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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26025: S(C)em Comentários (48): O quarto dos horrores... no "Anexo de Campolide" do HMP (Excerto do livro "Cabra Cega", 2015, de A. Marques Lopes, 1944-2024)


Guiné > Bissau > HM 241 > c. maio/ junho de 1972 > Gravemente ferido em combate, em 14/5/1972, o José Maria Pinela esteve aqui internado dois meses, sendo sendo evacuado para o HMP, em Lisboa donde teve alta em 6/4/1973. É hoje DFA (Deficiente das Forças Armadas).

É caso para perguntar;: quantos de nós passaram por aqui ? quantos cá morreram ? quantos foram transferidos para o HMP ? quantos foram parar ao "Texas", o "Anexo de Campolide" ? quantos passaram por Alcoitão ? quantos "viajaram" até Hamburgo?

Foto (e legenda): © José Maria Pinela (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Não temos falado aqui suficientemente e em voz alta (!) dos nossos "hospitais militares" (o HM 241, Bissau, o HMP, Lisboa, incluindo o seu famigerado "Anexo de Campolide", o Centro de Reabilitação de Alcoitão, que pertencia à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Hospital Militar de Hamburgo, e outros "pesadelos") (*)

Este excerto do livro do A. Marques Lopes ("Cabra Cega, 2015) merece ser relido e comentado (**). Não pode passar sem comentários. E se tiver cem comentários, melhor, é sinal que ainda estamos vivos... (***).


O quarto dos horrores... no "Anexo de Campolide" do HMP

por A. Marques Lopes


(...) À medida que ia andando espreitava para os quartos e camaratas. O que via deixava-me estarrecido e sem fala, não havia palavras perante tal panorama. Havia alguns que pareciam melhor, mas vi homens sem pernas, outros sem braços, uns cegos e, destes, alguns sem mãos ou sem braços também. Ainda bem que não era para falar com eles que ia. Só de ver já era impressionante. Se tivesse de os ouvir contar como foi, estavam stressados de certeza, devia ser terrível.

Ia tão com intenção de só ver o Fragata que não me passara pela cabeça que, no quarto dele, podia encontrar igual panorama. E encontrei mesmo quando lá cheguei e vi as quatro camas. 

Fiquei especado à porta, atónito. O Fragata estava com uma perna engessada, numa cama estava um sem mãos e a cara com manchas esverdeadas, noutra um sem pernas e, fora o que me deixara estarrecido, vi numa das camas um tronco de homem com uma cabeça.

(...) Enquanto falava com o Fragata, ia dando umas miradas aos outros que lá estavam e via-os interessados na conversa. Acabei por ficar familiarizado com aquele ambiente e mais calmo. Senti-me mais à-vontade.

 – Como é que foste ferido?  –perguntei ao que não tinha mãos.

 – Era o furriel de minas e armadilhas e… já sabe. Estava a desmontar uma armadilha e ela rebentou-me nas mãos.

– Aí o Quim está fodido. Nem uma punheta pode bater – disse o Fragata.

E riu-se, o sem pernas também. Menos o tronco com cabeça. Mas o Quim não se desmanchou.

 
– Trabalho mais e melhor sem mãos do que vocês com elas. Quando a minha Zulmira cá vem vocês vêem bem quanto tempo passo com ela ali no quarto do truca-truca.

Admirei-me pois não imaginava que a tropa se preocupasse em cuidar desse aspecto com os feridos que ali tinha. Se calhar era um esquema organizado por eles, também podia ser. 

Virara-me para o que não tinha pernas e ia-lhe perguntar mas ele antecipou-se.

 
–Era condutor auto-rodas e uma mina que rebentou por baixo da GMC,  levou-me as pernas. Mesmo assim, meu alferes, tive mais sorte que ali o Casqueiro  – apontou para o de tronco e cabeça. – Ele conduzia um Unimog, que é muito mais leve, e a mina levou-lhe tudo. Pernas, braços e tomates. E até o deixou surdo.

Fiquei silencioso. Além dos mortos, até tinha entre eles uns amigos, havia estes jovens com a vida desfeita, sem hipóteses do futuro que podiam vir a ter se não os metessem naquela guerra. O Casqueiro sobretudo. Estava ali, rosto fixo sem ouvir nada da conversa deles. Era um homem-saco só podendo abrir a boca para lhe meterem comida e água. Já reparara que devia ter uma fralda, de certeza que era onde fazia as necessidades. As deste muito mais, mas os outros também tinham ficado com grandes limitações. O Fragata safara-se, e graças ao inimigo. À vista disto já não era a estupidez ou as barbaridades como se fazia a guerra que me perturbavam, era a guerra em si, e sobretudo esta sem sentido que deixava tantos sem futuro.

(,,,) Os outros notaram como eu estava. O Fragata quis amenizar. Era palerma, às vezes, mas era bom rapaz. Eu sabia disso.

– Eu aqui, meu alferes, sou o anjo deles  – disse –. Ali ao Quim sou eu que lhe abro a carcela quando ele quer mijar. Mas não lhe pego na gaita! – os outros riram-se.  – O Fragoso não, que o gajo tem mãos para arrear as calças. O Casqueiro não é preciso tratar dele, ele faz tudo sozinho  – riram-se todos. – Tenho é que chamar o enfermeiro quando o gajo se borra e mija todo. É cá um pivete!  – os outros riram-se novamente. –  E à noite? Nem queira saber.  Quando estes gajos se põem a sonhar com minas e emboscadas não me deixam dormir. Tenho de os acordar e chamar o enfermeiro para lhes espetar uma agulha.

Já vira, já vira a malta inutilizada e traumatizada ali despejada. Aquelas piadas eram um intervalo curto nas suas horas longas de angústia e desespero. Tinha de sair dali.

–  Vou-me embora. Mas antes diz-me lá, ó Fragata, ainda bebes mijo?

– Não goze comigo, meu alferes. Agora é só cerveja.(....)

(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)

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Nota do editor:

(*) Vd. postes de:


17 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24074: (De) Caras (195): Em 1975, cinco anos depois, saí do Hospital Militar Principal com as marcas da mina A/P, armadilhada, que me mudou completamente a vida: estava destroçado, cego, sem a mão direita e com dois dedos na mão esquerda (Manuel Seleiro, 1º cabo, Pel Caç Nat 60, DFA, São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70)

26 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22847: Memória dos lugares (434): Hospital Militar de Hamburgo, onde estiveram internados, para tratamento e reabilitação, camaradas nossos deficientes como o Quebá Soncó (CCAÇ 1439) e o António Dias das Neves (CCAV 2486): não se sabe quantos, mas devem ter sido algumas centenas de um total de mais de 1800 "amputados", entre 1964 e 1974

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20986: Efemérides (326): Foi há 48 anos: fui gravemente ferido no decurso da Op Dargor, evacuado para o HM 241, em Bissau, e depois para Lisboa, o HMP (José Maria Pinela, ex-1º cabo trms, CCS/BCAV 3846, Ingoré, 1971/73), hoje DFA


Guiné > Bissau > HM 241 > c. maio/ junho de 1972 > Gravemente ferido em combate, em 14/5/1972, o José Maria Pinela esteve aqui internado dois meses, sendo sendo evacuado para o HMP, em Lisboa donde teve alta em 6/4/1973. É hoje DFA (Deficiente das Forças Armadas).

Fotos (e legenda): © José Maria Pinela (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. José Maria Pinela (DFA), ex-1.º cabo trms, CCS/BCAV 3846 (Ingoré, 1971/73), membro nº 685 da Tabanca Grande (desde 4 de maio de 2015) (*)

(i) assentou praça em Elvas,  BC 8, na 3.ª Companhia de Instrução do 3.º Turno de 1970, onde fez a recruta;

(ii) em Lisboa, no BC 5, fez a especialidade de Transmissões de Infantaria:

(iii) seguiu para Portalegre, BC 1, onde permaneceu até à mobilização  ("por sinal no dia dos meus 22 anos, 16 de Fevereiro");

(iv) daqui partiu para Estremoz, BC 3, a fim de formar Batalhão;

(v) foi colocado na  CCS / BCAV 3846, como 1.º  cabo trms;

(vi) a madrugada do dia 3 de Abril de 1971, o batalhão seguiu para  a Lisboa,  embarcando no T/T  Angra do Heroísmo, com destino à Guiné:

(vii) chegada a Bissau no dia 9 de abril de 1971;

(viii) depois de um mês no Cumeré, para a IAO, partiram  para a nossa zona operacional, duas companhias para o Ingoré, incluindo a CCS, outra para São Domingos e outra para Susana-Varela;

"Decorreu o resto do ano de 1971 conforme se pôde, até que entrou o ano de 1972 que começou mal como o ano anterior. A 14 de maio caímos numa emboscada, onde fui ferido e evacuado de helicóptero para o HM 241, em Bissau, onde permaneci durante cerca de dois meses, e de onde acabei por ser evacuado por via aérea para o Hospital Militar, Anexo em Campolide, de onde saí como DFA, no dia 6 de Abril de 1973, dado como incapaz para todo o serviço militar e apto parcialmente para o trabalho".

O BCAV 3846 regressou à metrópole a 13 de março de 1973. O pessoal tem vindo a realizar o seu convívio anual.


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Sedengal, Ingoré e mata de Canchungo, junto à fronteira do Senegal, entre os marcos 143 w 139.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


2. Para relembra esta fatídica efeméride, o 14 de maio de 1972, o camarada Pinela publicou, na página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça as quatro fotos acima reproduzidas,  mais a seguinte mensagem:

Olá,  camaradas de armas, ex-combatentes da Guiné! Bom dia a todos.

Faz hoje precisamente 48 anos, 14 de maio de 1972, começo do dia às 3 horas da manhã em Ingoré, operação Dargor, destino mata do Canchungo entre os marcos de fronteira norte 139-143, cerca das 8 da manhã primeira emboscada, onde eu fui atingido de imediato, era um alvo a abater logo de início, posto rádio Racal às costas, AVP 1 ao pescoço e todo o material que nos equipava. 

Aí começa toda a odisseia até à chegada dos Fiat G-91, do heli canhão e do heli de evacuação que me levou até HM241, em Bissau.

Aí chegado, fui recebido por uma equipa extraordinária que me salvou a vida, e não só, também alguns membros!

Sobrevivi até hoje felizmente, já outros não tiveram a mesma sorte e por lá perderam a vida ou partes do corpo! Para nada!!!

Aqui ficam algumas fotos desse domingo, 14-05-1972.(**)
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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20496: Feliz Natal de 2019 e Bom Novo Ano de 2020 (18): José Pinela, ex-1º cabo, CCS/BCAV 3846, Os Grifos (Ingoré, 1971/73), DFA




1. Mensagem do José Pinela[ex-1.º cabo trms, CCS/BCAV 3846,  Ingoré, 1971/1973; DFA ]


Para todos os camaradas ex combatentes da Guiné e seus familiares, desejo um Santo e feliz Natal, assim como um ano de 2020, com muitas esperanças de que seja melhor do que o que está a terminar.

José Maria Pinela, BCAV 3846, Os Grifos, Ingoré, 71-73)

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Nota do editor:

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18140: Feliz Natal 2017 e Melhor Bom Ano Novo 2018 (12): mensagens de Adolfo Cruz, Jorge Cabral, A. Marques Lopes, José Pinela, Mário Leitão, António Manuel Sucena Rodrigues, Carlos Alberto e Irene Cruz



O presépio em 2017... Um diorama muito original de que desconhecemos a autoria, mas que nos chegou pelo correio do Adolfo Cruz... [Com a devida vénia ao autor desconhecido]´



1. Mensagem de Adolfo Cruz

[ex-fur mil at inf, CCAç 2796 (Gadamael, Vicente da Mata, Ome (Bijemita), Quinhamel, Biombo e Bissau, 1970/72)]:

Meus Amigos,
Renovo os meus votos de Boas Festas, com Saúde e Felicidade.

Se tudo correr bem, como planeado, beberemos um copo em 18 de janeiro 2018 [, na Tabanca da Linha].
Abç





2. Mensagem de Jorge Cabral

[ex-af mil art, Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71] (foto da esquerda, ao centro, de pé];

[tem 200 referências no blogue];

[é mais conhecido como "alfero Cabral"]

 Para ti.  Luís,  e para todos os Camaradas, 

desejo que encontrem o Natal dentro de vós 
e o partilhem na Amizade, no Amor e na Solidariedade. 

Abraço Todos. Alfero Cabral


 3. Mensagem de A. Marques Lopes:

[coronel DFA, na reforma, ex-alf mil, CART 1690, Geba, e CCAÇ 3, Barro (1967/68)];


[tem 230 referências no nosso blogue];

[lisboeta, vive em Matosinhos]:

Tchim, tchim, boas festas!

4. Mensagem de José Maria Pinela 

[DFA, ex-1.º  cabo trms, CCS/BCAV 3846, 
 Ingoré , 1971/1973]

Feliz Natal, próspero Ano Novo!


5. Mensagem de Mário Leitão:

[ hoje farmacêutico reformado, ex- Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e 
Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973];


[ natural de Ponte de Lima, autor do livro "História do Dia do Combatente Limiano"]Ao quinto dia de cama [, a 24,], aguentando heroicamente os tremeliques da febre, aqui vos desejo um Natal Feliz e um Ano Novo muito promissor! 
Com um abraço, sem contágio!




6. Mensagem de António Manuel Sucena Rodrigues

[ex-fur mil, CCAÇ 12,
Bambadinca e Xime, 1972/74;

[hoje, engenheiro, vive em Oliveira do Bairro]


Um Feliz Natal para todos os amigos e um Ano de 2018 que, quando chegar ao fim, vos traga a satisfação de terem atingido todos os objetivos.



[Carlos Alberto Rodrigues Cruz [foto à direita, na Tabanca da Linha, com a esposa Irene, em 19/3/2015;

[ex-fur mil, CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66]

Não precisamos de presentes de Natal, porque vocês, nossos amigos, são o melhor que algum dia recebemos.


Feliz Natal e Bom Ano de 2018.

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Nota do editor:

 Último poste da série > 23 de dezembro de 2017 > Guiné  61/74 - P18130: Feliz Natal 2017 e Melhor Ano Novo 2018 (11): Ex-Cap Mil Jorge Picado; ex-Fur Mil TRMS Luís Fonseca; 1.º Ten RN Manuel Lema Santos; ex-Fur Mil Carlos Vieira; ex-Sold At Art Jaime Mnendes; ex-Alf Mil Op Esp Joaquim Mexia Alves; ex-Fur Mil Cav Benito Neves e ex-Alf Mil Inf Domingos Gonçalves

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14565: Tabanca Grande (461): José Maria Pinela (DFA), ex-1.º Cabo TRMS da CCS/BCAV 3846 (Ingoré, 1971/73) - Tabanqueiro n.º 685

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, José Maria Pinela (DFA), ex-1.º Cabo TRMS da CCS/BCAV 3846, que esteve em Ingoré entre 1971 e 1973, com data de 29 de Abril de 2015:

Olá boa tarde caros camaradas da Tabanca Grande, 

Sendo meu desejo aderir ao grupo, venho assim pedir a minha adesão, se para isso reunir as condições. 

Vou anexar as fotos da praxe, assim como um pequeno texto para de apresentação, não sei se é o suficiente ou não.

Deixo á vossa consideração. 

Abraços
José Maria Pinela

************

2. Camarada Luís Graça

Permite-me um abraço de apresentação.
O meu nome é José Maria Pinela e sou ex-combatente da Guiné, BCAV 3846, 1971/73.

É então no intuito de entrar para o grupo Luís Graça & Camaradas da Guiné que hoje resolvi pedir a adesão uma vez que sou visitante quase diário do Blogue e, desde já, quero elogiar o trabalho desenvolvido.

Assim sendo vou passar a descrever o meu percurso militar como prova de apresentação.

Assentei praça em Elvas, BC 8, na 3.ª Companhia de Instrução do 3.º Turno de 1970, onde fiz a Recruta. Finda esta segui para Lisboa, BC 5, onde fiz a Especialidade de Transmissões de Infantaria. Terminada seta segui para Portalegre, BC 1, onde permaneci até à mobilização (por sinal no dia dos meus 22 anos, 16 de Fevereiro) de onde parti para Estremoz, BC 3, a fim de formar Batalhão na CCS do BCAV 3846, como 1.º Cabo de Transmissões.

Na madrugada do dia 3 de Abril de 1971, rumámos a Lisboa, Cais de Alcântara, onde nos esperava o navio Angra do Heroísmo, que cerca do meio-dia rumou à Guiné, onde chegámos no dia 9 de Abril de 1971.

Depois de um mês no Cumeré, para o IAO, partimos para a nossa zona operacional, ou seja, duas Companhias para o Ingoré, onde eu estive incluído, outra para São Domingos e outra para Susana-Varela.

Decorreu o resto do ano de 1971 conforme se pôde, até que entrou o ano de 1972 que começou mal como o ano anterior. A 14 de Maio caímos numa emboscada, onde fui ferido e evacuado de helicóptero para o HM 241, em Bissau, onde permaneci durante cerca de dois meses, de onde acabei por ser evacuado por via aérea para o Hospital Militar, Anexo em Campolide, de onde saí como DFA, no dia 6 de Abril de 1973, dado como incapaz para todo o serviço militar e apto parcialmente para o trabalho.

O pessoal que restou do Batalhão regressou à Metrópole a 13 de Março de 1973, com o qual vou mantendo contacto até hoje através do convívio anual que se realiza no domingo mais próximo do dia 13 de Março, data de aniversário da chegada.

Foi este o meu percurso militar
José Maria Pinela


Cais de Ingoré

Foto: © Arménio Estorninho


3. Comentário do editor

Caro camarada Pinela:

Sê bem-vindo à nossa Tabanca Grande onde há sempre lugar disponível para mais um camarada ou amigo da Guiné. É com prazer que te recebemos.

Pelo que nos acabas de contar, foste um dos desafortunados que não conseguiram passar incólumes por aquela guerra. Tiveste a infelicidade de ser ferido durante uma emboscada, tendo ficado marcado fisicamente para sempre. Esperamos que a incapacidade que referes não te impeça de fazeres uma vida "normal", considerando este conceito o mais lato possível.

Já sabes que ficamos ao teu dispor para receber as tuas memórias escritas e/ou fotográficas que ficarão a ser espólio de guerra para consulta futura. É este um dos nossos objectivos. Outros serão a troca de impressões e conhecimentos baseados na experiência de cada um de nós, salvaguardando uma ou outra imprecisão, fruto do tempo já decorrido. Entre todos havemos de deixar algo que seja útil quando nós já cá não estivermos.

Ficaremos ao teu dispor para qualquer esclarecimento, mas na aba esquerda da nossa página podes consultar: "O que nós (não) somos... Em dez pontos" e "Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné: Política editorial".

Resta-me deixar em nome dos editores e da tertúlia deste Blogue um abraço de boas vindas.

O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14554: Tabanca Grande (460): Nuno Nazareth Fernandes, que foi alf mil do BENG 447 e radialista em Bissau, 1972/74... Senta-se à sombra do nosso poilão, cabendo-lhe o lugar nº 684