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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26997: Facebook...ando (87): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte V: Os poilões da Amura e a cabaceira de Quinhamel


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Guiné-Bissau > Bissau > Amura  > Maio de 2025 >  Fotos nºs 1, 2 e 3 > Poilões

Guiné-Bissau > Quinhamel > Maio de 2025 > Foto nº 4 > Cabaceirta

Fotos do álbum do Facebook (João Reis Melo); (com a devida autorização do autor e vénia do editor LG...)

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. Par além do seu grande amor à Guiné e à sua gente, o João Melo é um excelente fotógrafo, a sua técnica tem vindo a ser apurada e melhorada com as viagens que tem feito desde 2017... (Referimo-nos a fotos e vídeos.) 

Nem sempre  trazem legendas as imagens que ele nos disponibiliza na sua página do Facebook, mas o leitor reconhece que são um regalo para a vista e um bálsamo para as nossas saudades.

As quatro que publicamos hoje, são uma homenagem às grandes, centenárias árvores que resistem, de pé, naquela terra que continua a ser verde-rubra (sem qualquer conotação político-ideológica). 

Os poilões da Amura (fotos nºs 1, 2 e 3) , por exemplo, se falassem, podiam contar os últimos 300 anos da história da Guiné-Bissau... São árvores de porte altivo, majestoso, protetor e hospitaleiro: não é por acaso que se erguem no centro de qualquer tabanca do interior da Guiné (tratando-se de tabancas antigas, que resistiram às guerras),  dão sombra, acolhendo as gentes e convidando ao convívio.  

Mais: ficou tristemente célebre o poilão de Brá, perto da estrada do aeroporto, por ocasião da guerra civil 1998–99, quando foram avistadas viaturas militares junto à sua base (mas, mesmo assim,  sobreviveu à guerra e manteve‑se firme como árvore sagrada). Outros como o de Maqué, no Óio, são locais centrais de cerimónias tradicionais e julgamentos comunitários. Em Bambadinca, depois da guerra, também desgraçadamente serviram como  local de fuzilamento dos "cáes dos colonialistas"...

Além de árvores sagradas, são verdadeiros monumentos vivos.

 Temos cerca de 3 dezenas de referências ao descritor "poilão" (. O nome científico da árvore é Ceiba pentandra.)

O mesmo se passa com a cabaceira (Adansonia digitata), mais pobre em ramagem   mas que dá fruto, muito apreciado, rico em vitamina C e com uso medicinal. O termo designa tanto a árvore como o fruto (em português, diz-se embondeiro; também é conhecido como baobá).

 A foto nº 4 parece-nos ser uma cabaceira. É  também centenária, podendo em certos casos  chegar aos mil anos! Mais longeva, portanto,  que o "poilão".

Tanto o "poilão" como a "cabaceira", além de árvores de grande porte,  são entidades sagradas, pontos de encontro social, marcos espirituais, testemunhas da História da Guiné‑Bissau. Não é, por acaso, que a nossa "Tabanca Grande" tem também o seu "poilão", com os seus bons irãs, a quem pedimos proteção...


2. Comparação entre o "poilão" e a "cabaceira (ou "baobá", no Senegal, embondeiro, em Angola) (Fonte: Chatpgt / Gemini IA / LG)


CaracterísticaPoilão (Ceiba pentandra)Cabaceira (Adansonia digitata)
Família botânicaMalvaceaeMalvaceae
AlturaMuito alto (pode atingir 60-70 metros)Mais baixo (até 25 metros)
TroncoCilíndrico e ereto com raízes tabularesGrosso e irregular, com forma de garrafa
FolhagemCaduca, folhas compostas palmadasCaduca, folhas também palmadas
FrutoVagens cheias de paina (fibra leve)Cápsulas com polpa comestível e sementes
Usos tradicionaisMadeira leve, usada em construção e artesanato; paina usada em almofadasPolpa rica em vitamina C, sementes com óleo, usos medicinais
LongevidadeCentenária (até 500 anos)Milenária (até 2 mil anos)
DistribuiçãoÁfrica tropical e América do SulÁfrica Subsariana, especialmente regiões áridas
Simbolismo culturalEspiritual e sagrado (ex: Poilão de Buba, Maqué, Brá, Mansoa)Símbolo da resiliência e da vida nos países de clima semiárido


Resumindo. estas duas árvores pertencem à mesma família botànica, as Malvaceae (têm, portanto,uma ancestralidade comum e algumas características morfológicas compartilhadas: as folhas palmadas e as flores com estames fundidos num tubo). São decíduas (perdem suas folhas durante a estação seca, uma adaptação importante para sobreviver em ambientes com períodos de seca). 

Mais (e coisa que eu não sabia de todo!):  as flores de ambas as espécies geralmente abrem à noite e são polinizadas por morcegos (tipo de polinização chamado quiropterofilia). As flores são grandes e muitas vezes perfumadas para atrair os seus polinizadores.

Têm, além disso, uma grande importância ecológica, económica, social e cultural (para além da produção de fibras e madeiras, tem diversas aplicações medicinais e alimentares, são veneradas pelos humanos, etc.). 

Cada uma com a sua estratégia evolutiva, adaptarm-se muito bem a climas tropicais e subtropicais: o poilão preferindo ambientes húmidos, a cabaceira a savana seca (o seu tronco bulboso pode armezanar grandes quantidades de água!)

terça-feira, 14 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24143: Ser solidário (254): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (3): Sabores da Guiné-Bissau (Renato Brito)



1.
Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 8 de Março de 2023, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, que integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Bom dia Carlos Vinhal,

Partilho mais um bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau.
Está agendado para o dia 30 de março um mercado de venda de objectos em segunda-mão em Merano – Itália. Os objectos foram em parte doados por meninos de uma escola primária onde apresentei as fotografias da Guiné-Bissau.

Outros foram oferecidos por amigos e conhecidos.

Sempre com a ideia de divulgar simultaneamente aspectos relevantes do país, desta vez um pouco da gastronomia. Pesquisando descobri que o embondeiro para além de ser uma árvore imponente produz um fruto que é também um super alimento. A sua polpa contém duas vezes mais cálcio que o leite e seis vezes mais vitamina C do que uma laranja.

Encontra-se uma descrição desta árvore na página 33 desta publicação com um curioso título “Plantas usadas por chimpanzés e humanos no Cantanhez, Guiné-Bissau”.
Publicado pelo Repositório da Universidade de Lisboa, está disponível para consulta e download neste endereço internet: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/45219
Encontrei também este simpático livro, publicado pela Fundação Slow Food, com receitas tradicionais da Guiné-Bissau onde vem descrito como fazer o sumo de cabaceira.
Disponível para consulta e download aqui: https://www.fondazioneslowfood.com/wp-content/uploads/2015/04/ricette_guinea_bissau_POR.pdf

Envio-lhe também a imagem que deu origem ao desenho no bilhete-postal.
Este embondeiro existe em Cabuca e deve ter assistido à chegada dos portugueses.

Cumprimentos,
Renato Brito

____________

Nota do editor

Último poste da série de 10 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24054: Ser solidário (253): A ONGD "Na Rota dos Povos", com sede em Gondomar, na sua segunda viagem, por via terrestre, levando mais uma carrinha adaptada para pessoas com mobilidade reduzida, até Catió (Joaquim Costa)