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sábado, 21 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26295: Os 50 Anos do 25 de Abril (34): O "virar da página" da revista católica "Flama", cujo diretor era o António dos Reis, bispo de Mardassuma e capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975) - IV (e última) Parte

 


"Foram longas, longas as esperas que os familiares dos presos políticos tiveram de aguardar junto ao forte de Caxias. Mas foram horas quer valeram a pena. Depois viriam os abraços, o recordar de uma lembrança antiga de muitos anos" (Flama, separata, 10/5/1974,  pp. XXII /XXIII)



(Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXIII)


"A multidão já não tem dúvidas que de Caxias irão sair os familiares, os amigos,. os conhecidos há muito detidos. E mesmo com chuva não arredou pé. Tranquilamente. Aproveitando as horas para convívio. (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXIV)


"Uma cena das imedfiações de Caxias. Quem aguardará o menino ? Talvez um pai que não conheça ainda"... Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXV)





"O general António Spínola chega ao quartel-general da Cova da Moura. Eram 16:25 do dia 25 de Abril" (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXVI)


"Naq Cova da Moura, no Ministério da Defesa Nacional, ficou instalado  o novo Quartel-General que até ao dia 26 funcionara no Regimento de Engenharia 1, na Pontinha" (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXVII)



(Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXVII)






(Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXIX)






"A zona da Cova da Moutra encontrava-se guardada por quatro carros blindados: um AML Panhard e três Chaimites. Naturalmente as atenções da miudagtem foram despertadas" (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXIX)





"Às 17:50  do dia 26 apresentaram-se à porta de armas do Ministério da Defesa duas das mais (infelizmente) conhecidas figuras da PIDE/DGS: Bernardino Leitão (inspetor) e Mortágua (chefe de brigada). Segundo soubemos terão ido colocar-se às ordens da Junta, terão sido mandados entrar pelo general Spínola que teria ordenado a sua prisão".  (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXX)



"A chaimite Bula que levou do quartel do Carmo o prof. Marcelo Caetano, transporta agora três elementos da PIDE/DGS reconhecidos e detidos no Bairro Alto" (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXX)



(Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXXI)


"25 de Abril : o povo esteve com as Forças Armadas" (Flama, separata, 10/5/1974,  pág. XXXII)

Fonte: Excertos de Flama: revista semanal de actualidades, nº 1366, ano XXXI, 10 de maio de 1974, XXXII páginas. (Cortesia da Hemerateca Digital / Câmara Municipal de Lisboa)


(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição das imagens: LG)


1. Quarta (e última) parte da publicação de uma seleção de fotos da separata que o semanário "Flama" dedicou, tardiamente, em edição de 10 de maio de 1974, ao histórico dia de 25 de Abril. É uma das mais interessantes, belas e completas reportagens feitas pela nossa imprensa semanal da época. (Repare-se, todavai,que a revista concorrente, "O Século Ilustrado", adiantou-se, publicando logo, em 28 desse mês,  uma edição especial: Suplemento. ao n.º 1895, 28 de Abril de 1974)

Estas fotos, menos conhecidas, serão também de fotojornalistas talvez menos conhecidos  (do grande público) que o Alfredo Cunha e o Eduardo Gageiro, mas algumas são de grande interesse documental e de qualidade estética. 

Vê-se que estavam a trabalhar, pela primeira vez, sem o medo da censura, apresentando por isso um belo e entusiástico trabalho de fotojornalismo. Sabemos que, em 1974, os  fotógrafos de reportagem da "Flama" eram o António Xavier,  o António Vidal e o Carlos Gil, justamente a equipa que assina (em grupo) as fotos desta separata (sendo o texto dos jornalistas António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais e Dionísio Domingos).  É justo destacar aqui pelo menos  o Carlos Gil (1937-2001), que tão precomente nos deixou e que está esquecido: um "reporter da guerra e da paz", como ficou conhecido.

Com a devida vénia aos autores e à revista (que já não existe), são fotos que pertencem à memória de todos nós,  merecendo ser divulgadas em especial pelos antigos combatentes, alguns dos quais ainda estavam na Guiné, e outros eram leitores da "Flama".

É também uma homenagem a esta revista, que foi escola de jornalismo e fotojornalismo e que nos ajudou, a alguns de nós, na Guiné,  a mitigar a saudade de casa e a preencher o tempo de solidão e lassidão que foi o nosso, naquela guerra.


Revista fundada a 5 de fevereiro de 1937, como fonte de informação da Juventude Escolar Católica, autointitulando-se como “jornal ilustrado de actualidades”. Era dirigida, em 1974, por António dos Reis, que começara como repórter do "Novidades". 

Contava, na época, com Edite Soeiro (chefe de redação), Carlos Cascais e António Amorim (subchefes de redação), para além de António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais, Dionísio Domingos, António Xavier, António Vidal e Carlos Gil, estes três últimos fotógrafos de reportagem, precisamente a equipa que assinou a principal peça jornalística dos acontecimentos, composta na rua Rodrigues Sampaio (50), em Lisboa. 

No número de 17 de Maio, é apresentado um novo Conselho de Redação, constituído por Alexandre Manuel, António Amorim e António Xavier. A revista tinha atingido a sua maior tiragem, no início destes anos 70, com 30 mil exemplares e privilegiando os assuntos políticos importantes, ao mesmo tempo que dava destaque às figuras do mundo do espetáculo, em páginas muito ilustradas. 

De vez em quando, tentava transgredir e passar ao crivo da Censura. O seu diretor preocupava-se, essencialmente, com a parte administrativa e com o tema e a imagem de capa. Ora, precisamente, chegados ao “virar da página” (Flama, 3 de Maio de 1974), nos três números posteriores ao 25 de Abril (3/10/17 de maio) outras tantas capas sugestivas. 

Na primeira, a chaimite é o centro das atenções, e o povo à volta, tal como na edição seguinte, mas onde os protagonistas centrais são outros, Mário Soares e Álvaro Cunhal. 

No número seguinte, as “Três Marias” [Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa] suspiravam pelo “fim de um escândalo” que abalara a sociedade por causa do livro "Novas Cartas Portuguesas" (Flama, 17 de maio de 1974). Regina Louro e António Xavier fizeram a reportagem. 

Nas primeiras páginas da Flama, em Liberdade, há notícias sobre a libertação das mulheres e, também, sobre as dificuldades agrestes que assolavam os agricultores portugueses. Reportagens que já estavam escritas antes da mudança, pelo menos iniciadas. Esta mudança, porém, devolveu o sorriso a muitos portugueses, expresso nos textos e fotos das horas desse dia sem fim – “Dá resultado… vê-se na sua cara!”. Não, este não é o slogan do 25 de Abril, mas podia ser! É, tão-somente, o anúncio do creme anti-rugas que acompanha a coluna do primeiro editorial em Liberdade. 

Mas, efetivamente o “virar a página”, de que esse editorial nos fala, devolveu aos portugueses a esperança e um novo ar nos rostos. Na Flama, lemos um dos mais expressivos conjuntos de reportagens dos novos tempos da imprensa nacional, nas páginas e separatas dedicadas ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio. 

Dos tempos que não deixaram espaço a uma mudança não revolucionária, tal como foi o fim desta revista (2 de setembro de 1976), provocada por decisão da administração, dois anos depois, sem margem para a redação ainda se organizar para mais um número, na senda do que se passava noutros casos, em que quando uma publicação era suspensa eram os seus jornalistas que comunicavam o fim aos leitores.

Jorge Mangorrinha
Hemeroteca Municipal de Lisboa


Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 1365 (3 de Mai. 1974) a 1367 (17 de Mai. 1974)
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Nota do editor:

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26270: Os 50 Anos do 25 de Abril (32): O "virar da página" da revista católica "Flama", cujo diretor era o António dos Reis, bispo de Mardassuma e capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975) - Parte II

"O chaimite 'Bula' prepara-se para transportar o ex-Presidente do Conselho que, entretanto, setinha renido incondicionalmente ao General Anónio de Spínola,Presidente da Junta de Salvação Nacional"  (Flama, separata, 10/5/1974, p. III)


"Para os populares aglomerados nas imediações do Largo do Carmo tudo serviu para observar a ação das Forças Armada: estátuas, árvores,blindados".  (Flama, separata, 105/1974, pág. II)




Flama, separata, 10/5/1974, pág. II


Capa da separata da Flama: revista semanal de actualidades, nº 1366, A
ano XXXI, 10 de maio de 1974, XXXII páginas.


Flama documento : 25 de Abril : o virar da página
I II III
25 de Abril : o assumir de um compromisso
IV-V
25 de Abril : uma linha de abertura a soluções de evolução
VI VII
25 de Abril : perfeita coordenação no processo de controle
VIII-IX
25 de Abril : o país despertou com outra face
X-XI
25 de Abril : o Largo do Carmo foi o último reduto do regime
XII-XIII
25 de Abril : uma reacção agonizante
XIV-XV
25 de Abril : durou nove horas a tomada do Carmo
XVI XVII XVIII
25 de Abril : a D.G.S. estrebuchou até rebentar
XIX
25 de Abril : a população lembrava-se (bem) da polícia política
XX-XXI
25 de Abril : presos políticos reencontraram a liberdade
XXII-XXIII XXIV-XXV
25 de Abril : um posto de comando tranquilo
XXVI XXVII
25 de Abril : nunca se desejou o derramamento de sangue
XXVIII-XXIX
25 de Abril : quem com ferro mata...
XXX
25 de Abril : o virar da página
XXXI
25 de Abril : o povo esteve com as Forças Armadas
XXXII

Cortesia da Hemerateca Digital / Câmara Municipal de Lisboa

Este número da Flama e a sua separata também estão disponíveis, em formato digital,   no Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra.


"Manter a população ao corrente da evolução dos acontecimentos foi preocupação constante do general Spínola". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IV)



"O generaql Spínola, com as individualidades que formam a Junta, no momento em que lia perante as câmaras de televisão a histórica declaração". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)



"Os generais Costa Gomes e António de Spínola".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)




Aeroporto de Lisboa (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VI)



"O Terreiro do Paço e o aeroporto de Lisboa  foram dos dois pontos estratégicos a ser ocupados pelas tropas do Movimento das Forças Armadas. A população transitou calmamente junto aos carros blindados, manifestando total conpreensão e civismo".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág.VIII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Foi longa a noite, mas às primeiras horas do dia já a esperança reinava entre os militares. Depois veio o povo disse o seu 'sim' apoteótico. O Governo caía às mãos dos militares". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)




(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Primeiro foi a ocupação (militar), depois a proclamação (popular). Estas foram as duas imagens de uma revolta que, em poucas horas, mudou a face de um país e fez reacender as esperanças de um povo desconhecedor, na sua quase totalidade, dos direitos democráticos".(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)


1. Tínhamos prometido voltar a esta edição (histórica) da "Flama" (*), revista semanal de actualidades que se publicou até 1976.

Alguns de nós recebiam e liam na Guiné esta revista, a par de outras como a "Vida Mundial", e dos jornais diários, de Lisboa e Porto, mais a " Bola"...Um ou outro mais "politizado" assinava a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"... E, excecionalmente, algumas revistas estrangeiras. 

A "Flama"  era uma revista simpática, que sabia conjugar o "light" com os assuntos mais sérios, "respeitada", origtinalmente ligada à Igreja Católica, mas nem por isso menos sujeita à sanha e arbitrariedade  dos "coronéis da censura"... Soube "refrescar-se", e adaptar-se aos sinais de mudança no mundo e na sociedade portuguesa. Era também lida pelo público feminino, com escolaridade de nível médio ou superior.  E conseguiu uma notável qualidade técnica e estética em muitas edições. 

Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional" ou "religioso". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"... Custava 10 escudos o número avulso (17$50, em Angola, 20$00 em Moçambique) (*)

Dizem os estudiosos da história do jornalismo português, que foi também um marco importante no panorama da comunicação social portuguesa, nos últimos anos do Estado Novo: era uma revista em parte feita por mulheres e para as mulheres, mas também foi escola para conhecidos jornalistas da nossa praça.

Era dirigida, desde 1964 até ao fim,  por  um intelectual católico, com prestígio,  o dr. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), nascido em Ourém, concelho a que pertence Fátima.  Padre, será, em 1966, nomeado  bispo auxiliar de Lisboa, sob o título de bispo de Madarsuma,  capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975)., etc..  Entre 1947 e 1963 tinha sido capelão e professor na Academia Militar (ensinava ética e deontologia militares). Foi também procurador à Câmara Corporativa, na legislatura de 1961/65. 

Foi também com o  António dos Reis, enquanto diretor, que a revista conheceu o seu apogeu e  sucesso da "Flama". Foi também ele que "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente sob  a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto",  um "conselho de redação")...  Mas também com ele e a nacionalização da banca, que a revista conheceu a snetença de morte.

Com o 25 de Abril de 1974, os jornalistas portugueses, libertos do lápis azul da censura, tiveram que "reaprender" a pensar e a escrever...(Não só os jornalistas, como todos nós.) E a prova disso é a separata que o semanário "Flama" dedica, tardiamente, em edição de 10 de maio de 1974, ao histórico dia de 25 de Abril. É sobretudo um trabalho de fotojornalismo, com relativamente pouco texto (para além da declaração histórica do MFA, lida nesse dia perante as câmaras da televisão pelo presidente da Junta de Salvação Nacional, gen Spínola)... 

Infelizmente não sabemos  quem são os autores individuais da fotos,quer a preto, quer a cores, mas quisemos fazer aqui uma seleção desse documento, quer para os nossos camaradas que nessa data estavam ainda na Guiné,  quer para os outros que não tiveram, na altura,  oportunidade de ler este número especial da  "Flama". 

A reportagem é assinada coletivamente por António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais, e Dionísio Domingos (texto), e António Xavier, António Vidal e Carlos Gil (fotografia). (O deparatmento de fotografia da "Flama" era considerado pioneir0.)

A revista vai ter, de resto,  uma vida efémera no pós-25 de Abril: encerrou em 2 de setembro de 1976, por decisáo unilateral e arbitrária  da administração, ligada à banca.

(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição das imagens: LG)

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25658: Os 50 Anos do 25 de Abril (30): A exposição, na Gare Marítima de Alcântara, sobre os antecendentes e a origem (com enfoque na guerrra colonial) e os protagonistas do 25 de Abril de 1974... Para ver até 23 de junho - II (e última) Parte: Op Viragem Histórica


Lisboa > Administração do Porto de Lisboa >  Gare Marítima de Alcàntara  (um belo edifício da arquitetura estado-novista, inaugurado em 1943, da autoria do arquiteto Pardal Monteiro, decorado com painéis a fresco de Almada Negreiros) > Fachada do edifício com os cartazes da Exposição "MFA 25A - O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril". Horário: de quarta feira a domingo, das 14h00 às 20h00, de 14 de abril a 23 (ou 26? ) de junho de 2024.



1. Recorde-se que a Exposição “O MFA e o 25 de Abril”, que evoca o papel do Movimento das Forças Armadas (MFA) no derrube da ditadura e na construção da Democracia, está patente na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, até ao próximo 23 de junho, domi9ngo. (Há informações contraditórias:  na página da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril, diz-se que acaba a 23, domingo; no Faeebook da Associação 25 de Abril (A25A)  aponta-se a data de 26, quarta feira, como era de resto a data que constava inicialmente do anúncio...)

Trata-se de uma parceria entre entre a Comissão Comemorariva 50 Anos 25 de Abril e a Associação 25 de Abril. O curador é o cmdt ref Pedro Lauret (que é também um 'histórico' da nossa  Tabanca Granmde). 

A exposição pode ser visitada de quarta-feira a domingo, das 14h00 às 20h00. A entrada é livre e a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril organiza visitas guiadas gratuitas. Mais de 5 mil pessoas já viram a exposição.

Há uma visita guiada no dia 21, sexta feira às 14h30. Para os interessados se inscreverem, contactar;



 





Comissão de Redação do Programa do MFA, presidida por Vitor Alves, e constituída por Melo Amtunes, Franco Charais, Costa Braz, Vitor Crespo, Almada Contreiras e Pedro Lauret



O comando do MFA no quartel da Pontinha: Otelo Saraiva de Carvalho, Fisher Lopes Pires, Garcia dos Santos, Sanches Osório e Vitor Crespo

Fotos: LG (2024)


2. No sítio da Associação 25 de Abril (A25A) está disponível o conteúdo dos principais blocos temáticos desta exposição. Aqueles dos nossos leitores que não puderem vir a Lisboa,  por estarem longe ou impossibilitados por outras razões,  têm aqui o essencial da informação. 


 

Último poste da série > 16 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25644: Os 50 anos do 25 de Abril (29): Os 9 episódios da série documental "A Conspiração" (RTP,. 2024) podem ser descarragados, até ao fim do dia 17, segunda feira (Cor art ref Morais Silva, membro do Grupo L34, Op Viragem Histórica, 25 de Abril de 1974)

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25629: Os 50 anos do 25 de Abril (28): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 9º (e último) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

 RTP > "A Conspiração", série documental de nove episódios, que passaram semanalmente entre 24 de abril  (1º episódio) e 10 de junho de 2024 (9º e último episódio). Trailer oficial: 0:46

Cortesia de RTP (2024) / You Tube RTP (2024) / You Tube 


1. O cineasta e escritor português António-Pedro Vasconcelos, que morreu no passado dia 5 de março, em véspera de completar os 85 anos, já não pôde infelizmente assistir à estreia da sua série documental, "A Conspiração", na RTP, a 24 de abril de 2024.

Trata-se de um produção televisiva que tem por fio condutor o processo conspirativo dos Capitães de Abril (como ficaram conhecidos na História), e que durou quase um ano. Como se sabe, tudo começou com a contestação dos Decretos-Leis 353/73 e 409/73, de Julho e Agosto de 1973, que vieram alterar as regras de acesso ao quadro permanente de oficiais do exército. 

De uma luta inicialmente corporativa, assistimos à crescente radicalização e politização dos jovens capitães, muitos deles endurecidos pela experiência da interminável guerra em África. O percurso conspirativo  fica bem documentada,  nesta série,  que reconstitui, nomeadamente,  com base em exaustivas entrevistas aos protagonistas ainda vivos,   e  recurso a fontes, de arquivo, nomeadamente com registos de memórias de outros militares já falecidos, os longos e incertos meses de reuniões clandestinas, que irão culminar na saída para a rua de cerca de 30 unidades militares, na madrugada do 25 de Abril de 1974 (Op Viragem Histórica). 

A série é um verdeiro trabalho de investigação, minucioso, exaustivo, objetivo, distanciado, que nos honra a todos. Uma peça fundamental para o conhecimento da nossa história contemporânea. 

A Comissão Comemorativa 50 anos do 25 de Abril, sob a tutela do Ministério da Cultura, foi uma das entidades que apoiou a produção desta série, onde o realizador se empenhou de alma e coração, quer como artista como português. Ele e a sua equipa. A série foi produzida pela Thrust Media em parceria com  a  nossa televisão pública. 

Os primeiros episódios ainda são narrados por António-Pedro Vasconcelos, entretanto substituído pelo jornalista e radialista Adelino Gomes, hoje com 79 anos. Ambos estavam no Largo do Carmo, no 25 de Abril de 1974.

A RTP1 dá hoje o último episódio.
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 RTP > Programas > A Conspiração > Episódio n.º 9 > Hoje na RTP1, 10 de junho de 2024, às 21: 01 >

Episódio 9 de 9 | Sinopse:

Após o golpe falhado de 16 de março (episódio nº 8), tudo parecia perdido. No entanto, o movimento não desiste e entra em total clandestinidade preparando o golpe que derrubaria o Estado Novo e devolveria a liberdade aos portugueses, em 25 de Abril de 1974.

Elenco: Adelino Gomes

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Próximas emissões:

10 Jun 2024 21:01 RTP1 | 10 Jun 2024 21:01 RTP Internacional | 13 Jun 2024 02:35 |
RTP Internacional América | 13 Jun 2024 15:15 RTP Internacional Ásia

Rever na RTP Play os episódios anteriores

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25621: Os 50 anos do 25 de Abril (27): "A Academia Militar, os Seus Militares e a Revolução dos Cravos", Exposição relativa aos 50 anos do 25 de Abril na Academia Militar

Vd. também:

3 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25598: Os 50 anos do 25 de Abril (25): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 8º (e penúltimo) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/06/guine-6174-p25598-os-50-anos-do-25-de.html

sábado, 8 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25618: Casos: a verdade sobre... (43): sim, a situação político-militar agravou-se em 1973/74, no CTIG, mas o PAIGC não fez a declaraçáo unilateral de independència... em Madina do Boé: um erro toponímico sistemático que a nossa historiografia militar anda a replicar há meio século...

 

Imagem de satélite (Cortesia de Google Earth)  com indicação de algumas das tabancas situadas na região oriental do Boé. Refere-se, também, Tiankoye, situada em território da República da Guiné, local por onde circularam as forças do PIAGC que atacaram Madina do Boé, em 10 de Novembro de 1966, e onde morreu o cmdt Domingos Ramos (1935-1966). 

Lugajole, Vendu-Leidi e Lela (esta já no território da Guiné Conacri) estão mais próximos do local "misterioso" onde o PAIGC fez a declaração unilateral da independência, a única zona acidentada da Guiné- Bissau (com pequenas colinas que chegar aos 100, 200 e até 300 metros, nas falda do Futa Jalon)... 

Madina do Boé, seguramente, é que não foi o "berço da Nação", embora desse mais jeito ao PAIGC para efeitos propagandísticos...  De Madina do Boé até á fronteira (passando por Vendu-Leidi), a leste, são 70 km, em linha reta. Para sul, são 10 km. (Vd. mapa da antiga província da Guiné, 1961, escvala 1/500 mil)

Naquele tempo não havia GPS, as fronteiras eram porosas, o Boé não tinha estrada para a fronteira a leste (nem picadas transitáveis em plena época das chuvas como era o caso em setembrto de 1973)... 

E todas as testemunhas (os protagonistas) do lado do PAIGC já morreram: o Luís Cabral não se lembrava do nome da tabanca mais próxima, o Vasco Cabral dizia que era Vendu Leidi... Fica a amnésia da História (e de um povo).. .

De qualquer modo, era preciso "ter lata"  para declarar "urbi et orbi" a independência da Guiné... num país estrangeiro. Mesmo assim estava garantida, na ONU, o reconhecimento imediato da nova república logo por cerca de 80 países... 

Foi a grande jogada de mestre do Amílcar Cabral desenhada antes de morrer... E o pior erro estratégico de Spínola, ainda "periquito",  a retirada das NT do Boé (Beli, Madina e Cheche).  E acresente-se: do Hélio Felgas, profundo conhecedor do território, mas que subestimou a importância do Boé para a logística e a propaganda do PAIGC.... De qualquer modo, quem não tinha cão, caçava com gato (*)...

Infografia: Jorge Araújo (2021). Legenda: JA/LG












Painel, reproduzido com a devida vénia, da exposição "MFA 25A - O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril", Lisboa, Gare Marítima de Alcântara (Abril-junho de 2024)

1. A propósito da exposição "MFA 25A - O Movimento das Forças Armadas e o 25 de Abril" (**). que está a decorrer na Gare Marítima de Alcàntara, em Lisboa, de 14 de abril a 26 de junho de 2024 (no horário  das 14h00 às 20h00, de quarta feira a domingo), já chamámos a atenção para um erro factual imperdoável: dar Madina do Boé como local onde o PAIGC proclamou a independência unilateral da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973 (ver imagem do painel, acima reproduzida, com o topónimo sublinhado a vermelho, por nós)

Não sabemos de quem é a autoria do texto. Pode ser um deslize, mas é lamentável.  Hã anos que temos batalhado, aqui no nosso blogue, contra este "embuste histórico" do PAIGC, infelizmente replicado  por historiógrafos militares e jornalistas portugueses, para não falar de académicos, uns e outros pouco ou nada conhecedores da geografia  da região do Boé. (*).  

Fica aqui o nosso protesto: damos importância, no nosso blogue, à "verdade factual" (***)... De qualquer modo, continuamos a aconselhar a visita à exposição, a qual, de resto, utiliza alguns materiais do nosso blogue (fotos do Jose Casimiro Carvalho e do Miguel Pessoa).
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

5 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22106: Um olhar crítico sobre o Boé: O local 'misterioso' da proclamação solene do Estado da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973, em plena época das chuvas - Parte I: A variável "clima" (Jorge Araújo)

21 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22122: Um olhar crítico sobre o Boé: O local 'misterioso' da proclamação solene do Estado da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973, em plena época das chuvas - Parte II: Missão a Gaoual (Jorge Araújo)

12 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22275: Um olhar crítico sobre o Boé: O local 'misterioso' da proclamação solene do Estado da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 1973, em plena época das chuvas - Parte III: A Brigada de Fronteira de Gaoual e o apoio no controlo dos movimentos na Região de Lela em novembro de 1966 (Jorge Araújo)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/06/guine-6174-p22275-um-olhar-critico.html

Mas também:


20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3920: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (2): Opção inicial, uma tabanca algures no sul, segundo Luís Cabral (Nelson Herbert)

1 de março de  2009 > Guiné 63/74 - P3955: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (3): O local estava minado e o PAIGC sabia-o (Jorge Félix)

17 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4042: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (4): Ajudas de memória (Abreu dos Santos)

9 de outubro de  2009 > Guiné 63/74 - P5079: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (5): Lugajole, disse ele (Luís Graça)


(***) Último poste da série > 24 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25104: Casos: a verdade sobre... (42): O "making of" do livro do Amadu Djaló (1940 - 2015), "Guineense. Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il.) (Virgínio Briote)