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segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25000: Notas de leitura (1652): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
É uma revelação, um diário elaborado por um missionário franciscano ligado sobretudo à educação. Veja-se a solução que ele encontrou para uma prova de exame, naquela alvorada do pós-Independência, um verdadeiro achado aquelas diretivas da democracia revolucionária. Questiono muitas vezes estes documentos que tendencialmente ficaram no anonimato, e que hoje seriam contributos do maior interesse. Tirando o acervo de Amílcar Cabral e alguns esparsos deste ou daquele dirigente, caso de Filinto Barros ou Delfim Silva, é confrangedor o silêncio daqueles líderes que fizeram luta. Lembro-me de uma conversa havida com Filinto Barros, Delfim Silva, Chico Bá, no final de novembro de 2010, falava-se então com alguma expetativa do diário de Chico Mendes (Chico Té), tanto quanto se sabe não conheceu a luz do dia. Será um embaraço para os historiadores, no futuro, ter de lidar com este vazio, o tempo é implacável e os mortos não falam.

Um abraço do
Mário


Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (1)

Mário Beja Santos

Na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa chamaram-me à atenção para o número mais recente da revista Itinerarium, o n.º 227, referente ao semestre de janeiro a junho de 2020, a Itinerarium é a revista semestral de cultura publicada pelos franciscanos em Portugal. Ali aparece um artigo com páginas do diário de Frei Francisco de Macedo (1924-2006) que foi missionário na Guiné entre 1951 e 1997. O diário inclui os apontamentos do religioso sobre os primeiros anos da Independência, a matéria versada relaciona-se com a educação e as missões.

Frei Macedo começa por uma referência ao 24 de setembro de 1973, data da independência unilateral da Guiné-Bissau, com reconhecimento imediato por 80 países. E escreve quanto ao 25 de Abril: 

“Pouco depois da Revolução, a Guiné e Portugal entraram imediatamente num acordo de cessar-fogo e iniciaram as negociações para reconhecimento de jure da independência da Guiné-Bissau.”

Escreve que em 6 de setembro ele e o padre José Afonso Lopes, que estavam em férias em Portugal, regressaram a Guiné, ele continuou como reitor do liceu, o padre Afonso como diretor das Escolas das Missões de Bissau. No dia seguinte anota: 

“Vasco Cabral, ministro da Economia e Finanças, realizou um encontro com os comerciantes na Associação Comercial. Afirmou que tudo continuava na mesma: o sistema monetário, as transações, os câmbios. Reconheceu que a nova República era impotente para assumir a responsabilidade de todos os quadros. Pediu que todos os europeus continuassem, pois precisavam da colaboração em especial técnica e cultural.”

A datação dos acontecimentos prossegue, 10 de setembro é o reconhecimento por Portugal do novo Estado independente, 2 dias depois a transferência de poderes que se realizou gradualmente pelo interior do país, em que os quadros da administração portuguesa eram substituídos pelos quadros do PAIGC. Escreveu em 16 de setembro o teor da reunião havida com os responsáveis da Educação, Mário Cabral, Lilica Boal, Domingos Brito dos Santos, com os professores do ensino secundário, já se tinha realizado a 14 a reunião com os professores do ensino primário.

Mário Cabral reconheceu as inúmeras dificuldades, especialmente para preencher os quadros dos professores. Falou na necessidade de descongestionar Bissau, criando escolas do Ciclo e Liceus, sobretudo em Canchungo e Bafatá. 

“No liceu, no próximo ano, os livros e os programas continuarão mais ou menos, apenas com ligeiras alterações nas disciplinas de História e Geografia, em que ocuparão lugar de relevo a Guiné-Bissau e a África com todos os seus povos. Haverá adaptações da gramática portuguesa. Na instrução primária serão já adotados os livros editados pelo Partido. Na impossibilidade de terem já uma universidade, os alunos candidatos a cursos superiores irão para as nações que oferecem bolsas de estudo.”

Digno de nota é o que ele vai escrever a 16 de setembro, quando se iniciaram os exames da 2ª época, foi Frei Macedo quem elaborou a prova de Português do curso geral, vai servir-se de um texto extraído das Palavras de Ordem, de Amílcar Cabral:

“Diretivas da democracia revolucionária

Cada responsável deve assumir com coragem as suas responsabilidades, deve exigir dos outros o respeito pela sua atividade e deve respeitar a atividade dos outros. Não esconder nada às massas populares, não mentir, combater a mentira, não disfarçar as dificuldades, os erros e insucessos, não acreditar em vitórias fáceis nem nas aparências. A democracia revolucionária exige que devamos combater o oportunismo, a tolerância diante dos erros, as desculpas sem fundamento, as amizades a camaradagem com base em interesses contrários aos do Partido e do povo, a mania de que um ou outros responsável é insubstituível no seu posto. Praticar e defender a verdade, sempre a verdade diante dos militantes, dos responsáveis, do povo, sejam quais forem as dificuldades que o conhecimento da verdade possa criar. A democracia revolucionária exige que o militante não tenha medo do responsável, que o responsável não tenha receio do militante nem medo das massas populares. Exige que o responsável viva no meio do povo, à frente do povo e atrás do povo, que trabalhe para o Partido ao serviço do povo.

I Depois de ter lido com atenção o texto do camarada Amílcar Cabral, onde se estabelecem as diretivas do princípio da democracia revolucionária, procure responder às perguntas seguintes […]

Redação

Como sabe, a República da Guiné-Bissau é o mais jovem país africano. Servindo-se dos conhecimentos que tiver sobre esta jovem nação e sobre o grande herói pela sua independência, o camarada Amílcar Cabral, redija uma pequena composição.

Observação. Este ponto foi muito simples e foi elaborado um tanto à margem do programa, que era igual ao de Portugal, mas adaptado ao momento histórico que se vivia na República da Guiné-Bissau.”


Em 20 de setembro tem lugar uma reunião no gabinete do secretário de Estado da Educação e Cultura, preside Mário Cabral e estão presentes os principais responsáveis dos missionários que têm trabalhado na Guiné, caso de Monsenhor Amândio Neto, padre Ermano Battisti, padre Settimio Ferrazzeta, padre Afonso José Lopes e padre Francisco Macedo, ainda está presente o pastor dos Adventistas, Francisco Caetano. Mário Cabral elogia o trabalho dos missionários, realçando o seu valor no campo da educação. Ele próprio fez a sua instrução primária nas Escolas das Missões de Bissau, Dona Berta Craveiro Lopes. Pede a colaboração dos missionários no campo do ensino. 

“Todo o ensino seria oficializado e todos os professores seriam nomeados por eles. O seu Estado era um Estado laico, com plena liberdade religiosa. Referiu-se ao problema das escolas islâmicas, dizendo que o seu governo pensava criar mais tarde um instituto islâmico.”

Talvez valha a pena trazer aqui à consideração do leitor um artigo publicado no nosso blogue envolvendo outro missionário, veja-se o post “Guiné 61/74 - P21595: (De)Caras (166): Frei José Marques Henriques, da Ordem dos Frades Menores, 44 anos de vida sacerdotal na Guiné-Bissau, antes e depois da independência, como capelão militar e missionário”.

(continua)
A trabalhar na leprosaria desde 1955, os frades franciscanos só em maio de 1969 veem o Governo da Colónia entregar-lhes oficialmente o complexo hospitalar e os terrenos adjacentes. É o Governador Pedro Cardoso que em 20 de maio de 1969 manda publicar o decreto que institui formalmente o que a Missão de Cumura é hoje:

Considerando que os Missionários Franciscanos de Veneza que vieram a esta Província para tratar da lepra no Hospital-Colónia de Cumura se adaptaram às exigências do tratamento dos leprosos, revelando muita dedicação, espírito humanitário e de sacrifício, realizando um trabalho notável sob todos os pontos de vista, devendo destacar-se os trabalhos de carácter religioso e social durante a breve permanência neste Hospital-Colónia... o Encarregado do Governo da Guiné decide: 

Que os terrenos que faziam parte da reserva do Estado a cargo da Missão contra a Tripanossomíase, com a área de 108,2 hectares, situados na região de Cumura, do posto administrativo de Prábis, sector de Bissau, confinante a norte e oeste com o Rio Péfine e a sul com o terreno agrícola e a Missão católica de Cumura, passem a constituir uma reserva parcial para o tratamento da lepra, a cargo da Missão católica de Cumura.

O Pe Settimio reconhece que esta doação significa "mais trabalho para nós, mais responsabilidade diante do Governo, a sociedade civil e a Igreja; mas finalmente ficaremos livres para pedir ajudas económicas a tanta gente de boa vontade que terá a satisfação de ver dentro de pouco tempo as barracas de pedra e palha mudadas em pavilhões e aldeias novíssimos, dignos da nossa civilização, fornecidos de água, energia elétrica, de campos de jogos, de modernas enfermarias, de nova cozinha e serviços higiénicos"
.

Liderados pelo Pe Ferrazzeta os frades lançam-se à obra:
Extraído do site da Missão da Cumura, com a devida vénia
Missão franciscana em Canchungo
____________

Nota do editor:

Último poste da série de 22 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24987: Notas de leitura (1651): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (4) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24472: Historiografia da presença portuguesa em África (376): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
Há momentos nesta viagem presidencial em que se pressente, que mesmo discretamente na retaguarda, é o ministro do Ultramar que regozija com o legado deixado em cerca de 3 anos de governação. Onde quer que chegue a comitiva presidencial, Sarmento Rodrigues é recebido com a maior cordialidade, tanto pelos agentes coloniais, empresários, administrativos, como pelas autoridades gentílicas e o povo que desassombradamente o saúda. O que se passou em Bissau é flagrante, está tudo marcado pela gestão de Sarmento Rodrigues, dos equipamentos de saúde à educação, às infraestruturas desportivas, às melhorias da ponte do cais de Pidjiquiti. A viagem a Bolama de certo modo deixa o jornalista consternado, fala nas populações em delírio, mas não esconde a dor e a melancolia que aquela cidade ao abandono provoca, houve manifesta incapacidade de gerir com equilíbrio a transferência da capital, Sarmento Rodrigues ainda tentou um acordo com os potentados económicos para estes se manterem firmes naquela região agrícola tão exuberante, mas os negócios foram-se transferindo para Bissau, inexoravelmente Bolama caiu no esquecimento, o que assombra quando o seu património era tão interessante.

Um abraço do
Mário



O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2)

Mário Beja Santos

Salazar não viajava, mas pôs os seus presidentes da República a visitar parcelas do império. Eleito em 1951, o general, a sua mulher, o ministro do Ultramar e a sua mulher, partem do aeroporto da Portela em 2 de maio de 1955, pelas 7h30 e aterram em Bissalanca pelas 15h locais. É governador da Guiné Diogo de Melo e Alvim. O jornalista de serviço tece laudas à comitiva e ao séquito político que se vai despedir do presidente da República para esta viagem que não será curta. Fizeram-se obras em Bissalanca para haver uma pista capaz de receber uma aeronave daquele tamanho.

Já estamos a 5 de maio, Craveiro Lopes começa o dia visitando o Dispensário do Mal de Hansen, percorreu três exposições que o jornalista (presume-se Rodrigues Matias, ele aparece como coordenador dos dois volumes a que aqui se faz referência do diário da viagem) classifica a primeira como consoladora, a segunda como banal (à primeira vista) e a terceira macabra. O ilustre visitante recebe uma lembrança, um bordado com as palavras “Seja bem-vindo”, trabalhado a linhas encarnadas sobre linho branco. Das três mulheres doentes que haviam bordado aquele pano, uma não tinha dedos nem mãos. O jornalista foi ao seu encontro e dá-nos um quadro comovente. Enquanto Craveiro Lopes se mantém no Dispensário, o jornalista visita a Cumura, povoação do posto de Prábis, escolhida em tempos pelo comandante Sarmento Rodrigues para local de isolamento dos leprosos contagiosos. E diz-nos o jornalista que ali vivem, num mundo reduzido em pouco, mais de duas centenas de infelizes de ambos os sexos.

Bor, onde Craveiro Lopes se dirigiu após a visita ao Dispensário, é um desconhecido éden da ilha de Bissau, a 6 km da cidade. Ali foi criado um Reformatório de Menores e Asilo de Infância Desvalida, a cargo das Missões Católicas. A designação foi mudada para Asilo de Infância Desvalida de Bor. O ilustre visitante distribui a cada criança um pacote de rebuçados. Craveiro Lopes foi inesperadamente visitar o posto de Prábis. No caminho passou sob um maravilhoso túnel de cajueiros, e diz-nos o jornalista que se tratava de um pormenor que iria ter ocasião de apreciar largamente pelo interior: milhões de cajueiros plantados ao longo de todas as estradas da Guiné.

Findo o programa da manhã, vamos ao da tarde. Craveiro Lopes comparece ao grande festival militar, escolar e desportivo no Estádio de Bissau. Ao centro do campo de futebol formavam a tropa, a mocidade portuguesa, uma companhia de caçadores indígenas, 60 filiados do Centro de Milícias; atrás deste contingente, estão centenas de alunos das escolas oficiais e missionárias, 200 atletas dos clubes desportivos e uma coluna de tropa de segunda linha. Depois do desfile, realizou-se a final de um torneio de futebol entre o Sport Lisboa e Bissau (o Benfica local) e o Clube Futebol Os Balantas (o Belenenses local), ganhou o primeiro. Seguidamente, foram agraciados clubes desportivos e 17 chefes indígenas do concelho de Bissau. Craveiro Lopes sai do estádio em apoteose.

É nesta circunstância que o jornalista aproveita para descrever o concelho de Bissau lembrando que da sua população de 30 mil habitantes, há 22 mil da etnia Papel e 5 mil da etnia Balanta. A 6 de maio, a ilustre comitiva parte para Bolama no aviso Bartolomeu Dias, sem, porém, o jornalista nos ter descrito ao pormenor a nova ponte do cais do Pidjiquiti. Ele trata Bolama como a capital que foi, a visita presidencial é um tanto apresentada como uma romagem de saudade, um misto de peregrinação e desagravo. Faz-se a história da ocupação da primeira capital da Guiné e subitamente surge-nos uma referência a Silva Gouveia, o homem que criou um potentado económico na Guiné: “Silva Gouveia, que chegara à Guiné tão moço como pobre, dedicava-se à pesca; depois abrira padaria e casa de comidas para as praças da guarnição, na rua Marquês d’Ávila; em seguida, arranjara-se a construir edifícios de pedra e cal e requerera licença para lançar um muro-cais em frente da sua maior instalação. Era o colosso a desferir o voo para o grande triunfo que o esperava.”

Há laivos de melancolia nas descrições que se seguem. Bissau, em crise de crescimento repentino, comprava, para cobrir mais casas, as telhas que os proprietários bolamenses arrancavam das suas moradias abandonadas. Mas o jornalista está ali para pintar a cena em cores triunfais, temos a população em massa a acompanhar a viagem de Craveiro Lopes até aos Paços do Concelho, este o edifício da mais elevada categoria arquitetónica. Seguem-se os discursos do presidente da autarquia e do representante do comércio local – todos sonham com o revigoramento de Bolama. No final da sessão, foi lida a portaria que concede escudo de armas e bandeira própria à cidade de Bolama, Craveiro Lopes entregou nas mãos do presidente de autarquia a bandeira já com brasão, entre os calorosos aplausos de toda a assistência.

Segue-se um curioso desfile regional de gentes congregadas no largo Teixeira Pinto, não vai faltar dança frenética. Depois ficamos a saber que no concelho de Bolama não predominam em número os Bijagós, mas sim os Mancanhas. Por entre os dançarinos, um velho exótico passeava despreocupadamente um crocodilo pela arreata de um cordel de juta, o bicho arrastado pela trela dava sinais evidentes de um aborrecimento quase mortal.

Depois do almoço, um trepidante programa de visitas: ao quarte da Companhia Indígena de Engenhos; ao Hospital Regional de Bolama; à Missão Católica e à Igreja de S. José. E vem um encómio do jornalista: “Deixou esta visita ao sr. general Craveiro Lopes a impressão de que a cidade de Bolama se não resigna à condição de vencida pelo facto de ter deixado de ser a capital.”

Segue-se a visita à propriedade Gã Moriá, da firma Silva Gouveia, Craveiro Lopes é recebido pelo administrador D. Diogo de Melo. A Câmara de Bolama ofereceu um Porto de Honra no salão de festas da sede dos Bombeiros Voluntários, a que estiveram presentes todas as autoridades e “a melhor sociedade de Bolama”. À noite, da varanda do Palácio, Craveiro Lopes assistiu às danças Bijagós. O jornalista esmera-se a descrever tais danças, diz que é quase um teatro, logo na intenção do bailado, o bailarino, ajudado pelo corpo de baile que o acompanha, descreve as fases do seu envolvimento com a mulher pretendida, vê-se que esteve atento e que sentiu a densidade daquele processo cultural e artístico.

A 7 de maio, a ilustre comitiva reembarca de regresso às terras do continente. Antes, o jornalista refere que se avista o plano de água em que desciam as grandes aeronaves das primeiras travessias, pista maravilhosa de 6 km de comprimento e 1,8 de largura, no braço de mar chamado Gã Pessoa. Fala-se do desastre aéreo que vitimou os aviadores italianos. Estamos agora a caminho de Fulacunda.


Os dois volumes respeitantes à viagem de Craveiro Lopes à Guiné e Cabo Verde, Agência Geral do Ultramar, 1956
Retrato oficial de Craveiro Lopes no Museu da Presidência, pintura de Eduardo Malta
Dispensário do Mal de Hansen, Guiné Portuguesa
Imagem de uma reportagem da RTP na Guiné no tempo do governador Peixoto Correia
Paços do Concelho de Bolama, já em adiantado estado de ruína
Igreja de S. José, Bolama
Uma das mais admiráveis fotografias de Bolama, publicada no livro "Bijagós: Património Arquitetónico", pelos arquitectos Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade e o fotógrafo Francisco Nogueira; Edições Tinta-da-China, 2016

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24452: Historiografia da presença portuguesa em África (375): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21841: Memória dos lugares (417): Ilha do Sal, Bissau, Prábis, Ponta do Inglês... Fotos do ex-fur mil Jorge Ferreira, CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime,1964/66) (Rui Ferreira)



Foto nº 1 > Cabo Verde > Ilha do Sal >  Pessoal da CCAV 678 junto ao memoriAL DA à CCE 302. Divisa, "O suor poupa sangue".  Esta Companhia de Caçadores Especiais esteve aqui entre 25/4/1962 e 18/5/1964, altuira em que foi substituida pela CCAV 678. A foto,do álbum do Jorge Ferreira, a única referência é "Alferes Branco" (possivelmente o oficial de dia que está de pé ao centro).

A CCAV 678 desembarcou do T/T do Uíge, na Ilha do Sal, em 20/5/1964. E partiu para o CTIG,  três meses depois, no Contratorpedeiro Lima, em 17/7/1964.



Foto nº 2 > s/l > 16/5/1964 > "Lancha dos fuzileiros navais"... LDM (Lancha de Desembarque Média) 203... Nesta data só pode ter sido tirada na Ilha do Sal...A data deve estar errada: será setembro de 1964, e a LDM devia fazer serviço entre Bissau e Catió, abastecemdo as NT no sul.


Foto nº 3 > Bissau > Rio Geba > Setembro 1964 > "Tirada no barco, prestes a chegar a Bissau e depois de 11 dias de sofrimento e martírio na escolta ao barco de mantimentos [, a Catió]"


Foto nº 4 > Bissau > CCAV 678 > 21 de setembro de 1964 > "No quartel de Bissau, numa bicicleta que a minha secção apanhou aos terroristas"



 Foto nº 5 > Guiné >Bissau > CCAV 678 >  Prábis, na região de Biombo >  21/9/64 > "Na psico-social em Prábis"... O  meu pai é o segundo da fila de cima, da esquerda para a direita... 


Foto nº 6 > Xime > Ponta do Inglês > S/data  [1965] > Pôr do sol... "Ponta do Inglês. Foz do rio Corubal, com a mata à esquerda, onde era costume sermos atacados"


Fotos (e legendas): © Rui Ferreira (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se que a CCAV 678 (*):

(i) em 25Set64 é colocada em Fá Mandinga, como subunidade de intervenção e reserva do BCaç 697 e destacando pelotões para Enxalé e Xitole, este de 25Set64 a 11Nov64, em reforço das guarnições locais;


(ii)  em 19Jan65, com a realização da operação Farol, ocupa a povoação de Ponta do Inglês, mantendo no entanto, um pelotão destacado em Enxalé;

(iii) em 16Abr65, é substituída em Ponta do Inglês por um pelotão da CCaç 508, e assume a responsabilidade do subsector de Bambadinca, onde vai rende a CCaç 508, mantendo-se na zona de acção do BCaç 697, em acumulação com a função de intervenção e reserva do sector e mantendo ainda o pelotão destacado em Enxalé;

(iv) em 2Ago65, desloca forças para Xime e Ponta do Inglês, a fim de substituir a CCaç 508 e ministra  treino operacional à CCaç 1439 naquela zona de acção;

(v) em 10Set65, por troca com a CCaç 1439, assume a responsabilidade do subsector de Xime, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Enxalé, este deslocado em 28Jan66 para Quirafo;

(vi) em 14Abr66, por troca com a CCav 1482, volta a assumir, temporariamente, a função de intervenção e reserva do sector, sendo substituída, em 26Abr66, pela CCaç 1551 e recolhendo a Bissau para o embarque de regresso.

 
2. Mensagem de Rui Ferreira, jornalista desportivo ("O Jogo"), portuense, filho do nosso camarada, já falecido, Jorge Nicociano Ferreira, que foi furriel milicviano na CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime, 1964/ 66) (*)

Data - 1 de fevereiro de 2021, segunda, 1/02, 23:50
Assunto . Mais fotos da CCav 678

Caro Luís Graça, tal como prometido envio-lhe mais algumas fotos da CCav 678, da qual o meu pai, furriel Jorge Ferreira, fez parte. 

O furriel Eduardo  [Ablú] (**) poderá ajudar na identificação de camaradas e locais, já que algumas fotos não têm data, local ou descrição.

Espero que tudo esteja bem consigo e com a família nestes tempos difíceis. Um grande abraço.

PS - Foto nº 5  > 21/9/64 (O meu pai é o segundo da fila de cima, da esquerda para a direita)...Legenda: "Na psico social em Prabis". (***)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21726: Facebook...ando (58): Fotos do meu pai, já falecido, Jorge Nicociano Ferreira, ex-fur mil at cav, CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime, 1964/ 66) (Rui Ferreira)

(...) Caro Luís Graça, sou filho de um ex-combatente na Guiné e já acompanho o vosso blog há uns anos. O meu pai, Jorge Nicociano Ferreira, foi furriel na CCav 678 e. nomes como Xime, Xitole, Ponta do Inglês, Bambadinca, Bafatá, entre outros, estiveram sempre presentes na minha infância.

Recentemente encontrei fotos do meu pai e camaradas na Guiné, de uma paisagem na Ponta do Inglês, de uma avioneta que poderia ser a do intrépido Honório... Quase todas têm uma legenda e gostaria de as partilhar convosco. (...)


Vd. também poste de 5 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21736: Facebook...ando (59): Sobre a CCAV 678 a que pertenceu o fur mil Jorge Nicociano Ferreira, já falecido: (i) esteve menos de 3 meses na ilha do Sal, Cabo Verde; (ii) foi render a CCE 342 (?); (iii) em Bissau, e antes de partirem para a Zona Leste (Bambadinca), fizeram escoltas a barcos de reabastecimento às NT em Catió (Rui Ferreira / Eduardo dos Santos Roque Ablú)