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quinta-feira, 13 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12832: Os nossos médicos (74): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (7): "All you need is love" - as Berliet's rebenta-minas e os nossos picadores no trajecto entre Galomaro e Dulombi

1. Em mensagem do dia 11 de Março de 2014, o nosso camarada Mário Vasconcelos (ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 3872), a quem não é demais agradecer a sua disponibilidade e colaboração, fez chegar até nós mais memória do ex-Alf Mil Médico Rui Vieira Coelho [foto actual à esquerda] que esteve integrado nos BCAÇ 3872 e 4518 (Galomaro, 1973/74), dedicada ao belo Arquipélago dos Bijagós:

As minhas cordiais saudações a todos: editores, leitores e camaradas em geral. 
Um pouco, no cumprimento do meu antigo cargo, volto às transmissões, enviando o texto/conto, da autoria do nosso ex-Alf. Mil Médico, Dr Rui Vieira Coelho, tabanqueiro n.º 624, BCAÇ 3872 e 4518. 

Um alfa-bravo encriptado com amizade. 
Mário Vasconcelos


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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12717: Os nossos médicos (73): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (6): Em Bubaque, como subdelegado de saúde

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12431: Álbum fotográfico do ex-fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (10): O rebenta-minas, de rodado duplo à frente



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Foto nº 89 > O rebenta-minas com rodado duplo à frente...

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Um viatura oesada (Mercedes ?) "capotada"... No setor L1 havia uma intensa atividade de colunas logísticas: era a partir de Bambadinca que se abasteciam as companhias aquarteladas em Mansambo, Xitole e Saltinho (que pertencia já ao Setor L5 - Galomaro). Foto do ex-1º cabo bate chapas Otacílio Luz Henriques, do Pelotãod e Manutenção (, que era comandado pelo alf mil Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande). 


Foto: ©  Otacílio Luz Henriques (2013) (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. Continuação da publicação do excelente álbum fotográfico (*) do José Carlos Lopes, meu contemporâneo em Bambadinca, pelo menos na época de julho de 1969 a maio de 1970 (quando o batalhão regressou à metrópole). Embora a sua especialidade fosse "contablidade e pagadoria" (sic), ele exerceu funções como fur mil de  reabastecimentos da CCS/BCAÇ 2852. É nosso grã-tabanqueiro, nº 604, desde 10 de fevereiro de 2013. Bancário reformado do BNU, vive em Linda a Velha, Oeiras. As fotos são provenientes  de "slides" digitalizados, e não têm legendas.  

Apresentamos hoje uma espetacular: o "rebenta-minas" de Bambadinca. Era uma obra-prima dos nossos mecânicos, com um rodado duplo à frente. Presumimos que tivessem arranjado um semi-eixo mais comprido, "canibalizado" de outra viatura (, talvez uma Mercedes). Não tinha capô e os assentos da frente eram "forrados" com sacos de areia.  Como diziam os condutores, era preciso comer um boi para conduzir um besta destas... 

Na perigosa estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho não sei se este rebenta-minas chegou a saltar por cima de alguma... De qualquer modo, para além dos picadores, o rebenta-minas dava-nos alguma tranquilidade de espírito quando fazíamos (a CCAÇ 12 e outras subunidades) às colunas logísticas para o sul do setor L1...

Enfim, noutros sítios também havia rebenta-minas. Compare-se, por exemplo, com o famoso  granadero que existia no tempo do nosso camarada Henrique Matos e do João Crisóstomo. Pertencia à CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) (Vd. foto a seguir) (**). 

O rebenta-minas de Bambadinca tinha a "originalidade" do rodado duplo à frente... O que se pode dizer é que, naquela guerra, a necessidade aguçava o engenho dos tugas... Ontem como hoje... Aqui fica o "retrato" desta "peça de museu" (foto acima), para memória futura... LG



Guiné > Enxalé > O famoso granadero, uma GMC transformada, que pertencia à CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)...

"A transformação constou do reforço dos taipais com chapas de bidon, separadas de ± 20 cm com areia no meio. Ficou à prova de bala de Mauser. Tinha também uma camada de areia no fundo da caixa e na frente também vários sacos de areia. Tinha instalada como se pode ver uma Breda. Não sei porque é que lhe chamavam granadero.

"Com ela fiz vários reabastecimentos a Missirá e Porto Gole. Segundo a descrição do Abel Rei no seu depoimento Entre o Paraíso e o Inferno: de Fá a Bissá-Memórias da Guiné e que na altura estava em Bissá, no dia 5 de Outubro de 1967 esta viatura quando regressava a Porto Gole accionou uma mina incendiária a que se seguiu uma emboscada de que só se safaram com apoio aéreo. Fazia parte duma coluna que saiu de Porto Gole ao encontro doutra coluna saída de Bissá a pé para entregar uns militares destinados àquele destacamento."


Foto (e legenda):  © Henrique Matos (2007). Todos os direitos reservados.


(**) Vd. poste de 6 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2158: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (3): O famigerado granadero do Enxalé, da CCAÇ 1439 (1965/67)

sábado, 6 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2158: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (3): O famigerado granadeiro do Enxalé, da CCAÇ 1439 (1965/67)




Guiné > Zona leste >Enxalé > O famoso granadero, uma GMC transformada, que pertencia à CCAÇ 1439... 

Segundo a Wikipedia espanhola, "un granadero es un soldado de elevada estatura perteneciente a una compañía que formaba a la cabeza del regimiento. El empleo de las granadas de mano hizo estimar necesaria la creación de los granaderos, cuyo objeto, según su nombre lo indica era arrojar y manejar esta clase de proyectiles"... Por analogia, alguém deve ter dado o mesmo nome a esta viatura, modificadas, que nas picadas da Guiné funcionava como rebenta-minas e testa das colunas logísticas... Não me recordo de, no meu tempo (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), ter ouvido falar em granaderos... Tínhamos também velhas GMC, do tempo da guerra da Coreia, que carregadas de sacos de areia funciona´vam como rebenta-minas. (LG).


Fotos: © Henrique Matos (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do Henrique Matos, que nos chegou a 30 de Julho de 2007 (1)


Caros tertulianos:

Para a história do famigerado granadero que se vê no Post 2001 (2). Aqui vão duas fotografias do mesmo que tirei no Enxalé. É uma GMC que foi transformada por pessoal da CCAÇ 1439, uma unidade de Madeirenses, que ali esteve até Abril de 1967 (3) e foi substituida pela CART 1661 que passou a sede para Porto Gole em Dezembro de 1967, ficando o Enxalé apenas como destacamento.

A transformação constou do reforço dos taipais com chapas de bidon, separadas de ± 20 cm com areia no meio. Ficou à prova de bala de Mauser. Tinha também uma camada de areia no fundo da caixa e na frente também vários sacos de areia. Tinha instalada como se pode ver uma Breda. Não sei porque é que lhe chamavam granadero.

Com ela fiz vários reabastecimentos a Missirá e Porto Gole (4). Segundo a descrição do Abel Rei no seu depoimento Entre o Paraíso e o Inferno: de Fá a Bissá-Memórias da Guiné e que na altura estava em Bissá, no dia 5 de Outubro de 1967 esta viatura quando regressava a Porto Gole accionou uma mina incendiária a que se seguiu uma emboscada de que só se safaram com apoio aéreo. Fazia parte duma coluna que saiu de Porto Gole ao encontro doutra coluna saída de Bissá a pé para entregar uns militares destinados àquele destacamento.

Desde a abertura de Bissá (que eu conheci bem e considero um erro catastrófico) em Abril de 1967 e até esta última data tiveram três viaturas inutilizadas, mais de vinte mortos e uns cinquenta feridos evacuados. Penso por isso que não andariam propriamente a jogar uns com os outros.

Um abraço para todos
Henrique Matos

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Notas de L.G.:


(1) Vd. post de 22 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1871: Tabanca Grande (15): Henrique Matos, ex-Comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68)

(2) Vd. post de 26 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2001: Todos ouviram falar do Morés, o mítico Morés, o Morés de todos nós (António Rodrigues / Luís Nabais/ Virgínio Briote)


(3) Sobre a CCAÇ 1439 (madeirense) - mas igualmente sobre e a CCAÇ 1550, ver o relato autobiográfico de Abel de Jesus Carreira Rei, nascido em 1945, filho de operário vidreiro, ex-combatente da Guiné (1967/68), natural da Maceira, Leiria, e actualmente residente em Embra, Marinha Grande:

post de 1 Maio de 2005 > Guiné 69/71 - X: Memórias de Fá, Xime, Enxalé, Porto Gole, Bissá, Mansoa (Abel Rei)

Trata-se de um diário, com passagens seleccionadas pelo editor do blogue. Não consegui descobrir a unidade a que pertenceu (só sei que é uma CART, com quatro grupos de combate., possivlemente a CART 1661, a que se refere o Henrique Matos, a que substituiu a CCAÇ 1439, e que mudou a sua sede do Enxalé para Porto Gole) .

Aqui vai o endereço da página: Entre o Paraíso e o Inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné - 1967/1968). Trata-se de um diário que vai do dia 1 de Fevereiro de 1967 a 19 de Novembro de 1968.

(4) Vd. posts de:

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2105: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (1): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte I)

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2107: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (2): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte II)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P2001: Todos ouviram falar do Morés, o mítico Morés, o Morés de todos nós (António Rodrigues / Luís Nabais/ Virgínio Briote)



Guiné > Regiãodo Oio > Picada Mansoa-Bissá > O famigerado 'Granadero'...

Foto de António Rodrigues (2007) (cortesia de Luís Nabais)


1. Mensagem do Luís Nabais, ex-Alf Mil, CCS/BCAÇ 2885, 1969/71(1):

Reenvio de uma mensagem de um camarada que era do meu Batalhão:

Será que conheces a história desta viatura? Chamaram-lhe o 'Granadero'. Está numa mata, que não me recordo ao certo, foram tantas. Também passei pelo Morés e não foi uma vez. Esta viatura pertencia a uma companhia, parece-me que de açorianos [, madeirenses, CCAÇ 1439,], que estiveram no Enxalé, Porto Gole e Bissá, de vez em quando iam jogar uns conta os outros. Então, na estrada de Mansoa para Bissá, sofreram uma emboscada, segundo parece com bastantes mortes, a aviação foi lá e com uma bomba queimou tudo.

Numa das operações que fiz qundo estive em Bissá, fomos dar com o 'Granadero', que parece que, depois do desastre, nunca mais ninguém se tinha aproximado dela, mesmo nós já tinhamos sido corrido várias vezes daquela zona.

Quando foi comunicado ao Spínola que tínhamos estado no 'Granadero', ele chamou-nos mentirosos, porque nunca ninguém se tinha aproximado do local. Voltámos lá e então arrancamos o tripé de uma metralhadora, salvo erro uma Breda ou MG3 [, uma Breda], assim como parte do limpa-vidros da viatura, que ainda estava cromado. Foi a única maneira do Spínola acreditar. Se quiseres perguntar no blogue se alguém conhece esta história, estás à vontade.

Um abraço,
Rodrigues

2. Comentário do co-editor vb:

A primeira referência que tenho de Morés, talvez em Abril ou Maio de 65, ouvi-a do Ten Coronel F. Cavaleiro, Comandante do BCAV  490, então com base em Farim. Ouvi-o dizer, numa manhã, que tinha havido um grande ronco, uma Companhia  do BART 733 (salvo erro, comandado pelo TenCor. Glória Alves), tinha dado com uma arrecadação de material na zona de Morés. E baixas nossas, alguém perguntou. Apenas uma, um alferes apanhou uns estilhaços de uma bailarina, nada de muito grave, parece.

Mais tarde, um ou dois meses depois, encontrei em Bissau, na 5ª rep (o Bento), o tal alferes. Tratava-se do Fernandes, não me consigo lembrar de mais nenhum nome. Contou-me o que se tinha passado e, displicente, ainda tirava, em plena esplanada, pequeninos bocados dos braços e das pernas. Só não tirava dos intestinos (tiraram-lhe um pedaço) e do pénis, que ele, púdico, não mostrava em público.

Depois, Morés passou a fazer parte do vocabulário. E Tambato, Cambajo, Namedão (na estrada Mansoa-Bissorã), Inchula, Iarom, Talicó. E, como tantos outros, pisei aqueles trilhos, uma duas, três vezes, sei lá quantas. Sem grande sorte, em termos de roncos operacionais, com grande felicidade, porque nunca tivemos azares. A mesma sorte não tiveram camaradas de outros grupos de Cmds.

O Soldado Florêncio Terêncio (na foto, à direita, com o 1º Cabo Tudela, em Set. 65 a receberem o crachá das mãos do Com. Militar), algarvio, do gr. Vampiros deixou lá uma perna e a vida. Antes de morrer ainda disse ao alf. Vilaça, comandante do grupo, que não se preocupasse, que uma semana depois voltava a estar operacional.

Mas quem conheceu bem Morés, naqueles anos, foi o Cor Rui Alexandrino Ferreira, o nosso Rui do "Rumo a Fulacunda", e desta obra vamos voltar a falar, mais lá para diante.

Morés, Morés, quem não ouviu falar, mesmo aqueles que por lá nunca passaram? Todas as companhias que estiveram no Oio, tiveram um ou mais pelotões que por lá entraram ou tentaram entrar.


Tal como um Vietname, muitos Vietnames, um Morés, muitos Morés. Do Vietname, a frase é do Che. Da Guiné, nunca ouvi, mas alguém o deve ter dito. E se ninguém disse esta frase, que interessa, foi no que a Guiné se foi transformando ao longo dos anos 63/74
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Nota de v.b.: