Mostrar mensagens com a etiqueta Fafe. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fafe. Mostrar todas as mensagens

sábado, 6 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23501: In Memoriam (443): Maria Aldina G. O. Marques da Silva (Fafe, 1946 - Lourinhã, 2022), esposa do Jaime Silva (ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72): o funeral é em Fafe, amanhã, domingo, às 12h00


Lourinhã > Ribamar > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > O Jaime e a Dina, ambos professores, já então reformados, e dividindo o seu tempo entre a Lourinhã e Fafe. Ela era de Fafe, ele, do Seixal, Lourinhã. Em Fafe o Jaime Silva foi autarca, tendo tido o pelouro da cultura e desporto no respetivo município. O casal vivia nos últimos anos no Seixal, Lourinhã.  E, apesar da doença que a afetava, a Dina ainda acompanhava o marido e convivia com os amigos, até 2019. Sempre impecavelmente cuidada, resguardada  e protegida  pelo seu "anjo da guarda". 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Praia da Areia Branca > 7 de julho de 2018 > Dina e Jaime

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Seixal > 17 de julho de 2019 >   A Dina, na festa do 73º aniversário do Jaime


Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. A Dina acaba de morrer esta noite. De seu nome completo, Maria Aldina Gonçalves de Oliveira Marques da Silva, nascida em 24 de fevereiro de 1946, em Fafe. Há dois anos e tal, desde o início da pandemia de Covid-19, que estava internada, no Lar Vida Maior, na Maceira, união das freguesias de A-dos-Cunhados e Maceira, Torres Vedras,  Sofria, há mais de dez anos, de uma doença crónica degenerativa, a doença de Alzheimer (perda progressiva da função mental, caracterizada pela degeneração do tecido do cérebro). 

O corpo seguiu hoje para a sua terra natal, Fafe, Depois do velório, será celebrada amanhã, dia 7, missa de corpo presente às 12 horas, na Igreja Matriz  de Fafe. Os seus restos mortais ficarão sepultados no cemitério local. 

 Deixa viúvo o nosso amigo, conterrâneo e camarada Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72), membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo) (com sede em Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã).

Tinha 76 anos. O Jaime foi um herói e um santo, e um exemplo para todos nós, cuidando dela de modo inexcedível, ao longo de mais de uma dezena de anos. Ela era de Fafe, professora do ensino secundário, depois de ter leccionado antes na Lourinhã, como professora do ensino primário nos primeiros anos da década de 1970. O Jaime viveu em Fafe  durante cerca de 4 décadas, fez lá sua vida, como professor de educação física, e foi autarca com o pelouro do desporto e cultura. O casal tem dois filhos, ambos doutorados, e um neto.

Vou dar ao Jaime, que eu tratao como mano, um abraço solidário na dor, que espero seja partilhado pelos membros do blogue onde ele tem bons camaradas e amigos. Chegou ao fim o sofrimento da família. É altura agora de fazer o luto e guardar, para a posteridade, as melhores memórias de uma vida, cheia de alegrias mas também de tristezas. E deixo aqui, no blogue dos amigos e camaradas da Guiné, dois textos dedicados a ambos, um escrito há quatro  anos por  oacasião do 72º aniversário da Dina, e outro mais recente (e inédito),  um poema escrito para ser cantado, com a música da chilena Violeta Parra, por ocasião 
do 76º aniversário do Jaime, em 17/7/2022.


2. “A balada do amor” foi uma gracinha do Luís Graça, uma pequena homenagem à Dina e ao Jaime, em dia de festa de 72º aniversário da Dina, em 24 de fevereiro de 2018, celebrada no Restaurante Braga, Vimeiro, Lourinhã,,,

"Porque recordar é preciso, é viver duas vezes!",  disse eu nesse dia. E lembrei, perante os presentes (dezenas de familiares e amigos), o seguinte:

(...) "Conheço o Jaime há mais tempo do que a Dina, mas conheci a Dina primeiro que o Jaime, pelo mero acaso das circunstâncias: eu tinha vindo da guerra da Guiné, um ano antes, em março de 1971; o Jaime acabou a sua comissão de serviço militar em 1972 mas ficou em Angola até 1974; a Dina viera trabalhar para a Lourinhã e cá acabou por deixar o seu coração . (...)

(...) A verdade é que, um belo dia, roubou-nos o Jaime e levou-o para Fafe… Felizmente, para nós, seus familiares e seus amigos quase quatro décadas depois, ela devolveu a "encomenda" (o Jaime, claro, inteiros e  mais ou menos bem conservado) à sua origem, à sua terra natal. Mas para que não se perdesse, pelo caminho, acompanhou-o e por cá, pelo Seixal da Lourinhã,  tem ficado…

(...) São dois grandes amigos, nossos, meus e da Alice, as duas são nortenhas, e nós dois sulistas… (com u). E tem sido um privilégio conviver agora mais, com eles, nestes últimos anos.

Permitam-me, pois, estas liberdades poéticas que resultam da cumplicidade da amizade, e têm o propósito de homenagear, de maneira singela, neste dia, dois grandes seres humanos, numa fase da vida deles, em que mais do que nunca precisam dos nossos miminhos e carinhos.

Pessoalmente fico muito feliz por ver aqui a sua grande família, toda junta, a nortenha e a sulista, a de Fafe e da Lourinhã, Irmãos, cunhados, filhos, genro e nora, sobrinhos, sem esquecer o ai-Jesus que  agora é neto, o rei David, e todos os demais amigos do peito.

Aqui vai a melhor prenda que eu lhes posso dar, a eles e a todos vós, e que são os meus versinhos (...) Neles vão todo o meu afeto, a minha amizade e  o meu apreço por este casal de professores, cuja vida foi (e é) uma grande lição de grandeza humana, generosidade e amor. (...)

Não se assustem, são apenas 12 quadras, de sete sílabas métricas, 48 versos, que o tempo e a inspiração não deram para mais…


Balada do amor: para a Dina & o Jaime

1. 
Hoje há festa no Vimeiro,
Faz anos a nossa Dina,
E o Jaime é o primeiro
A saudar sua … menina.

2. 
A saudar sua menina,
Que de Fafe é cidadã,
E que, lesta e ladina,
Veio cedo p’ra… Lourinhã.

3. 
Veio cedo p’ra Lourinhã,
Terra de mouro encantado,
E sem ter um grande afã,
Encontrou um bravo… soldado.

4. 
Encontrou um bravo soldado
Que lá da guerra voltava
E que logo foi emboscado,
Quando as feridas… sarava.

5. 
Quando as feridas sarava,
Mais da alma que do corpo,
Logo a Dina lhe ensinava
Que o amor é um… heliporto.

6. 
Que o amor é um heliporto,
Em Fafe, terra afamada,
Onde há cultura e desporto,
… “Mas só volto mulher… casada!”

7. 
“Mas só volto mulher casada,
Com a bênção dos meus pais,
Trata lá da papelada,
Que eu tenho pressa… demais”!

8. 
Que eu tenho pressa demais,
Ó meu querido paraquedista,
E até escrevo p’rós jornais,
Que és bom rapaz e… sulista.

9. 
Que és bom rapaz e sulista,
E melhor apessoado,
Cuidado, cortam-te a crista,
Se fores mal… comportado.

10. 
Se fores mal comportado,
Lá na festa de Antime,
Nunca s’rás avô babado,
De um neto como o … David.

11. 
De um neto como o David,
Que há de ser um campeão,
Já veste calções e bibe,
É do amor uma lição.

12. 
É do amor uma lição,
Este par Dina & Jaime,
Parabéns, chicoração,
E eu acabo… “just in time”!

Luís Graça

Lourinhã, Vimeiro, restaurante Braga, 24 de fevereiro de 2018.

3. Homenagem ao Jaime, por ocasião do seu 76º aniversário natalício (17 de julho de 2022)

Gracias a la vida, Jaime…

Gracias a la vida que te ha dado tanto…
Deu-te uma família, tão linda e querida,
E de quem bem cuidas, com enlevo e encanto,
Mesmo que, por vezes, de alma sofrida.
... Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Gracias a la vida que te ha dado tanto…
Das boas e más memórias da infância,
Mais do seminário, da guerra... e nem santo,
Nem herói te fez a tua circunstância.
...Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Como é bom chegares à idade serena
Em que todo o sonho não é pesadelo,
Tudo afinal ainda vale a pena.
E como é bom, Jaime, ouvires este canto,
Sentindo este verso como vero e belo:
Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã, 
em data a anunciar (a surpresa, por parte dos amigos, sendo a ideia inicial da sua filha Sofia,  estava prevista  para o dia 24 de julho de 2022, um semana depois da festinha em família, mas o aniversariante ficou de cama com a Covid-19, e a filha partiu para o Norte com o rei David...)

Letra: Luís Graça / Joaquim Pinto Carvalho / Rogério Ferreira

Música: Adaptada,  com a devida vénia, da canção Gracias a la vida (1966), da chilena Violeta Parra (1917-1967)

Voz:  Rogério Ferreira / Acompanhamento à viola: Joaquim Pinto Carvalho e Rogério Ferreira

__________


Nota do editor:

Último poste da série > 5 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P22496: In Memoriam (442): ex-alf mil médico Francisco Pinho da Costa (1937-2022), CCS/BCAÇ 1888 (Fá Mandinga e Bambadinca, 1966/68); oftalmologista, tinha 85 anos, vivia em São João da Madeira

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23449: Os nossos seres, saberes e lazeres (513): Retomadas as festividades à Senhora de Antime, em Fafe (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 18 de Julho de 2022, com a notícia das festividades à Sanhora de Antime, retomadas após o intervalo de dois anos por causa do Covid-19:

Bom dia caro camarada,
Para o nosso blogue aqui vai acontecimento de há longos anos importante em Fafe.

Um grande abraço,
Manuel Castro
(Tabanqueiro n.º 793)


A SENHORA DE ANTIME

A cada segundo domingo de Julho, em Fafe celebra-se o culto a Nossa Senhora de Antime, festa secular que, desconhecendo-se embora o seu início, sabe-se que já existia em 1736, isto é, há cerca de 300 anos.
Já por volta de 1860 Camilo Castelo Branco em “Memórias do Cárcere” descrevia: “A Senhora de Antime é de pedra e pesa com a charola vinte e quatro arrobas. Os mais possantes moços pegam ao banzo do andor…”

A tradição mantém-se tendo-se transformado na maior manifestação de fé deste concelho e uma das maiores do Minho. Dado a pandemia nos dois anos anteriores esteve suspensa sendo retomada este ano.

Assim, às dez horas saiu em procissão da Igreja Matriz de Fafe a charola da Senhora das Dores, aos ombros dos Bombeiros Voluntários de Fafe, acompanhados pelos grupos de escuteiros do concelho, em direcção à ponte de S. José, fronteira das freguesias de Fafe e Antime, onde se encontrará com a procissão que acompanha a charola da Senhora da Misericórdia, levada por dez valentões e uma multidão de fiéis.
Seguem daí rumo à Igreja Matriz, num percurso de mais de três quilómetros, ladeado de fiéis e de curiosos que à passagem aplaudem as Senhoras e após paragem em frente à Câmara Municipal para a recepção das autoridades municipais e largada de pombos, seguem para o seu termo na Igreja Nova de São José.
À tarde, pelas dezoito horas, dar~se-á o regresso da Senhora da Misericórdia à sua residência, Igreja de Antime.

Esta é uma festa religiosa que, como quase todas, tem a sua parte profana cujo início antecede a religiosa. Também ela de grande fama e muito concorrida.

____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23434: Os nossos seres, saberes e lazeres (512): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (59): De novo em São Miguel, é infindável a romagem de saudade - 4 (Mário Beja Santos)

domingo, 11 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22096: Os nossos seres, saberes e lazeres (447): A minha terra, Pica, onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 10 de Abril de 2021:


A MINHA TERRA

A minha terra, a Pica, obviamente, é o local onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM, o primeiro passo rumo à Guiné Bissau.

A Pica, é um lugar que se divide por duas freguesias do concelho de Fafe: São Gens e Quinchães. Outrora centro de passagem da estrada «romana» Chaves/Porto possuía uma estalagem, cuja construção e escadas em meia lua, de acesso ao primeiro andar, foram, há cerca de dois anos, lamentavelmente demolidas. Aqui, era paragem obrigatória para descanso dos transeuntes e mudança dos cavalos das diligências.

São Gens, a minha naturalidade, vem da idade média onde existiu o Mosteiro de S. Gens e S. Bartolomeu de Montelongo, fundado pelos beneditinos, datado do século XI e será de origem «românica». Diz-se ter pertencido ao Convento de S. Miguel de Refojos, em Cabeceiras de Basto, também beneditino mas, segundo o distinto medievalista Pe. Prof. Doutor José Marques, tratando da sua extinção, poderá ser de existência anterior e foi extinta no período de 13 07 1159 a 10 03 1165.

Adianta ainda, este insigne historiador, que São Gens constituiu, tanto na fase monástica como na de colegiada, uma das instituições mais importantes desta circunscrição eclesiástica e civil.

Em 1528 passaria a anexo da Colegiada de Guimarães, sendo mais tarde convertida em colegiada de Montelongo, primeira circunscrição originária do actual concelho de Fafe.

Presentemente, com excepção da porta lateral sul, pouco resta da primitiva construção «românica» da Igreja, devido às alterações efectuadas ao longo dos séculos.

Construída de fino granito, é a porta de volta redonda e quase desprovida de ornatos, pois os próprios capitéis das colunas que a ladeiam são apenas indicados por carrancas estilizadas.


Na parte posterior da igreja, ergue se, altivo, o «torreão sineiro», presumivelmente « medieval », em granito.

No adro, ainda hoje, com sinais de 4 campas, e no interior da igreja achavam se, no século XVIII e até mais tarde, (ainda me lembro de as ver), diversas sepulturas, algumas seguramente do século XIII.
No corpo superior ( lugar dos homens) uma campa com armas e letreiro, muito bem feito, de Francisco Alvares do Canto, cavaleiro fidalgo da Casa Real e Capitão Mor de Monte Longo.


____________

Nota do editor

Último poste da série de 10 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22090: Os nossos seres, saberes e lazeres (446): Quando vi nascer a Avenida de Roma (3) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P19948: (De) Caras (132): Manuel Barros Castro, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), natural de Fafe, nosso grã-tabanqueiro nº 793..... Assumiu a paternidade da sua filha guineense, Maria Biai Barros Castro (1964-2009): uma história aqui (re)contada por Jaime Silva


Manuel Barros Castro, nascido em Fafe, em 9 de outubro de 1940. Andou na escola Escola Industrial e Comercial de Fafe. Vive na sua terra natal.  Tem página no Facebook sob o nome de  Manuel Castro . Cinco anos depois do nosso convite, decidiu finalmente formalizar a sua entrada na Tabanca Grande. Senta-se, desde hoje, no lugar nº 793 (*).



O Manuel Barros Castro, quando jovem: é o primeiro da primeira fila, de cócoras, a contar da esquerda, de óculos escuros. Os restantes são amigos e/ou talvez familiares. Foto tirada em Cabo Verde ou na Guiné, s/d, da autoria de Guilhermino Teixeira. Faz parte do seu álbum (vd. página do Facebook do Manuel Castro).

Fotos (e legendas): © Manuel Barros Castro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



A história de Manuel Barros Castro, natural de Fafe (**)

 por Jaime Silva

[, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72], prof educação física ref, e ex-autarca, que  viveu em Fafe há cerca de 4 décadas, e que regressou agora à sua terra natal, Seixal, Lourinhã] [, foto à esquerda]

1. O Manuel Barros Castro esteve na Guiné e pertenceu á Companhia Operacional Independente, de atiradores de infantaria,  a CCAÇ 414, sediada em Catió, onde o pessoal se instalou em tendas de lona. Era furriel miliciano e tinha a especialidade de enfermeiro.

Desembarcou em Bissau no dia 21.3.63 e regressou a Portugal a 4.5.1965 [, mais de dois anos depois].

Formou companhia em Chaves, a qual esteve mobilizada para Moçambique, sendo à última hora desviada para a Guiné.

Nas conversas que, entretanto, ele fez o favor de ter comigo (eu conhecia a filha, mas não conhecia o contexto que tinha gerado a situação), ao falarmos do nosso relacionamento com as mulheres africanas, disse-lhe eu, a determinada altura:

“Até porque havia algumas facilidades de relacionamento pela facto de algumas se oferecerem para ser as nossas lavadeiras”.

“Não. Ela não era a minha lavadeira. Houve empatia entre os dois. Eu, como enfermeiro, dava apoio à população, distribuía medicamentos e foi nesta circunstância que a conheci”, disse, emocionado. “Emociono-me, sempre que falo neste período da minha vida”.

A gravidez foi problemática e, apesar de a jovem ser acompanhada por dois médicos militares, teve que ir para Bissau por falta de condições [, em Catió].

Em Bissau, para onde a companhia, a CCAÇ 414, se tinha deslocado temporariamente, soube, por uma tia da jovem, que esta estava hospitalizada e numa das vezes qua a visitou perguntou-lhe se ela concordava em entregar-lhe a filha, ao que ela respondeu que “só queria que ela seja branca”. Era uma jovem sem instrução que, embora não fosse católica, concordou em batizar a filha.

Após 16 meses no mato [, desde abril de 1963],  a companhia, em vez de ficar em Bissau como estava previsto inicialmente, foi parar a Cabo Verde [, em 28 de julho de 1964], alterando os planos do furriel Castro. Disse que já tinha tudo preparado para instalar a filha, conhecida já como “a menina da companhia” e protegida da esposa do comandante da companhia [, o cap inf Manuel Dias Freixo].

A menina nasceu a 16 de maio de 1964 e foi-lhe dado o nome de Lurdes Maria Biai Barros Castro. A Mimi, para a família e amigos.

A companhia esteve nove meses em Cabo Verde e , durante esse tempo,  a Mimi esteve, primeiro, internada num orfanato em Bissau, por interferência do bispo de Bissau, depois ao cuidado da madrinha, uma senhora nativa que era funcionária nos CTT de Bissau, para quem o Castro mandava mensalmente uma pensão.

Alguns anos depois de ter terminado a Comissão [, em maio de 1965], a madrinha da Mimi veio a Portugal, em 1969,  trazer a menina, cuja mãe, entretanto, falecera.

A Mimi fez o seu percurso escolar em Fafe, tal como os irmãos (um irmão e uma irmã), concluiu a Curso de professores do 1.º ciclo do ensino básico e, infelizmente, faleceu com 45 anos em setembro de 2009, de doença incurável, quando trabalhava numa escola do concelho da Póvoa do Varzim, em Maceira da Lixa.

O Manuel Barros Castro disse-me, ainda, que sempre se revoltou contra a falta de responsabilidade daqueles camaradas de armas que não assumiram os filhos que deixaram por lá, e foram muitos, tanto na Guiné como em Cabo Verde,

Contou-me um episódio, relativamente recente, em que uma mulher guineense, a residir nos Estados Unidos, filha duma situação ocorrida na sua companhia,  e que tinha descoberto a morada do pai, fez questão de vir a Portugal encontrar-se com o pai no aeroporto, só para lhe dizer: “eu sou sua filha, aquela mulher ali é a minha mãe. Eu não quero nada de si. Vim só para o conhecer. Passe muito bem!" [...]

2. Deu-me mais alguns pormenores que eu não sabia:

A filha, a Mimi, era casada com um colega professor e deixou uma filha de 11 anos que está a ser educada pelo pai, claro, mas com grande apoio dos avós. Aliás, frequenta a escola em Fafe.

Voltámos a falar da mentalidade da época, dos preconceitos sociais em relação à “cor” da pele e à rejeição social, sobretudo nas aldeias do norte e interior do país, a dificuldade em aceitar casos destes. Diz que sentiu bem os “olhares” quando a filha chegou. Aliás, quando se referiam à filha, perguntavam-lhe: “Então como vai a sua filha adotiva”?...  Ao que o Manuel Castro, disse, respondia perentório: “Eu não a adotei. A menina é mesmo minha filha”.

Disse-me, ainda, que no dia do funeral da filha, a madrinha (de quem já te falei) esteva em Portugal e esteve presente. Pois as pessoas, ainda então, “cochichavam ao ouvido” e perguntaram-lhe, mesmo, se ela não seria a mãe. Teve que esclarecer que mãe já tinha falecido e que a senhora era a madrinha da Mimi.

Lembrei-me da história do meu colega de escola, do Seixal, Lourinhã, de quem já te falei [, poste P12709]. Quando me deu o seu testemunho, disse-me que, algum tempo após o regresso à metrópole, teve saudades e pensou seriamente em mandá-los vir da Guiné, ao filho e à mãe. Mas, disse-me (na presença de mais dois conterrâneos, um deles esteve na Guiné, também) que recuou, com medo do que iriam dizer as pessoas !

Como tu bem dizes, não se deve julgar.

A propósito, o Castro disse-me, hoje, que nos encontros da companhia alguém (que ele identificou) lhe perguntou: “Trouxe a miúda, porquê?".

Caro Luís:

Uma história de vida edificante, sem dúvida. É exemplar e merece ser conhecida. (***)

Abraço, Jaime.
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19946: Tabanca Grande (482): Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414 (Guiné e Cabo Verde, 1963/65)

(**) Vd. postes de:

6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense,e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

27 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12780: Filhos do vento (29): Ainda a história do Manuel Barros Castro, natural de Fafe, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), e os preconceitos ainda hoje existentes (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

(***) Último poste da série > 1 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19935: (De)Caras (107): Um ninho de "lacraus", em Espinho, Silvalde, fevereiro de 1969, na véspera de partida para o CTIG (Valdemar Queiroz / Abílio Duarte, CART 2479 / CART 11, 1969/70)

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17594: Parabéns a você (1289): Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72


Lourinhã > Ribamar > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 >  O Jaime e a Dina, ambos professores,  já então reformados, e dividindo o seu tempo entre a Lourinhã e Fafe. Ela é de Fafe, ele, do Seixal, Lourinhã. Em Fafe o Jaime Silva foi autarca, tendo tido o pelouro da cultura e desporto no respetivo município. O casal vive agora permanentemente na Lourinhã. (Como se costuma dizer, o bom filho à casa torna.)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Jaime Bonifácio Marques da Silva, além de conterrâneo do nosso editor, é seu grande amigo e camarada. Foi alf mil paraquedista, BCP 21, Angola 1970/72. É membro da nossa Tabanca Grande. Tem 4 dezenas de referências no nosso blogue.

Faz hoje anos. E tem direito a soneto natalício... O "leitmotiv" é a expressão "mouro/sarraceno"... Conta ele que, em Fafe, amigos e adversários políticos, lembravam-lhe por vezes,  logo no início, a sua terra de origem, Lourinhã, conquistada aos mouros em 1147... E ele retorquia, com evidente sentido de humor,  que pior que os "mouros", ainda eram os "sarracenos"... É evidente que os termos são equivalentes, mas "sarraceno" tinha, no nosso tempo de escola, uma conotação mais pejorativa...

O Jaime passou uma boa parte da sua vida em Fafe, donde é natural a Dina, que ele conheceu na Lourinhã, depois do seu regresso de Angola. O casal tem dois filhos, doutorados. E o Jaime, como vereador no município de Fafe, deixou marcas no domínio da cultura, educação e desporto, incluindo campeões... Ele foi professor de educação física.  (LG).

Soneto para o Jaime
meu conterrêneo, amigo e camarada,
e para a sua querida Dina:
duplos parabéns,
do Luís (e da Alice)


Dom Jaime, fidalgo, de estirpe antiga,
Não nega sua origem sarracena
Ao pai da bela noiva, que é morena,
Celtibera e boa rapariga.

Em Fafe há lendas de moura encantada,
Na Lourinhã há moço que vale ouro,
E casadouro!… Que me importa se é mouro,
Quero é a Dina feliz e bem casada!


... Hoje há festa na casa do Seixal,
Faz anos Dom Jaime, o proprietário,
Mas a festa é dos dois, é do casal:

Diz o jornal de Fafe que vão ser avós!!!
Para ele, um feliz aniversário,
P’rós dois, xicoração... de todos nós!

Luís & Alice

_____________

Nota do editor:

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15937: Agenda cultura (474): Em Fafe, "terra justa", 4ª feira, dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representadas ao vivo pela Rosa Serra, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"






Programa do dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representada pela Rosa Serra, nossa grã-tabanqueira, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade". Estava prevista também a presença da da nossa camarada Maria Arminda, tendo sido entretanto cancelada por razões que desconhecemos.

Nesse dia, às 16h00, no Café Shake,  haverá também uma conversa sobre os refugiados, com a presença de Teresa Tito de Morais, cofundadora em 1991 (e hoje presidente) do CPR - Conselho Português para os Refugiados, e ainda de Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa.

Fonte: Câmara Municipal de Fafe. O programa mais detalhado, em pdf, foi-nos enviado pelo nosso grã-tabanqueiro, amigo e camarada, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72.

___________

Nota do editor:

Últimos postes da série > 

1 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)





1. Mensagem enviada pelo nosso camarada, grã-tabanqueiro, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 21 (Angola, 1970/72),  lourinhanense, professor de educação física reformado, antigo autarca em Fafe, "terra justa":


Imagem inserida no portal da Câmara Municipal de Fafe.
Reproduzida aqui com a devida vénia...
Sobre o evento "Terra Justa 2016",
clicar aqui para saber mais.
O CORPO DE ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS (1961-1974) VAI SER HOMENAGEDO EM FAFE NO DIA 6 DE ABRIL 2106, DURANTE O “II ENCONTRO INTERNACIONAL DE CAUSAS E VALORES DA HUMANIDADE”


De 5 a 9 de Abril, Fafe volta a receber o “Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”.

O “Terra Justa – Encontro internacional de Causas e Valores da Humanidade” é um evento internacional, que procura alertar, provocar e envolver as pessoas a refletir sobre a importância das causas e valores da humanidade.

De 5 a 9 de Abril, a cidade vai acolher conferências, tertúlias de café com convidados nacionais e internacionais, exposições de rua, animação de rua, debates, arte pública, entre muitas outras atividades.

Além da questão dos refugiados, vão ser ainda abordados temas como os direitos humanos em cenários de conflito, o valor da cultura e questões relacionadas com a religião. Durante cinco dias, a cidade vai ser inundada com factos, números, dados, textos e histórias reais que remetem para as causas globais e para os grandes valores da humanidade.

O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas que atuou no apoio aos militares feridos em combate durante a Guerra Colonial, será homenageado neste evento de grande significado, entre outras figuras e associações de grande prestígio nacional e internacional.

Penso que este “Tributo à memória”, promovido pela Câmara Municipal de Fafe, às Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas merecerá, certamente, de toda a sociedade e particularmente dos ex-combatentes da Guerra de África o nosso aplauso e o carinho da nossa gratidão.

Este será o tempo da gratidão e, mais uma vez, dizer: “PRESENTE”.

PROGRAMA

“TERRA JUSTA – II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”

Nota: O programa está sujeito a alterações. O nome dos intervenientes nas conversas de café e conferências/debates pode vir a ser mudado. Brevemente serão ainda indicados os nomes de todos os moderadores.

DIA 5 DE ABRIL – TERÇA-FEIRA

Pré-arranque do “Terra Justa” / Recordar a edição de 2015

14h30 – Animação de rua

15h00 – Inauguração do Jardim Maria Barroso, com a presença de Isabel Soares | Parque da Cidade

15h30 – Inauguração da exposição de arte pública “Caminho das Causas” e da exposição de rua “Luz ao fundo do túnel”

17h30 – Conferência Fundação Pro-Dignitate “A paz como missão”, com os convidados jornalista António Pacheco, dr.ª Isabel Soares, dr.ª Raquel Abecassis (RR), padre Villas Boas (TSF) e jornalista Celso Filipe (JNegócios) | Sala Manoel Oliveira

18h30 – Atribuição do Prémio “Jornalismo pela paz – dr.ª Maria de Jesus Barroso Soares”

21h30 – Apresentação do Livro “Terra Justa 2015”, pelo jornalista António Pacheco, diretor da Fundação Pro Dignitate

DIA 6 DE ABRIL – QUARTA-FEIRA

10h00 – Animação de Rua

10h30 – Conversa de Café “Gente que trata gente – ativismo humanitário”, com a enf.ª Rosa Serra e Joaquim Letria | Café Shake

Capa do livro "Nós, enfermeiras
paraquedistas" (Coord., Rosa Serra)
Porto: Fronteira do Caos Editores.
2015  (Há já uma 2º ed).
15h00 – “Um salto pela memória: Salto de Paraquedas do Regimento de Paraquedistas”, pela equipa de paraquedistas “Falcões Negros”

15h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pela enf.ª Rosa Serra e coronel José Aparício | Praça 25 de Abr
16h00 – Conversa de Café “Eu, tu e eles: Que mundo é este?”, com Teresa Tito de Morais

17h30 – Inauguração da exposição “Gente que tratou gente - Enfermeiras paraquedistas Portuguesas”, apresentada pelo major-general José Ferreira Pinto | Arquivo Municipal, Sala Serviço Educativo

21h30 – Conferência “Memória e tributo - Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas”, moderada por enf.ª Rosa Serra, enf.ª Maria Arminda, soldado Manuel Ferreira | Teatro Cinema de Fafe jornalista Joaquim Letria com a presença do general Luís Araújo – antigo Chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas de Portugal (CEMGFA), coronel José Aparício,

– Apresentação do livro “Enfermeiras Paraquedistas” por dr. Vítor Raquel | Teatro cinema de Fafe

DIA 7 DE ABRIL – QUINTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de Café “Refugiados e Deslocados – medos e mitos”, com frei Mussie Zerai e Tareke Brhane

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” por Agência Habeshia

15h30 – Inauguração da Exposição “EU EXISTO - missão Agenzia Habeshia” | Arquivo Municipal de Fafe

18h00 – Conversa de Café “As novas fronteiras de um novo mundo”, com Mussie Zerai e Carvalho da Silva

21h30 – Conferência de Homenagem a “Agenzia Habeshia – História e Missão”

DIA 8 DE ABRIL – SEXTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h00 – Conferência de Café “A Cultura como valor na sociedade”, com Graça Morais, Maria Rueff, frei Bento Domingues e Ângelo Torres | Café Easy

11h30 – Conversa de Café “ Uma Ca(u)sa para o Mundo”, com eng.º António Guterres

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pelo engº António Guterres

15H30 – Inauguração Exposição “António Guterres vida e obra” | Arquivo Municipal

18h00 – “Arquivos de vida: uma conversa com eng.º António Guterres”

21h30 – Conferência de Homenagem “António Guterres, Vida e Obra” | Teatro Cinema de Fafe

DIA 9 DE ABRIL – SÁBADO

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de café com Artur Santos Silva

15h00 – Apresentação do projeto de torneio de futebol inter-religioso “RELIJOGANDO – o papel do desporto na questão das diferentes crenças religiosas”, apresentado por Paulo Mendes Pinto | Sala Manoel Oliveira

16h00 – Inauguração da exposição “Gulbenkian, uma missão”

17h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” de Artur Santos Silva

18h00 – Conferência OLR - "Europa Refugiada - O papel da Religião e da Laicidade nos (des)encontros do futuro | Sala Manoel Oliveira

21h30 – Conferência de Homenagem “Gulbenkian, história e missão” | Teatro Cinema de Fafe

Encerramento do evento “Terra Justa 2016”, por frei Fernando Ventura e dr. Raúl Cunha, presidente da Câmara Municipal de Fafe

Fafe, 29 março 2016

Fonte: Câmara Municpal de Fafe > Agenda > Terra Justa - II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade

____________________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15890: Agenda cultural (470): Apresentação do livro "A Tropa Vai Fazer De Ti Um Homem", da autoria de Juvenal Amado, levada a efeito no dia 19 de Março de 2016, na sua terra natal, Alcobaça

domingo, 28 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14089: Agenda cultural (366): Apresentação do livro "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial", levado a efeito no passado dia 12 de Dezembro de 2014, na Sala Manoel de Oliveira, em Fafe (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2014:


Apresentação do livro "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial"

Beja Santos

O Núcleo de Artes e Letras de Fafe inspirou uma investigação inédita, com caráter local: o estudo da participação dos militares de Fafe nos três teatros de operações, assinalou deste modo o cinquentenário do início do conflito em África.

Tudo começou com um curso livre de história local sob a temática genérica "O concelho de Fafe e a guerra colonial", foi o conteúdo desta iniciativa que apareceu agora vazado em livro graças à investigação de Artur Coimbra, Artur Magalhães Leite, Daniel Bastos, José Manuel Lajes e Jaime Bonifácio da Silva.


Fui cumulado com o duplo convite de prefaciar a obra e de a apresentar a uma plateia fafense. A matéria do prefácio está publicada no blogue(*), seria rebarbativo insistir nos meus pontos de vista. Importa dizer que era comovente ver chegar os nossos contemporâneos que por ali tagarelaram, se abraçaram, nos escutaram e no fim renderam homenagem com um minuto de silêncio àqueles que já partiram.


A iniciativa merece todos os encómios, é um levantamento que merece ser refletido por todos aqueles que estudam história local. Aproveitei para expender alguns pontos de vista sobre as dificuldades em retratar de um modo mais fidedigno possível tudo quanto se passou: perderam-se relatos, há textos irrecuperáveis como correspondência entre líderes nacionalistas e os seus quadros, o que permitiria visualizar a evolução da guerra do outro lado; a documentação sobre as operações deixa muito a desejar, nem toda é verdadeira, o que altera o nosso próprio posicionamento, ficando assim dificultado o conhecimento do que efetivamente se controlava como território e populações, nas sucessivas conjunturas; e a postura ideológica mantém o seu caráter fraturante, na justa medida em que uns, a par considerar a descolonização um processo inevitável, não têm, regra geral, uma visão lisonjeira da condução da guerra, e outros continuam a insistir que havia condições para superar quaisquer condicionalismos conducentes a derrotas militares a prazo.

Enunciadas estas dificuldades para melhor iluminar todas as cenas da guerra colonial, concentrei-me no fenómeno literário, destacando a explosão de obras, nomeadamente desde o virar do século, de caráter memorial, e que revelam uma gradual desinibição de sexagenários e septuagenários que estão dispostos a dar a cara, revelando as suas experiências, sem ou com muito poucos palpos na língua.

Houve debate animado, um badaleiro da nossa geração espevitou a assistência com canções de várias tonalidades, ninguém saiu da sala sem levar vários volumes debaixo do braço.

Os fafenses estão de parabéns e são de prever, um pouco por toda a parte, iniciativas congéneres.
____________

Nota do editor

(*) Vd. poste de 8 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13988: Notas de leitura (655): Apresentação do livro "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)", dia 12 de Dezembro de 2014, pelas 21h30, na Sala Manoel de Olivera, em Fafe (Beja Santos)

Último poste da série de 15 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14032: Agenda cultural (369): Rescaldo da apresentação do livro da autoria de Manuel Fernandes (ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2796) levada a efeito no passado dia 7 de Dezembro de 2014 na freguesia de Arcozelo, Ponte de Lima (Sousa de Castro)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13988: Notas de leitura (655): Apresentação do livro "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)", dia 12 de Dezembro de 2014, pelas 21h30, na Sala Manoel de Olivera, em Fafe (Beja Santos)

CONVITE PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO "O CONCELHO DE FAFE E A GUERRA COLONIAL (1961-1974), A LEVAR A EFEITO NO PRÓXIMO DIA 12 DE DEZEMBRO DE 2014, PELAS 21H30, NA SALA MANOEL DE OLIVEIRA, EM FAFE.
A APRESENTAÇÃO SERÁ FEITA PELO NOSSO CAMARADA MÁRIO BEJA SANTOS QUE TAMBÉM PREFACIOU A OBRA.





Fafe na luta contra o esquecimento

Prefácio de Mário Beja Santos

A obra “O concelho de Fafe e a guerra colonial (1961-1974)”, com a chancela do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, é uma iniciativa exemplar: destas paragens partiram para três teatros da guerra africana mais de 1500 jovens, houve vidas ceifadas e vidas destroçadas, há mágoas insanáveis, há ainda memórias em carne viva, para muitos há uma guerra ou um tumulto que adormece com intermitências, sucedem-se, inopinadamente, rebentamentos e gritos de feridos que vão e vêm, e que deixam sofridos, stressados, não poucos desses combatentes, repercutindo-se esta dolorosa agitação nas suas famílias.

Fafe, ao longo destas últimas décadas, evoca-os com tocante dignidade, e mediante várias iniciativas ímpares. O documento agora à disposição do público, e de que fui cumulado com a honra de apresentar, congrega diferentes intervenções dentro de um curso livre de história local. O leitor passa a ter à sua disposição olhares de gente da terra que se irá debruçar sobre o contexto internacional em que fermentou, se preparou e desencadeou a guerra de guerrilhas em Angola, Guiné e Moçambique. O que aqui se escreve é fidedigno, probo, irrefutável. Esse mesmo leitor estremecerá quando vir partir estes jovens mal preparados e até profundamente desconhecedores dos lugares para onde são levados. Tudo fica sumariamente explicado desde os centros de instrução, a formação de batalhão, a existência de uma unidade mobilizadora, as rendições individuais, a chegada a África, o ponto de partida para a viragem de um jovem em adulto, porque todos aqueles teatros mexeram com a gente, mudaram a gente: na abnegação e na solidariedade; a cuidar da solidão e a gerir saudades; a descobrir a liderança e o sentido das responsabilidades com a vida dos outros em jogo; a ver a morte de perto e a engolir as lágrimas; por causa desta guerra se sulcaram dimensões imprevistas, desde a higiene e os cuidados com o corpo, até às novas dimensões do que é essencial e secundário nas nossas escolhas, e para todo o sempre.

O que prontamente me impressionou foi constatar que este minucioso estudo local tem foros de universalidade, há ali dimensões do país todo, aqueles testemunhos, aqueles relatos de operação são genuinamente portugueses, apesar de todos nós termos um apodo local: o Setúbal, o Xabregas, o Açoriano… Um estudo onde há mortes em combate e por acidente, heróis e desaparecidos, moribundos que não se deixam em terra de ninguém, há gente que se atira ao rio para salvar o camarada; há filhos nascidos de relações espúrias ou paixões assolapadas. Estão ali os fafenses, estão ali todos os portugueses que combateram em todas as paragens africanas. Igualmente interessante é o estudo da imprensa, uma análise cuidada, estão ali as mensagens de exaltação nacionalista, saídas de professos como houve em tanta imprensa nacional e regional daqueles tempos, como se vai ler noticiário de partidas e chegadas, com crónicas de militares e variadas peças literárias.

Alguns autores fazem depoimentos circunstanciados sobre as suas comissões, lendo-as, dei comigo a pensar sobre o que tenho refletido acerca de literatura da guerra colonial. E como há um estudo cativante neste livro sobre as memórias literárias na guerra colonial, convocando fafenses, permito-me dissertar sobre a importância desta literatura que procuro dedicadamente estudar há alguns a fio, vazando para este espaço o que penso sobre esta corrente nascida com o desencadear das hostilidades e que só desaparecerá quando se finar o último combatente da guerra colonial.

Primeiro, é um fenómeno literário irradiante, abarca romance e conto, memórias, ensaio, poesia, reportagem, história e diários. Nela debutaram e aprimoraram o seu talento escritores inesquecíveis como Álvaro Guerra, João de Melo, José Martins Garcia, Lídia Jorge ou António Lobo Antunes. Há centenas e centenas de títulos e agora, que estes plumitivos estão na reforma, estes ex-combatentes escrevem torrencialmente. De um modo geral, escreve-se uma vez e fica tudo dito, é o que eu chamo o primeiro e último regresso. Há casos excecionais de reincidência, como Armor Pires Mota que escreveu Tarrafo em 1965 e continua a escrever, parece que nunca mais deixou a Guiné.

Segundo, é um subgénero literário que possui uma marca própria, o que se escreve sobre a Guiné não é coadunável com Angola e Moçambique. É que as guerras não são só emoções, podem ter ficado nas memórias tiros e rebentamentos, o medo das minas, a fúria das emboscadas, mas os “inimigos” tinham localização e natureza diferenciadas, todos estes palcos de guerra eram intransitáveis. Tenho lido livros sobre Angola em que há caminhadas sobre montanhas, viagens de centenas de quilómetros, pode haver parecenças com Moçambique, absolutamente impossível com a Guiné. Transcrevo o que já escrevi: “Atenda-se ao relevo da Guiné, com os seus pântanos e onde cresce uma vegetação eriçada, um temível obstáculo para quem queria progredir a partir de uma lancha, para se internar rapidamente na mata; havia aquelas marés que até enganavam os profissionais, aquelas distâncias aparentemente curtas que se tornavam em infindáveis marchas onde até os guias se perdiam e os azimutes falhavam. Os palcos de guerra têm todos a sua identidade e a Guiné é este tarrafo, os poilões, os lagartos à espreita nas bermas das águas barrentas de cursos de água sem nascente; a Guiné tem o seu crioulo, os seus tornados, o seu macaréu, na Guiné se encontrava a lepra e as mais terríveis doenças tropicais. E, acredite-se ou não, o combatente do PAIGC tinha uma vontade indómita, era corajoso e com bravura enfrentava essoutros combatentes que não lhe voltava as costas”.

Terceiro, como em tudo na vida, este subgénero literário está marcado pelo tempo e o espaço. Nos anos 1960, era uma literatura de exaltação patriótica, de glorificação do esforço do soldado português; na década de 1970, com discrição antes do 25 de Abril e às escâncaras com a democracia, começaram os libelos acusatórios, apareceram peças ímpias ou truculentas; nos anos de 1980 e daí em diante a escrita parece que serenou, mesmo a ficção ganhou vincos memoriais. E escreveram-se memórias de toda a ordem e feitio, do punho de gente de todos os ramos das Forças Armadas. Um pouco à margem, publicaram-se documentos históricos como aqueles que foram assinados por João de Melo, Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, José Freire Antunes. Agora a escrita parece mais desinibida, parece que a memória está menos recatada, mas há uma extrema necessidade de pôr a pratos limpos a experiência avassaladora que se quer comunicar. Exemplifique-se com uma passagem de um livro importante, As Ausências de Deus – No Labirinto da Guerra Colonial, de António Loja (Âncora Editora, 2.ª edição, Abril de 2013):  
“Não teve tempo de dizer-me que havia uma mina na picada porque, na certeza enganosa de que o terreno que antes calcara estava livre, colocou o pé sobre outra, já tinha passado sem notar e que explodiu com violência. Mamadú ficou desfeito, literalmente, em pedaços espalhados pela picada e escorrendo derrames das árvores; e Abdulai, que vinha logo atrás, foi apanhado por um estilhaço que o atingiu na parte superior do tórax. Deu dois passos na minha direção, dizendo: 
- Ai, meu capitão! Meu capitão! - De um buraco abaixo da clavícula jorrava, a cada batida do coração, um repuxo de sangue que me atingiu a cara, os óculos e me escorreu para o nariz e para a boca. Sustentei-o debaixo dos braços e pousei-o devagar sobre as folhas das árvores, no meio da picada, enquanto toda a companhia assumia posições de defesa. Nunca consegui esquecer o sabor do sangue ainda quente e o cheiro adocicado e logo nauseabundo que me invadiu as narinas. Disse-lhe uma mentira piedosa:
- Vem aí o enfermeiro. Vais ficar bem! Já mandei vir o helicóptero…
Espero que ele tenha acreditado, nos breves segundos que levou a morrer. Só que na morte não há breves segundos. É um tempo sem relógio. É toda a eternidade de um fim que parece nunca chegar. Morreu a esvair-se em sangue que ninguém poderia estancar. O que recordo com horror é a minha reação seguinte: ainda ajoelhado junto dele, inclinei-me para o lado e vomitei, de um modo incontornável, ali a dois passos do cadáver do meu camarada”.

Quarto, esta literatura é tão ou mais importante que os relatos das operações, as histórias das unidades militares, os ensaios interpretativos de toda a índole. Constituída, em grande parte, por edições de autor, e sem grandes pretensões de chegar ao grande público, acolhe testemunhos soberbos de oficiais, sargentos e praças. Um dos autores do livro observará: “A guerra não acaba. Fica em nós até ao nosso fim. E fica a obrigação de nos reconstruirmos e ensinar o que aprendemos, de tentar encontrar uma virtude e um sentido para a vida”. E lendo os poemas dos combatentes de Fafe leio toda a poesia que chegou a esta metrópole por aerograma ou carta, enviada à mulher ou à noiva ou a familiares, e que parece ser fado militar, acima de qualquer patente, são homenagens aos mortos, lembranças à mãe que está longe, por vezes versos de desalento. São narrativas de circunstância, tal o choque daquela mina ou daquela emboscada. E há os reencontros, na justa medida em que estes militares teimam em ver-se, reúnem-se anualmente de Norte a Sul do país e em momentos mais solenes como o cinquentenário da CCAV n.º 587, que ficou inoperacional ao fim de um ano de combate, tantos foram os mortos e os feridos. E li com emoção neste documento o que escreveu Parcídio Summavielle, que não vejo há tanto tempo e de que guardo apreço e admiração, a propósito deste meio século daquela unidade militar devastada, algo que vai de Fafe para o país inteiro e que nos convida a continuar a trilhar a pesquisa, a acumulação de testemunhos e o render de homenagem a quem parece destinado ficar numa nota de rodapé na história de Portugal:
“Durante dois longos anos aprendemos a saber como e quanto é desgastante viver a incerteza e a incógnita do amanhã! A vida jogava-se numa roleta quase diária, numa angústia de nervos à flor da pele, numa esgotante luta contra o medo. Mas havia que resistir, que tudo fazer para, ao fim do dia, poder riscar mais um dia no calendário (…). Lá longe, aprendemos também o valor incomensurável da chegada do correio, do refúgio da sua leitura, da importância desse laço que, por instantes, nos unia ao mundo a que tínhamos sido arrancados. E, impotentes, aprendemos ainda a iniquidade, a irracionalidade e falta de sentido de tal conflito armado.
Por tudo isto, porque a memória não se deve varrer e muito menos apagar é que hoje aqui estamos (…)”.

E é por hoje aqui estarmos que estes testemunhos são valiosos. Fafe está de parabéns pela memória que conserva. Que todos os outros lugares de Portugal ponham os olhos nesta dedicação, nesta permanente lembrança em nome dos feridos e dos mortos, para que o porvir deles aproveite a lição.

Lisboa, 5 de Novembro de 2014
____________

Nota do editor

Último poste da série de 5 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13977: Notas de leitura (654): Reimpressão do livro “Crónica dos [Des]Feitos da Guiné" da autoria de Francisco Henriques da Silva (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12780: Filhos do vento (29): Ainda a história do Manuel Barros Castro, natural de Fafe, ex-fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65), e os preconceitos ainda hoje existentes (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

1. Mensagem, com data de 12 do corrente, do nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva [, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72], prof educ física ref, e ex-autarca,  lourinhanense a viver em Fafe há cerca de  4 décadas [, foto à direita]:

Caro Luís:

Quanto ao Furriel Manuel Barros Castro  [, foto abaixo] (*)...

Estive hoje a tomar café com ele. Autoriza-me a enviar-te o seu n.º de telefone e o email. Podes contactar com ele,  pois está recetivo a aderir ao Blogue.

Manuel Barros Castro, Catió, c. 1963/64
O mesmo se passa em relação à jornalista do Público, Catarina Gomes. Ele está recetivo e falar com ela. Incentivei-o a isso e reforcei a importância de lhe dar o seu testemunho.

Deu-me mais alguns pormenores que eu não sabia:

A filha, a Mimi, era casada com um colega professor e deixou uma filha de 11 anos que está a ser educada pelo pai, claro, mas com grande apoio dos avós. Aliás, frequenta a escola em Fafe.

Voltámos a falar da mentalidade da época, dos preconceitos sociais em relação à “cor” da pele e à rejeição social, sobretudo nas aldeias do norte e interior do país, a dificuldade em aceitar casos destes. Diz que sentiu bem os “olhares” quando a filha chegou. Aliás, quando se referiam à filha, perguntavam-lhe: “Então como vai a sua filha adotiva”?  Ao que o Manuel Castro, disse, respondia perentório: “Eu não a adotei. A menina é mesmo minha filha”.

Disse-me, ainda, que no dia do funeral da filha, a madrinha (de quem já te falei) esteva em Portugal e esteve presente. Pois as pessoas, ainda então, “cochichavam” ao ouvido” e perguntaram-lhe, mesmo, se ela não seria a mãe. Teve que esclarecer que mãe já tinha falecido e que a senhora era a madrinha da Mimi.

Lembrei-me da história do meu colega de escola, do Seixal,  de quem já te falei (**). Quando me deu o seu testemunho, disse-me que, algum tempo após o regressoa metrópole,  teve saudades e pensou seriamente em mandá-los vir da Guiné, ao filho e à mãe.  Mas, disse-me (na presença de mais dois conterrâneos, um deles esteve na Guiné, também) que recuou,  com medo do que iriam dizer as pessoas !

Como tu bem dizes, não se deve julgar.

A propósito, o Castro disse-me, hoje, que nos encontros da companhia alguém (que ele identificou) lhe perguntou: “Trouxe a miúda, porquê?
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12687: Filhos do vento (27): Manuel Barros Castro, natural de Fafe, fur mil enf, CCAÇ 414 (Catió, Bissau e Cabo Verde, 1963/65) teve uma filha, de mãe guineense,e que ele de imediato perfilhou, Maria Biai Barros Castro (1964-2009)... Uma história exemplar (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12190: Agenda cultural (289): Programa do Curso livre de história local: "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)", a realizar-se às quintas feiras, das 18h30 às 20h30, de 24 de outubro a 21 de novembro de 2013 (Jaime Silva)













Programa do Curso Livre de História Local: O Concelho de Fafe e a guerra colonial (1961-1974), organizado pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe, com o apoio de diversas entidades, entre elas a Câmara Municipal de Fafe e o Museu da Guerra Colonial, com sede em  V. N. Famalicão.

O folheto foi enviado em 18 do corrente, com pedido de divulgação, pelo nosso amigo, conterrâneo e camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, ou Jaime Silva, lourinhanse, a viver em Fafe, ex- alf mil paraquedista (BCP 21, Angola, 1970/72), professor do ensino secundário reformado, e antigo vereador da CM Fafe, com o pelouro da Cultura e Desporto.

________________________

Nota do editor:

Último poste da série > 21 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12183: Agenda Cultural (288): Sessão de lançamento do livro de viagens "Toda a China", 1º volume, de António Graça de Abreu... Museu do Oriente, Lisboa, Sala Beijing, 3ª feira, 22 do corrente, 18h30. Apresentação do embaixador João de Deus Pinheiro. Entrada livre

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12084: Agenda cultural (283): Fafe, Biblioteca Municipal de Fafe, a partir de 17 de outubro de 2013 e até 21 de novembro, às quintas-feiras, curso livre de história local: "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)" (Jaime Silva)



Fafe > Monumento aos combatentes da guerra colonial, inaugurado em 5 de novembro de 2005.  Foto: Artur Coimbra  (2012) (`*)


1.  No àmbito das comemorações, em curso, do início da guerra colonial,  levadas a cabo pela Câmara Municipal de Fafe (**), vai realizar-se nos próximos meses de outubro e novembro, às quintas feiras e em horário pós-laboral, o II Curso Livre de História Local, sob o tema "O concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)".

O programa foi nos enviado, com pedido de publicação (***),  pelo nosso amigo (e camarada) Jaime Bonifácio Marques da Silva (, conhecido em Fafe por Jaime Silva), lourinhanense e ex-alf mil paraquedista (BCP 21, Angola, 1970/72),


II CURSO LIVRE DE HISTÓRIA LOCAL

O concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)


PROGRAMA

Quintas-feiras, 18h30/20h00

Biblioteca Municipal

17/18/10? - 1.º Módulo (Abertura Solene) – “A Guerra Colonial na vida e obra de Manuel Alegre” – Manuel Alegre – José Manuel Mendes (?)

24/10 - 2.º Módulo – “Uma abordagem à Guerra Colonial Portuguesa (1961-1974) ” – José Manuel Lages

31/10 - 3.º Módulo – “A participação de militares do concelho de Fafe no Ultramar” – Jaime Silva

07/11 - 4.º Módulo – “ A Guerra Colonial nas páginas da imprensa local” – Daniel Bastos

14/11 - 5.º Módulo – “O conflito contado por aqueles que o viveram: imagens e testemunhos da Guerra Colonial” – Artur Leite


21/11 - 6.º Módulo – “Memórias literárias da Guerra Colonial” – Artur Coimbra

______________

Notas do editor:


(*) Informação reproduzida, com a devida vénia, no blogue de Artur Coimbra, Sala de Visitas do Minho > 3 de julho de 2012 > Viagem pelos Monumentos da cidade de Fafe (VIII) > Monumento aos combatenets da guerra colonial

(...) "Da iniciativa da Delegação de Fafe da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra, e em especial do activista Jaime Silva, o Monumento aos Combatentes da Guerra Colonial foi inaugurado em 6 de Novembro de 2005.

Localizado no jardim central da Avenida do Brasil, o monumento tem a assinatura da escultora Andreia Couto e consiste numa estátua em bronze, representando um soldado equipado conforme os militares portugueses operavam nas antigas colónias, em cima de um pedestal, de forma quadrangular, nos lados do qual se inscrevem os nomes dos 37 soldados fafenses que morreram na guerra.

O objectivo é exactamente prestar homenagem aos jovens oriundos deste concelho que tombaram para sempre ao serviço da Pátria nos confrontos que decorreram entre 1961 e 1974 nas províncias de Moçambique, Angola e Guiné.

A Câmara de Fafe contribuiu com 15 mil euros para que a associação conseguisse concretizar o sonho – que vinha já de 2001 – de erguer o memorial aos mortos da guerra colonial, orçado em cerca de 20 mil euros. As juntas de freguesia também colaboraram nesta iniciativa". (...)


(***) Último poste da série > 15 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12044: Agenda cultural (282): Festival Todos 2013. Além do Intendente alarga-se agora ao Poço dos Negros e a São Bento, Lisboa, 12-15 set 2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11606: Agenda cultural (274): Fafe e a guerra colonial: exposição "Guerra colonial, uma história por contar", que decorreu de 5 a 19 de abril de 2013 - Parte II (Jaime Bonifácio Marques da Silva)














1. A exposição itinerante “Guerra Colonial, uma história por contar” do Museu da  Guerra Colonial, de Vila Nova de Famalicão,  foi destinada ao público em geral e aos professores e alunos da região, em particular.

O Museu da Guerra Colonial, cujos antecedentes remontam ao ano letivo de 1989/90, e a um projeto pedagógico-didático levado a cabo por proprofessores e alunos do concelho de Vila Nova de Famalição, está sediado em Ribeirão, Vila Nova de Famalicão.  Resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, a Associação dos  Deficientes das Forças Armadas (ADFA) e o Externato Infante D. Henrique, em Ruilhe, Braga. È seu diretor científico o prof José Manuel Lages, um estudioso apaixonado da guerra colonial, minhoto de Viana do Castelo, mas que todavia não foi combatente. (Presumo que seja hoje homem na casa dos 59/60 anos).

Neste poste mostramos, em imagens, as 12 secções (ou paineis temáticos), sob as quais estava organizada esta exposição, da responsabildiade científica do Museu da Guerra Colonial e em cujo sítio oficial se lê:

"O Museu está organizado segundo temas que assentam naquilo a que chamamos 'o itinerário do combatente na guerra colonial' e tem um perfil pedagógico de informação histórica e cultural para as gerações do pós guerra e para o público em geral com a intenção de preencher uma lacuna sobre este período recente da História de Portugal."
_____________

Nota do editor:

(*) Últuimo poste da série > 21 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11605: Agenda cultural (273): Fafe e a guerra colonial: exposição "Guerra colonial, uma história por contar", que decorreu de 5 a 19 de abril de 2013 - Parte I (Jaime Bonifácio Marques da Silva)