vez que deslocava-se com frequència ao porto fluvial e ao destacamento da intendência, na margem esquerda do rio Geba Estreito

Fotos: © José Carlos Lopes  (2012). Todos os direitos reservadosodos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 1996 >  Fonte de Bambadinca. Quando o Humberto Reis, meu camatrada da CCAL 12,  voltou à Guiné, em viagem de negócios e de saudade, passou por Bambadinca e tirou esta chapa. A fonte ainda estava lá, e - o mais importante - funcionava!... E continuou a lá estar, até hoje (vd. foto nº 5).

Fotos: © Humbertoo Reis  (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 5 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Meados de 2023 > O fontenário, que ainda hoje continua a funcionar. Fotogramas do vídeo de Paulo Cacela (2923) : "Dentro da Maior Tabanca da Guiné-Bissau". 

(Editado e reproduzido com a devida vénia...)

Foto © Paulo Cacela (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fotos nºs 6, 7 e 8 >  Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > A zona ribeirinha de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba (Estreito), alagada no tempo das chuvas... Foto provavelmente de meados de 1968 ou 1969... Em meados de 1970, no tempo da CCS/BART 2917 (1970/72), já havia um novo troço de estrada ligando por fora (isto é, contornado o planalto onde se situava o aquartelamento e o posto administrativo de Bambadinca) a estrada do Xime com a de Bafatá. (Vd. foto nº 13).

Nestas 3 fotos aparece um dos ícones de Bambadinca, o fontenario, raramente fotografado por quem lá esteve ou por lá passou... Eu próprio, que lá estive, na CCAÇ 12 (1969/71) também já não me lembrava do fontenário. Outros camaradas que passaram por lá (iam a tasca do Zé Maria ou ao porto) ambém já confessaram que se nao se lembravan: o nosso saudoso Torcato Mendonça, o Paulo Santiago (que foi 
aqui formador de milícias), etc. ( O Paulo Santiago escreveu: "Não esperava esta!!! Seis meses em Bambadinca, muitas sortidas ao Zé Maria, e nunca vi a fonte...estaria camuflada??? | 15 de dezembro de 2012 às 23:55 ).

Fotos © José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 9 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c- 1968/70 >  A tabanca, vista do alto do depósito de água do quartel... Do lado norte / nordeste: tabanca, estrada para o rio Geba Estreito e picada de Finete/Missirá, acesso, à direita,  à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá.  Assianalado a vermelho o fontenário, que ficava numa cota mais baixa. Foto do álbum do Jaime Machado,  cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)


Foto nº 10 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > c. 1968/70 > Em primeiro plano, o depósito de água que abastecia o quartel e as nstalações civis (o posto administrativo, a casa do chefe de posto, a escola, a casa da professora, a capela, a missão católica, etc.)... A tabanca beneficiava do fontenário público, assinalado a amarelo...

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 11 > Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Vista (parcial) da tabanca de Bambadinca, com o Rio Geba ao fundo. Em primeiro plano, contígua ao arame farpado, a casa e o estabelecimento comercial do Rodrigo  Rendeiro, um dos poucos colonos portugueses que conhecemos na Guiné, em 1969/71, natural da Murtosa. Assinalado a vermelho, o fontenário. Se não erramos, ficava junto ao mercado local.


Foto nº 12 > Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > O fontenário visto de mais perto.


Foto nº 13 > Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > CCAÇ 12 (1969/71) > Vista aérea da tabanca de Bambadinca, tirada no sentido sul-norte. Em primeiro plano, a saída (lado leste) do aquartelamento, ligando à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá. Este troço que ladeava o "morro" (ou promontório) de  Bambadinca, fazia a ligação com a estrada, em construção, Bambadinca-Xime (que será posteriormente asfaltada, em 1971/72). Ao fundo, o Rio Geba Estreito. São visíveis as instalações do Pelotão de Intendência, junto ao importante porto fluvial de Bambadinca. O fontenário de aqui falamos, construído em 1948, está sinalizado com um círculo a vermelho.


Foto nº 14 > Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Entrada principal, pelo lado leste (sentido Bafatá), do aquartelamento. A famosa (e perigosa)  rampa . O fontenário está sinalizado com um círculo a vermelho, ficava a uns 100 metros da casa e estabelecimento comercial do Rendeiro (não vísivel, à esquerda).

 Fotos © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24794: As nossas geografias emocionais (9): Imagens recentes de Bambadinca e Nhabijões (fotogramas do viajante e criador de vídeos Paulo Cacela, Cabo Verde)

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24646: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (11): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte VIII: o que fizeram de ti, Bafatá, princesa do Geba ?


Foto nº 1  > Mercado de Bafatá, visto do exterior.  (recorde-se que o nosso especialista de Bafatá, o Fernando Gouveia, já lhe dedicou um poste, P4769, considerando este edifício, de estilo revivalista, neo-árabe,  como o verdadeiro ex-libris de Bafatá)


Foto nº 2 > Mercado de Bafatá: interior (1)


Foto nº 3  > Mercado de Bafatá: interior (2)


Foto nº 4 > Mercado de Bafatá: interior (3)
 

Foto nº 5  > Porto fluvial de Bafatá visto da piscina municipal construída ao tempo do administrador Guerra Ribeiro


Foto nº 6 > Rua principal de Bafatá, vista da piscina; em primeiro, o parque com a estátua do governador Oliveira Muzanty, do princípio do séc. XX (e entretanto derrubada a seguir à independência), e a casa Gouveia; ao alto, ainda se vê a torre da igreja (Bafatá hoje é sede de episcopado).


Foto nº 7 > O Jaime Machado na prancha de saltos da piscina municipal


Foto nº 8 > A mesquita de Bafatá (ficava na tabanca da Rocha,  tal como... o Bataclã)


Foto nº 9 > Estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá que aqui, se não nos enganamos, atravessava o Rio Cofule, afluente do Rio Geba (ponte em madeira)


Foto nº 10  > O burro, que já estava em extinção... Aqui carregado de sacos de mancarra.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Bafatá >  s/d (presumivelmente 1969)

Fotos (e legenda): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do belíssimo álbum  do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*).

[Foto atual, à direita, do Jaime Machado, que reside em Senhora da Hora, Matosinhos; sua avó paterna era moçambicana; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]


2. Comentário do editor:

Bafatá tem 385 referências no nosso blogue.
No nosso tempo era a cidadezinha da Guiné mais aprezível, acolhedora, tranquila,e talvez a mais fotogénica. 

Quem andou no Leste, passou por lá e os nossos fotógrafos por certo lhe tiraram uma ou mais chapas... do Fernando Gouveia (que lá viveu com a esposa durante toda a comissão, entre 1968 e 1970) ao Humberto Reis (que estava ali a 30 km, em Bambadinca, entre kmeados de 1969 e março de 1971). 

O Jaime Machado, com as suas Daimlers dançarinas, iá também regularmente, em serviço ou me lazer.  Eram a nossa escvolta. No seu e nosso tempo era dos poucos troços de estrada asfaltada, que havia no território, a estrada Bambadinca-Bafatá. E ainda era um oásis de paz. O comércio da mancarra trouxe prosperidade a Bafatá. 

E depois tornou-se também o "ventre da guerra"... O "patacão"  da tropa alimentava Bafatá, que tinha um porto fluvial, mas já em decadência, com a concorrência do Xime e de Bambadinca, mais a jusante. Tinha algumas excelentes casas comerciais e restaurantes. E, claro, o Bataclã, o comércio do sexo em tempo de guerra.

Enfim, são mais umas fotos (reeditadas e melhoradas) para o roteiro de Bafatá (descritor com cerca de 20 referências),  um lugar que já não existe mais, a não ser nas nossas memórias: os visitantes de h0je são unânimes em reconhecer a decadência da cidadezinha colonial que conhecemos antes da independêncioa do território.



Guiné > Zona Leste > Estrada Bambadinca-Bafatá > 1969 > Coluna da CCAÇ 12, a caminho de Bafatá,  acompanhada de uma AM (autometralhadora) Daimler, do Pel Rec Daimler 2046, instalado em Bambadinca, e que era comandado nesse tempo pelo alf mil cav Jaime Machado... Era a nossa escolta habitual. (Parece-nos, mas não temos a certeza, de ser ele, o  Jaime Machado, quem ao lado do condutor.) 

Fotos (e legenda): © Humberto Reis  (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
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domingo, 25 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24429: Convívios (967): 52º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 22 de junho de 2023, juntando 45 comensais

Foto nº 1 > O régulo Manuel Resende com a grarrafa de uísque The Monks, oferta do  António Brito Ribeiro... Tem sido ele o grande animador destes convívios da Tabanca da Linha, dando continuidade ao trabalho dos saudosos Jorge Rosales (1939-2019) e José Manuel Matos Dinis (1948-2021), dois "salesianos do Estoril". Esta tertúlia de antigos combatentes é das mais antigas, foi criada em 2010 e reune-se com grande regularidade: este foi o 52º almoço-convívio. O Manuel Resende, inicialmente, era apenas o fotógrafo de serviço. Sucedeu ao Jorge Morales e ao José Manuel Matos Dinis no "comandante das tropas". E com agrado geral. O seu álbum fotográfico deste encontros é já uma valiosíssima base de dados... ATabanca da Linha tem 150 amigos no Faceboo9k, ou seja, tem 150 membros registados, nem todos infelizmente já vivos... Tem-se reunido nos últimos anos em Algés, no Caravela d'Ouro, numa sala (a do último andar, com magnífica vista para o Tejo) com capacidade para 80 pessoas. Em geral, âs 5ªs feiras, de seis em seis semanas.


Foto nº 2 >  Humberto Reis (Alfragide ) e António F. Marques (Cascais), dois veteranos da CCaç 12 (1969/71), e da Tabanca da Linha

Foto nº 3 > Manuel Macias (Linda-a-Velha) e um camarada que não conseguimos identificar


Foto nº 4 > Armando Pires (Carnaxidce) e Miguel Rocha (Linda-a-Velha)

Foto nº 5 > As esposas, Helena, do Mário Fitas (Estoril), e a Ilda, do Zé Carioca (Cascais)


Foto nº 6 > António Maria Silva (Cacém / Sintra) e Jorge Pinto (Sintra)


Foto nº  7 > Adolfo Cruz (Algés) e  João Rosa  (Lisboa)


Foto nº 8 > Manuel Joaquim (Agualva-Cacém) e  José Ferreira da Costa (convidado do Zé Rodrigues, de Sintra,  e esteve em Angola)


Foto nº 9 > Artur Ferreira Teles (amigo do Fitas e da mesma Companhia), Mário Fitas e Helena


Foto nº 10 >   Daniel Gonçalves e seu amigo ten cor António Andrade


Foto nº 11 : > Ilda, Zé Carioca e António Varanda 


Foto nº 12 >  Grupo: em segundo plano, o Diniz Sousa e Faro (S. Domingos de Rana) e o Fernando J. Estrela Soares (Algés)


Foto nº 13 > O régulo e fotógrafo Manuel Resende


Foto nº 14 > O régulo... e tesoureiro, Manuel Resende


Foto nº 15 > Restaurante: Arranjo floral


Foto nº 16 > Decoração do restaurante


Foto nº 17 > Dois generais da Força Aérea, Rui Balacó e José Nico.


Foto nº 18 > O José de Jesus (da Companhia do Manuel Resende), Jorge Canhão e António Brito Ribeiro, o "dono do botelha de uísque"...


Foto  nº 19 > Um minuto de silèncio em memória de Carronda Rodrigues (1948-2013)

53º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de junho  de 2023 >   Seleção de fotos

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do administrador da página do Facebook da; Magnífica Tabanca da Linha, com data de de 22 do corrente, 23h42:

Caros Amigos e Camaradas, ou como dizia o Mexia Alves,  "Camarigos", hoje, apesar da data de luto pelo nosso Magnífico Sr. Coronel Carronda Rodrigues, Comando, tivemos mais um convívio da Magnífica Tabanca da Linha, o nº 52. Era de esperar que não houvesse muita aderência devido ao tempo de férias, mas apesar destas contingências tivemos 45 convivas.

Fizemos um minuto de silêncio pelo nosso Magnífico que estava naquele preciso momento em cerimónias para a sua cremação.
 
Nem tudo são tristezas e a vida continua, e assim o nosso Magnífico António Brito Ribeiro presenteou-nos com uma garrafa de Wisky Monks, que veio da Guiné há 51 anos. Deu para cheirar a quem quis, pois o conteúdo era pouco. Evaporou-se, entretanto, mas estava lacrada.
 
Neste convívio tivemos três "piras":



Segundo opinião geral (não de todos) o arroz de garoupa estava bom.

Lá para Setembro faremos outro. Deem sugestões para a ementa. Os lombinhos de pescada com arroz de marisco creio que escorregam bem pelas nossas goelas e creio que todos gostam, até os meus netos quando lá vamos.



Lista dos inscritos até à véspera. Os participantes efetivos foram 45

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Notas do editor:

Último poste da série > 20 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24417: Convívios (966): Aquele que foi, historicamente, o último encontro da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), realizado em 5/11/2022, em Alenquer: os versos de despedida do Francisco Santos (o "Xico" do Montijo)