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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7217: O Nosso Livro de Visitas (102): Parabéns pelo vosso fantástico projecto (Maria João Rocha)





Guiné > Zona Leste > Geba > CCART 1690 (1967/69): Croqui do monumento erigido, em Geba, aos "mortos que tombaram pela pátria"... Em 1995, a jornalista e realizadora Diana Andringa visitou Geba e escreveu, a propósito deste monumento, semi-destruído, uma peça pungente, no Público,de 10 de Junho de 1995... Terá sido a "pedra de Geba" que motivou a realização do documentário As Duas Faces da Guerra (em co-autoria com o guineense Flora Gomes; filme, em duas partes, disponível no portal A Guerra Colonial).

 A esta martirizada companhia pertenceu o nosso querido amigo e camarada A. Marques Lopes.


Foto: © A. Marques Lopes (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de uma nossa leitora, Maria João Rocha, com data de 29 de Outubro último... É mais uma voz no feminino a fazer-se ouvir no espaço aberto, heterogéneo e plural da nossa Tabanca Grande... Sabemos que muita gente, homens e mulheres, nos lê e nos vê, sem dar (nem ter que dar) a cara... Reconforta-nos, anima-nos e motiva-nos saber que o nosso  blogue também atinge outros segmentos de público, para além da sua população-alvo, natural, que são os antigos combatentes... Gente do teatro, do cinema, da cultura, das artes, das letras, da ciência...Tratando-se de um mail pessoal, enviado ao editor L.G., transcreve-se apenas o excerto que pode interessar aos amigos e camaradas da Guiné que se sentam sob o poilão da Tabanca Grande e, por extensão, a todos os nossos leitores. Muito obrigado, Maria João. Boa sorte também para os seus projectos  (LG) (*)

Caro Luís Graça:

Muitos parabéns pelo seu FANTÁSTICO projecto. Visito-o muitas vezes por curiosidade histórica (sou licenciada em História), por necessidade de relembrar o passado (tenho 60 anos) e também por alguma afinidade com a Guiné, onde estive, em 95, a realizar um documentário da autoria da Diana Andringa. Foi com ela que visitei e filmei o quartel de Geba (já li, neste blog, alguém falar de um texto que ela escreveu sobre isso) e lá me emocionei, não só com o memorial aos mortos mas também com as pinturas murais, com o silêncio que impera no local e com o "peso" da memória colectiva que lá perdura (**).

A passagem por aquele quartel foi um momento impressionante na minha vida. Nunca imaginei que um exército se alojasse em instalações tão pequenas, quase parece uma aldeia com pequenas casinhas. E o estado de degradação é arrepiante... Quantas vidas... Parece um local paradisíaco... (...)

Com os meus melhores cumprimentos.
Maria João Rocha
Lisboa

_____________

Nota de L.G.:

(*) Último poste desta série > ;27 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7043: O Nosso Livro de Visitas (101): "O pobre camarada de Crestuma" (José Campos, presidente da Sociedade Filarmónica de Crestuma, Vila Nova de Gaia)

(**) Vd. poste da I Série do nosso blogue > 23 Junho 2005 > Guiné 69/71 - LXXIII: Antologia (4): 'Homenagem aos mortos que tombaram pela pátria': Geba, 1995 [Diana Andringa]

(...) Mortos. Estes nomes não podem ser senão de mortos. Guimarães, ...ndo Fernandes. Carlos A. Peixoto. ...ul C. Ferreira, ...ostinho Câmara, ...o Alves Aguiar, ...ime M.N. Estevão, ...sé A. V. Sousa, ...tónio D. Gomes.


Tudo em redor, aliás, fala de morte. As paredes em derrocada do que terá sido um quartel português. As viaturas a apodrecer sob o intenso sol africano. Os cacos de garrafas de cerveja. (Bebidas para enganar o medo? Suspensas por arame para, tinindo umas contra as outra, despertar os que dormissem ainda?).

E esta pedra caída, tumular.

Vivos, apenas os meninos que se cutucam, sorrindo, a olhar para nós, estranhos fotógrafos deste cemitério de metal e pedra.

A outra pedra, de pé, tem nomes de cidades, vilas, aldeias: Lisboa. S. Tirso. Moçâmedes. Alcobaça. Madeira. (Nas ilhas não haverá também povoações?) Ponte de Lima. Vila Nova de Ourem. Vila Pouca de Aguiar. Bissau. O tempo, ou a guerra, quebrou-lhe a parte de cima, e agora é uma pirâmide truncada, rasgada do lado direito, onde se inscrevem as primeiras letras dos postos, ou dos nomes, dos naturais dessas terras, que presumimos mortos.

De novo a primeira pedra, a que jaz por terra. A frente dos nomes dos que se presumem ter morrido, inscrevem-se o que supomos serem as datas dessas mortes: 1967, 1968. A última, na pedra, não em tempo, sobressalta-me: 21 de Agosto de 1967. Fiz vinte anos nesse dia. Nesse mesmo dia morreu António D. Gomes. Teria feito, sequer, os vinte anos?

Lembro-me de ter feito vinte anos. Das prendas dos meus pais. E pergunto-me como terão os pais do soldado António D. Gomes suportado a morte do seu filho. Se terão chegado um dia a conhecer este local onde uma pedra caída por terra assinala a data em que o perderam.

"Nós enterramos os nossos mortos nas nossas aldeias, ao lado das nossas casas... Os portugueses deveriam ter, também, um lugar para honrar os seus mortos, os que morreram aqui, durante a guerra", dissera-me, algumas horas antes, um antigo adversário. Aqui. Tão longe de casa, tão longe dos seus. Longe de mais para que possam trazer-lhes flores, arranjar-lhes as campas, preservar-lhes a memória.

Olho de novo as pedras, tentando compreender como se juntavam. Será a que jaz por terra a continuação da outra? Releio as terras e os nomes. Câmara pode ser da Madeira... Será mesmo? Sim. Lá estão em frente de Madeira o posto, sold., e as primeiras letras do seu nome: Ag...-

Agora cada morto tem o posto e a terra onde nasceu, excepto o primeiro, que parece ser de Lisboa, mas cujo posto e nome próprio se perderam, e João Alves Aguiar, de Ponte de Lima, a que o tempo corroeu o posto. Dois alferes, um furriel, sete soldados. Em cima, fragmentado, aquilo que parece a indicação do regimento a que pertenciam: ...RAL-1. ...Combate.

Postas assim as duas pedras em conjunto, apercebo-me de que o soldado que morreu no dia dos meus vinte anos era de Bissau, e de certa forma isso tranquiliza-me, porque não está, afinal, tão longe de casa- como se isso tivesse alguma importância depois de se estar morto, como se me tivesse contagiado essa lista de terras inscrita sobre a pedra, ou outras, sobre outras pedras encontradas ao longo da viagem, onde outros soldados, cabos, furriéis, escreveram como se a naturalidade fosse a sua primeira identificação e a mais forte, o nome da terra natal, primeiro, e só depois o posto, o nome, a data em que escreviam, por vezes uma frase de desesperança, algo como "até quando Deus quiser" — como que temendo que esse "até" fosse curtíssimo, coisa de poucas horas, minutos, talvez, e houvesse que inscrever urgentemente, sobre esses caminhos, placas, pontes, esse sinal de vida e de memória. (...)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3756: RTP1, As Duas Faces da Guerra (2): A Guiné sempre e a Diana Andringa às vezes... (Rui A. Ferreira)


Cartaz do filme

1. Mensagem do Rui Alexandrino Ferreira:


Assunto - A Guiné sempre e Diana Andringa às vezes


Meu caro Luís:

Tal como me recomendaste, ouvi com atenção a mensagem que a jornalista nos quis transmitir no programa televisivo que a nossa TV pública passou em hora nobre (*). O PAIGC é que eram os bons e nós tropas Portuguesas os maus.

É uma opinião a que logicamente tem todo o direito. Não será muito abonatória para o soldado português, englobando nessa designação todos quanto no cumprimento do Serviço Militar Obrigatório passaram pelas fileiras do Exército na Guiné e não só.

Gerações que durante treze arrastados e sofridos anos de guerra que extenuou, sacrificou, estropiou, mutilou a juventude de Portugal. Tudo aguentaram para dar ao poder político tempo mais que suficiente para lhe arranjar uma solução e que acabou por nunca acontecer.

Que tendo suportado contrariedades sem conta desde o desprestígio acelarado que as Forças Armadas vinham sofrendo, o descrédito em que foram caindo os mais altos escalões da hierarquia, a erosão a que a rotina da guerra conduziu, a desmotivação do Quadro Permanente, a mobilização praticamente total do contingente anual possível com a evidente perca da qualidade humna, a queda acentuada dos níveis de instrução, a justiça e falta de ideal da própria guerra acabaram por erigir mais uma epopeia de Portugal em África.

Numa África inóspita e desconhecida para a maioria, traiçoeira e perigosa onde se multiplicavam adversidades que iam da falta de água potável à má alimentação, das doenças tropicais endémicas às sexualmente transmissíveis, dos excessos do clima à precaridade ou inexistência de instalações, da ausência de material de guerra e logístico moderno, aligeirado ou de fácil manuseamento, o que contrastava com a rápida evolução e modernização do material usado pela guerrilha e que se acabou por chegar a uma situação que reporto única nos tempos e no mundo de um Exeréito Regular se encontrar em inferioridade técnica de meios.

Quer se viram confrontados com uma guerra onde o antagonista moralisado, matreiro, adaptado ao terreno, valorisado por anos sucessivos de luta, explorando as nossas fraquezas e melhorando os procedimentos a que pramaticamente só tinham para opor a abnegação, a capacidade de sofimento, a camaradagem, o espírito de sacrifício, um inacreditável poder de adaptação, um providencial sentido de desenrascanso, um extremo desembaraço, demonstraram uma imensa grandesa de alma.

Que se viram defraudadas nos seus sacrificios, vãos os seus esforços, inúteis as suas canseiras e inglórias tantas mortes.

Que se vejam esquecidos pelos seus próprios, muito mais preocupados em bajular o inimigo de então do que a reconhecer as dificuldades da sua acção. Que ve tentar amenizar, fazer esquecer ou nem disso falar do genocídio das tropas africanas que conosco e por nós combateram, que comprometemos com o slogan dum Porftugal do Minho a Timor e que desarmámos com promessas de integração num futuro Exército da Guiné com acordos com o PAIGC que sabíamos muito bem que não iam cumprir.

Genocidio que se pretende justificar com a pretensa violência com que essas tropas africanas actuavam. Que sorrateira e deliberadamente se esquece que se durante a guerra ambos estavam armados depois disso só uns tinham as armas. E como é diferente a situação. Ambos armados: matar ou morrer ou simplesmente morrer para os desarmados.

Não me parece, pois, que tenha sido uma justa abordagem do que sa passou, não me parece isenta, nem a homenagem que mereciam os soldados de Portugal que na Guiné deram tudo até a própria vida por aquilo que então se acreditava ser a defesa da Pátria.

A minha sincera homenagem ao meu herói - o soldado de Portugal. Que ninguém tenha vergonha nem de o ter sido nem do muito que fizemos pelo povo da Guiné.

Um grande abraço do
Rui Alexandrino Ferreira



__________________

Notas de L.G.:

(*) As Duas Faces da Guerra, filme-documentário, transmitido na RTP1, em duas partes, nos dias 14 e 15 de Janeiro de 2009, às 21.30h.

Ficha técnica:

Argumento e Realização: Diana Andringa e Flora Gomes; Imagem: João Ribeiro: Som Armanda Carvalho Montagem Bruno Cabral Produtor Luís Correia Produção Lx Filmes

Portugal, 2007, 105’, P/B e Cor, Betacam Digital, som 2.0, formato 4:3, Português e Crioulo

© Lx Filmes 2007
(P) Midas Filmes 2007

Filme estreado no DocLisboa2007, Lisboa, Culturgest, 19 de Outubro de 2007

Sinopse:

"Luta de libertação para uns, guerra de África para outros: o conflito que, entre 1963 e 1974, opôs o PAIGC às tropas portuguesas é visto, desde logo, de perspectivas diferentes por guineenses e portugueses. Mas não são essas as únicas “duas faces” desta guerra: mais curioso é que, para lá do conflito, houve sempre cumplicidade: 'Não fazemos a guerra contra o povo português, mas contra o colonialismo', disse Amílcar Cabral, e a verdade é que muitos portugueses estavam do lado do PAIGC.

"Não por acaso, foi na Guiné que cresceu o Movimento dos Capitães que levaria ao 25 de Abril. De novo duas faces: a guerra termina com uma dupla vitória, a independência da Guiné, a democracia para Portugal. É esta 'aventura a dois' que é contada pelas vozes dos que a viveram".


Participantes:

Chico Bá, Paulo de Jesus, Filinto de Barros, Agnelo Lourenço Fernandes, Sulei Baldé, Carlos Sambú, Amílcar Domingues , António Iria Revez, Teresa Barbosa , António Lobato, Manecas Santos, Osvaldo Lopes da Silva, João Marques Dinis, Vasco Lourenço, Pedro Pires, Ansumane Sambú, António Marques Lopes, Lassana Njai, Alfredo Santi, Mário Pádua, Manuel Boal , Maria da Luz (Lilica) Boal, Fernando Baginha, Amélia Araújo, Leonel Martins, Pedro Gomes, José Mendes Sentieiro, Mbana Cabra, Manuel Monge, Agnelo Dantas, Dalme Embundé, Féfé Gomes Cofre, Assana Silá, Alexandre Coutinho e Lima, Mamadi Danso, Assana Silá, Dauda Cassamá, Aladje Salifo Camará, Isabel Coutinho e Lima Manuel Batoréo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3749: RTP1, As Duas Faces da Guerra (1): A emoção de rever Guileje e a nossa capela (António Gomes da Cunha, CART 1613, 1967/68)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008) > Visita ao antigo aquartelamento e tabanca de Guileje, futuro museu de Guiledje > 1 de Março de 2008 > A lápide, o que restava da capela construída pelos Lenços Verdes, em 1967... Já mal se consegue ler a inscrição: "A Ti, Deus Único E Senhor / Da Terra, Oferecemos Estas / Gotas De Suor Que Nos / Sobraram da Luta Pela / Tua Palavra Eterna. /Soldados da CART 1613".

Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > "Guileje, terra de fé e de coragem" (*)... A capelinha construída no tempo do Zé Neto e do António Gomes da Cunha...

Escreveu o Zé Neto (1929-2007), nas suas memórias (**), o seguinte:


"Uma das boas características do meu pessoal era a de que não gostavam de estar parados nos intervalos das operações. Cada um, nas suas profissões ou aptidões, ia bulindo e foi assim que se reconstruíram e melhoraram abrigos, se implantou uma horta que aproveitava a água, depois de decantada, dos chuveiros das praças e se construiu a obra mais emblemática que deixámos em Guileje: a Capela.

"Por sugestão do capelão, Padre João Batista Alves de Magalhães, que apenas pediu um coberto para oficiar a missa quando ia a Guileje, pois dava a volta a toda a área da responsabilidade do batalhão, os Furriéis Maurício (Transmissões) e Arclides Mateus (Atirador), ambos com conhecimentos de desenho de construção civil, planearam e dirigiram a construção do pequeno templo.


"Vinte ou trinta anos depois muito se falou em ecumenismo e outras ideias do mesmo sentido, mas nas profundezas da Guiné isso já se praticava. Na pequena festa de inauguração da Capela e a convite do Capitão Corvacho, o Régulo Suleimane compareceu com toda a sua família e vestido a rigor, embora fosse muçulmano.

"As portas da Capela nunca se fecharam. Os europeus iam lá fazer as suas orações e nunca constou que alguém tivesse mexido fosse no que fosse. Do mesmo modo, quando da celebração do fim do Ramadão, com rituais próprios, mas completamente desconhecidos para a quase totalidade dos rapazes, estes comportaram-se com respeito, a que não faltou uma ponta de curiosidade, é certo" (...).

Fotos: © Zé Neto / AD - Acção para o Desenvolvimento. (2007). Direitos reservados


1. Mensagem do António Gomes da Cunha (***)

Amigo Luís Graça

Fiquei muito emocionado quando ontem à noite, Quinta Feira, assisti à segunda parte do filme [, As Duas Faces da Guerra, ] que passou na RTP1 sobre a Guiné, preenchida com o triângulo Gadamael/Guileje/Corredor da Morte, três locais que marcaram a Companhia 1613, Os Lenços Verdes , que pertencia ao Bart 1896 que se encontrava instalado em Buba, Aldeia Formos, etc….

Aquilo que mais me emocionou foi na parte final quando apresentavam o retrato de Guileje depois de abandonado pela Companhia ali aquartelada, foi o mostrarem os restos da capela que nós construímos. A sua frente encontrava-se totalmente
intacta, e ainda permanecia lá bem visível a placa que lá colocámos no momento da sua conclusão com as seguintes palavras que por certo foram lidas por todos os camaradas que viram o programa:
"A Ti, Deus Único e Senhor,
Te Oferecemos
As Últimas Gotas de Suor,
Que nos Sobraram
da Luta da Tua Palavra Eterna,
Soldados da Cart 1613.”


Senti que, 41 anos depois, ainda ali estava um pedaço da minha vida e da vida dos meus Irmãos da Cart 1613 e do Pelotão Fox, 1165.

Por momentos revivi ontem momentos que me parecia estar a vivê-los localmente nesse momento, imaginas, meu amigo, a dor com o reactivar um trauma de tantos anos.

Com um abraço amigo
António Cunha, O Malhado,
Radiotelegrafista,
Cart 1613 (1966/68)



2. Comentário de L.G.:

António: Foi também para mim uma grande emoção... Já vi o filme 3 vezes: na estreia, em Lisboa (Outubro de 2007); depois em Bissau (com o Nino e demais participantes do Simpósio Internacional de Guileje, em Março de 2008...); e agora na RTP (uma versão ligeiramente diferente)... O filme está disponível no mercado, em DVD. Podes comprá-lo: custa 10 €.

Em relação à tua capelinha (ainda com duas pedras em pé) e à lápide que existia e que tu viste na parede da fachada(num excerto de um filme feito pelos tipos do PAIGC, quando lá entraram, em 25 de Maio de 1973, ou em data posterior, mas antes da destruição das instalações que eles próprios depois efectuaram)... Já agora toma nota da inscrição que consta da lápide e que eu fotografei em 1 de Março de 2008, quando lá estive: "A Ti, Deus Único E Senhor / Da Terra, Oferecemos Estas / Gotas De Suor Que Nos / Sobraram da Luta Pela / Tua Palavra Eterna. /Soldados da C.A.R.T. 1613". É o que resta da tua capelinha, e está guardado como peça de museu... Devo dizer-te que há um grande carinho por parte da população local (que hoje vive em Nejo), por este lugar mítico, que nos marcou a todos, de uma maneira ou de outra... Guileje já era um mito, quando eu desembarquei em Bissau, em finais de Maio de 1969!

Se tiveres histórias (e fotos) de Guileje, escreve-nos! Vai-se fazer um Museu em Guileje. Tens alguma peça, documento ou foto que queiras doar ao Museu, para a gente perpetuar a memória de um lado e de outro ?

Por outro lado, eu gostaria de reeditar as memórias do nosso querido Zé Neto, nesta série (II) do nosso blogue... Com mais fotos e legendas, etc. Queres dar uma ajuda ? Posso-te mandar fotos para te ajudar a relembrar certos pormenores... De momento, tu és o único representante da CART 1613 na nossa Tabanca Grande. É também para nós uma honra.

O Zé Neto deixou-nos um importante acervo fotográfico: a partir dos slides que ele gostava de fazer (e de mostrar à população local), fizemos fotos, algumas de muito boa qualidade...

Vocês, os Lenços Verdes, têm-se encontrado ? O vosso capitão, Corvacho, ainda é vivo ?

O terreno do antigo quartel e tabanca de Guileje já foi entregue à entidade promotora do projecto (Museu, etc.),a AD-Acção para o Desenvolvimento, uma ONG guineense, com sede em Bissau, que nós apoiamos. E que sempre teve o apoio, pioneiro e entusiástico, do Zé Neto, um grande amigo da Guiné e dos guineenses.

Um Alfa Bravo.
Luís
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXVII: Guileje, terra de fé e de coragem (LuísGraça)

(**) Vd. poste de 3 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCVII: Memórias de Guileje (1967/68) (Zé Neto)(5): ecumenismo e festa do fanado

O Cap Art Ref José Neto, infelizmente, deixou-nos em 2007, depois de enfrentar corajosamente (e de perder) a sua última batalha (Zè, prometi reeditar as tuas memórias, na II Série do nosso blogue, estou â espera de um voluntário; mas o que é prometido, é devido! Um abraço eterno, L.G.:

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1801: Capitão José Neto (CART 1613, Guileje, 1967/68), a última batalha

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1802: Zé Neto (1929-2007): Morreu um Homem Grande, adeus, amigo, adeus, meu capitão ! (Pepito)

(***) Vd. poste de 18 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3644: Tabanca Grande (105): António Cunha, Radiotelegrafista da CART 1613, Os Lenços Verdes