Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de 1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão > Da esquerda para a direita: (de pé) Soldado Django, Furriel António Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Jorge Cabral, Soldado Preto Turbado, 1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano): Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?) , 1º Cabo João, Soldado Alfa.
Foto nº 1B > Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de 1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão > Da esquerda para a direita: (de pé) 1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano, de cócoras): 1º Cabo João, Soldado Alfa.
(Continuação)
(xiii) João Carlos Silva
Quando me juntei a todos vós por via deste blogue, lembro-me bem de seguir com prazer as “Estórias Cabralianas”. Lamento muito esta triste notícia.
Sentidos pêsames aos familiares e amigos e que o Jorge Cabral descanse em Paz.
Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade.
O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva.
Quem segue o facebook apercebe-se facilmente da sua popularidade entre os antigos alunos, principalmente entre as alunas, não por ser engraçado mas por ter graça e por também ser uma “alma”, a Alma Mater de todas as Almas que o conheceram, lhe passaram pela vida e que lhe estão gratas.
Lá para onde foi, e para onde iremos todos, estará já a provocar o caos, tirando do sério até aquelas almas mais circunspectas, com as suas estórias cabralianas.
À família enlutada deixo o meu sentido pesar pela perda do seu ente querido.
Leça da Palmeira
29 de dezembro de 2021 às 10:14
Tinha sido um dia bom. Voltei contente e feliz mas só ao fim do dia me senti com forças para abrir o computador para, nos três departamentos que visito todos os dias - correio digital, blogue Luís Graça e camaradas da Guiné e pois a CNN - me inteirar das últimas notícias.
Mas logo deparei com a notícia da morte do nosso camarada, numa mensagem do Luís Graça:
Que balde de água fria! Pouco sabia dele antes de ler o seu livro que através dum amigo consegui receber aqui . Mas a partir daí nunca mais deixava de ler no blogue as suas façanhas que, no dizer de Luís Graça, mas que eram sempre todas tão humanas, por vezes evidenciando um grande coração. Quantos de nós nos lembramos durante as nossas férias na metrópole de fazer ou trazer connosco algo para os nossos amigos/as guineenses? Pois o nosso Cabral nao hesitou em comprar e levar dúzias de “corpinhos” para as bajudas das tabancas onde estava estacionado…
Lembro-me de ao ler isto ter partido a cuca a rir, para logo dizer com os meus botões: "mas ele pelo menos lembrou-se de fazer alguma coisa… coisa que nunca me passou pela cabeça!”
As suas “Estórias Cabralianas” foram/eram de grande interesse para mim pois que muitas delas se tinham passado em Missirá e outros lugares onde alguns anos antes dele eu tinha vivido a minha experiência na Guiné. E isso de alguma maneira fazia dele "um camarada especial”!
Parei tudo, e com tristeza e saudade dei largas à minha memória e imaginação; passados minutos sabendo que naquele momento muitos dos meus camaradas estariam também sentindo a sua partida , associei-me a todos esses camaradas , crentes ou não, da maneira que eu como crente encontrei a melhor, encomendando-o ao Senhor. Mas fazia-o também em agradecimento, lembrando os muitos e bons momentos e alegrias que o nosso Cabral soube proporcionar aqueles que o conheceram ou dele ouviram falar.
João Crisóstomo, Nova Iorque
É sempre assim.
Sabemos que vai acontecer, só não sabemos quando.
E por mais que queiramos, nunca estamos preparados.
Até um dia!
Alfero Cabral, partiste antes do tempo mas a morte não espera. Para todos nós partiste cedo, neste tempo cinzento de inverno e pandemia, queríamos mais crónicas tuas para alegrar os dias. Acredito que foste feliz, enquanto a doença não te minou a saúde, tinhas razões para isso, Professor distinto com um óptimo percurso profissional, mestre do humor, com muito talento, o êxito da tua escrita não deixava ninguém indiferente. Foste amado pelas bajudas da Guiné e pelas tuas alunas, foste estimado e admirado pelos homens, teus camaradas e amigos. Tiveste uma vida cheia, na hora da despedida quero dar-te os meus parabéns, embora cedo demais.
A tua recordação perdurará para sempre entre todos os que te leram e conheceram.
Francisco Baptista
29 de dezembro de 2021 às 11:31
(xviii) Tabanca Grande Luís Graça
Peço, desculpa, o Jorge tinha 77 anos feitos em 6/11/2021. Nasceu portanto em 1944 (e não em 1945, como inicialmente indiquei), tal como o nosso querido Torcato Mendonça, que, também ele, nos deixou neste maldito ano de 2021.
Fui recuperar um poste, já muito antigo, de 2007, em que o Cabral publicou um poema, datado de Missirá, 6 de novembro de 1970, data em que fazia 26 anos, e de que lhe fora enviada uma cópia por um "camarada de pelotão", com a seguinte nota:
(...) "Escreveu-me um Camarada do Pelotão insurgindo-se contra este 'consertador de catotas, engatatão de bajudas, anfitrião da putaria, oferente de soutiens, e pai de todos os meninos da Tabanca', dizendo para eu escrever 'à séria'. E, surpresa das surpresas, manda-me um Poema que eu fiz, no dia do meu vigésimo sexto aniversário. É este, que ora te envio. Garanti-lhe que estou reformado das bajudas e que não me tem aparecido nenhuma 'catota' para consertar, embora pense não ter perdido o jeito…
"Grande Abraço
P.S. - Conta com este gajo 'nada sério', sexta-feira no Cinema [ Tínhamos encontro marcado na Culturgest, no edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, para a estreia do filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, "As Duas Faces da Guerra", dia 19 de Outubro, às 23h, no Grande Auditório...]
(...) Aniversário
por Jorge Cabral
Vinte e seis ou Mil, conto pelos dedos
Os anos que vivi, eu não sonhei
Este tempo de angústia e de medos,
Que soletro e nunca sei.
Que Guerra é esta? Onde não estou!
Que rio aquele? Não cheira a Tejo!
Que combate? Combato, mas não sou.
E quando olho o espelho, não me vejo!
Aqui em Missirá, escravo e senhor
Invento-me. E guarda – prisioneiro
Bebo, fingindo em alegria, a Dor.
Hoje faço anos… e continuo inteiro.
Missirá, 6 de Nov. 1970
... E eu comentei:
"Jorge Cabral, que as circunstâncias obrigaram a ser comandante de um pelotão de caçadores nativos e chefe de tabanca, 'malgré-lui' - entre muitos outros papéis sociais - foi talvez aquele de nós, milicianos, que nunca se levou a sério... Acho que isso o ajudou muito a manter em equilíbrio dinâmico a sua saúde mental... Talvez um dia alguém o eleja como case study das técnicas de sobrevivência em teatro de guerra...
16 de outubro de 2007
Guiné 63774 - P2180: Blogpoesia (5): O vigésimo sexto aniversário de um gajo nada sério, Missirá, 6 de Novembro de 1970 (Jorge Cabral)
29 de dezembro de 2021 às 11:31
(xix) Mário Beja Santos
Meus estimados confrades, quando cheguei a Bambadinca, em agosto de 1968, o Pel Caç Nat 63 era comandado pelo Almeida, fazia a intervenção, o mesmo é dizer toda a serventia, que será reservada ao Pel Caç Nat 52 a partir de novembro de 1969. O Almeida partiu e veio o Jorge, recebi a notícia através do 1º cabo Nhaga Macque: "Chegou novo alfero para o 63, como eu também fuma canhoto". Se Nhaga fumava cachimbo, a novidade trazida pelo novo alfero era um cachimbo digno de Sherlock Holmes, recurvado, sempre encostado no lado direito, seguro por mão sólida, mesmo quando o nosso alfero estava em dia de chalacear, já que ele era bem parcimonioso.
Jorge,
Não há nada que mais doa a quem escreve do que não ser publicado (em livro, pois que aqui, neste blogue, estão todas).
Vou tentar contactar o teu filho (através do meu irmão) para ver se (com tempo) consegue localizar a "estrutura" que terias preparada para a publicação da segunda parte das "Estórias Cabralianas". A doença e a morte não te deixaram tempo para isso. E a pandemia também complicou. Veremos.
Adeus.
Alberto Branquinho
Camaradas e amigos, caros/as leitores/as: prometo fazer uma antologia (e republicar) algumas das melhores "estórias cabralianas" publicadas no blogue (e parcialmente em livro)... Em homenagem ao talento do Jorge Cabral, e sobretudo à sua grande humanidade, e à amizade e à camaradagem com que nos honrou e privilegiou em vida... Custa muito a aceitar a brutal realidade da morte dos homens bons e das pessoas especiais...
Subscrevo, inteiramente, o que, entre outros, aqui escreveu o nosso sempre generoso e incansável companheiro e camarada Carlos Vinhal:
(...) "Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade. O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva. (...) Entre nós, aqui no Blogue, foi sem dúvida um dos melhores. Perdemos mais um amigo especial. Palavras circunstanciais mas que com ele têm todo o cabimento. Quantas vezes se terá rido de nós quando nos 'zangamos' por coisas insignificantes, quando na vida o que conta é a amizade e a camaradagem." (...)
Morreu o Jorge Cabral, mas "Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum". Esta frase em mim nunca morrerá enquanto eu viver.
Tenho muita pena de nunca ter conhecido pessoalmente o nosso Alfero. Será sempre lembrado por nós e pelos melhores motivos.
Adriano Moreira
Alberto Branquinho, mano do António Branquinho, furriel mil do Pel Caç Nat 63:
Infelizmente, o seu editor, o José Almendra, adoeceu também, de cancro, e nem sei se está vivo. Não conheço ninguém da família, sei que tinha um filho (que o "obrigou", para sua segurança, a sair do apartamento do Campo Grande, para outro no Monte Estoril, mais perto de si...), um neto e um irmão, mais novo, economista ou engenheiro-agrónomo (não sei ao certo), de quem ele falava com ternura...
Foi sempre reservado, o Cabral, nunca ou raramente me falava da família ou dele próprio... Teve um grande desgosto, isso, sim, quando "perdeu" o escritório de advogado, que era a sua "morança", o seu refúgio, e onde deverá ter escrito a maior parte das suas "estórias cabralianas"...
Branquinho, vês se consegues desencantar o "manuscrito" do 2º volume...Escreves-lhe o prefácio e o filho, por certo, arranjará maneira de lhe encontrar uma boa editora... Sei que o filho é fiscalista famoso, tendo inclusive exercido funções governamentais, como Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ou coisa parecida.
Mantenhas. Boa saúde para ti e um melhor ano para todos. Luís
(xxiv) J. Armando Almeida
Profundamente desolado com esta notícia, se bem que, infelizmente, já esperada.
Tive, como muitos de nós, o privilégio de o ter conhecido,com ele convivido e de contar com a sua amizade.
Um abraço sentido a todos os seus familiares e amigos.
Até breve, Alfero!
J. Armando Almeida
(xxv) José Botelho Colaço
Alfero Cabral de quem tive o grato prazer de conhecer, conviver e ser amigo desta Alma, nos comentários seja no Blogue no facebook, nos sites todos são unanemes em descrever o ser humano que era Jorge Almeida Cabral, por esse motivo carece por defeito tudo o que possa dizer de bem sobre o Sr. Jorge Cabral.
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Último poste da série > 1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22863: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte II: Até sempre, "alfero Cabral"! (Joaquim Mexia Alves, Paulo Santiago,Virgínio Briote, Valdemar Queiroz, A. Marques Lopes, Luís Graça,José Manuel Cancela, PILAO2511966, Hélder Sousa, Joaquim Costa, Mário Miguéis, António Graça de Abreu)
Vd. poste anterior:
31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22858: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missira, mai 1969 / ago 1971) - Parte I: "Alfero Cabral", uma genial criação literária, um "alter ego" do autor, usado como arma de irrisão contra o absurdo da guerra (Luís Graça)