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sábado, 5 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26011: Manuscrito(s) (Luís Graça) (257): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte II

 


Foto nº 14 > Porto Santo > Cidade de Vila Baleira > 4 de outubro de 2024 > Mural Porto Santo, Ilha Dourada, letra de Teodoro Silva; música de Max e Libertino Lopes; criação de Max.  Um famoso fado bolero lançado em 1954... Quem não se lembra, da gente da nossa geração ?

(Fonte: You Tube, com a devida vénia...)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A chegar ao fim as minhas "miniférias" em Porto Santo, eu que não queria cá vir, já levo saudades desta terra,,, Regresso amanhã ao "cont'nente'... E levo este fado-bolero no ouvido (já não o ouvia desde o século passado). Quando chegar a casa,  vou ver também o filme de Jorge Brum do Canto, "A Canção da Terra" (1938), aqui passado.

Sinopse:  " Porto Santo, junto da Madeira. A luta pela vida assume aspectos dolorosos com a seca, pois não chove na ilha. Gonçalves procura obviar ao infortúnio, com o alento que lhe traz o amor de Bastiana, e apesar da rivalidade com João Venâncio, que aliás possui água mas recusa partilhá-la. A resignação e o sacrifício, a ansiedade, a paixão e o ódio, ateiam conflitos humanos sob os caprichos da natureza..."

Aproveiteu ontem a tarde para visitar a Casa Colombo - Museu de Porto Santo e o Núcleo Museológico Brum do Canto. Esta terra não é sõ praia e miradouros. Tem história e memória... (*)


Foto nº 15 > Porto Santo > Vila Baleira > Mural no Centro Cultural de Congressos





Foto nhº 16 : Porto Santo > Casa Colombo - Museu de Porto Santos  


2. Não há talvez figura mais controversa, ligada à época da "1ª era da globabilização", com uma história tão "manipulada",  do que o Cristóvão Colombo (1451-1506). Por razões nacionalistas e ideológicas, todos o reivindicam (italianos, espanhóis, portugueses e até judeus) como um dos seus ...  Por outro lado, os seus feitos e a sua memória desemcadeiam paixões (**)...

Não devia ser boa rês, o homem.  Pessoalmente, sempre o considerei um aventureiro, um oportunista e até um "idiota" (ou "chico-esperto") que, ao chegar ao Novo Mundo, com a "fossanguice" de querer ser o primeiro a chegar  à Índia,  chamou "índios" aos seus habitantes... Mas, ao que parece, não era trouxa, e terá sabido muito bem tirar partido do "poder uterino"...  Os espanhóis chamam-lhe almirante e, claro, herói...

Sem querer tomar opinar sobre um dossiê complexo e controverso que desconhecço (a não ser muito pela rama), limito-me a reproduzir aqui um dos painéis que constam da Casa Colombo - Museu de Porto Santo, que visitei no passado dia 4 de outubro.  Dizem que o homem viveu aqui...Porto Santo teve um papel importante na nossa "expansão marítima"... (Sobre o polémico Cristóvão Colombo uma artigo, em inglês, na Wikipedia que me parece bastante completo e imparcial, mas só o li por alto.) (***)

Curiosamente, os italianos adoram esta ilha como turistas,,, Os dinamarqueses é pelo golfe...Os italianos devia ser... pelo Colombo!... No hotel onde onde estou, vejo muita gente que vem de Itália. Mas, como a maior parte dos portugueses, não devem ter interesse nem paciência nem pachorra para visitar a Casa Colombo - Museu de Porto Santo (a exposição permanente é em portuguèrs e inglês).  E é pena...Porto Santo não são só 9 km de praia... E  também uma  ilha onde se usam alguns poetas portugueses (Fernando Pessoa, Camões, Florbela Espanca...) para  "ajudar a contar outra história" do nosso mar...


Foto nº 17 > 


Foto nº 18


Foto nº 19

Porto Santo > Ponta da Calheta  > Município de Porto Santo >  Cartazes  celebrando, em 2022,  os 35 anos da Bandeira Azul (#35AnosBA)... No passado dia 21 de setembro, Dia Internacional da Limpeza Costeira, celebrado com apoio do Município, 12 voluntários recolheram na totalidade 101 kg de lixo marinho, na sua maioria plástico  no Calhau da Fonte Areia... Também aqui a massificação do turismo  tem o seu verso e reverso...

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 3 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26007: Manuscrito(s) (Luís Graça) (256): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte I

(**) Excerto do artigo da Wilipedia, em inglêrs (adapt e traduzido por Google Translate e LG):

(...) Colombo tem sido criticado tanto pela sua brutalidade como por dar início ao despovoamento dos povos indígenas das Caraíbas, seja por doenças importadas ou por violência intencional. 

De acordo com os estudiosos da história dos nativos americanos, George Tinker e Mark Freedman, Colombo foi responsável por criar um ciclo de "assassinato, violência e escravidão" para maximizar a exploração dos recursos das ilhas caribenhas, e ainda pelas mortes de nativos na escala em que ocorreram,   não podendo ser apenas imputadas  âs novas doenças. 

Além disso, eles descrevem a proposição de que a doença e não o genocídio é que causou essas mortes como a "negação do holocausto americano".[...] 

O historiador Kris Lane discute se é apropriado usar o termo "genocídio" quando as atrocidades não foram uma calara intenção de Colombo, mas resultaram de seus decretos, de objetivos de negócios familiares e de negligência.[...] 

Outros académicosw  defendem as ações de Colombo ou alegam que as piores acusações contra ele não são baseadas em fatos, enquanto outros afirmam que "ele foi culpado por eventos que estiveram muito além de seu alcance ou conhecimento".[...] 

Em  resultado dos protestos e motins que se seguiram ao assassinato de George Floyd,  em 2020, muitos monumentos públicos de Cristóvão Colombo foram removidos.[...]

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24043: Fauna & flora (22): Algumas boas notícias para os mais de 700 chimpanzés (ou "daris") do Boé, graças ao fantástico trabalho de conservação da Chimbo Fundation&Daridibo, com sede em Béli


Um pequeno documentário baseado em vários vídeos, obtidos por câmaras de vigilância,  de chimpanzés no Boé, Guiné-Bissau.  Narração, em fula, por Bacari Camará, que vive em Béli, e é gestor de projeto. Legendas em inglês.

Vídeo (12' 30''), da Foundation Chimbo, alojado no You Tube.  Aqui reproduzido com a devida vénia.


1. Temos dado aqui  alguma atenção à fauna & flora" da Guiné-Bissau, e em particular aos chimpanzés do Boé e do Cantanhez (temos 11 referências ao nosso "dari"),  

No tempo da guerra, entre 1961 e 1974, provavelmente nenhum de nós, antigos combatentes portugueses, deve ter visto um chimpanzé, a não ser infelizmente em cativeiro. São animais, primatas como nós, territoriais e sociais (e os mais próximos de nós, em termos genéticos e evolutivos) mas de difícil observação na natureza...

Oxalá o visionamento deste vídeo (falado em fula, com legendas em inglês) contribua também para sensibilizar os nossos leitores para a problemática da proteção do chimpanzé e da preservação do seu habitat. O chimpanzé da África Ocide
ntal (Pan troglodytes)  é considerada uma espécie ameaçada, "criticamente em perigo".

Como diz um provérbio fula, uma única árvore não poder fazer uma floresta... Daí ser fundamental trabalhar em rede, envolver outras organizações, regiões, a sociedade civil e  o Estado da Guiné-Bissau, bem como empresas mineiras, parcerias (caso da ASI - Aluminium Stewardship Initiative) e países vizinhos, mas sobretudo a população local, que, no caso do Boé, é maioritariamente fula. A caça ilegal, a pressão demográfica humana, a construção de estradas e os projetos de mineração são alguns dos factores de risco para a preservação desta espécie.

Felizmente, ao que parece, têm  sido bem sucedidos os projetos da Chimbo Foundation and Daridibo no domínio da conservação desta e doutras espécies animais, emblemáticas da Guiné-Bissau, como por exemplo o leopardo (predador do chimpanzé).

Na primavera de 2022, 178 locais sagrados do Boé, que já estavam registados como ICCA (Áreas Indígenas e Comunitárias Conservadas), foram aceites como áreas protegidas de categoria III da IUCN (International Union for Conservation of Nature / União Internacional para a Conservação da Natureza) na WDPA (World Database on Protected Areas / Base de Dados Mundial sobre as Áreas Protegidas) (Ler mais sobre isto, no boletim informativo da Fundação, de maio de 2022.)

Mais de 50 estudantes e cientistas da Holanda, Alemanha, França, Bélgica, Índia, Brasil, Itália, Suíça, Portugal, Espanha, Senegal, Guiné-Bissau e Canadá, já realizaram pesquisas que contribuíram para a conservação do Boé.  


Doações são bem vindas:

Conta bancária

Stichting Chimbo

IBAN: NL05INGB0002734651

BIC: INGBNL2A

Contactos:

Telef +31-6-17280797 (The Netherlands)
E-mail: info@chimbo.org


2. Reprodução de uma notícia da Lusa / Porto Canal, 2/1/2015 (com a devida vénia...)

Câmaras revelam um dos últimos recantos de chimpanzés 
em terras lusófonas

Béli, Guiné-Bissau, 02 dez (Lusa) - Chimpanzés a tomar banho num lago, a encestar pedras como num "afundanço" de basquete entre ramos de uma árvore ou simplesmente em passeio.

São animais em vias de extinção a nível global, mas há horas e horas de vídeo a mostrar a intimidade destes primatas que habitam nas florestas do Boé, sudeste da Guiné-Bissau.

Nestes filmes há também leopardos a desfilar como numa passarela, imagens de búfalos, gazelas, javalis e o que parece ser a cauda de um leão - do qual já foram encontradas pegadas.

Os membros da fundação Chimbo ficam ansiosos de cada vez que penetram na densa vegetação para ler os cartões de memória das câmaras de vigilância: sabe-se lá que animais vão ver.

Alguns, como o leão, eram dados como extintos na Guiné-Bissau desde a guerra pela independência, na década de 60 e até 1974.

Há que aguçar os sentidos: "os chimpanzés gritam quando se deitam e quanto se levantam", explica Piet Wit, ecologista, especialista em Agronomia e Gestão de Recursos Naturais, um dos responsáveis pela Chimbo.

Assim, quando a noite cai é possível saber aproximadamente em que árvores fazem os ninhos para dormir, para de manhã a busca avançar até perto desses locais e esperar que acordem.

A sede da Chimbo está montada na aldeia de Béli e dali parte a maioria das saídas de campo, mas é difícil deitar olho aos chimpanzés.

"Aqui no Boé, por cada cinco saídas, há talvez duas em que os consigo observar. E por vezes só ao longe", descreve Piet.

Daí a extrema utilidade da rede de câmaras de vigilância. A rede foi montada há cinco anos, primeiro em dez locais, hoje abrange 25 e com outras tantas câmaras prontas a entrar em ação, se necessário.

"Não as usamos todas em simultâneo porque não teríamos capacidade para as gerir", explica. Só com o conjunto que está ativo "já há muitas centenas de horas de vídeos acumuladas para ver".

Esta história de observação e preservação da natureza começa com um momento trágico na vida de Piet e da esposa, Annemarie Goedmakers.

David, filho do casal holandês, faleceu inesperadamente em 2006, aos 18 anos, devido a um problema vascular na aorta. Juntos já tinham passado férias na Guiné-Bissau. Annemarie, presidente da Chimbo, bioquímica e ecologista, ainda hoje mostra a foto de David a dormir num ninho de chimpanzé quando tinha 10 anos.

"Já tínhamos a ideia de fazer algo pelo Boé, mas depois de ele morrer, isso ganhou outra força".

Um dos primeiros trabalhos da Chimbo, com financiamento da MAVA -- Fundação para a Natureza, e outros doadores, consistiu num levantamento que permitiu chegar à estimativa de que haja cerca de 700 chimpanzés no Boé.

Nos últimos dois anos, o trabalho tem sido financiado por um dos institutos Max Planck, no caso, o Instituto Para a Matemática nas Ciências, com sede em Leipzig, Alemanha.

A Chimbo está incluída no grupo de pesquisa dedicado exclusivamente aos chimpanzés. "O nosso foco é o chimpanzé. Vemo-lo como uma espécie que é o símbolo de todo um meio-ambiente importante e com benefícios para as pessoas que aqui vivem", conclui Piet.

LFO // EL
Lusa/fim

[ Seleção / revisão e fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação neste blogue: LG]
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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23558: Agenda cultural (821): Filme a não perder: "Montado, o Bosque do Lince Ibérico", realizado pelo naturalista Joaquín Gutiérrez Acha, uma produção luso-espanhola (2020, 94 minutos). Em exibição nos cinemas.


M
ontado, o Bosque do Lince Ibérico: Um filme a não perder. Um coprodução luso-espanhola (2020, 94 minutos). Um orçamento de 4 milhões de euros.  Surge na sequência da candidatura do montado a património da humanidade da UNESCO  Estreia em Portugal no dia 11/8/2022.

Rodagem: período de 18-20 meses: locais: Alentejo (Pt), Andaluzía (Es), Estremadura (Es), Castilla-León (Es). Conclusão do filme 2020.

Ver aqui o trailer oficial:


Segundo informação da distribuidora, a Zero em Comportmento, "este filme, surge na sequência da candidatura do montado a património da humanidade da UNESCO e leva-nos, através do olhar particular de Joaquín Gutíerrez Acha, numa viagem imersiva.

" Com a narração da atriz Joana Seixas, o realizador mostra-nos um raro exemplo de boas práticas da interferência do homem no curso da natureza em voos contemplativos sobre este bosque ancestral na Peninsula Ibérica."

Em exibição em Lisboa, com sessões programadas (em setembro e outubro) também para Seia, Castelo Branco e Coimbra. Sessões do filme podem ser feitas a pedido (nomeadamente municípios), para a distribuidora, através de formulário disponível aqui.

Sobre o realizador e a ficha técnica. ver aqui.

1. Montado, o Bosque do Lince Ibérico

Documentário 94 min | 2020 | M/6 

Realizado por Joaquín Gutiérrez Acha

Elenco:  Joana Seixas


Sinopse

O montado é um ecossistema peculiar que contém em si uma enorme biodiversidade e riqueza natural, desempenha funções importantes na conservação do solo, na qualidade da água e na produção de oxigénio, é um pilar importante da economia local e dá origem a uma paisagem particularmente bela. 

Feita de bosques abertos, de azinheiras e sobreiros que só se encontram na Península Ibérica, lembra-nos a Savana africana. 

Um lugar onde a Natureza se cruza com a actividade humana, em que nem a floresta sai prejudicada, nem a larga comunidade de predadores que nele luta pela sobrevivência.” é deste modo que a actriz Joana Seixas, a narradora, vai descrevendo as imagens captadas pelo documentarista e naturalista espanhol Joaquín Gutíerrez Acha que, para este filme, contou com um orçamento de quatro milhões de euros. 

O filme estreou em 11/8/2022, está em exibição em Lisboa, no Cinema City Alvalade, todos os dias, às 13h25, 15h25, 19h50.

Fonte: Público > CineCartaz (com a devida vémia...)

Informação mais detalhada sobre o filme: 

Wilder >  “Montado, o bosque do lince-ibérico” vai ter novas sessões, 
por  Helena Geraldes | 18.08.2022 


2. A versão original,  em castelhano, está disponível (incluindo legendas em castelhano) na rtve play (desde 11/6/2022 até 8/5/2032)

Dehesa, el bosque del lince ibérico


Duração: 01:33:25 

Sinopsis

En la Península Ibérica existe un bosque muy particular, la Dehesa; un bosque único en el mundo donde descubrimos sensaciones muy diversas. Aquí, las selvas espesas del pasado se adaptaron a la actividad del hombre creando un ecosistema de especies autóctonas en perfecto equilibrio, hasta ahora.
 
Fonte: rtve play (com a devida vénia...)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22987: Fauna e flora (19): O grou-coroado ou "ganga" (em crioulo), uma ave que "matou a malvada" a alguns de nós, em tempo da guerra... Está agora ameaçada de extinção.

 

Guiné > Região de Bafatá > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O abastecimento das NT era deficiente, pelo que se recorria aos "produtos naturais" da região, neste caso, à caça de aves como a "ganga" (em crioula) ou "grou-coroado" (em portugês) (*).



Guiné > Região de Bafatá > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 >  A "ganga" é uma ave que, quando adulta, atinge um metro de comprimento e tem 1,60 metros de envergadura... Infelizmente, é um alvo fácil para os seus predadores (, incluindo os caçadores humanos)... 

Estima-se que a subpopulação da África ocidental ( B. p. pavonina ) tenha diminuído de 15.000-20.000 indivíduos em 1985 para 15.000 indivíduos em 2004... Para saber mais, ver o portal da   IUCN Red List of Threatened Species > Black Crowned Crane.. 



Guiné > Região de Bafatá > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O destacamento não tinha população civil e era defendido por um pelotão da CART 1690. Distava 45 km de Geba. O ataque a Banjara, a 24 de julho de 1968, às 18h00, já aqui foi descrito há 17 anos atrás por A. Marques Lopes.

As instalações que se veem na foto pertenciam à antiga serração do empresário Fausto Teixeira ou Fausto da Silva Teixeira, um dos primeiros militantes comunistas a ser deportado para a Guiné, em 1925, dono de modernas serrações mecânicas aqui, em Fá Mandinga e em Bafatá, a partir de 1928, exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960...

Este destacamento tinha apenas uma coluna de reabastecimento por mês, no máximo, mas chegava a estar mais de 2 meses sem alimentos frescos e sem correio. Não havia população civil, apenas militares. A çaça era um recurso...

Fotos (e legendas): © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Fonte: Guia das aves comuns da Guiné Bissau / Miguel Lecoq... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Monte - Desenvolvimento Alentejo Central, ACE ; Guiné-Bissau : Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau, 2017, p. 19. Ilustração de  EA - Ézio Almir) (Com a devida vénia...)


Ganga (crioulo)
Balearica pavonina (Lineu, 1758)
Grou-coroado (português) | N’ghanghu (balanta) | Eghatai (fula)
Comprimento  100 cm | Envergadura 190 cm

Ao contrário das aves apresentadas neste guia, a ganga é rara e localizada. Ocorre nos vales dos principais rios do país, de forma isolada ou em pequenos bandos, frequentando zonas de água doce pouco profunda, incluindo bolanhas. Devido à sua beleza e comportamento é frequentemente capturada e mantida em cativeiro. Está ameaçada de extinção. (**)


Prefácio

Alfredo Simão da Silva
Director-Geral do IBAP

A Guiné-Bissau está entre os dois sítios mais importantes para as aves aquáticas na África Ocidental, recebendo anualmente cerca de um milhão de aves migradoras provenientes da Europa. 

As aves aquáticas migradoras encontram nas zonas intertidais da Guiné-Bissau um ecossistema produtivo e rico em alimento. O Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, com os seus extensos mangais, é exemplo de um destes ecossistemas, razão pela qual foi reconhecido como sítio Ramsar (zona húmida de importância internacional) e como IBA (área importante para as aves). 

A simbiose e interdependência entre as aves e os recursos marinhos estão patentes no Rio Cacheu, sendo as aves um dos indicadores ecológicos mais importantes que certificam a saúde do ecossistema do mangal neste parque.

A paixão crescente e visível pelas aves na Guiné-Bissau iniciou-se nos anos 1980 com a formação dos primeiros quadros nacionais nesse domínio, apoiada por programas e/ou projectos de conservação da natureza e da biodiversidade. Neste âmbito, a contagem mundial das aves aquáticas começou a ser realizada sistematicamente no país e é acompanhada da constituição paulatina de um banco de dados nacional sobre as aves e o reforço de capacidades. 

Entretanto, fruto deste trabalho, foram sendo publicados a nível nacional, regional e internacional, documentos científicos importantes sobre as aves da Guiné-Bissau. A elaboração do presente guia das aves comuns da Guiné-Bissau, enquadra-se exactamente no espírito da estratégia nacional para as áreas protegidas e a conservação da biodiversidade (2014-2020), designadamente, o pilar estratégico monitorização das áreas protegidas, conhecimento e valoração da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas, e divulgação e sensibilização.

Este livro, dirigido sobretudo às acções de educação ambiental e à formação de jovens quadros no domínio da avifauna, é também um excelente manual de comunicação e de campo útil para outros actores. Este guia vai permitir aos amantes da natureza conhecerem melhor uma boa parte das aves que ocorrem nas áreas protegidas da Guiné-Bissau contribuindo para o reforço do conhecimento das espécies de aves no país.

Efectivamente, este pequeno guia é produto também da recolha e da sistematização de informação realizada desde há alguns anos a esta parte em diversas áreas protegidas. Por outro lado, é também um subsídio concreto para que a Guiné-Bissau possa dispor no futuro de uma publicação científica e mais completa sobre a avifauna. Esta ambição faz parte dos grandes desafios a médio prazo do Departamento de Monitoria e Conservação da Biodiversidade do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP).
 
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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 9 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22983: Adeus, Fajonquito (Cherno Baldé): Parte IV: A morte da ave-real mensageira, que já não canta, no triângulo de vida de Canhánima, Kru-ghaak! Kru-ghaak! Banenguél wilti! (... "A árvore da vida floriu!")

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22966: (Ex)citações (401): A Suécia... sempre original (José Belo) - Parte II: A cidade de Södertälje, com mais de 70 mil habitantes (,sede de grandes empresas conhecidas como a Scania, a AstraZeneca e a Alfa Laval), vai usar corvos-da-nova-caledónia para recolher as beatas do chão


 

Corvo-da-nova-caledónia (Corvus moneduloides). Gravura de John Gerrard Keulemans,
1877. Fonte Catálogo dos Pássaros no Museu Britânico,  Volume 3. Imagem do domínio público. Cortesia da Wikimedia Commons.



José Belo

José Belo, jurista, o nosso luso-sueco, cidadão do mundo, membro da Tabanca Grande, reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e os EUA (Key West, Nova Orleans...); (ii) foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia, agora jubilado; (iii) na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); (iv) é cap inf ref do exército português; (v) durante anos alimentou, no nosso blogue, a série "Da Suécia com Saudade"; (vi) tem 215 referências no nosso blogue; e (vii( faz hoje anos.


1. Mensagem do José Belo:

Data - terça, 1 fev 2022, 12:34

Assunto - A Suécia... sempre original (*)

Caro Luís

Um pouco de ar de New Orleans (ou NOLA como se diz localalmente)...

Seguem dois artigos, do jornal inglês "The Guardian", um sobre corvos "funcionários camarários" para apanhar "beatas", e outro relacionado com as pontes construídas para as renas sobre algumas autoestradas da Laponia.

Um grande abraco com votos de saúde. J. Belo

https://www.theguardian.com/world/2021/jan/20/sweden-to-build-bridges-for-reindeer-to-safely-cross-roads-and-railways

https://www.theguardian.com/environment/2022/feb/01/swedish-crows-pick-up-cigarette-butts-litter
.

2. Comentário do editor Luís Graça:

José, a tua segunda pátria, a terra dos teus filhos, onde vives há quatro décadas,  é de facto um país "sui generis"... (muito mais rico, de resto,  que o nosso, embora equivalente em população, com um PIB per capita de 45, 9 mil euros , contra os 19,4 mil euros de Portugal).

E o segundo exemplo que nos mandas (*)  não deixa também de nos fazer sorrir e sobretudo refletir... Pôr corvos (de uma espécie que é oriunda da Nova Caledónia, e que revelam um grau de inteligência pouco vulgar entre as aves e os demais animais não primatas), a apanhar as beatas dos fumadores sem educação cívica, é uma ideia original... Faz parte de um projeto de uma autarquia sueca que quer manter as ruas limpas e reduzir os custos da limpeza urbana...

O artigo do Guardian, citando fontes suecas, diz que mil milhões de pontas de cigarro (!), equivalemte a 50 mil milhões de maços de cigarros, são deitadas para o chão, todos os anos, na Suécia, representando 62% de todo o lixo das ruas (!). E ainda dizem que a Suécia é um modelo de virtudes... cívicas.

A cidade de Södertälje, com mais de 70 mil habitantes (,sede de grandes empresas conhecidas como a Scania, a AstraZeneca e a Alfa Laval, e que fica acerca de 30km a sudoeste de Estocolmo), gasta 20 milhões de coroas suecas (mais de 1,9 milhões de euros) na limpeza das ruas. A redução de custos da limpeza de beatas,  feitas pelos "novos almeidas",  poderia atingir os 75%.

Aqui vão mais alguns excertos do artigo, fazendo eu (e o resto da Tabanca Grande, em coro!) votos de que estejas  a passar um maravilhoso dia de aniversário!...

PS - Só espero que o corvo-da-nova-caledónia. agora nacionalziado sueco, não se envaideça com o seu novo cargo  e não caia na esparrela do paleio das matreiras raposas deste mundo, como acontece na fábula O Corvo e a Raposa, de La Fontaine...


3. Suécia: município usa corvos para recolhar as beatas do chão

Os corvos-da-nova-caledónia (Corvus moneduloides) estão a ser cobaias de uma experiência-piloto na cidade de Södertälje, perto de Estocolmo, ao serem utilizados para apanhar, com o bico, as beatas lançadas no chão. Por cada beata, recolhida e depositada numa máquina desenhada para o efeito, o corvo recebe um pouco de comida.

Christian Günther-Hanssen, fundador da Corvid Cleaning, empresa que está por detrás do projeto, diz que os corvos da Nova Caledônia, membros da família dos pássaros corvídeos, são tão bons em raciocínio quanto uma criança humana de sete anos, de acordo com a investigação mais recente, pelo que seriam os pássaros mais adequados para este tipo de tarefa.

Günther-Hanssen acrescenta: “Eles são mais fáceis de ensinar e também há uma chance maior de aprenderem uns com os outros. Ao mesmo tempo, há um risco menor de eles comerem qualquer lixo por engano." 

A saúde das aves terá de ser acautelada, antes que a operação se estenda a toda a cidade. Se a experiência tiver sucesso, abrem-se perspetivas interessantes para a aplicação do método em outros ambientes...

[ Tradução, resumo, adaptação livre, fixaçáo de texto, para efeitos de publicação neste poste: LG]

Fonte: Daniel Boffey - Swedish firm deploys crows to pick up cigarette butts. The Guardian, Tue 1 Feb 2022 09.35 GMT... Com a devida vénia...
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Nota do editor:

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21861: Fotos à procura de... uma legenda (142): Que espécie de macaco é este? (Foto: António Marreiros; texto: Luís Graça)



Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 > Miúdo com um macaco, de espécie não identificada (*)

Foto (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Ora cá uma imagem que hoje o António Marreiros não gostaria, por certo, de tirar nem nós de ver: um primato (como nós), um macaco do Velho Mundo, no cativeiro, como "animação de estimação" de uma criança...

De qualquer modo, é um "documento de época"...Mas não sabemos ao certo, até porque a foto é "preto e branco", de que espécie seria este primata...

Fica aqui o desafio aos nossos leitores, sobretudo àqueles que se interessam mais pela Fauna & flora da Guiné-Bissau (**).



O macaco verde é um pequeno primata semi-terrestre, semi-arborícola e quadrúpede, cinza-malhado, castanho esverdeado, de face preta, colarinho branco, longas pernas e a extremidade da cauda laranja. 

Nome científico: Chlorocebus sabaeus (Linnaeus, 1766)
Nome em inglês: Green monkey, callithrix monkey
Nome em francês: Singe vert
Nome em crioulo: Santcho di Tarafe / Santcho preto
Nomes locais: Cula-Mela (fula)

Habitat: (i) Parque Nacional do Cantanhez: mangal (principalmente), floresta densa sub-húmida, floresta densa seca, savana arbustiva e terras agrícolas; (ii) Outros: savana árida saheliana.

Fonte: Cortesia de Bout  & Ghiurghi (2018), pp. 40/41


2. Sem ter tempo para fazer pesquisas mais aturadas na Net, deixei duas pistas da caixa de comentários:

(i) O macaco fidalgo, vermelho ou preto, não é... Vi-os em Iemberém, no Cantanhez, em 2008... Macaco-cão ou babuíno, muito menos... 

Em minha opinião, será o "macaco verde"... Nome científico "Chlorocebus sabaeus"...

(ii) Também pus a hipótese, mais remota,  de ser  um "macaco vermelho " ou "santcho fula",,, . "Erythrocebus patas (Schreber"), maior, mais corpoiento do que o "macaco verde".
 
Inclino-me mais para a primeira hipótese... Aconselho  a consulta do Guis dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, da autoria de Nicolas Bout  e Andrea Ghiurghi, editado em 2018, 189 pp.  (AD - AIN - IBAP - IUCN ISBN: 9788890894923).

Sobre o "macaco verde", ver as pp. 40... Sobre o "macaco vermelho", vd. pp. 46/47.

Aconselho vivamente este guia, disponível em formato pdf.

Resumo: Neste livro, , os leitores, turistas responsáveis, investigadores científicos, estudantes, amantes da natureza, decisores nacionais, autoridades tradicionais locais e guias de ecoturismo, conhecerão melhor a fauna que vive na Floresta de Cantanhez, Guiné-Bissau, os seus hábitos, preferências alimentares, se estão em extinção ou não, o seu número está a aumentar graças às medidas de conservação entretanto tomadas.

De qualquer modo, talvez o Cherno Baldé nos queira (e possa) dar uma ajuda. Ou o Patrício Ribeiro, Ambos conhecem melhor a fauna da Guiné-Bissau do que nós...

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21624: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (4): Da Lapónia sueca com... humor (José Belo)



Suécia > Lapónia > O corvo e a garrafa de vodca... (Foto enviada por J. Belo) 

[Em Portugal, também é conhecida como gralha conzenta ou gralha de capuz, corvus cornix, mas não integra a Lista Sistemática das Aves de Portugal Continental]


José Belo


1. Mensagem de José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); cap inf ref, jurista, autor da série "Da Suécia com Saudade"; vive na Suécia  há mais de 4 décadas; régulo da Tabanca da Lapónia (a única tabanca de um homem só, em todas as Tabancas Federadas na Tabanca Grande); tem mais de  180 referências no nosso blogue; membro da nossa Tabanca Grande desde 8 de março de 2009]


Data - 08/12/2020, 21:08

Assunto - Humor em tempos difíceis

Com este, em todos os aspectos, típico corvo da Lapónia Sueca,  os Votos de um Feliz Natal e Bom Novo Ano!

J.Belo

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Nota do editor:

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E


Foto nº 1



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Duas imagens que queremos ver banidas para sempre: na foto nº 1, um chimpanzé em cativeiro;  na foto, aparece também a Inés, filha do Xico Allen...Na foto nº2, um babuíno, macaco-cão ("sancu", em crioulo), segura a mão de um outro elemento da "comitiva humana" de que a Inês faz parte...

Fotos (e legenda) : © Hugo Costa  (2006). Todos direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Observações: 

O chimpanzé  não é macaco, é símio ( "dari", em crioulo)... O "dari", o "sancu" e a Inês pertencem à ordem dos Primatas... O "dari" é um símio e a Inês um(a)hominídeo(a), ambos têm cerca de 98% do mesmo ADN... O "dari" é um Pan (género) Troglodytes (espécie). A Inês, um exemplar da espécie Homo Sapiens Sapiens. 

Por sua vez, o macaco-cão (babuíno) é um antropóide cercopitecídeo do género Papio... 

Os três têm em comum um antepassado longínquo, que remonta há 70 milhões, antes da extinção dos dinossauros... O "sancu" e o "dari" são espécies ameaçadas, o "dari" é seguramente o que vai desaparecer primeiro, depois talvez o "sancu" e a seguir o ser humano...

De um modo geral, as populações da Guiné-Bissau, não muçulmanas, caçam e comem o "sancu". No "mato", no tempo da "guerra de libertação", o macaco.cão fornecia muita da proteína animal de que precisavam os guerrilheiros do PAIGC, e as populações sob o seu controlo... Sobretudo depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão aumentou (*). Hoje é, infelizmente, produto-gourmet nalguns restaurantes de Bissau...

Quanto ao "dari", o chimpanzé da matas do Cantanhez e do Boé , há em princípio um maior respeito pelas suas semelhanças com o ser humano. Os muçulmanos respeitam-nos pro ser um homem, um ferreiro que não respeitava as   Mas os juvenis são objeto de tráfico... O habitat do "dari" está condicionado pelas atividades humanas (além da caça, o risco de epidemias, a expansão das áreas de cultivo, e nomeadamente do caju, e a desmatação ilegal para extração de madeiras exóticas, como o pau de sangue, exportado para a China).


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um "dari" (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, ainda com relativa abundância como o macaco fidalgo ("fatango", em crioulo). Duvido que algum de nós, durante a guerra colonial, tenha visto algum "dari" no seu habitat... As regiões a que hoje está confinado (Cantanhez e Boé) foram palco de guerra entre 1961 e 1974 e,  antes disso, de caça e tráfico animal.


Diz a lenda (guineense) que o "dari", em tempos, era um homem, um ferreiro, que Deus transformou em animal selvagem, por castigo, por não respeitar o dia de descanso da semana... 

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, 
 de A a Z: 
[Em construção, desde 2007]

Letras D / E

1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (**), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (***). Entradas das letras D e E:


Dari - Chimpanzé (das matas do Cantanhez e do Boé) (crioulo)

DC 3 - Avião de transporte (FAP) 

DC 6 - Avião de transporte (FAP) 

DCON - Missão de acompanhamento (FAP) 



Degtyarev [ou Dectyarev RDP] - Metralhadora ligeira, de calibre 7,62 mm x 39 mm, m/13 , 1953 de origem soviética (PAIGC) Metralhadora ligeira Dectyarev RDP, calibre 7,62 x 39 mm, m/13,  (Origem: ex-URSS)(PAIGC)

Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC) 

Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria) 

Dest - Destacamento 

Dest A - Destacamento A 

DFA - Deficiente das Forças Armadas 

DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais 

Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje) 

Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo) 

Djila - Vd. Gila 

Djubi - (i) Olha! (crioulo); (ii) mas também criança, menino


Djurtu -  Mabeco, ou cão selvagem (crioulo);  "djurtus" é a alcunha da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau.

DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte; também era usado como PCV  - Posto de Comando Volante(FAP), que os "infantes" abominavam...

Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP) 

Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP) 

EAMA - Escola de Aplicação Militar de Angola, com sede em Nova Lisboa (hoje, Huambo)

ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)


EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal) 

Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)

Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria) 

Enf - Enfermeiro 

Enf Para - Enfermeira paraquedista 

Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP) 

EP - Exército Popular (PAIGC)


EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)

EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém) 

EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica (gíria)ou ainda Entrada Para o Infermo (gíria)

EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]

Esp - Espingarda 

Esp Aut - Espingarda Automática




Esp Aut FN (Vd. FN) - Espingarda automática, de calibre 7,62 mm, FN FAL [, acrónimo de Fabrique National, Fusil Automatique Léger]. De origem belga (1954), equipou as NT no início da guerra colonial.

Esp Aut G3 {Vd. G3]- A Gewehr 3 (G3) (em alemão, Gewehr quer dizer espingarda) é uma espingarda automática, de fabrico alemão (1959), usada pelo Exército Português durante a guerra colonial, e recentemente descontinuada (em setembro de 2019). De calibre NATO (7.62 × 51 mm), tinha como rival, do lado do PAIGC, a famigerada Kalash!



Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP) 


Espaldão (de obus, de morteiro...) - Termo usado em engenharia militar para designar um  anteparo de uma trincheira ou fortificação, que serve para proteger a artilharia (ou armas pesadas de infantaria) e a respetiva guarnição.

Esq - Esquadrão 

Esq Mort - Esquadrão de Morteiro 

Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP) 





Um caça Fiat G.91 R/4 dos “Tigres” da Guiné.




Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão) 

Estado Novo - Regime político que vigorou em Portugal, de 1933 a 1974. Foi antecedido pela Ditadura Militar que, com o golpe de Estado de 28 de maio de 1926, pôs fim à República (1910-1926).

Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria) 
 
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de: 


21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...


14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos...

(**) Vd. postes anteriores da série:

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A


(***) Vd. 22 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18548: O nosso livro de estilo (11): Proverbiário da Tabanca Grande, 4ª edição revista e aumentada: "Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida"...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19527: Manuscrito(s) (Luís Graça) (151): o passado, o presente e o futuro: tal como em Guidaje, Guileje ou Gadamael, não vai haver ... "bunkers" para todos


Lourinhã > Praia da Areia Branca > 14 de fevereiro de 2019 >  Pôr do sol às 17h42


Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O futuro

por Luís Graça


A última barreira: adivinhar o futuro. 
Seria a omnis...ciência. 
Usurparíamos o poder dos deuses. 
Mas sempre quisemos, em todas as culturas,
deter esse poder... 

Adivinhar o futuro através do voo das aves, 
ou da dissecação das suas vísceras,
da conjugação dos astros, 
da queda dos meteoritos, 
do nascer e do pôr do sol, 
da bola de cristal, 
das cartas de jogar,
da ficção científica... 
Através das pitonisas,
das bruxas,
das cartomantes,
dos vendedores de sonhos...

E desgraçadamente não somos sequer capazes
de reconstruir o "puzzle" do passado, 
juntar as peças e dar-lhes um sentido... 

E muito menos ainda compreender 
o que se está a passar, aqui e agora... 
na casa comum da humanidade. 
Como se diz hoje, 
não temos escapadela, 
não há saída de emergência,
não há plano B, 
não há planeta suplente...
Tal como em Guidaje, Guileje ou Gadamael,
não vai haver... "bunkers" para todos nós.

Lourinhã, Praia da Areia Branca
Passeio da Foz do Rio Grande,
Esplanada do 100 Pratus - White Sand Club
14 de fevereiro de 2019

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19450: Manuscrito(s) (Luís Graça) (150): No país dos poetas...