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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26916: Notas de leitura (1808): Lembranças do que foi o Museu da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Janeiro de 2025:

Queridos amigos,
Quando visitei este museu pela primeira vez, confesso que fiquei desconsolado com a rusticidade museográfica, tudo exposto um tanto a monte, nada de quadros explicativos, bem quis adquirir uma qualquer brochura, não existia. Estou em crer que o museu criado em 1947, por empenho pessoal do 2.º Tenente Teixeira da Mota era muito mais frequentado por quem fazia parte do Centro de Estudos e quem colaborava no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. O acervo patrimonial terá sido recolhido por administradores e doadores, uma coisa era certa, impressionava pela alta qualidade dos panos e pelas esculturas Bijagó e Nalu, afinal aquelas que se impõem ainda hoje ao gosto de quem aprecia e até coleciona arte africana. Se, porventura, o leitor dispuser de documentação sobre este museu bem podia mostrá-la, ficaríamos assim com uma visão mais ampla deste museu que mudou de significado em outubro de 1974, o seu acervo andou em bolandas, deploravelmente. Temos pelo menos duas belíssimas coleções em museus, o Museu Nacional de Etnologia e o Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Um abraço do
Mário



Lembranças do que foi o Museu da Guiné Portuguesa

Mário Beja Santos

Esqueci a data precisa, ou 31 de julho ou 1 de agosto de 1968, quando entrei no Museu da Guiné Portuguesa, que não passava de um museu etnográfico, no mesmo local onde funcionava o Centro de Estudos e a administração e redação do Boletim Cultural da Guiné-Portuguesa. Fora uma criação ao tempo do Governador Manuel Sarmento Rodrigues, 1947, quem ativou todo este empreendimento foi um seu adjunto, Avelino Teixeira da Mota. A legislação idealizara um acervo de outros patrimónios e até um arquivo histórico, este só apareceu em 1970. Completamente ignorante dos valores artísticos do que estava a visitar, registei na memória os panos manjacos e as esculturas Nalu e Bijagó. Na única vez que visitei Nova Iorque, fui ao Museu Metropolitano, que tem uma organização totalmente diferente dos nossos museus, a sequência cronológica é coisa que não existe naquele património, tinha visitado uma sala pomposa de um califa de Bagdade, segui para a sala seguinte, era dedicada a arte africana, e andando por ali a ver escultura e a procurar entender a documentação conservada em vitrinas, chamou-me a atenção um caderno de viagens de um Rockfeller que andara na África Ocidental e fizera aquisições, aí pela década de 1930, deixara escrito no seu caderno que ficara fascinado pela “suprema genialidade” de umas esculturas de um povo chamado Bijagó.

Durante a comissão, ainda em Missirá, recebi um aerograma do Comandante Teixeira da Mota com o pedido de falar com o régulo e em Bambadinca saber se havia um Sónô à venda (cetro das chefaturas, é uma haste de ferro com mais de um metro de comprimento tendo na extremidade superior um processo escultórico, podem ser quatro braços ou uma estatueta), em caso afirmativo que eu pagasse o que eles pediam ou então que fizesse regateio. Bati a várias portas, sem qualquer sucesso. Tinha visto, de facto, as tais hastes de ferro com elementos escultóricos no museu em Bissau, olhei para aquilo tudo como boi para palácio. Como há anos dei conhecimento aqui no blogue, encontrei num catálogo de leilões da Christie’s sobre arte africana, Sónôs com licitação inicial de alguns milhares de euros.

Chega-me agora às mãos um inventário feito no início da década de 1960, o seu autor é omisso nas considerações artísticas ao que inventariou, diz que o museu tem caminhado muito modestamente, que as instalação são muito precárias e o seu conteúdo insuficiente, e que este inventário sirva de ponto de partida para futuros empreendimentos; e despede-se com uma exultação nacionalista: que o museu mostre às gentes que o visitarem o valor de uma civilização luso-tropicalista que só os portugueses podem mostrar ao mundo.

Sumariando a apresentação que ele faz, ficamos a saber:
- Os Balantas estão representados por cestos e arados;
- Os Bijagós por cocharros, cabaças, sais de ráfia, redes de dormir, um tambor cilíndrico de madeira, lanças, machados, pulseiras; as suas artes plásticas são muito expressivas, e ali bem documentadas por um casal de garças, representação de cão, galo, tocador de bombolom, pássaros, missionários, bajudas, canoas, um dançarino da vaca bruto, um tubarão e um homem caçando um pelicano;
- A etnia Brame ou Mancanha tem a representá-la colheres, cabaças, chapéus e esteiras;
- A etnia Felupe apresenta cenas de fanado e danças;
- A etnia Fula tem em exposição cabaças, colheres, barretes de fio de algodão, ornatos para despentear o cabelo, pilões, banquetas, sachos, machados, raspadores, enxós, instrumentos musicais, bastões de madeira ornamentados com anéis e placas de alumínio;
- A etnia Mandinga apresenta ventarolas, peças forradas a couro, ourivesaria de prata e filigrana, adornos, korás e aparece um Sónô com o comentário que é uma haste de ferro com o comprimento de 1,23 metros, na extremidade superior tem 4 braços laterais, encimados por campânulas de bronze e no topo encontra-se uma estatueta de bronze representando um camelo com arreios;
- A etnia Manjaca: cestos, panelas, panos, esculturas de pessoas e tambores;
- A etnia Nalu: também com cestos, esculturas, tambores, a árvore da vida (estilização de dois pássaros de madeira de poilão), máscaras, o icónico Ninte-Camatchole (representação do Deus do fanado, ensina os iniciados da circuncisão a conhecer os companheiros do fanado) e máscaras;
- A etnia Papel: cestos, bancos, panos tecidos com fio de algodão, enfeites e adornos, grupos escultóricos e arados;
- A etnia Saracolé (apresentada no Atlas Missionário como um ramo dos Mandingas): representada por panos;
- A etnia Sosso (também apresentados como um ramo étnico Mandinga): têm em exibição redes de pesca.

É este o conteúdo do inventário, não passa de uma lembrança, porventura acontecimentos tumultuosos vividos na Guiné-Bissau, como a guerra civil, levaram ao desaparecimento deste património artístico; pela sua localização privilegiada, mesmo ao lado do Palácio Presidencial, na Praça dos Heróis Nacionais, o museu foi parar ao INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, naquele edifício está hoje a Primatura (gabinete de trabalho do primeiro ministro).

Edifício do Museu da Guiné Portuguesa, década de 1960
Benumbé (visto de lado)
Benumbé, arte Nalu, a mesma peça que a anterior noutra perspetiva
Incauelá, arte Nalu
Esculturas antropomórficas, arte Nalu
Duas peças de arte Bijagó e um chocalho de ferro de arte Papel
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Nota do editor

Último post da série de 9 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26902: Notas de leitura (1807): "A Independência da Guiné-Bissau e a Descolonização Portuguesa", por António Duarte Silva; Afrontamento, 1997 (3) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 24 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26610: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (56): Bubaque, o mercado de rua no cais de embarque



Foto nº 1 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:01 > Meracdo de rua, no cais de Bubaque, antes da partida do navio para Bissau... Produtos alimentares locais.


Foto nº 2 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:00 > Ostras fumadas...


Foto nº 3 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:01 > Produtos alimentares tradicionais dos Bijagós


Foto nº 4 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:03 > Combé, faz parte da dieta alimentar, muitas vezes é a base alimentar dos povos do litoral e das ilhas. (Em português, o "combé" já está grafado: (i) GB: molusco bivalve de água salgada; berbigão; (ii) Guiné-Bissau: concha deste molusco... Etimologia: do crioulo da GB, "Kombé".


Foto nº 5> Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:03 > Pequeno camarão (equivalente ao nosso "camarão da costa"), apanhado com rede mosquiteira (!)...


Foto nº 6 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:01 > Garrafas de plástico com óleo de palma


Foto nº 7 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:01 > Artesanato: saias bijagós... As mulheres mais velhas ainda as usam nas tabancas mais remotas...


Foto nº 8 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:01 > Peixe fumado, base da alimentação da população.


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro, 23 mar 2025, 12:19:


Luís, porque hoje é domingo calmo, envio algumas fotos, antes de ir Quinhamel comer umas ostras e dar um mergulho no meio dos tarrafes.

Há umas semanas atrás, durante os meus passeios “passa...tempo”, tirei algumas fotos da praça de produtos alimentares, no cais de Bubaque, antes da saída do navio de passageiros para Bissau.

Muito destes produtos (muito bons petiscos, para os mais afortunados) são também a base de alimentação do povo.

As mulheres são quem se dedica à sua apanha para a alimentação diária da sua família, o resto é para venda e assim conseguem algum dinheiro.

Como não há energia, não há frio, mas há 35º de temperatura, o produto tem que ser fumado para aguentar algumas semanas... Assim é em quase em todas as tabancas na Guiné.

Junto umas fotos, dos meus “passa...tempos” por toda a Guiné, enquanto as pernas deixarem e houver cerveja.

Desta vez foi instalação de energia solar, para se instalar a telemedicina no Hospital de Bubaque, é um projeto novo que vai ser replicado. Este mês vai começar a funcionar.

Existe um outro projeto semelhante, entre o Hospital Militar em Bissau (construído pela China) e um Hospital na cidade Porto, que já funciona há alguns meses.

Também por lá andei a “passar...tempo”.

Abraço, Patrício


Patrício Ribeiro

Português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado desde criança em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola (1969/72), a viver na Guiné-Bissau desde 1984, fundador, sócio-gerente e ex-director técnico da firma Impar, Lda; é um "histórico" nossa Tabanca Grande (que integra desde 6/1/2006): é o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses; é o nosso "embaixador" em Bissau, colaborador permanente para as questões de ambiente, geografia e economia, autor da série "Bom dia, desde Bissau".


Foto nº 9 > Guiné- Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Bubaque > 9 de fevereiro de de 2025, 12:31 >  O meu "passa... tempo": instalação de ergia solar para a telemedicina no hospital de Bubaque

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Nota do editor:

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26211: S(C)em Comentários (53): O drama dos felupes, que estão a perder o seu chão e a sua identidade, afetados pelas alterações climáticas (Cherno Baldé)... E que agora perderam uma grande amiga, a antropólogia Lúcia Bayan , falecida no passado dia 26

1. A propósito do drama dos felupes, os primeiros refugiados ecológicos da Guiné-Bissau, vítimas das alterações climáticas, e da morte,  inesperada, da sua amiga portuguesa, a antropóloga Lúcia Bayan (*), vamos repescar este comentário do nosso Cherno Baldé (**):

A minha primeira visita ao Chão Felupe foi em maio de 1997, por ocasião do dia internacional dos trabalhadores, tendo feito o percurso de Bissau - Varela, passando por S. Domingos. 

Nessa ocasião constatei que, contrariamente ao que acontece no Chão Fula (Zona Leste), os Felupes e seus irmãos Baiotes, não tinham aldeias plantadas junto da estrada principal que atravessava o seu Chão,  indo de S. Domingos para Varela, preferindo ficar afastados, em zonas escondidas e de difícil acesso,  facto que, também, tinha verificado no Chão Balanta,  logo após o fim da guerra colonial e em Biombo nos anos 80 quando trabalhei como professor nesta região do litoral guineense.

A conclusão lógica a que cheguei, na altura,  é que, sendo povos indígenas de longa data,tendo sofrido várias invasões e agressões de povos conquistadores vindos do interior do continente, como nos explica o Amílcar  Cabral no livro sobre a história da Guiné e as Ilhas de Cabo-Verde (PAIGC 1974), estes povos foram obrigados, cada vez mais, a se refugiar e adaptar-se em zonas muito inóspitas e de difícil acesso como foi o caso dos Nalus que foram habitar as ilhas e zonas baixas de Cubucaré e Quitáfine, ou o caso extremo dos Bijagós que vivem no arquipélado de mesmo nome. 

No caso dos Felupes e Baiotes esta localização geográfica teria sido muito importante durante o periodo da ocupação colonial, já que lhes permitia oferecer uma notável resistência e prática da guerrilha num espaço reduzido mas semeado de obstáculos naturais.

Mas, vivendo o pais hoje num contexto de completa liberdade, onde se desenvolve pouco a pouco uma interação e concorrência apertada com as outras regiões e grupos étnicos em diferentes domínios da vida social e económica, estes povos fazem a constatação lógica e normal das dificuldades e desvantagens da sua inadequada situação habitacional, para a qual procuram encontrar uma saída razoável para viver e expandir-se como os outros povos,  seus vizinhos. 

As mudanças climáticas vêm juntar-se e complicar ainda mais esta situação que já em si era insustentável há muito tempo, pelo menos desde que a monocultura de caju se tornou no principal produto de renda e de subsistência social e económica. 

De resto, os conflitos sobre a posse da terra são extensivos ao resto do país e nos diferentes Chãos tradicionais sem deixar de lado outros problemas transversais como o género e os direitos humanos, hoje muito em voga nos países do terceiro mundo.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

2020 jan 16 12:17 (***)

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(***) Último poste da série > 8 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26127: S(C)em Comentários (52): General António Spínola 'versus' general Bettencourt Rodrigues (Morais da Silva, cor art ref, e 'capitão de Abril')

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26203: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (44): Passeio à ilha de Orango Grande, com passagem por Bubaque - II ( e última) Parte

Foto nº 12  > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Ação de fiscalização aos pescadores dentro do Parque Nacional de Orango (1)


Foto nº 13  > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > Ação de fiscalização aos pescadores dentro do Parque Nacional de Orango (1)

Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós >   Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Praia junto ao hotel (1)


Foto nº 15 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Praia junto ao hotel (2)


Foto nº 16 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Orango Parque Hotel

Foto nº 17 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós >  Viagem Bubaque -Orango > 23 de novembro de 2024 >  Sede do Parque Nacional de Orango: Mural com mapa


Foto nº 18> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > O atual régulo de Orango e a sua mulher, que nos vieram fazer uma visita de cortesia...

 
Foto nº 19> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > O Patrício Ribeiro,de óculos escuros, e o régulo que vaio dar ínício à cerimómia do derrame de aguardente de cana no chão... 
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Foto nº 20 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > ... "a pedir ao irá, que a nossa visita tenha sucesso. E por termos voltado com saúde, etc."



Foto nº > Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 >  

Foto nº 21 > Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Moranças da tabanca de Eticoga



 Foto nº 22 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > As descendentes da Rainha Pampa... Nn tabanca existe um túmulo com objectos enterrados, em que só os regulos podem mexer. Uma delas faz-nos menção com a mão para não nos aproximarmo-nos mais...
 

Foto nº 22A > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Mesmo desfocada, a imagem dá para ver que a guardião do túmulo da rainha Pampa  náo quer nada com o fotógrafo.
 

Foto nº 23 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque: saia bijagó,  que as mulheres mais antigas ainda usam


 Foto nº 24 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  artesanato bijagó



Foto nº 25 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  utensílios bijagós



Foto nº 26 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  mais peças


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama -Bijagós > Ilha de Orango > 7 de outubro de 2008 > O Patrício Ribeiro no Orango Parque Hotel, na ilha mais atlântica da Guiné-Bissau, a 100 km de Bissau, ou seja, a 7 horas de canoa "nhominca", de Bissau..

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Parque Nacional de Orango, criado em 2000, com 1582 km2, cobrindo as ilhas de Orango, Menegue, Canogo, Imbone e Orangozinho. Um exytraordinária biodiversidade e paisagens únicas.

Imagem: Wikipedia (com a devida vénia...) 



1. Reportagem fotográfica que o nosso
Patrício Ribeiro fez, para nós,  nos passados dia 23  do corrente, na sua viagem a Orango: "Foi um passeio no último fim de semana.Viagem entre Bubaque e Orango, de bote rápido, do Parque Nacional de Orango".

Ele é o "nosso embaixador" na Guiné-Bissau, onde vive há quatro décadas. É um histórico do nosso blogue (está connosco desde 1 de junho de 2006)...Tem 170 referências. É autor da série "Bom dia desde Bissau" (iniciada em 3 de abril de 2017).

(Revisão / fixação de texto, edição das fotos: LG)

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25955: Historiografia da Presença Portuguesa em África (443): a história (atribulada) de Bolama, segundo o Padre J.A.V (1938)


 Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...


Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia... (A estátua original, em bronze,  desapareceu, há uns largos anos; esta da foto é uma réplica... em cimento)



Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant > Base: inscrição (parcial):    
[...] Grant,   [...]  dente dos 
Estados Unidos da 
América do Norte justo
árbritro na causa de
Bolama    21 - IV-18970

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. O que sabíamos nós sobre a história da Guiné quando nos mandaram para lá "defender a Pátria" ? Nada, e muito menos desta ou daquela cidade ou vila, como Bolama, Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Tite, Buba, Cacheu, Catió, Teixeira Pinto, etc.

Cinquenta anos depois ainda temos direito a saber algo mais... sobre aquela terra a quem pagámos o  devido "imposto de sangue, suor e lãgrimas"... Por exemplo, sobre a história (atribulada) de Bolama: muitos camaradas passaram por lá, fizeram a  IAO e até foram "saudados" pela "rapaziada do PAIGC com uns foguetões 122 mm, felizmente com fraca pontaria...

O nosso colaborador permanente Mário Beja Santos (uma das pessoas que em Portugal mais sabe sobre a historiografia da presença portuguesa na Guiné) tem escrito imenso sobre estes temas, e nomeadamemnte sobre Bolama. 

Isso não nos impede de publicar aqui um apontamento com "uma resenha histórica" de Bolama, escrita por um padre, de que só conhecemos as iniciais (Pe. A. J. D.). O artigo faz parte do nº único do jornal "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938 (pp. 1, 6 e 7 de 12). É um artigo de divulgação, já com quase 90 anos, escrito por um missionário (que seguramente tinha uma grande amor àquela terra).

Recorde-se que Bolama foi elevada à categoria de cidade, com a República, em 1913. O seu plano urbano também tem a marca da época. E foi a capital da antiga Guiné Portuguesa até 1941 (portanto, ao longo de escassas sete décadas). 

O século XIX (e sobretudo o período entre 1830 e 1870) é marcado pela  disputa, npor vezes violenta.  em relação à soberania da ilha, entre portugueses.  ingleses e ilhéus. 

Correu-se até o  risco até de cair num conflito militar entre as duas potências coloniais, se bem que "velhos aliados",  o que terá sido  evitado  graças à iniciativa de  António José de Ávila (Horta, Ilha do Faial, Açores,  1807 — Lisboa, 1881) (futuro Duque de Ávila e Bolama), que pediu a intervenção de Ulysses S. Grant, presidente dos Estados Unidos, a favor de Portugal,  

 Os bolamenses erigiram-lhe uma estátua, em homenagem à sua justa arbitragem  a favor de Portugal. Infelizmemnte, há uns anos atrás a estátua (ou parte da estátua), em bronze, desapareceu...Em total decadència, a Bolama de hoje parece não saber ou poder conseguir tomar contar dos vivos, quanto mais dos mortos...

Hoje é também uma ilha de fantasmas. onde por certo por lá pára ainda a alma errante do Caetano José Nozolini (ilha do Fogo, Cabo Verde, 1800 — Bissau, 1850), grande esclavagista cabo-verdiano de origem italiana... Mas também o Bento José Nogueira, o Bevaer, o Nozolini, o Honórito Barreto,  o  Grant e tantos outros, sem esquecer os régulos bijagós e biafadas.




Jornal-programa (sic) editado pelo "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938. Composto e impresso pela Imprensa Nacional da Guiné, Bolama. Nº de páginas: 12 (doze).Visado pela Comissão de Censura,


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938 (com a devida vénia).
































(Seleção, introdução, recortes, revisão / fixação de texto: LG)


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Nota do editor: