sábado, 1 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22867: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte III: Ficam-nos as tuas "Estórias Cabralianas", como consolo (J. Carlos Silva, Carlos Vinhal, João Crisóstomo, J. Marcelino Martins, Francisco Baptista, Luís Graça, Mário Beja Santos, Alberto Branquinho, Adriano Moreira, J. Armando Teixeira, J. Botelho Colaço)


Foto nº 1 >  Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão >  Da esquerda para a direita: (de pé) Soldado Django, Furriel António Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Jorge Cabral, Soldado Preto Turbado, 1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano):  Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?) , 1º Cabo João, Soldado Alfa.



Foto nº 1A > Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão > Da esquerda para a direita: (de pé) Soldado Django, Furriel António Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Jorge Cabral, Soldado Preto Turbado: : (em primeiro plano, de cócoras):  Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?) , 1º Cabo João.



Foto nº 1B > Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969  > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão  >  Da esquerda para a direita: (de pé)  1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano, de cócoras):  1º Cabo João, Soldado Alfa.

Foto (e legenda): © Jorge Cabral (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

 
Jorge Cabral (1944 - 2021) > O livro das condolências (*):

(Continuação)


(xiii) João Carlos Silva

Quando me juntei a todos vós por via deste blogue, lembro-me bem de seguir com prazer as “Estórias Cabralianas”. Lamento muito esta triste notícia.

Sentidos pêsames aos familiares e amigos e que o Jorge Cabral descanse em Paz.

(xiv) Carlos Vinhal 

Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade.

O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva.

Quem segue o facebook apercebe-se facilmente da sua popularidade entre os antigos alunos, principalmente entre as alunas, não por ser engraçado mas por ter graça e por também ser uma “alma”, a Alma Mater de todas as Almas que o conheceram, lhe passaram pela vida e que lhe estão gratas.

Entre nós, aqui no Blogue, foi sem dúvida um dos melhores. Perdemos mais um amigo especial. Palavras circunstanciais mas que com ele têm todo o cabimento. Quantas vezes se terá rido de nós quando nos “zangamos” por coisas insignificantes, quando na vida o que conta é a amizade e a camaradagem.

Lá para onde foi, e para onde iremos todos, estará já a provocar o caos, tirando do sério até aquelas almas mais circunspectas, com as suas estórias cabralianas.

Até sempre, Jorge Cabral.

À família enlutada deixo o meu sentido pesar pela perda do seu ente querido.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
29 de dezembro de 2021 às 10:14 

(xv) João Crisóstomo

Tinha sido um dia bom. Voltei contente e feliz mas só ao fim do dia me senti com forças para abrir o computador para, nos três departamentos que visito todos os dias  - correio digital, blogue Luís Graça e camaradas da Guiné e pois a CNN - me inteirar das últimas notícias.

Mas logo deparei com a notícia da morte do nosso camarada, numa mensagem do Luís Graça:
Que balde de água fria! Pouco sabia dele antes de ler o seu livro que através dum amigo consegui receber aqui . Mas a partir daí nunca mais deixava de ler no blogue as suas façanhas que, no dizer de Luís Graça, mas que eram sempre todas tão humanas, por vezes evidenciando um grande coração. Quantos de nós nos lembramos durante as nossas férias na metrópole de fazer ou trazer connosco algo para os nossos amigos/as guineenses? Pois o nosso Cabral nao hesitou em comprar e levar dúzias de “corpinhos” para as bajudas das tabancas onde estava estacionado…

Lembro-me de ao ler isto ter partido a cuca a rir, para logo dizer com os meus botões: "mas ele pelo menos lembrou-se de fazer alguma coisa… coisa que nunca me passou pela cabeça!”

As suas “Estórias Cabralianas” foram/eram de grande interesse para mim pois que muitas delas se tinham passado em Missirá e outros lugares onde alguns anos antes dele eu tinha vivido a minha experiência na Guiné. E isso de alguma maneira fazia dele "um camarada especial”!

Parei tudo, e com tristeza e saudade dei largas à minha memória e imaginação; passados minutos sabendo que naquele momento muitos dos meus camaradas estariam também sentindo a sua partida , associei-me a todos esses camaradas , crentes ou não, da maneira que eu como crente encontrei a melhor, encomendando-o ao Senhor. Mas fazia-o também em agradecimento, lembrando os muitos e bons momentos e alegrias que o nosso Cabral soube proporcionar aqueles que o conheceram ou dele ouviram falar.

João Crisóstomo, Nova Iorque


(xvi) José Marcelino Martins

É sempre assim.
Sabemos que vai acontecer, só não sabemos quando.
E por mais que queiramos, nunca estamos preparados.
Até um dia!

(xvii) Francisco Baptista

Alfero Cabral,  partiste antes do tempo mas a morte não espera. Para todos nós partiste cedo, neste tempo cinzento de inverno e pandemia, queríamos mais crónicas tuas para alegrar os dias. Acredito que foste feliz, enquanto a doença não te minou a saúde, tinhas razões para isso, Professor distinto com um óptimo percurso profissional, mestre do humor, com muito talento, o êxito da tua escrita não deixava ninguém indiferente. Foste amado pelas bajudas da Guiné e pelas tuas alunas, foste estimado e admirado pelos homens, teus camaradas e amigos. Tiveste uma vida cheia, na hora da despedida quero dar-te os meus parabéns, embora cedo demais.

A tua recordação perdurará para sempre entre todos os que te leram e conheceram.

Sentidos pêsames a toda a família e amigos.

Francisco Baptista

29 de dezembro de 2021 às 11:31 

(xviii) Tabanca Grande Luís Graça 

Peço, desculpa, o Jorge tinha 77 anos feitos em 6/11/2021. Nasceu portanto em 1944 (e não em 1945, como inicialmente indiquei), tal como o nosso querido Torcato Mendonça, que, também ele, nos deixou neste maldito ano de 2021.

Fui recuperar um poste, já muito antigo, de 2007, em que o Cabral publicou um poema, datado de Missirá, 6 de novembro de 1970, data em que fazia 26 anos, e de que lhe fora enviada uma cópia por um "camarada de pelotão", com a seguinte nota:

(...) "Escreveu-me um Camarada do Pelotão insurgindo-se contra este 'consertador de catotas, engatatão de bajudas, anfitrião da putaria, oferente de soutiens, e pai de todos os meninos da Tabanca', dizendo para eu escrever 'à séria'. E, surpresa das surpresas, manda-me um Poema que eu fiz, no dia do meu vigésimo sexto aniversário. É este, que ora te envio. Garanti-lhe que estou reformado das bajudas e que não me tem aparecido nenhuma 'catota' para consertar, embora pense não ter perdido o jeito…

"Grande Abraço

P.S. - Conta com este gajo 'nada sério', sexta-feira no Cinema [ Tínhamos encontro marcado na Culturgest, no edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, para a estreia do filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, "As Duas Faces da Guerra", dia 19 de Outubro, às 23h, no Grande Auditório...]


(...) Aniversário

por Jorge Cabral

Vinte e seis ou Mil, conto pelos dedos
Os anos que vivi, eu não sonhei
Este tempo de angústia e de medos,
Que soletro e nunca sei.
Que Guerra é esta? Onde não estou!
Que rio aquele? Não cheira a Tejo!
Que combate? Combato, mas não sou.
E quando olho o espelho, não me vejo!
Aqui em Missirá, escravo e senhor
Invento-me. E guarda – prisioneiro
Bebo, fingindo em alegria, a Dor.

Hoje faço anos… e continuo inteiro.

Missirá, 6 de Nov. 1970



... E eu comentei:

"Jorge Cabral, que as circunstâncias obrigaram a ser comandante de um pelotão de caçadores nativos e chefe de tabanca, 'malgré-lui' - entre muitos outros papéis sociais - foi talvez aquele de nós, milicianos, que nunca se levou a sério... Acho que isso o ajudou muito a manter em equilíbrio dinâmico a sua saúde mental... Talvez um dia alguém o eleja como case study das técnicas de sobrevivência em teatro de guerra...

16 de outubro de  2007
Guiné 63774 - P2180: Blogpoesia (5): O vigésimo sexto aniversário de um gajo nada sério, Missirá, 6 de Novembro de 1970 (Jorge Cabral)
 

29 de dezembro de 2021 às 11:31 

(xix) Mário Beja Santos

Meus estimados confrades, quando cheguei a Bambadinca, em agosto de 1968, o Pel Caç Nat 63 era comandado pelo Almeida, fazia a intervenção, o mesmo é dizer toda a serventia, que será reservada ao Pel Caç Nat 52 a partir de novembro de 1969. O Almeida partiu e veio o Jorge, recebi a notícia através do 1º cabo Nhaga Macque: "Chegou novo alfero para o 63, como eu também fuma canhoto". Se Nhaga fumava cachimbo, a novidade trazida pelo novo alfero era um cachimbo digno de Sherlock Holmes, recurvado, sempre encostado no lado direito, seguro por mão sólida, mesmo quando o nosso alfero estava em dia de chalacear, já que ele era bem parcimonioso. 

Vivíamos desencontrados, eu venho para Bambadinca e ele parte para Fá, irá substituir o Pel Caç Nat 54 em Missirá, manteve-se a distância, os encontros esporádicos eram sobretudo operações no Xime, houve mesmo um patrulhamento conjunto, ele do lado do Cuor e o Pel Caç Nat 52 a percorrer Mero, tabanca em duplo controlo. E tínhamos o ritual dos encontros do BCaç 2852, era a nossa unidade comum. 

Trocámos picardia quando visitei a Guiné, em 2010, ele pediu-me se eu visitava Finete e apurava quanto lhe custaria uma morança com chão cimentado e ligação à casa-de-banho e cozinha. Se ele pensava que a pilhéria ficava impune, enganou-se. Fui falar em Finete com o senhor Biloche, construtor conceituado, apresentou-me um projeto com os requisitos necessários, entreguei-lhe o documento na Rua Passos Manuel, era o nosso ponto de encontro, tinha ali escritório e eu visitava a livraria Assírio, riu-se a valer do meu trabalho e agradeceu-me outra incumbência, trouxe-lhe a relação de todos os seus homens, fotografei o autor dessa relação, está tudo publicado no blogue, sei como ele se comoveu imenso. 

Escuso de referir o que ele me disse ao telefone, tinha poucas ilusões sobre o seu combate, era uma comunicação lancinante. Além de um camarada, perco um companheiro de lides em locais onde passámos perigos e num tempo em que nos fizemos homens. Estou a vê-lo à entrada do céu a pedir licença a S. Pedro e este, bem risonho, a dizer: "Entra, Jorge, tu não precisas de pedir licença, tanta foi a bonomia que deixaste lá em baixo". 

Saudações para todos, Mário


(xx) Alberto Branquinho 

Jorge,

Não há nada que mais doa a quem escreve do que não ser publicado (em livro, pois que aqui, neste blogue, estão todas).

Vou tentar contactar o teu filho (através do meu irmão) para ver se (com tempo) consegue localizar a "estrutura" que terias preparada para a publicação da segunda parte das "Estórias Cabralianas". A doença e a morte não te deixaram tempo para isso. E a pandemia também complicou. Veremos.

Adeus.
Alberto Branquinho

(xxi) Tabanca Grande Luís Graça

Camaradas e amigos, caros/as leitores/as: prometo fazer uma antologia (e republicar) algumas das melhores "estórias cabralianas" publicadas no blogue (e parcialmente em livro)... Em homenagem ao talento do Jorge Cabral, e sobretudo à sua grande humanidade, e à amizade e à camaradagem com que nos honrou e privilegiou em vida... Custa muito a aceitar a brutal realidade da morte dos homens bons e das pessoas especiais...

Subscrevo, inteiramente, o que, entre outros, aqui escreveu o nosso sempre generoso e incansável companheiro e camarada Carlos Vinhal:

(...) "Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade. O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva. (...) Entre nós, aqui no Blogue, foi sem dúvida um dos melhores. Perdemos mais um amigo especial. Palavras circunstanciais mas que com ele têm todo o cabimento. Quantas vezes se terá rido de nós quando nos 'zangamos' por coisas insignificantes, quando na vida o que conta é a amizade e a camaradagem." (...)

(xxii) Adriano Moreira (Admor)

Morreu o Jorge Cabral, mas "Cabral só há um,  o de Missirá e mais nenhum". Esta frase em mim nunca morrerá enquanto eu viver.

Tenho muita pena de nunca ter conhecido pessoalmente o nosso Alfero. Será sempre lembrado por nós e pelos melhores motivos.

Descansa em paz, Camarigo, e até um dia onde quer que seja, havemos de nos encontrar.

Adriano Moreira


(xxiii) Tabanca Grande Luís Graça

Alberto Branquinho, mano do António Branquinho, furriel mil do Pel Caç Nat 63:

Infelizmente, o seu editor, o José Almendra, adoeceu também, de cancro, e nem sei se está vivo. Não conheço ninguém da família, sei que tinha um filho (que o "obrigou", para sua segurança, a sair do apartamento do Campo Grande, para outro no Monte Estoril, mais perto de si...), um neto e um irmão, mais novo, economista ou engenheiro-agrónomo (não sei ao certo), de quem ele falava com ternura...

Foi sempre reservado, o Cabral, nunca ou raramente me falava da família ou dele próprio... Teve um grande desgosto, isso, sim, quando "perdeu" o escritório de advogado, que era a sua "morança", o seu refúgio, e onde deverá ter escrito a maior parte das suas "estórias cabralianas"...

Branquinho, vês se consegues desencantar o "manuscrito" do 2º volume...Escreves-lhe o prefácio e o filho, por certo, arranjará maneira de lhe encontrar uma boa editora... Sei que o filho é fiscalista famoso, tendo inclusive exercido funções governamentais, como Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ou coisa parecida.

Mantenhas. Boa saúde para ti e um melhor ano para todos. Luís

(xxiv) J. Armando Almeida

Profundamente desolado com esta notícia, se bem que, infelizmente, já esperada.

Tive, como muitos de nós, o privilégio de o ter conhecido,com ele convivido e de contar com a sua amizade.

Um abraço sentido a todos os seus familiares e amigos.

Até breve, Alfero!

J. Armando Almeida


(xxv) José Botelho Colaço

Alfero Cabral de quem tive o grato prazer de conhecer, conviver e ser amigo desta Alma, nos comentários seja no Blogue no facebook,  nos sites todos são unanemes em descrever o ser humano que era Jorge Almeida Cabral, por esse motivo carece por defeito tudo o que possa dizer de bem sobre o Sr. Jorge Cabral. 

Um até logo, amigo,  como dizem lá na minha terra. Colaço.


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Vd. poste anterior:

31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22858: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missira, mai 1969 / ago 1971) - Parte I: "Alfero Cabral", uma genial criação literária, um "alter ego" do autor, usado como arma de irrisão contra o absurdo da guerra (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P22866: In Memoriam (423): Jorge Cabral (1944-2021): cerimónias fúnebres, na Igreja do Lumiar, Lisboa, hoje, a partir das 17h00 (Pedro Almeida Cabral)


Rússia > Moscovo > Praça Vermelha > 2019 > "O meu pai, em Moscovo, no verão de 2019 (uma das várias viagens que fiz com ele) na Praça Vermelha, com o seu olhar curioso e atento, tão característico." Foto de Pedro Almeida Cabral, com a devida vénia.


Foto (e legenda): © Pedro Almeida Cabral  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de Pedro Almeida Cabral, publicada ontem no Facebook do seu pai, Jorge Almeida Cabral (1944-2021):


As cerimónias fúnebres do meu pai terão lugar amanhã, sábado, e domingo, na Igreja de São João Batista do Lumiar (Igreja do Lumiar) (*):

Sábado, 1 de janeiro, a partir das 17h., será o velório.

Domingo, 2 de janeiro, às 15h., realizar-se-á uma cerimónia religiosa, 
seguida de funeral no cemitério do Lumiar.

Não há quaisquer restrições a não ser o uso de máscara. Porém, tendo em conta o estado pandémico que vivemos, o meu pai compreenderia todas as cautelas e a ausência na cerimónia, naturalmente.

Em baixo, novamente em Moscovo, no verão de 2019 (uma das várias viagens que fiz com ele) na Praça Vermelha, com o seu olhar curioso e atento, tão característico. Deixo um pequeno poema que escreveu quando a morte já o fitava no horizonte, embora ele ainda andasse animado, e que deixa bem ver a forma como o meu pai vivia.


Para morrer eu quero um Pôr do Sol
E um perfume forte a algas e a Mar,
Um cheiro bom e honesto a pão mole
E uma forma de ser e nunca estar.

Inventem, de mim, que fui à Lua
E que venci um milhão de gigantes,
Que fui o Herói da minha Rua
E que antes de mim nunca existiu um antes.

Contem por mim muitas estórias
De Homens, de Mulheres e de Crianças,
Transformem as derrotas em Vitórias,
E jurem que eu vivi cheio de Esperanças!...


Jorge Almeida Cabral, junho de 2021.

[ Revisão / fixação de texto, para efeitos de publicação no blogue: editor LG.]
_________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série >

Guiné 61/74 - P22865: Os nossos seres, saberes e lazeres (485): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (31): Lembranças sertaginenses, pedroguenses e reguengueiras (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Novembro de 2021:

Queridos amigos,
A pretexto de uma nova vacinação, viajou-se com pouca bússola, ao sabor de encontros originais, mesmo confrontado com matéria repetitiva. Reconheça-se que José Saramago tem carradas de razão quando escreveu na sua Viagem a Portugal que o que se vê de manhã não é o que se vê de tarde, é tudo diferente com calor ou frio, ao sabor das estações, até de quem nos acompanha e do grau de disponibilidade que temos para fruir o que já se viu e se repete com a descoberta de diferenças. Pois foi o que aconteceu, a estonteante sinfonia de cor da folhagem outonal, passar por dois espaços carregados de memória, lembrar seres amados ou um projeto devorado pelo fogo, e arribar a um local que nos dá agora tanto aprazimento e registar o fim do dia, porque há amanhãs que cantam, basta ter paz interior e alegria para viver.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (31):
Lembranças sertaginenses, pedroguenses e reguengueiras


Mário Beja Santos

Convocado por SMS para nova vacina na Sertã, decidi-me pelo improviso puro, nada de leituras prévias, de andar a bisbilhotar guias à procura de mares nunca dantes navegados, o que for soará. Após a prestimosa vacina, desce-se à Avenida da Carvalha, como resistir a este deslumbre de cor. Intercalam-se cores esmaecidas e outras quase fluorescentes, é o outono vibrátil, sim, todo este folhedo cairá por terra, será um trabalho suplementar para a limpeza autárquica, para evitar acidentes com as quedas, enquanto estão gloriosas no arvoredo enchem-nos de encanto, no chão atormentam-nos por simbolizarem o fim de vida, embora sabendo que é a podridão orgânica, tem a força de adubo, fertilizante, elemento regenerador. E por ali andei embriagado com esta visão de coloridos, indiferente ao pensamento de que toda esta cor preludia o repouso invernal.

Estou em maré de lembranças, havia uns livros para entregar na Biblioteca Municipal de Pedrógão Grande, onde se guarda memória da minha adorada filha Glória, a autarquia abraçou a minha proposta de se fazer um recanto em sua lembrança, lá o vamos nutrindo com papelada e alguns objetos de Arte que possam amenizar a vida dos leitores. Se sorte tive com o calor outonal na Sertã, aqui apanhei a luz do meio-dia, tenho a impressão que a cirurgia que fiz a uma catarata me fez recuperar tons que me pareciam neutralizados, fui tomando imagens de alguns ângulos, é um espaço que acarinho e para aqui conto caminhar até ao fim dos meus dias.
Quem está em Pedrógão Grande aproveita para nova rememoração, bem negra por sinal. Ainda não se tinha dobrado o século e aqui se adquiriu uma casa agrícola pronta para ser renovada, depois de 20 anos ao abandono. Guardo as melhores recordações do entusiasmo posto neste projeto, encontrou-se uma equipa de truz que deu resposta a espaços confortáveis, tudo renovado, e parecia seguro, aprazível, aqui se recebeu muita gente, até de vários continentes, se ouviu o rouxinol nas noites quentes, o esvoaçar dos morcegos, o piar dos mochos. Ouviam-se as vozes dos velhos agricultores e recebiam-se prendas como um lauto saco de tomate, plantou-se um belo rododendro, havia a felicidade de cultivar, plantar, estar sentado num banco a ouvir o sibilar dos eucaliptos, em contraste com o quase imobilismo dos carvalhos. Pelo adiante, houve mudança de projetos, bateu à porta um casal de professores de ginástica que se tinham afeiçoado à casa, viviam longe e trabalhavam em Figueiró dos Vinhos, por artes mágicas ficaram com a bela casa de Casal dos Matos e entregaram um andar espaçoso em Tomar, outra experiência inesquecível.
E veio aquele inferno em 2017, foi devastador, o proprietário mais recente, de que desconheço o paradeiro, parece estar a remover as marcas do cataclismo, mas ainda dói que se farta saber que se pôs tudo aquilo de pé, que se removeu o apodrecido e se reconstruiu a preceito, que se deixou outros a continuarem aquela aventura, magoa este abandono quando se pôs tanto amor na reconstrução da casa que se encheu do mais doce convívio. Para que conste.

E de Pedrógão se viaja até Reguengo Grande, concelho da Lourinhã, outro projeto sonhador, desta feita em andamento e oxalá que perdure. É mesmo dia de novembro, venho até ao terraço apreciar a paleta de cores no céu, gosto muito destas duas alterações, aquele escuro que parece que esconde as formas, embota os volumes, massifica a superfície da encosta e subitamente é aquele festival de tons ígneos que marcam a despedida do dia, e ali fico especado com o dia de calor, as recordações, os símbolos da ascensão e queda, e também aqueles sinais que vêm dos céus que o dia parte para renascer, igualmente a vida se reconstrói e os sonhos medram, frutificam de acordo com a nossa curiosidade em nos sermos prestáveis e aos outros. E deste recanto tão formoso se regressa ao espaço onde este conjunto de imagens ganha sentido, e me ponho a comunicar para quem me lembra e eu guardo na agenda do meu coração.
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22842: Os nossos seres, saberes e lazeres (484): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (23): Lisboa no tempo de D. Manuel I, a cidade que ambicionava o mundo (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22864: Tabanca dos Emiratos (6): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte II (A): A Presença dos Países da CPLP: Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe... (Jorge Araújo)



“APONTAMENTOS” DA «EXPO 2020»

(DUBAI - 01Out2021 / 31Mar2022) 


Foto 1 - Vista aérea do espaço da «Expo 2020» (Dubai) com destaque para a imponente cúpula da «Praça Al Wasl» (ao centro), com os seus 130 metros de largura e 67,5 metros de altura, sendo este último valor superior à da «Torre de Pisa» (Pisa, Itália), que é de 56,7 metros na sua parte mais alta, ou ao do «Arco do Triunfo» (Paris, França), que tem 50 metros de altura. (foto da Agência de Notícias dos Emirados, com a devida vénia – in: https://www.wam.ae/pt/details/1395302987723) 


PARTE II (A)

A PRESENÇA DE PAÍSES DA CPLP 

(Guiné-Bissau / Cabo Verde / São Tomé e Príncipe / Angola / Moçambique / Timor-Leste)






Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); um homem das Arábias: (i)  doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; (ii) professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; (iii) vive entre entre Almada e Abu Dhabi; (iv) autor, entre outras, da série "(D)o outro lado do combate"; (v) nosso coeditor, com mais de 300 referências no nosso blogue: (vi) oltou às "Arábais" em agosto de 2021, depois de passar uma parte da pandemia na terrinha natal...

Está de momento com menos disponibilidade para o nosso blogue devido a afazares acedémicos: tem, nomeadamente em mãos dois livros técnicos. Mas arranjou tempo para ir à Expo' 2020 e dar-nos um "cheirinho" do que lá se passa... Portugal e a lusofonia também lá estão... Aproveitamos para lhe mandar, a ele e à sua Maria, um "balaio" cheio de saudades, miminhos, chicorações, rabanadas e outras docinhos, com votos de um ano de 2022 cheio de realizações pessoais e profissionais.



1. - INTRODUÇÃO


Decorridos os primeiros três meses do calendário da «EXPO’2020» no Dubai, Emirados Árabes Unidos (UAE), que, como é do domínio público, teve de alterar a sua data inicial para o período de 1 de Outubro de 2021 a 31 de Março de 2022 (seis meses), devido à pandemia da COVID-19, voltamos a partilhar no Fórum da Tabanca Grande alguns “apontamentos” sobre esta “Exposição Mundial” que, segundo os entendidos no assunto, está considerado como o maior acontecimento do género até agora realizado.

Com um total de mais de duzentos pavilhões, onde estão representados cento e noventa e uma nações dos cinco continentes, estes encontram-se espalhados ao redor da «Praça Al Wasl» (foto 1) por três espaços temáticos – Sustentabilidade / Mobilidade / Oportunidade –, onde cada conceito, ou subtema da «Exposição», procura antecipar o que será (ou poderá ser) o mundo nas próximas décadas.

Durante o primeiro mês do evento (Outubro), a organização anunciou ter registado o número de 2.350.868 visitas, crescendo para 5.663.960 em 5 de Dezembro e passando para 7.167.591 em 20 de Dezembro, última cifra conhecida.

Outros números divulgados pela organização dão conta de que durante os dois primeiros meses (Outubro e Novembro) a “Exposição” foi visitada por 5.383 líderes governamentais, incluindo Presidentes, Primeiros-ministros, Chefes de Estado e Ministros. 

No mesmo período decorreram nos vários espaços do recinto 10.461 eventos. Neste dois primeiros meses foram registadas cerca de 455.000 viagens de táxis de e para a “Exposição”; 600.000 viagens de serviço gratuito de autocarros Expo-Rider e 2.2 milhões de utilizadores que se deslocaram à «EXPO» através do Metro do Dubai.

Quanto a visitas virtuais os números atingiram os 25 milhões no mesmo período, devido à grande procura do Live@Expo, aumentando para 31.6 milhões em 20 de Dezembro último, consequência das inúmeras reportagens produzidas pelo universo dos «mídia» (jornais, revistas, televisão, rádio e internet) que diariamente visitam e divulgam informações sobre o evento.

Ainda que a maioria dos visitantes residam nos UAE, são alguns milhões aqueles que viajam do exterior oriundos dos vários continentes. Por exemplo, durante o mês de Novembro, 28% dos visitantes vieram de fora dos Emirados Árabes Unidos, designadamente da Índia, França, Alemanha, Arábia Saudita, Reino Unido, entre outros.

Por outro lado, segundo julgo saber, o conjunto dos diversos meios de comunicação do nosso País (jornais e canais de televisão) têm vindo a disseminar informações sobre este grande acontecimento mundial.

Em função do parágrafo anterior, os “apontamentos” narrados nesta PARTE II dizem respeito, apenas, a imagens obtidas durante as visitas que efectuámos aos pavilhões de seis países membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), acima identificados. 

Desses países, só Angola está instalada em pavilhão próprio, enquanto os restantes cinco (certamente por falta de recursos!?) dividem os espaços com outras nações. Neste caso, cada edifício construído em alvenaria foi dividido em quatro partes, onde se observa uma autonomia na gestão do mesmo.

2. – O “PASSAPORTE ESPECIAL” COMO RECORDAÇÃO DA EXPO

Tal como vem acontecendo desde 1967, ano em decorreu a «Exposição Mundial de Montreal», (Canadá), onde surgiu pela primeira vez o “passaporte especial”, também a organização da «EXPO’2020» manteve a edição do seu exemplar.

A criação deste documento serve, desde sempre, de estímulo para os visitantes, que querem ver e acompanhar todos os pavilhões internacionais que visitam, gravarem os carimbos de cada um como lembrança, para memória futura.

Recordo aqui os dois “passaportes” que ainda guardo como lembrança, por neles ter participado: o 1.º da «EXPO’92», em Sevilha (Espanha), e o da «EXPO’98», em Lisboa (Portugal).

A versão do “passaporte” da «EXPO’2020», de cor amarela, foi inspirado na herança dos UAE, ligando o passado ao presente. Nas suas 50 páginas contém desenhos e fotos dos três Pavilhões Temáticos, bem como da Praça Central «Al Wasl» e de outros marcos da cidade do Dubai (conforme exemplos abaixo: capa e uma folha interior com os carimbos do Paquistão, Bahrain e das Honduras).



O “passaporte” é personalizável, com recursos de segurança bem pensados, com número único, uma área para incluir uma foto, tipo passe, detalhes pessoais e imagens com marca d’água colocadas em cada uma das suas páginas, garantindo que não haja dois documentos iguais.

Reprodução dos carimbos dos seis países (adaptado a moeda/medalha).



3. – FOTOGALERIA DESTE “APONTAMENTO”


Porque o espaço disponível não é ilimitado, as fotos que seguidamente se apresentam foram aquelas que me pareceram serem as melhores para enquadrar este trabalho relativo às visitas aos pavilhões dos seis países em título.  


Foto 2 – «Expo’2021». Pavilhão da Guiné-Bissau. Os responsáveis de serviço naquele dia: a Djanaina Turpin e o Júlio Sanhá, acompanhados pelo repórter.


Foto 3 – Pavilhão da Guiné-Bissau. Banco oval existente na parte superior do salão, em forma de «L» invertido, enquadrado, numa das paredes, por painel de imagens da GB


Foto 4 – Pavilhão da Guiné-Bissau. Painel com mais fotos e um manequim feminino vestido com traje regional.


Foto 5 – Pavilhão da Guiné-Bissau. Foto ampliada retirada da imagem anterior.


Foto 6 – Pavilhão da Guiné-Bissau. Foto ampliada retirada do painel da imagem anterior.


Foto 7 – «Expo’2021». Pavilhão de Cabo Verde. Entrada principal do pavilhão.




Foto 8 – Pavilhão de Cabo Verde. Painel de promoção turística, onde a cadeira/espreguiçadeira colocada em zona frontal desempenha uma função


Foto 9 – Pavilhão de Cabo Verde.  
O mesmo painel da imagem anterior e a função da cadeira/espreguiçadeira


Foto 10 – «Expo’2021». Pavilhão de São Tomé e Príncipe. 
Expositores com vários produtos locais.

Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Continua: Parte II(B), com fotos da representação de Angola, Moçambique e Timor-Leste

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P22863: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte II: Até sempre, "alfero Cabral"! (Joaquim Mexia Alves, Paulo Santiago,Virgínio Briote, Valdemar Queiroz, A. Marques Lopes, Luís Graça,José Manuel Cancela, PILAO2511966, Hélder Sousa, Joaquim Costa, Mário Miguéis, António Graça de Abreu)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Jorge Cabral... Quem diria, Jorge, que seria este o nosso último encontro ?!...  Depois veio a pandemia do século... E nem ao lançamento do teu livro pudemos ir... E depois a tua doença, de que pouco ou nada falavas... E, por fim, a morte, aos 77 anos... Estamos destroçados com a tua partida, mesmo sabendo que estava já "anunciada"... Em contrapartida, soubemos, e isso deu-nos algum "consolo", que morreste em paz, de mão dada ao teu filho, de quem tinhas muito orgulho...

Deixaste a Terra da Alegria, o teu filho o teu neto, todos aqueles que te amavam e que tu amavas... Não vamos deixar-te  ser inumado na vala comum do esquecimento... Onde quer que estejas (, e nós não sabemos o trajeto exato do "barqueiro de Caronte"...) continuarás a ter muitos amigos e amigas, e muitos camaradas, muitas "almas peregrinas",  que vão querer honrar a tua memória e que vão  sentir a tua falta, nomeadamente  no seio da Tabanca Grande.  

E no domingo, dia 2,  lá iremos, à igreja do Lumiar, em Lisboa, para te  dizer o último adeus, às 15h00/15h30...  Aceita, entretanto,  estes pequenos testemunhos de homenagem, são já dezenas os que te escreveram, não cabem todos num só poste... Mas este será o primeiro do novo ano de 2022... Que nos traga esperança, o novo ano, aos que cá ficaram !... Lá no alto do poilão da Tabanca Grande sabemos que, a partir de agora, haverá mais um irã bom que vela por nós, nos protege e nos inspira!... (LG)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Jorge Cabral (1944 - 2021) > O livro das condolências (*):


(i) Joaquim Mexia Alves


Até já,  Jorge

Só agora me dei conta que já partiste para outra "aventura".

Quero lembrar as muitas histórias que nos fomos contado mutuamente, mas sobretudo o teu humor tão especial, a tua alegria de viver, a tua amizade franca e sincera.

Percorremos caminhos idênticos pela "nossa" Guiné e muito conversámos sobre isso.

És um homem bom, Jorge, e os homens bons deixam sempre um vazio que só é preenchido pela gratidão de os ter conhecido.

E eu estou muito grato por te ter conhecido e contigo ter recordado tanta coisa, até um pequeno laço familiar que nos ligava.

Este ano, mesmo antes de fechar ainda me leva mais um amigo.

Até já camarigo!

Até já Jorge!

Joaquim Mexia Alves

(ii) Paulo Santiago
 
Tinha uma especial ligação ao Cabral,talvez por ambos estarmos ligados a Pelotões de Caçadores Nativos.

Via telemóvel,fui-o acompanhando nestes meses,e ía-me falando do tormento da doença.No início,havia momentos,fugazes,em que ainda lhe saía uma piada,mas esses momentos acabaram.Nos primeiros dias de Novembro,liguei-lhe a convidá-lo para um almoço no restaurante "Estrela do Bico" em Massamá.Eu,ele,o Armando Pires,o Matos Gomes,já tínhamos ido lá umas quatro vezes,era mais uma.Disse-me que não. Na passada 5ª feira,telefonei,senti que se estava a apagar,fiquei deprimido.
Descansa em paz,Jorge Cabral.

P.Santiago

PS - O restaurante que menciono é do filho do Ten Cor. Polidoro Monteiro ao qual,o Cabral,o Armando e eu tivemos ligação na Guiné.


(iii) Virgínio Briote

Todos os dias a roda vai andando. Agora foi o Cabral.

V. Briote
28 de dezembro de 2021 às 21:13 

(iv) Valdemar Queiroz

E assim a vida, mas quem esteve na guerra da Guiné bem merecia estar por cá mais uns aninhos.

O alfero Cabral esteve na guerra da Guiné e também se encontrou com Prometeu no Jardim Constantino, local que eu bem conheci quando em criança mudei do Minho para Lisboa.
Mas o alfero Cabral não furtou o fogo divino e nem sequer arranjou planos ardilosos para enganar os deuses olímpicos. O alfero Cabral apenas nos fazia rir com o seu grande sentido de humor nas "Estórias cabralianas".

Não o conheci pessoalmente.

Sentidos pêsames
Valdemar Queiroz


(v) A. Marques Lopes

Saudades de ti, do teu espírito. Mas lá nos encontraremos (onde não sei).

28 de dezembro de 2021 às 22:35 

(vi) Tabanca Grande Luís Graça 

Cheguei a Candoz e felizmente consegui  vir aqui e já li os comentários anteriores que me sensibilizaram. Espero bem que apareçam mais. O Cabral bem merece um último adeus, mesmo daqueles que não o conheceram pessoalmente.

28 de dezembro de 2021 às 22:42 
 

(vii) Zé Manel Cancela

Até qualquer dia, Alfero Cabral.
Vamos ter saudades das tuas histórias.....
28 de dezembro de 2021 às 23:06 

(viii) PILAO2511966 

Deste Alferes de Angola, que se sente pesaroso. Nunca nos relacionámos bem, mas, demos uns bacalhaus, 2 ou 3 vezes no 10 de Junho em Belém. Seguia-te nos "post" em barrigadas de riso, fazias-me lembrar um camarada Peruano do meu tempo na Legião que se finou, também cedo demais, no Tchad.

Sit Tibi Terra Levis camarada

(ix) Hélder Sousa

Nestes tempos mais próximos a "ceifa" tem sido pródiga. Muitos dos nossos amigos e conhecidos tem partido.

Alguns da "doença da moda", outros por via do que se convencionou "doença prolongada", "doença incurável", etc.

O que é certo é que, por força de fatores que nem sempre se explicam, acabamos por interagir mais com uns do que com outros, desses amigos que nos vão deixando.

Do Jorge Cabral as suas características são tantas e tão diversas, como o Luís descreveu no artigo, que é difícil não nos identificarmos com várias delas.

Recordo alguns momentos que passei com ele, conversando como ele sabia fazer e cimentando a amizade.

Sei que este "destino" é o que nos está reservado também, mas sempre custa saber dele.
O melhor que se pode fazer é lembrar o Jorge nas suas múltiplas facetas, valorizar o bom e honrar a sua memória.

Hélder Sousa

(x) Joaquim Costa 

Não tive o grato prazer de te conhecer, meu caro Cabral, mas sinto a tua partida como de alguém que me fosse muito próximo. Não sei como explicar. Talvez a explicação esteja no facto de me deliciar com as partes do livro que li no blogue. O humor alcança mais longe…

Joaquim Costa 29 de dezembro de 2021 às 00:32 

(xi) Mário Miguéis

Não sabia da gravidade do estado de saúde do Jorge Cabral. Convenci-me de que, após a intervenção cirúrgica, estava a caminho da recuperação. Fico com muita pena pela sua partida, para mim inesperada.

Restar-me-á, agora, a recordação da sua imagem e do seu enorme talento.

(xii) António Graça de Abreu

Falei com o Jorge Cabral há uns quinze dias atrás. Pelo telefone, a voz titubeante, o desânimo, nada anunciavam de bom. Descansa em paz, meu Amigo.

Recordo um encontro a três, no Maxime, em Lisboa, há uns sete ou oito anos. Luís Graça, o Jorge Cabral e eu. Tocava a banda do João Graça, filho do Luís. O entretenimento pleno. Numa mesa ao nosso lado sentava-se a Soraya Chaves e recordo o entusiasmo do Jorge Cabral com a moçoila, então mais jovem e em ascensão. "Que mulher, que mulher!"

Um dia acabam todos os prazeres da vida. Se existe Céu, tenho a certeza que o Jorge Cabral, já se hospedou por lá, numa nuvem cintilante. Bem merece.
Saudade, meu Amigo.

António Graça de Abreu 

(Continua)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22858: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missira, mai 1969 / ago 1971) - Parte I: "Alfero Cabral", uma genial criação literária, um "alter ego" do autor, usado como arma de irrisão contra o absurdo da guerra (Luís Graça)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22862: O meu sapatinho de Natal (25): Três Natais passados em Brá, no BENG 447 (1968, 1969 e 1970) (João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais)


Foto nº 2 > Guiné, Bissau, Brá, BENG 447 > Natal de 1969 > Aspeto da assistência



Foto nº 1 >  Guiné, Bissau, Brá, BENG 447 > Natal de 1969 > Preparando o  palco: o João Rodrigues Lobo  é o alf mil da ponta direita


Foto nº 3 >  Guiné, Bissau, Brá, BENG 447 >  Natal de 1969 >  Descansando nas rachas de cibe (que seguiam para os reordenamentos...): o João Rodrigues Lobo é o da pomnta esquerda


Foto nº 4 > Guiné, Bissau, Brá, BENG 447 >  O campo de jogos onde se realizavam as  festas de Natal   


Foto nº 5  > Guiné, Bissau, Brá, BENG 447 >  Aspeto do  campo de jogos onde se realizavam as festas de Natal


Fotos (e legendas): © João Rodrigues Lobo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Rodrigues Lobo 

[ (i) ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez1967/fev1971);

(ii) fez o 1º COM, no último trimestre de 1967, em Angola, na EAMA, Nova Lisboa, Angola, onde viveu na sua juventude;

(iii) natural de Óbidos, vive em Torres Vedras onde trabalhou durante mais de 3 décadas como chefe dos serviços de aprovisionamento do respetivo hospital distrital;

e (iv) é membro nº 841 da Tabanca Grande.]


Data - terça, 21/12, 16:10 (há 10 dias)
Assunto - O Natal na Guiné



 

Boa tarde,

Bem posso dizer Os Natais na Guiné, pois passei lá três: 1968,1969 e 1970.

Para os que estavam no BENG 447 havia um espectáculo, com os "artistas" do Batalhão que nos distraía um pouco para tentarmos não ter saudades dos nossos que estavam longe.

Os artistas eram variados e as actuações também. Como não havia dois "Géneros" os artistas convidados do "género" masculino também interpretavam o "género" feminino.

O palco e as actuações eram no campo de jogos atrás da messe.

Em anexo reenvio a foto de festa de 1969, com assistência de muita "Malta" e também das mulheres de alguns oficiais que os acompanhavam nalguns períodos e residiam em Bissau (Foto nº 1). E também do campo onde as mesmas se realizavam.(Foto nºs 4 e 5). Ajudei a preparar o palco para a festa de Natal de 1969 (Fotos nºs 1 e 3).

De mencionar que em uma das festas, não me recordo em que ano, um rapaz "marado", que tinha acabado de chegar de zona de combate, resolveu detonar uma granada ofensiva no exterior do recinto. Não houve vitimas diretas, além do grande susto. Mas em resultado do pequeno pânico que se gerou e, alguns tentando sair ao mesmo tempo pelas mesmas saídas do recinto, houve umas ligeiras esfoladelas.

Como era Natal tudo acabou em bem.
Bom Natal para todos e suas familias.

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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22860: O meu sapatinho de Natal (24): "Uma Santa Bênção" - Mensagem natalícia de João António Bento Soares, Maj-General Ref