1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Outubro de 2018:
Queridos amigos,
Ir à Holanda e não passear nos canais é como ir a Roma e não ver o Papa. Tratava-se de canais especiais, dedos do Reno, o tal rio que vem da Suíça e atravessa seis países, desaguando perto de Roterdão, foi neste braço do rio que se foi avistando terra, casario, reservas naturais, a perfeita sintonia que o holandês estabeleceu entre terra e água.
E começou o dia de Amesterdão, no Rijks, onde está a melhor coleção de pintura holandesa de todo o mundo. Embora o Rijks não se confine à pintura holandesa, aqui se pode encontrar Goya ou Van Gogh, loiças, joias, arte oriental, um pedaço do mundo.
Começou-se cedo porque o programa da tarde era também promissor: conhecer finalmente a Sinagoga Portuguesa de Amesterdão, uma outra dimensão da portugalidade; e calcorrear Amesterdão, passeio obrigatório.
Um abraço do
Mário
Viagem à Holanda acima das águas (7)
Beja Santos
O polo irradiante destas viagens situa-se na Holanda do Sul, uma povoação em cujo nome se diz “sobre o Reno”. Quando se desenhava a viagem, o viandante foi ver os mapas, o Reno, a sua corrente principal, desagua perto de Roterdão, juntou-se ao Mosa; mas há um braço que anda por aqui perto, naturalmente que gerou vida, os holandeses, que têm uma densidade populacional fora de série, não iriam fazer do Reno um estorvo. Até serve para passear. É isso que o viandante vai fazer, mete-se numa embarcação turística e vai ver pólderes, estradas campestres, muito arvoredo, área habitacional junto às águas, passa-se por reservas naturais, e algo mais.
O viandante já entabulou conversa com um português aqui residente, imagine-se que veio do concelho das Caldas da Rainha e já não imagina viver fora deste mundo, justifica que os patrões holandeses trabalham no duro, não falham na segurança social e têm um trato afável. Esta viagem parece uma insignificância, assume uma grande importância para o viandante, é uma outra dimensão da vida quotidiana deste país de alta tecnologia, de agricultura próspera, país plano com arquitetura de caráter e muitas bicicletas. É caudaloso este braço do Reno, manso, cheio de tráfego doméstico. O dia começou ensolarado, agora não tanto, é um céu com tons cinza, a deslavar-se, mas a viagem é magnífica.
Numa das primeiras viagens que fez ao país, ainda na década de 1970, o viandante adquiriu um desses livros de apresentação geral, polícromo, a mostrar as gentes, os canais, a estreita comunhão entre a cidade e o campo, a preservação e a limpeza. São aspetos que não se diluíram, o que neste momento o mais entusiasma é este viver à beira-rio, o saber extrair todas as vantagens, e mesmo nas áreas de grande densidade há algo que nos assombra: as casas têm janelas que parecem montras, talvez seja a ânsia do aproveitamento da luz e a quase certeza de que a bisbilhotice, a existir, é uma tolice dos outros, nós por cá todos bem.
Foi uma bela passeata, e moinhos não faltaram. O viandante viaja em companha e perguntou a quem de direito se se podia agora fazer por terra um outro tipo de digressão, os tais diques, os pólderes, os caminhos conquistados ao mar, moinhos a funcionar. Houve pronta aquiescência, não há holandês que não se orgulhe da obra feita na permanente tensão do homem entre a terra e o mar. Vamos lá, consola-te porque esta é a Holanda profunda, a dos cereais, a que dá flores, pastos úberes, laticínios de excelência, sempre com a trade mark de um mundo antigo, aperfeiçoado pelo moderno.
Hoje começa o quarto dia de viagem, sobrecarregado de manhã ao fim da tarde. Pelas oito da alva, autocarro para Amesterdão, é o tão auspiciado regresso ao Rijksmuseum, e hoje há uma importante surpresa a acompanhar a visita: encontro com o escritor Laurens Van Krevel, de quem recentemente se editou a correspondência recebida de Mário Cesariny, o viandante vem entregar-lhe uns bons quilos de catálogos de um amigo comum, o pintor Raúl Pérez, é certo e seguro que hoje se vai falar do surrealismo, Van Krevel foi editor da mais importante publicação holandesa do surrealismo à escala internacional.
O que atrai, que íman tem este edifício? Está aqui a melhor coleção do mundo das pinturas dos mestres holandeses, o seu ponto culminante é o século XVII. O Rijks esteve uns anos fechado para requalificação, não se destruiu o que ele tem de essencial, criou-se conforto, alterou-se a luminosidade, embelezou-se a galeria de honra, a “Ronda da Noite” tem agora outro realce. Se Rembrandt é o grande patrono, não podemos descurar Frans Hals, Ruysdael, Paulus Potter, Jan Steen e Vermeer, o da leiteira, da mulher a ler uma carta. Vamos entrar!
Aqui se faz um alto, esta é a suprema iconografia da casa, o viandante anda à procura da melhor posição, aglomeram-se estudantes, desenhadores, turistas, guias falam em diferentes línguas, dá para perceber que para muitos não é o que há de mais genial em Rembrandt, mas não se esconde tratar-se de uma cenografia ímpar, um movimento de gente da milícia, e aquela luz esplendorosa, um quase holofote que impulsiona a dinâmica visual. Por aqui começou a visita, dentro em pouco o viandante vai encontrar-se com um grande amigo holandês de Mário Cesariny, um dos grandes poetas portugueses entre os maiores, do século XX.
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 5 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19368: Os nossos seres, saberes e lazeres (301): Viagem à Holanda acima das águas (6) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 12 de janeiro de 2019
Guiné 61/74 - P19396: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (1): em construção. para rever, aumentar, melhorar, divulgar, comentar...
Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Jufunco ou Djufunco > 9 de maio de 2013 > Os dois régulos locais com as suas "turpeças" que nunca largam por nada deste mundo... Dois tipos agarrados ao poder, deve ter pensado o régulo da Tabanca de Matosinhos, Zé Teixeira... Sentar-se no banquinho,. tipo tripé, do régulo é punível com a pena... capital!... Os felupes não fazem a coisa por menos... Mas há um provérbio (dos tugas) que diz: "Quem tropeça, também cai!"... Os senhores dicionaristas do Priberam e outros não nos ligam nenhuma... Ainda não grafaram o termo, nem sabem da sua existência... Enfim, tal como ainda não descobriram que "abibe" não é uma ave pernalta, mas um novato que entra(ava) nos anos 60/70 no "ninho dos Falcões" (a BA 5, em Monte Real).
Foto (e legenda): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. São cerca de meio milhar de:
(i) abreviaturas, siglas, acrónimos e termos técnico-militares usadas pelas NT (Nossas Tropas) / Forças Armadas Portuguesas:
(ii) abreviaturas, siglas e acrónimos e termos técnico-miliatres usadas pelo IN (inimigo) (guerrilha / PAIGC):
(iii) topónimos da Guiné, vocábulos e expressões etnográficas e/ou em crioulo e línguas gentílicas
(iv) vocábulos e expressões da gíria ou calão tanto do IN como das NT...
(ii) abreviaturas, siglas e acrónimos e termos técnico-miliatres usadas pelo IN (inimigo) (guerrilha / PAIGC):
(iii) topónimos da Guiné, vocábulos e expressões etnográficas e/ou em crioulo e línguas gentílicas
(iv) vocábulos e expressões da gíria ou calão tanto do IN como das NT...
É um pequeno património linguístico que já não nos pertence... Alguns destes vocábulos já estão grafado pelos dicionaristas... Outros poderão vir a sê-lo, se não caírem em desuso.. São quinze anos a blogar, o que dá sete comissões no TO da Guiné... Pequeno dicionário, de A a Z, em construção, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné (*) que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até até têm um livro de estilo (**)... Mas falta-nos "a gíria e o calão" de outras armas como as da Marinha...Infelizmente temos poucos marinheiros e fuzileiros na Tabanca Grande.
Quanto ao resto (e nomeadamente ao uso de um "calão" mais grosseiro), é bom lembrar que o nosso blogue não é politicamente correto, justamente porque é plural, é um rio com muitos afluentes... Aos nossos amigos e camaradas mais "sensíveis", incluindo os nossos amigos guineenses, pedimos desculpa de "qualquer coisinha"... LG
Quanto ao resto (e nomeadamente ao uso de um "calão" mais grosseiro), é bom lembrar que o nosso blogue não é politicamente correto, justamente porque é plural, é um rio com muitos afluentes... Aos nossos amigos e camaradas mais "sensíveis", incluindo os nossos amigos guineenses, pedimos desculpa de "qualquer coisinha"... LG
Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z... Em construção, desde 2007:
1º Cabo Aux Enf – 1º cabo auxiliar de enfermagem
2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (Marinha)
5ª Rep - Café Bento, o ‘mentidero’ de Bissau
A/C - Mina anticarro
A/D - Autodefesa (tabanca em)
A/P - Mina antipessoal
AB - Alfa Bravo ou alfabravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)
Abibe - Novato na BA 5 (Monte Real) (FAP)
Abo - Você, tu (crioulo)
ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP)
2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (Marinha)
5ª Rep - Café Bento, o ‘mentidero’ de Bissau
A/C - Mina anticarro
A/D - Autodefesa (tabanca em)
A/P - Mina antipessoal
AB - Alfa Bravo ou alfabravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)
Abibe - Novato na BA 5 (Monte Real) (FAP)
Abo - Você, tu (crioulo)
ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP)
AD - Acção para o Desenvolvimento - ONGD guineense que teve a marca histórica da liderança do Pepito (1949-2014)
ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (posterior ao 25 de Abril)
Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim
Afilhado - Militar que tinha uma madrinha de guerra
Água de Lisboa – Vinho (da intendência) (gíria)
Água do Geba (Beber a) - Apaixonar-se pela Guiné
Agr - Agrupamento
AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm (PAIGC)
AL II - Alouette II, helicóptero, de origem francesa (FAP)
AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)
Alf - Alferes
Alf Mil - Alferes Miliciano
Alf Mil Med - Alferes miliciano médico
Alfa Bravo - Abraço
Alfero - Alferes (crioulo)
AM - Academia Militar (antecessora: Escola do Exército)
Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do Com-Chefe; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões
AN/PCR-10 - Rádio transmissor-receptor
Animistas - Povos (balantas, manjacos e outros) que praticam o culto dos irãs
Anti-Aérea ZPU-4 - Anti-aérea quádrupla, de 14,5 mm (PAIGC)[Também tinham peças AA de 37 mm e, depois, o Strela, em 1973]
Anti-G - Fato que ajudar a suportar os Gês (FAP)
AOE - Associação de Operações Especiais
Ap - Apontador
Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)
Ap Dil - Apontador de Dilagrama
Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas-foguete
Ap Met - Apontador de Metralhadora
Apanhado - Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; cacimbado (em Angola)
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)
Arv - Arvorado (Soldado)
ASCO - Aly Souleiman & Ca - Casa comercial, de origem sírio-libanesa, com sede em Bissau e filiais no interior, incluindo Gadamael.
ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (posterior ao 25 de Abril)
Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim
Afilhado - Militar que tinha uma madrinha de guerra
Água de Lisboa – Vinho (da intendência) (gíria)
Água do Geba (Beber a) - Apaixonar-se pela Guiné
Agr - Agrupamento
AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm (PAIGC)
AL II - Alouette II, helicóptero, de origem francesa (FAP)
AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)
Alf - Alferes
Alf Mil - Alferes Miliciano
Alf Mil Med - Alferes miliciano médico
Alfa Bravo - Abraço
Alfero - Alferes (crioulo)
AM - Academia Militar (antecessora: Escola do Exército)
Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do Com-Chefe; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões
AN/PCR-10 - Rádio transmissor-receptor
Animistas - Povos (balantas, manjacos e outros) que praticam o culto dos irãs
Anti-Aérea ZPU-4 - Anti-aérea quádrupla, de 14,5 mm (PAIGC)[Também tinham peças AA de 37 mm e, depois, o Strela, em 1973]
Anti-G - Fato que ajudar a suportar os Gês (FAP)
AOE - Associação de Operações Especiais
Ap - Apontador
Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)
Ap Dil - Apontador de Dilagrama
Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas-foguete
Ap Met - Apontador de Metralhadora
Apanhado - Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; cacimbado (em Angola)
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)
Arv - Arvorado (Soldado)
ASCO - Aly Souleiman & Ca - Casa comercial, de origem sírio-libanesa, com sede em Bissau e filiais no interior, incluindo Gadamael.
Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano
At Art - Atirador de Artilharia
At Cav - Atirador de Cavalaria
At Inf - Atirador de Infantaria
ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta; ataque em alerta (FAP)
ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada; ataque independente (FAP)
ATIR - Ataque e reconhecimento (FAP)
BA12 - Base Aérea nº 12 (Bissau, Bissalanca)
BAC1 – Bataria de Artilharia de Campanha nº 1, mais tarde GA7
Bacalhau - Aperto de mão
Badora – Regulado da região de Bafatá; morteiro 120 mm (PAIGC)
Baga baga – Termiteira (crioulo)
Baguera - Abelha (crioulo); ‘Baguera, baguera’!!!, era a expressão de aflição dos africanos quando atacados por abelhas, no mato
Bailarina – Mina A/P que rebentavam acima do solo, a meia altura.
Bajuda - Rapariga, donzela, moça virgem (crioulo; lê-se badjuda)
Balafon - Instrumento da música afro-mandinga, antecedor do xilofone (crioulo)
Balaio - Cesto grande (crioulo)
Balanta Mané - Balanta islamizado
Banana - Rádio, equipamento de transmissões, AVP-1
Bandalho – Membro do “Bando do Café Progresso”, do Porto, tertúlia de ex-combatentes da Guiné
Bandim - Mercado de Bissau
Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo
Barraca - Acampamento temporário no mato (PAIGC)
BART - Batalhão de Artilharia
Básico - Soldado dos serviços auxiliares (afeto sobretudo à cozinha)
Batata - Nome de guerra do ten pilav António Martins de Matos (BA12, Bissalanca, 1972/74), autor de "Voando sobre um ninho de Strelas" (Lisboa: 2018)
Bate-estrada - Aerograma, carta, corta-capim
Bazuca (i)- LGFog (lança-granadas foguete, 8,7 cm); cerveja de 0,6 l (gíria)
Bazuca (ii) - Alcunha, na Academia Militar, do cap cav Fernando José Salgueiro Maia
Guiné > Região de Bafatá > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 171/74)
Binta, a bajuda mais bonita de Galomaro e arredores. Foto da coleção de Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem".
Foto (e legenda): © Juvenal Amado (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Bazuca China - Lança Granadas-Foguete RPG-2 (PAIGC, gíria)
BCAÇ - Batalhão de Caçadores
BCAV - Batalhão de Cavalaria
BCP - Batalhão de Caçadores Paraquedistas (o BCP nº 12 esteve na Guiné, o nº 21 em Angola e os nºs 31 e 32 em Moçambique)
Bêbeda - Alcunha dada à viatura Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas; esteve em Guileje desde 1965 a 1973.
BENG - Batalhão de Engenharia
BENG 447 – Batalhão de Engenharia nº 447, Bissau
Bentém - Banco, baixo, onde os homens grandes se sentam, a conversar, em geral, sob um poilão (crioulo)
Biafra - Clube de Oficiais, no Quartel General, em Santa Luzia, Bissau; Bar dos pilotos, na BA12, Bissalanca (gíria)
Bianda - Comida; arroz, base da alimentação da população na época (crioulo)
Bicha de pirilau - Progressão, em fila, no mato, mantendo cada homem uma distância regulamentar (gíria)
Bideiras - As vendedeiras ambulantes, que andam nas ruas Bissau (crioulo)
Bigrupo - Força IN equivalente a c. 40 homens (PAIGC)
BINT - Batalhão de Intendência
Bioxene – Álcool; estar com os copos (gíria)
Blufo - Rapaz balanta não circuncidado; rapaz inexperiente (crioulo)
Boinas Negras - Fuzileiros
Boinas Verdes - Paraquedistas
Boinas Vermelhas - Comandos (depois de 1974); na Guiné, usavam a boina castanha do exército
Bolanha - Terreno alagadiço, próprio para a cultura do arroz (cioulo)
Bombolom - Intrumento musical, feito a partir do tronco de uma árvore; instrumento tradicional de comunicação entre aldeias balantas e manjacas (crioulo)
Bonifácio - Obus 11,4 cm, TR m/917, da I Guerra Mundial (termo da gíria dos artilheiros)
BOP - Bombardeameno a picar (FAP)
BOR - Embarcação civil, que navegava no Geba, com umas estranhas pás na popa
Brandão - Família da região de Tombali (Catió), mas também de Bambadinca (região de Bafatá)
Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola; não se usava no nosso tempo) (gíria)
Bunda - Cú, traseiro (crioulo)
Burmedjus - Mulatos, mestiços, crioulos, cabo-verdianos (crioulo)
Burrinho - Viatura automóvel Unimog 411, a gasolina (mais pequena que o 404, a gasóleo) (NT)
Guiné > Região de Tombali > Guileje > A Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas... (Bêbeda, porque possivelmente gastava... "cem aos cem"!)...
Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em 25 de maio de 1973, quando ocuparam o quartel, três depois depois do seu abandono por ordem do comandante do COP 7. Portanto a Bêbeda ( que fica para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje, que foi construído por Nuno Rubim para o Núcleo Museológico Memória de Guiledje ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"... A foto de baixo foi gentilmente cedida pelo Teco (Alberto Pires), da CCAÇ 726.
Fotos (e legendas): © Nuno Rubim (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]
Cá bai - Não vai (crioulo)
Cabaceira - Árvore e fruto do embondeiro (não confundir com Poilão) (crioulo)
Cabaço - Hímen, virgindade (crioulo)
Cabeça Grande - Bebedeira (crioulo)
Cabo Aux Enf - 1º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
Cabo Enf - 1º Cabo Enfermeiro
Caco / Caco Baldé - Alcunha do Gen Spínola (mas também 'Homem Grande de Bissau', 'O Velho', 'O Bispo'; caco, de monóculo; Baldé, apelido frequente entre os fulas)
Cães Grandes - Oficiais superiores
Chabéu – Dendê (fruto); prato típico da GB, de peixe ou carne, feito com óleo de palma (etimologia: do crioulo "tche bém")
Cal - Calibre
Camarigo - Camarada e Amigo (por contracção); criada na Tabanca Grande
Cambar - Atravessar um rio (crioulo)
Candongas - Transporte colectivo privado, usado hoje no interior da Guiné Bissau
Canhão s/r - Canhão Sem Recuo
Canhota - A espingarda automática G3
CAOP - Comando de Agrupamento Operacional
CAOP1 - Comando de Agrupamento Operacional nº 1
Cap - Capitão
Cap Mil - Capitão Miliciano
Cap QEO - Capitão do Quadro Especial de Oficiais
Cap QP - Capitão do Quadro Permanente
Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro (gíria)
Capitão-proveta - Cap QEO (gíria), que passava a poder transitar para os quadro permanente das armas combatentes (infantaria, artilharia e cavalaria), depois de frequentar o "curso intensivo", previsto pelo D.L. nº 353/73, de 13 de julho.
Carecada - Castigo disciplinar, imposto pelo superior hierárquico, e que consistia no corte de cabelo à máquina zero (gíria)
CART - Companhia de Artilharia
Casa Gouveia - Principal empresa colonial, fundada por António da Silva Gouveia em finais do Séc. XIX: em 1927 é adquirida pela CUF.
Catota - Orgão sexual feminino; partir catota = ter relações sexuais (crioulo, calão)
Cavalos duros - Feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus, sintomas de doença venérea (calão)
Cavalos moles - Sintomas de sífilis, doença venérea (fendas no pénis) (calão)
CCAÇ - Companhia de Caçadores
CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas
CCAV - Companhia de Cavalaria
CCM - Curso de Capitães Milicianos
CCmds - Companhia de Comandos
CCP - Companhia de Caçadores Paraquedistas
CCS - Companhia de Comando e Serviços
CEME - Chefe do Estado Maior do Exército
CEMGFA - Chefe do Estado Maior General da Força Aérea
Cento e vinte - Morteiro pesado, de 120 mm
Cesca - Pistola de 7,65 mm, de origem checoslovaca (PAIGC)
CFA - Franco da Communauté Francofone Africaine, moeda actual da GB (1 Euro = 655,597 CFAA)
CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (Marinha)
Chão - Território étnico (vg, chão fula)
CHASE - Em formação, atrás de (FAP)
Checa - Pira, periquito (em Moçambique), maçarico (Angola)
Checklist - Livro de notas do piloto (FAP)
Chipmunk - Avião de treino, de dois lugares, monomotor, de origem canadiana (FAP)
Choro - Conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa, parente ou vizinho (sobretudo entre os animistas) (crioulo)
Cibe - Palmeira; utilizam-se rachas de cibe como barrotes na construção; é resistente à formiga baga-baga (crioulo)
Cilinha - Nome de guerra de Cecília Supico Pinto, a fundador e líder histórica do MNF – Movimento Nacional Feminino
Cipaio - Elemento nativo da polícia
Circuncisão - Vd. Fanado. Havia/há a circuncisação masculina e a feminina. Vd. MGF.
CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria (Tavira)
CM - Cabo de Manobra (Marinha)
Cmd - Comando
Cmdt - Comandante
COE - Curso de Operações Especiais
COM - Curso de Oficiais Milicianos
Com-Chefe - Comando-Chefe
Conversa giro - Fazer amor, ter relações sexuais (crioulo)
COP - Comando Operacional
COP7 - Comando Operacional 7
Cor - Coronel
Corpinho - Sutiã, soutien (crioulo)
Corpo di bó - Como estás ? (crioulo)
Corta-capim - Aerograma, carta, bate-estrada (gíria)
Costureirinha - Pistola metralhadora PPSH (PAIGC) (gíria)
CPC - Curso de Promoção a Capitão do Quadro Complementar
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CSM - Curso de Sargentos Milicianos
CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
CUF - Companhia União Fabril (representada, na Guiné, pela Casa Gouveia)
Cupilom - Pilão, bairro popular atravessado pela estrada para o aeroporto; Cupelon, Cupilão
Dari - Chimpanzé (da mata do Cantanhez) (crioulo)
DC 3 - Avião de trasporte (FAP)
DC 6 - Avião de transporte (FAP)
DCON - Missão de acompanhamento (FAP)
Degtyarev - Metralhadora ligeira 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)
Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC)
Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria)
Dest - Destacamento
Dest A - Destacamento A
DFA - Deficiente das Forças Armadas
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje)
Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo)
Djila - Vd. Gila
Djubi - Olha! (crioulo), mas também criança, menino
DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte (Fap
Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP)
Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP)
ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)
EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)
Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal)
Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)
Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria)
Enf - Enfermeiro
Enf Para - Enfermeira paraquedista
Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP)
EP - Exército Popular (PAIGC)
EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)
EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém)
EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica
EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]
Esp - Espingarda
Esp Aut - Espingarda Automática
Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP)
Esq - Esquadrão
Esq Mort - Esquadrão de Morteiro
Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP)
Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP)
Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP)
Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP)
Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão)
Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria)
F86 Sabre - Avião a jato, supersónico, que chegou a operar na Guiné, entre 1961 e 1965. Foi retirado por pressão dos norte-americanos. Foi substituído em 1966 pelo Fiat G-91.
Fala mantenha - Partir mantenha, cumprimentar, saudar (crioulo)
Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta (crioulo)
Fanateca - Mulher que pratica a MGF – Mutilação Genital Feminina (crioulo)
FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a elite combatente do PAIGC
FBP - Fábrica Braço de Prata; também nome dado a uma pistola metralhadora portuguesa, usada no início da guerra, feita na FBP
Ferrugem - Serviço de Material; termo depreciativo, para o pessoal não-operacional, ligado ao SM) (gíria)
Festa, festival - Ataque aparatoso, ou flagelação, do PAIGC a aquartelamento ou destacamento das NT (gíria)
Fiju (lê-se: fidju) - Filho (crioulo)
Fiju di tuga - Filho de português (crioulo)(Há uma associação, em Bissau, com este nome)
Filhos do Vento - Filhos de militares portugueses, sem reconhecimento da paternidade nem da nacionalidade
Firma - Estar, ficar, morar (crioulo)
Firminga - Formiga (crioulo)
Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe (gíria)
Fornilho - Armadilha com cordão de tropeçar
Fotocine - Operador de imagem (fotografia e cinema); destacamento
Fur - Furriel
Fur Enf - Furriel Enfermeiro
Fur Mil - Furriel Miliciano
Fuzos - Fuzileiros especiais
FZE - Fuzileiro Especial (Marinha)
G3 - Espingarda Automática G-3
Gaita à bandoleira (Andar de) - Ter uma doença sexualmente transmissível, em geral blenorragia (ou 'esquentamento') (calão)
GB - Guiné-Bissau
Gen - General
Genti di mato - Turras, população sob controlo do IN (crioulo)
Gês - Força da gravidade (FAP)
Gila (lê-se djila) - Comerciante, vendedor ambulante, contrabandista (que circula pela Guiné e países vizinhos)
GMC - Viatura automóvel pesada, de rodado duplo atrás, de fabrico americano
GMD - Granada de Mão Defensiva
GMO - Granada de Mão Ofensiva
Gorro Novo - Metralhadora Pesada Goryounov, Cal 7,62 mm M-943 SG (PAIGC, gíria)
Gosse, gosse - Depressa (vg, retirar no gosse, gosse) (crioulo)
Gouveia - Casa comercial ligada ao grupo CUF
Gr Comb - Grupo de Combate; pelotão
Gr Comb (-) - Grupo de Combate desfalcado
Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado
Gr M Of - Granada de mão ofensiva
Grã-tabanqueiro - Membro da Tabanca Grande (blogue)
Heli - Helicóptero
Helicanhão - Helicóptero armado com canhão de 20 mm (vd. Lobo Mau)(FAP)
HK 21 - Metralhadora Ligeira
HM 241 - Hospital Militar nº 241, Bissau
HMP - Hospital Militar Principal (Estrela, Lisboa)
Homem Grande - Chefe de Família (crioulo)
IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
IN - Inimigo; guerrilheiros e população sob o seu controlo
INT - Intendência
Ir no mato - Fugir (ou ser levado) para uma zona controlada pelo PAIGC (crioulo)
Irã - Ser sobrenatural que, para os animistas (balantas, papéis, manjacos, etc.) habita as florestas (e em especial os poilões) (crioulo)
Jacto do Povo - Foguetão 122 mm; Graad (PAIGC, gíria)
Jagudi - Abutre (crioulo)
Jamara (lê-se:djarama) - Obrigado (fula)
Jambé (lê-se djambé) - Instrumento de percussão africano, em forma de cálice invertido (crioulo)
Kacur - Cachorro (crioulo)
Cap QP - Capitão do Quadro Permanente
Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro (gíria)
Capitão-proveta - Cap QEO (gíria), que passava a poder transitar para os quadro permanente das armas combatentes (infantaria, artilharia e cavalaria), depois de frequentar o "curso intensivo", previsto pelo D.L. nº 353/73, de 13 de julho.
Carecada - Castigo disciplinar, imposto pelo superior hierárquico, e que consistia no corte de cabelo à máquina zero (gíria)
CART - Companhia de Artilharia
Casa Gouveia - Principal empresa colonial, fundada por António da Silva Gouveia em finais do Séc. XIX: em 1927 é adquirida pela CUF.
Catota - Orgão sexual feminino; partir catota = ter relações sexuais (crioulo, calão)
Cavalos duros - Feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus, sintomas de doença venérea (calão)
Cavalos moles - Sintomas de sífilis, doença venérea (fendas no pénis) (calão)
CCAÇ - Companhia de Caçadores
CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas
CCAV - Companhia de Cavalaria
CCM - Curso de Capitães Milicianos
CCmds - Companhia de Comandos
CCP - Companhia de Caçadores Paraquedistas
CCS - Companhia de Comando e Serviços
CEME - Chefe do Estado Maior do Exército
CEMGFA - Chefe do Estado Maior General da Força Aérea
Cento e vinte - Morteiro pesado, de 120 mm
Cesca - Pistola de 7,65 mm, de origem checoslovaca (PAIGC)
CFA - Franco da Communauté Francofone Africaine, moeda actual da GB (1 Euro = 655,597 CFAA)
CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (Marinha)
Chão - Território étnico (vg, chão fula)
CHASE - Em formação, atrás de (FAP)
Checa - Pira, periquito (em Moçambique), maçarico (Angola)
Checklist - Livro de notas do piloto (FAP)
Chipmunk - Avião de treino, de dois lugares, monomotor, de origem canadiana (FAP)
Choro - Conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa, parente ou vizinho (sobretudo entre os animistas) (crioulo)
Cibe - Palmeira; utilizam-se rachas de cibe como barrotes na construção; é resistente à formiga baga-baga (crioulo)
Cilinha - Nome de guerra de Cecília Supico Pinto, a fundador e líder histórica do MNF – Movimento Nacional Feminino
Cipaio - Elemento nativo da polícia
Circuncisão - Vd. Fanado. Havia/há a circuncisação masculina e a feminina. Vd. MGF.
CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria (Tavira)
CM - Cabo de Manobra (Marinha)
Cmd - Comando
Cmdt - Comandante
COE - Curso de Operações Especiais
COM - Curso de Oficiais Milicianos
Com-Chefe - Comando-Chefe
Conversa giro - Fazer amor, ter relações sexuais (crioulo)
COP - Comando Operacional
COP7 - Comando Operacional 7
Cor - Coronel
Corpinho - Sutiã, soutien (crioulo)
Corpo di bó - Como estás ? (crioulo)
Corta-capim - Aerograma, carta, bate-estrada (gíria)
Costureirinha - Pistola metralhadora PPSH (PAIGC) (gíria)
CPC - Curso de Promoção a Capitão do Quadro Complementar
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CSM - Curso de Sargentos Milicianos
CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
CUF - Companhia União Fabril (representada, na Guiné, pela Casa Gouveia)
Cupilom - Pilão, bairro popular atravessado pela estrada para o aeroporto; Cupelon, Cupilão
Dari - Chimpanzé (da mata do Cantanhez) (crioulo)
DC 3 - Avião de trasporte (FAP)
DC 6 - Avião de transporte (FAP)
DCON - Missão de acompanhamento (FAP)
Degtyarev - Metralhadora ligeira 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)
Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC)
Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria)
Dest - Destacamento
Dest A - Destacamento A
DFA - Deficiente das Forças Armadas
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje)
Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo)
Djila - Vd. Gila
Djubi - Olha! (crioulo), mas também criança, menino
DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte (Fap
Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP)
Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP)
ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)
EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)
Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal)
Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)
Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria)
Enf - Enfermeiro
Enf Para - Enfermeira paraquedista
Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP)
EP - Exército Popular (PAIGC)
EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)
EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém)
EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica
EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]
Esp - Espingarda
Esp Aut - Espingarda Automática
Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP)
Esq - Esquadrão
Esq Mort - Esquadrão de Morteiro
Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP)
Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP)
Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP)
Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP)
Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão)
Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria)
F86 Sabre - Avião a jato, supersónico, que chegou a operar na Guiné, entre 1961 e 1965. Foi retirado por pressão dos norte-americanos. Foi substituído em 1966 pelo Fiat G-91.
Fala mantenha - Partir mantenha, cumprimentar, saudar (crioulo)
Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta (crioulo)
Fanateca - Mulher que pratica a MGF – Mutilação Genital Feminina (crioulo)
FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a elite combatente do PAIGC
FBP - Fábrica Braço de Prata; também nome dado a uma pistola metralhadora portuguesa, usada no início da guerra, feita na FBP
Ferrugem - Serviço de Material; termo depreciativo, para o pessoal não-operacional, ligado ao SM) (gíria)
Festa, festival - Ataque aparatoso, ou flagelação, do PAIGC a aquartelamento ou destacamento das NT (gíria)
Fiju (lê-se: fidju) - Filho (crioulo)
Fiju di tuga - Filho de português (crioulo)(Há uma associação, em Bissau, com este nome)
Filhos do Vento - Filhos de militares portugueses, sem reconhecimento da paternidade nem da nacionalidade
Firma - Estar, ficar, morar (crioulo)
Firminga - Formiga (crioulo)
Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe (gíria)
Fornilho - Armadilha com cordão de tropeçar
Fotocine - Operador de imagem (fotografia e cinema); destacamento
Fur - Furriel
Fur Enf - Furriel Enfermeiro
Fur Mil - Furriel Miliciano
Fuzos - Fuzileiros especiais
FZE - Fuzileiro Especial (Marinha)
G3 - Espingarda Automática G-3
Gaita à bandoleira (Andar de) - Ter uma doença sexualmente transmissível, em geral blenorragia (ou 'esquentamento') (calão)
GB - Guiné-Bissau
Gen - General
Genti di mato - Turras, população sob controlo do IN (crioulo)
Gês - Força da gravidade (FAP)
Gila (lê-se djila) - Comerciante, vendedor ambulante, contrabandista (que circula pela Guiné e países vizinhos)
GMC - Viatura automóvel pesada, de rodado duplo atrás, de fabrico americano
GMD - Granada de Mão Defensiva
GMO - Granada de Mão Ofensiva
Gorro Novo - Metralhadora Pesada Goryounov, Cal 7,62 mm M-943 SG (PAIGC, gíria)
Gosse, gosse - Depressa (vg, retirar no gosse, gosse) (crioulo)
Gouveia - Casa comercial ligada ao grupo CUF
Gr Comb - Grupo de Combate; pelotão
Gr Comb (-) - Grupo de Combate desfalcado
Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado
Gr M Of - Granada de mão ofensiva
Grã-tabanqueiro - Membro da Tabanca Grande (blogue)
Heli - Helicóptero
Helicanhão - Helicóptero armado com canhão de 20 mm (vd. Lobo Mau)(FAP)
HK 21 - Metralhadora Ligeira
HM 241 - Hospital Militar nº 241, Bissau
HMP - Hospital Militar Principal (Estrela, Lisboa)
Homem Grande - Chefe de Família (crioulo)
IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
IN - Inimigo; guerrilheiros e população sob o seu controlo
INT - Intendência
Ir no mato - Fugir (ou ser levado) para uma zona controlada pelo PAIGC (crioulo)
Irã - Ser sobrenatural que, para os animistas (balantas, papéis, manjacos, etc.) habita as florestas (e em especial os poilões) (crioulo)
Jacto do Povo - Foguetão 122 mm; Graad (PAIGC, gíria)
Jagudi - Abutre (crioulo)
Jamara (lê-se:djarama) - Obrigado (fula)
Jambé (lê-se djambé) - Instrumento de percussão africano, em forma de cálice invertido (crioulo)
Kacur - Cachorro (crioulo)
Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589/BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > Uma Kalash, ou Aka, capturada ao PAIGC...
Foto do álbum fotográfico do nosso camarada Manuel Caldeira Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68).
Foto (e legenda): © Manuel Coelho (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Kalash - Espingarda Automática AK 47 (PAIGC)
Kasumai - Saudação em dialecto felupe
Kora - Instrumento musical mandinga, de cordas, tipo cítara, inventado pelos antepassados do mestre Braima Galissá (músico do Gabu, a viver em Portugal) (crioulo)
Lassas - Abelhas selvagens; alcunha por que era conhecido, pelo PAIGC, o pessoal da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)
LDG - Lancha de Desembarque Grande (Marinha)
LDM - Lancha de Desembarque Média (Marinha)
LDP - Lancha de Desembarque Pequena (Marinha)
Lerpa - Jogo de cartas, geralmente a dinheiro (gíria)
Lerpar - Perder (à lerpa), apanhar um castigo, morrer (gíria)
LFG - Lancha de Fiscalização Grande (Marinha)
LGFog - Lança-granadas-foguete, bazuca
Lifanti - Elefante (crioulo)
Lion Brand - Conhecida marca de repelente de mosquitos
Lobo Mau - Helicanhão (FAP) (gíria)
Lubu - Hiena (crioulo)
MA - Minas e Armadilhas
Macacada - Tropa, forças do Exército, tropa-macaca (gíria)
Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo)
Macaréu - Vaga impetuosa que, no Rio Geba, precede o começo da praia-mar. É mais sentida no Geba Estreito, a partir da foz do Rio Corubal.
Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola
Mach - Velocidade do som (FAP)
Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar
Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo)
Máfrica - Escola Prática de Infantaria, em Mafra (gíria)
Maj - Major
Maj - Major
Maj gen - Major general [antes equivalia o posto de brigadeiro, desde 1999, o primeiro posto permamente de oficial general, imediatamente inferior a tenente-general; tem 2 estrelas]
Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo)
Mancarra - Amendoím (crioulo)
Manga de ronco – Grande festa; sucesso militar (crioulo e gíria)
Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo e gíria)
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata (gíria)
Mantenha(s) - Saudades, lembranças, cumprimentos (crioulo); fala mantenha, partir mantenhas = saudar.[Da locução portuguesa (que Deus te) mantenha)]
"mantenha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/mantenha [consultado em 12-01-2019].
Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte
Mário Soares - Famoso comerciante de Pirada, de quem se dizia que trabalhava para os "dois lados"
Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa)
Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)
Mato (i) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato') (gíria)
Mato (ii) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial
Metro e oito - Alcunha do Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)
MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos)
MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado
MiG 17 - Avião de combate de origem russa, supersónico (que o PAIGC nunca chegou a ter)
Mil - Miliciano; milícias [vd. Pel Mil]
Mindjer - Mulher (crioulo)
Mindjer Garandi - Mulher grande (crioulo)
Minino - Menino, rapaz (crioulo). Vd. também djubi ou jubi.
Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo)
ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira
MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha)
Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura (crioula)
Guiné> Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (1964/64 > O temível morteiro 81, o "botabaixo" (, em manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km).
Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Mort 81 - Morteiro 81 mm; alguns tinham 'nomes de guerra' como o 'Bota Abaixo'
Mort 82 - Morteiro 82 mm (PAIGC)
Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato
MP - Met Pes / Metralhadora Pesada
MSG - Mensagem
Mudar o óleo - Ir às... putas (calão)
Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas) (calão)
Mun - Municiador
Mun Mort - Municiador de morteiro
N/M - Navio da Marinha
Nharro - Africano; preto (crioulo, calão, na altura com sentido pejorativo, racista)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protector da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que foi o logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé.
"O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usado na festa do fanado. Representa uma cbeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse colectivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte" (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Nhinte-Camatchol - O grande irã dos nalus na Floresta do Cantanhez
Ninhos - Entrada gastronómica com camarão, ovo e tomate, servida no Pelicano (gíria)
NM - Número mecanográfico (do militar)
NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas
Nord Atlas - Avião de Transporte (FAP)
NRP - Navio da República Portuguesa
NT - Nossas Tropa
OB - Oscar Bravo, obrigado (gíria)
Obus 14 - Obus, de calibre 14 cm
Oitenta - Morteiro de calbibre 81 (o PAIGC tinha o 82)
ONG - Organização não-governamental
Onze quatro - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm
Op - Operação (vg., Op Lança Afiada); operador)
Op Cripto - Operador Cripto
Op Esp - Operações especiais ou ranger
P2V5 - Avião de luta anti-sumarina, também usado no Guiné, no início da guerra, para ataque ao solo
Pachanga - Pistola-Metralhadora SHPAGIN Cal 7,62 mm M-941 (PPSH) (PAIGC); costureirinha (gíria)
PAI - Partido Africano para a Independência, fundado em 1956
PAIGC - Partido Africano Para a Indepência da Guiné e Cabo Verde
Panga bariga - Caganeira (crioulo)
Parafusos - Familiares, amigos ou vizinhos de paraquedistas ou de fuzileiros, convivendo com ambos
Páras - Paraquedistas
Parte peso - Dá-me dinheiro (crioulo)
Partir catota - 'Dar o pito' (expressão nortenha); ter relações sexuais (a mulher com o homem) (calão)
Partir punho - Ser masturbado por outrem, à mão (crioulo, calão)
Pastilhas - Enfermeiro (em geral, Fur Enf) (gíria)
Patacão - Dinheiro, pesos (crioulo)
Pau de Pila - Lança Granadas-Foguete Pancerovka P-27 (PAIGC, gíria)
PC - Posto de Comando
PCV - Posto de Comando Volante
Peça 11,4 - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm
Peça M-130 - Peça de artilharia de longo alcance, da Guiné-Conacri, usada em ataques fronteiriços pelo PAIGC-
Pel Caç Nat - Pelotão de Caçadores Nativos
Pel Can s/r - Pelotãod e Canhão sem recuo
Pel Mil - Pelotão de Milícias
Pel Mort - Pelotão de Morteiros
Pel Rec Daimler - Pelotão de Reconhecimento Daimler (Cavalaria)
Pel Rec Fox - Pelotão de Reconhecimento Fox (Cavalaria)
Pel Rec Info - Pelotão de Reconhecimento e Informação
Pelicano – Café. restaurante e esplanada de Bissau, junto ao estuário do Geba, na marginal do tempo colonial
Peluda - Vida civil (depois da tropa)(gíria)
Perintrep - Periodic Intelligence Report
O Perintrep era uma documento classificado, elaborado pela 2ª Rep/QG/ComChefe/Guiné (, chefiada, no final da guerra, por Artur Baptista Beirão, ten cor inf) (1925-2014). Era elaborado a partir de notícias recebidas (Relim) durante um período semanal, indicando-se sempre a origem ou o órgão da fonte da notícia. O documento, classificado, chegava até aos comandantes operacionais (nível de companhia), que o tinham de incinerar no prazo de 72 horas... As informações nele contidas, devidamente selecionadas, podiam ser (ou não) partilhadas depois com os subordinados, individualmente ou em grupo.
Reprodução (parcial) do Perintrep nº 12/74, relativo ao período de 17 a 24 de março de 1974. Documento (digitalizado) por Nuno Rubim (2016) / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)
Periquito - Militar novato; pira, piriquito (sic)
Peso - Unidade da moeda local; escudo guineense (no tempo colonial) (crioulo)
PG - Prisioneiro(s) de Guerra
Piçada - Repreensão de um superior (gíria)
Picador - Soldado ou milícia que faz a picagem
Picagem - Deteção de minas e armadilhas num trilho ou picada
PIDE/DGS - Polícia política portuguesa
PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas
Pil - Piloto (miliciano)
Pilão - Bairro popular de Bissau, muito frequentado pelas NT nas horas de lazer
Pilav - Piloto aviador, saído da Academia Militar (Os milicianos são apenas Pil) (FAP)
PINT - Pelotão de Intendência
Pira - Periquito, militar recém-chegado à Guiné; maçarico (Angola); checa (Moçambique)
Piurso - Pior que um urso, zangado (gíria)
Poilão - Designação comum a algumas árvores da família das bombacáceas. Ceiba Pentandra (crioulo)
Ponta - Herdade, exploração agrícola (crioulo)
Pop - População
Porrada - Contacto com o IN; punição disciplinar (gíria) PPSH - Metralhadora ligeira, 7,72 mm (PAIGC; a famigerada 'costureirinha' (gíria)
Psico - Acção psicológica e social das NT junto da população (também Psique)
QG - Quartel General
QG/CCFAG - Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné), na Amura
QG/CTIG – Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné, em Santa Luzia
QEO - Quadro Especial de Oficiais
QP - Quadro Permanente (Pessoal)
Quarteleiro – 1º cabo de manutenção de material
Quebra-costelas - Abraço, AB, Alfa Bravo (gíria, de origem alentejana)
Quico - Boné especial da tropa
Rabecada - Vd. piçada (gíria)
Racal - Equipamento portátil, de origem americana, podendo ser usado em viaturas e aviões, transmitindo em fonia entre as frequências de 38 a 54,9 Mc/s.
RAL - Regimento de Artilharia Ligeira
RCacheu - Rio Cacheu
RCorubal - Rio Corubal
RCumbijã - Rio Cumbijã
RDM - Regulamento de Disciplina Militar
Ref - Militar na Reforma
Reforço - Aumento das medidas de segurança dos nossos aquartelamentos
Reordenamento - Aldeia estratégica, construída pelas NT, reagrupando uma ou mais tabancas
Rep - Repartição (do Quartel-General)
REP / ACAP - Repartição do QC / Assuntos Civis e Acção Psicológica
Res - Militar na Reserva
RFOTO - Reconhecimento fotográfico (FAP)
RGeba - Rio Geba
RI - Regimento de Infantaria
RN - Reserva Naval (Marinha)
Rockets - Granadas lançadas pelo RGP 2 ou RPG 7 (PAIGC)
Rôz kuntango - (ou simplesmente Kuntango) Arroz cozinhado (bianda) sem máfé (crioulo)
RPG - Lança-granadas-foguete (PAIGC): havia o 2 e o 7
RVIS - Voo de reconhecimento aéreo (FAP)
SA-7 - Míssil Sam-7, Strela, de origem russa (PAIGC)
Sabe sabe - Gostoso (crioulo)
Sakalata - Confusão, conflito, chatice (crioulo)
Salgadeira - Urna funerária, caixão (gíria)
SAM - Serviço de Administração Militar
Sancu - Macaco (crioulo)
Sec - Secção; equipa (Um Gr Comb ou pelotão era composto por 3 Sec)
Setor L1 - Setor 1 da Zona Leste (Bambadinca, Região de Bafatá)
Sexa - Sua Excelência, mas também Sexagenário
SGE - Serviço Geral do Exército; oficiais oriundos da classe de sargentos
Siga a Marinha - Embora, vamos a isto! (gíria)
Sintex - Pequena embarcação, de fibra, com mortor fora de bordo, de 50 cavalos, usado para cambar um rio; parecia uma banheira (NT)
SM - Serviço de Material (vd. Ferrugem)
SNEB - Rocket antipessoal, de calibre 37 mm, que equipava o T-6 e que também era usado pelos paraquedistas e demais tropas como LGFog
Sold - Soldado
Sold Arv - Soldado Arvorado
Solmar - Cervejaria de Bissau, do tempo colonial
SPM - Serviço Postal Militar
Srgt - Sargento
STM - Serviço de Transmissões Militares
Strela - Flecha, em russo (стрела); míssil russo terra-ar SAM 7
Suma - Como, igual (crioulo) Supintrep - Relatório de informação suplementar (Vd. Perintrep)
Supositório - Granada de obus (gíria)
Foto (e legenda): © Mário Santos (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
T/T - Navio de Transporte de Tropas (v.g., T/T Niassa, T/T Uíge)
T6 - Avião bombardeiro, monomotor; equipado c/ lança-roquetes e metralhadora (NT)
Tabanca - Aldeia (crioulo); mas também morança, cubata, casa: mas também tertúlia (v.g., Tabanca de Matosinhos)
Tabanca Grande – A mãe de todas as tabancas ou tertúlias de antigos combatentes da Guiné (v.g., Tabanca de Matosinhos, Tabanca do Centro, Tabanca da Linha, Tabanca dos Melros, Tabanca da Maia, Tabanca do Algarve, Tabanca da Lapónia, etc.)
Tarrafe - Vegetação aquática, típica das zonas ribeirinha
Taufik Saad - Casa comercial, de origem libanesa, em Bissau
Taxy Way - Caminho de rolagem (FAP)
Tchora - Chorar (crioulo)
Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso (crioulo)
Ten - Tenente
Ten Cor - Tenente-Coronel
Ten Gen - Tenente General, antigo general de 3 estrelas [Posto reintroduzido no Exército Português em 1999, em substituição do posto de general de 3 estrelas; é a mais alta patente de oficial general no ativo, já que os postos superiores são apenas funcionais ou honoríficos: por exemplo, chefe do estado maior general].
Tertúlia – Tabanca Grande
TEVS - Transporte em evacução (FAP)
Tigre de Missirá - Nome de guerra (Alf Mil Beja Santos, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)
Tigres - Esquadra de Fiat G-91, na BA 12
TN - Território nacional
TO - Teatro de Operações
Toca-toca - Transporte colectivo, privado, nas zonas urbans da Guiné-Bissau (carrinha tipo Hyace, de cores azul e amarela) (crioulo)
Guiné > Regoão de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) + CART 2520 (1969/70) > Op Safira Única, 21 de janeiro de 1970, no subsetor do Xime, nas proximidades da Ponta do Inglês
Uma pistola de origem soviética, Tokarev, de 7,62, igual ou parecida à que que foi apreendida ao guerrilheiro Festa Na Lona, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única ... Pelo que me recordo, esta pistola ficou à guarda do alf mil Abel Maria Rodrigues, comandante do 3º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (onde eu muitas vezes me integrei, conforme as faltas de pessoal...) , que a tomou como ronco... Não sei se a conseguiu trazer para a Metrópole e legalizá-la... Ao que parece, esta arma teve a sua estreia na Guerra Civil de Espanha, em 1936, nas fileiras do exército republicano, estando distribuída a pilotos e tripulações de tanques, entre outros... (LG).
Fonte: Kentaur, República Checa (2006) [página já não disponível]
(...) Por volta das 15. 30h, já nas proximidades do objectivo, foram notados indícios de presença humana: trilhos batidos, moringas nas palmeiras para recolha de vinho e um cesto de arroz.
Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou que ia recolher vinho de palma, que a tabanca ficava próxima, que não havia elementos armados e que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha.
Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia Balanta, estar alí a passar férias e pertencer a uma unidade combatente do Gabu. Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos.
Havia 2 tabancas, cada uma com 4-5 casas, afastadas umas das outras cerca de 200 metros. Cada casa era revestida de chapa de bidão e coberta de capim. Para o efeito foram aproveitados os bidões existentes no antigo aquartelamento da Ponta do Inglês que as NT haviam retirarado em novembro de 1968.
Foram destruídos todos os meios de vida encontrados e incendiadas casas, a excepção das que ficaram armadilhadas. Os 2 Dest executaram toda a acção sem disparar um único tiro. A retirada fez-se igualmente a corta-mato em direcção de Gundagué Beafada, tendo-se chegado ao Xime pelas 18.30h. Durante a noite, a Artilharia fez fogo de concentração sobre os acampamentos IN do Baio/Buruntoni e Ponta Varela/Poindon. (...)
(...) Por volta das 15. 30h, já nas proximidades do objectivo, foram notados indícios de presença humana: trilhos batidos, moringas nas palmeiras para recolha de vinho e um cesto de arroz.
Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou que ia recolher vinho de palma, que a tabanca ficava próxima, que não havia elementos armados e que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha.
Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia Balanta, estar alí a passar férias e pertencer a uma unidade combatente do Gabu. Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos.
Havia 2 tabancas, cada uma com 4-5 casas, afastadas umas das outras cerca de 200 metros. Cada casa era revestida de chapa de bidão e coberta de capim. Para o efeito foram aproveitados os bidões existentes no antigo aquartelamento da Ponta do Inglês que as NT haviam retirarado em novembro de 1968.
Foram destruídos todos os meios de vida encontrados e incendiadas casas, a excepção das que ficaram armadilhadas. Os 2 Dest executaram toda a acção sem disparar um único tiro. A retirada fez-se igualmente a corta-mato em direcção de Gundagué Beafada, tendo-se chegado ao Xime pelas 18.30h. Durante a noite, a Artilharia fez fogo de concentração sobre os acampamentos IN do Baio/Buruntoni e Ponta Varela/Poindon. (...)
Fonte: Extractos de: História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo II. 24-26.
Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)
TPF - Transmissões Por Fios
Trms - Transmissões
Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)
TSF - Transmissões Sem Fios
Tuga - Português, branco, colonialista (termo na altura depreciativo) (crioulo)
Turpeça - Banquinho, de três pés, onde se sentam em exclusivo os régulos felupes
Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo n a altura depreciativo)
Ultramarina - Sociedade Comercial Ultramarina, ligada ao grupo BNU; rival da Casa Gouveia.
Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel
UXO - Unexploded (Explosive) Ordenance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)
Velhice - Militares em fim de comissão (gíria)
Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato
ZA - Zona de Acção
Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros
ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)
ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea
Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)
TPF - Transmissões Por Fios
Trms - Transmissões
Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)
TSF - Transmissões Sem Fios
Tuga - Português, branco, colonialista (termo na altura depreciativo) (crioulo)
Turpeça - Banquinho, de três pés, onde se sentam em exclusivo os régulos felupes
Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo n a altura depreciativo)
Ultramarina - Sociedade Comercial Ultramarina, ligada ao grupo BNU; rival da Casa Gouveia.
Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel
UXO - Unexploded (Explosive) Ordenance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)
Velhice - Militares em fim de comissão (gíria)
Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato
ZA - Zona de Acção
Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros
ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)
ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea
____________
Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10770: O Nosso livro de estilo (7): Cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo... Para rever, aumentar, melhorar...
30 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)
29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)
26 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)
24 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1874: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (2)... (António Pinto / Joaquim Mexia Alves)
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Pequeno Dicionário da Tabanca Grande,
Perintrep
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Guiné 61/74 - P19395: Notas de leitura (1140): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (68) (Mário Beja Santos)
Sede do BNU na Avenida 5 de Outubro - Lisboa.
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Maio de 2018:
Queridos amigos,
Nunca me fora dado ler um documento onde se transmite o estado de transtorno e de desconfiança a que chegam as relações entre militares e civis, no quadro da eclosão da subversão no Sul. O documento, não datado, constante do Arquivo Histórico do BNU, saiu seguramente do punho do gerente da Sociedade Comercial Ultramarina, foi despachado pelo Administrador Castro Fernandes no início de junho de 1963, dá conta do desmantelamento económico rapidamente ocorrido nos primeiros meses de 1963 e na crispação e estado de suspeição entre os militares de Catió e os encarregados da Sociedade Comercial Ultramarina.
É o horror da guerra, parece gritar este relato com parágrafos tão pungentes.
Um abraço do
Mário
Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (68)
Beja Santos
Na documentação avulsa do Arquivo Histórico do BNU encontra-se um documento não assinado mas que foi visto por Castro Fernandes em 27 de junho, intitulado “Situação Política da Guiné”, pelo seu teor percebe-se rapidamente que é um relatório que saiu da mão do responsável da Sociedade Comercial Ultramarina na Província. Começa por dizer que estavam a ser levadas a efeito na região Sul diversas ações de repressão que, segundo opinião geral da população civil, serviam apenas para dificultar as relações com os naturais, assumiam o aspeto de ações esporádicas com caráter de represália, em face da descontinuidade de atuação graças à falta de efetivos. Havia muita gente afetada do ponto de vista económico, considerava-se como perdida a atual safra de arroz por falta de colheita, de debulha e de comercialização.
A repressão atingia muitos operadores económicos, assumia também o caráter de confrontos militares, e o relator procede minuciosamente à descrição dos acontecimentos:
“ – Assalto a Jabadá à casa de Jamil Heneni e na sequência assalto às embarcações que ali foram para fazer o rescaldo. Desaparecimento do empregado;
- Assalto a uma propriedade na mesma área onde trabalhava Carolino Barbosa de Andrade, irmão do nosso encarregado de Bolama e que desapareceu;
- Assalto em S. João ao pessoal enviado de Bissau pela Casa Gouveia para carregar uma lancha;
- Assalto a uma propriedade do comerciante Lourenço Marques Duarte, perto de Catió, onde o sobrinho pereceu, tendo sido encontrado barbaramente retalhado;
- Tentativa de assalto a um ou dois pontos isolados nas cercarias de Catió. Num deles retalharam um Fula;
- Duas tentativas de assalto à guarnição de Cabedu;
- Emboscada a uma patrulha militar perto de Cafine. Ao que parece, as viaturas ficaram incapazes e os soldados conseguiram regressar a pé a Bedanda;
- Emboscada a uma patrulha militar em local que desconhecemos por um grande grupo armado de catanas que se atiravam das árvores para cima das viaturas, e que teve grandes baixas;
- Armadilha preparada entre S. Domingos e a fronteira onde pereceu o Capitão Carmo;
- Assalto a Darsalame aos cipaios aquartelados na casa do comerciante Sr. José Castro Fernandes, os quais abriram fogo sobre os atacantes que pegaram fogo à casa. O nosso empregado parece ter fugido na confusão para o mato e tanto quanto sabemos a nossa casa não foi tocada, mas não conseguimos mais notícias;
- Assalto a Bambaiã ao barco da carreira do Lourenço Marques Duarte, que foi destruído;
- Tiros feitos sob o barco do Estudo em carreira de Catió para Bolama e Bissau”.
O relator desfia um corolário de queixumes quanto à falta de cobertura militar que permitisse a retirada de valores:
“O que se tem feito, fez-se com nosso pessoal, necessariamente com risco, pois do Chequal retirou-se arroz por três vezes e na segunda o auxiliar de Banta que ali foi fazer o carregamento foi avisado de que lá não deveria voltar, pois poderia sofrer e a embarcação também. No entanto, retornaram lá para retirar apenas mais 25 toneladas, entretanto apareceram terroristas que intimaram o mestre do Santa Comba a largar imediatamente, dizendo que o produto ficaria ali para a população compensar o que a tropa tinha queimado. Em Unal, o empregado, após o encerramento inicial, tentou lá voltar mais duas vezes, na segunda das quais regressou de canoa ao Xugué conduzida por ele próprio. Mais recentemente foi lá com o motor para tentar retirar tudo e caiu nas mãos dos terroristas e bem assim o mestre do motor Bandim”.
O documento tem outra relevante dimensão quanto ao estado crescente de suspeições e até arbitrariedades. O relator estivera em Catió e falara com o tenente-coronel Delgado que lhe referiu que o empregado de Banta, Augusto Lopes Pereira, que fora deixado em liberdade condicional naquela povoação como “isca”, estaria envolvido em acontecimentos de sublevação e em estreita ligação com o PAI (designação anterior do PAIGC).
E escreve:
“Tendo-nos o empregado referido os interrogatórios a que foi sujeito por aquele oficial, e depois pela PIDE, aquele oficial perguntou-lhe se conhecia um agitador de nome Cusselima, que o empregado na realidade conheceu e que desaparecera de Banta há muito, estando preso na Ilha das Galinhas, e aquele oficial fez então uma referência a uma fotografia ao que o empregado lhe disse que se o Cusselima só poderia ter uma fotografia sua se acaso lha tivesse roubado. Posteriormente, porém, ao agente da PIDE disse que três meliantes, em Outubro do ano passado, de pistolas apontadas entraram-lhe em casa e exigiram dele uma fotografia sua que estava sobre o móvel e que o ameaçaram de morte se porventura referisse a visita às autoridades e outra anterior em que o tinham convidado a aderir, e que em qualquer sítio da Guiné onde estivesse, seria apanhado. A ser verdade o que ora conta, o seu erro foi, como lhe dissemos, não ter vindo expor a situação para se proceder a uma transferência para que pudesse contar os factos às autoridades”.
O estado a que chegara a guerra no Sul, segundo o relator, justificava que se fechassem todas as casas do Sul, incluindo as que estavam em centros militares, paralisando todas as embarcações e dispensando todo o pessoal. No relatório faz-se menção que o Quartel-General encarava agora uma atuação que visasse uma melhor proteção das atividades económicas. Refere-se igualmente no relatório que era percetível a existência de atritos entre o Governo e o Quartel-General.
Atenda-se agora à seguinte observação:
“Certos e determinados aspectos da actuação militar com um carácter de terrorismo às populações nativas, de que aliás só tenho conhecimento verbal e portanto delas não podemos tomar a responsabilidade, ainda que verbalmente transmitidas a Sua Ex.ª , não foram referidas no memorial entregue ao Governo dado que quem mais sofre com a repressão serão os que directamente nada têm com os incidentes e que alguns, senão muitos, dos factos ocorridos são avolumados e multiplicados pela opinião pública que está a criar a impressão de que queimar tabancas e arroz aí armazenado e a morte eventual de mulheres e crianças trará um ódio ao europeu que não mais poderá ser sanado, uma vez que o terrorismo de início afectou a população nativa e depois foi dirigido contra a ocupação militar e só mais recentemente evoluiu no sentido de ataque económico. Do memorial consta uma posição actual do arroz em casca. O Governo da Província encara a necessidade de importar arroz mas não sabemos se tenciona fazê-lo por sua conta e risco ou através do comércio”.
E continua a dar informações sobre a atividade da guerrilha no Sul:
“Já com o memorial pronto, o encarregado de Catió chamou-nos ao telefone pois o encarregado José Saldanha, de Unal, de onde teve de fugir três vezes, fora preso pelas forças militares, e estava no quartel de Catió onde já tinha sido maltratado… Pusemo-nos em contacto imediato com o Quartel-General, onde o Subchefe do Estado-Maior não pareceu gostar muito da ideia. Hoje de manhã, de Catió, disseram-nos que o empregado tinha sido libertado e do Quartel-General disseram-nos que de Catió chegara um rádio em que se dizia que o nosso empregado do Unal tinha sido interceptado naquele local por terroristas armados por seis pistolas-metralhadoras, pelo que iam proceder imediatamente a uma operação naquela área e apoiar o carregamento dos valores que ainda lá estão”.
O relatório não deixa margem para dúvidas, os trabalhadores da Sociedade Comercial Ultramarina do Sul estavam em polvorosa, e o relator assim escreve:
“Da parte dos empregados do Sul, a impressão que nos foi transmitida pelo encarregado de Catió é que se continuarem a ser tratados como colaboracionistas pelas autoridades militares, deixarão os locais onde trabalham, pelo que a suspeita representa e a estranheza da sua situação de terem talvez a vida arriscada pelo terrorismo e passarem a ter a desconfiança das autoridades militares apesar do muito auxílio e informações que lhes têm prestado, sempre prontos a uma colaboração efectiva.
A decisão que tomámos, de forçar o assunto e de sair a terreiro pelos empregados, principalmente de Catió e de Unal, pode ser mal interpretada, mas porque não era assunto que telefonicamente fosse exposto, entendemos que a devíamos tomar mesmo com os riscos inerentes à dureza actual das autoridades na apreciação dos actos dos civis, mas não podemos de qualquer dos modos deixar de estar preocupados com o facto, até porque fizemos a ameaça velada de fechar os estabelecimentos do Sul, desarmar as embarcações para reparação em estaleiro e reduzir os quadros de pessoal, sem esperar para tanto o acordo do Governo da Província, e depois de acordar com V. Exas. para o que bastaria pintar a situação mais negra do que na realidade é.
"Assim muito agradecíamos os vossos comentários e se possível, em face do vosso conhecimento da situação e do que melhor convém à firma, nos fosse dada uma linha de orientação que permita que esta gerência possa ter a noção de estar com os pés o mais assentes possível sobre um terreno que se normalmente é escorregadio na presente situação é completamente movediço, mas sentimos que há necessidade de um pouco de terreno firme onde pousar, mas por enquanto ainda não o conseguimos encontrar”.
(Continua)
Passagem submersível do Saltinho,
Do álbum “Guiné – Alvorada do Império”, 1953, trata-se de uma homenagem ao Governador Raimundo Serrão.
A Farmácia do Estado em Bissau.
Fotografia do álbum “Guiné – Alvorada do Império”, 1953, trata-se de uma homenagem ao Governador Raimundo Serrão.
Notas do editor
Poste anterior de 4 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19361: Notas de leitura (1137): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (67) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 7 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19377: Notas de leitura (1139): “Vozes de Abril na Descolonização”, a organização é de Ana Mouta Faria e Jorge Martins e os entrevistados dos três teatros de operações foram Carlos de Matos Gomes, José Villalobos Filipe e Nuno Lousada, edição do CEHC – Centro de Estudos de História Contemporânea do Instituto Universitário de Lisboa, 2014 (1) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P19394: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte V: ten cav Jorge Manuel Cabeleira Filipe (Marinha Grande, 1935 - Luanda, 1961)
1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar.
Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. Foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunis da Academia Militar.
O ten cav Jorge Manuel Cabeleira Filipe foi o quarto oficial, oriundo da Escola do Exército, a morrer em combate em Angola, em 1961.
Lisboa > Academia Militar > Palácio da Bemposta ou Paço da Raínha, na Rua do Paço da Rainha > Festival Todos , 7ª edição, 2015 > 12 de setembro de 2015 > Visita guiada, pelo cor art ref Vitor Marçal Lourenço, professor da Academia Militar.
É aqui a sede da Academia Militar (, antiga Escola do Exército, fundada en 1837), que tem como patrono o general Bernardo de Sá Nogueira, Marquês de Sá da Bandeira. Há também um polo na Amadora.
O seu lema é: "Dulce et decorum est pro Patria mori" (em português: É doce e honroso morrer pela Pátria: o verso em latim é de uma ode do poeta romano Horácio, do séc. I a.C.; "patria", em latim, a cada dos pais - "patres" - ou dos antepassados...).
Na escadaria de acesso ao piso superior (biblioteca. museu, galeria de comandantes...) estão inscritos os nomes dos antigos alunos mortos durante a guerra colonial (1961/74), nos vários teatros de operações. Neste excerto do mural, estão so nomes dos 4 primeiros.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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Nota do editor:
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