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sábado, 16 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27124: Os nossos seres, saberes e lazeres (696): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (217): Nenhum museu tem tanta História de Portugal como este – 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Junho 2025:

Queridos amigos,
Bem vistas as coisas, este museu organizado no que foi o Palácio Alvor tem um impressionante património que justificaria um conjunto de visitas e dezenas de textos e ilustrações em conformidade com a vastidão das coleções. Tudo começou com a extinção dos conventos, juntaram-se as peças provenientes do espólio da rainha Carlota Joaquina vendido em hasta pública, como consequência da derrota miguelista, há as peças adquiridas com as verbas oferecidas pelos reis D. Fernando II e D. Luís, também as peças adquiridas pela Academia de Belas-Artes, peças adquiridas em leilões, peças provenientes de vários legados; depois da implantação da República, uma nova leva de peças provenientes dos palácios reais, bem como das sés e palácio episcoais, peças depositadas (caso das 1500 esculturas da coleção Vilhena), doações relevantes como as feitas por Calouste Gulbenkian. É impressionante o acervo de arte religiosa, da pintura portuguesa, recorde-se Frei Carlos, os mestres flamengos, Hans Holbein, Lucas Cranach, Dürer, Bosch, Velásquez... E grande escultura, desde o Torso de Apolo, a peça mais antiga do museu, passando por Rodin, alfaias religiosas, a Custódia de Belém, a Baixela Germain, mobiliário ímpar, como o hindoportuguês, os trabalhos escultóricos de Benim, loiça Ming, os biombos Namban. Enfim, comprometo-me a voltar.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (217):
Nenhum museu tem tanta História de Portugal como este – 2


Mário Beja Santos

Que o leitor me desculpe, finda uma pausa lancei-me ao trabalho, voltei à escadaria principal, gosto muito destas linhas dinâmicas que nos levam até à escultura religiosa, é a partir daqui que vou a deambular sem preocupações de roteiro quanto às escolas europeias, nada de catalogar cronologicamente o que vai do pré-românico ao oitocentismo, ainda tive o impulso de parar diante dos painéis de São Vicente que há quem garanta a pés juntos que foram pintados por Nuno Gonçalves, embora não haja nenhuma certeza documental.
O meu amigo José Luís Porfírio, que dirigiu esta casa e que dela foi conservador dedicadíssimo, escreveu com a chancela da Editorial Verbo, em 1977, no belo livro dedicado a este museu nacional:
“Se quiséssemos ser polémicos, poderíamos dizer que a pintura portuguesa começa e acaba aqui, nestas seis tábuas com cerca de 60 figuras, num tipo de expressão que, salvo duas ou três aproximações com tábuas da mesma época, desapareceu da pintura feita em Portugal sem deixar grandes vestígios, assim como pouco se conhece em Portugal ou no resto da Europa que possa servir de preparação ou de introdução a esta pintura. Não, evidentemente que se não se possa estabelecer analogias com o Sul da Espanha, ou com a composição das tapeçarias borgonhesas; não, também, que na pintura portuguesa do século seguinte se não possa detetar uma linha de atenção ao concreto, muito especialmente no retrato, que possa aqui ter origem. No entanto, esta pintura, se acaba alguma coisa, não sabemos o que acaba, e não foi, certamente, o princípio de coisa nenhuma; trata-se, antes de mais, de uma das numerosas sendas perdidas na arte europeia do século XV, experiência sem seguimento, ainda que cheia de possibilidades, tal como aconteceu noutros centros marginais ou marginalizados da cultura europeia da época. Descobertas em 1882, cerca de quatro séculos depois de pintadas e quase outro tanto de esquecidas, estas seis tábuas viriam a transformar-se no caso, ou na questão, da história da arte portuguesa. Têm estas seis tábuas praticamente mais literatura escrita sobre elas do que toda a restante pintura portuguesa junta”.
Vou passar adiante deste mistério dos painéis de São Vicente, vamos então ver outras obras de inquestionável valor.


A imponente escadaria da entrada principal que permite ao visitante ir direto à escultura medieval, tendo à esquerda uma pintura icónica, o Ecce Homo.
Fonte bicéfala, em calcário, 1510-1525, oficina ativa em Lisboa
Biombos Namban, produzido entre 1570 e 1616. Os biombos eram utilizados para dividir espaços, e normalmente eram realizados de dois em dois. O tema mais recorrente no século XVI eram as cenas do cotidiano. Nos biombos do museu vê-se a chegada festiva dos portugueses no barco negro, ao que os japoneses chamavam de a chegada dos namban jin, ou bárbaros do Sul, isto é, os Portugueses e, mais tarde, os Espanhóis. Os namban eram homens de grandes narizes, de olhos negros e estranhos, usando uma indumentária singular onde se evidenciavam as calças tufadas e os chapéus de copa redonda. É assim que os nossos capitães e marinheiros surgem retratados nos biombos, executados sempre aos pares e reportando-se a cenas de aportagem e desembarque da nau de comércio e há o desfile pelas povoações.
Pormenor da chegada dos portugueses ao Japão nos biombos Namban
Arte muçulmana vinda de Damasco, o esplendor do azulejo
Continuação do esplendor do azulejo muçulmano
Paisagem de inverno (Neve), por Gustave Courbet, 1868
Santo Agostinho, Piero della Francesca, c. 1465. Um santo, um bispo, impõe a sua figura contra uma balaustrada e o céu azul, segura um báculo com cabo de cristal e enverga uma capa que narra a história de Cristo. Aqui, nesta narração, em cada uma das suas cenas, está um dos grandes motivos de interesse desta pintura, não só porque são réplicas de pinturas, conhecida uma, outras perdidas, da oficina do pintor, mas também pela conceção espacial que propõem.
Danaide (A Fonte), por Auguste Rodin e Pierre, o seu ajudante, 1893. Esta deusa aquática, de uma tradição literária e figurativa que remonta à própria Grécia, ao mesmo tempo emerge e regressa ao seu reino do incerto e da mudança constante, reino que também é o da relatividade e não o da certeza sacral. Com Rodin está acabando um grande ciclo da escultura. Este regresso ao material anuncia de certo modo os monólitos do século XX.
Interior de taberna, autor não identificado, 1664 (?)
Homem cozinhando, Jan Steen, c. 1650 (?)
Obras de misericórdia, Bruegel, o Moço, depois de 1564/65-1637/38. A família Bruegel criou uma firma de reputação europeia. Bruegel, o Moço, imitador do seu pai, e também conhecido como especialista de infernos, numa tradição boschiana, produzidos em série para um público numeroso e não muito exigente. Este quadro Obras de Misericórdia é uma curiosa descrição da vida e da miséria da Flandres, aponta para um novo tipo de pintura que o século XVII vai desenvolver e cultivar: a pintura de género, ou seja, a representação de cenas da vida quotidiana, burguesa e popular, de grande divulgação e permanente consumo até ao nosso tempo.
Pormenor do tríptico das Tentações de Santo Antão, Jheronimus Bosch, c. 1500. É, porventura, o mais procurado quadro de autor não português (neste caso, um tríptico) tanto por visitantes nacionais como estrangeiros. Toda a pintura de Bosch foi produzida numa obscura cidadezinha da Flandres, acaba por se apresentar como o último grande inventário da Idade Média. Inventário de conhecimentos, de imagens, de espetáculos, de espetáculos e procissões de rua, inventário de medos passeando-se, reunindo-se, dispersando-se como as ideias confusas do espírito, no espaço poderosamente unificado das três tábuas. Mesmo que os contemplemos até à exaustão, fica-nos uma inquietante certeza: o sonho, a imaginação, o inconsciente, são também uma realidade.
Anjo da Anunciação (fragmento), autor flamengo desconhecido, c. 1500
Rei Mago Baltasar, século XVIII, oficina de Joaquim Machado de Castro
Presépio Kamenesky, século XVIII, c. 1783, por Faustino José Rodrigues
Milagre de Santo Eusébio de Cremona, por Rafael Sanzio, 1502-1503

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 9 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27103: Os nossos seres, saberes e lazeres (695): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (216): Nenhum museu tem tanta História de Portugal como este – 1 (Mário Beja Santos)

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26501: Manuscrito(s) (Luís Graça) (265): Que o Nhinte-Camatchol, o Grande Irã, te proteja, Guiné-Bissau!




Lisboa > Museu Nacional de Etnologia > Peça de santuário e toucado de dança, "A-Tshol". Baga Nalu, Guiné-Bissau. MNE, AO.335. (Patente na Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" )(*)


Que o Nhinte-Camatchol te proteja,Guiné, Tabanca Grande

por Luís Graça


Quem disse que a Guiné-Bissau não tem futuro ?
Não fui eu, que pouco valho,
não foi o dari,
que não tem seguro de acidentes de trabalho.
Nem de saúde.

Quem disse que o futuro não passa por aqui, amiúde ?
Não, não foi o macaco fantango,
que trabalha sem rede,
e não tem protecção no desemprego.
Nem o desgraçado do macaco-cão
que vai à mesa do rico e do pobre
como se fora leitão da Bairrada.
Nem o mandinga, bom negro,
tocador de cora,
que se foi embora,
em busca de outro chão,
livre do som da Kalash.

Quem disse que Deus, Alá e os bons irãs
não montaram morança nesta terra ?
Não foi o muntu,
não foi o tucurtacar pangolim,
não foi a rapaziada do Bairro do Quelélé,
não foi o fula nem o nalu,
não foram as aves do Cantanhez,
não foram os homens grandes do Gabu.
não foi o tuga, nem foste tu nem fui eu.

Ah!, como está ainda bem longe, Cabral, o ideal
 por que lutaste e morreste, uma vez,
tantas vezes,
tu e tantos outros combatentes da liberdade da pátria.
Nada que tu não saibas,
lá no Olimpo dos deuses e dos heróis,
ou não soubesses já, cá na terra dos homens,
que a História é fértil em exemplos de efeitos perversos,
de revoluções que devoram os seus filhos...

Tudo isto, para te dizer
que eu ouvi os jovens do teu país cantar o teu hino,
no antigo acampamento, a "barraca" Osvaldo Vieira,
nas matas do Cantanhez,
com o mesmo fervor do que quaisquer outros jovens
noutras partes do mundo,
em Portugal, em Cuba, na China,
na América, no Brasil ou em Angola ...
Pelo menos os teus sabiam a letra,
a tua letra, e até a música que foi composta pelo Sr. Xiao He,
um obscuro chinês, do tempo do maoísmo.

Quem disse, afinal, que a Guiné não tem futuro ?
Se não o foi macaco fidalgo,
foram os teus inimigos,
os de fora e os de dentro,
os teus filhos bastardos
e os filhos bastardos de outras nações.
Os que dizem mal de ti,
que te querem comprar
a preço de saldo,
e que te arrastam pela lama do tarrafo.
E que dizem que és um narco-Estado,
e que vives da caridade internacional.
e que já não tens fé, nem caridade, nem esperança,
nem voz, nem lágrimas para chorar.
Que já não tens alma nem salvação nem pudor.
E que Cabral morreu e está enterrado,
na antiga fortaleza colonial da Amura.

Os teus jovens,
os teus músicos,
o Furkuntunda,
o Anastácio di Djens,
grande senhor,
os teus poetas,
os teus artistas,
os teus artesãos,
as tuas televisões comunitárias,
as tuas rádios locais,
o teu novo Lamparam,
o teu Bombolom digital,
e até os centros de saúde no mato,
são a prova da tua grande vitalidade,
engenho, imaginação, talento,
alegria, nobreza,
criatividade, espontaneidade,
afabilidade, hospitalidade,
vontade de vencer o círculo vicioso da pobreza.
Do teu povo, Guiné,
de Norte a sul,
dos Bijagós às Colinas do Boé,
de Iemberém ao Quelélé.

Eu acredito em ti, país-irmão.
Eu quero acreditar em ti, Guiné,
eu quero remar contra a maré do cinismo
inimigo tão mortal
como o mosquito do paludismo.

Eu acredito nas tuas mulheres,
empreendedoras e corajosas,
que montam fabriquetas de descasque de arroz,
ou que, em casa, fazem o seu óleo de palma
e o seu chabéu, e o seu sabão.
E ainda têm tempo para ir à pesca e ao mercado
e para cuidar dos teus meninos.

Eu acredito, no talento dos teus jovens, criativos,
como o Grupo de Teatro Os Fidalgos.
Eu acredito ainda na força telúrica
e na generosidade dos homens (e mulheres)
que lutaram, por ti,
no Como,
em Cassaca,
em Cadique,
em Madina do Boé,
no Morés,
em Gandembel,
em Guileje,
em Guidaje,
no Fiofioli,
na Ponta do Inglês,
no Choquemone,
em Sinchã Jobel.
Com as armas na mão
e com as ideias e os valores na cabeça.
Para que tu fosses livre e independente,
e fosses justa e fraterna.

Enfim, uma Tabanca Grande,
grande como a bolanha de Bambadinca,
outrora verde e prenhe de arroz,
e aonde iam apascentar os búfalos.
Uma Tabanca Grande
onde cabe o Muntu e o Nalu,
os homens grandes e as mulheres grandes
e as meninas que um dia não precisarão da faca da fanateca.
Onde cabem os teus frondosos poilões
e as vaidosas cabaceiras.
Para que os teus filhos, Guiné,
tenham a merecida paz,
todos os dias do ano,
a liberdade, a justiça,
o milho, o arroz e a mandioca,
o mafé e o chabéu
com que se mata a fome e se sonha e se dança.
Enfim, a dignidade
a que os teus filhos têm direito
no seio da Mãe África
e do resto do mundo globalizado.

Ah!, a paz, a tão frágil paz
que leva tanto tempo a consolidar,
e o tão suspirado progresso que não chega,
ou que é tão lento, desesperadamente lento,
ou só chega para uma meia dúzia de privilegiados,
a nomenclatura do poder e do dinheiro...

Mas para isso, terás que fazer a ponte com o passado.
Mas para isso não poderás ignorar
nem escamotear os marcos
(de sinal mais e de sinal menos)
do passado,
bem como as raízes das lianas
e dos poilões da tua guineidade.

Como te imploram os teus filhos,
não queiras chorar mais, Guiné!
N ka misti tchora mas!
Faz das tuas lágrimas
a força do macaréu da tua revolta e do teu ânimo
que te ajudarão a abrir a Picada do Futuro,
a construir o Novo Corredor do Povo,
a Nova Estrada da Liberdade.
Que eu só desejo que seja
tão grande, larga e fecunda
como os teus rios míticos,
do Cacheu ao Cumbijã, do Geba ao Cacine.
Ou tão límpidos e belos e selvagens como o Corubal.

E que o Nhinte-Camatchol,
o grande irã, te proteja,
Guiné, Tabanca Grande.


Simpósio Internacional de Guileje
Iemberém, 1-2 de março de 2008 | Bissau, 2-7 de março de 2008
Lisboa, 30 de março e 2008 | Revisto, 16 de fevereiro de 2025

Luís Graça








Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protetor da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que fez parte do logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé. Foi impresso nas t-shirts e pintadfo numa parede das instalações da AD em Iemberém.

 O Pepito escolheu, e não foi por acaso, a escultura nalu do Nhinte-Camatchol como "mascote" do Simpósio Internacional de Guiledje (2008). Na altura escrevi este longo poema em que pedia a proteção do grande irã para os nossos amigos e irmãos da Guine-Bissau. Aqui vai, em versão revista (**).
 
O Pepito morreria quatro anos depois. O Nhinte-Camatchol  (no nosso Museu Nacional de Wtnologia chamam-lhe  o A-Tsgol...) não protegeu o Pepito, que sacrificou muito da sua saúde, segurança e "qualidade de vida" (suas e da sua família) pelo seu povo. 

Esperemos que Deus, Alá e os Grandes Irãs protejam aquela terra que continuamos a amar, e os nossos amigos que lá vivem. Eles merecem. E que o exemplo do Pepito continue a ser inspirador, para eles e para nós. Foi pelo Pepito (1949-2012) que voltei à Guiné, m 2008, vencendo traumas da guerra.

O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usada na festa do fanado. Representa uma cabeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse coletivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33).

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]
______________

Notas do editor:

/*) Vd. poste de 15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26499: Os 50 Anos do 25 de Abril (35): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte II


(**) Último poste da série > 30 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26326: Manuscrito(s) (Luías Graça) (264 ): Volta sempre, Irmão Sol

domingo, 10 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25257: Os nossos seres, saberes e lazeres (618): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (145): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Novembro de 2023:

Queridos amigos,
Este Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida excedeu todas as expetativas, primorosamente requalificado foi o Palácio da Inquisição, as exposições são de primeiríssima água, tudo se percorre com gosto e apetece ter tempo para demorar. As casas pintadas são uma surpresa total, a exposição Fenda é inexcedível, um bem aplicado murro no estômago, e finalmente vejo desvendado aquela zona do Parque de Santa Gertrudes que conheço desde a antiquíssima Feira Popular da ciganita Dora, do autoshoot e do castelo fantasma, e depois os passeios nos jardins Gulbenkian, mas sempre ficava aquela sensação de mistério de ver a residência da família Eugénio de Almeida guardada em segredo, vejo finalmente como lá se vivia, e foi necessário regressar a Évora para perceber o que a cultura portuguesa e o património devem a esta prestimosa Fundação.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (145):
Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (5)


Mário Beja Santos

Estou agora no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, que já se chamou Fórum. Évora e o Alentejo em particular, e o país em geral, devem muito a esta fundação que têm um histórico de empresários que estiveram associados ao setor do tabaco e às transformação de produtos agrícolas, detentores de propriedades imensas, um património que não esqueceu a vitivinicultura, membros da família receberam títulos de Conde de Arge e de Conde de Vill’Alva, a fundação foi instituída em 1963 com a missão de promover o desenvolvimento cultural, educativo, social e espiritual da cidade de Évora e do Alentejo.
O Centro de Arte e Cultura possui uma dinâmica de exposições de referência, todo este património edificado impressiona, o visitante não sabe para onde se voltar, desceu até um amplo espaço denominado casas pintadas. O que se vai ler na legenda é complementado com o roteiro de Évora da Porto Editora, datado de 2016. Neste roteiro fala-se nas casas pintadas como a Casa dos Silveira-Henriques ou Casas Pintadas “de Vasco da Gama”, obra manuelina, posteriormente adaptada devido ao desmembramento do vizinho Paço dos Condes da Vidigueira. Em 1631, passou a ser morada dos inquisidores e incorpora o Palácio da Inquisição. No pátio, na galeria claustral existente encontra-se um notável conjunto de frescos nas paredes com temas profanos, o que é raro. Avulta em importância o conjunto de animais e plantas aqui figurados, inspirados em temas moralistas e em várias fábulas de Esopo. O que consta da legenda junto das Casas Pintadas é o seguinte: “Este espaço pertenceu a D. Francisco da Silveira, Coudel-mor dos Reis D. Manuel I e D. João III. As armas desta família podem ver-se nos fechos das abóbadas. Este facto desmente a lenda de que o proprietário da casa foi o famoso navegador português Vasco da Gama, cujas casas se situavam no lado sul da mesma rua. Em finais do século XVI, as Casas Pintadas foram anexadas ao Palácio da Inquisição. Realizados na década de 1520, os frescos são um exemplar único da pintura mural palaciana de caráter profano, da primeira metade do século XVI. Aqui encontramos cinco painéis decorados com animais comuns e seres fantásticos que, evocando o imaginário das fábulas e narrativas medievais, estão simbolicamente associados a características morais, virtudes e vícios próprios da natureza humana.”

Imagens das Casas Pintadas

Uma das exposições ali patentes intitula-se No tempo dos dias lentos – Casa e Parque de Santa Gertrudes, um conjunto de três séries fotográficas realizadas entre 2017 e 2019, após a morte de Maria Teresa Eugénia de Almeida, constituem-se como uma representação posterior à vivência deste espaço doméstico. Em aditamento, aparecem outros elementos que ajudam a contextualizar as muitas apropriações que este emblemático lugar teve ao longo dos séculos XIX e XX – desde a instalação do primeiro jardim zoológico de Lisboa, ao velódromo de Palhavã ou acolhimento da Feira Popular de Lisboa.
A Casa e o Jardim de Santa Gertrudes
A biblioteca da família

Temos agora outra exposição, intitula-se Fenda, interroga a relação da sociedade e da arte com a pobreza, em várias épocas, tem peças do passado que dialogam com linguagens contemporâneas, é de grande valor o número de obras apresentadas, desde Daniel Blaufuks, Domingos Sequeira, Júlio Pomar, Pedro Barateiro, Pieter Bruegel ou Vieira Portuense. Bem interessante é o texto do documento oferecido à entrada da exposição, da responsabilidade dos curadores: “A exposição aborda a clivagem social gerada pela desigualdade profunda na distribuição da riqueza e alguns aspetos da forma como a arte olhou (e olha) para essa desigualdade. Na conceção cristã que marcou a sociedade ocidental, a pobreza podia ser um valor que traduzia o desprendimento do mundo e nos aproximava da salvação, fosse pela sua condição, fosse pelo exercício da dádiva que nos aproximava dela. Mas no mundo pós-renascentista começou a instalar-se a consciência de que a profunda desigualdade era, antes de mais, um problema social e arte, sobretudo a pintura, traduziu muitas vezes um olhar profundamente crítico sobre a pobreza. Procurámos expor vários exemplos que materializam a simbologia da palavra FENDA como um lugar de corte, neste caso observando o sistema de desigualdades económicas. A existência de fendas na sociedade é, desde sempre, o ponto de partida para constatar um problema, mas é, também, o impulso para a vontade de mudança.”
São Martinho, autor desconhecido, séc. XVII, coleção do Museu Nacional de Arte Antiga
Beatriz Costa num programa de distribuição de esmolas a pobres, Rio de Janeiro, 1941
D. Luís e D. Maria Pia entregando esmola aos pobres do Porto, por Leonel Marques Pereira, 1872, coleção do Palácio Nacional da Ajuda
Cozinha de Alcântara, a confeção da sopa
Cozinha dos Anjos, 1959, aspeto do refeitório
As mães, por Júlio Pomar, 1951, coleção do Museu do Neo-Realismo, doação do artista
Aspetos do teto do Palácio da Inquisição

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 2 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25230: Os nossos seres, saberes e lazeres (617): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (144): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (4) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23708: Notas de leitura (1505): Uma escultura de renome mundial, a Nalu (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Outubro de 2022:

Queridos amigos,
Há por vezes a necessidade de lançar um apelo. No caso vertente, trata-se da arte Nalu, que é possível encontrar em museus de grande renome, é elemento construtivo das grandes coleções de arte africana. Não é novidade para ninguém que a arte Nalu e a arte Bijagó são admiráveis. É curioso como há estudos sobre a arte Bijagó e parece que ninguém escreve sobre a arte Nalu, por essa razão aqui se repesca um trabalho de Artur Augusto Silva publicado no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, seguramente que há hoje mais elementos e reflexões sobre esta representatividade plástica, tão credora da nossa admiração. É facto que ainda não bati à porta do Museu Nacional de Etnologia, acontecerá um dia. O que eu pergunto aos meus confrades é se não têm a amabilidade de me informar de quaisquer outros estudos sobre uma escultura que põe a Guiné Bissau em tão conceituados museus.

Antecipadamente grato,
Mário



Uma escultura de renome mundial, a Nalu

Mário Beja Santos

Estava a ser uma manhã de leituras muito interessantes, voltei a folhear os dois cartapácios referentes aos Ecos da Guiné, tudo começou por uma edição da secção técnica de estatística, secção de publicidade, comércio da Guiné, publicação criada em 1949, na governação de Raimundo Serrão, passou depois a intitular-se Boletim de Informação e de Estatística, crónica mensal da colónia, foi aqui que Amílcar Cabral, enquanto responsável pela Granja de Pessubé, no âmbito da Direção-Geral dos Serviços Agrícolas dedicou um punhado de reflexões sobre a indispensável reforma agrícola.

Tinha saudades de aqui relembrar a arte Nalu, há um texto meu no blogue que data de há 10 anos. Bem procurei bibliografia na Sociedade de Geografia sobre esta corrente plástica, nada encontrei, é muito provável que tenha de bater à porta do Museu Nacional de Etnologia, pode ser que tenha mais sorte. Assim, voltei a pegar no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, vol. XI, nº44, outubro de 1956, deu-me imenso prazer voltar a ler o artigo escrito por Artur Augusto Silva sobre a arte Nalu, ainda é possível encontrar nos alfarrabistas uma separata deste curioso texto. A que se propõe este investigador? Responde logo no início do seu trabalho: “Procuraremos surpreender as suas determinantes, as relações da sua arte com a necessidade de exprimir as preocupações dominantes do agregado social e ainda demonstrar que o meio ambiente condicionou o modo de vida, a sua organização económica e, como resultado desta organização, todas as superestruturas daí derivadas”. Recorda que a etnia Nalu não está circunscrita à colónia da Guiné portuguesa, também tem alguma importância na Guiné francesa, no caso da Guiné portuguesa habitavam as regiões da circunscrição de Catió, Cacine e Bedanda e pontos isolados do Cubisseco (região de Fulacunda).

O autor estima a população Nalu na colónia em perto de 4 mil habitantes. Dedicavam-se à orizicultura, às culturas da cola, banana, laranja e ananases. Habitam só solo continental. Não possuem escrita e só conheciam a literatura oral, o verosímil e o inverosímil andam de mãos dadas, são prolongamentos da mesma realidade. Os Nalus, habitantes de floresta eram, ainda há 40 anos, um dos povos mais primitivos de toda a África. Seguiram-se os contactos com os muçulmanos, tudo começou por aspetos comerciais dado que estes são grandes consumidores de cola, iniciou-se depois a islamização dos mais jovens, a arte Nalu passou a desinteressar as novas gerações, crescentemente islamizadas [esta apreciação de Artur Augusto Silva não se veio a revelar definitiva, a arte Nalu continua a ter grande projeção não só no artesanato guineense, muitos espécimenes são disputados por colecionadores e museus, algumas das maiores leiloeiras internacionais quando fazem leilões de arte africana não é incomum porem à venda arte Nalu e arte Bijagó].

A espiritualidade destes animistas baseia-se na crença das energias, as forças, são estes elementos o que dominam a representatividade plástica Nalu. Nas máscaras refugia-se a energia. A serpente é em toda a zoolatria Nalu um animal de maior prestígio. As máscaras são a síntese de todas as forças vivas. O autor chama a atenção para algo que é a aculturação animista, neste caso os Nalus praticam a circuncisão.

O artista Nalu procura construir unicamente moradas para as forças que animam o seu mundo sobrenatural. É de notar que as máscaras e tambores destinados a folguedos são usados por Nalus e Sossos. O autor avisa-nos que não pôde confirmar se os Bagas também participam deste processo estético.

Em jeito de síntese, Artur Augusto Silva observa que a escultura Nalu nasceu da necessidade de representar as forças a que nós chamamos religiosidade, em termos plásticos escultóricos estas forças prendem-se com a necessidade de ter uma residência porque quando não há lugar qualquer força é inoperante, a pessoa fica à deriva, sem comunicação com o transcendente.

As esculturas são feitas em madeira de poilão ou em mancone. Os Nalus usam uma enxó para desbastar a madeira e um canivete para os trabalhos de pormenor. As tintas usadas: preta, branca, vermelha e verde. Conseguem a tinta branca através da trituração da casca de ostras.

Chegou a hora de bater a outras portas para saber mais sobre a arte Nalu. Será que os nossos amigos guineenses não nos poderão ajudar?

Ninte-Kamatchol, escultura Nalu, Museu Afro-Brasil
Máscara Nalu, Instituto de Arte de Chicago
Máscara Nalu, coleção da Sociedade de Geografia de Lisboa
Arte Nalu, Arquivo Histórico Ultramarino
Povos da Guiné-Bissau, painel de Augusto Trigo
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23690: Notas de leitura (1504): "Deixei o meu Coração em África", por Manuel Arouca; Oficina do Livro, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

sábado, 3 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22338: Os nossos seres, saberes e lazeres (458): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (5): A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Por diversas vezes, José-Augusto França descreveu a doação que fez a Tomar, mormente nas suas Memórias para o Ano 2000 e subsequentes. É um acervo da maior importância que abarca alguns desenhos, como os de Almada, Bernardo Marques, Mario Eloy, António Pedro, Dacosta e Vespeira, obras de grande significado do surrealismo, do abstracionismo e da não-figuração, tudo se espraia por uma moradia de rés-do-chão e dois andares e em qualquer um destes espaços se frui o que de relevante artistas como Costa Pinheiro, José Escada, Lourdes Castro, Manuel Baptista, Noronha da Costa, Cutileiro, Júlio Resende, Fernando Lanhas, Emília Nadal, Alice Jorge ou Luís Dourdil, entre tanto outros, inscreveram do que há de mais significativo nas Artes Plásticas Portuguesas. Não há nada como visitar este Núcleo (sempre no horário da tarde), a documentação produzida é muito esclarecedora, sugere-se uma primeira visita para tomar conhecimento, depois um passeio pelo Mouchão ou pela Corredoura até à Praça da República, visitando a Igreja de São João Baptista, e novo regresso ao acervo doado por José-Augusto França para degustar com mais pormenor as obras que mais toquem à sua sensibilidade - estão ali manifestações das mais expressivas de quase todo o século XX.

Um abraço do
Mário


A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (1)

Mário Beja Santos

O Núcleo de Arte Contemporânea José-Augusto França está instalado num prédio adaptado para o efeito com projeto do arquiteto Jorge Mascarenhas, integra uma centena de obras de arte da coleção do escritor e historiador que nasceu em Tomar em 1922. A inauguração efetuou-se em 2004 e proporciona a quem visita tão bela coleção momentos de fruição ímpares devido à qualidade das obras e até mesmo a coerência do gosto de quem a doou. José-Augusto França cedo se começou a relacionar com artistas plásticos e a fazer crítica, que se prolongou sobretudo entre os anos 1940 e 1970. Foi galerista e a sua bibliografia é impressionante.

Nesse mesmo ano de 2004 ele avançou algumas razões para esta doação:
“… de ordem moral uma, sentimental, a outra. Ao termo de sessenta anos de vida útil (dir-se-ia de carreira, mas detesto tal coisa), entendeu o doador arrumar o que neles foi acumulando, pinturas e outros objetos de arte, livros e manuscritos, o que seria, mas ainda não é, o seu espólio, distribuindo-os por sítios apropriados de cultura, os quadros para museus (e foram, principalmente, o do Chiado, e este de Tomar, consoante adequação histórica das espécies), os livros para várias bibliotecas, entre as quais a de Tomar, a da Fundação Gulbenkian (que guarda, desde 1992, o total da bibliografia ativa, em volumes singulares e coletivos, folhetos, catálogos e publicações periódicas do que se fez nessa altura, exposição e catálogo de 3400 números e ainda arquivos de doutoramentos no Departamento de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa e da Cinemateca Nacional. A moral da história está em se acrescentar assim a utilidade que a vida do doador, isto é, a minha, possa ter tido, mostrando em permanência o que ele tinha guardado para uso próprio, gozo com certeza, mas também, e indispensavelmente, instrumentação do seu trabalho – uma coisa e outra no seu quotidiano de 60 anos”.

E José-Augusto França refere-se concretamente à razão de ordem moral e à vertente social, invoca a descentralização cultural, a razão sentimental de ter nascido na então Travessa da Saboaria, no segundo andar, no primeiro andar vivia a avó materna viúva. Despede-se das suas obras com enorme saudade e questiona o que se pode ver para fruição do visitante desta belíssima coleção que doou a Tomar:
“Não sei ainda exatamente quantos quadros, desenhos ou esculturas, mais de cem, podem ser mostrados ao mesmo tempo, obras de mais de 50 artistas portugueses. Não é aqui de mencionar obras de catálogo que algumas, sem propositada hierarquia, destaco em 20 reproduções. Porém, sim: e o doador deseja assinalar dois quadros que doou, e diz porquê. ‘Signos desmemoriados, momentos IX, de Fernando Lemos, pintado em 1972, durante 30 anos foi a primeira imagem que vi ao acordar, na minha casa de Lisboa, pendurado ao fundo do quarto, onde só outros ficaram, por serem estrangeiros. A grande pintura em duas tábuas, de Noronha da Costa, sem título, de cerca de 1970, é outra obra que, partindo, me deixa um grande vazio, de parede e de alma, porque durante os mesmos 30 anos, me sentei, todas as noites, com ela atrás de mim, sombra protetora – escrevi, muito tendo escrito sobre os dois pintores, meus amigos de duas gerações já”.
Noronha da Costa
A árvore azul, de José de Guimarães e um belo painel azulejar de Eduardo Nery recebem o visitante à entrada do Núcleo de Arte Contemporânea
Um desenho de Almada Negreiros, o inequívoco traço do grande mestre do Modernismo
No rés-do-chão do Núcleo proliferam obras muito importantes do surrealismo, do abstracionismo e da nova figuração. Ali se podem ver desenhos de Almada, Bernardo Marques, Mário Eloy, António Pedro, Vespeira e Fernando de Azevedo. A pintura surrealista da “Terceira Geração” do Modernismo nacional, está representada por Fernando Azevedo, Moniz Pereira e Fernando Lemos. Ao fundo da sala uma pintura de Vasco Costa. Uma escultura de papel recortado de José de Guimarães e duas esculturas de António Pedro preenchem o conteúdo deste piso.
António Pedro, provavelmente o seu melhor desenho
Escultura de António Pedro
Óleo de Marcelino Vespeira
Óleo de Marcelino Vespeira
Escada de acesso ao primeiro andar, como igualmente a de acesso ao segundo andar, o visitante encontrará séries de litografias de Costa Pinheiro, José de Guimarães, René Bertholo, além de uma série de azulejos originais realizados por J. Machado da Costa
Obras de José de Guimarães
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22318: Os nossos seres, saberes e lazeres (457): As Necessidades, a olhar o Palácio e a percorrer em júbilo a Tapada (Mário Beja Santos)